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G uará Indexada na base de dados CAB ABSTRACTS (Inglater ra) ISSN 1413-571X

EDiTORA

Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 - R$ 12,00

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ermes intestinais,
intestinais, sarna,
sarna, sarna
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Saúde
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Animal
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Reprodução - 28
Índice

Ana I. S. B. Villaverde
É possível realizar inseminação artificial
em gatas na minha clínica?
Is it possible to perform artificial insemination in queens in my clinic?
¿Es posible realizar inseminación artificial en gatas en mi clínica?

Dermatologia - 36
Roberto H. C. Alves

Adenite sebácea canina: revisão de literatura Inseminação artificial intravaginal


Canine sebaceous adenitis: literature review com animal anestesiado
Adenitis sebácea canina: revisión de literatura

Cirurgia - 42

Sofia Borin
Presença de alopecia/hipotricose,
cilindros foliculares e escoriação Colelitíase: relato de caso em cães
na região lombar Cholelithiasis: case report in dogs
Colelitiasis: relato de caso en perros

Oncologia - 48
Thomas N. Guim

Aspectos clínico-patológicos dos neoplasmas Aglomerados radiopacos na


do pâncreas exócrino em cães e gatos região hepática em radiografia na
Clinical and pathological aspects of exocrine pancreas neoplasms in dogs and cats posição ventrodorsal
Aspectos clínico-patológicos de los neoplasmas de páncreas exocrino en perros y gatos

Cirurgia - 56
Urolitíase por urato em dálmatas.

Paula Diniz Galera


Adenocarcinoma de pâncreas Revisão de literatura e relato de caso
Urate urolithiasis in dalmatians. Literature review and case report
exócrino apresentando prolifera-
Urolitiasis por urato en dálmatas. Revisión de literatura y relato de caso
ção de células neoplásicas com
padrão tubular
Anestesiologia - 68
Anestesia e analgesia por via epidural em cães -
Yuri Karaccas de Carvalho

atualização farmacológica para uma técnica tradicional


Epidural anesthesia and analgesia in dogs - Urólitos presentes no interior da
a pharmacological update to a traditional technique bexiga
Anestesia y analgesia por vía epidural en perros -
actualización farmacológica para una técnica tradicional

Oncologia - 78

Gisela N. F. Lefebvre
Tratamento de tumor venéreo transmissível (tvt) canino
utilizando Viscum album em associação à quimioterapia
Treatment of transmissible venereal tumor (tvt) in dogs with
Delimitação anatômica do espaço Viscum album (Mistletoe) associated to chemotherapy
epidural (vista laterolateral) Tratamiento de tumor venéreo transmisible (tvt) en perros
usando Viscum album asociado a quimioterapia
Final do tratamento Viscum album
Diagnóstico por imagem - 88 associado a quimioterapia
Georgea B. Jarretta

Métodos de diagnóstico por imagem na avaliação


de rins de pequenos animais - revisão
Diagnostic imaging modalities in the renal evaluation of small animals - review
Modalidades de diagnóstico por imagen en la evaluación
de riñones de pequeños animales - revisión

Renata A. Casagrande
Imagem de radiografia simples Animais silvestres - 102
abdominal de felino doméstico
Obstrução de traquéia em uma arara-vermelha
(Ara chloroptera) em decorrência |
da aspiração de objeto metálico
Tracheal obstruction in a green-winged macaw
(Ara chloroptera) due to the aspiration of a metallic object Arara-vermelha (Ara chloroptera),
Obstrucción de tráquea en un guacamayo rojo traquéia: cáseo associado a corpo
(Ara chloroptera) debido a la aspiración del objeto metálico estranho, obstruindo o lúmen
Seções (seta)

Editorial - 5 Bem-estar animal - 22 Internet - 112


O bem-estar animal na experimentação e no Neurologia veterinária na internet
Opinião - 6 ensino
Lançamentos - 114
Notícias - 10 Saúde pública - 24
• Proprietários de estabelecimentos Leishmaniose visceral canina foi ampla- Livros - 116
veterinários fundam associação 10 mente discutida em Belo Horizonte - MG
• Acurácia de exames sem provocar Negócios e
estresse nos pacientes 10 Biodiversidade - 106 oportunidades - 120
• Alltech amplia suas instalações 12 Muriqui – macaco comunicativo Ofertas de produtos e equipamentos
• Novidades na linha K&S da Total 12
• MARS Brasil promove prêmio para Gestão, marketing e Serviços e
estudantes de medicina veterinária 12 estratégia - 108 especialidades - 120
• Ceva incrementa a sua participação no Liderando e, finalmente, mudando! Prestadores de serviços para
mercado com a aquisição da Vetbrands 14 clínicos veterinários
• Merial completa uma década de Equipamentos - 110
liderança em saúde animal 14 Ultra-som terapêutico Agenda - 128
• Rio Vet Trade Show 16 Kit de instrumento periodontal

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 3


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CONSULTORES CIENTÍFICOS
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Journal of continuing education for small animal veterinarians


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Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais
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considerar as normas do COBEA (Colégio Brasileiro de Experimentação Animal). William G. Vale
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4 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Editorial
O dia do médico veterinário, 9 de setembro, faz com que neste mês tenhamos diversos eventos e muitas
comemorações. Para sair do trivial, gostaria de incluir a reflexão sobre a seguinte pergunta: “quem são
os veterinários?”. Eles são os profissionais que: tratam da saúde dos animais; que tratam da saúde dos
humanos, prevenindo a ocorrência de zoonoses; que elaboram programas de desratização nos metrôs, evitando
que o transporte coletivo tenha panes causadas pelos roedores; e que atuam em diversas outras atividades, pois
a medicina veterinária é uma profissão extremamente abrangente. Contudo, será que é possível dizer que os vete-
rinários são os profissionais que protegem os animais, que os amam e os respeitam como seres vivos senscientes?
Quem seguramente tem esse perfil é o homenageado de outubro, São Francisco de Assis.
A realidade é que ainda há muito sofrimento animal proporcionado pelos veterinários e pelos estudantes de
veterinária. Quando um estudante diz que não abre mão de animal vivo em aula prática, ele está sendo, no
mínimo, egoísta por não pensar nos colegas. Numa turma de estudantes, certamente há alunos habilidosos, mas
da mesma forma existem aqueles que não dispõem de habilidade manual e que se sentem estressados e inse-
guros em participar de determinadas aulas práticas. O detalhe é que são esses alunos estressados e inseguros,
que, talvez até contra a própria vontade, que proporcionarão mais sofrimentos aos animais. E isso não signifi-
ca que serão incapazes. Significa que precisam de capacitação adequada e gradual. Além do egoísmo, pode-
se incluir a falta de compaixão tanto com os colegas quanto com os animais. O aluno que sonha em “costurar”
animais, seguramente estará fazendo isso, na hora certa, ao lado de professores e com pacientes, não com
“voluntários”. Há muitas técnicas substitutivas. Praticar técnica de sutura em casca de banana, sem rasgá-la ao
tracionar o fio, é um exemplo simples, que simula a sutura em tecidos friáveis.
A ansiedade dos acadêmicos em serem veterinários não pode sobrepor a capacitação para serem veteri-
nários. Por isso, é fundamental que os veterinários responsáveis pela formação dos estudantes dêem o exem-
plo. Júlia Matera, professora de cirurgia na FMVZ/USP desenvolveu e divulga a técnica de conservação de
cadávares para treinamento de técnica cirúrgica. Rodrigo Rabelo, presidente da Academia Brasileira de
Medicina Veterinária Intensiva (BVECCS), tem ministrado excelentes e concorridos cursos de emergência usan-
do técnicas substitutivas. Stelio Pacca Loureiro Luna, professor da
FMVZ/Unesp/Botucatu e Alfredo Feio de Maia Lima, doutorando da
mesma instituição, desenvolveram o didático e útil DVD sobre
técnicas cirúrgicas minimamente invasivas de contracepção em
cães e gatos.
Na medicina as técnicas substitutivas também são realidade. No
dia 13 de agosto, o governador do Estado de São Paulo, José Serra,
inaugurou o Centro de Ensino e Pesquisa em Cirurgia Vicky
Safra(CEPEC), no prédio da Faculdade de Medicina da USP
(FM/USP). O centro conta com modernos equipamentos cirúrgicos,
com destaque para dois simuladores virtuais de cirurgia norte-ame-
ricanos, únicos no Brasil. Com eles é possível a realização de cirur-
gias virtuais criadas por programas de computadores que repro-
duzem em um monitor as etapas de intervenções abdominais. Com
esse centro, vai se poder treinar com muito mais efetividade, com
muito mais garantia, os novos médicos, os residentes, os estudantes,
comentou José Serra após descerrar a placa inaugural. O centro é
totalmente computadorizado. O estudante ou o médico recém-
formado faz uma cirurgia como se fosse verdadeira, embora seja
virtual, completou.
Com toda essa tecnologia disponível, alimentar o pensamento de
que é necessária a vivissecção para a capacitação de veterinários,
além de cruel, é antiquado. Vamos todos ser favoráveis à ausência
O médico veterinário Andrew Knight mantém o site
do sofrimento animal na educação e na capacitação profissional. http://www.humanelearning.info, que traz mais de
Vamos comemorar o 9 de setembro, com o mesmo respeito, com- 400 trabalhos descrevendo técnicas de ensino substi-
paixão e amor que se comemora o dia 4 de outubro. Afinal, é de paz tutivas e diversos links para outros sites relaciona-
dos ao tema
que o mundo precisa. E vale ressaltar as palavras de Mahatma
Gandhi: Não há caminho para a paz. A paz é o caminho.

Arthur de Vasconcelos Paes Barretto

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 5


Opinião

Educação ambiental: um desafio à conservação


para o médico veterinário
Daniel Barreto de Siqueira, CRMV PE 3208; aluno de pós-graduação - UFRPE, danielbsiqueira@yahoo.com.br

O impacto ambiental decorrente da


pressão antrópica sempre ocorreu,
sob as mais diversas formas possíveis.
A preocupação com o meio ambiente
tomou tal vulto na organização social que,
nos últimos anos, vem sendo gradativa-
relacionadas à saúde ecológica na nature-
za e na sociedade, estabelecendo um equi-
líbrio entre a saúde humana, animal e am-
Nessa perspectiva, o desafio com o qual mente inserida nas escolas. Essa questão é biental. Para isso é imprescindível que ele
os conservacionistas se defrontam é bas- um fator de fundamental importância a desperte sua consciência para as questões
tante grande, na medida em que determi- médio e longo prazo, pois possibilita à ambientais e reconheça a sua importância
nadas atitudes e/ou ações, quando imple- criança a formação de uma consciência na área, independentemente do campo de
mentadas repetidamente, passam a fazer ecológica e permite que ações futuras pos- atuação.
parte da cultura das populações. sam ser desenvolvidas de modo mais sus- Somando-se a isso, a transdisciplina-
É importante considerar que ser um tentável, respeitando os recursos naturais ridade em ações conjuntas com os profis-
“educador ambiental” não é, exclusiva- de que ainda dispomos. sionais de outras áreas permite um traba-
mente, responsabilidade daqueles que Porém, este trabalho não deve se li- lho de maior impacto e abrangência para a
obtiveram título de biólogo, médico vete- mitar apenas às crianças. Deve-se também sociedade e para o meio ambiente.
rinário ou administrador de empresas, mas procurar sensibilizar a população em geral Muito se fala atualmente sobre o
de qualquer cidadão que se preocupe com sobre a preservação do meio ambiente a aquecimento global. As evidências mos-
a manutenção - e/ou o resgate - do equilí- fim de que ela possa agir e lutar para ter tram que se cada um de nós não fizer rapi-
brio ecológico e com o futuro da humani- um futuro em que outras pessoas não pos- damente a sua parte, num futuro próximo
dade. A “educação ambiental” excede o sam lamentar a nossa displicência de hoje. poucas serão as chances de sobrevivermos.
âmbito do ensino formal: pode ser pratica- O conhecimento técnico-científico Quando não preservamos o meio
da em qualquer lugar, a qualquer hora e que o médico veterinário possui permite ambiente em que vivemos, nós estamos
por qualquer pessoa. ao profissional abordar diversas questões deixando de nos preservar!

6 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Proprietários de estabelecimentos
veterinários fundam associação
N o dia 7 de agosto
de 2007 foi funda-
da, em São Paulo, SP,
A Diretoria da AEVESP gestão 2007-
2008 será composta pelos médicos ve-
terinários: Rafael C. Jorge, presidente
a Associação dos Estabelecimentos do Hospital Pompéia; Carla Berl, vice
Veterinários de São Paulo (AEVESP) - presidente do Hospital Pet Care; Patri-
uma associação sem fins lucrativos que cia M. S. Urtado, tesoureira do Instituto
Proprietários dos Hospitais: Santa Inês,
Pompéia, Sena Madureira, Pet Care, Rebouças estabelecerá o intercâmbio entre as Veterinário de Imagem (IVI); João A.
e dos centros de diagnósticos: Instituto Veteri- empresas privadas veterinárias de São Buck, 1º secretário do Hospital Santa
nário de Imagem (IVI) e Dognostic que partici- Paulo, com o objetivo de desenvolver o Inês e Mário Marcondes dos Santos, 2º
param da fundação da AEVESP
setor. secretário do Hospital Sena Madureira.

Acurácia de exames sem provocar estresse nos pacientes


O Hospital Veterinário Sena Madu-
reira está investindo na aquisição
de novos equipamentos de última gera-
EUA um manequim felino com pul-
mão, sangue e veias artificiais onde é
possível aperfeiçoar técnica de coleta
poderão servir inclusive para um me-
lhor entendimento da doença do ho-
mem", destaca Marcondes. Este equi-
ção. "Com isso, o hospital continuará de sangue e entubação em caso de para- pamento será utilizado primeiramente
habilitado a realizar os procedimentos da respiratória. Ainda na área de emer- pelo setor científico e de implementa-
mais avançados de diagnóstico subtrain- gência foi adquirido um equipamento ção de novas tecnologias do Hospital
do os níveis de estresse em cães e gatos", portátil que é acoplado a um estetoscó- Veterinário Sena Madureira e em breve
afirma o diretor dr. Mário Marcondes. pio de tecnologia suíça que possibilita a estará disponível para o uso na rotina
Os investimentos incluem a compra realização do eletrocardiograma em se- de terapia intensiva e atendimento de
de duas unidades para monitoração mul- gundos. "Com esta nova tecnologia eu- endocrinologia. "O aparelho acaba de
tiparâmetro, próprias para o uso em UTI ropéia conseguimos na emergência chegar e já recebemos telefonemas de
animal, e centro-cirúrgico que possibili- avaliar o eletrocardiograma do animal vários dos nossos clientes interessados
tam a monitoração do paciente com apenas encostando o equipamento no na maior acurácia e investigação do
maior precisão (por serem próprios para tórax do animal - sem a desvantagem diabetes que o equipamento possibili-
animais) e até via internet. Foi adquiri- das garrinhas convencionais que além tará. É bastante gratificante para nós
do também um estetoscópio eletrônico da demora para obtenção do eletro veterinários sentir como os proprie-
que amplifica o som e possibilita a se- ainda são desconfortáveis", afirma o tários estão atentos às novidades
paração da auscultação do pulmão sem diretor clínico do hospital, que optou tecnológicas do setor", comemora
a interferência dos batimentos cardíacos pela aquisição destes equipamentos im- Marcondes.
e vice-versa para uso em animais de te- portados devido à alta precisão por se- A aquisição desses novos equipa-
rapia intensiva. rem próprios para medicina veterinária. mentos antes disponíveis somente nos
Na área de cardiologia veterinária, o Na área de endocrinologia o hospital Estados Unidos e Europa vem se somar
Hospital Veterinário Sena Madureira traz a maior novidade: o monitor contí- às inúmeras facilidades já oferecidas
também está adquirindo modernos nuo de glicose. O pelo complexo hospitalar desde sua
equipamentos. Um deles, o eletrocar- aparelho pode in- inauguração há trinta e oito anos. Insta-
diograma esofágico – de tecnologia formar, em tempo lada no bairro da Vila Mariana, a unida-
americana, inédita no Brasil – que pos- real, os valores de de possui infra-estrutura completa para
sibilita o avanço na monitoração car- glicose, bem co- Monitor contínuo a realização de mais de cem tipos dife-
díaca. Também foram adquiridos um mo se existe uma de glicose rentes de exames, desde o mais simples
moderno aparelho de mapeamento da tendência de aumento hemograma até os mais complexos
pressão arterial (pet map), que substitui ou diminuição nos valores. O equipa- exames de precisão, como no caso da
o antigo método Doppler, e um termô- mento não fica ligado ao animal: por videolaparoscopia.
metro a laser, que mede a temperatura à ondas sonoras o chip de um cateter Isso permite que os seus clientes pos-
distância em fração de segundos. Com eletrônico subcutâneo fixado no animal sam realizar todos os exames em um só
esses equipamentos e os demais que já transfere os dados para o equipamento lugar sem o inconveniente de sucessivos
estão em funcionamento, o Hospital móvel que pode gravar e transmitir os deslocamentos. Além disso, os avança-
Veterinário Sena Madureira moderniza dados da curva glicêmica para uma dos recursos tecnológicos e investimen-
sua divisão de tecnologia diagnóstica e central de computadores que emite um tos na área científica, aliados a uma
de terapia intensiva. "Além disso, inves- relatório gráfico das glicemias nas 24 equipe de profissionais capacitados,
timos também no setor de treinamento horas. "Será um avanço na área de dia- reforçam o compromisso do Hospital
de emergência da equipe médica", ex- betes tanto canina quanto humana, Veterinário Sena Madureira com a
plica Marcondes. O Hospital trouxe dos pois os resultados das análises saúde e bem estar animal.

10 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Alltech amplia suas instalações
A Alltech ampliou recentemente
suas instalações em São Pedro,
PR, onde está localizada a maior fábri-
do utilizando tecnologia própria,
levará à expansão da gama de produ-
tos da empresa e das suas capaci-
também possui alto teor de nucleotí-
deos. Os nucleotídeos realizam uma
função específica no desenvolvimento
ca de leveduras do mundo, com capaci- dades. Também permite à Alltech con- do músculo esquelético e cardíaco, do
dade de produção de mais de 100.000 tribuir para o desenvolvimento local tecido fino hepático e intestinal, e no
toneladas ao ano de produtos, tais dentro da região.” desenvolvimento e manutenção do sis-
como NuPro®, Mycosorb® e Sel-Plex®. O novo secador de última geração tema imune.
A expansão da fábrica da Alltech inclui “O foguete” - é de suma importância Estabelecida nos Estados Unidos, a
a colocação do novo secador adicional para resolver a demanda em escala de empresa desenvolveu presença regio-
de última geração: “O foguete”. NuPro®, que aumentou suas vendas em nal forte na Europa, América do Norte,
Mark Lyons, diretor global de proje- 58% em 2007 em termos globais. América Latina, no Oriente Médio, na
tos, explicou: “Este é um avanço signi- NuPro® é uma fonte nutritiva fun- África e na região Ásia-Pacífico.
ficativo para a Alltech, particular- cional fabricada a partir do conteúdo Possui 14 fábricas de produção estabe-
mente se considerarmos que permite interno da célula de uma cepa específi- lecidas estrategicamente ao redor do
que a empresa vá ainda mais longe e ca da levedura Saccharomyces cere- mundo. A Alltech cresce atualmente
forneça seus principais produtos para visae 1026. É uma fonte rica em com um índice orgânico de 25% ao
todo o planeta. Este secador, construí- aminoácidos altamente digestíveis, e ano.

Novidades na linha K&S da Total Alimentos


O s alimentos da linha Premium Es-
pecial K&S, da Total Alimentos,
receberam novas embalagens com
(crocante e macia) promovem diferentes
sensações de texturas e sabores, estimu-
lando a mastigação e salivação, o que
design inovador e contaram com a imple- favorece o processo de digestão. Além
mentação de mix de partículas. Um novo disso, são enriquecidas com ovo desi-
produto – K&S Cães Adultos de dratado (uma das fontes de proteína ani-
Pequeno Porte – completa as novidades mal mais completa nutricionalmente,
que chegaram aos pet shops e clínicas principalmente para o desenvolvimento
O design
veterinárias. muscular) e formuladas com carne fres-
inovador O mix de partículas foi destacado em ca (conferindo alta digestibilidade)”,
das novas todos os produtos. “Este mix é irresistí- explicou o médico veterinário Manoel
embalagens
da linha K&S desta-
vel até para os cães com apetite exi- Valim, da Divisão Max e K&S da Total
ca o mix de partículas que foi gente, pois, juntas, estas duas partículas Alimentos.
implementado ao alimento

MARS Brasil promove prêmio para


estudantes de medicina veterinária
Prêmio de Pesquisa Waltham oferece viagens para Londres e inscrições no Congresso da Anclivepa 2008

A MARS Brasil, fabricante das marcas


Pedigree® e Whiskas®, investe na
educação de estudantes de medicina ve-
universidade brasileira. Os participantes
devem escolher qualquer assunto dentro
do tema “Medicina Veterinária para Cães
O prêmio para o segundo colocado é
uma viagem (passagem e hotel) e
inscrição para o Congresso Brasileiro da
terinária e promove o Prêmio de Pes- e/ou Gatos”. Serão aceitas revisões bi- ANCLIVEPA 2008, que será realizado
quisa Waltham, cujo objetivo é incenti- bliográficas, trabalhos experimentais e em Maceió, AL. O terceiro lugar recebe
var a pesquisa acadêmica entre os uni- estudos retrospectivos. Cada concorrente a inscrição para o mesmo evento e o livro
versitários. deverá escolher um médico veterinário “The Waltham Book of Clinical Nutrition
Para participar do prêmio é preciso ser para orientar a execução do trabalho. of the Dog and Cat” de Josephine Wills e
estudante de medicina veterinária, dos Os vencedores do Prêmio de Pesquisa Kenneth W. Simpson.
dois últimos anos do curso, de qualquer Waltham receberão uma viagem de uma As inscrições deverão ser feitas até
semana para a Inglaterra, com traslado, o dia 30 de setembro de 2007. O for-
hospedagem e refeições, para conhecer o mulário de inscrição está disponível on
Centro de Pesquisa Waltham. O ganha- line na seção veterinários dos sites:
dor também conhecerá a fábrica da ww.pedigree.com.br e www.whiskas.
Pedigree® Pet Food no país. com.br.

12 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Ceva incrementa a sua participação no
mercado com a aquisição da Vetbrands
C om a aquisição da Vetbrands Saúde
Animal em 6 de julho de 2007, a
Ceva Sante Animale aumenta e diversi-
no ranking das maiores indústrias de saú-
de animal do Brasil, com faturamento
anual de U$ 32 milhões e 140 colabora-
e desenvolvimento.
Com um faturamento de 301,1 mi-
lhões euros em 2006, 11,5% acima do
fica a sua presença no mercado veteri- dores. Nos últimos 4 anos, aumentou seu ano anterior, a Ceva passou a ocupar a
nário brasileiro. faturamento em 80% e introduziu uma 10° posição em volume de vendas e 3°
A Ceva eleva a série de novos produtos incluindo bioló- lugar em crescimento no mercado global.
sua força no mercado gicos e investiu na implantação da mo- Com a fusão da Ceva e da Vetbrands,
e passa a fazer parte derna GMP na nova estrutura industrial passam a ocupar a 9° posição no ranking
das 10° maiores em- localizada em Paulínia, SP. das maiores empresas com um fatura-
presas do mercado Atualmente, o grupo Ceva está pre- mento de aproximadamente R$ 100 mi-
farmacêutico veterinário do Brasil. sente em 144 países e conta com 1760 lhões e firmam sua presença em pratica-
A Vetbrands Saúde Animal colaboradores, 40 subsidiárias, 13 plan- mente todos os segmentos do mercado
ocupa a 12° posição tas de produção e 4 centros de pesquisa veterinário brasileiro.

Merial completa uma década de liderança em saúde animal


A Merial está completando dez anos
de atuação no mercado de saúde
animal. A empresa, joint-venture entre
futuro. Para a Merial está claro que
apenas o trabalho em conjunto de todos
os segmentos é suficientemente po-
Além de Frontline®, a empresa desen-
volveu Previcox® para osteoartrite canina
e uma ampla linha de vacinas para cães
Merck e sanofi-aventis, chega a esse deroso para vencer os desafios da saú- e gatos.
momento com números bastante consis- de animal. Daí o nosso tema “Moldando A empresa está presente em todos os
tentes. Presente em mais de 150 países, Juntos a Saúde Animal”, diz o execu- continentes e tem plantas industriais no
emprega aproximadamente 5 mil pes- tivo. Brasil, França, Estados Unidos, Itália,
soas e, em 2006, atingiu faturamento de Desde o início de suas atividades, a Grã-Bretanha, Uruguai e China. Adicio-
US$ 2,2 bilhões. Merial é líder no mercado de saúde ani- nalmente, mantém centros de pesquisas
Além de indicadores expressivos, a mal. Para isso, colaboram decisivamen- e desenvolvimento no Brasil, França,
Merial avança porque entende e valori- te duas jóias da indústria veterinária: os Estados Unidos e Alemanha. No ano
za a vital interdependência dos médicos princípios ativos ivermectina e friponil. passado, o faturamento total da empresa
veterinários, produtores, técnicos, insti- Ivermectina foi a primeira molécula a atingiu US$ 2,2 bilhões. Frontline® con-
tuições públicas e privadas e todos os controlar, simultaneamente, parasitas solidou-se como o produto de maior
demais envolvidos na cadeia de produ- internos e externos em bovinos. Atual- sucesso na indústria de saúde animal,
tos veterinários, elos que trabalham jun- mente, a ivermectina está presente na representando 40% das vendas totais da
tos em prol do melhor tratamento para formulação do endectocida Ivomec® Merial. As vacinas participaram com
animais de companhia, de produção e para gado, ovinos e suínos; também em 26% da receita e produtos à base de
também espécies exóticas e selvagens, Heartguard®, contra a dirofilariose em ivermectina com 23%.
explica José Barella, o brasileiro que, cães, e em Eqvalan®, para verminoses A busca constante por novos produ-
recentemente, tornou-se presidente mun- em cavalos. Fipronil está presente em tos para vencer os desafios da saúde ani-
dial da empresa. Frontline®, antipulgas e anticarrapatici- mal continua. A Merial acaba de receber
Em uma década de investimentos em da para pequenos animais. a licença para a primeira vacina terapêu-
saúde animal, as vendas da Merial cres- Ivomec® e Frontline® dão impres- tica contra o câncer, tanto para humanos
ceram 60%, acima da média do mercado. sionante solidez à atuação da Merial no como para animais. A vacina já está
Nesse mesmo período, a empresa criou mundo todo. Em termos globais, o su- disponível para tratamento de melano-
mais de 1.300 postos de trabalho liga- cesso de Frontline® colabora decisiva- ma canino nos Estados Unidos.
dos à descoberta, desenvolvimento, pro- mente para o crescimento da empresa Em 2006, a Merial investiu pesado
dução e marketing de produtos terapêu- acima da média do segmento pet. no aumento da capacidade de produção
ticos e biológicos. e modernização de suas unidades
Uma década não é um longo industriais. Este trabalho se-
período para uma organização gue na maioria das fábricas.
cujas raízes estão em Louis Com isso, a organização re-
Pasteur, mas esse período nos nova o seu compromisso de
dá a oportunidade não apenas de renovar e aumentar suas ba-
celebrar nossas conquistas, mas ses em saúde animal em ter-
também refletir e olhar para o Frontline , produto consolidado mundialmente
®
mos globais.

14 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Rio Vet Trade Show 2007 – negócios em expansão

R epresentantes dos segmen-


tos veterinário e pet - um
mercado que há uma déca-
Arthur Barretto
especialista em oncologia.
Em paralelo também fo-

Arthur Barretto
ram realizados os eventos:
da cresce a uma taxa mé- Encontro do Varejo Pet, II
dia de 15% ao ano - esti- Congresso de Conceitos
veram reunidos no Rio- em Bem-Estar Animal
centro, de 9 a 11 de agos- (WSPA) e Meeting de
to, na feira de negócios tosa. Todos transmitiram
Rio Vet Trade Show 2007. importantes informações,
Em paralelo, foi realizada a pois com o consumidor cada
7ª Conferência Sul-Americana de vez mais exigente e com o mercado
Medicina Veterinária, que trouxe, pela em constante transformação, como a
primeira vez ao Brasil, três expoentes adequação à Norma Regulamentadora
do setor - o médico veterinário ameri- 32 (Nr 32), que estabelece os parâme-
cano John August, especialista em me- tros de segurança e saúde no trabalho,
dicina interna felina, Mark Peterson, estar atualizado é essencial. A Bayer focou o seu mais

Divulgação
especialista em endocrinologia, e a O evento continou mostrando que o recente lançamento: o
também americana Barbara Kitchell, Rio de Janeiro é um importante pólo de profender SpotOn. O pro-
duto é inovador e garante
Eduardo Batis-
negócios do se- a vermifugação de gatos
Jorge S. G. L.

ta Borges, tor de animais de sem estresse

Jorge S. G. L.
presidente companhia. Diri-
do CRMV- gentes de diversas
Arthur Barretto

RJ, entida- Visitantes da Rio Vet 2007 também contribuíram


de que empresas reco- para o enriquecimento do evento, como foi o caso
apóia o nhecem isso e de Marcelo Coruso (corusoresgate@yahoo.
evento, en- estão dispostos a com.br), especialista no treinamento de cães de
fatizou a sua resgate
importância continuar dirigin-
para a veterinária do esforços para

Arthur Barretto
colobarar com
a capacitação
e desenvolvi-
Arthur Barretto

mento do mer-
cado. O resultado
disso poderá ser Participantes interessados em endocrinologia,
visto na Rio tema abordado por Mark E. Peterson (EUA) e
Vet Trade discutido em conjunto por especialistas brasi-
Show 2008. leiros durante mesa-redonda, também puderam
conhecer os serviços específicos de diagnósti-
Não percam! co em endocrinologia veterinária fornecidos pe-
lo BET Laboratories (www.betlabs.com.br)
Arthur Barretto

Os trabalhos apresentados na 7ª Conferência


Arthur Barretto

Sul-Americana de Medicina Veterinária foram pu-


Arthur Barretto

blicados em formato eletrônico, como suplemento da


revista da UFRRJ, Série Ciências da Vida, v. 27, 2007
Arthur Barretto

A Organnact, em-
presa brasileira de
Divulgação

suplementos para
nutrição animal,
esteve presente na
Rio Vet 2007.
Antonio Bacila (ao
lado), diretor geral da
empresa, compareceu
pessoalmente ao
A Brasmed lançou, na Rio Vet Trade Show, a prótese WS, evento. Assim como, a
Arthur Barretto

Aparelhos de que possui cabeça intercambiável. O produto beneficia os diretora de marketing, Adriane R. Oliveira (ao lado),
anestesia inalatória pacientes que necessitam de artroplastia total do quadril. O responsável pela atual campanha do probiótico Pet
da RWR. Novidade sistema garante precisão cirúrgica e boa adaptação aos Palitos, produto inédito e que vem tendo sucesso pe-
apresentada pela mais variados tamanhos e raças de cães acima de 25kg rante os médicos veterinários e consumidores em geral
Med-Sinal

16 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 69, julho/agosto, 2007


Arthur Barretto

Arthur Barretto
A Schering Plough esteve presente dando destaque Arthur Barretto A Merial, que completa uma década de atuação em Os alimentos Pedigree® e Whiskas®
ao antiinflamatório Zubrin, que age através dupla saúde animal, participou divulgadando seus exce- foram o foco da atenção de muitos vi-
via de ação (bloqueia as vias Cox e Lox), proporcio- lentes produtos como o Previcox e a Feline-4 sitantes da Rio Vet Trade Show
nando eficácia e segurança. A empresa finalizou em

Arthur Barretto
junho o ciclo de palestras nacionais de lançamento

Arthur Barretto
do Zubrin. Foram 14 eventos pelo Brasil, realizados
por palestrantes experientes, que contaram com a
presença de aproximadamente 1200 pessoas, entre
veterinários e estudantes. Além das palestras na-
cionais, a Schering -Plough também está promo-
vendo palestras secundárias e em universidades e
já atingiu até o momento
Divulgação

mais 2173 pessoas, entre


alunos e profissio-
nais, totalizando um A equipe da Vetnil deu destaque ao mais
público de 3373 novo lançamento da empresa, o substituti-
pessoas informa- vo do leite para filhotes de cães e gatos, o Florais de Saint Germain para
das sobre o produto Pet Milk. O produto possui todos os nu- animais (www.fsg.com.br). A
e o tratamento da trientes necessários para o desenvolvi- novidade, inédita no mercado,
dor mento dos recém- nascidos despertou o interesse de vários profissionais

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 69, julho/agosto, 2007 17


Arthur Barretto A Fort Rio, importante canal de distribui- Nas áreas de pequenos animais e felinos, a
ção das marcas Fort Dodge, Labyes, 7ª Conferência Sul-Americana de Medicina Ve-
Konig, Famabase, Hill’s, Fitoguard, Duprat terinária contou com palestantes internacio-
e Dog’s Care, destacou-se no evento. nais. Além disso, o aproveitamento do conheci-
Além de uma estruturada equipe de aten- mento trazido do exterior foi enriquecido ao se
dimento, a Fort Rio exibiu continuamente interagir, através de mesas-redondas, os pa-
no seu espaço, o comercial da Fort Dodge lestrantes internacionais com os especialistas
que foi veiculado pela TV Globo durante o brasileiros. Essa relação adapta o conhecimen-
mês de agosto. O filme publicitário “Quem to estrangeiro à realidade brasileira
ama, vacina” foi ao ar nas manhãs de
segunda a sexta-feira durante intervalo

Arthur Barretto
comercial do programa “Mais Você”, apre-
sentado por Ana Maria Braga. Durante os

Divulgação
30 segundos de duração explorou-se a re-
Cenas de lação de afeto existente entre os cães e
Quem ama, vacina seus proprietários como meio para a divul-
gação da mensagem central, que é informar John August, Heloisa Justen, Fernanda Amo-
que a vacinação deve ser feita exclusiva- rim e Christine Martins durante mesa-redonda
mente por um médico veterinário. sobre felinos
Segundo Tiago Papa, Gerente de Negócios
Sênior da Fort Dodge, esta ação compro- A oncologia foi importante

Arthur Barretto
vou que a empresa acredita e investe em tema presente, através das
ações que incentivem a conscientização da palestras de Barbara Kitchell,
população, valorizando o profissional e crian- e discutido em mesa-redonda
do demanda para as clínicas veterinárias
Rebecca Dung e Sergio Lobato,

Arthur Barretto

Divulgação
além de enriquecerem o conteúdo
do Encontro Nacional de Varejo
Pet, estiveram presentes na Rio Vet
fornecendo consultoria e projetos
para empresários do setor pet
Divulgação

Encontro do Varejo Pet


Arthur Barretto

Recovery, futuro
contou com aula prática de higienização de
lançamento da
felino demonstrada por Elaine Aparecida
Royal Canin
Pinheiro, do gatil Thuka’s Golden Perle

Arthur Barretto
Integrado à programação da 7ª Conferência Sul-Americana de Medicina Veterinária aconteceu o
Seminário de Alimentação e Nutrição Pet, promovido pela Royal Canin. O seminário contou com a
palestra de Júlio César C. Veado, da UFMG (direita), que abordou o tema Suporte nutricional para ani-
mais hospitalizados, seguido de mesa redonda enriquecida pela presença de Márcio Antônio Brunetto,
Juliana de Oliveira e Maria Clorinda Soares. O assunto debatido foi acompanhado atentamente pelos
clínicos presentes, pois a aplicação dos conceitos de nutrição enteral fazem a diferença na recuperação
dos pacientes hospitalizados. Além de poder contar com as importantes informações fornecidas pelos
especialistas, os participantes do seminário foram contemplados com importante fascículo da Focus Debora Aceti, durante o curso e metting de
dedicado a cuidados intensivos e com a notícia do futuro lançamento da Royal Canin: Recovery, que se tosa, cedeu importante informação referente ao
destaca por possuir exclusiva textura para a nutrição enteral e fornecer suporte nutricional para pacien- registro de profissionais do setor: auxiliar vete-
tes que estão em cuidados intensivos, convalescença ou em período pós-cirúrgico. rinário, enfermeiro veterinário e esteticista ani-
Quem tem interesse no assunto pode conferi-lo em dois eventos que serão realizados: o II Simpósio de mal, tosador e banhista são atividades que já
Nutrição Clínica de Cães e Gatos. Foco em doenças gastrintestinais, que ocorre nos dias 9 e 10 de no- fazem parte do CBO (Cadastro Brasileiro de Ocu-
vembro, em Jabotical, SP, e o IV Congresso Mineiro da Anclivepa, que ocorre de 4 a 6 de outubro, em pações). Consulte o CBO através do endereço:
Belo Horizonte, MG. Consulte esses e outros eventos através do portal www.agendaveterinaria.com.br www.mtecbo.gov.br/busca.asp
O II Congresso de Internacional de Conceitos em Bem-Estar
Animal, promovido pela WSPA Brasil e realizado durante a Rio 2 - A construção do conceito de qualidade
Vet Trade Show, contou com renomados palestrantes. Além
disso, a WSPA empenhou-se em divulgar suas campanhas e pro- www.wspabrasil.org de vida animal
jetos realizados através de farto Paula Gazé Holguin 1; Rita Leal Paixão 2
material disponível Melhores trabalhos apresentados no 1 - MV, Mestranda em Medicina Veterinária - Clínica e
Arthur Barretto

Reprodução Animal - Universidade Federal Fluminense -


II Congresso Internacional Niterói/RJ. paulaghvet@hotmail.com
Néstor Calderón frisou a de Conceitos em 2 - MV, M.Sc, D.Sc, Professora Adjunta do Departamento
importância do clínico,
durante suas consultas, pro-
Bem-Estar Animal Fisiologia e Farmacologia do Instituto Biomédico-UFF-
Niterói/ RJ. rpaixao@vm.uff.br
mover a guarda responsável 1 - Opinião dos ordenhadores sobre suas
interações com as vacas leiteiras 3 - Avaliação dos efeitos da aplicação de
Aline Cristina Sant'anna 1; Mateus José Rodri- afago no comportamento e desenvolvimen-
Arthur Barretto

gues Paranhos Da Costa 2 to de bezerros bubalinos


1 - Mestranda do curso de pós-graduação em Zootecnia, Luciandra Macedo de Toledo 1,2; Mateus J. R.
FCAV - Unesp Campus de Jaboticabal - SP; ETCO -
Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Paranhos da Costa 2,3; Roberto H. Reichert 1 ;
Animal, FCAV - Unesp Campus de Jaboticabal - SP. Nélcio Tonizza de Carvalho1
ac_santanna@yahoo.com.br 1
- Pesquisador Científico, APTA/Pólo Regional do Vale do
2 - Professor - Departamento de Zootecnia, FCAV - Unesp Ribeira - UPD Registro-SP, Brasil. lmtoledo@aptaregional.
Campus de Jaboticabal - SP; Coordenador do ETCO - sp.gov.br
Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia 2
- ETCO- Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e
Animal, FCAV - Unesp Campus de Jaboticabal. SP. Ecologia Animal
mpcosta@fcav.unesp.br 3
- Prof. dr. UNESP - FCAV - Jaboticabal- SP
II Congresso Internacional de Conceitos em Bem-Estar Animal

Arthur Barretto
Arthur Barretto
Andrew Knight, BSc., BVMS,
CertAW, MRCVS, diretor da
Animal Consultants International
(www. animalconsultants.org), enti-
dade que congrega especialistas que
colaboram com projetos interna-
cionais de bem-estar animal, pales-
trante no II Congresso Internacional
de Conceitos de Bem-Estar Animal,
também contribuiu apresentando os Andrew Knight com manequim
pôsteres Advancing animal welfare desenvolvido para treinamento
standards within the veterinary profession (Padrões avançados de bem-estar animal em pacientes felinos
na profissão veterinária) e Poor animal welfare positions illustrate the need for
improved education of veterinarians (As deficiências do bem-estar animal ilustram
a necessidade para o incremento da educação dos veterinários). Este último, como
co-autor de Jasmijn de Boo, BSc (Hons), MSc, DipEd. Education Projects Manager,
WSPA. Além disso, Knight expôs no evento grande variedade de opções substituti-
vas para utilização no ensino da medicina veterinária, atitude que foi muito enrique-
cida pela sua gentil disposição em permanecer no stand da WSPA explicando e
dando detalhes sobre todas as opções. Muitas outras opções podem ser conferidas
através do sítio mantido por Knight: www.humanelearning.info. Outros sítios man-
tidos por ele são www.vegepets.info, que se propõe a dizer “A verdade sobre a ali-
mentação carnívora e vegetariana para cães e gatos”. O endereço da versão em
português é www.vegepets.info/translations/portugese/index.htm.
A médica veterinária Rita de Cássia Garcia também fez importante contribuição apre-
Acima, alguns dos
sentando os pôsteres: A influência do movimento de proteção, defesa e bem-estar ani- Virtual Canine Anatomy é ítens utilizados no
mal na política pública de controle ético das populações de cães e gatos na cidade um excelente atlas anatômi- ensino humanitário de
de São Paulo, SP e Oficial de controle animal: aliado da comunidade e do animal co. Apresenta também técnicas cirúrgicas
(este último, com a contribuição de colaboradores). casos clínicos com vídeos

20 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 69, julho/agosto, 2007


Bem-estar animal

O bem-estar animal na experimentação e no ensino


por Arthur de Vasconcelos Paes Barretto

M uitos políticos têm direcionado


esforços para que seja aprovado,
com brevidade, a regulamentação para a
o uso e a criação de métodos substitu-
tivos.
Sônia T. Felipe, professora e pes-
é o caso da empresa de cosméticos
L'Oréal, que acaba de desenvolver a
Episkin, uma versão de laboratório da
experimentação animal no Brasil. Esses quisadora do Departamento de Filosofia pele humana que deve dispensar a ne-
projetos que visam a regulamentação da UFSC, em sua recente obra Ética e cessidade de usar animais em testes de
existem há anos e seguem aguardando experimentação animal - fundamentos segurança de produtos de beleza ou lim-
sua aprovação. abolicionistas, aborda, entre vários ou- peza. A L’Oréal trabalha no projeto
Da mesma forma como foi feito com tros ítens que envolvem a questão, que desde os anos 1980, mas uma série de
os transgênicos, a pressa é fundamental os argumentos que sustentam a indústria novas leis da União Européia acele-
para aqueles que desejam manter a da experimentação animal são de ordem raram o desenvolvimento do projeto. Os
prática da vivissecção no ensino e na econômica, não moral. Ao apontarem os pesquisadores da empresa usam, como
pesquisa. Enquanto isso, tenta-se difun- benefícios, resultado da experimentação fonte da Episkin, células da pele que
dir na opinião pública que os experi- em animal vivo, para humanos, os defen- sobram de cirurgias nos seios: os que-
mentos, “todos éticos”, são fundamen- sores da indústria da experimentação ratinócitos. Elas são cultivadas em ca-
tais para o avanço da ciência. O dr. omitem o custo, em dor e sofrimento, madas, em cima de colágeno. Nos
Laerte Levai, promotor de Justiça de que tais experimentos representam para testes, pedaços de Episkin são coloca-
São José dos Campos, SP, e autor do aqueles que são submetidos a eles, sem dos dentro do produto químico em ques-
livro Direito dos animais, tem outro dis- necessidade, sem recompensa, sem be- tão. Usando um corante especial que
curso: “Sob a justificativa de buscar o nefício algum. fica azul na presença de células vivas, é
progresso da ciência, o pesquisador Em muitas universidades onde há a possível checar que proporção da pele é
prende, fere, quebra, escalpela, penetra, redução da prática da vivissecção, a morta pela substância testada. Em al-
queima, secciona, mutila e mata, per- pressão dos alunos foi fundamental. Um guns casos, a reação da pele artificial se
fazendo um autêntico massacre con- exemplo recente e brasileiro acabou de mostrou mais precisa do que a de ani-
sentido. Em suas mãos, criaturas vivas ser dado pela Faculdade de Medicina da mais na hora de predizer a reação hu-
tornam-se cobaias, modelos, simples Fundação do ABC, que proibiu o uso de mana a certos cosméticos. Segundo os
exemplares e depois peças descartáveis”. qualquer animal vivo nas aulas de gra- pesquisadores, a Episkin é bastante ver-
Rita Leal Paixão, médica veterinária duação. Portaria em vigor desde 17 de sátil. Pode-se simular o envelhecimento
e doutora em ciências pela Escola agosto coloca a instituição como pri- da pele expondo o tecido à luz ultravio-
Nacional de Saúde Pública Sérgio meira no País a abolir completamente leta, e o bronzeamento com a ajuda de
Arouca publicou na revista do CFMV essa prática, que agora fica liberada melanócitos. A variação racial também
n. 40, Ano 13, 2007, o artigo A regula- somente para pesquisas inéditas, com pode ser simulada usando como fonte
mentação da experimentação animal: relevância científica e previamente apro- de células a pele de mulheres de raças
uma breve revisão. O artigo mostra as vadas pelo CEEA - Comitê de Ética em diferentes – detalhe muito útil ao medir
tendências da experimentação animal Experimentação Animal da FMABC. a eficácia de protetores solares.
em diversos países e que, principal- Demonstrando consciência pela ques- Esse avanço tecnológico promovido
mente na Europa, além dessa prática tão, algumas empresas buscam soluções pela L'Oréal, confirma as evidências de
estar cada vez mais restrita, estimula-se humanitárias para seus produtos, como que a experimentação animal não serve
para a validação de produtos para huma-
nos. O desastre causado pela talidomida
foi a principal prova disso, mas existem
muitos outros casos de produtos que
foram recolhidos às pressas quando
foram liberados para uso humano.
Em face a importância do assunto é
fundamental manter-se atualizado sobre
a questão, principalmente para os estu-
dantes que não são simpatizantes da
prática da vivissecção. A principal for-
ma de ajudar é dizendo não. A escusa de
consciência faz parte do capítulo dos
Direitos e Garantias Fundamentais da
Constituição Federal. Ela preserva as
convições íntimas do cidadão e não obri-
ga ninguém a cometer violência contra si
www.ninarosa.org
proóprio.

22 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Saúde pública

Leishmaniose foi amplamente discutida em Belo Horizonte

D urante 16 e 17 de julho de 2007 a

Arthur Barretto
Associação Nacional de Clínicos Ve-
terinários de Pequenos Animais do Estado
de Minas Gerais, Anclivepa-MG, realizou,
no auditório da Emater, em Belo Horizon-
te, MG, a quarta edição do simpósio sobre
leishmaniose visceral canina.
Faz dez anos que a entidade realizou
seu primeiro evento sobre o tema, trazen-
do como palestrante a pesquisadora Gua-
dalupe Miró, do Departamento de Vitor Márcio Ribeiro (PUC - Betim), Fernando Cruz Laender (presidente do CRMV-MG), Ênio G. da Silva
Sanidade Animal, da Faculdade de (tesoureiro do CFMV) e Manfredo Werkrausen (vice-presidente da Anclivepa Brasil) durante a abertura
do simpósio que discutiu o diagnóstico, a prevenção e o tratamento da leishmaniose visceral canina
Veterinária, da Universidad Complutense
de Madri, Espanha. Na época, o tratamen- bem claro ao apresentar diversos casos qualidade mensal em percentual de
to da leishmaniose visceral canina era um nos quais os pacientes eram positivos em amostras. Tais ações resultaram na pa-
assunto polêmico. Para se ter uma idéia, alguns exames e negativos em outros. "É dronização das requisições, emissões
chegou-se ao ponto de colegas serem fundamental associar aos resultados dos de resultados e conseqüente redução
denunciados ao CRMV-MG por estarem exames a anamnese e o exame clínico", nas reclamações envolvendo consu-
tratando pacientes portadores da enfermi- afirmou Ribeiro. midores e profissionais”, complementou
dade. Porém, graças ao esforço da Furtado. Ela salientou também a
Anclivepa-MG, a forma de enxergar o Diagnóstico da leishmaniose visceral importância da participação do CRMV-
assunto tem mudado muito. Ao longo canina MG que colaborou publicando a reso-
desses dez anos a entidade trouxe diversos Eliana Furtado, do Laboratório lução n. 342/CRMV-MG, que dispõe
palestrantes internacionais que, entre ou- Central de Saúde Pública da Fundação sobre a normatização e procedimentos
tras coisas, mostraram que o tratamento de Ezequiel Dias (Lacen/MG-FUNED - de requisição de exames laboratoriais
alguns cães soropositivos é viável. Desde www.funed.mg.gov.br) iniciou o evento para diagnóstico sorológico da leishma-
então, a entidade tem promovido a discus- falando sobre o trabalho de padroniza- niose visceral canina.
são do assunto, tendo como embasamento ção do diagnóstico da leishmaniose vis- Paulo Paes de Andrade, D. Sc., dire-
grande quantidade de artigos científicos ceral canina, pois alguns anos atrás ha- tor científico da Biogene Ind. Com.
publicados na literatura internacional. via muita divergência entre os testes Ltda. também abordou o tema diagnós-
As discussões não têm se restringido ao realizados pela rede pública e pela rede tico, mas focando no uso do Elisa S7,
tratamento. A prevenção, seja ela com va- privada. “Para modificar essa situação que emprega a proteína recombinante
cinas ou produtos químicos, também tem foram promovidas reuniões de repre- HSP70 para o diagnóstico da leishma-
sido alvo dos debates e, principalmente, sentantes da SVS/MS, MAPA, Secretaria niose visceral canina. A grande vanta-
do foco de investimento das indústrias far- Municipal de Saúde de Belo Horizonte- gem dessa técnica é que ela permite
macêuticas veterinárias. No decorrer desses MG, Universidade Federal de Minas diferenciar animais infectados com
anos, foram lançados no Brasil: a coleira Gerais, Conselho Regional de Medicina leishmaniose visceral canina, de animais
Scalibor, à base de deltametrina; o Veterinária de Minas Gerais (CRMV- vacinados contra a enfermidade utili-
Advantage Max 3; e a vacina Leishmune, MG) e laboratórios privados, com o zando-se a vacina Leishmune®. Isso se
outra importante ferramenta na prevenção propósito de organizar e integrar a re- deve ao fato da Leishmune® ser baseada
da leishmaniose nas regiões endêmicas. de”, explicou Furtado. “O Lacen/MG- numa fração FML (antígeno complexo
Além desses, outros produtos também têm Funed implantou supervisões semes- glicoprotéico ligante de fucose e ma-
sido opção para a prevenção, como o trais, capacitações, ajustes de condutas, nose) que contém um antígeno majori-
Defendog, da Virbac, e o Pulvex Pour-On, padronização de técnicas e controle de tário, a proteína NH36, e o Elisa S7 não
da Schering-Plough. Em breve, outro pro- “O proprietário tem
detecta anticorpos dirigidos contra essa
duto estará se somande aos citados, a fração FML, que são produzidos na va-
Arthur Barretto

todo o direito de
Leish-Tec, vacina contra a leishmaniose fazer o exame para cinação. Porém, Andrade salientou que
visceral canina desenvolvida pelo Labora- leishmaniose vis- o Elisa S7 ainda precisa ser validado
ceral canina no la-
tório Hertape Calier. boratório privado, para que possa ser usado pelos clínicos
Outro segmento que cresceu foi o de mas se houver di- e pela rede pública.
serviços, em especial, os exames laborato- vergência, há a ne- Marilene Suzan Marques Michalick,
cessidade de se fa-
riais, tanto na rede pública quanto na pri- zer a contra-prova professora da UFMG, também abordou
vada. Porém, com o crescimento desses em laboratório ofi- a questão do diagnóstico, focando-se na
serviços, também cresceram as dúvidas e cial”, esclareceu interpretação da sorologia. Michalick
Eliana Furtado,
as incertezas. O dr. Vitor Márcio Ribeiro, chefe do Lacen/MG
enfatizou que “Nos casos de animais que
em sua palestra no simpósio, deixou isso possuem sinais clínicos de leishmaniose

24 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


visceral canina e sorologia conflitante é que a punção do linfonodo deve ser feita somente o uso dos produtos classifica-
preciso cautela no diagnóstico, deven- em três ângulos: inicialmente, com dos como domisanitários. Produtos com
do-se deixar o animal em observação e ângulo de 90º e depois retirando a agu- base em ferohormônios, por exemplo,
repetir o exame em aproximadamente lha e voltando a introduzi-la com ângu- não são liberados para uso em residên-
um mês”. los de 45º, tanto para a esquerda quanto cias. Além disso, enfatizou também que
A Polymerase Chain Reaction (PCR) para a direita. Feita a punção, retira-se a ao vistoriar muitas residências não há a
também foi tema presente no simpósio. agulha da seringa, enche-se a seringa de indicação da aplicação dos produtos
Cristiana Ferreira Alves de Brito, do ar e recoloca-se a agulha. Os próximos químicos permitidos, mas que se pode
Centro de Pesquisa René Rachou/ passos são aspergir o material em lâmi- lançar mão do manejo dos jardins, evi-
FIOCRUZ, que discorreu sobre a técni- na de vidro, estendê-lo com o pincel, tando-se áreas sombreadas, as quais são
ca convencional da PCR. Ela também corar e ler na imersão. as preferidas dos flebotomíneos.
mostrou as utilizações da Nested-PCR, Para a realização do aspirado de me- Lineu Padovese, médico veterinário,
que é usada para aumentar a especifici- dula óssea, Bicalho orientou que ele po- gerente de produtos da Intervet, falou
dade da amplificação de PCR e útil para de ser feito no úmero, no esterno, na sobre prevenção da zoonose utizando
o diagnóstico, e do Real-time PCR, crista ilíaca ou na tíbia. A escolha depen- como ferramenta a coleira Scalibor, à
que é recomendado para a avaliação da derá de vários fatores, como porte do ani- base de deltametrina, que é o único
parasitemia e monitoramento do trata- mal ou preferência pessoal, entre outros. produto recomendado pela Organização
mento. Indenpendentemente do local de esco- Mundial da Saúde (OMS) para a preven-
lha, deve ser feita a tricotomia e assepsia ção da leishmaniose visceral canina.
do local. O animal pode ser sedado ou Padovese destacou algumas característi-
Divulgação

receber apenas anestesia local, cabe ao cas do produto como: liberação regular e
médico veterinário avaliar a conduta a contínua por fricção; dissolução lenta da
escolher. Pode-se utilizar uma agulha de deltametrina na camada lipídica da pele do
colheita de medula óssea ou uma agulha cão; ectoparasiticida não sistêmico; entre
comum, compatível com o procedimen- outras.
to, já acoplada à seringa. Ao inserir a
agulha cuidadosamente e sentir a pas-
sagem pelo osso inicia-se o aspirado da

Divulgação
A amplificação do DNA, feita na técnica medula óssea, o qual deverá ser aspergi-
da PCR, pode ser assistida na anima- do e estendido em lâmina de vidro, para
ção disponível no endereço: em seguida, ser corado e observado na
www.dnalc.org/ddnalc/resources/
animations/pcr.swf imersão. A qualidade da agulha ajuda
muito e uma sugestão de Bicalho foi as
O isolamento e o cultivo de leishma- agulhas da Euromed (31 3689-9907).
nia foi abordado pela profa. Maria As vantagens de ambas as técnicas
Norma Melo, da UFMG. Melo frisou são a rápida obtenção do resultado e sua
que “o diagnóstico através do isolamen- realização dentro da própria clínica.
to em meio de cultura é um diagnóstico A coleira Scalibor é recomenda pela OMS como
de certeza ou seja, basta o encontro de Prevenção e controle da leishmaniose ferramenta para a prevenção da leishmaniose
um parasito para confirmá-lo”. Ela visceral canina visceral canina.
Em Campo Grande, MS, campanha do CCZ
ressaltou também que “a cultura não é A biologia e controle de flebotomí- que está em andamento, tem como objetivo
um método de rotina simples, não sendo neos foram abordados por Nelder de colocar a coleira em aproximadamente 100.000
utilizado para estudos epidemiológicos, Figueiredo Gontijo, pesquisador do cães
mas que pode ser muito útil para casos Departamento de Parasitologia do
de cães falsos positivos, assintomáticos ICB/UFMG. Gontijo enfatizou que, ao João Paulo Correia Gomes, gerente
ou tratados”. contrário dos locais contendo água, que de registro da Bayer, apresentou impor-
Adriane Pimenta da Costa Val Bicalho, são fáceis de localizar, os potenciais cria- tantes considerações sobre o uso do
professora da UFMG, apresentou deta- douros dos flebotomíneos são em núme- Advantage Max 3 na prevenção da
lhes do uso da citologia para o diagnós- ro muito maior. “Tamanha possibilida- leishmaniose visceral canina. Gomes
tico da leishmaniose visceral canina, a de de escolha torna muito difícil a pro- ressaltou a excelente ação “anti-feeding”
qual pode ser feita por meio de aspirado cura pelas formas imaturas”, explicou do produto, repelindo a aproximação dos
de linfonodo ou de medula óssea. Gontijo. flebotomíneos, proporcionada pelo siner-
O material necessário para a realiza- João Baptista Ladeiro Ferreiro, médi- gismo da associação dos princípios ati-
ção do aspirado de linfonodo é compos- co veterinário e empresário do setor de vos do produto: a permetrina e o imida-
to por: agulhas de 23 gauges, seringas controle de pragas, também deu impor- cloprid.
de 10mL ou agulha para punção de me- tante contribuição ao evento expondo a Clarisa Palatnik de Sousa, pesquisado-
dula, lâminas de vidro, pincel, condi- realidade da utilização de produtos quí- ra que desenvolveu a vacina Leishmune,
ções de sedação ou anestesia, corante pa- micos nas residências. Ferreiro ressal- também esteve presente e fez importantes
nóptico e microscópio. Bicalho orientou tou o fato da atual legislação permitir considerações sobre os resultados obtidos

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 25


Saúde pública

com a vacina nos últimos quatro anos. Leish-Tec e o seu desenvolvimento é uma Leonardo Maciel, clínico veterinário
Palatnik destacou a ação da vacina como iniciativa do Laboratório Hertape Calier. que tem estudado sobre a utilização da
bloqueadora da transmissão da leishma- A vacina ainda não foi lançada comercial- aminosidina (aminoglicosídeo com ativi-
niose visceral canina. Dois artigos científi- mente, mas segundo o fabricante, seu lan- dade antileishmaniose - 2 a 5mg/kg),
cos publicados na revista Vaccine demons- çamento está próximo. também esteve presente no evento, enri-
tram isso: The FML-vaccine (Leishmune®) quecendo as discussões. Maciel ressal-
against canine visceral leishmaniasis: Tratamento da leishmaniose visceral tou a importância de não se deixar levar
a transmission blocking vaccine (Vaccine, canina pela aparência do animal. “É fundamen-
v. 24, n. 13, p. 2423-2431, 2006) e Sydnei Magno tal a avaliação das funções renal e he-

Arthur Barretto
Leishmune vaccine blocks the transmission da Silva, médico pática antes do início do tratamento,
of canine visceral leishmaniasis: absence veterinário, deu pois a aminosidina é nefrotóxica”,
of Leishmania parasites in blood, skin and importante con- destacou Maciel.
lymph nodes of vaccinated exposed dogs tribuição ao sim-
(Vaccine, v. 23, n. 40, p. 4805-4810, 2005). pósio apresentan-

Arthur Barretto
A Leishmune® teve destaque durante o do considerações
Congresso Mundial de Leishmaniose sobre o tratamen-
ocorrido em 2005, na Itália, despertando o Sydnei Magno da Silva to da leishmanio-
foi autor do primeiro tra-
interesse de outros países pela vacina. balho no Brasil que
se visceral cani-
Esse ano esse interesse concretizou-se e a avaliou o tratamento de na. Silva apresen-
empresa começou a exportá-la para a Re- cães com leishmaniose tou, em fevereiro
pública da Geórgia, na Ásia ocidental, visceral canina pratica- de 2007, a disser-
do em clínicas vete-
fronteira com a Europa. O governo local rinárias tação Avaliação
concedeu registro para a vacina ser usada clínica e labora-
imediatamente pelos veterinários no con- torial de cães
trole da leishmaniose, após analisar seus naturalmente infectados por
dados de eficácia e constatar que o produ- Leishmania (Leishmania) chagasi
to pode ser usado na prevenção da doença (CUNHA & CHAGAS, 1937), submeti- “Muitas pesquisas estão por vir, sedimentando
os conceitos até aqui produzidos ou modifican-
e também em saúde pública. “É um re- dos a um protocolo terapêutico em do condutas. A ciência é feita sem radicalismos
conhecimento internacional da ciência clínica veterinária de Belo Horizonte, ou afirmações movidas por emoções, mas deve
brasileira", diz Diptendu Mohan Sen, defendida no Depto. de Parasitologia do fundamentar-se, sobretudo, no respeito à vida”,
enfatizou Vitor Márcio Ribeiro
presidente da Fort Dodge brasileira, cuja ICB-UFMG. O assunto é inédito se con-
fábrica em Campinas é a única a produzir siderarmos que foi o primeiro trabalho A questão do tratamento da leishma-
a Leishmune® no mundo. “A Leishmune no Brasil que avaliou o tratamento cani- niose visceral canina já está sedimenta-
também está em estudo na Itália e no praticado em clínicas veterinárias. da, principalmente entre os clínicos ve-
Espanha e em breve devemos exportar a Ou seja, não utilizou-se animais experi- terinários do Estado de Minas Gerais.
tecnologia da vacina para esses e outros mentais e nem foi feito restritamente no Porém, a tendência, salientou Manfredo
países”, comemora o presidente. laboratório, mas com pacientes de pro- Werkrausen, vice-presidente da Ancli-
A vacina contra a leishmaniose visceral prietários que freqüentam as clínicas. vepa Brasil, é que seja instituída uma
canina que utiliza como antígeno a proteína “O mais importante é que os resulta- documentação oficial para cada ani-
recombinante A2, foi outra opção para a dos foram os mais promissores pos- mal que inicie o tratamento, assinada
prevenção da enfermidade apresentada no síveis, corroborando a teoria de que o pelos proprietários e pelos médicos
simpósio. Ela leva o nome comercial de tratamento é eficaz, sendo praticado veterinários. Além disso, ressaltou
na Europa há mais de 50 anos e no Werkrausen, o tratamento deverá seguir
Brasil há cerca de 15 anos”, enfatizou os protocolos determinados pela
Silva. Anclivepa Brasil e somente instituído
O protocolo básico de tratamento após os pacientes terem passado pelos
apresentado por Silva compreende critérios de seleção.
dezesseis sessões de aplicações de
anfoterecina B (0,6mk/kg, a cada 72h),
diluída em dextrose a 5%, e a aplicação,
Arthur Barretto

em sessões alternadas, de 0,2mg/kg de


dexametasona. “Após essas aplicações,
Júlio César Cambraia Veado (centro), conse-
deve-se fazer manutenção do tratamento
Arthur Barretto

lheiro do CRMV-MG e professor da UFMG com o uso constante de alopurinol


defendeu a opção do tratamento: “levando em (20mg/kg) a cada 12 horas, 500mg de
consideração a grande quantidade de cães vitamina C a cada 12 horas, para aci-
soropositivos, a pequena quantidade de cães Assim como nas edições anteriores do evento,
tratados é insignificante e não será ela a dificação da urina e 0,5mg/kg de leva-
o público presente participou intensamente,
responsável pelo incremento do número de misol em dias alternados, como droga expondo dúvidas, colocações, sugestões e toda
casos”. imunoestimulante”, complementou Silva. informação que fosse pertinente compartilhar

26 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


É possível realizar Ana Izabel Silva Balbin Villaverde
MV, doutoranda

inseminação artificial em
Depto. Reprodução Animal e Radiologia
Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu
anavillaverde@fmvz.unesp.br

gatas na minha clínica? Maria Denise Lopes


MV, profa adj., dra.
Depto. Reprodução Animal e Radiologia
Is it possible to perform artificial Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu
denise@fmvz.unesp.br

insemination in queens in my clinic? QUANDO INDICAR A


INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
¿Es posible realizar inseminación artificial A inseminação artificial é indicada,
principalmente, nos casos de animais
en gatas en mi clínica? com problemas comportamentais e/ou
físicos que impossibilitem a cópula, por
Resumo: Pesquisas com biotécnicas da reprodução nos gatos domésticos apresentaram um considerável aumento nas distância entre os reprodutores e tam-
últimas décadas, e a utilização dessas biotécnicas pode ser estendida às clínicas veterinárias. A inseminação artificial (IA),
uma das biotécnicas disponíveis, além de auxiliar no desempenho reprodutivo dos animais, também ajuda na prevenção da
bém para se evitar doenças transmissí-
disseminação de doenças infecciosas, dermatoses e ectoparasitas. Essa técnica inclui etapas como: coleta e processamento veis a partir do coito ou do contato dire-
do sêmen, preparo das fêmeas induzindo tanto o estro quanto a ovulação e o procedimento de IA. Dependendo do local de
deposição do sêmen, existem dois tipos de IA; a intravaginal ou a intra-uterina. A escolha da melhor técnica a ser utilizada
to entre os animais.
depende de fatores como: temperamento do animal, tipo de sêmen (fresco, refrigerado ou congelado), quantidade de Sempre vale lembrar que animais que
espermatozóides móveis, equipamentos disponíveis e habilidade do profissional.
Unitermos: Gato doméstico, reprodução, sêmen
apresentem problemas comportamen-
tais e/ou físicos relacionados a altera-
Abstract: Research involving reproductive technologies on domestic cats has increased in the last decades, permitting the ções hereditárias, doenças infecciosas,
expansion of their use to veterinary practices. The artificial insemination (AI) is one of such available techniques. In addition to consangüinidade entre os reprodutores,
assisting on animal reproductive performance, it also helps preventing the spread of infectious disease, dermatoses and
ectoparasites. This technique includes semen collection and assessment, female preparation by induction of estrus and histórico de partos distócicos, compor-
ovulation, and the AI procedure itself. There are two types of AI, according to the site of semen deposition: intravaginal AI and tamento materno adverso e tempera-
intrauterine AI. The best choice depends on animal temper, semen type (fresh, cooled or frozen), amount of moving
spermatozoa, available equipment and professional ability. mento agressivo devem ser afastados do
Keywords: Domestic cat, reproduction, semen manejo reprodutivo. Desta forma, deve-
se dar preferência à utilização de ani-
Resumen: Investigaciones sobre biotécnicas de reproducción en gatos domésticos aumentaron considerablemente en las
últimas décadas, pudiendo su utilización ser extendida a las clínicas veterinarias. La inseminación artificial (IA), una de las mais saudáveis.
biotécnicas disponibles, además de auxiliar en el desempeño reproductivo de los animales, también ayuda en la prevención
de la diseminación de enfermedades infecciosas, dermatosis y ectoparásitos. Esta técnica incluye pasos como: colección y
procesamiento del semen, preparación de las hembras por inducción tanto del estro cuanto de la ovulación y el PREPARO DOS REPRODUTORES
procedimiento de IA. Dependiendo del sitio de deposición del semen, existen dos tipos de IA, la intravaginal y la intrauterina. Antes de iniciar um programa de re-
La selección de la mejor técnica a ser empleada depende de factores tales como: el temperamento del animal, el tipo de semen
(fresco, refrigerado o congelado), la cantidad de espermatozoides móviles, los equipamientos disponibles y la destreza del produção assistida, há que implementar
profesional. os procedimentos arrolados abaixo:
Palabras clave: Gato doméstico, reproducción, semen
- Anamnese geral e específica voltada
Clínica Veterinária, n. 70, p. 28-34, 2007 ao histórico reprodutivo do animal.
- Exame físico geral e específico (andro-
INTRODUÇÃO Em adição, o trabalho especializado em lógico ou ginecológico).
O primeiro relato científico sobre gatis, voltado à maior eficiência repro- - Exames complementares, como soro-
inseminação artificial (IA) em gatos data dutiva dos animais por meio do manejo logia para doenças infecciosas.
de 1970 1. Desde então, estudos nesta área e da aplicação de biotécnicas, pode - Vacinação e vermifugação das fêmeas
vêm se intensificando, inicialmente com gerar maior lucro aos proprietários e aos antes da gestação.
o objetivo de preservar as espécies de médicos veterinários. Nos casos em que o proprietário rela-
felinos selvagens ameaçadas de extinção, Quando da implantação de atividades ta infertilidade de macho e/ou fêmea,
pois a semelhança entre a fisiologia relacionadas à reprodução, a dúvida após o exame geral e específico do apa-
reprodutiva de gatos domésticos e a das mais freqüente está relacionada aos cus- relho reprodutor, deve-se definir se o
espécies selvagens propicia a utilização tos. Entretanto, para o oferecimento de problema está realmente relacionado à
dos primeiros como modelo experimen- serviços como exames andrológico e capacidade reprodutiva do animal, ou
tal. Com o crescimento da população de ginecológico, controle do ciclo estral da ao manejo errôneo. Muitas vezes, uma
gatos como animais de companhia – que fêmea para acasalamento programado, simples orientação sobre o ciclo estral
tem sido observado principalmente nos coleta de sêmen e inseminação artificial da fêmea ou sobre o momento, local e
grandes centros urbanos –, o mercado são necessários equipamentos básicos, freqüência de acasalamentos é sufi-
tem se voltado ao atendimento especia- muitos dos quais – especialmente os ciente, descartando a necessidade do
lizado a essa espécie e, nesse contexto, mais onerosos – podem ser utilizados uso das biotécnicas.
a disponibilização de serviços voltados para outras atividades clínicas, como A inseminação artificial é importante
à reprodução torna-se um diferencial são exemplos o microscópio e o apare- na prevenção da disseminação de doenças
importante para as clínicas veterinárias. lho de ultra-sonografia. infecciosas, cuja maioria é transmitida

28 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


pelo contato estabelecido entre os ani- Recomendação Agente infeccioso
mais no momento do coito 2. Essa con- Apenas cruzar gatos negativos FeLV
taminação ocorre, principalmente, pelo FIV
hábito que os machos têm de morder o
pescoço da fêmea durante o coito, o que Apenas cruzar gatos com o mesmo status Vírus da panleucopenia felina
promove solução de continuidade e con- sorológico (+/-) Herpesvírus felino
Calicivirose felina
seqüente inoculação do agente através
da saliva. Adicionalmente, foi ve- Vacinação geralmente recomendada Coronavírus felino (PIV)
rificado que o vírus da imunodeficiência Clamidiose
felina (FIV) pode ser também trans-
Figura 1 - Sugestões para a aplicação de estratégias na prevenção de doenças antes do acasalamento
mitido pelo sêmen, em infecções crô-
nicas ou agudas 3,4. Embora essa via de
transmissão não tenha sido comprovada COLETA, AVALIAÇÃO E

Ana Izabel S. B. Villaverde


para as demais doenças infecciosas nos PREPARO DO SÊMEN
gatos domésticos, faz-se necessária Nos gatos domésticos, o sêmen é
muita cautela ao utilizar animais porta- coletado mais freqüentemente por meio
dores para a IA. Não obstante, a utiliza- da eletroejaculação e, raramente, por
ção da técnica de IA nos gatos domésti- vagina artificial, cistocentese depois da
cos pode prevenir a disseminação de ejaculação, lavagem vaginal após coito
ectoparasitas, dermatofitoses e outros ou recuperação de espermatozóides
agentes externos 2. epididimais após castração ou morte do
Devido à difícil detecção dos porta- animal. As coletas de sêmen podem ser
dores saudáveis, principalmente para as realizadas em dias alternados, sem pro-
doenças do trato respiratório superior – vocar alteração na quantidade e na qua-
em virtude do difícil acesso e do alto lidade do sêmen 8.
custo dos exames –, recomenda-se que, A utilização de coleta com vagina Figura 2 - Modelo de vagina artificial para gatos
no mínimo, testes sorológicos para FIV artificial requer um período de duas a
e FeVL (vírus da leucemia felina) nos três semanas de treinamento, e apenas que não se adaptam à coleta com vagina
machos e nas fêmeas sejam realizados. 60 a 70% dos animais respondem a esse artificial –, ou para aqueles nos quais
(Figura 1) condicionamento 1. Em decorrência de poucas coletas serão realizadas.
A sorotipagem dos animais destina- seu temperamento, a maioria dos gatos, O aparelho utilizado para gatos con-
dos à reprodução é muito importante incluindo aqueles treinados, não se siste em um aplicador dotado de corren-
nos gatos domésticos devido à possibili- adapta a coletas realizadas em locais di- te elétrica alternada (70Hz) com contro-
dade de ocorrência da isoeritrólise neo- ferentes, como a clínica na qual esse le de voltagem de 1 a 12V, e de uma
natal, a qual pode ocorrer quando filho- procedimento é realizado. Portanto, a probe (1cm de diâmetro e 13cm de com-
tes dos tipos sangüíneos A ou AB são coleta através de vagina artificial é um primento) contendo três eletrodos
amamentados por gatas do tipo B 5,6,7. método mais aplicável a animais perten- (1,5mm por 5cm) de cobre no terço pro-
Em virtude da prevalência de altos títu- centes a colônias de pesquisa ou gatis. ximal 9. Após a anestesia, a lubrificação
los de anticorpos anti-A nos animais do Outra desvantagem dessa técnica é a ne- com substâncias comerciais e a limpeza
grupo B, até mesmo as fêmeas primípa- cessidade de uma fêmea em cio para do reto, o aparelho deve ser cuidadosa-
ras podem ser causadoras de problemas 7. realizar a coleta. mente introduzido de 7 a 9cm por via
Assim sendo, recomenda-se o acasala- A vagina artificial pode ser confeccio- retal, e os eletrodos devem permanecer
mento de fêmeas do tipo B com machos nada com uma tetina de borracha (pêra na posição ventral, para manter a esti-
do mesmo grupo sangüíneo. Caso seja de um conta-gotas) cuja ponta bojuda mulação do plexo pélvico, mimetizando
necessário promover o acasalamento deve ser cortada e acoplada a um peque- o que ocorre na ejaculação fisiológica
entre fêmeas do tipo B e machos do tipo no recipiente – tipo eppendorf – ou a um (Figura 3) 9.
A, é recomendável realizar a sorotipa- tubo de ensaio (3mm x 44mm). Esses
gem dos filhotes através do sangue co- dois recipientes podem ser acoplados ou
Ana Izabel S. B. Villaverde

lhido do cordão umbilical logo após o não a uma garrafa de polietileno com
nascimento, separar os filhotes por um capacidade para 60mL contendo água a
período de até 24 horas e realizar o alei- 52 oC garantindo, assim, uma temperatu-
tamento artificial ou por uma fêmea lac- ra de trabalho de 44 a 46 oC (Figura 2) 1.
tante do tipo A ou AB; após esse perío- Para a coleta, permite-se que o macho
do, os filhotes poderão retornar à mãe monte na fêmea em cio e, então, a vagi-
biológica 7. Caso a sorotipagem dos fi- na artificial é deslizada pela glande do
lhotes não seja possível, pode-se optar pênis no momento em que o macho
por separar toda a ninhada da mãe logo Figura 3 - Procedimento de eletroejaculação. A
estiver procurando a entrada da vulva. - Aparelho de eletroejaculação; B - Exposição
após o nascimento, pelo período neces- A eletroejaculação é o método de do pênis para coleta do sêmen; C -
sário. eleição para animais mais agressivos – Posicionamento do eletroejaculador

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 29


O protocolo de eletroejaculação mais 1ª Série 2ª Série 3ª Série
utilizado consta da figura 4 10. Os estí- Número de estímulos 10 10 10 10 10 10 10 10
mulos são administrados, por aproxima- Intensidade (V) 2 3 4 3 4 5 4 5
damente um segundo, de 0 V até a vol-
tagem desejada, permanecem de dois a Figura 4 - Número de estímulos e intensidade (V) em cada série de eletroejaculação
três segundos nessa voltagem e retor-
nam abruptamente para 0 V por dois a espermatozóides/mL na vagina artificial Freqüentemente, a rotina de uma clí-
três segundos. Cada série é separada por ou 168 a 361 x 106 espermatozóides/mL) nica veterinária não permite a congela-
um descanso de dois a três minutos. Se e espermiograma (muito variável, de ção do sêmen, que requer equipamentos
o estímulo elétrico for adequado, o ani- 38,2 a 90% de formas morfologicamen- mais caros. Uma situação possível seria
mal responde com extensão rígida dos te normais, dependendo do método de o recebimento do sêmen já congelado.
membros posteriores. Voltagens supe- fixação utilizado) 1,5,18,19,20,21. Nesse caso, o descongelamento da pa-
riores a 8 V não devem ser utilizadas a Para a IA, podem ser utilizados lheta pode ser feito em banho-maria à
fim de evitar a contaminação do ejacu- sêmen fresco, refrigerado ou congelado. temperatura de 37 oC por 30 segundos 24,25
lado por urina 11. O sêmen fresco pode ser diluído na pro- ou do pellet, com 0,1mL de solução
Deve-se ter cuidado com a anestesia porção de 1:1 – sem ultrapassar 100µL fisiológica para cada um, ambos em um
utilizada para a eletroejaculação, uma no total – em solução fisiológica, Rin- plástico ou tubo de vidro imerso em
vez que alguns fármacos podem promo- ger sem lactato, ou diluente próprio para banho-maria a 37 oC 21.
ver o relaxamento da musculatura do es- sêmen sem crioprotetor – que é o mais
fíncter urinário – como os 2-agonistas, indicado –, todos aquecidos à tempera- INDUÇÃO DO ESTRO E
os fenotiazínicos, o diazepam e alguns tura de 37º a 38ºC para evitar o choque DA OVULAÇÃO
anestésicos inalatórios (halotano e iso- térmico com o sêmen, que também deve Gatas que apresentam anestro esta-
fluorano) –, o que pode implicar em permanecer o tempo todo aquecido a cional podem ser estimuladas a ciclar
conseqüente contaminação da amostra essa temperatura. quando expostas a um fotoperíodo supe-
por urina 12,13,14. Os anestésicos mais utili- A refrigeração do sêmen é necessária rior a 12 horas de luz por dia, com o au-
zados para a técnica de eletroejaculação quando se pretende transportá-lo ou ar- xílio de suplementação artificial com
são a tiletamina-zolazepan [15mg/kg, mazená-lo por curto período, mas sua lâmpada de 100W em uma sala de 4 x
intramuscular (IM)], que pode ser asso- qualidade é inferior à do sêmen fresco 22. 4m 26. Outro método de indução do estro
ciada ao butorfanol (0,3 mg/kg, IM) ou Embora já tenha sido demonstrada mo- em gatas domésticas é a administração
ao cloridrato de quetamina (5mg/kg, tilidade espermática média de 60% após de hormônios, como o eCG (gonadotro-
IM), juntamente com a medetomidina 72 horas de refrigeração em gatos do- fina coriônica eqüina) em dose única
[80µg/kg, subcutâneo (SC)] 15,16. A utili- mésticos 20, a literatura não apresenta re- (100 a 150UI/ animal, IM) 10,27 ou o FSH
zação do propofol [10mg/kg, intraveno- gistros sobre a fertilidade in vivo desse (hormônio folículo estimulante) duas
so (IV)] para o procedimento de eletroe- tipo de sêmen, razão pela qual é reco- vezes ao dia, durante três a sete dias
jaculação também se mostrou eficiente, mendável armazenar o material pelo (2mg/animal, IM), até o aparecimento
levando a uma recuperação mais rápida menor período possível. dos sinais de cio 28,29. O estro pode ser
e tranqüila e evitando dor e estresse ao Para a refrigeração, o sêmen pode ser confirmado por meio da citologia vagi-
animal, mesmo sem associação a um diluído na proporção de 2:1 – ou até nal, quando mais de 60% das células
opióide 17. completar 100µL – em meio sem crio- estão cornificadas e o fundo da lâmina
Os ejaculados obtidos pela eletroeja- protetor; podem ser utilizados os meios está limpo 30. Há que lembrar que o estí-
culação apresentam volume e pH maio- comerciais de transporte para sêmen mulo ocasionado pela realização da ci-
res e menor concentração espermática eqüino ou bovino, preferencialmente tologia vaginal pode desencadear a ovu-
do que os ejaculados fisiológicos, pro- aqueles que contenham gema de ovo 23. lação na gata.
vavelmente em virtude da grande esti- A refrigeração pode ser feita colocando- Como no procedimento de IA não
mulação das glândulas sexuais acessó- se o eppendorf com a amostra de sêmen ocorre o coito, a ovulação pode ser indu-
rias, principalmente a próstata, cujo dentro de um recipiente de plástico ou zida por meio da estimulação mecânica
fluido é alcalino (pH 7,8 +/- 0,6) 9,18. metal contendo 400mL de água em tem-
A avaliação do sêmen, que deve ser peratura ambiente, que posteriormente
Ana Izabel S. B. Villaverde

realizada logo após a coleta, compreen- será acondicionado em um refrigerador


de: volume (34 a 40 L na vagina artifi- a 5oC 22. Atenção especial deve ser dada
cial ou 76 a 220 L no eletroejaculador), às oscilações da temperatura de refrige-
cor (quanto maior a concentração esper- ração, o que implica evitar o armazena-
mática, mais esbranquiçada é a amos- mento em geladeiras freqüentemente
tra), odor (sui generis), pH (amostras manuseadas. Caixas comerciais para
contaminadas com urina podem apre- sêmen eqüino (Figura 5) podem ser usa-
sentar pH mais baixo, cuja taxa normal das para transportar o sêmen de gatos,
varia de 6,6 a 8,8), motilidade (alta- sem que o tempo de 24 horas de trans-
mente variável, de 56 a 84%), vigor, porte seja excedido, principalmente em Figura 5 - Caixa de refrigeração para transporte
concentração (média de 1730 x 106 dias mais quentes. de sêmen

30 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Chegou
da vagina, com o auxílio de um swab de inviabilizar a

Ana Augusta Pagnano Derussi


algodão, realizando-se de 4 a 8 estímu- execução da IA.
los com duração de 2 a 5 segundos e em A insemina-
intervalos de 5 a 20 minutos entre cada ção intravaginal
um 31. Para a indução da ovulação, tam- pode ser reali-
bém podem ser utilizados os hormônios zada com o au-
hCG (gonadotrofina coriônica humana) xílio de uma
(75 a 250 UI/animal, IM) em dose sonda uretral pa-
única 10,27,28,29 ou GnRH (hormônio libera- ra gatos ou com
dor de gonadotrofinas) (25 g/animal, uma agulha es-
IM), também em dose única 32, ambos pinhal de 9cm
administrados no segundo ou no terceiro com bulbo na
dia do estro natural ou induzido com ponta, as quais
FSH, ou após 80 a 84 horas da aplicação são inseridas de
do eCG. A ovulação ocorrerá em cerca 45 a 50mm den-
de 26 a 29 horas após a sua indução 1. tro da vagina
até a cérvix (Fi-
MOMENTO DA INSEMINAÇÃO guras 6A e 6B),
A inseminação pode ser realizada onde o sêmen
uma única vez – após 24 horas da indu- é depositado Figura 6 - Esquema de IA intravaginal. A e B - Posicionamento da sonda no
fundo vaginal; C e D - Deposição do sêmen e retirada da sonda
ção da ovulação – ou em duas vezes – a com a ajuda de
primeira no momento da indução e a se- uma seringa de
gunda após 24 horas –, o que promove o 1mL (Figuras 6C e 6D) 1,21,34. Para evitar

Ana Izabel S. B. Villaverde


aumento da taxa de concepção em até o refluxo do sêmen através da vagina, é
50% 1. O importante é inseminar as fê- importante não ultrapassar o volume de
meas até 49 horas após a indução da 100 L de amostra seminal por insemi-
ovulação pois, acima desse período, o nação. Após a deposição do sêmen, a
índice de fertilidade dos oócitos é extre- fêmea deve ser mantida com o posterior
mamente baixo 1. elevado durante 15 a 20 minutos.
O momento em que a cérvix está Quando, após a sedação, a gata é colo-
aberta geralmente coincide com a máxi- cada em decúbito dorsal, com as patas
ma cornificação das células epiteliais. traseiras em um ângulo de 30o, a pas- Figura 7 - IA intravaginal com animal aneste-
siado. A - Posicionamento da gata em decúbito
Assim, as inseminações intravaginais sagem do conteúdo através da cérvix dorsal com o posterior elevado em 30º; B -
ou transcervicais devem ser realizadas até o interior do útero é facilitada Detalhe da sonda uretral para gatos utilizada
durante o meio e/ou o final do estro, (Figura 7) 33. para a IA
preferencialmente em duas vezes, em Apesar de necessitar de uma dose
intervalos de 24 horas ou de 48 horas, inseminante maior (80 x 106 versus 8 x Inseminação intra-uterina
aumentando a possibilidade de que a 106 de espermatozóides por insemina- Esta técnica apresenta maior vanta-
cérvix esteja aberta 33. ção) 34,35, esta técnica apresenta bom gem do que a inseminação por deposi-
Considerando que a anestesia pode resultado com sêmen fresco (Figura 8), ção vaginal (Figura 9), pois requer
interferir no processo de ovulação, além de ser menos invasiva e nem sem- menor quantidade de espermatozóides
quando a sedação das gatas for necessá- pre necessitar da sedação das gatas. por dose e maior eficiência quando se
ria para realizar a técnica de IA, há que
respeitar o intervalo de 31 a 49 horas Sêmen dose número de taxa de
inseminante inseminações prenhez
após a ovulação para implementar o
procedimento 10. Fresco 1 5 a 50 x 106 1 50%
Fresco 1 6 a 50 x 106 2 75%
MÉTODOS DE INSEMINAÇÃO Fresco 34 80 x 106 1 77,8%
ARTIFICIAL Congelado 21 50 a 100 x 106 2 10,6%
Inseminação intravaginal Figura 8 - Taxas de prenhez após a utilização da técnica de inseminação intravaginal com sêmen
Embora a anestesia da gata facilite o fresco ou congelado, segundo diferentes autores
posicionamento da sonda, nem sempre
esta é necessária quando se realiza a in- Sêmen dose número de taxa de
seminação intravaginal. Cabe lembrar inseminante inseminações prenhez
que fêmeas não anestesiadas podem Fresco 10 6,6 X 106 1 50%
apresentar reação pós-coito durante a Fresco 35 8 X 106 1 80%
IA, demonstrando agressividade, rola- Congelado 24 12 X 106 1 57,10%
mento do corpo e lambedura do pos- Figura 9 - Taxas de prenhez após a utilização da técnica de inseminação intra-uterina com sêmen
terior com freqüência e, desta forma, fresco ou congelado, segundo diferentes autores

32 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


trabalha com sêmen congelado/desconge- seringa de 1mL (Figura 10) 36. Nunca é

Ana Izabel S. B. Villaverde


lado, uma vez que a deposição da amos- excessivo destacar que a IA deve ser
tra é realizada mais próxima ao local de realizada no meio ou no final do estro,
fertilização e o processo de congela- momento em que a porcentagem de
ção/descongelação promove redução fêmeas apresentando a cérvix aberta é
considerável do tempo de sobrevivência maior 33. Na inseminação transcervical, a
dos espermatozóides no trato feminino. gata deve ser anestesiada para o posicio-
Para a inseminação intra-uterina namento correto das sondas. É impor-
devem ser utilizados de 30 a 50 L de tante destacar que esse método ainda
volume da amostra de sêmen por corno necessita de maior desenvolvimento e
uterino; o procedimento pode ser reali- treinamento antes de ser aplicado na Figura 12 - Técnica de inseminação artificial por
laparotomia
zado em apenas um corno uterino ou, rotina de uma clínica.
preferencialmente, nos dois cornos ute-
rinos 10,24,35. Inseminação intra-uterina próximo ao local de fertilização de
A deposição da amostra de sêmen no por laparoscopia apenas um corno uterino ou de ambos
interior do útero pode ser realizada Nessa técnica, um trocater de 7mm (Figura 12) 24,35. Embora este método seja
pelos métodos transcervical, por lapa- de diâmetro é inserido por meio de incisão mais invasivo, na rotina de uma clínica é
roscopia ou por laparotomia. de 1cm na pele e 3cm cranialmente ao o mais facilmente exeqüível.
umbigo. O trocater é substituído por um
Inseminação intra-uterina transcervical laparoscópio de 7mm de diâmetro, por- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em países em que não é permitida a tado de uma fonte de luz (Figura 11A). O primeiro obstáculo enfrentado pelo
cirurgia para o procedimento de IA, co- Posteriormente, o fórceps é inserido cau- médico veterinário que deseja implantar
mo a Inglaterra, a técnica transcervical é dalmente a 3cm, e a 4cm lateralmente um serviço de IA em gatos é a coleta de
extremamente útil. Para esse procedi- ao umbigo, para estabilizar o útero sêmen, uma vez que o método de elei-
mento, utiliza-se uma sonda urinária de (Figura 11B). Cada corno uterino é ele- ção para essa conduta – a eletroejacula-
2,8mm de diâmetro, com a ponta fecha- vado contra a parede ventral do abdômen ção – implica a necessidade de aquisi-
da com o auxílio do calor, seguida pela com o auxílio do fórceps, e um cateter é ção do aparelho, a experiência do clíni-
implementação de nova abertura 8mm inserido por via percutânea até o terço co e a permissão do proprietário. Cada
além da extremidade fechada – na qual proximal do corno uterino (Figura 11C). técnica de IA apresenta vantagens e des-
se passa uma sonda uretral para gatos Após penetrar o lúmen uterino, o guia é vantagens: a técnica intravaginal, embo-
com 1mm de diâmetro, acoplada a uma recuado e o cateter é avançado no sentido ra seja mais simples e menos invasiva,
do útero, até a total retirada do guia, que apresenta um índice de prenhez satis-
é substituído por uma sonda estéril de fatório apenas quando se utiliza sêmen
Ana Augusta P. Derussi

polietileno ligada a uma agulha de 30G fresco e com alta quantidade de esper-
e a uma seringa de 1mL (Figura 11D) 10. matozóides. Por sua vez, as técnicas in-
Esse método necessita de equipa- tra-uterinas são essenciais quando se
mentos mais específicos e de um perío- utilizam amostras de sêmen congelado/
do de treinamento maior, o que inviabi- descongelado, pois oferecem melhores
liza a sua execução na rotina clínica. índices de prenhez. Embora seja a mais
Apesar disso, apresenta maior exatidão invasiva das técnicas de IA intra-uteri-
do que o método transcervical e, ainda, é na, a laparotomia é, certamente, aquela
Figura 10 - Esquema de IA transcervical. menos invasivo que a técnica intra-uteri- de mais fácil realização, pois requer
Setas indicam região cervical na por laparotomia. apenas o material cirúrgico básico e a
experiência em técnica cirúrgica.
Ana Augusta Pagnano Derussi

Inseminação Os custos de cada técnica de IA de-


intra-uterina por pendem de fatores como: aquisição de
laparotomia aparelhos, tipos de anestésicos utiliza-
Após a laparoto- dos, necessidade de utilizar hormônios,
mia convencional exames complementares como testes
através da linha sorológicos de FIV e FeLV, utilização
média, são localiza- de diluidores próprios para sêmen e rea-
dos os cornos uteri- lização de citologia vaginal, entre ou-
nos e, com a ajuda tros. Dessa forma, cabe ao médico vete-
de uma agulha de rinário determinar o custo do procedi-
insulina ou cateter mento, aí se incluindo a cobrança pelo
acoplados a uma serviço especializado.
Figura 11 - Esquema da técnica de IA por laparoscopia. A) Introdução seringa de 1mL, o
do laparoscópio; B) Colocação do fórceps para sustentação do útero;
A despeito dos avanços obtidos em rela-
C) Introdução do cateter e D) Substituição do guia por uma sonda de sêmen é deposita- ção à reprodução assistida dos felinos do-
polietileno e agulha do no terço distal, mésticos, ainda resta um vasto horizonte

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 33


a ser pesquisado, incluindo o maior p. 175-186, 1992. v. 61, p. 135-141, 1999.
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laparoscopically inseminated domestic cat. versus teratospermic donors to cold-induced cats. Journal of Reproduction and Fertility
Journal of Reproduction and Fertility, v. 96, acrosomal damage. Biology of Reproduction, Supplement, v. 57, p. 353-356, 2001.

34 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Adenite sebácea canina: Fabiana Hayeck Scucato
Médica veterinária autônoma

revisão de literatura
dermavet@globo.com

Leonardo Motta Batista


Médico veterinário autônomo
l.motta@terra.com.br

Canine sebaceous adenitis: Adriane Pimenta da Costa Val


literature review MV, MSc, PhD, profa. adj. 2 - EV/UFMG
adriane@vet.ufmg.br

Adenitis sebácea canina: Roberto Henrique Cordeiro Alves


Médico veterinário autônomo

revisión de literatura robertohenriquecordeiro@yahoo.com.br

Resumo: A adenite sebácea é uma dermatopatia de caráter inflamatório, centrada primariamente nas glândulas sebáceas e
de etiopatogenia incerta. Sua ocorrência é incomum na espécie canina, sendo observada principalmente em cães adultos
jovens e de meia-idade e das raças poodle standard, akita, samoieda e vizsla. As manifestações clínicas são variáveis, e as
mais comuns são a descamação progressiva simétrica e a rarefação ou perda pilosa associada à seborréia seca generalizada.
O diagnóstico definitivo se dá por meio da avaliação histopatológica de fragmento cutâneo, na qual é observada devastação
parcial ou total da glândula sebácea. A terapia tópica baseia-se em produtos anti-seborréicos associados a condicionadores e
emolientes, enquanto a terapia sistêmica inclui drogas como retinóides, ciclosporina e glicocorticóides.
Unitermos: cão, dermatopatia, diagnóstico, tratamento realizado na Faculdade de Medicina Ve-
terinária da Universidade de Zurique
Abstract: Canine sebaceous adenitis is an inflammatory dermatological condition of uncertain ethiopathogeny, in which foi observado que, dos 23 cães com
sebaceous glands are primarily affected. Although uncommon in dogs, the disease is observed mainly in young and
middle-aged Standard Poodles, Akitas, Samoyeds and Vizslas. Clinical manifestations are variable, but the most common signs
diagnóstico de adenite sebácea, 16 apre-
are symmetric progressive desquamation and hypotrichosis or total hair loss, generally associated to seborrhea sicca. sentaram as primeiras lesões cutâneas
Conclusive diagnosis is achieved through observation of partial or total destruction of sebaceous glands. Topic therapy includes
the use of antiseborrheic products associated to conditioners and emollients, while retinoids, cyclosporine and glucocorticoids
até o terceiro ano de vida, e sete
are the choice for systemic treatment. apresentaram-nas após o quinto ano 10.
Keywords: dog, dermatopathy, diagnosis, treatment As raças mais comumente acometidas
são poodle standard, akita, samoieda e
Resumen: La adenitis sebácea es una dermatopatía de carácter inflamatorio, primaria de las glándulas sebáceas y de vizsla, mas a AD tem sido descrita tam-
etiopatogenia incierta. La ocurrencia en la especie canina es poco común siendo principalmente observada en perros adultos
jóvenes, de mediana edad y de las razas poodle, akita, samoyedo y viszla. Las manifestaciones clínicas son variables,
bém nas raças shih tzu, labrador, chow
encontrándose entre las más comunes la descamación progresiva simétrica y la rarefacción o pérdida pilosa asociada a chow, fox terrier, dobermann, pinscher,
seborrea seca. El diagnóstico definitivo se hace a través de la evaluación histopatológica de fragmentos cutáneos en la cual
es observada devastación parcial o total de las glándulas sebáceas. El tratamiento se basa en la aplicación tópica de
springer spaniel, keeshond 4,9,11, cairn
productos antiseborreicos asociados a acondicionadores y emolientes y la administración de drogas sistémicas como los terrier, pointer 2, old english sheepdog,
retinoides, ciclosporinas y glucocorticoides.
Palabras clave: perros, dermatopatía, diagnóstico, tratamiento
lhasa apso 6 e cães sem raça definida 4,11.
No poodle standard, essa enfermida-
Clínica Veterinária, n. 70, p. 36-40, 2007 de é considerada uma genodermatose
provavelmente ligada a um gene autos-
sômico recessivo 10,11. Em akitas, tal pre-
INTRODUÇÃO estruturais primárias da glândula ou dos disposição não foi claramente confirma-
A adenite sebácea (AD), também co- ductos sebáceos evocaria uma resposta da, embora um recente estudo aponte
nhecida como adenite sebácea granulo- inflamatória e conseqüente destruição essa direção 5.
matosa ou adenite sebácea idiopática 1, das unidades sebáceas; A AD tem sido observada secunda-
foi primeiramente descrita em 1980 em - Ocorreriam, primariamente, desor- riamente a várias doenças primárias
várias raças de cães, principalmente dens da ceratinização cutânea que, por como leishmaniose, demodiciose, hi-
poodle standard, akita, samoieda e sua vez, poderiam ou não ser resultan- persensibilidade alimentar e síndrome
viszla 2. Sua primeira descrição no tes de anormalidades do metabolismo úveo-dermatológica 5,9. A remissão es-
Brasil data de 1995, em um cão da raça lipídico, causando obstrução do ducto pontânea desta afecção é raramente des-
akita 3. A doença, que tem sido relatada sebáceo e subseqüente resposta infla- crita 11.
em cães, gatos, coelhos e humanos 1,4,5,6, matória piogranulomatosa dirigida con-
é uma dermatopatia de caráter inflama- tra a glândula; APRESENTAÇÃO CLÍNICA
tório, centrada primariamente nas glân- - A AD seria uma resposta auto-imune Geralmente, os achados clínicos mais
dulas sebáceas, que progride, geralmen- ou imunomediada contra antígenos pre- comumente descritos são descamação
te, para a sua total destruição 4,5,7,8,9. sentes nos componentes da glândula ou progressiva simétrica e dermatose alo-
da secreção sebácea 1,7,10,11. pécica que se inicia na linha média dor-
ETIOPATOGENIA De ocorrência incomum na espécie sal e orelhas podendo progredir para o
A etiopatogenia da AD é incerta 9,10, e canina, a doença é observada principal- abdômen ventral e o tórax, associadas à
várias hipóteses para a sua origem e mente em animais adultos jovens e de seborréia seca generalizada e à perda ou
desenvolvimento têm sido formuladas: meia-idade, não havendo evidência de rarefação pilosa 4 (Figura 1). A hiperce-
- A presença de alterações genéticas predisposição sexual 3,7,8,9. Em estudo ratose e a seborréia são resultantes da

36 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


cães da raça pastor-alemão as lesões po-
Roberto Henrique C. Alves

Roberto Henrique C. Alves


dem se iniciar na cauda e progredir cra-
nialmente 7,11.
Os cães com AD geralmente não são
pruriginosos, porém a infecção bacteria-
na secundária é uma complicação fre-
qüente e os animais acometidos podem
apresentar esse sintoma 4. Foi observa-
do, em estudo com trinta cães acometi-
Figura 1 - Presença de alopecia/hipotricose,
cilindros foliculares e escoriação na região lom- Figura 3 - Este cão da raça akita apresentava
dos pela doença, que treze apresenta-
bar eritema, crostas, hipotricose e cilindros folicu- vam prurido, sendo que em cinco destes
lares disseminados por todo o corpo. A foto evi- não foram observados sintomas de pio-
dencia as regiões axilar e cervical ventral dermite 6.
Roberto Henrique C. Alves

DIAGNÓSTICO
Roberto Henrique C. Alves

O diagnóstico da adenite sebácea é


baseado na raça, no histórico, nos sinais
clínicos e nos achados da análise histo-
patológica de fragmentos cutâneos 8.
Dos exames subsidiários, a avaliação
Figura 2 - Pêlos agregados por debris cerato- histopatológica é a que permite o diagnós-
sebáceos (cilindros foliculares) tico definitivo dessa enfermidade e,
quando realizada de múltiplas biópsias
de pele selecionadas a partir de locais
perda da secreção sebácea sobre a pele e com diferentes estágios de lesão, propi-
o infundíbulo folicular, o que promove o cia maior acurácia diagnóstica 8,9, pois os
ressecamento da camada córnea, repre- achados dermato-histopatológicos va-
sentada por descamação e agregados de Figura 4 - Face apresentando eritema, crosta e riam com a cronicidade da lesão. A es-
ceratina sobre a haste pilosa (Figura 2). hipotricose colha de lesões iniciais não alopécicas e
A alopecia é em parte justificada pela com escamas aderentes é útil para a
Roberto Henrique C. Alves

atrofia do folículo piloso e pela fibrose observação da inflamação ativa da glân-


perifolicular 7,9. dula sebácea, enquanto as lesões crôni-
A AD apresenta distinções clínicas de cas, com extensa alopecia, caracteri-
acordo com o tipo de pelagem e a raça zam-se pela ausência de glândulas sebá-
envolvida. Nos cães de pelame longo, ceas, facilitando o diagnóstico.
manifesta-se com hipotricose/alopecia e Ao exame histopatológico, geral-
descamação simétricas, eritema e debris Figura 5 - Este animal apresentava pelame
untuoso e aglomerado por debris cerato-sebá-
mente observa-se acentuada hipercera-
cerato-sebáceos amarelo-amarronzados ceos, hipotricose, eritema, crostas e escoria- tose ortoceratótica na pele e no folículo
localizados na cabeça, no pescoço, no ções generalizados piloso e acantose epidermal, que leva à
tronco e na cauda 2, enquanto que nos obstrução e à dilatação folicular. Na
animais de pelame curto, como os da furunculose bacteriana, crônicas e reci- unidade pilossebácea ocorre inflamação
raça vizsla, as lesões se iniciam como divantes, são comumente observadas perianexial, granulomatosa, piogranulo-
áreas anulares multifocais de descama- nessa raça, e podem estar acompanhadas matosa ou mista (composta de histióci-
ção e alopecia que tendem a aumentar e por síndrome febril, letargia e emacia- tos, linfócitos, neutrófilos e plasmóci-
se coalescer, associadas à seborréia se- ção 7,9,12,11. Apresentações graves são tam- tos), ipsilateral à localização da glându-
ca, furfurácea, de coloração esbranqui- bém freqüentes em cães da raça poodle la sebácea, com perda parcial ou total
çada e não aderente nas regiões da face, standard, nos quais observam-se pêlos desta 4,5,7. Há, porém, diversidade desses
da ponte nasal, do dorso do tórax e dos ásperos e quebradiços 8,11, hiperceratose achados em relação ao tipo de pelagem
pavilhões auriculares 4,8,10,12. Nos cães da acentuada, seborréia seca, laminativa e e da raça do animal 4,11. Em poodles
raça akita ocorrem manifestações mais furfurácea caracterizada por escamas standard a inflamação é escassa, eviden-
intensas da doença, caracterizando-se branco-acinzentadas, espessas e forte- ciando poucos neutrófilos, linfócitos e
por quadro alopécico, eritematoso e mente aderidas à pele e aos pêlos, além macrófagos, e as glândulas sebáceas ge-
descamativo generalizado (Figura 3). de extensa alopecia envolvendo a parte ralmente estão ausentes 7,11. Em akitas e
Há extensa perda de pêlos, principal- externa dos pavilhões auriculares, a fa- samoiedas, a inflamação é mais proemi-
mente da subpelagem, hiperceratiniza- ce, e as regiões dorsal do tórax e lombo- nente, sendo caracterizada por um ex-
ção e debris cerato-sebáceos amarelo- sacra 4,7,11,12. Os cães da raça samoieda tenso infiltrado piogranulomatoso, com
amarronzados aderidos aos pêlos provo- desenvolvem quadros de alopecia e des- alguns linfócitos e raros eosinófilos nos
cando aspecto cutâneo untuoso e mal- camação moderados a intensos, predo- estágios iniciais da desordem. Nas le-
cheiroso (Figuras 4 e 5). Foliculite e minantemente na região dorsal 7,11, e nos sões crônicas observam-se inflamação

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 37


discreta ou ausente, ausência das glân- Tratamento tópico superficial, normalizando os processos
dulas sebáceas, atrofia ou displasia foli- O uso de xampus ceratolíticos/anti- de ceratinização cutânea 7. Na AD, seus
cular e fibrose perifolicular 6,8,11. Em seborréicos, associado a enxágües com benefícios estão relacionados ao seu
raras ocasiões, todo o folículo piloso e produtos condicionadores e emolientes, efeito antiinflamatório, à modificação na
as estruturas anexas estão destruídos 8. demonstra efeitos satisfatórios em casos produção de lipídios nas glândulas sebá-
Animais com infecções estafilocócicas iniciais, discretos ou moderados da ceas, à supressão da produção de sebo e à
secundárias podem apresentar áreas de doença 11. normalização da ceratinização folicular 4.
dermatite pustular intra-epidérmica O uso de propilenoglicol a 50-75% As respostas aos retinóides geral-
neutrofílica, foliculite/furunculose su- em água, como aspersão ou enxágüe, mente requerem dois a quatro meses de
purativas e dermatite ou paniculite pio- pode ter efeito benéfico em casos mais terapia, que deve continuar por toda a
granulomatosa nodular a difusa 11. O resistentes, quando aplicado uma vez ao vida do animal ou conforme orientações
diagnóstico de adenite sebácea não deve dia e em seguida duas a três vezes por do médico veterinário, com base no re-
ser confirmado, a menos que as glându- semana, conforme a necessidade 8,11. Por sultado de exames clínicos e laborato-
las sebáceas estejam completamente au- atuar como solvente lipídico higroscó- riais 7,12.
sentes em no mínimo três fragmentos pico, penetra a camada córnea, aumen- A vitamina A pode ser administrada
cutâneos obtidos por punch de 4-6mm tando seu conteúdo de água 8. Quando na dose de 10.000 UI a cada 12 horas
de diâmetro 9. na concentração de 50-100%, o propile- para cães de pequeno a médio porte, e
Em estudo realizado na Universidade noglicol pode ser usado em forma de as- de 20.000 UI a cada 12 horas para cães
de Zurique, não se observou correlação persões diárias, associadas a banhos de grande porte 6.
histopatológica entre o grau de destrui- com xampus anti-seborréicos a cada três A isotretinoína é usada na dose de
ção e a reação inflamatória que afetava ou quatro dias. Posteriormente, reduz-se 1-3mg/kg a cada 24 horas, e está indica-
a glândula sebácea dos cães avaliados 10. gradualmente a freqüência de banhos e da em doenças que requeiram alteração
A literatura é escassa no que tange aspersões para a menor freqüência de ou normalização de estruturas anexiais,
aos achados de patologia clínica de cães aplicações que controlem a doença 6. além de algumas afecções epidérmicas 11.
com AD. Um estudo recente apresentou Essa droga, na dose de 1-2mg/kg/dia
perfil bioquímico, hematológico e uroa- Tratamento sistêmico por via oral, foi relatada como muito
nálise dentro dos parâmetros de referên- Ácidos graxos poliinsaturados eficaz em cães da raça vizsla, sem a des-
cia em um cão da raça akita estudado, e A administração oral de suplemen- crição de efeitos colaterais, porém não
hiperproteinemia, hiperfibrinogenemia, tos contendo ácidos graxos poliinsatu- apresenta a mesma eficácia em outras
leucocitose e neutrofilia em outro cão rados ômega 3 e 6 em dosagem eleva- raças 4,5,12. A terapia pode ser iniciada
da mesma raça 7. Hiperproteinemia, com da 8 pode ter efeito benéfico em alguns com a dose de 1mg/kg a cada 12 horas
aumento expressivo de gama-globuli- animais, porém outros não apresentam por via oral no primeiro mês, e então se
nas, foi descrita em quatro casos avalia- resposta 11,12. Esta suplementação é im- reavalia o paciente. Caso a evolução
dos em outro estudo 2. portante adjuvante na terapia por apre- clínica seja favorável, a dosagem deve
Para o diagnóstico da adenite sebácea sentar efeitos antiinflamatórios, antipru- ser reduzida para 1mg/kg a cada 24
deve-se considerar a seguinte lista de di- riginosos e moduladores da epidermo- horas por mais um mês, sendo que o
ferenciais: demodiciose, piodermite, poiese 11. Os possíveis efeitos colaterais, objetivo em longo prazo é o controle da
dermatofitose, malasseziose, leishma- embora raros, incluem vômito, diarréia doença com 1mg/kg a cada 48 horas, ou
niose, dermatose responsiva ao zinco, e flatulência 8. 0,5mg/kg a cada 24 horas 8.
dermatose responsiva à vitamina A, pên- O etretinato é usado na dose de
figo foliáceo, displasia folicular, endocri- Retinóides 1mg/kg a cada 24 horas, e está indicado
nopatias e defeitos da ceratinização, co- O termo retinóide refere-se a todas as nos distúrbios do desenvolvimento epi-
mo a seborréia primária ou idiopática 8,9,11. substâncias químicas, naturais ou sinté- telial, folicular ou na ceratinização 11.
ticas, que apresentam atividade da vita- Essa droga, na dose de 1-2mg/kg dia
TRATAMENTO mina A. Os retinóides sintéticos são me- por via oral, foi relatada como ineficaz
A resposta ao tratamento varia, de- nos tóxicos do que seus precursores na- ou resultando em um máximo de 50%
pendendo da gravidade e/ou da cronici- turais 11. Atualmente, dois compostos de resolução 12.
dade da doença e da raça do animal 11, sintéticos estão sendo usados em derma- Em um estudo com trinta cães com
sendo os cães da raça akita mais refratá- tologia veterinária: a isotretinoína (13- adenite sebácea tratados com a isotreti-
rios ao tratamento 8. Alguns cães apre- cis-ácido retinóico), sintetizada como noína ou com o etretinato, foram verifi-
sentam padrões cíclicos de recuperação metabólito natural do retinol, e o etreti- cados índices de cura de 47% e 53%,
e agravamento espontâneos, indepen- nato 11. Eles atuam diretamente no geno- respectivamente, ocorrendo baixa inci-
dentemente de qualquer tratamento 8. ma celular, afetando a labilidade das dência de efeitos colaterais. Destes ani-
Os tratamentos clínicos utilizados membranas e modulando a expressão da mais, onze eram da raça akita e dez de-
são divididos em tópicos e sistêmicos, e ceratina e a síntese de RNA e de proteí- les apresentaram importante remissão
podem ser usados em combinação ou nas, prostaglandinas, sulfato de coleste- dos sinais clínicos com a terapia, poden-
isolados. Quando a piodermite secundá- rol e colagenase. Desta forma, os retinói- do esta ser uma alternativa de grande
ria está presente, seu tratamento sempre des têm influência na proliferação, na valia na terapia da adenite em animais
se faz necessário 6. diferenciação e na composição celular dessa raça 5.

38 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Os efeitos colaterais potenciais dos significativa, porém os sinais clínicos (Oryctolagus cuniculus). Veterinary
Dermatology, n. 11, p. 53-60, 2000.
retinóides sintéticos são em grande nú- recidivaram com a interrupção do trata-
02-SPATERNA, A. ; ANTOGNONI, M. T. ;
mero, mas raros e moderados 12. Sua to- mento 13. CAPPUCCINI, S. ; TESEI, B. Sebaceous
xicidade no cão é menor do que em hu- adenitis in the dog: three cases. Veterinary
manos, sendo dose-dependente e rever- Glicocorticóides Research Communications, n. 27, p. 441-443,
sível 12. No cão, a conjuntivite, a cerato- O uso de glicocorticóides em dose 2003.
conjuntivite seca, a hiperatividade, o antiinflamatória ou imunossupressora 03-CONCEIÇÃO, L. G. ; FABRIS, V. E. ;
FONTERRADA, C. O. ; FIGUEIREDO, C.
prurido, o eritema da junção mucocutâ- não demonstrou resultados satisfatórios Adenite sebácea granulomatosa em um cão. In:
nea e podal, o andar rígido, a hepatoto- para alguns autores 4,8, enquanto outros CONGRESSO BRASILEIRO DE CLÍNICOS
xicidade, o vômito e a diarréia podem relataram remissão completa dos sinais VETERINÁRIOS DE PEQUENOS ANIMAIS,
15. Rio de Janeiro, 1993. Anais do XV
ser observados 12. Todos os retinóides clínicos em três animais tratados com Congresso da ANCLIVEPA. Rio de Janeiro:
são potentes teratogênicos, portanto prednisona na dose de 2,2mg/kg/dia por Associação Nacional de Clínicos Veterinários de
devem ser usados apenas em fêmeas via oral, associada a aplicações tópicas Pequenos Animais-RJ, 1993. p. 11.
castradas ou em cadelas que não serão de propilenoglicol 2. 04-STEWART, L. J. ; WHITE, S. D. ;
CARPENTER, J. L. Isotretinoin in the treatment
usadas para reprodução 11, sendo que o O prognóstico da AD é de reservado of sebaceous adenitis in two Vizslas. Journal of
etretinato pode manter esse efeito por a desfavorável, sendo pior nos casos em the American Animal Hospital Association,
até dois anos após o término do trata- que as glândulas sebáceas estão total- v. 27, n. 1, p. 65-71, 1991.
mento 12. mente ausentes 8,11. 05-WHITE, S. D. ; ROSYCHUK, R. A. W. ;
SCOTT, K. V. ; HARGIS, A. M. ; JONAS, L.;
As anormalidades laboratoriais in- TRETTIEN, A. Sebaceous adenitis in dogs and
cluem hipertrigliceridemia, hipercoles- CONSIDERAÇÕES FINAIS results of treatment with isotretinoin and
terolemia e aumento de ALT, AST e fos- A multiplicidade de sintomas asso- etretinate: 30 cases (1990-1994). Journal of the
fatase alcalina, mas geralmente não American Veterinary Medical Association,
ciados à adenite sebácea faz com que v. 207, n. 2, p. 197-200, 1995.
estão associadas a sinais clínicos 12. Para esta mimetize inúmeras nosologias der- 06-WHITE, S. Sebaceous Adenitis. 26th World
uso dos retinóides, deve-se realizar uma matológicas, sendo geralmente um de- Small Animal Veterinary Association Congress
monitoração pré-tratamento que inclui safio diagnóstico 7. Proceedings, 2001, Vancouver. Disponível em
teste de Schirmer, hemograma comple- Mais estudos devem ser realizados <www.wsava.org>. Acessado em: 19 de setembro
de 2005.
to, perfil bioquímico sérico, triglicéri- em relação aos exames de patologia
07-FARIAS, M. R. ; PERES, J. A. ; FABRIS, V. E. ;
des e urinálise. Esses exames devem ser clínica para uma definição consistente COSTA, F. S. ; PINTO, R. G. Adenite sebácea
repetidos periodicamente 12. das possíveis alterações sistêmicas na granulomatosa em cães da raça akita: relato de
adenite sebácea. caso. Clínica Veterinária, Ano V, n. 25, p. 33-38,
2000.
Ciclosporina Considerando a possível natureza
08-GRIFFIN, C. E. ; KWOCHKA, K. W. ;
Nas duas últimas décadas, a ciclospo- hereditária dessa doença em determi- MACDONALD, J. M. Current Veterinary
rina tem sido amplamente utilizada na nadas raças, seria aconselhável desen- Dermatology: the science and art of therapy.
dermatologia humana e veterinária. A corajar o uso de animais acometidos St. Louis: Mosby Year Book, 1993. 378 p.
ciclosporina, na dose de 5mg/kg a cada para a reprodução 11. 09-GROSS, T. L. ; IHRKE, P. J. ; WALDER, E. J.
Veterinary dermatopathology: a macroscopic
12 ou 24 horas por via oral, foi relatada A terapia tópica minimiza de forma and microscopic evaluation of canine and
como eficaz em cães que não respon- transitória os sinais clínicos 7, e deve ser feline skin disease. St. Louis: Mosby Year Book,
dem aos retinóides 8,13,14. Seu efeito bené- usada como adjuvante das terapias 1992. 520 p.
fico nessa doença provavelmente se de- sistêmicas. 10-REICHLER, I. M. ; HAUSER, B. ; SCHILLER,
ve à sua atividade imunossupressora I. ; DUNSTAN, R. W. ; CREDILLE, K. M. ;
O uso de retinóides parece ser uma BINDER, H. ; GLAUS, T. ; ARNOLD, S.
e/ou antiproliferativa de ceratinócitos 14. boa opção na terapia da adenite sebácea Sebaceous adenitis in the Akita: clinical
A ciclosporina pode provocar efeitos porém, em contrapartida, é associado a observations, histopathology and heredity.
colaterais em cães, como vômito, diar- inúmeros efeitos adversos, extensa mo- Veterinary Dermatology, n. 12, p. 243-253,
2001.
réia, hiperplasia gengival, hirsutismo, nitoração clínico-laboratorial, alto custo 11-SCOTT, D. W. ; MILLER, W. H. ; GRIFFIN, C.
nefrotoxicidade, hepatotoxicidade, pa- da medicação e tempo de uso prolonga- E. Muller & Kirk´s Small Animal
pilomatose, maior susceptibilidade a in- do, inviabilizando sua indicação para Dermatology. 6. ed. Saunders: Philadelphia,
fecções bacterianas e virais 11, que são alguns proprietários 7. 2001. 1528 p.
raros na dosagem terapêutica emprega- Estudos futuros, destinados à maior 12-POWER, H. T. ; IHRKE, P. J. Synthetic retinoids
in veterinary dermatology. Veterinary Clinics of
da na maioria das dermatopatias 14. De- compreensão de sua etiopatogenia e North America: Small Animal Practice, v. 20,
ve-se monitorar a creatinina sérica, as dos mecanismos genéticos envolvi- n. 6, p. 1525-1539, 1990.
enzimas hepáticas e a pressão sanguínea dos, poderão contribuir para um me- 13-LINEK, M. ; BOSS, C. ; HAEMMERLING, R. ;
e realizar exames físicos regulares. Apre- lhor controle e prognóstico dessa HEWICKER-TRAUTWEIN, M. ;
MECKLENBURG, L. Effects of cyclosporine A
senta interação medicamentosa com o afecção 7. on clinical and histologic abnormalities in dogs
cetoconazol devendo, neste caso, redu- with sebaceous adenitis. Journal of the
zir-se a dose da ciclosporina para man- REFERÊNCIAS American Veterinary Medical Association,
ter seus níveis séricos 14. Em estudo com 01-WHITE, S. D. ; LINDER, K. E. ; v. 1, n. 226, p. 59-64, 2005.
animais tratados com a ciclosporina na SCHULTHEISS, P. ; SCOTT, K. V. ; GARNETT, 14-ROBSON, D. C. ; BURTON, G. G. Cyclosporin:
P. ; TAYLOR, M. ; BEST, S. J. ; WALDER, E. J. ; applications in small animal dermatology.
dose de 5mg/kg/dia por um ano, obser- ROSENKRANTZ, W. ; YAEGER, J. A. Veterinary Dermatology, v. 14, n. 1 , p. 1-10,
vou-se melhora clínica e histopatológica Sebaceous adenitis in four domestic rabbits 2003.

40 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Colelitíase: relato Leandro Zuccolotto Crivelenti
Médico veterinário

de caso em cães
crivelenti_lz@yahoo.com.br

Sofia Borin
Médica veterinária

Cholelithiasis: case report in dogs


sofiaborin_vet@yahoo.com.br

Antonio Vicente Mundim


MV, mestre, doutorando, prof.

Colelitiasis: relato de caso en perros Curso de Medicina Veterinária/UFU


avmundim@demea.ufu.br

Resumo: A colelitíase é rara nos cães, e pode ser assintomática ou estar associada com sinais clínicos atribuídos à estase A bilirrubina originada a partir da
biliar, doença do trato biliar obstrutiva, à colecistite, à colângio-hepatite ou à peritonite biliar. Este artigo relata dois casos de
colelitíase canina atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (MG) em 2003. A doença foi degradação de proteínas que contêm o
diagnosticada por exame radiográfico, alterações laboratoriais e confirmada pela ultra-sonografia, sendo que os sinais clínicos grupo heme 3 constitui-se em um pigmen-
como anorexia, êmese e dor abdominal foram achados comuns na fase clínica da doença. Os pacientes foram submetidos à
colecistectomia, com posterior remissão dos sinais clínicos e normalização dos parâmetros laboratoriais. Faz-se necessário o to biliar de grande importância 1,3, já que
diagnóstico precoce da colelitíase e o acompanhamento do paciente assintomático, visto o alto risco de morte pelas a obstrução do fluxo biliar gera aumen-
complicações associadas a essa doença.
Unitermos: Caninos, vesícula biliar, colélitos, colecistectomia to de sua concentração plasmática 8.
Os cálculos são concreções formadas
Abstract: Cholelithiasis is an uncommon disease in dogs. It can be asymptomatic or associated with clinical signs attributed to por substâncias oriundas do próprio or-
deposited bile, obstruction of the biliary tract, cholecystitis, cholangiohepatitis or biliary peritonitis. This article reports two cases
of canine cholelithiasis treated at the Veterinary Hospital of the Federal University of Uberlândia (MG) in 2003. Diagnosis was ganismo, resultantes do metabolismo
achieved through abdominal radiography and laboratorial exams, and confirmed by means of ultrasonography. Clinical signs protéico, lipídico e mineral, encontra-
such as anorexia, emesis and abdominal pain were common in the clinical stage of the disease. Patients underwent
cholecystectomy, which led to regression of symptoms and normalization of laboratory values. A premature diagnosis and dos em órgãos cavitários, ductos excre-
treatment of cholelithiasis is of paramount importance for asymptomatic patients, given the high death risk due to complications tores de glândulas, vias excretoras uri-
associated with this disease.
Keywords: Canines, gallbladder, choleliths, cholecystectomy nárias e biliares e no tubo intestinal 9.
A colelitíase é rara nos cães, podendo
Resumen: La colelitiasis es rara en perros, pudiendo presentarse asintomática o asociarse con señales clínicas atribuidas a se apresentar assintomática ou se asso-
estasis biliar, enfermedad obstructiva de conducto biliar, colicistitis, colangiohepatitis o peritonitis biliar. Este artículo relata dos ciar com sinais clínicos atribuídos à bile
casos de colelitiasis canina, atendidos en el Hospital Veterinario de la Universidad de Uberlândia, MG, en el año 2003. La
enfermedad fue diagnosticada a través de radiografía abdominal y alteraciones laboratoriales y fue confirmada por depositada, à doença do trato biliar obs-
ultrasonografía, siendo que señales clínicas como anorexia, vómitos y dolores abdominales fueron hallazgos comunes en la trutiva (DTBO), à colecistite, à colân-
fase clínica de la enfermedad. Los pacientes fueron sometidos a colecistectomía acabando con los síntomas clínicos y
normalizando los parámetros de laboratorio. Se hace necesario el diagnóstico precoz de la colelitiasis y el acompañamiento gio-hepatite ou à peritonite biliar 3,10.
del paciente asintomático visto el alto riesgo de muerte por las complicaciones asociadas a esta molestia. Dentre as principais alterações labo-
Palabras clave: caninos, vesícula biliar, colelitos, colecistectomía
ratoriais encontradas em cães com cole-
litíase estão a bilirrubinúria, a hiperbi-
Clínica Veterinária, n. 70, p. 42-46, 2007
lirrubinemia e as elevações séricas das
enzimas fosfatase alcalina (FA), gama
Introdução pela artéria cística, um ramo da artéria glutamiltransferase (GGT), alanino
A árvore biliar é constituída por pe- hepática 5. É responsável pelo armazena- aminotransferase (ALT) e aspartato
quenos ductos, que se unem para formar mento e pela concentração da bile 1, pro- aminotransferase (AST) 3,11.
os ductos intra-hepáticos maiores, os duto de secreção contínua do fígado 6 e A patogenia da colelitíase em cães é
quais saem dos lobos hepáticos para for- componente importante da digestão de desconhecida, sugerindo-se como causas
mar o ducto biliar comum extra-hepáti- nutrientes no intestino delgado 7. da formação dos colélitos traumas, estase
co 1. No homem 2 e nos gatos, diferente- A ejeção da bile é promovida pela biliar, alterações na dieta, colecistite e
mente dos cães, ocorre a união dos ductos contração da vesícula biliar, induzida infecções biliares parasitárias e bacteria-
biliar e pancreático, formando o ducto predominantemente pela ação da cole- nas 12. Três tipos de colélitos têm sido
biliopancreático 3. cistoquinina que é secretada pela muco- descritos em cães: os de colesterol, os de
Através do esfíncter de Oddi, o sa duodenal sob influência da ingestão pigmentos biliares e os mistos. Os coléli-
ducto biliar comum desemboca no duo- de gorduras e proteínas 1,6. tos de colesterol e mistos geralmente con-
deno, a cerca de três a seis centímetros A bile tem como principal função a têm mais de 70% de colesterol associado
do piloro 1. Esse esfíncter tem impor- emulsificação das gorduras dietéticas e a sais de cálcio, ácidos biliares, pigmen-
tante participação no fluxo biliar, regu- a ativação de certas lipases, processos tos, proteínas, ácidos graxos e fosfolípi-
lando o esvaziamento e o enchimento da estes que ocasionam a formação de mi- des. Os cálculos de pigmentos contêm
vesícula biliar 4, via conexão entre o celas, as quais promovem aumento na menos de 10% de colesterol, sendo pri-
ducto biliar comum e o ducto cístico 1. superfície disponível para a ação da li- mariamente compostos por bilirrubinato
A vesícula biliar constitui-se de um pase e facilitam a absorção dos lipídios de cálcio 6.
saco piriforme situado no lado direito pelo organismo 7. Além disso, grande O diagnóstico de colelitíase em cães
do fígado, entre os lobos quadrado e parte dos compostos endógenos e exó- pode ser feito através de exames radio-
medial direito, no lado diafragmático 1,5. genos advindos do catabolismo e da des- gráficos e ultra-sonográficos 11. Ao exa-
Divide-se em três partes: fundo, corpo e toxificação promovidos pelo fígado são me radiográfico, os cálculos de colesterol
colo, e seu suprimento sangüíneo é feito excretados na bile 1. são radioluscentes e os cálculos mistos e

42 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


de bilirrubina variam em radiopacidade. Relato do segundo caso

Sofia Borin
Colélitos radiopacos contêm uma mistu- Em agosto de 2003, uma cadela poo-
ra de cálcio e bilirrubina 12. Há uma maior dle cinza de sete anos de idade, 14kg, da
porcentagem de cálculos radiopacos em cidade de Uberlândia (MG), foi encami-
cães do que as descrições em humanos, nhada ao Hospital Veterinário da Uni-
que têm maior predisposição a cálculos versidade Federal de Uberlândia (UFU),
de colesterol. Em virtude disto, o exame com histórico de vômito e anorexia. Ao
radiográfico é eficiente no diagnóstico de exame clínico apresentou obesidade,
colelitíase em cães. A ultra-sonografia é mucosas conjuntival e oral ictéricas, he-
muito empregada para a confirmação do patomegalia, sensibilidade abdominal à
diagnóstico de colelitíase canina 11. palpação em região epigástrica e arritmia
De acordo com a maioria dos autores, Figura 1 - Aglomerados radiopacos em região cardíaca.
o tratamento da colelitíase só deve ser hepática, em radiografia na posição lateral direita O quadro hematológico apresentou-
instituído se houver sinais clínicos da se normal, e na bioquímica sérica veri-

Sofia Borin
doença 3,11. Contudo, existem contradi- ficaram-se concentração de uréia sérica
ções entre os autores e poucos relatos normal (27mg/dL), aumento na ativida-
clínicos são apresentados pela literatura, de sérica das enzimas ALT (362 UI/L),
necessitando de maiores informações a FA (237 UI/L) e nas concentrações séri-
respeito do melhor momento para se cas de bilirrubina total (9,6mg/dL), bi-
instituir o tratamento. lirrubina direta (6,88mg/dL) e bilirrubi-
O presente artigo tem como objetivo na indireta (2,72mg/dL). A urinálise
relatar a ocorrência de dois casos de co- apresentou densidade de 1,025, pH áci-
lelitíase canina, bem como discutir a do, presença de sais biliares (+++),
etiopatogenia, o diagnóstico e as possí- pigmentos biliares (+++) e cristais de
veis complicações e medidas terapêuti- bilirrubina (+).
cas clínicas e cirúrgicas dessa moléstia. Ao exame ultra-sonográfico verifica-
ram-se distensão da vesícula biliar e
Relato do primeiro caso presença de colélitos hiperecóicos, con-
Em setembro de 2003, uma cadela firmando o diagnóstico de colelitíase
pinscher de dez anos de idade, 4,0kg, da (Figura 3).
cidade de Uberlândia (MG), foi encami- Após a confirmação do diagnóstico
nhada ao Hospital Veterinário da Uni- de colelitíase, e realizados os procedi-
versidade Federal de Uberlândia (UFU), mentos pré-operatórios necessários, as
com histórico de neoplasia na mama in- Figura 2 - Aglomerados radiopacos na região pacientes foram encaminhadas para o se-
hepática em radiografia na posição ventrodorsal
guinal esquerda. tor de cirurgia de pequenos animais para
Ao exame radiográfico na posição la- No hemograma evidenciaram-se leu- a realização da colecistectomia total.
teral observou-se a presença de um cocitose com desvio para a esquerda de- De ambas as pacientes foram retira-
agrupamento de pequenos corpos radio- generativo, eosinofilia, monocitose e lin- dos colélitos com diâmetro variando de
pacos na região hepática (Figura 1). focitose. A urinálise apresentou densida- 0,1 a 0,5cm, coloração preta e consis-
Confirmou-se que se tratava de cálculos de de 1,041, pH alcalino, presença de sais tência maciça e dura. Apesar de não ter
na vesícula biliar com a realização de biliares (+++) e pigmentos biliares (+++). sido possível a realização das análises
radiografia na posição ventrodorsal Aos exames bioquímicos constataram-se destes, as características macroscópicas
(Figura 2) e pelo exame ultra-sonográfi- concentração normal de uréia (39,4mg/dL), e radiográficas sugerem que se tratavam
co abdominal. No entanto, o animal não de creatinina (1,1mg/dL) e leve aumen- de colélitos mistos de bilirrubina e cál-
apresentava nenhum sinal clínico decor- to da atividade da ALT (61,7UI/L). cio (Figura 4).
rente do quadro de colelitíase. Ao exame ultra-sonográfico, obser-
Não foram verificadas alterações nos varam-se hepatomegalia e vesícula bi-
Sofia Borin

exames de hemograma, urinálise, enzi- liar repleta de estruturas hiperecóicas.


mas hepáticas (ALT e FA) e renais Devido à crise intensa de dor abdomi-
(uréia e creatinina), e a paciente foi nal apresentada, procedeu-se à internação
submetida à mastectomia parcial. da paciente e à medicação com cloridrato
Decorridos dois anos, a paciente retor- de tramadol a (1mg/kg IV, TID) e escopo-
nou ao Hospital Veterinário com histórico lamina b (0,3mg/kg IV, BID), além de flui-
de anorexia, vômitos constantes, fezes pas- doterapia de suporte com Solução Ringer
tosas e claras (esteatorréicas) e episódios Lactato c. Logo após a estabilização da
de dor abdominal intensa. Ao exame clíni- paciente, foi procedida a colecistectomia.
co detectaram-se obesidade, mucosas hipe- a) Tramal®. Pharmacia Brasil Ltda., São Paulo, SP Figura 3 - Ultra-sonografia abdominal, eviden-
rêmicas, desidratação moderada, e dor abdo- b) Buscopan®.Brohringer Ingllheim, São Paulo, SP
c) Ringer com Lactato de Sódio. JP Indústria Farmacêutica S.A. ciando estruturas hiperecóicas no interior da
minal à palpação na região epigástrica. Ribeirão Preto, SP vesícula biliar

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 43


causando dificuldade no esvaziamento cães com colelitíase. Tanto em humanos,
Sofia Borin

da vesícula biliar 4. A deposição biliar quanto em cães e ratos, a presença de


e/ou distensão da vesícula biliar estimu- icterícia de origem obstrutiva aumenta o
la o aumento da produção de mucina e risco de falência renal causada por endo-
uma coalescência de partículas biliares, toxemia bacteriana 13.
predispondo a formação de colélitos 3. A tríade colelitíase, colecistite e per-
Sugere-se que dietas pobres em pro- furação da vesícula biliar, embora rara,
teínas e taurina e ricas em lipídios pos- deve ser sempre considerada 16, pois ne-
sam contribuir para a formação de colé- cessita de intervenção cirúrgica emer-
litos 3. Nos casos relatados, as cadelas gencial devido às severas alterações que
eram obesas, com escore corporal 4, e os causa 15 e à freqüente mortalidade em
proprietários forneciam-lhes petiscos e cães com efusão séptica 13.
ração de baixa qualidade. A convergência dos ductos biliar e
A bile é estéril em cães saudáveis, no pancreático nos felinos pode constituir
Figura 4 - Característica macroscópica da vesí-
cula biliar e dos colélitos após a colecistectomia entanto o freqüente encontro de bactérias um fator predisponente ao aparecimento
na bile de cães com colelitíase pode justi- de pancreatite intersticial crônica. Tal al-
O pós-operatório foi realizado na ficar a prevalência de cálculos de pigmen- teração não foi descrita nos cães, presu-
residência dos proprietários, utilizando- tos radiopacos e a ocorrência de peritonite mivelmente devido à separação dos ductos
se como antibiótico o metronidazol d séptica na ruptura da vesícula biliar 11. biliar e pancreático nessa espécie 1.
(7,5mg/kg VO BID durante quinze dias A colelitíase pode gerar colestase intra Deve-se instituir fluidoterapia de su-
consecutivos), e o cloridrato de ranitidina e ou extra-hepática. A colestase extra-he- porte, prescrição de dieta restrita em
(2mg/kg VO BID durante quinze dias, pática é relativamente rara em cães e gorduras, e avaliação de hepatopatia
trinta minutos antes do antibiótico). gatos 1. Esta reduz a absorção das gordu- subjacente. Recomenda-se fazer uso de
No retorno, foram retirados os pontos ras decorrente da ausência de ácidos bi- ácido ursodesoxicólico (10-15mg/kg/
da ferida cirúrgica e, sendo a recupe- liares intestinais, podendo causar dimi- dia, VO), pois este tem ação litolítica
ração satisfatória, as pacientes recebe- nuição da absorção das vitaminas lipos- em cálculos que contêm colesterol, e de
ram alta médica. solúveis K 1,3 e D, resultando em coagulo- vitamina K (0,5 - 1,5mg/kg, por via pa-
Houve o desaparecimento da sinto- patias e, nos casos crônicos, vir a causar renteral, até no máximo de três doses
matologia clínica condizente com o raramente descalcificação esquelética 1. em 36-48 horas) caso haja indícios de
quadro de colelitíase, e os parâmetros O aumento do volume da vesícula bi- distúrbios de coagulação 3.
laboratoriais normalizaram-se. Até a liar experimentalmente induzido em coe- O tratamento cirúrgico para a coleli-
presente data, a cadela pinscher encon- lhos sugere que uma alteração no tônus tíase é a colelitotomia via colecistecto-
tra-se saudável e ativa, e a cadela poodle do esfíncter de Oddi pode ter um im- mia, colecistotomia ou coledocotomia.
veio a óbito no final do ano de 2005 em portante papel na estase biliar, promo- No entanto, a colecistectomia é conside-
decorrência de neoplasia pulmonar. vendo subseqüente motilidade patológica rada como eletiva para cães com sinais
que atuaria na formação de colélitos 4. clínicos de colelitíase 11.
Discussão Infecções bacterianas na vesícula bi- Tanto no homem quanto nos caninos,
As doenças do trato biliar extra-hepáti- liar e obstrução do ducto cístico por co- cirurgias no trato biliar extra-hepático
co ocorrem com menor freqüência do que lélitos podem vir a causar colecistite. têm relativa morbidade e mortalidade,
as de parênquima hepático nos cães 13. Entre os fatores de risco da inflamação apesar dos avanços nas técnicas cirúrgi-
A lama biliar em humanos é conside- da vesícula biliar está a colecistite ne- cas. Isso se deve ao fato de os pacientes
rada como uma precursora de colelitía- crosante. Esta pode ocasionar ruptura da apresentarem quadros de leucocitose,
se. No entanto, a alta prevalência de vesícula biliar, desencadeando um qua- circulação de neutrófilos jovens, coa-
lama biliar associada à baixa prevalên- dro grave de peritonite biliar, complica- gulação intravascular disseminada
cia de colelitíase nos caninos sugere que ção freqüentemente relatada nos cães 3,13. (CID), sepse, pneumonia aspirativa, fa-
esta raramente resulta na formação de Sugere-se que, devido a tal fato, a cole- lência renal aguda, tromboembolismo
colélitos em cães, sendo considerada cistite necrosante seja uma das causas pulmonar e presença de bactérias na
normalmente como achado acidental 14. mais comuns para a indicação de cirur- efusão biliar que afetam diretamente a
Condizendo com os casos aqui repor- gia biliar extra-hepática 13. sobrevida de cães após a cirurgia biliar
tados, fêmeas idosas e de raças de pe- As atividades séricas da ALT, FA e a extra-hepática 13.
queno porte têm sido mencionadas como concentração de bilirrubina sérica podem A explicação para o prognóstico re-
grupo predisposto para colelitíase 11,12. estar aumentadas em cães com ruptura de servado a desfavorável pode ser decor-
Dentre as raças mencionadas estão vesícula biliar 15. A presença da peritonite rente do fato de a colelitíase ser muitas
poodle, schnauzer miniatura 3 e teckel 11. biliar séptica aumenta a concentração da vezes assintomática, ocorrendo o pro-
Os cálculos biliares são resultantes da creatinina sérica, prolonga o tempo par- longamento de seu curso, causando
união de complexos fatores relacionados cial de tromboplastina (PTT) e diminui a complicações como a perfuração da ve-
à estase biliar e à hipotonia vesical, pressão arterial pós-operatória. Elevadas sícula biliar 16 e a peritonite biliar 10, prin-
d) Flagyl®. Aventis Pharma S.A. São Paulo, SP
concentrações de creatinina sérica estão cipalmente em cães, e pancreatite em
e) Label®. Asta Medica Ltda. São Paulo, SP associadas a um alto risco de morte em humanos 2 e felinos 14.

44 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Considerações finais Gastroenterologia, v. 37, n. 2, 2000. Disponível 11-KIRPENSTEIJN, J. ; FINGLAND, R. ;
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Dynamic and ultrastructural study of sphincter of
ves complicações relacionadas com o Oddi in early-stage cholelithiasis in rabbits with 13-MEHLER, S. J. ; MAYHEW, P. D. ; BROBATZ,
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Sugere-se que, além dos tratamentos liar. In: BIRCHARD, S. J. ; SHERDING, R. G. 2004.
ambulatoriais convencionais para cole- Manual Saunders - clínica de pequenos ani-
mais. 2. ed. São Paulo: Roca, 2003. p. 956 - 964. 14-BRÖMEL, C. ; BARTHEZ, P. Y. ; LÉVEILLÉ,
litíase supracitados, seja instituída tera- R. ; SCRIVANI, P. V. Prevalence of gallbladder
pia analgésica e antiespasmódica para 06-BACILA, M. Bioquímica Veterinária. 2. ed. sludge in dogs as assessed by ultrasonography.
São Paulo: Robe editorial, 2003. 583p. Veterinary Radiology and Ultrasound, v. 39,
os pacientes que apresentam quadro de n. 3, p. 206-210, 1998.
07-CASE, L. P. ; CAREY, D. P. ; HIRAKAWA, D.
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interna de pequenos animais. 1. ed. São Paulo: 2004.
Roca, 2001. p. 444 - 493. 09-COELHO, H. E. Patologia Geral Veterinária.
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02-CHEBLI, J. M. F. ; FERRARI JR, A. P. ; SILVA, V. ; SMEAK, D. D. ; PODELL, M. ; WAGNER,
M. R. R. ; BORGES, D. R. ; ATALLAH, A. N. ; 10-NYLAND, T. G. ; HAGER, D. Sonography of S. O. Gallbladder perforation associated with
NEVES, M. M. das. Microcristais biliares na the liver, gallbladder, and spleen. Veterinary cholelithiasis and cholecystitis in a dog. Journal
pancreatite aguda idiopática: indício para etio- Clinics of North America: Small Animal of Small Animal Practice, v. 34, n. 11, p. 541-544,
logia biliar oculta subjacente. Arquivos de Practice, v. 15, n. 6, p. 1123-1148, 1985. 1998.

46 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


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in dogs and cats Priscila Secchi


MV, residente - HV/UPF
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Aspectos clínico-patológicos de los


neoplasmas de páncreas exocrino
como metástases, obstrução do ducto
en perros y gatos biliar comum e do ducto pancreático po-
dem ocorrer e confundir o clínico no es-
Resumo: Neoplasmas pancreáticos são incomuns em cães e raros em gatos. Dentre tais tumores, o carcinoma pancreático
exócrino é o tipo mais comumente encontrado. Os sinais clínicos são inespecíficos e incluem dor abdominal, vômito, perda de tabelecimento do diagnóstico. Muitas
peso e depressão. Icterícia e colestase resultam de obstrução do ducto biliar ou de doença hepática secundária. O diagnóstico vezes, o diagnóstico é baseado na lapa-
clínico, muitas vezes, não é estabelecido até que a laparotomia e a avaliação histopatológica sejam realizadas. O carcinoma
pancreático geralmente tem um comportamento agressivo, produzindo metástases, muitas vezes antes que o diagnóstico seja rotomia exploratória e no exame histo-
estabelecido. A terapia inclui ressecção tumoral e tratamento dos sinais secundários à doença neoplásica, geralmente patológico. Nos casos de adenocarcino-
paliativos. Este trabalho apresenta uma revisão crítica sobre os aspectos clínico-patológicos dos neoplasmas do pâncreas
exócrino em cães e gatos. mas e carcinomas, o tratamento geral-
Unitermos: animais domésticos, oncologia, neoplasias pancreáticas mente é ineficaz e paliativo e o prognós-
tico é ruim, não tendo sido relatada so-
Abstract: Pancreatic neoplasms are uncommon in dogs and rare in cats. Exocrine carcinoma is the most common pancreas brevida maior do que um ano a partir do
neoplasm. The clinical signs are nonspecific and include abdominal pain, vomiting, weight loss and depression. Icterus and
cholestasis result from obstruction of the bile duct by the tumor or secondary liver disease. The clinical diagnosis is often not diagnóstico 5.
firmly established until exploratory laparotomy and histopathological evaluation are performed. Pancreatic carcinomas often
have an aggressive behavior and may metastasize even before the diagnosis. Treatment includes tumor resection and
palliative therapy to relieve secondary signs. This article provides a critical review about the clinical and pathological aspects of Incidência
exocrine pancreas neoplasms in dogs and cats.
Keywords: domestic animals, oncology, pancreatic cancer
Embora os carcinomas exócrinos se-
jam os tumores mais comuns do pân-
Resumen: Las neoplasias de páncreas no son comunes ni en perros ni en gatos. El carcinoma de páncreas exocrino es el creas 1,6, a maioria dos relatos que des-
tumor pancreático más frecuente. Los signos clínicos que origina son inespecíficos e incluyen dolor abdominal, vómitos, crevem o problema em cães menciona
pérdida de peso y depresión. Pueden aparecer ictericia y colestasis a consecuencia de la obstrucción del conducto biliar o de
enfermedad hepática secundaria. Muchas veces no se realiza el diagnóstico clínico hasta efectuar laparotomía, biopsia y a sua baixa incidência na espécie 2,4,7.
evaluación histopatológica. El carcinoma pancreático generalmente tiene un comportamiento muy agresivo, produciendo Ocorrem mais raramente ainda em ga-
metástasis, muchas veces antes de que se establezca el diagnóstico. La terapia incluye resección quirúrgica y tratamiento
sintomático de la enfermedad neoplásica. El presente trabajo brinda una revisión crítica sobre los aspectos clínico-patológicos tos 2,8,9,10. Em caninos, foi observado que
de los neoplasmas de páncreas exocrino en perros y gatos. para cada 2.300 pacientes examinados,
Palabras clave: animales domésticos, oncología, neoplasias pancreáticas
um apresentava carcinoma primário do
Clínica Veterinária, n. 70, p. 48-54, 2007 pâncreas 4, enquanto que em felinos a
freqüência estimada é de 12,6 casos
para cada 100.000 pacientes em idade
Introdução em cães e gatos 1,2, sendo os do pâncreas de risco 2.
Os tumores do pâncreas incluem le- exócrino os mais freqüentemente en- Embora seja uma doença que acome-
sões não neoplásicas e neoplásicas. A contrados. Dentre os neoplasmas be- te mais freqüentemente animais idosos,
hiperplasia nodular é a lesão não neo- nignos são descritos o adenoma ductal já foi observada em um cão de três anos
plásica mais comumente observada, (tubular) e o adenoma acinar. Os carci- de idade 2. Não foi encontrada predile-
principalmente em animais idosos, en- nomas exócrinos possuem uma grande ção por sexo e as raças de cães mais
quanto que os cistos e os abscessos são amplitude de diferenciação, variando de acometidas são o airedale terrier e o bo-
raramente encontrados. As neoplasias bem diferenciados, como os adenocarci- xer, informação discutível pois foi ba-
pancreáticas são classificadas como nomas ductais ou acinares, até os pouco seada em um baixo número de casos 11.
exócrinas, quando se originam de célu- diferenciados, como os carcinomas in- Adenomas do pâncreas exócrino são
las acinares ou do epitélio ductal, ou en- diferenciados (anaplásicos) 1,3. extremamente raros e poucos casos têm
dócrinas, quando oriundas das ilhotas Os sinais clínicos são inespecíficos e sido relatados na literatura. Dados rela-
de Langerhans 1. geralmente observados quando metásta- tivos à sua verdadeira incidência não
Os neoplasmas pancreáticos são raros ses já estão presentes 4. Complicações estão disponíveis 11.

48 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Os adenomas e carcinomas do pân- Em um relato, foi observada síndrome córneo, mas esse não é um padrão
creas exócrino são muito raramente en- da má digestão e absorção em um canino observado em todos os casos. O diagnós-
contrados em outras espécies domésti- com carcinoma pancreático. Na ocasião, tico definitivo é confirmado por meio de
cas, mas existem relatos em bovinos 12, o animal apresentava polifagia, perda de exame histopatológico da pele. A pato-
eqüinos e suínos 1,2. Em medicina huma- peso, polidipsia, poliúria e fraqueza. O gênese é desconhecida 21,22,23.
na, o neoplasma pancreático é a quinta quadro de insuficiência pancreática exó- Focos metastáticos podem produzir si-
maior causa de morte relacionada ao crina se desenvolveu devido à obstrução nais clínicos que predominam sobre o qua-
câncer 13, e tem sido relatado por acome- dos ductos pancreáticos pelo neoplasma 7. dro clínico apresentado pelo neoplasma
ter mais homens do que mulheres 1. Paniculite necrosante pode ocorrer em primário, criando confusão e dificul-
cães, e mais raramente em gatos, devido dade no estabelecimento do diagnóstico.
História e sinais clínicos à doença pancreática 17. As lesões apresen- Paresia e paraplegia foram observadas
Animais acometidos por adenomas tam-se como nódulos subcutâneos que em um cão com carcinoma pancreático
do pâncreas exócrino geralmente não drenam exsudato de coloração amarela- devido à invasão do neoplasma para as
exibem sinais clínicos e nem alterações da semelhante a uma secreção purulenta vértebras lombares, com conseqüente
bioquímicas. Esse tipo de neoplasma é e podem ser confundidos com absces- compressão da medula espinhal 24. Em
encontrado incidentalmente em laparo- sos. Geralmente, necrose da gordura da outro relato, um cão apresentou incli-
tomias exploratórias, na necropsia ou cavidade abdominal é encontrada conco- nação da cabeça em virtude da presença
quando os tecidos são avaliados histolo- mitantemente. Acredita-se que tais lesões de massa metastática intracraniana que
gicamente 1. sejam provocadas pela liberação de en- comprimia o tronco encefálico 25.
O histórico e os sinais clínicos obser- zimas pancreáticas na corrente circula- A destruição extensa do tecido pan-
vados nos carcinomas pancreáticos são tória, as quais são ativadas em sítios dis- creático poderá resultar em sinais de pan-
vagos e inespecíficos 14,15. Os sinais mais tantes 18. O exame citológico não tem si- creatite aguda ou crônica, insuficiência
comuns são dor abdominal, vômito, do consistente no diagnóstico da paniculi- pancreática exócrina e/ou diabetes
anorexia, perda de peso e depressão. te e da esteatite necrotizante, e melhores melito 5,26.
Geralmente, uma massa palpável e do- resultados têm sido obtidos por meio de
lorosa está localizada na porção anterior amostras coletadas por biópsia excisional Diagnóstico
do abdômen 1,6,15. e posterior avaliação histopatológica 17,19. O diagnóstico clínico dos neoplas-
A ascite pode ocorrer como resultado A alopecia paraneoplásica felina é mas pancreáticos, na maioria das vezes,
da difusão transcelômica do neoplasma ou uma condição em que os gatos apresen- não pode ser estabelecido até que a la-
como conseqüência da compressão da veia tam dermatose alopécica associada a neo- parotomia exploratória seja realizada,
porta ou de seus ramos maiores 1. A icterí- plasma abdominal maligno, geralmente porque o pâncreas é relativamente ina-
cia pode ser um sinal comum, já que há carcinoma pancreático 20,21. Os locais de cessível ao exame físico e os testes la-
possibilidade de obstrução do ducto biliar predileção são os membros e a região boratoriais são pouco específicos. Em
pelo neoplasma. Colestase e conseqüente ventral, com padrão simétrico bilateral. estudo realizado com 14 cães portadores
cirrose biliar podem ocorrer, gerando uma Epilação fácil de áreas não alopécicas e de carcinoma pancreático, o diagnóstico
condição que resulta em confusão e difi- pele alopécica de aspecto brilhante clínico antecipado foi estabelecido em
culdade no estabelecimento do diagnósti- podem ser observadas, provavelmente um animal, com base na detecção de
co da afecção pancreática 6,16. em função da esfoliação do extrato massa abdominal palpável na região do

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 49


pâncreas. Em outros três cães, o diagnós- Na maioria dos casos, o diagnóstico

Thomas N. Guim
tico só foi possível por meio de laparo- definitivo requer laparotomia explorató-
tomia exploratória. O restante dos ani- ria. É recomendada a biópsia de tecido
mais morreu ou foi submetido a eutaná- anormal para a confirmação por exame
sia, tendo o seu diagnóstico estabeleci- histopatológico, pois macroscopica-
do na necropsia e/ou no exame his- mente a pancreatite crônica pode ser se-
topatológico 4. melhante ao carcinoma pancreático 15.
Embora avaliações hematológicas e
bioquímicas não forneçam resultados Patologia
conclusivos, elas podem auxiliar no Macroscopicamente, em cães, tais tu-
Figura 2 - Aspecto macroscópico de nódulos
diagnóstico. No hemograma, neutrofi- mores se apresentam como uma massa, metastáticos (setas) localizados na superfície
lia absoluta com desvio à esquerda po- geralmente localizada na porção média serosa do intestino delgado de um felino, pro-
de ser observada, sendo usualmente re- do pâncreas. Em gatos, os carcinomas venientes de disseminação transcelômica
sultado de hemoconcentração decor- pancreáticos são mais difusos e podem
rente da desidratação 4,6,14, ou ainda, de se assemelhar à pancreatite crônica ou à

Thomas N. Guim
inflamação e necrose da gordura 17. Ele- hiperplasia nodular. Alguns tumores são
vação da amilase e da lipase séricas são discretos e nodulares e, na maioria das
inconsistentes. Se o ducto biliar co- vezes, são massas irregulares e pouco
mum estiver ocluído, bilirrubinemia circunscritas 1 (Figura 1).
pode ser observada e, em alguns casos,

Thomas N. Guim
as enzimas hepáticas séricas estão ele-
vadas 14,27,28,29.
Sinais radiográficos tendem a estar
ausentes ou são inespecíficos 30. Tumores
pancreáticos grandes podem produzir si-
nais radiográficos, indicando a presença Figura 3 - Pâncreas (HE), felino. Adenocarcino-
ma de pâncreas exócrino apresentando prolife-
de massa na porção cranial direita e pre- Figura 1 - Aspecto macroscópico de carcinoma ração de células neoplásicas com padrão tubular,
sença de fluido peritoneal. Entretanto, pancreático em um felino: massa amarelada, inseridas em estroma esquirroso. Objetiva 10x
com base nesses sinais, não há possibi- multilobulada e não circunscrita envolvendo o
estômago e o baço
lidade de distinguir um neoplasma pan-

Thomas N. Guim
creático de pancreatites ou tumores de A coloração varia de branco-acinzen-
estruturas adjacentes. Nódulos pulmona- tado a amarelo-pálido e a consistência é
res ou líquido pleural podem ser identi- variável, podendo ser firme ou friável.
ficados 14,30. Áreas de necrose, hemorragia e minera-
Embora seja difícil a identificação do lização podem ser encontradas no centro
pâncreas no exame ultra-sonográfico, do tumor. Necrose da gordura é freqüen-
este representa um teste diagnóstico po- temente observada no tecido adjacente
tencialmente útil pois proporciona o exa- ao pâncreas 1,4,5,6. A liberação de enzimas
me direto do pâncreas e dos órgãos adja- proteolíticas dos carcinomas do pân-
centes. É possível a identificação de nó- creas pode resultar em alterações císti-
dulos ou grandes massas na região do cas no tumor primário e esteatite necro- Figura 4 - Pulmão (HE), felino. Foco de células
pâncreas, e geralmente a ecotextura do sante do omento e gordura peritoneal 1,17. neoplásicas metastáticas apresentando padrão
fígado também se encontra alterada de- Na grande maioria dos casos, metás- tubular, similar ao observado no tumor primário
vido às metástases. Entretanto, existem tases para linfonodos regionais ou sítios mostrado na figura 3. Objetiva 10x
poucos relatos de achados ultra-sonográ- distantes ocorrem antes que o diagnósti-
ficos em animais com neoplasma pan- co seja estabelecido 28. Nódulos metastá- pouco diferenciados, representados por
creático 30,31,32. Há um único relato de car- ticos de diâmetros variados podem ser um tapete de células indiferenciadas.
cinoma pancreático em furões, com des- observados no fígado, no mesentério, Em uma mesma neoplasia pode ser
crição das imagens ultra-sonográficas 33. no omento, no peritônio, no duodeno observada, muitas vezes, variação do
A citologia do líquido abdominal ou (Figura 2), nos pulmões, no baço, no padrão e do grau de diferenciação 1,6,11.
de material aspirado de áreas suspeitas diafragma e nos rins 1,4,5,11,34. O diagnóstico diferencial entre neo-
pode revelar células neoplásicas e auxi- Os neoplasmas malignos do pâncreas plasmas pancreáticos exócrinos pobre-
liar no diagnóstico 15. Em estudo realiza- exócrino apresentam grande amplitude mente diferenciados e tumores pan-
do com treze animais portadores de car- de diferenciação. Histologicamente, os creáticos endócrinos pode ser difícil.
cinoma pancreático, a biópsia aspirativa adenocarcinomas são caracterizados por Técnicas de coloração especial para
com agulha fina guiada por ultra-som apresentar padrão de células bem dife- grânulos secretores, imuno-histoquími-
realizada em tecidos, ou de fluido renciadas, do tipo acinar ou tubular ca e/ou microscopia eletrônica podem
abdominal, foi diagnóstica em oito dos (Figuras 3 e 4), enquanto que os carci- muitas vezes ser necessárias para dife-
dez indivíduos em que foi realizada 32. nomas são caracterizados por padrões renciá-los 35,36,37.

50 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Tratamento o estabelecimento de metástases, geral- carcinoma. Em ambas as espécies, não
Não há terapia curativa mas, quando mente têm um prognóstico bom 11. Já os foi diagnosticado nenhum caso de neoplas-
possível, a excisão cirúrgica de lesões carcinomas pancreáticos, por seu com- ma pancreático exócrino do tipo benigno.
localizadas pode ser paliativa. Infor- portamento agressivo e freqüentes metás- Dados resgatados nos arquivos do
mações referentes à eficácia da terapia tases antes que o diagnóstico seja estabe- LRD/UFPel forneceram informações
cirúrgica em animais que não apresen- lecido, têm um prognóstico ruim 14. Não valiosas que puderam ser observadas
tavam evidência macroscópica de me- foi relatada sobrevida de animais por mais em relação aos aspectos epidemiológico,
tástase no momento do diagnóstico são de um ano após o estabelecimento do clínico e patológico. Nos cinco casos
escassas 22,32. Na literatura, há relato de diagnóstico de carcinomas pancreáticos 5. diagnosticados, os cadáveres foram re-
um cão que morreu no período trans- cebidos para avaliação anatomopatoló-
operatório 32, e de um gato que morreu Casuística gica, sendo que todas as mortes foram
quatro meses após a ressecção neo- Na rotina do Laboratório Regional de associadas à doença neoplásica. Isso res-
plásica 22. A cirurgia não deve ser rea- Diagnóstico da UFPel (LRD/UFPel) salta a alta taxa de mortalidade associada
lizada quando há evidência de lesões durante o período de janeiro de 1980 a a tais neoplasmas. Quatro dos cinco ani-
metastáticas 14. junho de 2006, de 4.300 amostras rece- mais afetados apresentavam lesões me-
A quimioterapia ou a radioterapia bidas para diagnóstico em caninos, tastáticas, e os órgãos mais comumente
combinadas à cirurgia têm apresenta- 1.295 foram identificadas como neo- envolvidos foram: fígado (3 casos), me-
do eficácia limitada em humanos e plasmas. Desse total, três casos refe- sentério (3 casos) e pulmão (2 casos). Ain-
animais 14,15,38. O tratamento de condi- riam-se a neoplasmas malignos do pân- da foram observadas metástases nos rins,
ções secundárias, como a insuficiência creas exócrino, a saber: dois adenocar- nos linfonodos, na pleura, na serosa do es-
pancreática exócrina e o diabetes melito, cinomas e um carcinoma. tômago, no intestino e no saco pericárdico.
pode ser paliativo em curto prazo 5,15. Em relação aos felinos, de um total de Dentre os caninos afetados, dois ani-
730 amostras recebidas para diagnóstico, mais tinham idade avançada (dez e treze
Prognóstico 134 foram identificadas como neoplas- anos), e um tinha três anos de idade. Dos
Os adenomas do pâncreas exócrino, em mas. Dois casos de neoplasmas malignos dois felinos acometidos, um tinha qua-
razão do seu crescimento limitado com do pâncreas exócrino foram observados tro e o outro sete anos de idade. Os sinais
compressão do tecido adjacente mas sem nessa espécie: um adenocarcinoma e um clínicos mais comumente observados

52 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Small Animal Practice, v. 40, p. 16-19, 1999.
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M. A. ; PARDO, A. E. ; MCCRACKEN, M. D. ;
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54 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Urolitíase por urato em Larissa Campos Aquino
Graduanda

dálmatas. Revisão de
Curso de Medicina Veterinária - UnB
larissaquino@gmail.com

literatura e relato de caso Christine Souza Martins


MV, profa. ass.
Hospital Veterinário - FAV/UnB
christine@terra.com.br
Urate urolithiasis in dalmatians. Paula Diniz Galera
Literature review and case report MV, profa. adj.
Hospital Veterinário - FAV/UnB
pgalera@unb.br

Urolitiasis por urato en dálmatas.


Revisión de literatura y relato de caso
Os urólitos de urato, que compreen-
Resumo: Os cães da raça dálmata são portadores de uma anomalia no metabolismo do ácido úrico. O transporte desse ácido dem todos aqueles formados por deriva-
para o interior dos hepatócitos é deficiente e sua reabsorção nos túbulos renais é reduzida. Logo, a quantidade de ácido úrico
eliminada na urina é muito elevada predispondo à formação de cristais de urato, cuja tendência é se precipitarem e agregarem
dos do ácido úrico (urato de amônia,
formando urólitos de urato. O diagnóstico da urolitíase baseia-se na anamnese, no exame clínico e nos exames laboratoriais urato de sódio, urato de cálcio, ácido
e de imagem. A terapia de dissolução consiste em dieta restrita em purinas e proteínas, administração de alopurinol, alcali-
nização da urina e controle das infecções. Relata-se aqui o caso de um dálmata com sintomatologia típica de urolitíase, que
úrico e xantina), geralmente são peque-
se destacou pela quantidade de urólitos presentes na bexiga. nos, lisos e esféricos, e apresentam ten-
Unitermos: cães, tratamento, urólitos
dência a formar-se e acumular-se no
trato urinário inferior. Essas característi-
Abstract: Dalmatians have an anomaly in the metabolism of uric acid. The transport of the acid to the interior of the hepatocites
is defective and its reabsorption in the kidneys is reduced. Therefore, the amount of uric acid eliminated through the urine is cas fazem com que esse tipo de urólito
very high, leading to the formation of urate crystals which tend to precipitate and aggregate, thereby forming uroliths. The atravesse facilmente a uretra das fê-
diagnosis is based on the anamnesis, clinical signs, imaging results and laboratory exams. Medical dissolution encompasses
a strict diet of purines and proteins, allopurinol administration, urine alkalinization and control of the infections. In this article we meas; já nos machos, os urólitos fre-
report the case of a dalmatian with typical symptomatology of urolithiasis, which stood out due to the large amount of uroliths qüentemente se alojam próximo ao osso
in the bladder.
Keywords: dogs, treatment, uroliths peniano, razão pela qual a prevalência
desses cálculos é bem mais alta em ani-
Resumen: Dálmatas presentan una anomalía en el metabolismo del ácido úrico. El transporte de este ácido para el interior de mais do sexo masculino 1,2,4,7,8,9.
los hepatocitos es defectuoso y su reabsorción en los riñones es reducida. Entonces, la cantidad de ácido úrico eliminado en O atrito dos urólitos com o epitélio
la orina es muy elevada, llevando a la formación de cristales de urato, que tienden a precipitar y unirse formando urolitos. El
diagnóstico se basa en los signos clínicos de inflamación, disuria, estranguria u obstrucción, anamnesis y radiografias. La do trato urinário causa inflamação, que
disolución clínica consiste en una dieta restricta en purinas y proteínas, suministración de alopurinol, alcalinización de la orina pode se manifestar clinicamente como
y control de las infecciones. Relata-se aquí un caso de un dálmata con sintomatología típica de urolitiasis destacando-se por
la cantidad de urolitos formados en la vejiga. hematúria, disúria e polaciúria. Essas
Palabras clave: perros, tratamiento, urolitos lesões também podem predispor a in-
fecções bacterianas, causando piúria.
Clínica Veterinária, n. 70, p. 56-66, 2007 Caso os urólitos se alojem na uretra,
podem ser observadas disúria, estrangú-
ria, polaciúria ou até anúria quando há
Introdução apresentam formação de urólitos com obstrução completa 8,10.
Os cães da raça dálmata não são úni- obstrução uretral 3,4,7. O acompanhamento mensal do pa-
cos apenas em função de sua pelagem O Centro de Urólitos de Minnesota ciente por meio de radiografias e exa-
característica; eles também apresentam analisou 77.000 casos de urolitíase canina mes de urina diminui o índice de recor-
predisposição hereditária para a forma- entre 1981 e 1997. Destes, 8% corres- rência dos urólitos que, em 25% dos
ção de urólitos de urato. Isso ocorre de- pondiam a urólitos de urato, ou seja, casos, tendem a reaparecer um ano após
vido a uma anomalia no metabolismo 6.144 pacientes, dos quais 60% perten- o término do tratamento 1,2.
das purinas, o que faz com que elimi- ciam à raça mencionada. Esses animais Tendo em vista a alta incidência da en-
nem maior quantidade de ácido úrico na apresentavam idade média de cinco anos fermidade em dálmatas (quase 27%) 11, o
urina do que as outras raças de cães 1,2,3,4. (variando de um mês a 17 anos) e, em sua presente estudo tem como objetivo
Esse ácido, por ser pouco solúvel, tende grande maioria, eram machos (90%) 1,2,7. revisar os principais fatores envolvidos
a se precipitar no trato urinário sob a Outro estudo realizado no mesmo na etiopatogenia da urolitíase de urato
forma de cristais que, em condições instituto avaliou a formação de urólitos nessa raça, os principais métodos de
ideais de pH e saturação, podem se em dálmatas no período de 1981 a 2002. diagnosticá-la e o tratamento conven-
agregar formando os urólitos 5,6. Estima- Foram analisados 9.514 animais, 96% cional aliado às diferentes formas de
tivas apontam que a prevalência de pro- dos quais apresentaram formação de prevenção e controle de uso rotineiro na
blemas clínicos em dálmatas é de 26 a urólito de urato; destes, apenas 2,9% clínica veterinária de pequenos animais,
34%, boa parte dos quais estão relacio- eram fêmeas, em contraste com a ilustrado por um relato de caso típico
nados a distúrbios do trato urinário infe- grande maioria de machos (94%) que ocorrido no Hospital Veterinário da
rior: um em quatro machos dessa raça apresentaram o mesmo problema 6,7. Universidade de Brasília.

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Bioquímica das purinas ESPÉCIE PRODUTO DE EXCREÇÃO FINAL
As purinas, assim como as pirimidi- Primatas, aves, répteis e insetos ácido úrico
nas, são bases nitrogenadas que partici- Cães, gatos e outros vertebrados alantoína
pam de uma ampla variedade de fun- Peixes teleósteos alantoato
ções. Quando associadas a uma pentose Anfíbios e peixes cartilaginosos uréia
e um fosfato, elas formam os nucleotí- Invertebrados marinhos amônia
deos, que se agrupam de diferentes for- Figura 2 - Produtos de excreção final do catabolismo das purinas nas diferentes espécies animais 12
mas conforme a atividade que devem
exercer. A constituição do DNA e do O ácido úrico é o produto de excreção terapêutico. Exemplo disso são os cristais
RNA é, sem dúvida, a sua função mais final do catabolismo das purinas nos pri- de urato de amônia, que são indicativos de
conhecida. Além disso, os nucleotídeos matas, nas aves e em outros animais. Em anomalias hepáticas primárias ou desor-
também são capazes de armazenar ener- cães e gatos esse ácido é degradado até dens portovasculares 8,11.
gia na forma de ATP, constituem com- alantoína pela ação da urato oxidase 4,5,12 Além de alterações no funcionamento
ponentes de cofatores enzimáticos, como ou uricase 1,2,9, presente no interior dos do fígado, muitos outros fatores de risco
por exemplo da acetil-coenzima A, e peroxissomos dos hepatócitos 8. Em ou- contribuem para a formação dos urólitos
também funcionam como mensageiros tros organismos, essa via é estendida de urato. Aumento na concentração de
químicos, tal como o AMP cíclico 11. (Figura 2) para alantoato, uréia e até amônia na urina devido à produção ace-
Há três grupos de purinas: as oxipuri- amônia 12. lerada pelos rins ou por bactérias produ-
nas (hipoxantina, xantina e ácido úrico), A alantoína é a principal forma de eli- toras de urease, acidúria, presença de
as aminopurinas (adenina e guanina) e minação dos metabólitos das purinas em promotores ou ausência de inibidores (ne-
as metilpurinas (cafeína, teofilina e teo- cães e gatos, pois é o mais solúvel de frocalcina, proteína de Tamm-Horsfall e
bromina) 2,9. Elas são sintetizadas a par- todos os produtos derivados dessa base GAGs) 16 da formação de urólitos e al-
tir de elementos simples ou retiradas de nitrogenada 1,2,5. Normalmente o ácido úri- terações na excreção renal de ácido úri-
fontes orgânicas por meio da ingestão. co que não é oxidado à alantoína é lan- co são alguns deles 1,2,5,8,17,18. Certas raças
As purinas primariamente sintetizadas çado no sangue como urato monossódi- de cães apresentam predisposição ge-
também podem ser recicladas 9. co (o sal do ácido úrico), sendo reabsor- nética para a formação dos urólitos de
Nos animais vertebrados 13,14, todas as vido pelos rins e retornando à circulação urato, como dálmatas e bulldogs. O con-
bases purínicas derivadas, tanto de fon- para ser metabolizado no fígado 9. sumo de alimentos com excesso de puri-
tes endógenas quanto de fontes exóge- nas e de proteínas torna-se fator de risco
nas, sofrerão catabolismo e serão elimi- Etiopatogenia principalmente para esses animais 1,2.
nadas, e por meio desse processo meta- A urolitíase por uratos é decorrente O metabolismo das purinas em dál-
bólico darão origem ao ácido úrico 2,9,15. de alterações no metabolismo das puri- matas ocorre de maneira singular. Nessa
A figura 1 ilustra a degradação da gua- nas, que causam diminuição na concen- raça, a conversão do ácido úrico para
nina e da adenina que acontece no fíga- tração de alantoína e aumento de ácido alantoína acontece a uma taxa muito re-
do. Nesse órgão, a guanina sofre remo- úrico tanto no plasma quanto na urina. duzida, o que gera uma constante hipe-
ção hidrolítica do seu grupo amino por Em pH ácido o urato se combina a dife- ruricosúria, ou seja, aumento na concen-
meio da guanase, liberando xantina que rentes substâncias presentes no trato uri- tração urinária de ácido úrico, que é uma
é convertida em ácido úrico pela xanti- nário, como amônia, sódio, potássio e substância insolúvel em pH ácido 5,6,19.
na oxidase. A adenina é primeiro desa- cálcio, e precipita-se na forma de cris- Essa característica torna esses cães mais
minada pela adenase formando a hipo- tais de urato 1,2. Se as condições locais susceptíveis aos urólitos 1,2,11,18 em vir-
xantina, que é oxidada sucessivamente permanecerem propícias, esses cristais tude da supersaturação da urina pelos
para xantina e para ácido úrico pela xan- podem se agregar e crescer, formando cristais de urato 5. Embora o risco de de-
tina oxidase 2,5,9,10,12. Essa enzima também os urólitos. Essa agregação, em geral, senvolver urolitíase seja alto em dálma-
está presente em grande quantidade no ocorre ao redor de um núcleo ou matriz, tas, nem todos os cães da raça formam
sangue, nos pulmões e no intestino e, que pode ser um mineral, uma substân- cálculos de urato, embora excretem ele-
em menor proporção, em outros tecidos cia orgânica (células, bactérias) ou ain- vadas quantidades dessa substância na
do organismo 9. da material de sutura, pêlo ou fragmen- sua urina 8.
to de sonda, a partir dos quais os Nesses cães, a capacidade de oxidar
cristais se combinam 8,11. ácido úrico em alantoína situa-se em um
Entretanto, nem sempre a patamar intermediário àquele dos seres
cristalúria implica a formação de humanos e àquele dos cães normais. Os
Marlos Campos

urólitos: ela é inofensiva em cães seres humanos possuem uma concen-


cujo trato urinário é funcional e tração plasmática de ácido úrico entre 3
anatomicamente normal, casos e 7mg/dL, e eliminam de 500 a 700mg
estes nos quais não se justifica o desse ácido todos os dias pela urina. Em
manejo terapêutico. Por outro la- cães de outras raças, a concentração
do, a identificação de alguns tipos sérica de ácido úrico é menor do que
de cristais tem grande signifi- 0,5mg/dL, e a excreção é de 10 a 60mg
Figura 1 - Metabolização das purinas no fígado cado diagnóstico, prognóstico e ao dia. Sabe-se que em dálmatas a

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 57


concentração sangüínea de ácido úrico é testado. Quando dois cães não dálmatas produzido no fígado e que sofreria
duas a três vezes superior àquela obser- receberam o fígado um do outro, a ex- influência de outros hormônios pre-
vada em outros cães, e a taxa de elimi- creção de urato permaneceu baixa, e sentes no organismo, mas essa hipótese
nação desse ácido atinge 400 a 600mg a quando o transplante foi realizado entre ainda não foi testada em dálmatas 21.
cada 24 horas 1,2,4,9,12,18,20. Por isso os dál- dois dálmatas a excreção manteve-se
matas são caracterizados por apre- alta. Já na transferência de fígado de Herança genética
sentarem hiperuricosúria, relativa hipe- um dálmata para um cão de outra raça, É fato que todos os dálmatas apresen-
ruricemia (em relação aos outros cães), e vice-versa, a quantidade de urato ex- tam hiperuricosúria. Evidências dessa
hipoalantoinemia e hipoalantonúria 6,9. cretada pelo receptor tornou-se a mes- hereditariedade foram confirmadas por
As causas dessa alteração têm sido ma do doador. Concluiu-se, portanto, meio de estudos genéticos realizados
muito pesquisadas, e a maioria dos re- que o fígado dos dálmatas é menos efi- em três gerações desses cães. O cruza-
sultados aponta principalmente para al- ciente na conversão de ácido úrico até mento entre dálmatas puros gerou uma
terações no fígado, embora haja indícios alantoína, apesar de possuir uricase na prole cujo metabolismo de ácido úrico
da participação dos rins 8,9. quantidade adequada e velocidade de era o mesmo dos pais, ou seja, era defei-
ação normal 1,2,3,8,9,18,19,21. tuoso, comprovando a base hereditária
Papel dos rins Quando fígados de diferentes raças dessa disfunção 9,18.
Grande parte do ácido úrico presente de cães foram incubados em uma solu- O acasalamento entre dálmatas e cães
na circulação não está ligada a proteínas ção de urato, o equilíbrio entre a con- de outras raças gerou filhotes (F1) nor-
plasmáticas; além disso, seu tamanho centração extracelular e intracelular foi mais quanto à excreção de ácido úrico,
molecular é pequeno o suficiente para mais lento em dálmatas. Além disso, a indicando que o gene responsável pela
passar pelo filtrado glomerular. Normal- velocidade de transporte de ácido úrico anomalia é recessivo. A segunda gera-
mente, de 98 a 100% de todo o ácido para o interior dos hepatócitos foi três ção de filhotes (F2), resultado da cruza
úrico filtrado é reabsorvido nos tubos vezes maior em outros cães do que em de F1 com dálmatas puros, apresentava
contorcidos proximais 1,2,5,8,9,18, e retorna dálmatas, o que sugere que nessa raça cães normais e outros com hiperuricosú-
ao fígado para ser metabolizado 1,2,5. tenha alteração no processo de con- ria; não havia animais intermediários
Uma pequena quantidade é secretada dução desse ácido 1,2,9. Da mesma forma, aos dois, ou seja, com excreção nem alta
pelo rim e é encontrada na urina dos quando urato é injetado na veia de dál- nem baixa, o que indica que a herança é
cães de todas as raças 9. Em dálmatas o matas ocorre um aumento acentuado da completa e recessiva 9.
ácido úrico também é secretado 1,2,5,6,9,18,21, concentração plasmática dessa substân- Outros cruzamentos confirmam que
principalmente na área de transição cia, cujo declínio é bem lento apesar da um único par de genes é responsável
entre a porção proximal e distal dos alta quantidade de urato eliminada na pela anomalia e que esse gene é autos-
néfrons, por um processo ativo 9. Já a urina. Outras raças também manifestam sômico, ou seja, não está ligado aos cro-
reabsorção é feita em menor proporção esse aumento plasmático inicial mas o mossomos sexuais 9.
do que o normal; logo, maior quanti- declínio é mais rápido, enquanto a Suspeitava-se ainda que esse gene es-
dade de ácido úrico passa para o trato quantidade eliminada na urina é míni- taria interligado àquele responsável pela
urinário inferior, acumulando-se na ma. Esses testes confirmam que a inca- pelagem característica dos dálmatas.
bexiga 1,2,5,6,8,18,21. pacidade dos dálmatas em degradar Porém, alguns testes provaram que é
Alguns experimentos foram realiza- ácido úrico deve-se, em grande parte, ao possível gerar cães que apresentem essa
dos para determinar o efeito do trans- transporte ineficiente dessa substância pelagem típica e eliminação de ácido
plante renal na excreção de urato: dál- para o interior dos hepatócitos ou dos úrico dentro dos padrões normais. Isso
matas receberam rins de cães de outras peroxissomos 1,2,3,4,5,6,8,9,16,18,19,21, embora o comprova que não há qualquer ligação
raças, e cães de outras raças receberam mecanismo exato dessa ineficiência entre os dois pares de genes, ou seja,
rins de dálmatas. Os transplantados per- ainda não tenha sido esclarecido 1,2. eles estão em cromossomos diferentes.
maneceram com a mesma taxa de excre- Algumas teorias tentam justificar esse Contudo, observou-se que dálmatas
ção de urato anterior ao transplante, ou transporte ineficiente: ou cães não-dál- mestiços, que possuíam alguns pêlos
seja, dálmatas com rins transplantados matas produzem um promotor para o brancos no interior das manchas pretas,
de cães de outras raças continuaram transporte de ácido úrico para o interior não apresentavam hiperuricosúria. Por
com hiperuricosúria, e cães com rins de dos hepatócitos e das células renais ou, meio desses cães foi provado que o gene
dálmatas mantiveram os índices nor- em uma segunda hipótese, os dálmatas responsável pelo metabolismo anormal
mais de excreção do ácido úrico. Dessa produziriam um inibidor desse trans- do ácido úrico era separado, mas geneti-
forma concluiu-se que, embora os rins porte. Transplantes de hepatócitos de camente relacionado ao par de genes
de dálmatas eliminem o urato de forma cães não-dálmatas para fígados de dál- responsável pela ausência completa de
diferente, eles não são os principais res- matas (in situ) provaram que a primeira pêlos brancos nas manchas, um traço
ponsáveis pela alta concentração dessa hipótese é a mais provável, uma vez que que também é recessivo e exclusivo de
substância na urina desses cães 9,21. esse transplante diminuiu significativa- dálmatas puros 3,4,9.
mente a excreção de ácido úrico nos É provável que a seleção de dálmatas
Papel do fígado animais transplantados. Estudos em com manchas totalmente homogêneas e
Também o transplante de fígado humanos e em ratos sugerem que esse perfeitamente delineadas tenha resultado
entre dálmatas e cães de outras raças foi promotor seria um hormônio (uratina) numa seleção genética daqueles nos quais

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o metabolismo das purinas é deficiente 9. que, em pacientes com disfunções hepá- pequeno. Já a ultra-sonografia é capaz
ticas, é somada à microcitose e à baixa de identificar desvios portossistêmicos 1
Sinais clínicos e diagnóstico concentração de uréia sangüínea. Nes- ou confirmar a presença de urólitos re-
Os sinais clínicos da urolitíase va- ses casos, a atividade das enzimas do fí- nais com hidronefrose e hidroureter 10.
riam de acordo com o número e a locali- gado está normal ou ligeiramente alta; Quando a retirada dos urólitos é pos-
zação dos urólitos no trato urinário. Pe- além disso, a concentração de albumina sível, é imprescindível analisá-los quan-
quenos cálculos podem ser eliminados pode estar diminuída e a quantidade de titativa e qualitativamente. Isso porque
na urina 1,2, mas a maioria tende a se lo- amônia plasmática aumentada 1,2. os métodos de detecção, tratamento e
calizar na bexiga 5,10,15,22 e/ou uretra 5,22, o O resultado do exame de urina varia prevenção das causas primárias são ba-
que torna comum a sintomatologia ca- muito de acordo com o tipo de cálculo. seados na definição da composição dos
racterística de cistite, como hematúria. No caso dos urólitos de urato, o pH uri- urólitos 8,11. Além disso, essa é uma das
Em machos, os urólitos menores podem nário é ácido e a presença de cristais é formas de se confirmar o diagnóstico.
se alojar na uretra caudal ao pênis, cau- comum, tornando a amostra turva e con- No entanto, as amostras a serem anali-
sando obstrução parcial ou total, com centrada. A quantidade de sangue ou sadas devem ser válidas. O recomenda-
sinais de distensão da bexiga, polaciú- proteínas varia de acordo com o núme- do é que os urólitos sejam enviados se-
ria, disúria-estrangúria e azotemia pós- ro, a localização e o tempo de perma- cos, pois o formol pode alterar a compo-
renal, com depressão, vômito e anore- nência dos cálculos. Bactérias causado- sição cristalina da amostra. Devem ser
xia. Em alguns casos pode haver rompi- ras de infecções podem tornar a urina solicitadas análise qualitativa, que indi-
mento da bexiga ou da uretra, o que re- alcalina, e também são detectadas no ca quais minerais o compõem, e análise
sulta em efusão abdominal ou acúmulo exame de urina. Recomenda-se a reali- quantitativa, que informa qual a por-
de líquido no tecido subcutâneo peri- zação de cultura, isolamento e antibio- centagem de cada mineral da amostra,
neal, com azotemia pós-renal 2,10. grama para determinar o tipo de bactéria demonstrando o composto predomi-
Nefrólitos unilaterais freqüentemente e o antibiótico mais indicado. Em cães nante. Todas as informações sobre o pa-
são assintomáticos, mas podem estar com disfunções renais, o exame de uri- ciente, como espécie, raça, nascimento,
associados a uma intensa hematúria 1,2,10 na revela diminuição na capacidade de gênero, dieta fornecida, histórico, resul-
e à pielonefrite crônica. Em pacientes concentrar a urina, além da presença de tado microbiológico da urina, assim co-
com urólitos renais bilaterais é comum cristais de urato 1,2. mo do exame de urina, tratamento que
o desenvolvimento de insuficiência re- Radiografias simples e ultra-sonogra- está sendo ou foi realizado, o local e a
nal crônica, especialmente se houver fia geralmente apontam a localização forma de remoção dos urólitos, devem
pielonefrite. Muitas vezes, a obstrução dos urólitos ao longo do trato urinário, a ser fornecidas. Recomenda-se enviar to-
de um ureter causa hidronefrose da por- menos que eles sejam radiotranspa- dos os cálculos retirados do paciente e
ção afetada, sem evidência de redução rentes ou de tamanho indetectável 10. não apenas um urólito. Se forem encon-
da função renal 10. Urólitos de urato normalmente são trados vários, pode-se remeter uma
Se os urólitos forem conseqüência de pouco visíveis, mas quando associados amostra simples representativa do tama-
doenças hepáticas pode haver sinais re- a amônia tornam-se mais radiopacos 1,2,8. nho e aparência dos urólitos, pois cálcu-
lacionados a disfunções do fígado, in- A cistografia com duplo contraste é a los que se formam em épocas diferentes
cluindo alterações neurológicas secun- ferramenta de diagnóstico mais sensível podem conter camadas de diversos tipos
dárias ao excesso de amônia sangüínea para a detecção de cistourólitos, embora de matérias. Não se deve enviar apenas
ou retardo no tempo de recuperação em alguns casos eles possam ser perce- pedaços dos urólitos, que podem não
anestésica 1,2. bidos durante a palpação abdominal em representar toda a constituição do cálcu-
O diagnóstico da urolitíase é feito cães com sinais de cistite 10. Para visua- lo. Os urólitos não podem ser quebra-
com base na anamnese, no exame físico, lizar nefrólitos e/ou ureterólitos, muitas dos, para que as camadas mais finas de
nos exames laboratoriais (exame de vezes é necessário realizar uma urogra- minerais não sejam perdidas 1,2.
urina e hemograma), nos achados radio- fia excretora 1,2. Em cães machos com
gráficos e na ultra-sonografia 1,2,8,10,18. dificuldade e esforço para urinar decor- Tratamento
Cães com urolitíase não obstrutiva e rente de urólitos na uretra, a passagem Eliminar ou pelo menos controlar a
função hepática normal apresentam he- de sonda urinária provoca a sensação de formação dos urólitos requer uma com-
mograma e análise bioquímica do san- se encontrar um ponto de resistência se- binação de diferentes etapas de trata-
gue sem maiores alterações. Já em pa- melhante à areia. Nesse caso, o diagnós- mento que, de acordo com o caso, pode
cientes com obstrução urinária ou uro- tico pode ser confirmado mediante ure- ser clínico, cirúrgico ou uma combina-
abdômen, freqüentemente ocorre azote- trografia retrógrada com contraste posi- ção de ambos. O acompanhamento da
mia, acidose metabólica, hipercalcemia tivo 10. terapia somado a um programa preven-
e hiperfosfatemia. Desidratação relativa A ultra-sonografia pode ser usada tivo garante menor taxa de recidiva na
secundária a vômito e anorexia au- para detectar urólitos mas, ao contrário maioria dos casos 8,10.
mentam o hematócrito e a concentração da radiografia, é difícil determinar o ta- A dissolução clínica dos urólitos de
de proteínas plasmáticas 1,2. manho, a forma, a densidade e o número urato de amônio (tipo de urólito de urato
Invariavelmente, a presença de uróli- dos cálculos. Em cães com doenças he- mais comum) consiste na ingestão de
tos de urato está associada a uma alta páticas congênitas, as radiografias dieta restrita em proteínas e ácidos nu-
concentração de ácido úrico no plasma abdominais podem revelar um fígado cléicos, administração de alopurinol,

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alcalinização da urina e eliminação de ração experimental ganharam peso, reversão das lesões. Aparentemente,
infecções do trato urinário. Há pouca in- enquanto aqueles que se alimentaram da esse efeito adverso também ocorre em
formação acerca da urolitíase por ácido ração comercial perderam peso 24. seres humanos submetidos à combi-
úrico, urato de sódio e urato de só- Sendo assim, há possibilidade de for- nação desses dois medicamentos 1,2.
dio/cálcio em cães; portanto, a mesma necer uma dieta com maior teor de pro- Em pacientes que apresentam dis-
terapia também pode ser utilizada para teínas, mantendo baixos níveis de áci- funções renais o tratamento com alo-
esses tipos de urólitos 1,2,5,8,9,10,18. dos nucleicos, a pacientes especiais por- purinol deve ser cauteloso pois esse fár-
Outra forma de remoção não cirúrgi- tadores de urólitos de urato, tais como maco, assim como os seus metabólitos
ca dos urólitos é a hidropropulsão ma- cadelas gestantes e lactantes ou filhotes. finais, é eliminado pelo rim 1,2,9,22. Da
nual, porém seu uso é limitado pelo ta- mesma forma, o uso prolongado de alo-
manho dos urólitos, que devem ter um Alopurinol purinol para impedir recidiva de urólitos
determinado diâmetro certo para passar O alopurinol b é um isômero sintético de urato não é recomendado como roti-
pela uretra; além disso, essa técnica da hipoxantina que, competindo com na, devido à formação dos urólitos de
pode levar ao desenvolvimento de he- esta, liga-se à xantina oxidase inibindo a xantina. Entretanto, os benefícios do
matúria temporária 8,13. sua ação 1,2,5,8,10,18. Dessa forma, a hipo- uso do alopurinol podem superar os
xantina não é convertida em xantina e riscos em animais que apresentem
Dieta calculolítica não forma ácido úrico, o que promove a episódios múltiplos de urolitíase por
Dietas com baixa concentração de diminuição da concentração deste na uratos 10.
ácidos nucleicos e proteínas podem im- urina e no plasma dentro de aproxima-
pedir a formação de novos urólitos, in- damente dois dias. Concomitantemente, Alcalinização da urina
terromper o crescimento daqueles já há um aumento de xantina e hipoxanti- Uma vez que os íons amônio e
existentes e dissolvê-los por meio da na no plasma e na urina mas, visto que hidrogênio precipitam os uratos na urina
alcalinização da urina. A idéia é forne- estas são mais solúveis do que o ácido canina 8,18, faz-se necessário fornecer um
cer menor quantidade de purinas para úrico, sua eliminação pela urina é mais agente alcalinizante por via oral, como
ser metabolizada fazendo com que me- fácil 1,2,8,18. o bicarbonato de sódio c ou o citrato de
nos ácido úrico seja formado no fíga- Após ser metabolizado, o alopurinol potássio d,1,2,5,8,10,18, para manter o pH da
do. Assim, menos urato se acumula no origina o oxipurinol, que também inibe urina em 7,0 8,10,18.
trato urinário. Da mesma forma, pouca a xantina oxidase e cuja meia-vida é A dose alcalinizante é individual e
proteína na dieta gera menor produção maior que a de seu precursor 1,2,8,18. Em única para cada paciente 1,2,8,10,18. Em
de amônia e, conseqüentemente, dimi- cães, a meia-vida do alopurinol é dose- geral, as primeiras doses de bicarbonato
nui a formação de íons hidrogênio pe- dependente, ou seja, em uma dose de de sódio variam de 25 a 50mg/kg a cada
los rins, resultando em urina mais alca- 5mg/kg esse tempo é de aproximada- 12 horas 1,2, mas essa dosagem pode ser
lina 1,2,8,10,17,18. mente duas horas e meia, podendo al- ajustada para mais ou para menos, de
O mercado disponibiliza rações for- cançar quase três horas em uma dose acordo com o pH da urina 10. O citrato de
muladas especialmente para esse tipo de de 10mg/kg. Já a redução da concen- potássio é encontrado em solução líqui-
tratamento. Tais rações, com baixos teo- tração sérica do oxipurinol à metade da ou em comprimidos, e sua dose osci-
res de purinas e de proteínas, são demanda de três a cinco horas. Em la entre 50 e 150mg/kg a cada 12 horas,
capazes de alcalinizar a urina 5,8,10,23, o que dálmatas, uma dose intravenosa de podendo também ser reajustada 1,2. O
faz com que sejam fornecidas tanto para 6mg/kg de alopurinol tem meia-vida de uso desse agente é preferível porque o
a dissolução como para a prevenção da duas horas e meia 1,2. sódio pode se combinar com o ácido
formação dos urólitos de urato 10. A administração do alopurinol pode úrico, formando urato de sódio 1,2,8.
Contudo, as dietas comerciais não se dar por via oral, duas a três vezes por As dietas usadas para dissolução de
são recomendadas para fêmeas ges- dia 10 em dose que varia de 15mg/kg 1,2,8 a uratos normalmente contêm citrato de
tantes e lactantes ou para filhotes devi- 20 a 30mg/kg 10. No entanto, o alopuri- potássio em sua formulação. Assim, a
do ao seu baixo teor de proteínas (de nol deve ser fornecido somente quando avaliação contínua do pH urinário é
10% a 11%) 24. Em estudo que comparou associado a uma dieta com baixa con- indispensável antes de se optar pela
a administração de dieta comercial usa- centração de ácidos nucleicos, pois o administração de um agente alcalini-
da no tratamento da urolitíase (Hill´s® excesso de xantina formado pode se zante. Dessa forma evitam-se quadros
u/d a) a uma dieta experimental contendo depositar sobre os urólitos já existentes de alcalúria. Além disso, valores de pH
maiores teores de proteína observou-se ou formar urólitos de xantina 1,2,5,18. acima de 7,5 podem induzir a formação
que as dietas analisadas não causaram Como efeitos adversos há somente o de urólitos e/ou a deposição de cristais
alterações nas concentrações séricas e relato de uma possível reação imuno- de fosfato de cálcio ao redor dos uróli-
urinárias de ácido úrico, assim como mediada pela administração de alopuri- tos já existentes, impedindo a sua dis-
não provocaram mudanças significati- nol e um caso de eritema cutâneo em solução 1,2.
vas no pH urinário dos dálmatas que um dálmata sob tratamento com alopu-
constituíram a amostra do experimento. rinol e ampicilina, mas a suspensão Infecções do trato urinário
Além disso, os cães alimentados com a do antimicrobiano por si só resultou na As infecções do trato urinário podem
c) Bicarbonato de sódio, Rioquímica, São Paulo, SP
a) Hill´s, São Paulo, SP b) Uricemil, Cristália, Itapira, SP d) Litocit, Apsen Farmacêutica S.A, São Paulo, SP

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 61


surgir em decorrência de traumas indu- (ou seja, grande quantidade de urólitos na formação de urólitos de xantina, que
zidos pelos urólitos ou como resultado onde haveria obstruções uretrais cons- são ainda mais insolúveis, ou na deposi-
de procedimentos clínicos invasivos. In- tantes, hematúria, disúria, estrangúria ção de camadas de xantina ao redor dos
dependentemente de sua origem, essas com grande desconforto para o paciente urólitos já existentes. Da mesma forma,
infecções, especialmente em pacientes e maior susceptibilidade a infecção em pacientes com histórico de urólitos
com urólitos, devem ser prevenidas e bacteriana). No entanto, a terapia clíni- de xantina, a terapia com alopurinol de-
erradicadas 1,2,5 porque os microrganis- ca dos urólitos ainda precisa ser apri- ve ser ponderada 1,2.
mos produtores de urease (estafilococos, morada e melhor adaptada aos pacientes O tamanho dos urólitos deve ser
Proteus spp e Ureaplasma spp) 2,8,15,18,22 com anomalias na circulação porta. O acompanhado por meio de radiografias.
aumentam a concentração de íons amô- uso do alopurinol deve ser cauteloso em Nos casos em que os uratos são radio-
nio na urina e potencializam a formação tais casos, uma vez que a metabolização transparentes sugere-se a realização de
de cristais de urato de amônio 10. desse fármaco requer uma atividade he- uretrocistografia com duplo contraste. A
Agentes antimicrobianos apropriados pática adequada. Além disso, a tetraci- ultra-sonografia não é o método indica-
devem ser selecionados e administrados clina não deve ser usada para tratar in- do para essa avaliação, pois dificulta a
em doses terapêuticas, com base na sus- fecções nesses pacientes, pois tende a análise do número e do tamanho dos
ceptibilidade e na inibição do cresci- exacerbar disfunções renais ou hepáti- cálculos 1,2,8.
mento das colônias bacterianas 18. cas em cães com anomalias do sistema O pH urinário e a presença de sedi-
porta 1,2,18. mentos e cristais devem ser monitora-
Outras alterações dos periodicamente por meio do exame
Cães muito jovens, ou adultos de ou- Tratamento cirúrgico de urina 1,2,8,10,18,20. Se os achados do
tras raças que apresentem urólitos de A remoção cirúrgica é feita quando exame de urina sugerirem infecção do
urato devem ser avaliados quanto à pre- há obstrução urinária ou o exame radio- trato urinário, a cultura bacteriana e o
sença de desvios portossistêmicos 1,2,9,18. gráfico aponta grande quantidade de uró- teste de sensibilidade devem ser realiza-
Nessa enfermidade, anastomoses (shunts) litos ou cálculos de tamanho considerá- dos, e o tratamento com antibiótico
vasculares permitem que o sangue da vel, que estejam promovendo disúria e deve ser iniciado ou ajustado apropria-
circulação porta se desvie do fígado e hematúria, dentre outros sinais clínicos 1,2. damente 10. Também são recomendáveis
chegue diretamente à circulação sistê- Há situações nas quais nem todos os avaliações da concentração plasmática
mica 12,18 provocando redução do fluxo urólitos podem ser removidos, como de uréia e ácido úrico e, se possível,
sanguíneo hepático total e diminuição acontece em pacientes com urólitos for- mensuração do nível de ácido úrico na
da capacidade do fígado de extrair subs- mados por urato de amônia, que nor- urina. A redução desses índices indica
tâncias nocivas da circulação porta 10,14. malmente são múltiplos, pequenos e o correto acompanhamento das reco-
Geralmente essa doença leva à super- pouco visíveis, o que torna a sua de- mendações clínicas. Além disso, a dimi-
saturação na urina de substâncias que tecção pré e pós-cirúrgica quase impos- nuição da densidade (< 1020) e o
não foram metabolizadas, o que predis- sível. Além disso, muitos urólitos po- aumento do pH da urina (> 7,0) também
põe à formação de urólitos 1,2. Os ani- dem se distribuir por locais inacessíveis confirmam que o paciente está sendo
mais afetados, dependendo do padrão ao cirurgião. Nesses casos, um progra- alimentado exclusivamente pela dieta
de desvio da circulação, são caracteristi- ma de dissolução clínica dos urólitos receitada 1,2,8.
camente pouco desenvolvidos e fre- pode ser adotado após a cirurgia 1,2. O tempo necessário para que os uró-
qüentemente apresentam sinais clínicos De acordo com alguns autores, pare- litos se dissolvam é incerto, e varia
de encefalopatia hepática 13,14. Pode ha- ce não haver alteração na cicatrização das muito de acordo com o caso. Em estudo
ver quadro de poliúria, polidipsia, uroli- incisões cirúrgicas nos cães alimentados no qual foi avaliada a evolução clínica
tíase por uratos e intolerância a anestési- com ração pobre em proteínas e purinas, de nove casos de urólitos de urato, o
cos ou sedativos 10,14. Ao exame clínico desde que em boa condição física e sub- intervalo necessário para a dissolução
observam-se baixa estatura, pouca co- metidos a um pós-operatório adequado 1,2. dos cálculos oscilou de quatro a quaren-
bertura pilosa e, ocasionalmente, reno- ta semanas 2,5.
megalia bilateral 10. O fígado é pequeno Controle da resposta ao tratamento Se após oito semanas de tratamento
e pode ter aspecto histológico caracte- e prevenção os urólitos crescerem ou não diminuí-
rístico de atrofia lobular 13. Após a remoção cirúrgica ou o início rem de tamanho 1,2,10,20, a remoção cirúr-
A simples correção cirúrgica das do tratamento clínico, é preciso seguir gica e a reavaliação dos urólitos é reco-
anastomoses pode promover a dissolu- um plano de controle, que inclui o ree- mendável, pois em alguns casos ocorre
ção espontânea dos urólitos 14,18, embora xame do paciente em intervalos men- a identificação errada da amostra ou o
muitos pacientes com desvios portossis- sais 6, para que não haja recidiva do núcleo do urólito pode ser constituído
têmicos não possam ser tratados cirurgi- quadro inicial 1,2. por um mineral diferente daquele pre-
camente pois algumas anastomoses são O sucesso do tratamento depende em sente na camada externa. Além disso,
intra-hepáticas ou microvasculares. grande parte da cooperação do proprie- deve-se considerar a deposição de xan-
Bons resultados têm sido obtidos na tário principalmente no que se refere à tina ou a formação de novos urólitos de
prática por meio da simples dissolução dieta administrada. A ingestão de ali- xantina 1,2.
clínica dos urólitos, à exceção dos casos mentos ricos em purinas concomitante Os dálmatas podem necessitar de
em que há comprometimento clínico ao consumo de alopurinol pode resultar uma terapia profilática devido ao seu

62 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


elevado risco de formação de urólitos. macho, de quinze anos de idade. Ele hepáticas (ALT, FA), além de uma
Em casos crônicos de cristais de urato, apresentava anúria, estrangúria e difi- avaliação microbiológica da urina (cul-
hiperuricosúria e pH urinário perma- culdade para se sentar. O proprietário tura, isolamento e antibiograma).
nentemente ácido, pode-se iniciar a relatou que o animal não urinava nem O exame de urina revelou urina de
dieta antiácido úrico e o uso de agentes defecava havia dois dias. Ainda segun- aspecto turvo (densidade = 1,021), com
alcalinizantes, se necessário. O alopuri- do o proprietário, o animal já apresenta- proteinúria e levemente ácida (pH =
nol deve ser administrado quando todas va dificuldade para urinar havia quase 6,0). Quanto ao sedimento, foram cons-
as demais alternativas falharem. Seu dois meses e a partir daí o quadro tatadas poucas células de descamação
uso deve ser restrito somente até a dimi- evoluiu até chegar à ausência completa vesical, hemácias (+) e cristais de bilir-
nuição das concentrações de ácido úrico de micção. O paciente apresentava his- rubina. A análise microbiológica não
ou à dissolução completa de urólitos re- tórico de piodermite profunda crônica. apresentou crescimento bacteriano.
correntes uma vez que é desnecessário Ao exame físico o cão demonstrava O hemograma não mostrou qualquer
arriscar o uso de protocolos profiláticos aspecto saudável e comportamento in- alteração significativa. Já a concentra-
que podem, por si só, causar alterações quieto, especialmente durante a palpa- ção de uréia estava em um nível eleva-
futuras 1,2. ção da região abdominal, na qual se do dentro da variação fisiológica, e a
Para cães de outras raças recomen- observou muita sensibilidade dolorosa e creatinina estava dentro dos padrões
dam-se os mesmos princípios, especial- bexiga bem distendida. O quadro era su- normais (Figura 5).
mente os bulldogs, cujo índice de recor- gestivo de obstrução uretral por cálculos
rência é elevado. Ao que se sabe, a dieta urinários. A radiografia abdominal con- Valores de
Bioquímico
restrita em proteínas e purinas é segura firmou a presença de inúmeros urólitos referência 25
na maioria dos casos, excetuando as na bexiga, além de outros ao longo da Uréia - 57,7
(mg/dL)
21,4 - 59,2
particularidades mencionadas anterior- uretra (Figuras 3 e 4), o que confir-
Creatinina - 0,7 0,5 - 1,5
mente. Entretanto, em um pequeno mou o diagnóstico de cálculo vesical e (mg/dL)
número de dálmatas e principalmente obstrução uretral. Procedeu-se à pas- ALT/GTP - 24,5 4,8 - 24
em bulldogs, essa dieta foi associada à sagem da sonda uretral realizando retro- (UI/L)
cardiomiopatia dilatada. Sua origem propulsão dos cálculos presentes na ure- Fosfatase alcalina - 39,2 20 - 156
ainda não foi esclarecida, mas acredita- tra para o interior da bexiga. Após a (UI/L)

se que esteja ligada à excreção excessi- desobstrução, foram retirados cerca de Figura 5 - Resultados obtidos na análise bio-
va de carnitina na urina. Cães que 800mL de urina. química do soro do paciente
apresentam deficiência na reabsorção Como exames complementares, foram
tubular renal, se alimentados com die- realizados hemograma completo, exame Assim, o cão foi considerado em con-
tas pobres em proteínas, consomem de urina, análise da função renal (uréia e dições de ser submetido ao tratamento
menos carnitina. Essa menor ingestão, creatinina) e atividade das enzimas cirúrgico, realizado no dia posterior à con-
somada à excessiva perda urinária sulta. Apesar da idade, o animal foi
desse aminoácido, resulta em cardio- submetido à cirurgia sem maiores com-
Christine Souza Martins

miopatia. Essa correlação já foi descri- plicações. Ao final do procedimento fo-


ta para várias outras raças, mas estudos ram retirados 103 urólitos da bexiga (Fi-
mais aprofundados acerca do assunto gura 6). Os cálculos apresentavam colo-
são necessários para confirmar tais ração alaranjada (Figura 7), eram per-
hipóteses 1,2. feitamente esféricos, tinham a superfí-
A urolitíase por uratos possui alto cie rugosa, diâmetro próximo a 0,5cm e
percentual de recorrência, tanto em dál-
matas quanto em cães de outras raças.
Entre 33% e 50% dos pacientes voltam
Paula Diniz Galera

a desenvolver urólitos de urato aproxi- Figura 3 - Radiografia abdominal laterolateral


madamente um ano após o diagnóstico e mostrando a presença dos urólitos na vesícula
o tratamento, até porque nesse tipo de urinária repleta
urolitíase as causas primárias dificil-
Christine Souza Martins

mente podem ser eliminadas, e fatores


como remoção incompleta dos urólitos
durante a cirurgia, persistência de
infecções bacterianas e falhas nas reco-
mendações terapêuticas e profiláticas
geralmente ocorrem 1,2.

Relato de caso
Em agosto de 2005 foi atendido, no
Hospital Veterinário da Universidade
de Brasília, um cão da raça dálmata, Figura 4 - Detalhe dos urólitos ao longo da uretra Figura 6 - Urólitos presentes no interior da bexiga

64 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


discoespondilose entre as vértebras L7 e
S1, bexiga repleta (sem alterações) e

Christine Souza Martins


Christine Souza Martins

aumento de próstata (o que justifica a


incontinência urinária). Os demais exa-
mes foram marcados para o dia seguin-
te, juntamente com a avaliação cardíaca,
e novamente o proprietário não com-
pareceu.

Discussão e conclusão
Seguindo a tendência hereditária dos
dálmatas, o paciente apresentou forma-
ção de urólitos constituídos de urato de
amônio, em um caso ímpar devido à
Figura 7 - Aparência dos urólitos retirados após a cirurgia
imensa quantidade de urólitos cuja sin-
consistência pétrea. Uma amostra foi menos de uma semana. Foram indica- tomatologia só se tornou evidente após
enviada para análise qualitativa da cons- dos para o paciente o estímulo à inges- o deslocamento destes para a uretra, o
tituição mineral em um laboratório local tão de água e uma dieta terapêutica, para que sugere um processo crônico que
não especializado em urolitíase, que de- prevenir a formação de novos urólitos. leva ao questionamento do tempo ne-
monstrou a presença de urato de cálcio, Após o período de internação, agendou- cessário para a formação de tal quanti-
amônia, carbonato, oxalato e fosfato. O se retorno em quinze dias, para a reava- dade de cálculos.
restante foi enviado para análise quanti- liação do paciente, mas o proprietário Aparentemente não houve relação
tativa e qualitativa ao Centro de Uróli- não cumpriu o estabelecido. com infecções bacterianas, pois o exa-
tos de Minnesota, e teve como resultado Após um ano o paciente retornou ao me microbiológico da urina apresentou
100% de sais de ácido úrico formando o hospital pois, segundo o proprietário, o crescimento negativo. O exame de urina
interior dos urólitos, com uma camada animal estava cansado, dormindo por apontou presença de proteinúria, além
adicional de 100% de urato de amônia. mais tempo, com possível surdez, difi- de traços de sangue oculto e hemácias
Durante dois dias após a cirurgia o culdade para levantar, sentar e ficar em no sedimento, indicativos de uma pos-
cão ficou internado em observação, pé havia oito meses e incontinência uri- sível reação inflamatória.
pois apresentava hematúria com presen- nária havia quase quatro semanas. Ao O pH urinário levemente ácido de-
ça de coágulos de sangue e polidipsia. exame clínico foram constatados opaci- monstrou ser o ambiente ideal para a
Foi realizado tratamento com fluido- dade do cristalino em ambos os olhos, di- precipitação e a combinação dos cristais
terapia para manutenção, além da admi- ficuldade para se levantar e ficar em pé na forma de urólitos. Já a presença de
nistração de morfina e e enrofloxacina f. e andar cambaleante, tendendo para o cristais de bilirrubina é considerada nor-
O quadro evoluiu bem, com o fim da he- lado esquerdo; à auscultação, observou- mal em amostras de urina canina 7.
matúria e a melhora do jato de urina em se a presença de sopro cardíaco grau A avaliação bioquímica da função re-
IV/VI. Foi realizada uma radiografia nal permitiu observar concentração nor-
e) Dimorf, Cristália, Itapira, SP
f) Baytril 5%, Bayer, São Paulo, SP abdominal que permitiu a observação de mal de creatinina e uréia, o que levou à

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 65


conclusão de que a agudez da obstrução as a candidate gene for hyperuricosuria in the infection, age, sex, and mineral composition.
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66 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Anestesia e analgesia por Yuri Karaccas de Carvalho
MV, mestrando

via epidural em cães -


FMVZ/UNESP-Botucatu
ykaracas@yahoo.com.br

atualização farmacológica Stelio Pacca Loureiro Luna


MV, prof., dr.

para uma técnica tradicional


Depto de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária
FMVZ/UNESP-Botucatu
stelio@fmvz.unesp.br

Epidural anesthesia and analgesia in dogs - respiratória, além de analgesia insatis-


fatória 3 em cirurgias mais cruentas.
a pharmacological update to Adicionalmente há a disponibilidade
dos anestésicos intravenosos, dos quais
a traditional technique os mais utilizados são o tiopental e o
propofol. Entretanto, a excreção desses
anestésicos depende da integridade da
Anestesia y analgesia por vía epidural en função hepática e renal 1. Além disso, o
uso desses fármacos em infusão contí-
perros - actualización farmacológica nua pode resultar em intensa depressão
cardiorrespiratória e recuperação pro-
para una técnica tradicional longada 3. A anestesia inalatória, por sua
vez, constitui uma das intervenções
anestésicas mais seguras atualmente,
Resumo: Anestesia epidural é o bloqueio nervoso de uma área do corpo, induzida por um fármaco que iniba a condução
nervosa na medula espinhal. É considerada uma técnica simples, de fácil execução e de baixo custo, permitindo que médicos porém requer aparelhos específicos e
veterinários que não possuam aparelhagem sofisticada para uso em clínicas particulares tenham a possibilidade de oferecer indivíduos especializados para seu con-
segurança e conforto aos pacientes. A anestesia epidural causa menores alterações cardiorrespiratórias do que as anestesias
injetável e inalatória, reduz o estresse transoperatório e pode proporcionar analgesia pós-operatória. Em geral, a associação trole, o que aumenta o custo do procedi-
de fármacos apresenta vantagens em relação ao uso isolado destes. O uso de diversos fármacos, como anestésicos locais, mento 1,4. Além disso, os agentes inalató-
dissociativos, opióides, agonistas adrenorreceptores, benzodiazepínicos e suas associações, será discutido nesta revisão.
Unitermos: caninos, dor, anestesia local rios causam depressão cardiorrespirató-
ria dose-dependente. A exposição crôni-
Abstract: Epidural anesthesia is a regional nervous block produced by inhibition of the nervous transmission in the spinal ca a baixas doses de anestésicos inalató-
cord. It is considered a simple, easy and low-cost technique, which allows veterinarians without access to sophisticated rios pode ter efeito carcinogênico, tera-
equipment to offer comfort and safety to patients. Epidural anesthesia produces less cardiorespiratory depression than its
injectable or inhalatory counterparts, reduces stress and generates post-operative analgesia. The association of substances togênico ou abortivo 1, com a possibili-
generally presents advantages as compared to the use of single drugs. The use of drugs such as local and dissociative dade de ocorrência de hepato e nefropa-
anesthetics, as well as opioids, alpha-2 agonists, benzodiazepines and their associations is discussed.
Keywords: canine, pain, local anesthesia tias e alterações hematopoiéticas 2.
A anestesia epidural (peridural ou ex-
tradural) é o bloqueio nervoso de uma
Resumen: La anestesia epidural es el bloqueo nervioso de un área del cuerpo inducido por un fármaco que inhiba la
conducción nerviosa en la médula ósea. Es considerada una técnica simple, de fácil ejecución y bajo costo, permitiendo que área do corpo induzido por anestésico
los médicos veterinarios que no poseen aparatos sofisticados para utilizar en clínicas privadas, tengan la posibilidad de que iniba a condução nervosa na medu-
ofrecer seguridad y confort a los pacientes. La anestesia epidural provoca menos alteraciones cardiorrespiratorias con relación
a la anestesia fija e inhalatoria, reduce el estrés transoperatorio y puede proporcionar analgesia postoperatoria. En general la la espinhal 4. O anestésico local ideal
asociación de fármacos presenta ventajas con relación al uso aislado de los mismos. La utilización de diversos fármacos como para uso no espaço epidural deve ser
anestésicos locales, disociativos, opioides, agonistas de adrenorreceptores, benzodiazepínicos y sus asociaciones, se
discutirá en esta revisión. dotado de período de latência curto,
Palabras clave: Caninos, dolor, anestesia local período hábil longo e ser capaz de pro-
mover analgesia e relaxamento muscu-
Clínica Veterinária, n. 70, p. 68-76, 2007 lar adequados 5.
Os fármacos administrados por via
epidural produzem poucos efeitos na
INTRODUÇÃO prolongando o período pós-operatório. circulação placentária e fetal, tornando
Define-se anestesia como a perda A prevenção dessa resposta de estresse essa técnica anestésica uma boa opção
temporária da sensação de dor, decor- aparentemente reduz a morbidade pós- para intervenções cirúrgicas em gestan-
rente da depressão reversível local, re- operatória. 1,2 tes 1,6. A fêmea se recupera rapidamente
gional ou central do tecido nervoso 1,2. A A anestesia dissociativa é uma das da anestesia, estando apta a cuidar de
anestesia geral e a cirurgia podem acar- técnicas mais populares no âmbito vete- seus filhotes no período pós-operatório
retar resposta de estresse, caracterizada rinário, particularmente o emprego de imediato 6. A anestesia epidural oferece
por alterações cardiovasculares, endó- cetamina e agonistas alfa-2 adrenérgi- muitas vantagens sobre a anestesia
crinas e metabólicas induzidas pelo estí- cos. Essa associação causa, porém, geral. É uma técnica segura, que causa
mulo nocivo. Esse estresse pode resul- inúmeros efeitos indesejáveis, como mínimos distúrbios bioquímicos e fisio-
tar em queda da imunidade e retardo bradicardia com arritmia sinusal e até lógicos 7. Quando comparada à anestesia
da cicatrização da ferida cirúrgica, bloqueio atrioventricular, depressão geral, as vantagens apresentadas são:

68 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Yuri Karaccas de Carvalho

Yuri Karaccas de Carvalho

Yuri Karaccas de Carvalho


Figura 2 - Delimitação anatômica do espaço
epidural (vista laterolateral)

da sensibilidade ocorre na ordem in-


versa 5.
A anestesia epidural com anestésico
local é aquela obtida por bloqueios me-
Figura 1 - Delimitação anatômica do espaço
epidural (vista dorsoventral)
dular e de nervos espinhais no espaço
epidural – quando estes emergem da du-
ra-máter através dos forames interverte-
menores alterações cardiorrespiratórias brais 10 –, levando ao bloqueio reversível
no paciente, redução do estresse transo- de uma determinada área do corpo, sem Figura 3 - Delimitação do espaço lombossacro
peratório, analgesia pós-operatória, fá- perda da consciência. A solução anesté- (vista caudoventral). Ausência das vértebras
coccígeas
cil execução e baixo custo 4,6,7,8, preven- sica é depositada na porção externa da
ção de efeitos colaterais 1 dos anestési- dura-máter, e tem-se a produção do blo- canhão da agulha após a introdução des-
cos gerais e redução dos riscos da inter- queio segmentar das fibras sensoriais ta através dos ligamentos, devido à
venção anestésica, principalmente para espinhais e fibras nervosas simpáticas. pressão negativa do espaço epidural.
pacientes em estado grave, sendo uma As fibras motoras são as últimas a se- Outra técnica consiste em acoplar uma
técnica segura para pacientes idosos. rem total ou parcialmente bloqueadas, e seringa de vidro contendo ar ou solução
Tais facilidades permitem o emprego as primeiras a retornarem à função. salina à agulha. A pressão negativa do
desta técnica por médicos veterinários Os anestésicos locais têm afinidade espaço promove a entrada do conteúdo
que não possuam aparelhagem sofisti- pelo tecido nervoso, interrompendo a da seringa. Entretanto, o uso de ar nessa
cada para uso rotineiro em clínicas par- condução nervosa quando alcançam técnica pode levar à compressão da
ticulares. Entretanto, animais muito agi- qualquer parte do neurônio. Essa classe medula ou da raiz nervosa, enfisema
tados podem aceitar a realização desse de fármaco impede que as células ner- subcutâneo, introdução de ar por via re-
procedimento somente sob efeito da vosas atinjam o potencial de deflagra- troperitoneal ou embolismo venoso 11.
medicação pré-anestésica e/ou anestesia ção, pois bloqueia os canais de sódio Dessa forma, o uso de solução salina é
geral e, em animais obesos, a localiza- produzidos pela forma iônica 4,9. mais seguro.
ção do espaço epidural pode ser difícil. Antes de injetar o(s) fármaco(s), deve
TÉCNICA ser realizada a tração caudal do êmbolo
ANATOMIA E FISIOLOGIA Após a tricotomia e a antissepsia ri- para confirmar a ausência de líquor ou
Em cães, a medula espinhal termina gorosa da região lombossacra, realiza- sangue. O próximo passo é a injeção,
na sexta ou sétima vértebra lombar (L6 se um botão anestésico subcutâneo com em pequenas quantidades e lentamente,
ou L7) (Figuras 1, 2 e 3). Quando um o auxílio de agulha (40x8) com mandril sem haver resistência, de até 1mL/3kg
fármaco é injetado no espaço epidural, ou Tuohy. Após a flexão espinhal, com de anestésico local até o peso de 20kg.
parte dele se difunde pelo canal verte- o animal em decúbito ventral ou lateral, Em animais acima desse peso, adiciona-
bral, outra parte é armazenada na gordu- coloca-se o dedo polegar e médio na tu- se 1mL para cada 10kg.
ra epidural e ainda pode ser removida berosidade ilíaca e o indicador no espa- Após o bloqueio, o animal deve ser
pela circulação sanguínea, sendo que a ço lombossacro. Na seqüência, intro- mantido em posição horizontal, decúbi-
quantidade do agente que vai per- duz-se a agulha através da pele e do te- to ventral simétrico, com a cabeça ligei-
manecer no tecido neuronal depende de cido subcutâneo, e um pequeno volume ramente mais elevada que o corpo, para
sua lipossolubilidade 9. O fármaco inje- de anestésico local é injetado nos liga- difusão simétrica do fármaco 10.
tado por via epidural fica restrito a uma mentos supraespinhoso, intervertebral e Para a confirmação do bloqueio,
área do corpo, e seus efeitos sistêmicos amarelo. observa-se por menos de um minuto o
são mais suaves do que aqueles promo- O sucesso da anestesia epidural de- relaxamento do esfíncter anal externo e
vidos pela aplicação parenteral 9. Em ge- pende da localização correta do espaço da cauda. A perda do reflexo interdigital
ral, após a anestesia local, as sensações epidural. Para tal, a técnica mais fre- normalmente se estabelece entre seis e
desaparecem na seguinte ordem: dor, qüentemente utilizada é a aspiração de dez minutos 8, dependendo do fármaco
frio/calor, tato e pressão; já a recuperação uma gota de anestésico depositado no empregado.

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 69


INDICAÇÕES impossibilidade de contenção ou animal ao grau de desenvolvimento do SNC,
A anestesia epidural lombossacra tem irascível e alterações anatômicas da co- em animais, diferentemente do homem
várias indicações, dentre elas o controle luna 14. – e considerando o maior custo da ropi-
da dor pós-operatória, bem como a rea- vacaína –, essa vantagem não tem tanta
lização de procedimentos obstétricos e PRINCIPAIS FÁRMACOS importância. Em animais, quando com-
ortopédicos em membros pélvicos 4,12. É UTILIZADOS NA ANESTESIA parados os três anestésicos locais, a in-
utilizada freqüentemente para procedi- EPIDURAL toxicação por lidocaína é mais tolerada,
mentos em períneo, vagina e reto, além Anestésicos locais seguida pela ropivacaína e pela bupiva-
de ovariossalpingohisterectomia (OSH), A administração de anestésico local caína 25.
cesariana e cirurgias ortopédicas no por via epidural causa pouca alteração
quadril e nos membros pélvicos. cardiorrespiratória. A lidocaína é um Agonistas alfa-2 adrenérgicos
anestésico local hidrossolúvel de curta No Brasil, os agonistas alfa-2 adre-
COMPLICAÇÕES duração que é biotransformado em dois nérgicos utilizados na anestesia epidural
As principais complicações decorren- metabólitos no fígado: um desses meta- são principalmente a xilazina e a cloni-
tes da anestesia epidural são hematoma bólitos é farmacologicamente ativo, e dina, que deprimem o SNC reduzindo a
epidural, efeitos tóxicos dos anestésicos, 10 a 20% é excretado de forma inaltera- liberação de noradrenalina, tanto central
estenose espinhal, trauma epidural pelo da na urina do cão 5. quanto perifericamente 2,26. A adminis-
cateter e abscesso epidural 13,14. A injeção A dose tóxica de lidocaína varia de tração epidural de xilazina durante pro-
inadvertida no espaço subaracnóide, 10 a 20mg/kg no cão 16,17,18. A sobredose cedimentos ortopédicos em cães exerce
quando a intenção era o espaço epidural, de lidocaína produz contrações muscu- efeito antinociceptivo, em parte media-
pode levar à mielopatia ou à síndrome lares, hipotensão, náusea e vômito 5, que do pela via supraespinhal 27. Quando
da cauda eqüina devido ao efeito tóxico evoluem até convulsão e parada cardior- aplicada por via epidural, apresenta
dos medicamentos, e também à menin- respiratória 4. A adição da adrenalina à efeitos sistêmicos menos evidentes do
gite e ao infarto na medula 13,14. lidocaína possibilita o aumento da dose que aqueles observados quando da inje-
Adicionalmente, é possível observar e da duração, bem como a redução da ção por via parenteral, havendo decrés-
hipotensão por bloqueio simpático e toxicidade, por retardar a absorção da cimo da freqüência cardíaca, da pressão
efeitos tóxicos pela sobredose 15. Se os última 16. O período de latência da lido- arterial média e da freqüência respirató-
nervos intercostais forem atingidos, po- caína com vasoconstritor até a perda do ria, com bloqueio atrioventricular 6,20,26.
dem ocorrer depressão respiratória e hi- reflexo interdigital varia de três a doze Mesmo quando administrada por via
poventilação. Em aproximadamente minutos, com duração do efeito de 90 a epidural, além da analgesia, a xilazina
10% dos casos verifica-se postura de 120 minutos, e efeito máximo após produz sedação e miorrelaxamento por
Schiff-Scherrington, que consiste na vinte minutos da aplicação 5,8,19,20. inibição da transmissão interneural me-
espasticidade dos membros torácicos Outros anestésicos locais utilizados dular 28. Pode sensibilizar o miocárdio à
devido à compressão nervosa motora na anestesia epidural são a bupivacaína ação das catecolaminas e deprimir a ter-
causada pelo anestésico local. Tal fenô- e a ropivacaína. Ambos apresentam pe- morregulação central 6. No entanto, po-
meno é minimizado quando a injeção ríodo de latência e duração mais longos de ocorrer a produção de bradicardia e o
epidural é realizada lentamente. Nesse que a lidocaína. Parece ideal a associa- bloqueio atrioventricular; nesses casos,
caso, pode-se prosseguir a cirurgia e ção de lidocaína/bupivacaína em pro- aconselha-se a administração de atro-
aguardar a resolução temporal do pro- porções iguais, combinando o curto pe- pina 26.
blema, sem maiores conseqüências 15. ríodo de latência e o bom relaxamento A xilazina sofre biodegradação hepá-
A anestesia epidural também pode re- muscular da lidocaína ao efeito prolon- tica e 70% dos metabólitos são excreta-
duzir a temperatura corpórea por meio gado da bupivacaína 13. A bupivacaína é dos por via renal e 30% por via biliar 2.
de dois mecanismos: absorção sistêmica uma mistura racêmica de isômeros S (-) Pode ocorrer hiperglicemia por hipoin-
do anestésico e transferência central do e R (+). O isômero S (-) possui potência sulinemia decorrente da estimulação
anestésico via fluido cerebroespinhal, e bloqueio motor maior e, em contra- adrenérgica alfa-2 sobre as células beta
causando depressão do centro termorre- partida, cardiotoxicidade menor. do pâncreas 2,6, razão pela qual esse ago-
gulador; e bloqueio simpático, que pro- A ropivacaína é um anestésico local nista é contra-indicado para animais
move vasodilatação, com conseqüente de longa duração, homólogo da bupiva- diabéticos.
redistribuição do calor do compartimen- caína 21,22, que promove bloqueio sensiti- Um dos efeitos colaterais é a êmese
to central para os tecidos periféricos 16,17. vo de duração igual ou um pouco menor, produzida em cães e gatos 4; não foi
e período de bloqueio motor e toxicidade identificado efeito abortivo em peque-
CONTRA-INDICAÇÕES cardíaca menores que aquele fármaco 23. nos animais 2. A dose comumente uti-
Não se recomenda a anestesia epidu- A ropivacaína possui baixa toxicida- lizada por via epidural é de 0,25mg/kg,
ral em casos de hipotensão, choque, de, apresentando adequada margem de e sua duração analgésica é de aproxi-
anemia e hipovolemia. São contra-indi- segurança para os sistemas cardiovascu- madamente 240 minutos 26,29.
cações absolutas: convulsão, septicemia, lar e nervoso central, o que permite seu A associação de lidocaína e clonidina
síndrome hemorrágica, meningite, doen- uso em concentrações elevadas 24. Tendo vem sendo muito utilizada para aneste-
ças do sistema nervoso central, derma- em vista que os efeitos cardiotóxicos sia epidural com o intuito de prolongar
tite local, impossibilidade de punção, dos anestésicos locais são proporcionais o efeito analgésico, diminuindo o pico

70 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


de concentração plasmática (Cmax) da e menos agitação do que a R(-)- ceta- O butorfanol, opióide sintético com
lidocaína e reduzindo, assim, a toxici- mina. Atualmente, a forma S é comer- ação antagonista nos receptores mi e
dade 30. cialmente disponível, porém há pou- ação agonista nos receptores kappa 48,
A anestesia epidural com lidocaína e cos estudos de seu uso em anestesia epi- promove analgesia e sedação com
clonidina na dose de 1mcg/kg em cães dural. efeitos colaterais mínimos 48,49,50. É cerca
proporcionou analgesia para a OSH na Seu efeito analgésico se manifesta de vinte vezes mais lipossolúvel e três a
maioria dos casos, com bom miorrela- por meio de vários mecanismos, como sete vezes mais potente que a morfina 1.
xamento e sem alteração cardiorrespi- anestésico local, antagonista não-com- Por via epidural promove analgesia por
ratória significativa 31. Considerando-se petitivo de receptores N-metil D-aspar- duas a cinco horas 19, em dose similar ao
os efeitos indesejáveis de êmese e pos- tato (NMDA), opióide 37,38, possível an- uso parenteral 1, diminuindo a concen-
tura de Schiff-Scherrington, a clonidina tagonista muscarínico 9,39,40; também age tração alveolar mínima CAM do iso-
associada à lidocaína parece ser efetiva em receptores monoaminérgicos 40. Essa fluorano, com efeitos cardiorrespi-
e segura para anestesia epidural em ca- interação complexa dificulta a deter- ratórios mínimos, mantendo a analgesia
delas submetidas à OSH, desde que se minação do local específico do efeito cutânea por três horas após o fim da
complemente a anestesia quando neces- analgésico produzido pela cetamina 9, e anestesia com isofluorano 51.
sário 31,32. sua distribuição para o plasma e líquor A buprenorfina é outro opióide, ca-
A xilazina por via epidural na dose de ocorre em aproximadamente vinte mi- racterizado como agonista parcial do re-
0,4mg/kg diminuiu a CAM do isofluo- nutos após a aplicação epidural 41. ceptor mi e antagonista no receptor
rano em torno de 33%, apresentando A administração de cetamina por via kappa; dessa maneira, o aumento da do-
poucos efeitos cardiopulmonares 33 epidural produz analgesia cutânea em se não apresenta efeito significativo 52.
cães, com mínimo efeito hemodinâmi- Possui período de latência mais longo
Anestésicos dissociativos co 42. Na dose de 3,5mg/kg por via que os demais opióides, devendo ser
A cetamina é um anestésico dissocia- epidural em cães, viabilizou a realiza- administrada cerca de cinqüenta minu-
tivo, capaz de produzir um estado sin- ção de cirurgias que variaram de 30 a tos antes que o seu efeito analgésico
gular de analgesia e anestesia, por meio 45 minutos 43. seja requerido. Essas características tor-
da dissociação sensorial. Apresenta nam a buprenorfina extremamente indi-
efeito simpatomimético, podendo cau- Opióides cada para analgesia pós-operatória de
sar excitação do SNC. Por via epidural, A administração epidural isolada de cães e gatos. Pode ser utilizada na dose
praticamente não causa alteração car- opióides promove o alívio da dor visce- de 0,01mg/kg pela via epidural, promo-
diorespiratória 19,34. Em cães, a excreção ral e somática em decorrência do blo- vendo analgesia por quinze a dezoito
é realizada 91% pela urina e aproxi- queio seletivo de impulsos nocicepti- horas. Entretanto, quando associada ao
madamente 3% pela bile e pelas fezes. vos, não interfere nas funções sensorial anestésico local, não causa analgesia
A cetamina pode produzir neurotoxici- e motora e não deprime o SNC 1. suficiente para a realização de OSH em
dade quando aplicada por via espinhal. A administração de opióides pela via 66% das cadelas 53.
Essa ação foi atribuída ao clorobutanol, epidural oferece a vantagem de produzir O tramadol é um analgésico de ação
preservativo utilizado na preparação da uma analgesia mais prolongada – com central, com diferenças dos agonistas
cetamina. doses significativamente menores e opióides quanto à ligação, à atividade e
Quando administrada por via epidu- menor sedação – do que a administração ao metabolismo, associadas ao fato de
ral, deve ser preferencialmente associa- parenteral dessas mesmas substâncias 9. que é composto por uma mistura racê-
da a outro agente anestésico, como um A analgesia por via epidural ocorre mica de dois enantiômeros 54, cujas
opióide ou anestésico local 19,35, para pro- por inibição da dor no corno dorsal da ações complementares e sinérgicas re-
duzir analgesia e/ou anestesia satisfató- medula espinhal, inibição das vias so- sultam em analgesia. É o análogo sinté-
ria, viabilizando em alguns casos a rea- matossensoriais aferentes supraespi- tico da codeína, embora tenha menor
lização de OSH 19. nhais e ativação das vias inibitórias des- afinidade a receptores opióides do que
A cetamina administrada isolada- cendentes 1. esta e menor potencial à tolerância e à
mente no espaço epidural não foi efeti- Os fármacos mi agonistas, como a depressão respiratória do que outros
va como analgésico pós-operatório, mas morfina, além de causarem analgesia e agonistas opióides, não causando libe-
potencializou os efeitos analgésicos da sedação, podem promover outros efei- ração de histamina 55. A sua afinidade
morfina, atenuando seus efeitos colate- tos, como depressão cardiorrespiratória, pelo receptor mi é baixa, aproximada-
rais 36. hipotermia, náusea, vômito, prurido e mente 6.000 vezes menor que a da mor-
A solução clínica aquosa mais tradi- retenção urinária 44,45. Em cães, a admi- fina. Já o metabólito o-desmetiltra-
cional disponível é uma mistura racê- nistração epidural de morfina produz madol tem afinidade muito mais pro-
mica que contém quantidades iguais de analgesia de longa duração em torno de nunciada por esse receptor 56. Portanto,
dois isômeros: S(+)- cetamina e R(-)- 24 horas, com poucos efeitos colate- a ação analgésica do tramadol é inibida
cetamina. Tanto nos animais quanto no rais 46,47, reduzindo a concentração míni- apenas parcialmente pela naloxona, su-
homem, a forma S(+)- cetamina é três a ma (CAM) do halotano 47. Podem ocor- gerindo um outro mecanismo de ação 54.
quatro vezes mais potente para alívio da rer efeitos sistêmicos discretos, com re- Quando associado à lidocaína, não pro-
dor e, em doses analgésicas equipoten- dução da freqüência cardíaca e da duz alteração dos parâmetros cardior-
tes, produz poucos distúrbios psíquicos pressão arterial. respiratórios, não afeta a temperatura

72 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


corporal e tampouco causa excitação. de fármacos na anestesia epidural são Associação de opióides e cetamina
Entretanto, tal associação não foi sufi- vantajosas pois reduzem o período de A cetamina aplicada isoladamente no
ciente para a realização de OSH, o que latência, prolongam e intensificam a espaço epidural não produz alívio da
inviabiliza o emprego da técnica em analgesia e reduzem os efeitos colate- dor pós-operatória mas, quando associa-
anestesia epidural para esse tipo de rais decorrentes do uso isolado dessas da à morfina, potencializa o efeito anal-
intervenção 31. drogas. Nas figuras 4 e 5 podem ser vis- gésico desta última. Assim, a dose de
Animais anestesiados com sevofluo- tos alguns fármacos (e as associações morfina pode ser diminuída o que, por
rano e submetidos à aplicação epidural entre eles), bem como o período de conseqüência, diminuirá os seus efeitos
de morfina e fentanil (0,1mg/kg + analgesia e anestesia que promovem. colaterais 36.
10mcg/kg, respectivamente) comple- A cetamina associada à morfina e à
mentado com solução salina apresen- Associação de anestésicos locais lidocaína preveniu a sensibilização dos
taram depressão cardiorrespiratória e cetamina neurônios nociceptivos da medula espi-
devido à ação do fentanil sistêmico 57. A sedação obtida com o uso da ceta- nhal, potencializando o seu efeito anal-
mina associada à lidocaína por via epi- gésico 36.
Benzodiazepínicos dural pode ser atribuída à sua passagem
O diazepam na dose de 1mg/kg pro- rápida para a circulação sistêmica. Associação de anestésicos locais
duziu período de latência curto e anal- A associação entre cetamina e bupi- e xilazina
gesia prolongada, diminuição da pres- vacaína no espaço epidural de crianças A associação entre xilazina e lidocaí-
são arterial e da freqüência cardíaca, para controle da dor pós-operatória pro- na produziu um bloqueio anestésico
levando à sedação 58. duziu analgesia mais prolongada e de atingindo até T13-L1, observando-se
melhor qualidade do que o uso isolado bradicardia moderada e maior duração
ASSOCIAÇÕES de ambas. A administração da cetamina da anestesia 20 em relação ao uso isolado
Um estudo de compatibilidade quí- isoladamente não produziu bloqueio do anestésico local. Tal protocolo viabi-
mica de associações dos anestésicos lo- motor 37,63. Entretanto, em cirurgias de lizou a realização de OSH em cadelas 20.
cais, opióides, agonistas alfa-2 adreno- reconstituição de joelho, não se obser-
receptores, dissociativos e benzodiaze- vou diferença significativa no período Associação de anestésico local
pínicos no espaço epidural demonstrou de latência, na região do bloqueio ou na e opióides
que há compatibilidade entre esses fár- duração da analgesia 38. Em cadelas, a Estudos experimentais e clínicos têm
macos, e que as associações entre eles associação de lidocaína e cetamina via- mostrado que a associação dessas duas
são seguras para uso em anestesia 59. bilizou a realização de OSH na maioria classes farmacológicas promove algum
Na maioria dos estudos, as associações dos casos 19. grau de sinergismo, bem como redução
dos efeitos colaterais 19,63, sendo que nor-
Fármaco(s) Dose (mg/kg) Período Período de ação malmente observa-se sedação 19,49.
de latência anestésica O fentanil associado à lidocaína na
(minutos) (horas) dose de 100mcg/kg reduziu o período
Lidocaína 2% 5 1 - 18 2 -2,5 8,19,20 de latência e prolongou o período anes-
Bupivacaína 0,5% 1,25 12+/- 1 28 tésico, minimizando a queda da pressão
Ropivacaína 1% 2,5 1-6 4 - 4,5 20 arterial 64, com duração de aproximada-
Lidocaína 2% + Bupivacaína 0,5% 2,5 + 0,5 bupi 7 +/- 1 1,5 8 mente 210 minutos 65.
Lidocaína 2% + Xilazina 5 + 0,25 xila 1-5 3 - 4 26
Em estudo no qual foi avaliada a
Lidocaína 2% + Cetamina 5 +/- 1 2 - 12 1 - 2,5 19
associação do fentanil (2mcg/kg) com a
Lidocaína 2% + Fentanil 0,01 28 +/- 5 3 - 5 60
bupivacaína (1mg/kg), completados
Lidocaína 2% + Butorfanol 0,25 3 -10 2 - 3 19
com solução salina (0,9% NaCl) tota-
Lidocaína 2%+ Tramadol 5+1 6 +/- 1 1 - 2 31
lizando 0,36mL/kg, não foram observa-
Lidocaína 2% + Buprenorfina 5 + 0,01 4 +/- 2 2,5 - 3 20
das alterações cardiorrespiratórias im-
Bupivacaína 0,5% + Morfina 1 + (0,1-0,4) 10 - 15 + 20 61
Figura 4 - Fármacos utilizados para anestesia por via epidural no cão
portantes, permitindo a OSH 65
Já em outros experimentos, a morfina
foi associada à bupivacaína. Essa com-
Fármaco(s)* Dose (mg/kg) Período Período de ação
binação foi utilizada na reparação de
de latência) analgésica -
ligamento cruzado ou luxação de patela
(minutos) (horas)
de dez cães, e os autores verificaram o
Fentanil 0,005 - 0,01 15 - 20 3 - 54
Sulfentanil 0,0007 - 0,002 5 - 15 4 - 6 62
efetivo controle da dor 66. Em estudo re-
Morfina 0,1 30 - 60 6 - 24 47
trospectivo (242 cães), essa associação
Buprenorfina 0,01 - 0,02 45 15 -18 53
foi mais efetiva no controle da dor do
Cetamina 2,0 - 3,5 20 0,5 - 1 42,43 que a associação entre cetoprofeno e
Morfina + Fentanil 0,1 - 0,01 NA NA 57 oximorfina 61. Essa associação, quando
NA: não avaliado
aliada à anestesia inalatória, foi eficaz
* Complementados com anestésico local ou solução fisiológica NaCl 0,9% na redução de CAM necessária para
Figura 5 - Fármacos utilizados para analgesia por via epidural no cão procedimentos cirúrgicos 67. No entanto,

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 73


quando administrados separadamente, 02-MUIR, W. W. ; HUBBELL, J. A. E. Handbook TAKESHITA, H. The effects of licaine on
of Veterinary Anesthesia. Missouri: Mosby, cerebral metabolism and circulation related to
tais anestésicos não apresentam a mes- 1995. p. 15-35, 66-73, 2. ed. the electroencephalogram. Anesthesiology,
ma eficácia 68. v. 40, p. 433-441, 1974.
03-LUNA, S. P. L. ; GASPARINI, S. S. ; MAS-
A associação lidocaína-buprenorfina SONE, F. ; TEIXEIRA, F. J. ; CASTRO, G. B. ; 19-ISHY, H. M. ; LUNA, S. P. L. ; GONÇALVES,
com infusão de propofol permitiu a rea- CASSU, R. N. ; BIASI, F. Anestesia intra- R. C. ; CRUZ, M. L. Uso da lidocaína isolada ou
lização de OSH, sem que houvesse dife- venosa utilizando propofol ou propofol/queta- associada à quetamina ou ao butorfanol, em
mina em cadelas submetidas à ovariosalpigo- anestesia epidural em cadelas submetidas à ova-
renças significativas nos parâmetros fi- histerectomia. In: CONGRESSO BRASILEIRO riosalpingohisterectomia. Revista Brasileira de
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76 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Tratamento de tumor Gisela Novaes Fontão Lefebvre
Médica veterinária autônoma

venéreo transmissível (tvt)


giselalefebvre@gmail.com

Leoni Villano Bonamin


canino utilizando Viscum MV, dra. profa.
FACIS/IBEHE e UNIP
leonibonamin@gmail.com

album em associação à Clair Motos De Oliveira

quimioterapia MV, dra. profa.


FMVZ-USP
cmoliv@usp.org.br

Treatment of transmissible venereal tumor


(tvt) in dogs with Viscum album (Mistletoe)
associated to chemotherapy
Tratamiento de tumor venéreo transmisible revisão de 2.062 biópsias indicou que
117 delas (5,6%) correspondiam a neo-
(tvt) en perros usando Viscum album plasias do aparelho reprodutivo, sendo
as mais freqüentes aquelas com diagnós-
asociado a quimioterapia tico de tumor venéreo transmissível,
provenientes de vagina e vulva de cade-
Resumo: O objetivo deste estudo foi utilizar o medicamento Viscum album como tratamento adjuvante ao quimioterápico em las (22 casos ou 55%) 4. Atualmente, o
oito casos de tumor venéreo transmissível canino. Como referência, os dados obtidos nos animais estudados foram
comparados a um controle histórico, composto por nove animais tratados com quimioterapia associada à imunoterapia TVT está praticamente erradicado nos
convencionais. Observou-se que o tempo de tratamento associado à quimioterapia no grupo experimental foi reduzido
significativamente em relação ao grupo controle histórico (p=0,05). Observou-se, também, menor incidência de leucopenia
países desenvolvidos 5.
durante o tratamento no grupo experimental, bem como ausência de recidiva. Quanto aos parâmetros de análise clínica geral O TVT é geralmente encontrado na
considerados no grupo experimental, não se observaram alterações significativas em nenhuma das três fases (inicial,
pré-quimioterapia e final). Conclui-se que a associação proposta é plausível e merece estudos futuros em escala maior.
genitália de cães machos e fêmeas não
Unitermos: tumor de Sticker, Iscador, antroposofia esterilizados 6, pode permanecer por
muitos anos com crescimento lento ou
Abstract: The purpose of this study was to evaluate the use of Viscum album as an adjuvant to chemotherapy in eight cases
of canine transmissible venereal tumor (TVT). The data obtained in these cases were compared to a control group formed by
inaparente 7, porém pode também apre-
nine dogs treated with conventional chemotherapy and immunotherapy. We observed that the duration of chemotherapy was sentar-se invasivo e metastático 8. Quan-
significantly reduced in the experimental group as compared to control (P=0,05). Furthermore, leucopenia was reduced and
recurrence was lower in the former group, which did not present significant changes in general clinical state in any of the three
to à incidência e às predisposições,
phases of the study (initial, pre-chemotherapy and final). We conclude that the proposed association is plausible and deserves alguns autores verificaram maior ocor-
further study.
Keywords: Sticker tumor, Iscador, anthroposophy
rência de TVT entre fêmeas caninas, em
comparação com os machos, 1,3,5,8,9 embo-
Resumen: El propósito de este estudio fue evaluar la utilización de Viscum album como terapia adyuvante en ocho casos de
ra outros pesquisadores não observem
tumor venéreo transmisible (TVT) canino, junto a un protocolo quimioterápico. Como referencia, los datos obtenidos en estos predisposição em relação ao sexo 10,11.
casos fueron comparados a un grupo control histórico formado por nueve perros tratados con quimioterapia e inmunoterapia
convencionales. Fue observado que la leucopenia y el tiempo de tratamiento con quimioterapia en el grupo experimental se
Não é observada predisposição racial ou
redujeron considerablemente en comparación al grupo control histórico (p = 0,05). También, la ausencia de recidivas fue vista de idade 4. De maneira geral, a maior
únicamente en el grupo experimental, que además no presentó cambios en el estado clínico general en cualquiera de las tres
fases del estudio (inicial, pre-quimioterápica y final). Se concluye que la asociación propuesta es plausible y merece estudios
incidência do TVT está relacionada ao
más amplios. período de maior atividade sexual dos
Palabras clave: tumor de Sticker, Iscador, antroposofia animais 12.

Clínica Veterinária, n. 70, p. 78-86, 2007 Morfologia e aspectos clínicos


Esta neoplasia pode ter a forma de
couve-flor pedunculada, nodular, papi-
Conceito e incidência assim como em outros países onde exis- lar ou multilobulada, variando de um
O Tumor Venéreo Transmissível tam cães errantes e quando não há res- pequeno nódulo (5mm) a uma grande
(TVT) ou tumor de Sticker é uma neo- trição à atividade sexual. Em levanta- massa (maior do que 10cm), firme ou
plasia de ocorrência natural, transmitida mento feito junto ao Hospital Veteriná- friável; a parte superficial é comumente
por contato sexual ou por transplantação rio da Faculdade de Ciências Agrárias ulcerada e inflamada e pode estar he-
laboratorial em hospedeiros alogênicos 1. de Jaboticabal, no período de 1980 a morrágica e infectada 13. O TVT é alta-
Outros sinônimos são dados a este 1992, o TVT foi diagnosticado em 400 mente contagioso entre os cães, mas em
tumor, tais como: condiloma canino, gra- casos (43%) dentre os 932 casos de tumo- geral sua presença não produz altera-
nuloma venéreo, sarcoma infeccioso, res nesta espécie animal 3. Na Faculdade ções significativas à saúde do hos-
linfossarcoma e sarcoma de Sticker 2. No de Medicina Veterinária e Zootecnia do pedeiro 5,13,14,15.
Brasil, o TVT é de freqüência elevada, México, no período de 1988 a 1993, a Embora raras, metástases de TVT

78 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


foram identificadas na pele, lábios, lin- Tratamento uso de medicamentos ditos “imuno-esti-
fonodos inguinais, mucosa oral, fígado, Assim como os métodos de diagnós- mulantes”, tais como: lisado de órgãos e
rins, pleura, mesentério, esqueleto, fos- tico, os métodos de tratamento também complexo B, com ação anti-infecciosa
sas nasais 2, tonsilas, órbita 14,15, cérebro, evoluíram com o tempo. Inicialmente, inespecífica; oximetolona, indicada
pituitária 16 e cavidade abdominal 17. As empregava-se o procedimento cirúrgi- para casos de anemia aplásica e dis-
metástases em locais extragenitais são co 2,17,23,27 ou eletro-cirúrgico 6, porém, tais funções da medula óssea; e composto de
provavelmente causadas por morde- métodos foram abandonados devido às timomodulina 31.
duras e arranhaduras, as quais predis- altas taxas de recidivas 6,11,14. A radiotera-
põem a pele à implantação de células pia pode trazer um prognóstico favorá- Viscum album
tumorais. Metástases em sítios extra- vel 15, mas o alto custo e a necessidade Diante da busca por novas perspecti-
cutâneos são raras, afetando cerca de de técnico especializado dificulta seu vas terapêuticas, investigou-se na lite-
1% dos animais 18. O TVT, quando emprego 28. O emprego de imunoterápi- ratura a utilização do medicamento
transplantado em cães, passa por fases cos como o BCG (Bacilo Calmette- Viscum album. O Viscum album, utiliza-
consecutivas de progressão, em um pe- Guerin), o fator de transferência dia- do pelos celtas em rituais litúrgicos, foi
ríodo de dois a seis meses 19, não sendo lisável e o RNA anti-TVT 5,13 também primeiramente introduzido no tratamen-
descritos relatos de regressão espon- auxilia na redução do tumor. Embora to do câncer por Rudolf Steiner, em
tânea do TVT de ocorrência natural 20,21. não exista levantamento estatístico do meados de 1910 32,33, e até os dias atuais
No que diz respeito ao padrão hema- número de casos resistentes à quimiote- é largamente utilizado na medicina
tológico dos animais portadores de rapia, eles têm sido observados, aparen- antroposófica.
TVT, valores hematimétricos (série ver- temente de maneira crescente, no trata- O Viscum album ou mistletoe é uma
melha) revelam a presença de anemia mento do tumor venéreo transmissível 5. planta semiparasita da família das loran-
normocítica normocrômica 5, provavel- O método terapêutico mais comum, a táceas, cresce em diferentes árvores
mente relacionada a perda de sangue quimioterapia citotóxica, tem apresenta- hospedeiras, do norte da Europa ao no-
crônica e a possível infestação parasi- do resultados eficientes no tratamento roeste da África, estendendo-se à Ásia
tária dos animais. Em relação às células do TVT 6, sendo o mais usado o sulfato central e Japão. Entre as espécies hos-
da série branca, notou-se que as conta- de vincristina, isolado ou associado a pedeiras estão a macieira, Pynus Malus
gens médias de leucócitos permanecem outros quimioterápicos 29. No entanto, L., o carvalho, Quercus Robur L., e o
dentro dos valores de referência para a têm sido comuns casos refratários aos di- pinheiro, Pinus Sylvestris L. A partir de
espécie ou apresentam leucocitose, que versos tratamentos quimioterápicos 12,30. 1917 foram tratados os primeiros pa-
poderia ser atribuída a necrose, em O sulfato de vincristina é um sal de um cientes portadores de carcinoma com
alguns tumores, ou mesmo a uma pos- alcalóide obtido da planta Vinca rósea preparados injetáveis à base de Viscum
sível invasão bacteriana no local da L. Conhecida originalmente como leu- album e, desde então, muitas de suas
afecção. Leucopenia absoluta, neutro- rocristina, foi designada também LCR e propriedades terapêuticas foram identi-
penia absoluta e linfocitose relativa VCR. O mecanismo de ação do sulfato ficadas 32. O Viscum album é composto
também podem ser detectadas em cães de vincristina tem sido relacionado à por diferentes substâncias, sendo que
portadores naturais de TVT, porém, inibição da formação de microtúbulos atualmente dois grupos principais de
somente após o tratamento com quimio- no fuso mitótico, resultando em uma pa- substâncias ativas são de grande interes-
terápico 22. Quanto à classificação his- rada da divisão celular na metáfase. se farmacológico: as viscotoxinas e as
tológica do TVT, encontramos algumas Assim sendo, a toxicidade ocasionada lectinas 33. São compostos protéicos ci-
controvérsias na literatura. Retículo-sar- pela quimioterapia convencional pode totóxicos, cancerostáticos, e imunomo-
coma-histiocitário 23, tumor indiferen- acarretar diminuição no número de gló- duladores 34, mas diferem consideravel-
ciado de células redondas e de origem bulos brancos, trombocitopenia e ane- mente em relação à estrutura molecular,
retículo-endotelial 15,24, sarcoma venéreo mia. Como sintomas colaterais também à ação farmacológica e à localização na
transmissível canino 25 e linfossarcoma 26 são relatados: dispnéia aguda, bronco- planta 32.
são algumas denominações descritas. espasmo grave, elevação aguda do áci- As lectinas são proteínas indutoras de
Mais recentemente, sugere-se que o do úrico, perda de cabelo em humanos, apoptose (morte celular programada), o
TVT seja classificado como sarcoma de distúrbios neuromusculares, constipa- que pode representar importante meca-
origem histiocítica 13,23. O diagnóstico é ção, perda de peso, náuseas, vômitos, nismo para o controle das neoplasias 35.
feito considerando-se o histórico do ani- ulcerações orais, diarréia, anorexia e có- Em baixas concentrações, a união das
mal, a aparência macroscópica das le- lica abdominal, poliúria, disúria, hiper- lectinas do Viscum album com as célu-
sões e o exame cito e histopatológico, tensão ou hipotensão e reações de hiper- las do sistema imune produz liberação
devendo-se diferenciá-lo do mastocito- sensibilidade. A maior parte do sulfato de citocinas, tais como: interleucina 1,
ma, do histocitoma e do linfoma, assim de vincristina é excretada na bile. Desta interleucina 2, interleucina 6, fator de
como de outras lesões granulomatosas forma, aumento na gravidade das rea- necrose tumoral alfa, interferon alfa e
não neoplásicas 6, o que se faz normal- ções adversas pode ocorrer em pacien- gama, e fator de crescimento de granu-
mente com o auxílio de painel de tes com doença hepática 31. lócitos e macrófagos 36. As viscotoxinas
imuno-histoquímica. O exame histopa- Dada a evidente ação mielotóxica da são polipeptídeos que produzem rapi-
tológico deve sempre ser feito antes de vincristina, observou-se, no levanta- damente a morte celular. Ao contrário
se iniciar o tratamento. mento histórico do grupo controle, o das lectinas, agem na membrana celular,

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 79


induzindo morte celular por necrose. estatística adequada. Da mesma forma, Critérios para exclusão no protocolo
Também têm sido descritos efeitos imu- o tempo decorrido entre o diagnóstico e clínico
no-moduladores das viscotoxinas, mas o início do tratamento, bem como o vo- Acometimento por outras entidades
as informações publicadas a esse respei- lume inicial médio do tumor aparente nosológicas, machos, fêmeas castradas
to ainda são escassas 35,36,37. O terceiro (antes do início do tratamento) também ou prenhes, tratamento prévio para
grupo de substâncias oriundas do Viscum foram avaliados estatisticamente entre TVT, histórico de recidiva de TVT, im-
album são os carboidratos (glicose, os grupos. O volume elíptico tumoral possibilidade por parte do proprietário
galactose, manose, inositol, arabinolac- foi estimado segundo a fórmula: V = /6 de transportar o animal para o tratamen-
tanos), sendo atribuídos a esses algumas x a x b2, sendo V = volume elíptico esti- to semanal, limitação por parte do pro-
propriedades imunoestimulantes, como mado; a = eixo maior (cm); b = eixo prietário em colaborar com os critérios
maior atividade de células NK, espe- menor (cm). propostos no protocolo de tratamento.
cialmente contra células tumorais, e ati- Para os animais do grupo experimen-
vação do sistema complemento 35. tal, realizou-se anamnese completa, Colheita das amostras para exames
Estudos em toxicologia apontam que considerando-se o histórico clínico laboratoriais
o Viscum album apresenta alto índice te- assim como os aspectos individuais de Foram colhidas amostras de sangue
rapêutico, sendo considerada uma droga cada animal. Todos os animais foram por punção da veia safena direita ou es-
bastante segura 35. Quando se injeta submetidos, inicialmente, a exame clí- querda, utilizando-se sistema de colhei-
Viscum album por via subcutânea ou en- nico completo. Foram considerados os ta a vácuo em tubos de vidro siliconiza-
dovenosa, a maior parte das lectinas se dados relativos a peso, coloração de dos, providos de rolha de borracha. Foi
combina com as glicoproteínas e não mucosas, hidratação, auscultação car- realizado hemograma completo antes
age toxicamente. Sabe-se ainda que as diopulmonar, temperatura retal, palpa- do inicio do tratamento, a cada mês, e
viscotoxinas interagem com a fosfatidil- ção de linfonodos, palpação abdominal, no final do tratamento.
serina fosfolipídica (FFA) da membrana aspecto da pelagem, vivacidade do ani- O exame histopatológico foi realiza-
celular e modificam sua organização su- mal. No exame específico da lesão neo- do em três tempos: antes do início do
pramolecular, resultando em sua citoto- plásica foram observados dados refe- tratamento, após a etapa do tratamento
xicidade. As células tumorais expres- rentes ao volume, aspecto, consistência, com o Viscum album M isoladamente
sam sete a oito vezes mais FFA do que coloração, quantidade e aspecto de se- (fase pré-quimioterapia) e ao final do
células não-tumorais, o que explica a creção, odor, áreas de necrose e grau de tratamento associado à quimioterapia.
especificidade da ação citotóxica. Isso acometimento. O diâmetro da formação Os fragmentos da neoplasia foram colhi-
foi bem estudado com a viscotoxina A3, existente foi obtido com auxílio de dos com auxílio de punch para biópsia.
uma das três viscotoxinas mais abun- régua. O diagnóstico definitivo do TVT
dantes no extrato do Viscum album, foi feito por meio de exame histopa- Técnica medicamentosa
junto com a A2 e B 38. tológico da formação no momento zero Para os dois grupos de animais estu-
(antes do início do tratamento). Obser- dados, o tratamento quimioterápico uti-
Metodologia de estudo vou-se presença de metástases regio- lizado foi sulfato de vincristina a em so-
Grupos experimentais nais, e comprometimento de linfonodos lução injetável, em aplicação por via en-
Os animais do grupo experimental superficiais e em pele. O desenvolver dovenosa, na dose de 0,5-0,7mg/m2, a
foram provenientes de atendimento hos- do histórico foi registrado por escrito de cada sete dias até a completa remissão
pitalar das faculdades de medicina vete- acordo com os retornos subseqüentes. do tumor, ou por até dois meses. A terapia
rinária da Unimes de Santos, SP; Antes do inicio e final de cada etapa, as adjuvante ao tratamento quimioterápico
UniFMU, SP, da Clínica Veterinária formações aparentes foram registradas foi feita com o medicamento Viscum
Neopet, SP, e em colaboração com a por meio de fotografia. Para o grupo album pyrus malus L b. O protocolo con-
triagem do Centro de Zoonoses de Ta- controle histórico foi avaliada a respos- sistiu no uso isolado deste medica-
boão da Serra, SP. Todos os animais se- ta ao tratamento quimioterápico como mento, durante a chamada fase pré-qui-
lecionados para o estudo eram fêmeas diagnóstico terapêutico. mioterapia, em três aplicações subcu-
não castradas. As cadelas eram de idade Todos os animais selecionados para o tâneas semanais, durante o período de
variável e sem raça definida. estudo, em ambos os grupos, obedece- dois meses. No primeiro mês foi uti-
Os dados obtidos do grupo controle ram a critérios de inclusão e exclusão lizado o Viscum album pyrus malus L.
histórico foram provenientes dos pron- estabelecidos previamente ao início do D2 (10mg/mL), no segundo mês foi uti-
tuários do Hovet - USP, a partir da sele- estudo. lizado o Viscum album pyrus malus L.
ção de casos atendidos na mesma época D3 (1mg/mL) em dias alternados com
e que obedeciam aos critérios de inclu- Critérios de inclusão e exclusão aplicações de o Viscum album pyrus
são e exclusão utilizados para o grupo Critérios para inclusão no protocolo malus L. D1 20% (20mg/mL). Na
experimental. clínico segunda fase, deu-se início ao tratamen-
Para garantir o máximo de homoge- Fêmeas em idades variadas, raças va- to com o Viscum Album associado com
neidade entre os dois grupos, sendo riadas, não castradas, com diferentes o quimioterápico, sendo utilizado no
esses de origens diversas, comparou-se fases de desenvolvimento de massa tu- terceiro mês o Viscum album pyrus
o peso e a idade dos mesmos antes do moral, ausência de tratamento prévio a) Oncovin. Eli Lilly do Brasil Ltda. São Paulo, SP
início do tratamento, por meio de análise para TVT. b) Viscum album M. Weleda do Brasil Ltda. São Paulo, SP

80 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


malus L. D4 (0,1mg/mL) e no quarto leucopenia e recidivas entre os grupos evolução do protocolo proposto estão
mês o Viscum album pyrus malus L. D5 foram analisadas pelo teste de Fisher. nas figuras 2, 3 e 4.
(0,01mg/mL). Este protocolo de trata- Em todos os casos, foi fixado o valor de Além de reduzir o tempo de trata-
mento foi elaborado considerando que p≤0,05. mento com o quimioterápico vê-se, na
alguns autores referem ser o Viscum figura 5, que os animais tratados previa-
album pyrus malus L. mais indicado Resultados mente com o Viscum album M tiveram
para o tratamento de tumores ginecoló- Conforme resultados apresentados na menor incidência de leucopenia ao final
gicos. Quanto à apresentação, as mais figura 1, a avaliação de uma possível di- do tratamento na comparação com o
concentradas, D2 e D1 20%, teriam um ferença de peso e de idade entre os ani- grupo controle histórico. A incidência
efeito mais citotóxico, enquanto as mais mais dos dois grupos antes do início do de casos que não apresentaram leucope-
diluídas, D4 e D5, teriam efeito imu- tratamento indicou que as duas amos- nia ao final do tratamento foi, respecti-
noestimulante. Portanto, optamos por tras, ainda que provenientes de serviços vamente, de 87,5% para o grupo experi-
utilizar as apresentações mais diluídas e épocas diferentes, foram homogêneas mental (sete em oito animais) e de 33%
em associação ao tratamento quimiote- entre si. A distribuição por raça não foi para o grupo controle histórico (três em
rápico. 32 avaliada. Assim, a análise dos resulta- nove animais). Considerando-se ainda
O extrato da planta Viscum album é dos demonstrou não haver diferença es- os dados dos hemogramas dos animais
obtido por meio do processo de fermen- tatisticamente significante entre os gru- do grupo experimental, nota-se que a
tação láctica e diluição em solução sali- pos quanto à idade média e o peso dos incidência de leucocitose na fase inicial,
na isotônica, na concentração a ser uti- animais estudados. em três dos oito animais, foi mantida na
lizada 36, segundo um processo de “dina- Não se verificou, também, diferença fase pré-quimioterapia e também na
mização”, ou seja, diluição da prepara- significativa em relação ao tempo de- fase final. Não houve alterações signi-
ção básica seguida de agitação ou su- corrido entre o diagnóstico e o início do ficativas na série vermelha, em nenhuma
cussão. A concentração de insumo ativo, tratamento, avaliado em semanas, indi-
também chamada de preparação básica, cando que os tratamentos iniciaram-se

Gisela Novaes Fontão Lefebvre


obedece à escala Decimal (D). Na em igualdade de condições entre os gru-
primeira dinamização, D1 ou DX tem- pos (Figura 1).
se uma diluição correspondente a uma O dado mais relevante do estudo con-
parte de insumo ativo em nove partes de siste na constatação de que o tratamento
insumo inerte, também chamado de prévio com o Viscum album M reduziu
excipiente. Na segunda dinamização o tempo de tratamento quimioterápico
decimal, D2 ou 2X, tem-se uma diluição de maneira estatisticamente significante
correspondente a uma parte da D1 em (Mann-Whitney, p = 0,0372) em relação
nove partes do insumo inerte 39. E assim, ao grupo controle histórico (Figura 1). Figura 2 - Animal antes do início do tratamento
na mesma seqüência para as seguintes Avaliando-se o volume da lesão tu-
diluições, D3, D4 e D5, todas utilizadas moral no início do estudo, observou-se

Gisela Novaes Fontão Lefebvre


no presente estudo. que não houve diferença estatisticamen-
No grupo controle histórico consta- te significante entre os grupos. Desta
tou-se a utilização de quimioterápico forma, a redução no tempo de tratamen-
associado a imunoterápicos diversos, to quimioterápico necessário para a re-
tais como: oximetolona c,4mg/kg/dia; missão completa do tumor pode ser atri-
timomodulina d,1 mL/dia; lisado de buída exclusivamente ao tratamento
órgãos e complexo B e e Parapox vírus prévio com Viscum album M. O volume
ovino f , 1,0mL/semana. Os tratamentos final, para todos os animais foi zero,
foram utilizados em diversas etapas do sendo este o parâmetro para estabelecer Figura 3 - Final da fase Viscum album isolado
tratamento, em função do acompanha- a “alta clínica”. Fotos ilustrativas da (pré-quimioterapia)
mento clínico, como terapia adjuvante à
Parâmetros experimental controle histórico
quimioterapia, com variação de tempo (N = 8) (N = 9)
de tratamento de dez a cinqüenta dias,
Peso (kg) 21,850 ± 9,425 18,967 ± 7,864
incluindo os períodos de recidivas.
Os dados obtidos foram analisados Idade (anos) 3,750 ± 1,909 3,667 ± 2,121
estatisticamente utilizando-se métodos Tempo para início do tratamento 13,571 ± 17,164 7,222 ± 4,944
de Bartlett para avaliação da distribui- (semanas)

ção da gaussiana dos dados, sendo indi- Tempo de quimioterapia (dias) 26,250 ± 10,320 53,444 ± 44,752 *
cado o método Mann-Whitney, para Volume da lesão inicial 13,463 ± 21,388 19,688 ± 19,592
comparação das médias de ambos os (volume globular médio)

grupos. As diferenças de incidência de Figura 1 - Diferentes características observadas nos animais dos dois grupos estudados.
c) Linfogex. Climax S.A. São Paulo, SP
Resultados expressos em média ± desvio padrão. O valor de N para o grupo experimental foi de
d) Hemogenim. Sanofi-Aventis. São Paulo, SP oito animais e para o grupo controle, de nove animais. São Paulo - 2004
e) Leucogen. Aché Laboratórios Farmacêuticos. Guarulhos, SP *Mann-Whitney, p≤0,05
f) Baypamun. Bayer S.A. São Paulo, SP

82 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


nenhum animal apresentava alteração outros processos concomitantes, tais

Gisela Novaes Fontão Lefebvre


de mucosas. Observando-se os sintomas como necrose/apoptose e inflamação
digestivos (normoquesia, normodipsia, aguda, conforme ilustrado na figura 6.
normorexia e emese) e genito-urinários Na fase final, em muitos animais, não
(secreção mamária e normúria), ne- foi possível realizar o exame histopato-
nhum dos animais apresentou alterações lógico, devido à ausência de massa tu-
significativas em nenhuma das fases do moral para retirada de fragmento.
estudo. Isolando-se o parâmetro “corri- A incidência de recidivas em até três
mento vaginal”, contudo, notou-se que meses após o término do tratamento foi
Figura 4 - Final do tratamento Viscum album
cinco dos oito animais do grupo experi- menor no grupo experimental em
associado à quimioterapia mental apresentavam corrimento vagi- relação ao grupo controle histórico,
nal nas fases inicial e pré-quimioterapia, embora sem significância estatística
das diferentes fases do tratamento. mas na fase final nenhum dos animais (Figura 5).
A avaliação clínica global dos ani- apresentava tal sintoma.
mais do grupo experimental, ao final do Observou-se presença de necrose da Discussão
estudo, também foi bastante satisfatória formação tumoral em sete dos oito ani- De acordo com os relatos de literatu-
(Figura 5). Infelizmente, tais dados não mais na fase inicial, em três animais na ra, o Tumor Venéreo Transmissível (ou
estavam disponíveis nos prontuários fase pré-quimioterapia e em nenhum TVT) é de freqüência alta na América
dos animais que compuseram o contro- após o tratamento com o quimioterápico Latina, 3,4,5 contrastando com a sua baixa
le histórico. Assim, não foram observa- associado. Não foram observadas me- incidência nos países mais desenvolvi-
das alterações nos sistemas cardiorespi- tástases em nenhuma das fases do estu- dos 5. No decorrer deste estudo constata-
ratório e linfo-hematopoiético em ne- do. O diagnóstico clínico do TVT foi mos alta freqüência de casos de TVT,
nhuma das fases do estudo, mas em re- confirmado pelo exame histopatológico sendo a maioria dos animais com livre
lação à alteração da coloração de muco- em todos os animais do grupo experi- acesso à rua. Infelizmente, a fim de obe-
sas dos animais experimentais notou-se mental, tanto na fase inicial quanto na decer rigorosamente aos critérios para
que na fase inicial dois animais, apre- fase pré-quimioterapia, sendo, nesta úl- inclusão no protocolo proposto e dadas
sentavam mucosas pálidas; na fase pré- tima, constatada a presença de células tu- as limitações por parte dos proprietários
quimioterapia, um animal manteve esta morais em número bastante reduzido. O dos animais em concluir o tratamento,
alteração e na fase final do tratamento, exame histopatológico revelou também não foi possível contabilizar um número
maior dos animais tratados. Quanto aos
Parâmetros experimental controle demais parâmetros epidemiológicos,
(N = 8) (N = 9) observou-se que não há predisposição
Leucopenia racial e a maioria dos animais tratados
Sim 12,5% 67% * eram sem raça definida.
Não 87,5% 33% A faixa etária dos animais observada
Recidiva neste estudo foi de dois a sete anos, em
Sim 0% 22% média, relacionada ao período de maior
Não 100% 78%
atividade sexual dos animais. Foram
Figura 5 - Avaliação da incidência de leucopenia e de recidivas observadas nos animais dos dois observadas lesões tumorais com ca-
grupos estudados, ao final da quimioterapia. Resultados expressos em porcentagem. O valor de N
para o grupo experimental foi de oito animais e para o grupo controle, de nove animais. São Paulo
racterísticas clínicas compatíveis com
- 2004 os dados de literatura, localizadas na
* Teste de Fisher, p≤0,05 genitália das fêmeas não castradas. As

Nome do animal Pretinha July Fog Laika Meggy Luma Lacraia Faísca
Diagnóstico inicial TVT TVT TVT TVT TVT TVT TVT TVT
Processos concomitantes
N N/H N/H Ne / E (++) N N ndn E
(inicial)
Diagnóstico
TVT reduzido TVT V TVT reduzido TVT TVT * raras TVT
pré-quimioterapia
Processos concomitantes
N (+++) N (++) L N (+++) Ne; E; L; M Ne; E; L; M * L; M
(pré-quimio)
Diagnóstico final TVT reduzido ndn ndn TVT TVT reduzido ndn ndn ndn
Processos concomitantes
Ne; E; L; M ndn ndn N (+++) Ne; E; L; M ndn ndn ndn
(final)
* Material autolisado, impedindo análise adequada do material

Figura 6 - Principais parâmetros observados nos exames histopatológicos dos animais do grupo experimental. TVT = tumor venéreo transmissível;
N = necrose / apoptose; H = hemorragia; Ne = neutrófilos; E = eosinófilos; L = linfócitos; M = macrófagos; V = vaginite; ndn = nada digno de nota;
São Paulo - 2004

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 83


massas tumorais eram em formas e esse aumento da incidência de resistên- o tratamento com Viscum album M
diâmetros variados, muitas vezes com- cia ao tratamento quimioterápico: a falha associado ao quimioterápico reduziu o
patíveis com o típico “aspecto de couve- nas aplicações pela falta de adesão ao tempo de tratamento com este último, o
flor”, de aspecto friável e sangramento tratamento por parte dos proprietários, o que representa menor risco de efeitos
vaginal persistente 15,40 . O diagnóstico custo do tratamento e a interrupção tem- colaterais, em especial, a leucopenia.
clínico do TVT foi confirmado em todos porária do tratamento devido a alterações De fato, a redução da incidência de leu-
os casos por exame histopatológico. hematológicas (linfopenia) 40,42. O com- copenia também se fez perceptível neste
Não foram constatadas diferenças prometimento do estado geral do ani- estudo, corroborando tal hipótese.
significativas entre os grupos, em rela- mal, muitas vezes constatado na prática, Outros dados interessantes obtidos do
ção ao peso, idade, volume tumoral como diminuição do apetite, êmese, grupo experimental foi a ausência de
médio inicial e tempo decorrido entre o fezes diarréicas e diminuição da vitali- recidivas e a estabilidade dos parâme-
diagnóstico e o início do tratamento. dade, também podem interromper tros clínicos gerais ao longo da execu-
Assim, constatou-se que o perfil epide- momentaneamente o tratamento qui- ção do protocolo, sendo observada a
miológico dos animais estudados estava mioterápico. Assim, diante da busca por ocorrência de expressivo processo infla-
de acordo com o perfil descrito na lite- melhores resultados no tratamento para matório local em cinco dos oito animais
ratura e compatível com o perfil encon- o TVT, tem sido utilizada na prática a do grupo, ao longo do tratamento.
trado nos animais do grupo controle associação de imunoterápicos ou de
histórico. Logo, pode-se dizer que o diferentes quimioterápicos. Conclusão
presente estudo partiu de uma amostra Nesse estudo, nota-se o uso de dife- Face aos resultados obtidos neste
representativa e isenta de viés experi- rentes imunoterápicos pelos animais do estudo, observou-se que o grupo experi-
mental. grupo controle histórico em fases dife- mental, em comparação ao controle his-
O tratamento quimioterápico com rentes do tratamento quimioterápico, tórico, apresentou redução do tempo de
sulfato de vincristina ainda é o mais uti- em geral nos momentos em que era tratamento associado à quimioterapia,
lizado na prática da clínica médica vete- constatada leucopenia ou quando a redução da incidência de leucopenia
rinária, porém, os casos de resistência lesão tumoral se apresentava refratária à durante o tratamento e ausência de
têm aumentado de maneira significativa ação do quimioterápico. Quanto aos recidivas. Quanto aos parâmetros de
nos últimos anos 16,18,41. Contribuem para animais experimentais, observamos que análise clínica geral, considerados no

84 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Tempo aproximado dos
procedimentos demonstrados:
Procedimento Tempo (min.)
Paramentação 4:50'
Mesa cirurgica 3:50'
Cães • macho 4:10'
• fêmea 12:10'
Gatos • macho 5:20'
• fêmea 8:50'
grupo experimental, não se observaram American Hospital Association. v. 18, n. 2, 27-PRIER, J. E. ; JOHNSON, J. H. Malignancy in a
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Conclui-se que a associação medica- 12-ROGERS, K. S. Transmissible venereal tumor. canine transmissible venereal tumor. Veterinary
mentosa proposta neste estudo é plausí- The Compendium of Continuing Education Radiology. v. 23, n. 5, p. 217-219, 1982.
vel e merece estudos futuros, em escala for the Praticing Veterinarian. v. 19, n. 9,
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missível canino: estudos imuno-histoquímicos
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86 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Métodos de diagnóstico Georgea Bignardi Jarretta
MV, profa. dra.

por imagem na avaliação


UNIMONTE e UNIMES
georgeabj@yahoo.com

de rins de pequenos Pedro Primo Bombonato


MV, prof. tit.
Depto. de Cirurgia/FMVZ-USP

animais - revisão bombonat@usp.br

Benedicto Wlademir De Martin

Diagnostic imaging modalities in the renal


MV prof. dr.
IVI
ivi@ivi.vet.br
evaluation of small animals - review
Modalidades de diagnóstico por imagen
en la evaluación de riñones de
pequeños animales - revisión de triagem e que oferece informações
importantes na avaliação renal. Já a
Resumo: As modalidades de diagnóstico por imagem, como a radiografia simples, a urografia excretora, a ultra-sonografia e
a cintilografia, são métodos complementares na avaliação de rins de pequenos animais. Sabe-se que cada uma destas ferra- medicina nuclear, representada pela cin-
mentas possui vantagens e limitações quanto às informações da morfologia e da função renal. A radiografia e a ultra-sono- tilografia, apesar de não ser comumente
grafia são métodos totalmente difundidos que fazem parte da rotina clínica de pequenos animais. Já a cintilografia tem uma
limitação quanto à sua disponibilidade em decorrência do alto custo do material e equipamento utilizados. A escolha por um utilizada no Brasil na rotina clínica,
método ou outro ou, ainda, a prioridade de utilização de cada modalidade fica a critério da suspeita clínica de determinada possui algumas vantagens sobre as ou-
afecção renal, salientando que, apesar destas ferramentas oferecerem informações importantes, os exames físico e laborato-
rial são fundamentais para um diagnóstico apurado. tras técnicas na obtenção de dados fun-
Unitermos: cães, gatos, ultra-sonografia, radiografia, cintilografia, renal cionais importantes, e sua incorporação
à clínica veterinária representa avanços
Abstract: Diagnostic imaging modalities, such as survey radiographs, intravenous pyelography, ultrasonography and
no diagnóstico das afecções renais.
scintigraphy, are complementary tools for renal evaluation in small animals. Each of these techniques has advantages and Todas estas modalidades diagnósti-
limitations as far as morphological and functional renal assessment is concerned. Radiography and ultrasonography are already
widely used in the small animal clinical routine, whereas scintigraphy is of more limited access due to the high costs of the
cas, porém, raramente são utilizadas
equipment and material involved. The selection of one or other modality is determined by the suspected disease, and although isoladamente, pois as informações clíni-
all of these modalities provide important information, the physical examination and laboratory tests are essential for an
accurate diagnosis.
cas oriundas de exame físico e valores
Keywords: dogs, cats, ultrasonography, radiography, scintigraphy, renal laboratoriais possuem participação in-
dispensável para um diagnóstico mais
Resumen: Las modalidades de diagnóstico por imagen, como la radiografia simple, la urografía excretora, la ultrasonografía, apurado das afecções renais.
y la cintilografía, son métodos complementarios en la evaluación de riñones de pequeños animales. Se sabe que cada una de
estas técnicas posee ventajas y limitaciones en cuanto a las informaciones de la morfología y de la función renal. La radiografía Ao longo de alguns anos, técnicas e
y ultrasonografía son métodos bien difundidos, siendo de rutina en la clínica de pequeños animales. La cintilografia tiene una equipamentos foram sendo aprimorados
limitación en cuanto a su disponibilidad dado su alto costo en materiales y equipamientos. Optar por un método u otro, o aun,
la prioridad de utilización de cada modalidad, queda a criterio de la sospecha clínica de determinada afección renal, para a aquisição de dados cada vez mais
resaltando que, a pesar de que todas estas herramientas pueden ofrecer informaciones importantes, los exámenes físico y precisos, e estudos relacionados aos
laboratorial son fundamentales para un diagnóstico preciso.
Palabras clave: perros, gatos, ultrasonografía, radiografia, cintilografía, renal meios de diagnóstico por imagem per-
mitiram avanços na utilização dos mes-
Clínica Veterinária, n. 70, p. 88-100, 2007 mos, principalmente no que se refere à
ultra-sonografia, modalidade esta que
oferece informações morfológicas im-
INTRODUÇÃO à avaliação clínico-patológica. A radio- portantes. Entretanto, ainda observa-
Os rins são órgãos vitais cujas fun- grafia simples, radiografia contrastada ram-se lacunas quanto às informações
ções mantêm a integridade fisiológica (urografia excretora) e a ultra-sono- da função renal que sejam suficientes
do organismo. Eles são passíveis de di- grafia são as técnicas mais comumente para uma intervenção terapêutica preco-
versas afecções cujos diagnósticos são utilizadas para se obter informações ce e eficaz das afecções renais de pe-
essenciais à manutenção da higidez do relacionadas aos rins de cães e gatos, e quenos animais, e a incorporação da
paciente. são consideradas ferramentas diagnós- cintilografia na rotina clínica de avalia-
Na busca de informações pertinentes ticas já padronizadas e consagradas na ção renal pode auxiliar no preenchimen-
quanto à morfologia e função dos rins medicina veterinária. Deve-se comentar to destas lacunas.
de pequenos animais, os exames de que, no Brasil, com a incorporação da O objetivo desta revisão foi descre-
diagnóstico por imagem foram, aos pou- ultra-sonografia na rotina clínica de ver as principais utilizações e salientar
cos, adicionados à rotina clínica veteri- pequenos animais, tem-se utilizado a as vantagens e limitações de cada uma
nária. As diferentes modalidades de radiografia abdominal com menor fre- das modalidades de diagnóstico por
diagnóstico por imagem disponíveis pa- qüência, apesar dessa modalidade mais imagem na avaliação de rins de peque-
ra pequenos animais são complementares antiga ser considerada uma ferramenta nos animais.

88 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO Urografia excretora

Georgea Bignardi Jarretta


Radiografia Pielografia intravenosa ou urografia
A radiografia abdominal simples tem excretora podem ser freqüentemente
um importante papel na avaliação de utilizadas quando a radiografia abdomi-
rins de pequenos animais. Ela fornece nal simples ou a palpação não fornecem
informações em relação ao tamanho, lo- informação adequada 2,5,6. O exame ava-
calização, opacidade e número 1,2 (Figu- lia a anatomia e a função qualitativa
ra 1). Todavia, um contraste radiográfi- renal em determinado grau 2,4,5. O exame
co adequado é necessário para permitir pode ser realizado em pacientes azotê-
uma boa visibilização dos rins nas ra- micos e não azotêmicos, mas a azotemia
diografias simples, o que significa gor- é uma contra-indicação se o animal esti-
dura suficiente no espaço dorso-peri- ver desidratado 2,5,6. A urografia excreto-
toneal e peritoneal 3. Há pouca infor- ra define com mais acurácia a localiza- Figura 2 - Imagem de urografia excretora de feli-
no doméstico em projeção laterolateral, eviden-
mação referente aos rins na presença de ção, o tamanho e a forma dos rins, for- ciando as pelves renais e ureteres sem alte-
líquido dorso-peritoneal e peritoneal, necendo informações eficientes com re- rações
assim como uma grande quantidade de lação ao sistema coletor 1. O preparo do
ingesta ou fezes pode também preju- paciente para este procedimento con- devem ser realizadas quando as estrutu-
dicar uma boa visibilização dos rins 2,3. siste em 24 horas de jejum, enema (se ras se apresentam no seu tamanho má-
necessário) e avaliação da hidratação 1,2. ximo e de maior densidade radiográ-
Os agentes utilizados para a urografia fica. Considerando-se a melhor ava-
excretora são hidrossolúveis, e os meios liação de parênquima, pelve, divertícu-
de contraste são agentes iônicos. Estes lo e ureter, as melhores radiografias são
Georgea Bignardi Jarretta

agentes possuem uma alta osmolarida- obtidas aos 5, 20 e 40 minutos 5. Um es-


de, portanto, se o paciente apresentar tudo normal é considerado completo
reações a eles, as soluções não-iônicas, quando os contornos renais são visibi-
como o iohexol, são recomendadas 7. lizados e a pelve e ureteres opacifica-
Existem basicamente duas técnicas dos até a vesícula urinária 6. A excreção
diferentes para administrar o meio de pode ser considerada retardada quando
contraste quando se realiza uma urogra- a pelve não se opacifica dentro de três
fia excretora: infusão rápida de peque- minutos após a injeção de contraste 8.
Figura 1 - Imagem de radiografia simples
abdominal de felino doméstico no volume de contraste e infusão lenta O nefrograma oferece informações
de grande quantidade de contraste. O sobre morfologia e função renal, e a ra-
Portanto, como os rins são clara- método de infusão lenta é raramente diopacidade depende do número de né-
mente vistos em 50 % das radiografias utilizado e consiste em administrar o frons funcionais, do volume destes né-
abdominais simples nos cães, quando agente por via endovenosa durante 10 a frons e da concentração do meio de con-
estes órgãos são o alvo da avaliação ra- 15 minutos 4,6. A infusão rápida como traste nos túbulos renais (portanto, é
diográfica, um preparo adequado deve “bolus” é o método mais comumente proporcional à dose) 9.
ser realizado, como jejum e enema 4. utilizado, no qual administra-se o Assim, a urografia excretora oferece
agente numa dose de 850mg/kg pela informações quanto ao número, tama-
Radiografia simples veia cefálica ou jugular 2,4,5. A radio- nho, localização, forma, contorno, den-
As projeções ventro-dorsal (VD) e grafia realizada nos primeiros segundos sidade radiográfica e aspectos qualita-
lateral são necessárias para um estudo após a injeção mostra a fase vascular, tivos da função 2,3,4,10.
completo dos rins, mas a projeção ven- quando o córtex renal é mais opaco que Na realização de uma urografia ex-
tro-dorsal é considerada a ideal para a medula. A opacificação do parênqui- cretora, considera-se que uma radiogra-
avaliação de tamanho. Em cães, o rim ma funcional é o nefrograma, e o pielo- fia simples deve ser realizada previa-
direito normalmente estende-se de T12 grama é definido como a fase onde os mente em qualquer condição.
a L1 e o esquerdo de L1 a L3; enquanto divertículos, pelve e ureter são opacifi-
que nos gatos, ambos normalmente lo- cados. Portanto, uma projeção ventro- Alterações renais observadas ao
calizam-se ventralmente à L1 a L4 1, dorsal é obtida 5 a 20 segundos após a exame radiográfico
mas a posição é mais variável nessa injeção do meio de contraste para ava- Quanto às alterações de tamanho, a
espécie 4. liação da fase vascular (essa fase, radiografia simples pode oferecer infor-
O valor normal para tamanho na ava- porém, raramente é detectada). A partir mação suficiente na projeção ventro-
liação dos rins na projeção ventro-dor- de então, uma projeção lateral e uma dorsal, na qual os dois rins são avalia-
sal está relacionado ao comprimento da ventro-dorsal são realizadas aos 5 e 15 dos no paciente bem preparado, por
segunda vértebra lombar (L2). Os rins minutos, apesar de várias seqüências meio da comparação do comprimento
normais de cães variam de 2,5 a 3,5 terem sido sugeridas na literatura 1,2,4,5 dos rins com o comprimento de L2. Au-
vezes o comprimento de L2, enquanto (Figura 2). A projeção ventro-dorsal mentos de tamanho podem ocorrer devi-
que no gato variam de 2,4 a 3 vezes o normalmente oferece a maior quantida- do a doenças renais difusas, focais/mul-
comprimento de L2 1,2,4. de de informações 6. As radiografias tifocais e também doenças ocasionadas

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 89


por alterações do sistema coletor 1,10. os diferenciais quanto às doenças. Po- restantes (na doença renal, alguns
Estas incluem uma grande variedade de rém, apesar dessa modalidade fornecer néfrons são destruídos) levam um tem-
diferenciais, como doenças agudas, lin- certo grau de informação qualitativa po maior para excretar o meio de con-
foma, peritonite infecciosa felina, doen- sobre função, ela não deve ser substituí- traste 6. Um pielograma é considerado
ça renal policística, neoplasia, abscesso, da pelo exame clínico e testes laborato- retardado quando a pelve não é opacifi-
amiloidose, pseudocisto peri-renal, hi- riais de função renal 10, já que níveis sé- cada dentro de três minutos após a
dronefrose e pielonefrite 1,10. Portanto, o ricos de uréia e creatinina elevados injeção de contraste, como mencionado
aumento de tamanho detectado na ra- podem ocorrer numa excreção adequa- previamente 6,9.
diografia simples isoladamente não da; assim como alguns animais podem A hidronefrose pode ser classificada
oferece um diagnóstico apurado 1,6,10. apresentar opacificação deficiente na como leve, moderada ou severa. Nor-
O contorno e a forma dos rins podem urografia excretora mesmo apresentan- malmente, um rim hidronefrótico é uni-
ser avaliados nas radiografias simples. do valores séricos normais desses referi- formemente aumentado 6,12, com mar-
Alterações na forma ocorrem devido a: dos elementos 10. A correlação entre a gens lisas, porém irregulares 12. A hidro-
pseudocistos peri-renais, doenças infil- qualidade da urografia excretora e o nefrose leve aparece como uma pelve li-
trativas, neoplasias, cistos (nos quais nível sérico de uréia e creatinina nos geiramente dilatada, enquanto que a
pode ou não haver renomegalia) ou rins cães foi determinada, e foi demonstrado moderada apresenta uma dilatação pél-
em estágio final e fibrose, quando se que a uréia sérica não deve ser utilizada vica significativa. A hidronefrose severa
tornam estreitos, nodulares, triangulares como um parâmetro de prognóstico na é visibilizada na urografia excretora
ou arredondados (mas são pequenos em seleção de pacientes para a urografia ex- como uma grande dilatação da pelve
tamanho) 6,10. Pseudocistos e hidronefro- cretora, já que foi detectada uma quali- renal, um nefrograma prolongado e de-
se normalmente alteram a forma e pre- dade adequada de urografia excretora mora no preenchimento da pelve ou
servam o contorno 1. em cães azotêmicos. Portanto, pode-se opacificação retardada 15. Na hidronefro-
Os rins podem, ainda, apresentar afirmar que a urografia excretora é se em fase final, visibiliza-se somente
margens irregulares na pielonefrite, em segura mesmo em animais azotêmicos um discreto halo de cortical 6, e o siste-
fase terminal, displasia renal congênita, (exceto em pacientes desidratados) 14. ma coletor pode não ser visibilizado 12.
doença renal policística, linfossarcoma O nefrograma normal é representado A pielonefrite pode também ser ava-
e infartos 6. Podem também apresentar por uma boa opacificação inicial segui- liada através da urografia excretora. Em
forma normal com bordas irregulares na da de uma diminuição progressiva da um estudo, a pielonefrite foi induzida
peritonite infecciosa felina e no linfoma 1. radiopacidade 2. Quando o nefrograma em cães para comparar a urografia ex-
A doença renal policística, as neoplasias aparece imediatamente, porém menos cretora e a ultra-sonografia no diagnós-
e o abscesso normalmente causam rins opaco, e não diminui sua intensidade, tico da doença. Apesar de uma urografia
irregulares com forma alterada 1. mas permanece pouco opaco, isto pode excretora sem alterações não descartar a
Nas radiografias simples abdominais, ocorrer devido à doença glomerular crô- presença de pielonefrite, alguns achados
os rins possuem radiopacidade de teci- nica 1,2,9. Quando há opacificação defi- podem ser citados, como: dilatação da
dos moles. Na presença de anormali- ciente imediatamente, e torna-se mais pelve renal e ureter proximal, com pou-
dade esta radiopacidade pode ser altera- opaco com o tempo, isto pode significar co preenchimento ou não preenchimen-
da. Podem, por exemplo, possuir radio- obstrução aguda, insuficiência renal to do recesso pélvico e pouca opacifi-
pacidade gás na presença de bactéria 10, aguda, pielonefrite ou hipotensão sistê- cação renal 16.
ou como resultado de trauma com extra- mica 1,2,9. Nefrogramas densamente O ureter ectópico é a causa mais co-
vasamento de gás do espaço intraperito- opacificados imediatamente sem dimi- mum de incontinência urinária em cães
neal ou fontes extra-abdominais 2. Ra- nuição da opacidade podem representar e gatos jovens. Porém, tem sido de-
diopacidade mineralizada observada no necrose tubular aguda, pielonefrite agu- monstrado que o ureter ectópico deve
parênquima ocorre na presença de mi- da e insuficiência renal induzida por ter um diagnóstico diferencial em cães e
neralização distrófica ou metastática e contraste 2,7,9. Nefrograma denso persis- gatos com hidronefrose e hidroureter,
nefrocalcinose 1,10,11. Quando visibili- tente sem pielograma pode ocorrer na sem levar em consideração a presença de
zadas na pelve ou ureter, a radiopaci- presença de intoxicação por etilenogli- incontinência urinária 17. O ureter ectó-
dade mineral sugere a presença de cál- col 9. A opacificação não uniforme pode pico é definido como uma anormalidade
culo 10,12. ser visibilizada na presença de neopla- de desenvolvimento na qual um ou am-
Os rins podem ser deslocados caudal- sia, peritonite infecciosa felina, absces- bos ureteres terminam em um local que
mente, quando o fígado ou o estômago so, granuloma, hematoma, doença renal não o trígono vesical 17. A urografia
estão aumentados 6, o que significa que policística, infartos e doença glomerular excretora é importante no diagnóstico
seus deslocamentos podem refletir alte- generalizada crônica ou doença tubulo- desta afecção, já que se tem a informa-
rações nos órgãos adjacentes 10. Porém, intersticial 1,2. Finalmente, a não opacifi- ção da morfologia renal e ureteral 15,17,18.
rins ectópicos já foram descritos em ani- cação ocorre na aplasia/agenesia, na Além da urografia excretora, outras mo-
mais 2, ou ainda herniados, como na ca- obstrução da artéria renal, no parênqui- dalidades de diagnóstico têm sido utili-
vidade torácica 13. ma renal não funcional e, obviamente, zadas em animais com suspeita de
Muitas anormalidades renais causam na nefrectomia 2. ureter ectópico, como uretrografia, to-
alterações na urografia excretora. Por- Um nefrograma retardado ocorre nor- mografia computadorizada e cistos-
tanto, este procedimento pode estreitar malmente porque os néfrons funcionais copia 18,19.

90 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Pielografia retrógrada Uma grande quantidade de gordura

Georgea Bignardi Jarretta


A pielografia retrógrada é uma técni- nesta área não deve ser confundida com
ca que oferece um bom preenchimento litíase, já que também pode produzir
de contraste do ureter, com risco míni- sombra acústica 24. A vasculatura renal é
mo de nefropatia induzida por contraste, definida como artérias interlobares
já que não ocorre administração sistêmi- (entre as pirâmides renais), artérias
ca do meio de contraste 20. O contraste arqueadas (na junção córtico-medular),
é injetado diretamente na pelve renal, e artérias intralobulares (no córtex
e isto pode ser realizado através da renal) 33.
fluoroscopia 20,21,22, ou guiado por ultra- A maioria das cadelas senis normais
som 21,22. A técnica possui alta sensibili- possui a ecogenicidade da cortical
dade e especificidade no diagnóstico de menor que a do fígado e baço, algumas
obstrução ureteral 20,23 e avaliação da são isoecogênicas ao fígado e hipoeco-
anatomia do ureter e da pelve renal 21,22 gênicas ao baço e uma pequena porcen-
quando a urografia excretora é incom- tagem possui rins hiperecogênicos ao fí-
pleta ou questionável 21. Várias al- Figura 3 - Imagem ultra-sonográfica de corte
gado e hipoecogênicos ao baço; portan-
terações, como ureter ectópico, pielone- longitudinal de rim de felino doméstico sem to, cães senis não devem possuir a eco-
frite, hidronefrose 21 e fístula ureterova- alterações genicidade do córtex igual à esplênica e
ginal 22, podem ser avaliadas com a pie- há somente uma pequena alteração
lografia retrógrada. Porém, esta técnica desta característica devido à idade nesta

Georgea Bignardi Jarretta


exige anestesia geral, é invasiva e apre- espécie 34.
senta certo risco de hemorragia e ex- Em gatos, foi realizado um estudo
travasamento de contraste, sendo, por- para determinar de maneira quantitativa
tanto, pouco utilizada 20. a ecogenicidade do fígado e do córtex
renal em pacientes clinicamente nor-
Ultra-sonografia mais, utilizando análise de histograma 35.
A utilização da ultra-sonografia na Foi concluído que gatos normais pos-
avaliação dos rins em pequenos animais suem maior ecogenicidade da cortical; e
teve um rápido crescimento nos últimos apesar deste estudo ter demonstrado que
quinze anos 24. Há várias indicações para a ecogenicidade do fígado e do córtex
sua realização no que diz respeito à ava- renal em gatos pode ser quantificada, é
liação renal, como: evidências clínicas importante ter em mente que nem a
de doenças renais, alterações renais pal- avaliação ultra-sonográfica qualitativa
páveis e rins não visibilizados na radio- nem a quantitativa substituem a avalia-
grafia simples ou contrastada 25. A ultra- ção histológica 35.
sonografia renal oferece informações Normalmente, as estruturas visibili-
Figura 4 - Imagem ultra-sonográfica de corte
quanto ao tamanho, forma, localização, transversal de rim de felino doméstico sem zadas no plano sagital são: medula, cór-
arquitetura interna, e ainda avaliação alterações tex, cápsula e divertículo, e a imagem
das estruturas adjacentes 24,25,26,27,28. ideal é adquirida quando se visualizam
ao baço (quando comparado ao rim duas linhas ecogênicas paralelas forma-
Técnica e características normais esquerdo) 24. Porém, em gatos tem-se das pelo plano transversal dos divertícu-
Transdutores de 3,5 a 7,5MHz são observado que a presença de gordura no los. Ao corte transversal, a medula, cór-
normalmente utilizados para a ultra- epitélio tubular está associada, positi- tex e divertículo são vistos novamente,
sonografia renal em pequenos ani- vamente, com uma maior ecogenicidade e uma imagem apurada é obtida quando
mais 24,26,27,28,29. Os rins devem ser obser- do córtex, portanto o fígado e a cortical o sinal de “C” é visibilizado, represen-
vados nos planos sagital, dorsal e trans- renal podem ser isoecogênicos. A medu- tando a crista renal, e esta é a melhor
versal 24,25, para a garantia de que o órgão la apresenta-se anecogênica a hipoeco- imagem para avaliação da pelve e do
foi avaliado completamente. Em geral, gênica e a diferença em ecogenicidade ureter proximal 36. O corte transversal é
o rim esquerdo é mais facilmente iden- entre córtex e medula é maior em gatos facilmente obtido rotacionando-se o
tificado devido à sua localização 30, e às com uma grande quantidade de vacúo- transdutor 90º do plano sagital 29,37.
estruturas adjacentes a cada rim. Duran- los de gordura 25,32. A junção córtico- Em gatos, há uma zona hiperecogêni-
te o exame ultra-sonográfico, é possível medular é bem definida, como uma ca linear na medula (definida como
avaliar-se o córtex renal, medula, pelve, estreita linha ecogênica 25,32. A pelve sinal da medula), que representa depósi-
divertículo, gordura peri-renal e cápsula renal e a gordura peripélvica são hipere- tos focais microscópicos de minerais no
renal 31 (Figuras 3 e 4). cogênicas 25, porém é importante saber lume tubular 32 (Figura 5).
Os rins normais possuem o córtex li- que a cavidade pélvica nem sempre é Em cães, apesar do sinal da medula
geiramente hipoecogênico com relação ao visibilizada, mas sim as estruturas hi- ter sido observado em uma grande va-
fígado (quando comparado o rim direito perecogênicas adjacentes, como gordura, riedade de afecções renais, este não é
com o lobo caudado) e hipoecogênico tecido fibroso, e adventícia vascular 24. um indicativo de lesão renal. O sinal da

92 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


É difícil estabelecer parâmetros ultra- já que os rins com doenças parenquima-
sonográficos renais normais para tama- tosas difusas podem apresentar-se den-
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nho em cães, devido à grande variedade tro dos limites da normalidade 25. A ul-
de tamanhos desta espécie. Porém, na tra-sonografia deve ser sempre associa-
tentativa de determinar uma variação da com os achados clínicos e/ou outros
normal de tamanho renal para cães, foi métodos de diagnóstico por imagem
construído um gráfico relacionando para oferecer diagnósticos diferenciais e
comprimento renal e peso corpóreo, uti- detectar precocemente as alterações 24.
lizado para determinar rapidamente e Os achados ultra-sonográficos das
com confiança da ultra-sonografia se o doenças renais podem ser difusos, fo-
comprimento renal e o volume estão cais ou multifocais 24,36,43 e as lesões
Figura 5 - Imagem ultra-sonográfica de rim de fe-
dentro dos limites da normalidade. Tem podem estar localizadas no córtex, me-
lino apresentando sinal da medula (podendo não sido demonstrado que este gráfico pode dula, seios ou de forma generalizada 36,43.
representar significado clínico nesta espécie) ser utilizado para avaliar o tamanho As anormalidades difusas incluem
renal somente de cães que pesam entre alterações na ecogenicidade da cortical
medula possui pequena correlação com 10-70kg, com 95% de confiança 29. e/ou da medula, como aumento, dimi-
prognóstico devido à grande variedade Sabe-se também que a diurese pode nuição ou alterações mistas 24,25,36,43 (Fi-
de diferenciais (apesar de indicar causar alterações renais que devem ser gura 7). A perda de definição entre cór-
prognóstico grave para intoxicação por diferenciadas de algumas afecções, tex e medula também é considerada
etilenoglicol) 38. É importante saber como pielonefrite, hidronefrose inicial uma alteração difusa 24,25, quando a jun-
identificar um halo (separação hipoeco- ou trauma. Um estudo caracterizou os ção córtico-medular aparece pouco defi-
gênica na junção córtico-medular), repre- efeitos da fluidoterapia endovenosa em nida ou não é visibilizada, normalmente
sentando a medula normal entre o cór- rins de cães, e foi observado que a diu- devido ao aumento da ecogenicidade da
tex e o sinal da medula, para determinar rese não influenciou em nenhuma das cortical e medular 24,25.
com precisão a presença desta alteração. dimensões renais; porém, a maioria dos O córtex hiperecogênico pode ser
O sinal da medula possui normalmente rins examinados apresentou pielectasia observado em cães com glomerulonefri-
de 1 a 3mm, e pode estar presente quan- sem ureterectasia (que pode ser um fator te, calcificação parenquimatosa difusa,
do há depósitos de minerais ou processo importante para diferenciar pielectasia necrose tubular 36, glomeruloesclerose,
infiltrativo, como nefropatia hipercalcê- de hidronefrose (Figura 6) ou pielone- amiloidose e nefrocalcinose 25. A nefro-
mica, necrose tubular e peritonite infec- frite) 41. Outro estudo também demons- patia hipercalcêmica também pode le-
ciosa felina (PIF) 38. Apesar de alguns trou pielectasia leve a moderada em var a um discreto aumento da ecogeni-
autores acreditarem que este achado ul- cães, secundária a fluidoterapia endove- cidade da cortical, porém com a junção
tra-sonográfico é um indicador adicio- nosa 42. córtico-medular definida 44. Aumento di-
nal de lesão renal primária em alguns fuso da ecogenicidade do parênquima
animais 38, outros acreditam que o sinal Alterações renais observadas ao exame com diminuição da definição córtico-
da medula como única alteração ocorre ultra-sonográfico medular pode ser visibilizada em cães
provavelmente em cães sem disfunção A ultra-sonografia pode ser útil na com doença renal em fase terminal, ne-
renal, concluindo que cães com doença avaliação de doenças renais, e estas al- crose tubular, nefrite intersticial e glo-
renal e sinal da medula devem ter outros terações podem estar relacionadas ao ta- merulonefrite 36. Em gatos, a hipereco-
sinais ultra-sonográficos para que se manho, contorno, forma, ecogenicidade genicidade difusa do córtex com junção
considere o sinal da medula como um e arquitetura interna. É importante saber córtico-medular preservada tem sido
achado significativo 39. que a maior parte dos diagnósticos das vista em animais com linfoma, nefrite
afecções renais não deve ser baseada so- intersticial, glomerulonefrite, peritonite
Mensurações mente nos achados ultra-sonográficos,
Sabe-se que doenças renais podem
causar alterações na forma e tamanho
Georgea Bignardi Jarretta
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dos rins. Portanto, é importante identi-


ficar o tamanho normal na avaliação dos
rins em pequenos animais As mensura-
ções lineares renais são facilmente reali-
zadas ultra-sonograficamente, e assim,
o volume renal pode ser calculado 40.
Normalmente, o comprimento é obti-
do pelas imagens sagitais (da margem
cranial à caudal), e a largura e altura são
adquiridas pelo corte transversal 40. O
corte coronal, ao longo do eixo renal, Figura 7 - Imagem ultra-sonográfica de rim direi-
Figura 6 - Imagem ultra-sonográfica de hidrone- to de cão com aumento da ecogenicidade de re-
também permite a mensuração de com- frose severa em cão, com presença de reforço gião cortical (alteração que, apesar da baixa es-
primento e largura 37. acústico posterior pecificidade, pode representar uma nefropatia)

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 93


infecciosa felina e metástase de carcino- o parênquima renal normal, causando demonstrado que a maioria das lesões
ma de células escamosas 43. O córtex hi- uma nefrite intersticial crônica 46. Os cis- neoplásicas são expansivas e destrutivas
poecogênico é menos freqüente e pode tos renais são arredondados a ovóides, 36
. Os linfomas renais em gatos normal-
representar edema 24. Porém, é impor- anecogênicos (a não ser que estejam in- mente apresentam rins difusamente
tante saber que doenças difusas do pa- fectados, hemorrágicos ou que conte- hiperecogênicos 43.
rênquima podem não apresentar nenhu- nham debris), lisos, bem definidos, com Massas sólidas benignas não podem
ma alteração ultra-sonográfica 24,25,36,43; paredes finas e reforço acústico distal ser diferenciadas de neoplasias 25,36, ape-
portanto, uma aparência ultra-sonográ- 46,47,48
. A ultra-sonografia pode diagnos- sar delas normalmente possuírem mar-
fica normal dos rins em cães e gatos não ticar a doença antes do aparecimento gens lisas e mínima alteração da arqui-
exclui a presença de doença. dos sinais clínicos, e isto tem grande tetura 43. Porém, elas devem ser definiti-
Assim, pode-se dizer que a ultra-so- importância, já que a afecção é transmi- vamente diferenciadas somente por
nografia é vantajosa no que se refere às tida geneticamente e pode se apresentar exame histológico. Lesões sólidas não
informações da arquitetura renal inde- em animais jovens 47,48. Os cistos podem neoplásicas podem incluir granulomas,
pendentemente da função renal, mas estar presentes em um ou ambos os rins hematomas, infartos, abscessos, heman-
não é específica para a classificação mi- e variam em tamanho 47 (Figura 8). giomas e necrose, e suas ecogenicidades
croscópica das doenças 36. variam com a celularidade e o compo-
Como discutido previamente, o sinal nente fibroso 24,36,43.

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da medula, definido como uma linha Infartos são caracterizados como
ecogênica na região medular paralela à lesões hiperecogênicas na cortical, que
junção córtico-medular, pode ou não são mais largas na periferia e se estrei-
representar alteração renal. Ele tem sido tam em direção à junção córtico-me-
observado na presença de intoxicação dular 51.
por etilenoglicol, nefropatia hipercal- Cálculos renais são caracterizados ul-
cêmica, PIF e nefrite 38, mas cães com tra-sonograficamente como estruturas
doença renal e sinal da medula apresen- hiperecogênicas formadoras de sombra
tam normalmente outras alterações acústica na pelve renal 12,25,52 (Figura 9).
ultra-sonográficas 39. Eles podem ser difíceis de diferenciar
A ultra-sonografia tem importante da pelve normal hiperecogênica 24. Ne-
papel no diagnóstico de leptospirose ca- Figura 8 - Imagem ultra-sonográfica de rim frocalcinose, ou mineralização renal,
policístico em felino
nina. Entre os achados que podem indi- ocorre no parênquima e não na pelve, e
car a presença da doença estão: aumento O pseudocisto peri-renal é visibiliza- pode ou não formar sombra acústica 24,25.
da ecogenicidade da cortical, pielecta- do como líquido anecogênico entre a

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sia, sinal da medula, efusão perinéfrica cápsula e o parênquima renal, e seu con-
e renomegalia 45. teúdo pode ser urina, linfa, sangue ou
Considerando-se as alterações focais transudato 49.
e multifocais, a ultra-sonografia fornece A ultra-sonografia mostra alta sensi-
uma interpretação apurada das lesões 43. bilidade na detecção de massas no pa-
Ela diferencia facilmente as lesões sóli- rênquima renal; porém, possui baixa es-
das das císticas 24,36,43 e também tem pa- pecificidade, já que não possibilita o
pel importante na avaliação da distribui- diagnóstico do tipo de célula tumoral 50.
ção da doença 36. As lesões focais podem Vários tipos de neoplasia renal, como:
ser anecogênicas, hipoecogênicas, hi- hemangiossarcoma, nefroblastoma, pa-
perecogênicas ou mistas, e algumas piloma de células transicionais, linfo-
afecções, como hematomas, abscessos ma, adenocarcinoma, condrossarcoma,
Figura 9 - Imagem ultra-sonográfica de cálculo
ou nódulos necróticos mostram eco- carcinoma renal de células transicionais renal em cão, evidenciado pela sombra acústica
genicidades diferentes, dependendo da renais e linfossarcoma, possuem caracte-
celularidade e dos componentes fibro- rísticas variadas no exame ultra-sono- Considerando-se o sistema coletor, a
sos 36. As massas alteram a arquitetura gráfico 12,36,50. A ecogenicidade das lesões ultra-sonografia pode ser um importante
renal e os nódulos causam alterações neoplásicas está correlacionada com: a método na avaliação da pelve renal e do
mais discretas na arquitetura, e estas homogeneidade do tipo celular, vascu- ureter proximal. A pielectasia é definida
lesões focais podem ter qualquer ecoge- larização, grau de hemorragia e necrose, como qualquer tipo de dilatação da
nicidade, incluindo os nódulos isoeco- quantidade de tecido fibroso, deposição pelve renal, sem considerar a presença
gênicos 24. mineral, quantidade de colágeno e infla- de obstrução 42, e pode ser secundária a
A doença renal policística autossômi- mação 24,36,50. Portanto, a neoplasia renal fluidoterapia endovenosa 42,53. Os sinais
ca dominante é facilmente identificada pode aparecer focal, multifocal ou difu- ultra-sonográficos da pielectasia são:
pela ultra-sonografia em gatos. Os cis- sa; com ou sem distorção da pelve renal; separação da pelve renal ecogênica por
tos são normalmente formados a partir bem circunscrita ou de aspecto invasi- líquido anecogênico, faixa anecogênica
das células tubulares renais e, de acordo vo; e hipoecogênica, hiperecogênica ao meio de duas linhas hiperecogênicas
com o seu crescimento, eles comprimem ou mista 25,36,43,50. Entretanto, tem sido (paredes da pelve) no plano dorsal, e

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conteúdo anecogênico adjacente e me- determinar alterações deste valor na com uma localização diferente dentro
dialmente à crista renal, no plano trans- presença de doenças renais. O IR tem do rim 57.
versal 42. Quando induzida iatrogenica- baixa sensibilidade e alta especifici- Entre os radiofármacos mais comu-
mente, a pielectasia tem sido observada dade. Assim, sua importância está re- mente utilizados na avaliação renal,
assimetricamente, e isto pode ocorrer lacionada à detecção de alterações vas- encontramos: o DTPA, que é completa-
devido à posição do paciente 41. A di- culares antes dos achados ultra-sono- mente removido do plasma pelo glo-
latação pélvica é facilmente identificada gráficos em modo-B anormais e da per- mérulo, sem absorção ou secreção tubu-
quando a pelve é maior do que 3mm 24. da da função renal 55. Um IR aumentado lar, sendo utilizado para determinar a
A dilatação do ureter é visibilizada pode sugerir doença tubulointersticial taxa de filtração glomerular (TFG) 57,58,60;
como uma estrutura tubular anecogêni- ativa ou vascular, e um IR normal ou o MAG3: secretado pelos túbulos, com
ca originária da pelve renal 52. Pielone- diminuído é compatível com rins nor- pequena filtração glomerular, que avalia
frite, ou infecção bacteriana dos rins, mais ou doença glomerular, tubulointer- a função glomerular e tubular 61, e tam-
normalmente causada por infecção as- sticial e vascular. Tem-se observado que bém mensura o fluxo plasmático renal
cendente do trato urinário 53, pode tam- somente afecções ativas aumentam o efetivo (FPRE) 57,58,62; e finalmente o
bém ser avaliada ultra-sonografica- IR 55. O IR é também importante na DMSA, que é reabsorvido pelas células
mente. Seu diagnóstico é de alguma ma- diferenciação entre alterações do sis- do túbulo contorcido proximal 57,58,
neira difícil de ser realizado, devido à tema coletor obstrutivas e não obstruti- sendo utilizado para avaliação da mor-
ausência de sinais clínicos específicos. vas. O IR médio em rins parece aumen- fologia e função renal 57,58,60.
A dilatação da pelve renal com ou sem tar após a obstrução aguda (durante as A medicina nuclear pode ser dividida
dilatação do ureter proximal é normal- primeiras 24 horas) e diminuir após a em procedimentos de imagem e sem
mente observada no exame ultra-sono- resolução da obstrução ou em casos imagem (“clearance”).
gráfico. Além disso, pelo menos um ou crônicos 55. Apesar da ultra-sonografia O estudo de imagem, ou cintilo-
mais dos seguintes sinais ultra-sonográ- com Doppler ter suas limitações, ela é grafia, é baseado na mensuração extra-
ficos podem ser observados: hipereco- útil clinicamente na detecção de renal da captação dinâmica de agentes
genicidade generalizada da cortical, obstrução urinária em cães 56, e o IR pelos rins, utilizando-se uma gama-
margem hiperecogênica da mucosa den- pode ser utilizado como informação adi- câmara 58 (Figura 11). Ela fornece infor-
tro da pelve renal e ureter proximal, cional quando não há alterações na mações mais rapidamente e de maneira
ureter proximal com mais de 0,18cm, ultra-sonografia modo B 55 (Figura 10). menos estressante do que o clearance.
lesões focais da cortical hiper ou Também determina a TFG renal indi-
hipoecogênicas, áreas hiperecogênicas vidual 57,63.
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focais ou multifocais dentro da medula, Na cintilografia com 99mTc DTPA,


diminuição da definição córtico-medu- o animal é posicionado normalmente
lar, uma linha de ecogenicidade aumen- em decúbito lateral, com a gama-câma-
tada paralela aos vasos arqueados na ra localizada dorsalmente à porção cra-
junção córtico-medular, ureter com pe- nial do abdome 57,64,65. A radiação de cer-
ristaltismo alterado e cálculo renal 16,54. ca de 1-2 mCi de 99mTc DTPA é men-
Porém, a pielonefrite aguda é mais difí- surada numa seringa a 26cm do coli-
cil de ser diagnosticada, já que a dila- mador da gama-câmara, e determinada
tação pélvica é mais provável de ocorrer como a contagem pré-aplicação 64,65.
no processo crônico 24. Em um estudo A dose é então injetada como um
realizado, a ultra-sonografia foi capaz Figura 10 - Imagem ultra-sonográfica com tríplex-
“bolus”, seguida de lavagem com solu-
de identificar alterações para pielone- doppler renal de cão, sem alterações ção salina 63,64,65. As imagens são adqui-
frite em todos os rins a partir de um a ridas de diferentes maneiras, desde uma
dois dias após a indução da infecção 54. imagem por segundo num período de
Algumas doenças renais, como Cintilografia um minuto, representando a fase vascu-
obstrução, insuficiência renal aguda/ A medicina nuclear pode ser utilizada lar, como citam alguns autores 66, até
crônica, displasia, pielonefrite, e hidro- como um método rápido e não invasivo uma imagem a cada 60 segundos num
nefrose, podem ser também avaliadas para avaliação quantitativa da função período de 20 minutos, como nos estu-
por ultra-sonografia com Doppler. Atra- renal total e individual 57,58. Ela pode dos de outros 60. Ainda assim, diversos
vés desta técnica, é possível avaliar-se indicar alterações da função renal antes estudos cintilográficos são realizados
o fluxo sangüíneo renal através do das alterações séricas de uréia e creati- com um protocolo próprio, com uma
índice de resistividade (IR), que repre- nina 57. A modalidade também oferece grande variedade no tempo de captação
senta a impedância do leito vascular re- algumas informações morfológicas 57,59. das imagens 8,35,49,57,61,63,67,68,69,70,71,72,73,74,75.
nal à passagem do fluxo sangüíneo 55,56. O radioisótopo mais utilizado para Portanto, a aquisição das imagens é
O IR é calculado por meio da mensu- aplicações na medicina veterinária é o realizada por diferentes métodos, e
ração das velocidades de pico sistólico e 99mTecnécio (99mTc) 58, devido às suas por conseqüência, há um número dife-
diastólica final nas artérias interlobares características físicas. Uma grande varie- rente de imagens para cada estudo (Fi-
e arqueadas 55,56. O IR médio de cães nor- dade de radiofármacos está disponível gura 12).
mais foi determinado 56 e é possível para avaliação renal, cada um destes A gama-câmara é então rotacionada

96 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


cada rim é calculada. tubular renal 57,76,78, e o fluxo sangüíneo
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Curvas de tempo-ati- renal em rins transplantados 57. A inter-


vidade são construí- pretação deste estudo é semelhante ao
das (renogramas) 64. DTPA 22,25,37,55, porém com uma captação
A análise do renogra- rápida. Não há pico inicial na curva de
ma pode ser realizada renograma, já que a maior parte dos
em três fases da curva radiofármacos é excretada na primeira
obtida no exame. A passagem 57. Realiza-se o mesmo pro-
primeira é correspon- cedimento para DTPA, considerando-se
dente aos 15 a 20 se- posicionamento, contagem pré e pós-in-
gundos iniciais após a jeção, ROI, e correções para movimen-
injeção do radiofár- tação, profundidade (desconsiderando-
maco, quando há um se os gatos) e radiação de fundo 62,76,78.
rápido aumento da A porcentagem de dose renal de
contagem da ativida- MAG3 para avaliar a FPRE em cães
de, representando a possui uma boa correlação com o clea-
Figura 11 - Aparelho de cintilografia (gama-câmara), com felino chegada do radiofár- rance de PAH, que é considerado o pa-
doméstico sendo submetido ao exame cintilográfico maco à área de inter- drão-ouro para esta avaliação 76. Alguns
esse. A segunda fase é cães podem apresentar sinais de náusea
90º para uma vista lateral e obtém-se representada por um aumento mais dis- ou vômito após a injeção endovenosa de
uma imagem estática para estimar-se a creto da atividade, atingindo um pico 99mTc MAG3 77.
profundidade dos rins 57,63,65,76,77 para por volta de dois a quatro minutos (o Estudos de cintilografia normalmente
correção da absorção de tecidos moles tempo de pico, onde o T máximo é atin- exigem que o paciente fique imóvel por
(já que o tecido entre a gama-câmara e gido). A partir deste momento, a radioa- pelo menos seis minutos. Portanto, a
os rins absorve e espalha os raios tividade que tinha até então sido acumu- fim de reduzir ou eliminar os efeitos da
gama) 76,77. A câmara é então reposi- lada nos túbulos, começa a deixar a área movimentação para obter-se melhores
cionada e faz-se novamente a contagem de interesse através do sistema coletor e resultados, a contenção química pode
da seringa, agora para determinar a con- chega à vesícula urinária, representan- ser necessária. Então, os efeitos dos pro-
tagem pós-injeção. Portanto, calcula-se do, então, a terceira fase, ou fase de ex- tocolos de sedação mais comumente uti-
a dose injetada. Regiões de interesse creção 74. A taxa de excreção urinária é lizados devem ser conhecidos 8,71. Foi
(ROI) são traçadas ao redor da imagem calculada como o tempo necessário para demonstrado que a combinação de bu-
de cada rim 57,64,65. Regiões de interesse o acúmulo máximo de radioatividade torfanol e acepromazina promove ótima
são também traçadas para correção da (representado em minutos pelo T máxi- sedação sem alterar a TFG e é o proto-
radiação de fundo, normalmente próxi- mo) ficar reduzido à metade (T meio). colo recomendado para cães clinica-
mo aos pólos cranial e caudal de cada A cintilografia com uso de MAG3 é mente normais 8; e que a associação de
rim, evitando-se os ureteres 57,63,65 76. realizada para determinar o fluxo plas- medetomidina, butorfanol e atropina
A contagem de 99mTc DTPA em mático renal efetivo (FPRE), a função não aumenta a TFG total como ocorre
com medetomidina e butorfanol sem
atropina 71.
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Gatos anestesiados com isofluorano


podem apresentar uma diminuição de
porcentagem de dose de captação,
tempo do pico de atividade e fluxo
quando avaliados por cintilografia com
99mTc MAG3 78.
A acepromazina não influencia na
taxa de excreção urinária calculada
através do T 1/2 em cães 74.
Cintilografia com DMSA oferece
informação morfológica. Por meio deste
estudo é possível avaliar formações
como cistos, tumores, abscessos ou
trauma renal, assim como avaliação de
pielonefrite e função relativa da massa
renal. O procedimento para este estudo
é realizado de uma maneira diferente,
pois a captação da cortical deve ser
Figura 12 - Seqüência de imagens de cintilografia renal de felino, sem alterações (imagens avaliada de três a seis horas após a
captadas a cada 30 segundos, durante 30 minutos, totalizando 60 imagens) administração de 99mTc DMSA 57,60.

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 97


A utilização de 99mTc DTPA para do fluxo sangüíneo e da função, além de difusas nem para o tipo celular de
avaliar a função renal em cães com sus- não ser prejudicada pela ausência de massa. Portanto, quando qualquer acha-
peita de afecção renal mostrou-se de gordura ou presença de líquido 3. do ultra-sonográfico inespecífico ou
grande validade. Apesar do cão severa- Quanto à ultra-sonografia, apesar de subjetivo for observado, deve-se reali-
mente afetado em crise urêmica poder limitações como a presença de gás em zar uma citologia por agulha fina ou
ser avaliado por meio da concentração trato gastrintestinal, dificuldade de ava- biópsia guiada por ultra-som para me-
sérica de uréia e creatinina, o uso de liação ureteral, não-especificidade de lhor elucidar estas alterações.
99mTc DTPA é importante na avaliação várias afecções e falta de informação A urografia excretora deve ser reali-
de animais não azotêmicos e na pes- quanto à função, ela é uma ferramenta zada na suspeita de obstrução renal, já
quisa de futuras alterações, prognóstico diagnóstica de grande utilidade. É capaz que a ultra-sonografia não oferece mui-
e terapêutica 63. de diferenciar lesões císticas de sólidas, tas informações com relação a altera-
A terapia com gentamicina pode é um exame rápido e seguro, não é pre- ções ureterais. A urografia excretora
levar a complicações, como insuficiên- judicado pela ausência de gordura ou também oferece informações quanto à
cia renal aguda 60,61, e a cintilografia presença de líquido, fornece informa- função renal qualitativa, portanto, se a
renal é uma modalidade apurada e efi- ções quanto à arquitetura interna e guia função quantitativa é necessária, como
ciente da detecção destas complicações a citologia aspirativa e a biópsia 3. informação prévia a tratamentos signi-
renais, antes da instalação da insuficiên- A cintilografia renal possui algumas ficativos, como nefrectomia, a cintilo-
cia renal aguda 60. vantagens e desvantagens na avaliação grafia é o melhor método auxiliar na
A cintilografia renal também tem de rins de pequenos animais. Fornece avaliação da função individual do rim
papel importante na obstrução ureteral poucas informações morfológicas, é um contra-lateral.
em cães 67,68. A Medicina Nuclear auxilia exame radioativo e atualmente tem dis-
na diferenciação entre nefropatias ponibilidade de utilização limitada (de- REFERÊNCIAS
obstrutivas e não-obstrutivas, e isso tem vido ao alto custo do material e equipa- 01-GROOTERS, A. M. ; CUYPERS, M. L. D. ;
PARTINGTON, B. P. ; WILLIAMS, J. ;
sua importância já que a pielectasia mento, e à legislação específica relacio- PECHMAN, R. D. Renomegaly in dogs and cats.
pode ter uma causa não-obstrutiva, nada ao uso de radioisótopos) 3. Porém Part II. Diagnostic approach. The Compendium
como pielonefrite, trauma e fluidote- este método poderá representar uma on Continuing Education for the Practicing
Veterinarian, v. 19, n. 11, p. 1213-1228, 1997.
rapia endovenosa, e estas alterações modalidade de diagnóstico por imagem
02-THRALL, D. E. Textbook of Veterinary
podem ser tratadas clinicamente 68. importante, pois é considerado um exa- Diagnostic Radiology. Philadelphia: W. B.
Considerando-se o transplante renal, me simples, não estressante, não invasi- Saunders, 2003, p. 556-571.
que é o tratamento para doença renal vo 37,38,72, capaz de determinar a função 03-RIVERS, B. J. ; JOHNSTON, G. R. Diagnostic
crônica não responsiva ao tratamento renal global e individual 3,8,57,63,64; avalia imaging strategies in small animal nephrology.
clínico, a cintilografia renal é uma mo- as afecções renais subclínicas 57,59,60, os Veterinary Clinics of North America: Small
Animal Practice, v. 26, n. 6, p. 1505-1517,
dalidade de diagnóstico importante para efeitos dos agentes nefrotóxicos 59,60,61,54, 1996.
o monitoramento de possíveis compli- o sucesso do transplante renal 59,73,75, mo- 04-KEALY, J. K. ; McALLISTER, H. The
cações, como rejeição do rim trans- nitora a obstrução renal 67,68,69 e não é pre- Abdomen. In: Diagnostic Radiology and
plantado e necrose tubular aguda 75, e judicado pela presença de líquido, in- Ultrasonography of the Dog and Cat.
Philadelphia: W. B. Saunders, 2000, p. 19-148.
para diferenciar rejeição de outras gesta, pela falta de gordura e pela desi-
05-FEENEY, D. A. ; THRALL, D. E. ; BARBER, D.
afecções renais 73. dratação 3. L. ; CULVER, D. H. ; LEWIS, R. E. Normal
Desconsiderando-se os aspectos clí- canine excretory urogram: effects of dose, time,
DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES nicos que levaram a suspeita de doenças and individual dog variation. American Journal
FINAIS renais, a primeira modalidade de diagnós- of Veterinary Research, v. 40, n. 11, p. 1596-
1604, 1979.
Apesar da radiografia simples não tico por imagem requerida para a ava-
06-LORD, P. F. ; SCOTT, R. C. ; CHAN. K. F.
oferecer uma boa avaliação dos rins liação de rins é a radiografia simples. O Intravenous urography for evaluation of renal
quando há pequena quantidade de gor- tamanho, contorno, forma e radiopaci- diseases in small animals. Journal of the
dura ou presença de líquido e ingesta, dade serão avaliados. Na ausência de American Animal Hospital Association, v. 10,
p. 139-152, 1974.
oferecer informação limitada da achados significativos, o paciente deve
07-CARR, A. P. ; REED, A. L. ; POPE, E. R.
arquitetura renal interna e não avaliar a ser observado e tratado sintomatica- Persistent nephrogram in a cat after intravenous
função renal, este é um método não mente até ser necessária uma nova ava- urography. Veterinary Radiology &
invasivo e relativamente barato, que liação. Caso sejam observadas altera- Ultrasound, v. 35, n. 5, p. 350-354, 1994.
fornece informações importantes sobre ções relacionadas a quaisquer destes as- 08-NEWELL, S. M. ; KO, J. C. ; GINN, P. E. ;
tamanho, número, localização e densi- pectos, o paciente deve ser examinado HEATON-JONES, T. G. ; HYATT, D. A. ;
CARDWELL, A. L. ; MAURAGIS, D. F. ;
dade, além da visão panorâmica do ultra-sonograficamente para avaliação HARRISON, J. M. Effects of three sedative
abdome. A urografia excretora não ofe- mais detalhada das possíveis causas das protocols on glomerular filtration rate in
rece diagnóstico quando há diminuição anormalidades radiográficas. clinically normal dogs. American Journal of
Veterinary Research, v. 58, n. 5, p. 446-450, 1997.
excessiva da função renal, exige uma A ultra-sonografia é capaz de dife-
09-FEENEY, D. A. ; BARBER, D. L. ; OSBORNE,
adequada hidratação e pode causar rea- renciar várias causas de renomegalia, C. A. The functional aspects of the nephrogram
ções ou danos aos rins; porém, fornece contorno e forma alterados. Porém, ela in excretory urography: a review. Veterinary
informações importantes relacionadas não avalia a função renal e não fornece Radiology, v. 23, n. 2, p. 42-45, 1982.
ao sistema coletor, avaliação qualitativa um diagnóstico definitivo para alterações 10-KNELLER, S. K. Role of the excretory urogram

98 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


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100 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Obstrução de traquéia Renata Assis Casagrande
MV, mestranda

em uma arara-vermelha
VPT/FMVZ/USP
casagrande_vet@yahoo.com.br

(Ara chloroptera) em Luciana Neves Torres


MV, mestre
VPT/FMVZ/USP

decorrência da aspiração lu.torres@terra.com.br

de objeto metálico
Marcelo Queiróz Teles
Médico veterinário
Zoológico de Paulínia
marceloqt@hotmail.com

Tracheal obstruction in a green-winged Eliana Reiko Matushima


macaw (Ara chloroptera) due to the MV, profa. dra.
VPT/FMVZ/USP

aspiration of a metallic object


ermatush@usp.br

Histórico clínico
Obstrucción de tráquea en un guacamayo Uma arara-vermelha (Ara chloroptera),
macho, de aproximadamente seis anos
rojo (Ara chloroptera) debido a la de idade, mantida no Zoológico de
aspiración del objeto metálico Paulínia, Estado de São Paulo, foi reco-
lhida do recinto em julho de 2005 por
apresentar dispnéia acentuada com mo-
Resumo: Uma arara-vermelha (Ara chloroptera), macho, de aproximadamente seis anos de idade, mantida no Zoológico de vimentos caudais intensos. Durante o
Paulínia, apresentou dispnéia, oscilação caudal e óbito um dia após o início dos sinais clínicos. Na necropsia, à abertura da
traquéia observou-se estrutura metálica em forma de “V” com presença de cáseo obstruindo o lúmen. Microscopicamente, foi exame clínico a ave apresentou piora
evidenciado na traquéia necrose epitelial, metaplasia escamosa, infiltrado heterofílico na lâmina própria e proliferação fibro-
blástica, fibroplasia e neovascularização, cartilagem hialina com metaplasia óssea e medula óssea funcional. No lúmen da
dos sinais clínicos, e foi tratada com
traquéia observou-se fibrina, debris celulares, células inflamatórias degeneradas, derrame de hemácias, colônias bacterianas Enrofloxacino a (1mL/10kg IM, SID).
e Aspergillus sp. Relata-se, então, um caso de obstrução traqueal em arara-vermelha (Ara chloroptera) por processo infla- Não foi realizado exame radiográfico
matório crônico-fibrosante associado a colônias bacterianas e Aspergillus sp., em decorrência de corpo estranho.
Unitermos: sistema respiratório, oclusão, psitacídeos devido à ausência de recurso. Um dia
após o início do tratamento o animal foi
Abstract: A 6-year-old male green-winged macaw (Ara chloroptera) of the Paulínia Zoo presented with a history of acute onset
novamente contido fisicamente, passan-
dyspnea, caudal oscillation and died one day later. Necropsy revealed a metallic v-shaped foreign body associated with do a mostrar sinais de debilidade e
caseous lumen obstruction. Microscopically, the tracheal epithelium had multifocal severe necrosis and squamous metaplasia;
there was also a diffuse mild inflammatory heterophilic infiltration in the lamina propria, as well as proliferation of fibroblasts
vindo a óbito neste mesmo dia.
associated with fibroplasia and neovascularization. The hyaline cartilage displayed bone metaplasia associated with functional
bone marrow. Findings within the tracheal lumen included severe fibrin deposition, cell debris, degenerate inflammatory cells,
hemorrhage, bacterial colonies and fungal hyphae consistent with Aspergillus sp. This article reports a case of a green-winged
Descrição macroscópica
macaw (Ara chloroptera) on an acute onset dyspnea caused by an inflammatory infiltration in association with bacterial colonies O animal foi encaminhado ao Servi-
and Aspergillus sp, as a consequence of a foreign body.
Keywords: respiratory system, occlusion, psittacid
ço de Patologia do Departamento de Pa-
tologia da Faculdade de Medicina Vete-
rinária e Zootecnia da Universidade de
Resumen: Un guacamayo rojo (Ara chloroptera), macho, de aproximadamente seis años, del Zoológico de Paulínia,
presentó disnea y oscilación caudal, muriendo un día después. En la necropsia, al abrir la tráquea se observó una estructura São Paulo (FMVZ/USP) para realização
metálica en forma de “V” asociada con un material caseoso obstruyendo la luz. Microscópicamente fue observado necrosis de exame necroscópico. Macroscopica-
epitelial, metaplasia escamosa, infiltrado heterofílico en la lámina propia y proliferación fibroblástica con fibroplasia y
neovascularización, cartílago hialino con metaplasia ósea y médula ósea funcional. En la luz se observó fibrina, detritos mente foi observado excelente estado
celulares, células inflamatorias degeneradas, derrame de eritrócitos, colonias bacterianas y Aspergillus sp. De esta forma, se nutricional, com moderada quantidade
describe un caso de obstrucción traqueal por proceso inflamatorio crónico fibrosante asociado a colonias bacterianas y
Aspergillus sp. secundario a cuerpo extraño en un guacamayo rojo (Ara chloroptera). de depósitos de gordura subcutânea. À
Palabras clave: sistema respiratorio, oclusión, psitacideos abertura da traquéia evidenciou-se es-
trutura metálica em forma de “V”, com
Clínica Veterinária, n. 70, p. 102-104, 2007 aproximadamente 1,5cm, associada a
material caseoso esbranquiçado, obstru-
indo totalmente a luz (Figuras 1 e 2). Na
Introdução Em aves os corpos estranhos são mais porção distal da traquéia observou-se lí-
Aspirações de corpos estranhos e as- comuns no trato gastrointestinal 10, mas quido espumoso esbranquiçado indica-
fixia são relatadas com freqüência em há relatos de obstrução traqueal por tivo de edema. Os pulmões apresenta-
crianças 1, podendo resultar em signifi- corpo estranho, principalmente por se- vam edema acentuado, coloração aver-
cativa morbidade e mortalidade 2. Asfi- mentes 11. Foi descrito um caso de obs- melhada difusa e pleura esbranquiçada.
xia por aspiração de corpo estranho trução traqueal por semente em uma ca- Os demais órgãos não apresentaram al-
também tem sido documentada em pes- lopsita (Nymphicus hollandicus), a qual terações dignas de nota.
soas adultas 3. Nos animais existem vá- foi removida com sucesso por meio de
rios relatos em gatos 4,5,6,7 e em cães 8,9. um endoscópio 12. a) Flotril 2,5%®. Schering-Plough, São Paulo, SP

102 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Renata Assis Casagrande

Renata Assis Casagrande

Renata Assis Casagrande


Figura 3 - Arara-vermelha (Ara chloroptera),
traquéia: necrose epitelial superficial com proli-
Figura 2 - Arara-vermelha (Ara chloroptera). feração fibroblástica e neovascularização asso-
Corpo estranho encontrado no lúmen traqueal ciadas (asterisco). Cartilagem hialina com
Figura 1 - Arara-vermelha (Ara chloroptera),
traquéia: cáseo associado a corpo estranho, metaplasia óssea evidenciando medula óssea
obstruindo o lúmen (seta) funcional (setas) (HE, 40x)
por 24 horas, cortados em fragmentos
de aproximadamente 5mm e submeti-
Exame microbiológico dos a processamento histológico, incluí-

Renata Assis Casagrande


Durante a necropsia foi colhido san- dos em parafina, seccionados em cortes
gue cardíaco de forma asséptica (acon- de 5µm de espessura e corados por he-
dicionado em frascos de hemocultura), matoxilina e eosina (HE). Microscopi-
e transportado em aerobiose, para reali- camente, os fragmentos de traquéia re-
zação do exame microbiológico. velaram necrose epitelial multifocal
No Laboratório de Patologia Compa- acentuada associada a metaplasia esca-
rada de Animais Silvestres (LAPCOM) mosa, infiltrado inflamatório predomi-
a amostra foi processada de acordo com nantemente heterofílico difuso leve na
o seguinte protocolo: lâmina própria e proliferação fibroblás-
- Semeadura em estrias, por esgotamen- tica com fibroplasia associada a neovas-
to da superfície dos meios BHI ágar cularização. A cartilagem hialina apre- Figura 4 - Arara-vermelha (Ara chloroptera),
sangue de carneiro e ágar MacConkey; sentava metaplasia óssea com medula traquéia: lúmen com grande quantidade de fi-
- Incubação em estufa bacteriológica a óssea funcional (Figura 3). No lúmen tra- brina, debris celulares, células inflamatórias
degeneradas, derrame de hemácias associado
37 ºC em aerobiose. Não houve cresci- queal observou-se grande quantidade de a colônias bacterianas e hifas fúngicas morfo-
mento de bactérias na amostra de fibrina, debris celulares, células inflama- logicamente compatível com Aspergillus sp.
sangue cardíaco. tórias degeneradas, derrame de hemá- (seta) (HE, 100x)
cias associado a colônias bacterianas e
Descrição microscópica hifas fúngicas morfologicamente compa- com evidenciação de heterófilos em lu-
Fragmentos de todos os órgãos foram tível com Aspergillus sp. (Figura 4). Os mens vasculares e infiltrado inflamatório
fixados em formalina tamponada a 10% pulmões exibiam congestão moderada, heterofílico difuso leve no parênquima

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 103


pulmonar. A pleura apresentava depo- recomendada a colocação de uma sonda bodies in adults: experience with 62 patients
sição de fibrina, infiltrado inflamatório respiratória aerossacular, que possibili- from 1974-1998. European Respiratory
Journal, v. 14, n. 4, p. 792-795, 1999.
predominantemente heterofílico e der- tará a administração de oxigênio 11.
rame de hemácias difuso leve. Os de- A utilização do exame radiográfico 04-JUERGENS, L. ; WRIEG, H. H. Case report:
mais órgãos não apresentaram altera- em aves dispnéicas é de extrema impor- Tracheal foreign body in a cat. Kleintierpraxis,
ções dignas de nota. v. 36, n. 1, p. 36, 1991.
tância para o diagnóstico de lesões tra-
queais, pulmonares e alterações sistêmi- 05-PRATSCHKE, K. M. ; HUGHES, J. M. L. ;
Discussão e conclusão cas. Os corpos estranhos traqueais são GUERIN, S. R. ; BELLENGER, C. R. Foley
Em seres humanos, são raras massas removidos utilizando-se a endoscopia, catheter technique for removal of a tracheal
primárias na traquéia, sendo normal- foreign body in a cat. Veterinary Record,
lavagem traqueal ou traqueotomia 14.
v. 144, n. 7, p. 181-182, 1999.
mente secundárias a granulomas por Lesões avançadas necessitam traqueo-
corpo estranho, intubação ou granuloma tomia 11, a qual seria recomendada para o 06-TIVERS, M. S. ; MOORE, A. H. Tracheal
viral 13. Em aves, granulomas fúngicos, foreign bodies in the cat and the use of
presente relato, associado ao tratamento
fluoroscopy for removal: 12 cases. The Journal
principalmente por Aspergillus sp., são antimicrobiano devido à infecção se- of Small Animal Practice, v. 47, n. 3, p. 155-
causas comuns de obstrução primária de cundária instalada. 159, 2006.
traquéia, principalmente na siringe 11,14, A presença de pequenos objetos den-
apresentando os mesmos sinais clínicos 07-TOWNSEND, C. J. ; COPESTAKE, P.
tro de recintos, por descuido de funcio- Respiratory distress in a cat (Foreign body in tra-
observados neste caso, tais como dispnéia, nários ou mesmo lançados por visitantes chea). Veterinary Record, v. 125, n. 25, p. 630,
respiração com movimento de cauda e de zoológicos, constitui um grande risco 1989.
cianose. No presente relato, pode-se à saúde dos animais selvagens mantidos
assumir que o granuloma micótico foi 08-DAVIES, C. M. Tracheal foreign body in a
em cativeiro e até mesmo para os ani- German shepherd dog. Veterinary Record,
secundário ao corpo estranho metálico, mais em vida livre, pois podem ingeri- v. 125, n. 26/27, p. 648-649, 1989.
pois o Aspergillus é ubíqüo, e a suscepti- los ou aspirá-los.
bilidade à aspergilose tende a aumentar 09-RÖCKEN, H. ; RÖCKEN, M. Illustrated report
Relata-se um caso de obstrução from practice: foreign body in the bifurcation of
em certas condições, tais como estresse, traqueal em arara-vermelha (Ara the tracheae of a dog. Berliner und Münchener
baixa na imunidade e doenças respi- chloroptera) por processo inflamatório Tierärztliche Wochenschrift Wochenschrift,
ratórias. crônico-fibrosante associado a colônias v. 107, n. 4, p. 121-123, 1994.
As causas mais comuns de dispnéia, bacterianas e hifas morfologicamente 10-LUMEIJ, J. T. Gastroenterology. In: RITCHIE,
oscilação caudal e cianose nos psitací- compatíveis com Aspergillus sp., decor- B. W. ; HARRISON, G. J. ; HARRISON, L. R.
deos incluem a clamidiose, aspergilose, rente da aspiração de corpo estranho. Avian Medicine: Principles and Application.
micoplasmose, poxvirose, doença de Wingers Publishing, 1994. p. 482-521.
Pacheco, infecção por bactérias gram- Agradecimentos 11-RUPLEY, A. E. Manual de Clínica Aviária. São
negativas, obesidade, peritonite rela- Ao médico veterinário Elmer Ale- Paulo: Roca, 1999. 582 p.
cionada à retenção de ovos e corpos es- xander Genoy Puerto pela tradução do
tranhos traqueais 11. A dispnéia decor- 12-CLAYTON, L. A. ; RITZMAN, T. K.
resumo para o espanhol. À médica vete- Endoscopic-assisted removal of a tracheal seed
rente de doença respiratória crônica rinária Ana Carolina Holanda Maluenda foreign body in a cockatiel (Nymphicus
geralmente é associada a outros sinais pela revisão do resumo em inglês. hollandicus). Journal of Avian Medicine and
clínicos como perda de peso, depressão, Surgery, v. 19, n. 1, p. 14-18, 2005.
descarga ocular e nasal 14.
Referências 13-PRASAD, H. K. C. ; SREEDHARAN, S. S. ;
A dispnéia aguda comumente é resul- 01-ORGILL, R. D. ; PASIC, T. R. ; PEPPLER, W. D'SOUZA, S. ; KUMAR, N. ; PRASAD, S. C.
tado da exposição a substâncias tóxicas, W. ; HOFFMAN, M. D. Radiographic evaluation Pneumomediastinum due to tracheal foreign
deslocamento de placas traqueais em of aspirated metallic foil foreign bodies. Annals
body granuloma. Journal of Laryngology and
of Otology, Rhinology and Laryngology, v.
decorrência da metaplasia escamosa 114, n. 6, p. 419-424, 2005. Otology, v. 119, n. 12, p. 998-1000, 2005.
(deficiência de vitamina A) ou agentes 14-TULLY, T. N.; HARRISON, G. J.
02-ZEITLIN, J. ; MYER, C. M. Foreign body in the
infecciosos, e também por aspiração de trachea. Annals of Otology, Rhinology and Pneumonology. In: RITCHIE, B. W.;
corpo estranho 14. Por sua vez, a dispnéia Laryngology, v. 109, n. 11, p. 1007-1008, 2000. HARRISON, G. J.; HARRISON, L. R. Avian
aguda é uma situação emergencial. Em 03-DEBELJAK, A. ; SORLI, J. ; MUSIC, E. ; Medicine: Principles and Application. Wingers
caso suspeito de obstrução traqueal é KECELJ, P. Bronchoscopic removal of foreign Publishing, 1994. p. 556-581.
Biodiversidade

Macaco comunicativo*
Estudo identifica 14 tipos de elementos sonoros que fazem
parte da comunicação complexa do muriqui (Brachyteles hypoxanthus)

T entar entender a comunicação verbal


de animais exige muita dedicação e o
uso de técnicas e métodos de gravação e
longos, graves e rou-
cos, são os relinchos.
As diversas combi-
interações e nas disputas intergrupais, no cui-
dado com os filhotes, de forma lúdica e em
outras do cotidiano do grupo, independente-
coleta de dados contextuais, sonografia e nações desses sons mente de estarem se locomovendo ou não.
análise estatística, como no estudo do re- resultam em chama- “Cada indivíduo produz séries variadas
pertório vocal do macaco muriqui dos, usados pelo grupo de chamadas, mas é interessante perceber
(Brachyteles hypoxanthus), conduzido em diferentes contextos. No forrageamento, que a maioria das seqüências começa com
pelo antropólogo Francisco Dyonísio por exemplo, eles preferem sons mais agu- um mesmo tipo de som, e pela sonoridade
Cardoso Mendes, professor da Universi- dos. Já para reunir o grupo disperso, usam nota-se que há uma regra nos intercâmbios
dade Católica de Goiás. sons mais roucos. O pesquisador, que con- seqüênciais”, disse o professor da Universi-
O muriqui, ou mono-carvoeiro, é o sidera como “frases” as seqüências com até dade Católica de Goiás.
maior primata das Américas. Encontrado 30 chamadas, registrou 534 seqüências dife- Segundo Mendes, as “conversas” dos
no Brasil, chega a ter 1,5 metro de altura e rentes em 649 chamadas. muriquis exibem uma variedade de formas
vive no que sobrou da Mata Atlântica, em “Os muriquis têm um sistema de comu- estocadas e relinchos e um intercâmbio a
grupos com cerca de 50 indivíduos que se nicação complexo, usado o dia inteiro. cada três minutos entre os vários indivíduos
organizam de forma igualitária e em diver- A linguagem tem ligação direta com os do grupo.
sas configurações socioespaciais. sistemas sociais e com os fatores ambien- O material colhido e analisado pelo
O estudo, apresentado no 12º Congresso tais. Para entendê-la, temos que obser- pesquisador e colegas é significativo no
Brasileiro de Primatologia, realizado em var não apenas a combinação dos sons, âmbito da pesquisa sobre a linguagem dos
julho de 2007, em Belo Horizonte, mostrou mas em que circunstâncias são emitidos”, primatas. “Apesar da relevância do tema,
uma complexidade vocal que conta com explicou. poucas espécies neotropicais tiveram seu
características tradicionalmente conside- O antropólogo atribui a riqueza vocal dos repertório vocal estudado. A maioria ca-
radas exclusivas da linguagem, como a per- muriquis ao tamanho grande do grupo, ao rece de qualquer estudo sobre comunica-
cepção categórica (capacidade de distinguir modo de vida nas florestas – em que há ção. No caso dos muriquis, temos uma série
sons), a referencialidade (emitem sinais pouca visibilidade – e à organização social de informações interessantes, muito indica-
especifícos) e o caráter combinatório dos igualitária, que permite várias combinações tiva, mas ainda não temos muitas res-
sons. de convivência. postas”, disse o pesquisador.
Nos muriquis, Mendes identificou 14
tipos de elementos sonoros, sendo cinco Regra seqüencial * Fonte: Agência Fapesp
curtos e nove longos. Os curtos, breves e O repertório vocal dos muriquis é usado Por Liliane Nogueira, de Belo Horizonte
secos, são conhecidos como estocadas; os em situações diversas, como alarme, nas www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=7513

106 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Liderando e, finalmente, mudando!
Por Sergio Lobato

E
m nosso último artigo abordamos produza lu-
a questão da conscientização a cros cres-
respeito de como se formou a centes e
nossa “personalidade gerencial” ao consisten-
longo dos anos e de como é importante tes. Muita
reconhecer que as mudanças foram ne- coisa? Sim,
cessárias. Elas se tornam fundamentais mas é essa
em tempos de alta competitividade e, a realidade
principalmente, em tempos de auto- que espera
análise por parte dos milhares de pro- aqueles que
prietários de clínicas, consultórios, la- abriram seus negócios e que precisam em sua estrutura de negócios, seja sua
boratórios, hospitais e petshops que torná-los saudáveis e competitivos, pois clínica, petshop ou centro de diagnósti-
estão enfrentando uma série de fatores, é deles que se origina a geração de cos.
internos e externos, que estão influen- renda, que é o objetivo final de todo Por mais que você seja um profis-
ciando os padrões de decisão desses investimento feito. sional da medicina veterinária e sua for-
proprietários sobre o que fazer, como Mas se eu pudesse ressaltar um ponto mação não tenha agregado ferramentas
fazer e, principalmente, por onde importante na sua formação como líder básicas de gestão que poderiam lhe aju-
começar. em seu negócio eu escolheria a CRE- dar e muito nesse período, lembre-se
Mas o que se espera de alguém que DIBILIDADE. Como construir essa que esta é a responsabilidade mais indi-
seja líder, ou melhor, que esteja líder? credibilidade? Esta construção é um vidual em todo o processo de cons-
Para começar, devo reconhecer que a processo que pode ser o resultado final trução de uma liderança: a construção
palavra líder ainda é um pouco desco- de um somatório de ações como: procu- de sua própria realidade como gestor,
nhecida. É como se fosse uma “estranha rar a correção em suas atitudes; primar como proprietário e como líder.
no ninho” no universo diário da medi- pela qualidade de todos os seus rela- Na prática meu maior conselho é que
cina veterinária. É algo pouco familiar e cionamentos pessoais e comerciais; todos busquem estabelecer rotinas de
ainda recebido de modo refratario pelos desenvolver ao máximo todas as suas controle em seus negócios, marcando
profissionais. Vamos mudar um pouco potencialidades; e ser acima de tudo sua presença em todas as etapas, não
isso para tornar mais fácil a tarefa de capaz de direcionar os rumos de seu apenas a velha e conhecida centraliza-
falar em liderança ? negócio com a clareza e transparência ção de poder, mas um mix de ações que
O líder então se transforma naquele em seus conceitos, ações, palavras e possam estimular suas equipes de tra-
que é o proprietário, ok? O “dono”, o posturas com todos aqueles que o cer- balho a desenvolver o hábito de com-
“empreendedor” ou simplesmente aque- cam, em especial aqueles que convivem preender que fazem parte da estrutura
le que paga as contas, estamos com- com você por mais de oito horas diárias da clínica e do consultório, além de
binados? Reconheceu-se nesse papel? e que dependem de seu exemplo, sua assumirem que o sucesso do negócio
Então vamos em frente. orientação, dos limites impostos por passa por suas mãos.
O que esperamos de você nesse novo você, das regras criadas por você e dos A medicina veterinária enfrenta
cenário, onde se fala de liderança em estímulos e orientação tão necessários: a momentos de verdade em todas as situa-
tudo que é revista do segmento de sua equipe de trabalho! ções onde ela se relaciona com outros
gestão e administração e até em revistas O exemplo dado por você é capaz de universos, como o mercado consumi-
voltadas para o universo da medicina economizar horas de treinamento ofere- dor, a gestão de negócios e o próprio
veterinária? cido para a sua equipe de trabalho, cenário econômico onde se insere. Esta
Esperamos que você assuma as desde que esse exemplo também seja realidade faz crescer a necessidade de
rédeas de seu negócio em atitudes e pos- fruto de um somatório de suas habili- uma maior conscientização para que os
turas, como ser o centro de toda a estru- dades natas e de muito treinamento profissionais do mercado veterinário se
tura. Que seja exemplo com suas habi- adquirido em cursos, worskhops, vejam capazes de assumir a paternidade
lidades e competências; o porto seguro palestras, leituras de livros e sites, e, desse “bebê” chamado liderança, que
nas crises que possam surgir; respon- principalmente, de sua experiência engatinha, mas que em pouco tempo e
sável pela entrega de decisões rápidas e adquirida na lida diária com clientes, no que depender desse colunista que vos
objetivas; que construa e mantenha uma fornecedores e concorrentes. escreve, estará caminhando a passos lar-
equipe de trabalho coesa e competitiva; A construção dessa CREDIBILI- gos.
que reaja rapidamente à mudança DADE passa pela necessidade de cons- Que tal dar o primeiro passo ao ter-
no cenário pet e, ainda por cima, cientização do valor que você imprimirá minar de ler este artigo?

108 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


equipamentos
Ultra-som terapêutico Odontologia veterinária

N o Brasil, as ferramentes disponíveis


para a reabilitação de animais estão
ampliado-se. A ultra-sonografia clínica,
O kit de instrumento periodontal
Weldin, da Miltex®, é uma coleção
completa de instrumentos e acessórios
O nome Weldin, que é dado ao kit,
deve-se ao trabalho desenvolvido, desde
1981, por Carol Weldin, RDH, BS, em
por exemplo, já se mostrou essencial na específicos para odontologia veteri- conjunto com a Miltex®, aperfeiçoando,
reabilitação física de diversos pacientes nária, tanto para exames orais como entre outros ítens, o formato de raspado-
e presença imprescindível no gabinete para procedimentos de rotina, periodon- res, curetas e sondas.
de fisioterapia. tais e de profilaxia, para pacientes cani- Cada instrumento presente no kit é
Entre os aparelhos que estão no mer- nos e felinos. codificado por uma cor que combina
cado internacional, destacam-se os da com uma tabela periodontal para ajudar
Chattanooga Group, que são distribuídos a identificar onde cada instrumento é
no Brasil pela empresa World usado na cavidade oral. Todos eles, e os
Fisio (11 5049-3338). demais acessórios que acompanham o
Sistemas de ultra-sonografia flexíveis, kit, são convenientemente organizados
com funcionamento em frequência du- em uma caixa de esterelização ino-
Divulgação

pla por si só ou em combinação com


eletroterapia, são características impor- xidável.
tantes presentes no Intelect VET, no O kit, já apresentado à classe veteri-
Intelect Advanced color e também no nária no Congresso Mundial de Odon-
Divulgação

aparelho portátil. Em todos esses mo-


delos são encontrados protocolos pa- tologia Veterinária, que ocorreu no Gua-
drões de tratamento das diversas re- rujá, SP, e no Congresso da Anclivepa
Kit de instrumento
giões, sendo que o profissional tam-
periodontal Weldin de 2007, que ocorreu em Florianópolis,
bém tem a liberdade de criar e ar-
mazenar seus próprios protocolos.
SC, tem a distribuição no Brasil feita
www.chattanoogagroup.com pela MK dent (51 3362-7828).
! internet
NEUROLOGIA VETERINÁRIA NA INTERNET
Mônica Vicky Bahr Arias, médica vete- Clínicos Veterinários de Pequenos Ani-
rinária, docente do DCV/UEL desde mais (7º Conpavepa), que ocorre em
setembro de 1997 e atuante nas áreas de setembro de 2007, em São Paulo, SP, no
cirurgia, neurologia clínica e cirúrgica Hotel Transamérica;
de pequenos animais. • outros sites sobre
Divulgação

Além dos casos clí- neurologia veteriná-


nicos e cirúrgicos que ria, como o site da
são periodicamente in- Companion Animal
seridos no blog e que Diagnostics Section
contam com ferramen- of the Comparative
tas interativas que per- Neuromuscular
mitem incluir comentá- Laboratories, da Uni-
rios sobre os casos e versidade da Califór-
O blog criado por Mônica Vicky Bahr Arias pode encaminhá-los por nia (San Diego -
ser acessado pelo endereço:
http://bahr-bituricos.blogspot.com
email para outras pes- EUA), que traz a
soas, encontram-se no apresentação de ca-
blog links para: sos desde 1999, to-

D iversas informações sobre neurolo-


gia veterinária vem sendo acres-
centadas, desde março de 2007, em
• eventos que terão
palestras de neurologia
veterinária inseridas na
dos disponíveis no
site da instituição;
• trabalhos científi-
bahr-bitúricos – blog para publicação Teste seus conhecimentos em
programação científica, neurologia veterinária com os
cos publicados por
de assuntos relacionados à neurolo- como por exemplo, o 7º casos clínicos que são inseridos Mônica Vicky Bahr
gia veterinária. A autoria do blog é de Congresso Paulista de no blog Arias.
Lançamentos
TRATAMENTO DE LESÕES HARMONIZAÇÃO
NA PELE DE CÃES E GATOS DE AMIBIENTES

A 3M do Brasil apre-
senta ao mercado
de saúde animal uma
formação de uma película
protetora, composta por mi-
croporos, deixando-a trans-
O Calm Pet, lançamen-
to da Pet Mais, é um
produto desenvolvido pa-
solução inovadora: o Divulgação
pirar normalmente. Além ra uso em ambientes onde

Divulgação
Curativo Líquido 3M disto, evita que elementos vivem cães e gatos. As
Pet. externos, como água e essências trazem princí-
O produto, que pos- sujeira, entrem em contato pios ativos da natureza
sui aplicação indolor, com a pele, facilita o pro- para dentro dos ambien-
oferece maior adesão cesso de cicatrização, ali- tes, produzindo efeito cal-
do que os esparadrapos via a dor e o incômodo das mante, tranqüilizante e
Calm Pet ajuda
convencionais, com a feridas e queimaduras, tra- anti-estressante, transmi- na harmonização
O Curativo Líquido 3M Pet não
vantagem de que a pe- apresenta ardor na sua aplicação tando e diminuindo o ardor tindo aos animais a sen- de ambientes
lícula formada propor- instantaneamente. sação de carinho e aconchego.
ciona total flexibilidade para o animal, O produto é hipoalergênico, não é Calm Pet está disponível nas versões
podendo ser aplicado em articulações e citotóxico, não sai na água e permanece erva-doce, capim limão e marine.
nos coxins. Pode ser usado em cortes e ativo por até 24 horas. Sua remoção se Pet Mais: www.petmais.ind.br
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processos de amputação. Também é ce a renovação celular.
indicado para aliviar o prurido causado O uso do produto não é recomendado ANTISSÉPTICO
por processos alérgicos, dermatites, em locais infeccionados. NATURAL
picadas de insetos, alergias de contato e O produto é inflamável e deve ser
lesões na pele, entre outras aplicações. mantido fora do alcance de crianças e
F itoGuard Antisséptico,

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A tecnologia do Curativo Líquido animais domésticos. é um spray de uso prá-
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nação do produto pela
Demais
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odores de
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locais freqüentados por animais domésticos, pois higieniza e elimina
lambedura do animal. Seu
uso é prático e não apre-
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ambientes odores.
frequenta- O produto contém ati-
O lançamento é um produto à base de cloreto de benzalcônico
dos por FitoGuard vos com grande poder an-
animais (1%) e foi desenvolvido após um ano de pesquisas sobre as Antisséptico é tisséptico, combatendo
matérias-primas adequadas e formulações. Eficiência, facilidade de comercializado
em frascos de bactérias e fungos de
aplicação e perfume foram preocupações constantes durante o
60mL lesões de pele, seja de ori-
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processo de pesquisa e desenvolvimento da linha Demais.


gem traumática ou cirúr-
O Demais Ambiente Pet Pronto Uso vem com gatilho, o que evita
gica, e também possui ação aceleradora
o desperdício e facilita a aplicação. Também pode ser utilizado em
da cicatrização.
embalagem refil.
“O produto é 100% natural, elabora-
Ouro Fino: www.ourofino.com
do com extratos de babosa, barbatimão
e confrei, que contém ativos de grande
PET MILK – SUBSTITUTO DO LEITE MATERNO poder antisséptico e que também atuam
como auxiliares na cicatrização de feri-

O novo Pet Milk, alimento substitutivo do leite


materno isento de lactose, foi especialmente
reformulado com nutrientes como o “FOS”, um pre-
mentos por ação de outras substâncias
importantes dessas plantas medicinais,
como aumento do fluxo sangüíneo
biótico que favorece a flora intestinal e evita diarréias, local que favorece o desaparecimento
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a taurina, aminoácido fundamental para a nutrição dos da lesão (babosa), formação de revesti-
gatos, entre outros ingredientes essenciais. mento protetor contra a multiplicação
Pet Milk é ideal para a nutrição, crescimento e bacteriana (barbatimão) e ação antiin-
desenvolvimento dos cães e gatos que vêm de ni- flamatória, hidratante, emoliente e ads-
nhadas muito grandes e não têm espaço para ama- tringente, com capacidade de remover
mentar, em casos de rejeição da fêmea e até mesmo tecidos necrosados e facilitar a forma-
para alimentar filhotes órfãos. ção de uma nova camada tecidual que
O Pet Milk está ainda mais fácil de diluir, possui veda e protege a ferida (confrei)", expli-
odor agradável e sabor que agrada muito os filhotes. ca Rita de Cássia, médica veterinária da
Pet Milk está disponível na Vetnil: www.vetnil.com - 0800.109.197 FitoGuard.
embalagem de 300g
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Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007
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TRATAMENTO SEGURO DA INFLAMAÇÃO PARA GATOS

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isando oferecer mais opções terapêuticas para os
Profender
médicos veterinários a Ouro Fino Pet Bem Estar SpotOn®
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Animal lançou o AziCox-2. O novo medicamento, que é está dis-


formado pela associação da azitromicina e do meloxicam, ponível em
três apresen-
oferece excelentes resultados terapêuticos para o trata- tações para
mento de infecções associadas a processos inflamatórios, gatos com
AziCox-2: azitromicina e ou das inflamações de ordem infecciosa, graças à tecno- peso entre
meloxicam associados em 0,5 e 2,5kg;
um comprimido logia Target System. 2,5 e 5kg; 5
O Target System proporciona, em somente um com- e 8kg
primido, a disponibilidade dos ativos , cada qual no seu melhor sítio de absorção, promo-
vendo alta eficácia e facilidade de administração.
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P rofender SpotOn®, novo vermífugo
lançado pela Bayer, combate todos
os tipos de vermes adultos e larvas. O
medicamento, de uso tópico, tem baixo
ALIMENTOS DA TOTAL COM volume, que permite uma aplicação
NOVAS APRESENTAÇÕES rápida, sobre a pele seca do gato, na
região da nuca, sem deixar o animal

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snack com sabor de carne Big Bom
da família Big Boss, da Total
condições de
sabor e umi-
estressado.
O produto é composto pelas substân-

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Alimentos, agora ganha uma embala- dade. cias praziquantel e emodepsida. A pri-
gem especial: é apresentado A Total Ali- meira combate os vermes chatos como o
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em pote cristal transparen- mentos tam- Dipylidium caninum. Já a emodepsida,


te de 400g. A nova apre- bém investiu nova molécula do mercado veterinário
sentação deixa o produto na reformula- Novo mix de partículas descoberta pela Bayer, atua diretamente
mais visível e facilita ção da família na linha K&S contra os vermes redondos. É indicado
o manuseio, além de Premium Es- para gatos com peso acima de 500g e a
permitir melhor ar- pecial K&S. As embalagens apresentam partir de oito semanas de idade. Além
Bim Bom mazenamento, man- novo design, ressaltando o novo mix de disso, é seguro para uso em fêmeas
agora em
pote cristal
tendo todas as suas partículas que o alimento recebeu. prenhas e em lactação.

ROYAL CANIN LANÇA NOVOS ALIMENTOS ESPECIAIS


Bulldog 24 isolada de suíno), minerais insolúveis e ninhadas, em casos de animais órfãos
A Royal Canin acaba o arroz como única fonte de amido, fru- ou rejeitados pela mãe e até com fêmeas
de apresentar no merca- to-oligossacaídeos e polpa de beterraba. incapacitadas de amamentar.
do brasileiro o alimento Também reforça a eficiência da prote- Os grânulos de leite dissolvem ins-
Bulldog 24. ção cutânea e ajuda combater a inflama- tantaneamente, devido a um processo
A veterinária e geren- ção da epiderme por causa de uma com- exclusivo, que resulta em um leite ho-
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te de produto da Royal binação de vitaminas e aminoácidos, asso- mogêneo e cremoso, sem formar gru-
Canin, Renata Carron, ciada a ácidos graxos insaturados (ôme- mos, assegurando uma boa ingestão,
salienta que: “o bulldog, ga 6 e ômega 3) e zinco. evitando desperdício do produto, facili-
por ser braquicefálico, O formato e a textura do croquete da tando a higienização da mamadeira e
O Bulldog 24 está apresenta dificuldade Bulldog 24 corroboram para uma fácil prevenindo a sua contaminação por
disponível em em- para a apreensão do ali- preensão, mastigação e redução da for- agentes nocivos ao filhote.
balagem de 10,1kg mento, o que comprome- mação de cálculo dental. O 1st Age Milk é elaborado com proteí-
te a mastigação devido à nas exclusivamente lácteas, ácidos graxos
pequena pressão dos dentes incisivos no Substituto do leite materno (ômega 3 e 6) e não contém amido, ga-
alimento e a limitada amplitude da man- O leite instantâneo para animais rantindo uma excelente segurança diges-
díbula. O animal também é predisposto recém nascidos, o 1st Age Milk para cães tiva além de reduzir o risco de diarréia.
a problemas digestivos e respiratórios, e o Babycat Milk para gatos, já estão O Babycat Milk também apresenta
por seu diafragma comprimir o sistema disponíveis no mercado veterinário. Para uma exclusiva combinação de nutrientes
digestivo, as células intestinais recebem tornar o processo da alimen- (taurina, EPA/DHA, vitami-
menos oxigênio, resultando em uma tação o mais próximo do nas e arginina). A seleção
digestão preguiçosa que pode provocar natural, as duas versões de proteínas lácteas de alta
ruídos e flatulência”. acompanham uma mama- qualidade reforça a to-
O alimento Bulldog 24 promove a deira com bico dosador. lerância digestiva.
boa digestão e ajuda a reduzir a flatulên- Eles podem ser usados
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O 1st Age Milk está dis-


cia por meio de proteínas altamente no suporte nutricional na ponível em embalagens
digestíveis (glúten de trigo e proteína alimentação de grandes de 400g (quatro
pacotes de 100g)
e o Babycat Milk,
em embalagem de 300g (três sachês
Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 de 100g)
COMPREENDENDO O MELHOR AMIGO DO HOMEM
explica o método que aplica para de aproximadamente 35 cães soltos.
alcançar resultados sempre surpreen- Dentre eles há pit bulls, chiuauas, pas-
dentes. O autor, baseando-se em três tores alemães, rottweilers e muitas ou-
princípios básicos - exercícios, discipli- tras raças. Ele realiza essa prática em
Divulgação

na e afeto, nessa ordem - encara o locais ermos, pois apesar de não apre-
trabalho com os cães como uma missão: sentarem perigo, esses cães podem pare-
“reabilitar cães e treinar pessoas”. cer temíveis e perigosos para alguém
Cesar nos mostra como construir um que vê pela primeira vez um homem
bom relacionamento com os cães e afir- correndo com uma matilha. Cesar e seus
ma que tratá-lo segundo sua natureza assistente estão sempre atentos para
(de cachorro!) é crucial para a felicidade qualquer cão que necessite ser preso e
do animal de estimação. Ele também dá conduzido pela guia.
exemplos claros de como os cães podem A obra O encantador de cães possui
mudar de comportamento e atitude com um excelente conteúdo sobre como en-
abordagem e tratamento corretos. Em tender o comportamento canino, sendo
Cesar’s Way, best-seller do New York seu Centro de Psicologia Canina, Cesar útil tanto para proprietários de cães
Times durante 25 semanas, é lançado
no Brasil pela Verus Editora tem mais de cinqüenta cachorros, quanto para profissionais do setor vete-
muitos dos quais ele salvou de serem sa- rinário. As informações que contém pro-

O encantador de cães, de Cesar


Millan, grande sucesso editorial
nos Estados Unidos, com mais de um
crificados por serem considerados peri-
gosos. Em 2005 foi premiado pela
National Humane Society, organização
piciam uma melhora para o convívio
dos animais de companhia nos seus
lares e, também, nos estabelecimentos
milhão de exemplares vendidos e duran- norte-americana de proteção aos ani- veterinários, como clínicas, pet shops,
te 25 semanas presença constante na lis- mais, por seu trabalho de reabilitação de centros de estética, hóteis etc.
ta de best-sellers do New York Times, cães. Vale destacar que alguns dos cães Além de ser uma excelente obra para
chega ao Brasil publicado pela Verus Edi- salvos do sacrifício e reabilitados por ser recomendada aos clientes, vale tam-
tora. Fundador do Centro de Psicologia Cesar, são importantes monitores da bém a sugestão para que ela seja incluí-
Canina, em Los Angeles, Cesar Millan matilha e prestam importante ajuda na da nos ítens a venda nos pet shops.
apresenta o programa Dog Whisperer, reabilitação dos cães em tratamento. O No sítio www.cesarmillaninc.com é
do National Geographic Channel. exercício, primeiro item dos princípios possível encontrar artigos, produtos,
Nascido em Culiacán, no México, o básicos de reabilitação preconizados calendário de eventos, entre outros ítens
autor alcançou o sucesso nos EUA por Cesar, é praticado no seu centro relacionados ao trabalho desenvolvido
quando passou a cuidar de cães de estre- de reabilitação de uma forma admirá- por Cesar Millan.
las como Will Smith e Oprah Winfrey. vel. Cesar, o líder da matilha, sai para
Em “O encantador de cães”, Cesar correr nas montanhas, acompanhado Verus Editora: (19) 4009-6868

116 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


4 a 6 de outubro de 2007 - Escola de Veterinária - UFMG
Belo Horizonte - MG
4 de outubro - quinta-feira
Horário Sala 1
08h00 - 08h50 Abertura oficial entrega de material
09h00 - 09h50 Terapêutica oncológica – inovações e desafios. Mariana Fernandes Cavalcanti (BH)
09h50 - 10h20 Intervalo
10h20 - 11h10 Oftalmologia – meus casos especiais. Gustavo de Oliveira Fulgêncio (UNIPAC)
11h20 - 12h10 Risco cirúrgico: teoria ou realidade? João Carlos Moreira (BH)
12h10 - 14h00 Almoço
14h00 - 15h50 Hepatopata crônico: abordagem diagnóstica e tratamento conservativo – eles merecem! Pedro Luiz de Camargo (UEL)
15h50 - 16h20 Intervalo
16h20 - 17h10 Testes diagnósticos no paciente respiratório. Paulo E. Ferrian (FEAD)
17h20 - 18h10 Nutrição clínica de animais hospitalizados – enteral e parenteral. Júlio César C. Veado (UFMG)

5 de outubro - sexta-feira
Sala 1 Sala 2
08h - 08h50 Clínica e manejo de répteis em cativeiro. Rafael Motta (UNIPAC) PIF – como diagnosticar? Bruno Marques (USP)
09h - 09h50 Incompatibilidades e interações medicamentosas. FIV e FeLV – são importantes? Bruno Marques (USP)
Fernando Antônio Bretas Viana (UFMG)
09h50 - 10h20 Intervalo Intervalo
10h20 - 11h10 Rinite e asma atópicas em humanos por aeroalérgenos Erliquiose – o que há de novo? Mitika K. Hagiwara (USP)
provenientes de animais. Marconi R. de Farias (PUC PR)
11h20 - 12h10 Aspectos clínicos do escorpionismo. Marília M. Melo (UFMG) Esquema vacinal de cães e gatos. Mitika K. Hagiwara (USP)
12h10 - 14h00 Almoço Almoço
14h00 - 14h50 Verdades e mentiras na IRC. Luiz Henrique Machado Meus melhores casos. Marconi Rodrigues de Farias (PUC PR)
(Unesp/Botucatu)
15h00 - 15h50 Verdades e mentiras na IRC. Luiz Henrique Machado Dermatofitose no cão e no gato. Fabiana Hayeck Scucato (BH)
(Unesp/Botucatu)
15h50 - 16h20 Intervalo Intervalo
16h20 - 17h10 Se vira nos 15’ Alergopatia I – DAPP. Adriane Pimenta da Costa Val (UFMG)
17h20 - 18h10 Se vira nos 15’ Alergopatia II – Hipersensibilidade alimentar e atopia.
Adriane Pimenta da Costa Val (UFMG)

6 de outubro - sábado
Sala 1 Sala 2
08h00 - 08h50 Tratamento das fraturas pélvicas. Leonardo Muzzi (UFLA) Diagnóstico e terapia da escabiose canina e felina. Éricka
Homan Delayte (BH)
09h00 - 09h50 Radiologia do tórax – desafios e interpretação. Euler Diagnóstico e novos protocolos da demodicose canina.
Fraga (UFMG) Éricka Homan Delayte (BH)
09h50 - 10h20 Intervalo Intervalo
10h20 - 11h10 Nutrição do paciente crítico. Wandréa de Souza Mendes Parece, mas não é. Leonardo Motta Batista (BH)
(Royal Canin do Brasil)
11h20 - 12h10 Reprodução em pequenos animais: inovações tecnológicas. Neoplasias cutâneas. Gleidice E. Lavalle (UFMG)
Guilherme Ribeiro Valle (PUC-Betim)
12h10 - 14h00 Almoço Almoço
14h00 - 14h50 Reabilitação em pacientes ortopédicos. Maria Cecília Toxoplasmose – O que precisamos saber? Vitor Márcio
Oda Teixeira (Vet Spa - SP) Ribeiro (PUC-Betim)
15h00 - 15h50 Reabilitação em pacientes neurológicos. Maria Cecília Cinomose – novidades? Luciana Moro (UFMG)
Oda Teixeira (Vet Spa - SP)
15h50 - 16h20 Intervalo Intervalo
16h20 - 17h10 Associação de medicação homeopática em Leishmaniose – PCR x sorologia. Eloísa de Freitas (UFMG)
casos complicados. Denerson Ferreira Rocha (BH)
17h20 -18h10 Odontologia em animais idosos. Marcello Roza (Brasília) Enterites por protozoários – diagnósticos e tratamento.
Paulo Renato dos Santos Costa (UFV)
Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais - Regional MG (Anclivepa-MG)
Avenida Raja Gabáglia, 3601 - sala 106 - São Bento - Belo Horizonte / MG - CEP 30350-540
Telefax: (31) 3297-2282 - anclivepa@anclivepa-mg.com.br - www.anclivepa-mg.com.br
ÉTICA E EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL - FUNDAMENTOS ABOLICIONISTAS

N este livro, a filósofa


Sônia T. Felipe re-
constitui os argumentos
estamos emocional e racio-
nalmente acomodados.
Em sua investigação,
analisando, da perspectiva jurídica, a
possibilidade de inclusão dos animais
no âmbito da comunidade de sujeitos-
contrários à experimenta- realizada quando do desen- de-direitos, a exemplo do que se fez, ao
ção em animais vivos, for- volvimento de seu projeto longo dos dois séculos mais recentes da
mulados a partir de quatro de pós-doutorado em bio- história ocidental, com sujeitos huma-
perspectivas morais dis- ética, com recorte especí- nos historicamente destituídos de esta-
tintas e influentes: as tra- fico na zooética (ética da tuto jurídico. A inclusão dos animais na
dições reli-giosas antigas, consideração dos animais), comunidade dos sujeitos de direitos im-
a filosofia moderna e con- apoiado pela UFSC e pela plica em revisão do conceito de objeto
Divulgação

temporânea, a própria ciên- Universidade de Lisboa, e de propriedade, ao qual estão condena-


cia e a tradição jurídica. sem apoio financeiro do dos todos os seres vivos não pertencen-
Nessas quatro fontes, po- CNPq, a autora examina tes à espécie Homo sapiens.
dem ser encontrados argu- artigos de teólogos do ju- Os argumentos que sustentam a in-
A obra avalia
mentos que sustentam a criteriosamente a prática da daísmo, islamismo e cris- dústria da experimentação animal são
tese do valor inerente à experimentação animal tianismo, das religiões hin- de ordem econômica, não moral. Ao
vida de todas as espécies, e argumentos dus, do budismo e jainismo, sistemati- apontarem os benefícios, resultado da
que sustentam o valor da vida de outros zando a concepção do estatuto dos ani- experimentação em animal vivo, para hu-
seres apenas se servirem aos propósitos mais e o conceito de dever moral huma- manos, os defensores da indústria da ex-
ou benefícios humanos. no em relação a seres que nascem em es- perimentação omitem o custo, em dor e
As religiões, a filosofia moral tradi- pécies biológicas distintas da humana, sofrimento, que tais experimentos re-
cional, o direito e a ciência tiveram um em cada uma dessas perspectivas. presentam para aqueles que são subme-
papel relevante no legado moral do qual Para além do estatuto dos animais tidos a eles, sem necessidade, sem re-
somos signatários. Mas, a par com essa nas diversas teologias, a autora examina compensa, sem benefício algum. Um ar-
mesma tradição, vozes dissidentes des- a questão ética da abolição de experi- gumento que aponta os benefícios de
tacam-se na história, contrárias às práti- mentos em animais vivos, a partir da uma ação para o sujeito que a pratica, e
cas de crueldade contra os animais. É polêmica estabelecida no âmbito da pró- omite os malefícios da mesma para os
através dessas vozes que os animais têm pria filosofia, e das três vertentes aí cla- que são atingidos por ela não pode tor-
sido defendidos. No livro, os argumen- ramente expressas: a abolicionista, a nar-se um argumento ético. Neste livro
tos críticos à filosofia moral tradicional conservadora e a bem-estarista. o leitor é convidado a pensar sobre a
são apresentados com clareza e rigor, Considerando-se que a questão dos questão do sofrimento animal nessa
permitindo ao leitor tirar suas conclu- animais, na tradição ocidental, sempre es- perspectiva crítica e abolicionista.
sões sobre a necessidade de revisão dos teve ligada à sua utilidade para os negó-
cânones tradicionais da moral, aos quais cios humanos, a autora encerra o volume Editora da UFSC: www.editora.ufsc.br

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atendimento de aves silvestres de cirurgia em partes dos gatos domésticos a bordo do navio
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Palestrante: 2, 9 e 16 de dezembro Palestrante: 21 a 25 de janeiro de 2008
Profª Terezinha Knöbl horário: das 8h às 17h Profª Heloisa j. M. de Souza Santos - Florianópolis -
Porto Belo - Santos
Manejo nutricional e reprodutivo de aves orna- Palestrante: Lipidose hepática; alimentação en-
mentais e silvestres; técnicas de sexagem; anam- Profª Aline Machado de Zoppa teral; desobstrução uretral; doen- Palestrante:
Profª. Ana Claudia Balda
nese, contenção e exame clínico; vias de adminis- ças do trato respiratório; hiperti-
tração de medicamentos; enfermidades infeccio- Cirurgias: cabeça e pescoço; ca- reoidismo; distúrbios comporta- • Corticoterapia e uso de tera-
sas e metabólicas; diagnóstico laboratorial; emer- vidades torácica e abdominal; mentais; doença renal policística pias alternativas nas alergias e
gências; fraturas e intoxicações; técnica de sistema genito-urinário; região autossômica; FIV/FeLV; peritonite doenças auto-imunes em cães
necropsia; terapias alternativas; responsabilidade perineal; pele; e miscelâneas infecciosa; emergências gastrin- e gatos.
técnica em criatório de aves; anestesia e cirurgia testinais • Antibioticoterapia e imunote-
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Informações e inscrições: * 2º Batalhão da Polícia do Exército (BPE) ** Instituto Biológico
fone: (11) 6995-9155 • fax: (11) 6995-6860 Rua Raul Lessa, 52 - Saída 17 da Rod. Castelo Branco Rua Cons. Rodrigues Alves, 1252
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128 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70. setembro/outubro, 2007


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130 Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70. setembro/outubro, 2007


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