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Pernambuco
Secretaria Estadual de Saúde
2023
Governo do Estado de Pernambuco
Governadora | Raquel Teixeira Lyra Lucena
Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco
Secretária | Zilda do Rego Cavalcanti
Secretaria Executiva de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde
Secretária Executiva | Chrystiane Kelli de Araújo Barbosa
Escola de Governo em Saúde Pública de Pernambuco
Diretora | Célia Maria Borges da Silva Santana
Gerente | Luciana Camêlo de Albuquerque
Coordenação de Educação Permanente em Saúde da Escola de Governo em Saúde Pública de
Pernambuco
Coordenadora | Emmanuelly Correia de Lemos
Coordenação de Ensino à Distância da Escola de Governo em Saúde Pública de Pernambuco
Coordenadora | Thalia Ariadne Peña Aragão
Equipe Técnica da Coordenação de Educação Permanente em Saúde
Andréa Fernanda de Oliveira | Bárbara Paloma Marques de Luna | Natália Nunes de Lima |
Nathalia Ingrid dos Santos Silva Lucena | Tereza Adriana Miranda de Almeida
Equipe Técnica da Coordenação de Ensino à Distância
Adnan Gomes de Morais | Arnaldo César Alencar da Boaviagem | Maria Inez Nogueira Lima de Oliveira
Autoras
Natália Nunes de Lima | Glaucia Vivana Campos Xavier | Thalita Milena Araújo Xavier de Amorim |
Nathalia Ingrid dos Santos Silva Lucena | Bárbara Paloma Marques de Luna
Revisão
Emmanuelly Correia de Lemos | Luciana Camêlo de Albuquerque
Colaboradores que ministraram as aulas virtuais do curso
Garibaldi Dantas Gurgel Junior | Itamar Lages | João Carlos Batista Santos |
Priscilla Viégas Barreto de Oliveira | Eugênio Vilaça Mendes
Projeto Gráfico e Capa
Glaucia Vivana Campos Xavier | Bárbara Paloma Marques de Luna | Emmanuelly Correia de Lemos
Apresentação do Curso
Sejam bem-vindos ao Curso Introdutório ao
SUS, promovido pela Escola de Governo em Saúde
Pública de Pernambuco (ESPPE).
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos
maiores e mais complexos sistemas de saúde pública
do mundo, que surge no processo de
redemocratização do Brasil, visando assegurar a
Saúde como um direito previsto por lei a todos os
cidadãos.
Nesse contexto, a ESPPE reconhece a
necessidade de ofertar este curso para auxiliar
profissionais e gestores que estão chegando no
âmbito do SUS, a compreenderem o seu
funcionamento, tomando contato com os principais
campos institucionais, nas diferentes áreas de
atuação da gestão estadual na saúde.
Dessa forma, este curso objetiva promover a
compreensão a respeito da organização e
funcionamento do SUS, com ênfase no nível de
gestão do governo estadual de Pernambuco.
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O curso é livre (gratuito), autoinstrucional
(sem mediação de tutor), com carga horária de
60 horas.
Os conteúdos foram distribuídos em 4 (quatro)
módulos:
● Módulo 1: História do Sistema Único de
Saúde.
● Módulo 2: A organização do Sistema Único
de Saúde.
● Módulo 3: Planejamento, governança e
financiamento do Sistema Único de Saúde.
● Módulo 4: Democracia e Controle social no
Sistema Único de Saúde.
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Além de alcançar o rendimento mínimo na
Avaliação de Aprendizagem o discente precisa
realizar a Avaliação Geral do Curso para receber o
seu certificado.
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SUMÁRIO
1. Objetivos de aprendizagem:
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
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4. A Ditadura (1964-1984)
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
Consequências do modelo
privatista/curativo
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
Durante a VIII Conferência Nacional de Saúde
(CNS), que contou com a participação de milhares de
representantes de diversas entidades da sociedade
civil, profissionais de saúde, usuários do sistema e
prestadores de serviços de saúde públicos (PONTE et
al., 2010), foram sistematizados e debatidos por
quase cinco mil participantes diversos estudos e
proposições para a Reforma Sanitária Brasileira
(Figura 5).
Figura 5- Ilustrações de mobilizações em torno da VIII CNS na
construção do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
III- Participação da comunidade.
Quais as principais características do SUS?
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
serviços de promoção, proteção e recuperação da
saúde a quaisquer pessoas no território nacional.
A Lei nº 8.080 foi promulgada em 1990, dois
anos após a instituição da Constituição Federal
brasileira, para organizar e reger o SUS. No bojo de
sua constituição, além do conceito ampliado de
Saúde, o SUS traz consigo a ideia de sistema e de
unicidade. Ou seja, a ideia de sistema significa dizer
que há um conjunto de instituições, nos três níveis do
governo e do setor privado conveniado
(filantrópico,sem fins lucrativos) e/ou contratualizado
(com fins lucrativos), que interagem para uma
finalidade comum. Ao passo que a ideia de unicidade
diz respeito a mesma doutrina e organização as quais
devem submeter-se esse sistema, baseado em certos
princípios e diretrizes estabelecidos em Constituição,
para todos os serviços da rede.
Os princípios e diretrizes do SUS estão
incorporados em suas bases históricas e filosóficas, e
servem para organizar e orientar o seu
funcionamento. Existem os chamados princípios
doutrinários, que dizem de um núcleo comum que
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
2. Princípio da INTEGRALIDADE da atenção
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Módulo 1 – História do SUS
Para tanto, é necessária a articulação entre
diferentes níveis de governo (municipal, estadual e
federal) e da atenção (primário, secundário e
terciário), incluindo a promoção da saúde, a
prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação.
3. Princípio da EQUIDADE
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Módulo 1 – História do SUS
4. Princípio da DESCENTRALIZAÇÃO
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
5. Princípio de REGIONALIZAÇÃO e
HIERARQUIZAÇÃO
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
propor diretrizes para formulação de políticas de
saúde, nos diferentes níveis correspondentes.
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
1. Modelos hegemônicos
a. Modelo médico assistencial privatista
(PAIM, 2008)
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Módulo 1 – História do SUS
Esse modelo fundamenta-se na medicina
flexneriana, caracterizada pela clínica individual,
especialismo da assistência, foco no curativismo,
valorização de hospitais em detrimento do serviço
ambulatorial e secundarização de ações de
promoção de saúde e prevenção de doenças. No
Brasil, o modelo tem origem atrelada à assistência
prestada em serviços filantrópicos e na medicina
liberal e tornou-se hegemônico não só no setor
privado, como também no setor público.
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
fundamenta-se nos saberes biomédico, jurídico e
epidemiológico; intervenções voltadas para o
controle de riscos e proteção da saúde, com a
retaguarda de laboratórios.
Já a vigilância epidemiológica compreende um
conjunto de ações que proporciona o conhecimento,
a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos
fatores determinantes e condicionantes de saúde
individual e coletiva, com finalidade de recomendar e
adotar as medidas de prevenção e controle das
doenças e agravos. Baseia-se na epidemiologia,
clínica, estatística, imunologia e em outras disciplinas
biológicas, sendo composta por um conjunto de
atividades que objetivam produzir informações para
decisão e ação.
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
c. Ações programáticas de saúde (PAIM, 2008)
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Módulo 1 – História do SUS
h. Promoção da Saúde
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Módulo 1 – História do SUS
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Módulo 1 – História do SUS
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REFERÊNCIAS
BAPTISTA, Tatiana Wargas de Faria. História das políticas de saúde
no Brasil: a trajetória do direito à saúde. In: Matta, Gustavo Correia;
Pontes, Ana Lúcia de Moura (orgs.). Políticas de saúde: organização
e operacionalização do sistema único de saúde. Rio de Janeiro:
EPSJV/ Fiocruz, 2007.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto Nº 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta
a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a
organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da
saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá
outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2011.
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REFERÊNCIAS
PONTE, C. F.; FALLEIROS, I. Na corda bamba de sombrinha: a
saúde no fio da história. EPSJV/COC, 2010.
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Módulo 1 – História do SUS
Material Complementar
Para dar apoio aos seus estudos sobre a “História
do Sistema Único de Saúde (SUS)”, disponibilizamos
aqui, outros materiais para complementar os
estudos:
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● Centro de Educação e Assessoramento Popular. O
SUS e a efetivação do direito humano à saúde.
Passo Fundo: Saluz, 2017.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
1. Objetivos de aprendizagem:
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
determina distribuição de competências e
responsabilidades para as esferas governamentais
(União, Estados e Municípios), tornando-as
autônomas no processo de gestão. Porém, para que
ocorra a regionalização, faz-se necessário a
articulação entre as três esferas de governo e
internamente entre cada uma delas. Dessa forma, a
regionalização e a hierarquização são consideradas
instrumentos importantes para o alcance dos
princípios fundamentais do SUS - universalidade,
integralidade e equidade (CONASEMS, 2019).
Diante do apresentado, o processo de
regionalização, através de seus atributos essenciais
(Figura 1), tem como principal desafio a
transformação do sistema de saúde para enfrentar a
situação epidemiológica e demográfica da sociedade
brasileira e suas necessidades de saúde.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Você sabe como ocorreu o processo de
Regionalização da Saúde no Brasil?
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
gestor estiver dos problemas de um território, mais
chances ele terá de acertar na resolução deles; e a
participação da comunidade, entendida como um
processo que garante o direito da sociedade de
participar no processo de formulação das políticas de
saúde e do controle de sua execução (BRASIL, 1988;
ORTIGA E CONILL, 2009; DOURADO E ELIAS, 2011).
A partir da definição da responsabilidade
municipal, tornou-se evidente a necessidade de
estabelecer normas e procedimentos que regulassem
o processo de descentralização das ações e serviços
de saúde. Portanto, partir de 1991, são editados
diversos instrumentos normativos que davam
continuidade ao processo de regulamentação da
organização do SUS, entre as quais, as Normas
Operacionais Básicas (NOBs), sendo elas a NOB 91,
que evidencia o processo de municipalização
(BRASIL, 1991); a NOB 93, que definiu
explicitamente o município como gestor específico
das ações e serviços de saúde (BRASIL, 1993); e a
NOB 96, que consolidou a política de
municipalização, estabelecendo o pleno exercício do
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Módulo 2 – A Organização do SUS
poder municipal, cuja função era gerir a atenção à
saúde no seu território (BRASIL, 1996).
Nos anos 2000, o processo de regionalização
avançou com mais clareza a partir da Norma
Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), de 2001
e 2002, que organizou o território de forma a
contemplar espaços supramunicipais, onde se
articularam as redes de assistência à saúde (BRASIL,
2002; VIANA et al., 2008; MACHADO, 2009).
Seguindo nessa perspectiva, em 2006, surge o
Pacto pela Saúde que avança ao apontar a
regionalização como eixo estruturante para gestão
do SUS e estabelece novas diretrizes às esferas
gestoras para implementação das políticas de saúde.
Em 2011, o decreto 7.508 admite as regiões de
saúde como espaços privilegiados para garantia da
integralidade na atenção à saúde da população e
apresenta as Redes de Assistência à Saúde como
proposta para a regionalização da saúde.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Figura 2- Linha do tempo: Regionalização da Saúde no Brasil. 1981 a 2109
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Além do que foi apontado acima, o Plano Diretor
de Regionalização é essencial para a elaboração da
Programação Pactuada Integrada (PPI), o
instrumento que estudaremos a seguir.
Programação Pactuada Integrada (PPI)
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Módulo 2 – A Organização do SUS
financeiros para todos os municípios do estado,
independente de sua condição de gestão.
Abaixo estão os principais objetivos da
Programação Pactuada e Integrada:
● Estimular o processo de planejamento e
programação integrada entre os gestores
municipais e o gestor estadual, por intermédio de
instâncias integradas de planejamento e de
acordos;
● Orientar a organização do sistema de saúde e das
redes de referência de caráter microrregional,
regional ou estadual, de acordo com as
necessidades identificadas;
● Explicitar os fluxos de referências
intermunicipais, acordados entre os gestores, de
forma a garantir o acesso de toda a população a
todos os níveis de atenção;
● Orientar a alocação de recursos financeiros pela
lógica das necessidades de saúde da população e
de acordo com as prioridades estabelecidas pelos
gestores, em detrimento da lógica de alocação
de recursos orientada pela oferta de serviços;
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Módulo 2 – A Organização do SUS
● Orientar a alocação de recursos financeiros entre
municípios, por meio da adoção de critérios
claros e adequados de definição de limites
financeiros, para custeio da assistência
ambulatorial e hospitalar, em todos os
municípios e da explicitação da parcela
correspondente às referências intermunicipais
pactuadas entre os gestores municipais.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Destaca-se que o PDI é parte fundamental do
Plano Diretor de Regionalização, orientando as
propostas orçamentárias e a elaboração dos planos
plurianuais.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Um dos produtos desse processo de
planejamento é o Plano Regional, e este será a base
para a construção do Plano Estadual de Saúde,
conforme disposto na Lei Complementar nº
141/2012, e deve expressar:
a. A identificação do espaço regional ampliado;
b. A identificação da situação de saúde no território,
das necessidades de saúde da população e da
capacidade instalada;
c. As prioridades sanitárias e respectivas diretrizes,
objetivos, metas, indicadores e prazos de execução;
d. As responsabilidades dos entes federados no
espaço regional;
e. A organização dos pontos de atenção da RAS para
garantir a integralidade da atenção à saúde para a
população do espaço regional;
f. A programação geral das ações e serviços de saúde;
g. A identificação dos vazios assistenciais e eventual
sobreposição de serviços orientando a alocação dos
recursos de investimento e custeio da União,
estados, municípios, bem como de emendas
parlamentares.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Depois de compreender o que é um
Planejamento Regional Integrado, vamos entender o
processo para estruturação deste instrumento,
apresentado na figura a seguir.
Figura 4- Passos para o desenvolvimento do Planejamento Regional
Integrado
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Módulo 2 – A Organização do SUS
É importante ressaltar que o PRI deve estar em
consonância com os instrumentos formais de
planejamento do SUS e com os instrumentos de
planejamento governamental, conformando um
ciclo, que visa a promover a equidade regional,
contribuindo assim para a concretização do
planejamento ascendente do SUS.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Desta forma, relaciona-se com as Diretrizes,
Objetivos, Metas e Indicadores do Plano de Saúde e
com as ações e recursos orçamentários e financeiros
da Programação Anual de Saúde, ambos são
instrumentos de planejamento do SUS que veremos
no módulo seguinte.
Abrange as ações de assistência à saúde
(atenção primária, urgência e emergência, atenção
psicossocial e atenção ambulatorial especializada e
hospitalar), de promoção, de vigilância (sanitária,
epidemiológica, da saúde do trabalhador e
ambiental) e de assistência farmacêutica, de
interesse regional, constantes na Relação Nacional
de Ações e Serviços de Saúde (Renases) e na Relação
Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), a
serem realizadas no território.
A PGASS enfatiza também o papel organizativo
da rede de atenção, uma vez que a metodologia
proposta incorpora ferramentas de apoio à
reorganização dos serviços de saúde, partindo de
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Módulo 2 – A Organização do SUS
estimativas de necessidades em saúde, que apontam
para investimentos, antes de promover a alocação
dos recursos de custeio, invertendo a lógica
hegemônica que privilegia meramente a distribuição
do dinheiro. Em outras palavras, o modelo do PGASS
assume, como princípio, a orientação para as
necessidades de saúde da população.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Neste mesmo ano foram priorizadas oito linhas
de cuidado (cardiologia, oncologia,
urgência/emergência com ênfase em traumas,
materno infantil, nefrologia, saúde mental, saúde
bucal e oftalmologia) a serem trabalhadas de acordo
com perfil epidemiológico do Estado e as
necessidades assistenciais com maior impacto na
saúde da população. Em 2011, a nova gestão incluiu
duas novas linhas de cuidado: a
neurologia/neurocirurgia e a vigilância em saúde.
A partir da publicação do Decreto nº 7.508 de 28
de junho de 2011, e considerando suas diretrizes para
a configuração de uma região de saúde, o desenho
proposto do PDR passou por readequação. Neste
processo de readequação para definição das 12
regiões de saúde do Estado de Pernambuco foram
levados em consideração alguns critérios conforme a
Figura 5, a seguir.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Figura 5- 6 critérios para definição das regiões de saúde
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Fonte: https://dgmog.saude.pe.gov.br/mapas/mapa-pe/pernambuco
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Figura 7- Distribuição das regiões de saúde. Pernambuco, 2011
Fonte: https://dgmog.saude.pe.gov.br/mapas/mapa-pe/pernambuco
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Módulo 2 – A Organização do SUS
recomposto com participação de gestores municipais
representando as quatro macrorregiões, assessoria e
representantes estaduais.
Seguindo nessa perspectiva, em 2020, inicia-se a
execução da primeira fase do projeto do PRI e no
ano seguinte, 2021, a segunda fase do processo de
regionalização, no qual ocorreu: a definição das
diretrizes, a atualização da metodologia e
cronograma do processo do Planejamento Regional
Integrado e a ratificação da conformação territorial
da saúde em quatro macrorregiões (Resolução CIB
Nº 5.613); o acolhimento dos novos gestores
municipais; a execução do curso de planejamento e
orçamento voltado para os gestores municipais,
regionais e estaduais com o objetivo de promover
um alinhamento conceitual e metodológico sobre o
PRI no estado; a revisão dos mapas regionais de
saúde, atualização da composição e atribuições do
grupo condutor central do PRI (Resolução CIB Nº
5.622); homologação dos grupos condutores
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Módulo 2 – A Organização do SUS
regionais e a definição das atividades a serem
desenvolvidas no PRI no Estado (Resolução CIB Nº
5.624); a composição e atribuição dos grupos
condutores macrorregionais (Resolução CIB Nº
5.638).
No ano de 2022, inicia-se um novo processo de
revisão do PDR; continuidade do processo de revisão
dos mapas de saúde regionais e construção dos
mapas macrorregionais, com a construção de
instrutivos; a execução do curso de Governança no
SUS, que teve um papel estratégico de fomentar a
continuidade do processo de alinhamento para
implantação e discussão das fases do PRI nas 12
regiões de saúde; e a primeira roda de conversa
virtual entre o grupo condutor central e os grupos
condutores macrorregionais. A Figura 8 apresenta
uma linha do tempo do processo de regionalização
em saúde.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Figura 8- Linha do tempo: Regionalização da Saúde em Pernambuco -
2009 a 2022
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Módulo 2 – A Organização do SUS
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Módulo 2 – A Organização do SUS
A ideia de rede enquanto princípio organizativo
ou explicativo de fenômenos está presente em
muitas áreas do conhecimento moderno. O conceito
é considerado polissêmico, pois abarca múltiplas
definições, com importância e relativos efeitos de
verdade em vários campos da ciência.
Consultando o dicionário da língua portuguesa
(HOUAISS, 2001), o significado da palavra “rede” faz
referência a um “entrelaçado de fios (...), cordões,
arames etc., formando uma espécie de tecido de
malha aberto”, ou ainda a ideias como: “conjunto de
pontos que se comunicam entre si”; e “conjunto de
pessoas ou estabelecimentos que mantêm contato
entre si, geralmente organizadas e sob um único
comando”. Nessas acepções, ficam evidentes, então,
as noções de ligação, comunicação, articulação,
interdependência e conjunto. Amaral e Bosi (2016, p.
2) concluem que na semântica da palavra “rede” está
incutida a ideia de algo “criado por meio de
comunicação, contato, entrelaçamento ou outras
formas de relação entre elementos, estabelecendo
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Módulo 2 – A Organização do SUS
novas possibilidades com base na estrutura assim
produzida”.
Nas imagens acima vemos a expressão da ideia
aqui trabalhada. A rede de proteção, de pesca, e de
dormir, as redes sociais, de comunicação e de
internet ilustram estruturas compostas por pontos
que se comunicam entre si. É essa comunicação
fundamental que estrutura e dá função à rede: seja
para oferecer proteção, promover interação à
distância, garantir a pesca, ou até mesmo um sono
tranquilo.
Além do aspecto material e funcional, as redes
guardam consigo o grande potencial de comportar
uma quantidade quase ilimitada de conexões em
diferentes pontos. As redes são sistemas
estruturados, mas abertos, com possibilidade de
expansão ilimitada, desde que os novos pontos de
conexão compartilhem códigos numa linguagem
comum. Assim, as redes são passíveis de serem
construídas, desconstruídas e reinventadas, de
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Módulo 2 – A Organização do SUS
acordo com condições contextuais e não
necessariamente apriorísticas, respeitando os
códigos comuns como fundamento para a conexão
entre os nós.
No campo das Políticas Públicas, as redes têm
sido propostas para administrar políticas e projetos
quando os recursos são escassos e os problemas
complexos; onde há interação de agentes públicos e
privados, centrais e locais; onde se manifesta uma
crescente demanda por benefícios e por participação
cidadã (FLEURY; OUVERNEY, 2007, in MENDES,
2011). Para garantir uma eficácia da gestão de redes,
é necessário um trabalho rotineiro na produção de
consensos; a operação com situações em que todos
os atores envolvidos ganhem; a harmonia entre
decisores políticos e administrativos; a negociação
de soluções; além do monitoramento e avaliação
permanente dos processos.
As redes não são meros arranjos poliárquicos
entre diferentes atores que possuem certa
autonomia. O conceito se aproxima mais de um
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Módulo 2 – A Organização do SUS
sistema que busca, de maneira deliberada e no plano
institucional, aprofundar e estabelecer padrões
estáveis de inter-relações (MENDES, 2011).
107
Módulo 2 – A Organização do SUS
Isso quer dizer que a APS é a porta de entrada
prioritária do usuário no sistema de saúde, e será ela
também a responsável por ordenar o cuidado deste,
a partir da definição do itinerário terapêutico do
usuário nos diversos pontos de atenção da RAS, de
acordo com suas necessidades e possibilidades de
oferta local.
Fonte: https://repocursos.unasus.ufma.br/redes-atencao-saude-2018/modulo1/ebook/13.html
108
Módulo 2 – A Organização do SUS
Dentre os componentes operacionais expressos
na estrutura operacional das RASs, podemos citar os
principais: centro de comunicação (Atenção Primária
à Saúde); pontos de atenção (secundários e
terciários); sistemas de apoio (diagnóstico e
terapêutico, de assistência farmacêutica, de
teleassistência e de informação em saúde); sistemas
logísticos (registro eletrônico em saúde, prontuário
clínico, sistemas de acesso regulado à atenção e
sistemas de transporte em saúde); e sistema de
governança (da rede de atenção à saúde) (MENDES,
2011).
As RASs surgem na década de 1920, no Reino
Unido, com a produção do Relatório Dawson, que é
fruto de um grande debate político de mudanças no
sistema de proteção social daquela união política,
num contexto pós 1ª Guerra Mundial. No Relatório
constava a primeira proposta de organização de
sistemas regionalizados em saúde, cujos serviços
deveriam ser ofertados por meio de uma organização
ampliada, que visasse o atendimento às
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Módulo 2 – A Organização do SUS
necessidades da população, de maneira eficaz e
resolutiva. Esses serviços deveriam ser acessíveis a
todos e oferecer cuidados tanto preventivos, quanto
curativos à população, seja em domicílio, ou em
centros de saúde secundários, geralmente vinculados
a hospitais (UFMA/UNA-SUS, 2016).
Após a reunião de Alma-Ata (1978), houve uma
intensificação na discussão sobre a reestruturação
dos sistemas de saúde, de acordo com a lógica de
RAS. Na década de 1990, os Estados Unidos da
América retomaram a discussão com o objetivo de
superar a fragmentação do sistema de saúde vigente.
A partir de então, houve um investimento na oferta
contínua de serviços a uma população específica,
territorialmente delimitada, focada na APS, de
maneira interdisciplinar e com integração entre os
serviços de saúde e sistemas de informação.
Experiências parecidas foram registradas no Canadá,
alguns países da Europa e, de maneira mais
incipiente, em países da América Latina, como o
Chile.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
A literatura internacional aponta que os sistemas
de saúde organizados em RASs estruturadas numa
APS forte, resolutiva e coordenadora do cuidado,
apresentam melhores resultados do que aqueles que
têm uma APS fragilizada. Uma APS fortalecida pode
implicar num sistema de saúde mais efetivo, menos
custoso, mais satisfatório à população e mais
equânime, mesmo diante de desigualdades sociais
(UFMA/UNA-SUS, 2016).
No Brasil, foi somente em 2010 que houve uma
preocupação formal com a organização das Redes de
Atenção em Saúde no país, quando o Ministério da
Saúde estabeleceu as diretrizes para a organização
da RAS, por meio da Portaria nº 4.279/2010. Mendes
(2011) afirma que, para haver uma organização
efetiva, eficiente e com qualidade, as RASs têm de
estruturar-se com base nos seguintes fundamentos:
economia de escala, disponibilidade de recursos,
qualidade e acesso; integração horizontal e vertical;
processos de substituição; territórios sanitários; e
níveis de atenção.
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Módulo 2 – A Organização do SUS
Existem 5 Redes Temáticas de Atenção à Saúde
no SUS, as quais são: Rede de Atenção Materna e
Infantil (Rami); Rede de Cuidados à Pessoa com
Deficiência; Rede de Atenção Psicossocial; Rede de
Urgência e Emergência e Rede de Atenção às
Pessoas com Doenças Crônicas.
112
Módulo 2 – A Organização do SUS
programas focalizados em doenças, riscos e
populações específicas, os serviços de saúde
individuais e os coletivos;
● Atenção Primária em Saúde estruturada como
primeiro nível de atenção e porta de entrada do
sistema, constituída de equipe multidisciplinar
que cobre toda a população, integrando,
coordenando o cuidado, e atendendo às suas
necessidades de saúde;
● Prestação de serviços especializados em lugar
adequado;
● Existência de mecanismos de coordenação,
continuidade do cuidado e integração
assistencial por todo o contínuo da atenção;
● Atenção à saúde centrada no indivíduo, na
família e na comunidade, tendo em conta as
particularidades culturais, gênero, assim como a
diversidade da população;
● Sistema de governança único para toda a rede
com o propósito de criar uma missão, visão e
estratégias nas organizações que compõem a
região de saúde; definir objetivos e metas que
113
Módulo 2 – A Organização do SUS
devam ser cumpridos no curto, médio e longo
prazo; articular as políticas institucionais; e
desenvolver a capacidade de gestão necessária
para planejar, monitorar e avaliar o desempenho
dos gerentes e das organizações;
● Participação social ampla;
● Gestão integrada dos sistemas de apoio
administrativo, clínico e logístico;
● Recursos humanos suficientes, competentes,
comprometidos e com incentivos pelo alcance
de metas da rede;
● Sistema de informação integrado que vincula
todos os membros da rede, com identificação de
dados por sexo, idade, lugar de residência,
origem étnica e outras variáveis pertinentes;
● Financiamento tripartite, garantido e suficiente,
alinhado com as metas da rede;
● Ação intersetorial e abordagem dos
determinantes da saúde e da equidade em
saúde;
● Gestão baseada em resultado.
114
Módulo 2 – A Organização do SUS
Com base nesses atributos, o Ministério da
Saúde define as Redes de Atenção à Saúde como
“arranjos organizativos de ações e serviços de saúde,
de diferentes densidades tecnológicas, que integradas
por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de
gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado”.
(BRASIL, 2010, p. 1).
De acordo com esse mesmo documento, a RAS
tem o objetivo de promover a integração sistêmica,
de ações e serviços de saúde com garantia de
atenção contínua, integral, de qualidade, responsável
e humanizada, além de fortalecer o desempenho do
Sistema, em termos de acesso, equidade, eficácia
clínica e sanitária, e eficiência econômica.
Assim a RAS terá características como: as
relações horizontais entre os pontos de atenção com
o centro de comunicação na APS, a centralidade nas
necessidades de saúde de uma população, a
responsabilização por uma atenção contínua e
integral, o cuidado multiprofissional, e o
115
Módulo 2 – A Organização do SUS
compartilhamento de objetivos e compromissos com
os resultados sanitários e econômicos (MENDES,
2011).
116
Módulo 2 – A Organização do SUS
Vale ressaltar que o que diferencia um nível de
atenção do outro são os diferentes graus de
densidade tecnológica necessários aos serviços de
saúde em cada nível. Nesse sentido, não existe uma
hierarquia entre os níveis, mas sim uma
complementaridade conformada numa rede
horizontal entre pontos de atenção à saúde de
distintas densidades tecnológicas e seus sistemas de
apoio, sem ordem e sem grau de maior importância
entre eles. Dessa forma, todos os pontos de atenção
à saúde são igualmente importantes para o
cumprimento dos objetivos da RAS e a garantia de
uma atenção integral ao usuário.
117
Módulo 2 – A Organização do SUS
118
Módulo 2 – A Organização do SUS
119
Módulo 2 – A Organização do SUS
Figura 10- Sistemas de organização de redes de saúde
120
Módulo 2 – A Organização do SUS
121
Módulo 2 – A Organização do SUS
Vamos conhecer a Atenção Primária à Saúde?
122
Módulo 2 – A Organização do SUS
saúde”. Nesses espaços é possível ter acesso a
exames e consultas com equipes multiprofissionais,
que trabalham para garantir atenção integral à saúde
no território.
Contudo, os profissionais da APS não restringem
sua atuação às USFs. Devido ao caráter
territorializado da APS, é fundamental que os
profissionais desse nível de atenção articulem-se
com outros equipamentos sociais e espaços públicos
do território, tais como equipamentos da Assistência
Social, templos religiosos, e organizações sociais,
para a realização de ações de saúde.
Mais do que prover assistência clínica, o objetivo
da APS é estar próximo às pessoas e promover a
saúde e a qualidade de vida da comunidade. Esse
trabalho preventivo e de orientação é importante,
inclusive, para a otimização dos recursos utilizados
em internações e tratamentos nos setores
secundário e terciário, pois garante cuidado e
prevenção a muitas doenças e agravos comuns,
como a hipertensão ou diabetes.
123
Módulo 2 – A Organização do SUS
Além das Equipes de Saúde da Família, a APS
conta com profissionais alocados em outras equipes
como: Saúde da Família Ribeirinhas, Prisionais,
Consultório na Rua, Saúde Bucal, dentre outras.
Observe a figura abaixo para compreender os
atributos e funções da APS.
Figura 11- Atributos e funções da Atenção Primária à Saúde
124
Módulo 2 – A Organização do SUS
Uma APS fortalecida, em consonância aos seus
atributos e funções, pode proporcionar benefícios
como: garantia da promoção da saúde e prevenção
de doenças e agravos; gestão precoce dos problemas
de saúde; facilitação do acesso aos serviços
necessários e melhoria na qualidade do cuidado;
contribuição à redução da atenção desnecessária ou
iatrogênica no setor secundário; fomento a ações de
saúde mais adequadas, organizadas a partir das
necessidades da população adscrita; promoção de
maior equidade e integralidade na atenção aos
usuários.
125
Módulo 2 – A Organização do SUS
E os níveis Secundário e Terciário?
126
Módulo 2 – A Organização do SUS
O itinerário do usuário pelos pontos de
atenção da rede
127
Módulo 2 – A Organização do SUS
128
Módulo 2 – A Organização do SUS
Figura 12- Organização da Rede temática de Atenção Psicossocial
(RAPS)
129
Módulo 2 – A Organização do SUS
Em conformidade às conquistas oriundas da luta
antimanicomial, existem os chamados serviços
substitutivos, que são pontos de atenção orientados
por estratégias de desinstitucionalização. Esses
serviços surgiram em contraposição ao antigo
modelo que centralizava o cuidado em hospitais
psiquiátricos, apostando, desta vez, num cuidado
territorial, de base comunitária e em liberdade. Para
que esse novo paradigma de cuidado em saúde
mental e atenção psicossocial dê certo, é
imprescindível a comunicação efetiva entre os
diversos pontos de atenção da rede, para que sejam
construídas e articuladas conjuntamente
possibilidades de cuidado congruentes, de acordo
com as necessidades do usuário e potencialidades do
território.
130
Módulo 2 – A Organização do SUS
continuidade do cuidado em saúde em qualquer
ponto da rede. Essa integração se faz principalmente
através de sistemas logísticos potentes (cartão de
identificação das pessoas usuárias, prontuário clínico
eletrônico, sistema de acesso regulado à atenção e
sistema de transporte em saúde).
Os pontos de atenção secundária de uma rede,
por exemplo, operam com prontuários que devem
circular, concomitantemente, em todos os níveis do
sistema. Esses prontuários são familiares, o que
viabiliza a incorporação, nos cuidados, dos
instrumentos potentes da abordagem da medicina
familiar. Além disso, permitem registrar todos os
portadores de uma determinada condição crônica,
por riscos socioeconômicos e sanitários, enviar
alertas e dar feedbacks aos profissionais e às pessoas
usuárias. Por fim, viabilizam as comunicações,
registradas formalmente, entre as equipes da
atenção secundária e da APS, garantindo uma
comunicação adequada entre generalistas e
especialistas.
131
Módulo 2 – A Organização do SUS
Figura 13- Componentes do Sistema Logístico da RAS
132
Módulo 2 – A Organização do SUS
Seguem abaixo duas aulas virtuais para um
maior aprofundamento dos conteúdos abordados
no módulo 2:
Aula virtual: Regionalização em saúde
Professor João Batista - SES/PE
133
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de
1891. Brasília: Diário Oficial da União, 1891.
134
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 95, de 26 de janeiro de
2001. Aprova a norma operacional da assistência à saúde - NOAS
SUS 01/01. Brasília: Diário Oficial da União, 2001.
135
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Intergestores Tripartite
Resolução Nº 44, de 23 de Agosto de 2019. Define que o acordo
de colaboração entre os entes federados, disposto no inciso II do
art. 2º do Decreto nº 7.508/2011, é resultado do Planejamento
Regional Integrado.
136
REFERÊNCIAS
137
REFERÊNCIAS
FIGUEIREDO, N. M. V.; SILVA, P. F.; ROSA, L. C. S.; CUNHA, C. L.
F.; SANTOS, R. V. S. G. O processo histórico de construção do
Sistema Único de Saúde brasileiro e as novas perspectivas.
Revista Âmbito Jurídico, 2010.
138
REFERÊNCIAS
SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo;
Coordenadoria de Planejamento de Saúde – CPS; Coordenadoria
de regiões de saúde - CRS. Instrumentos de planejamento de
saúde, 2017.
139
Módulo 2 – A Organização do SUS
Material Complementar
Para dar apoio aos seus estudos sobre a “A
organização do SUS”, disponibilizamos aqui, outros
materiais para complementar os estudos:
141
142
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
1. Objetivos de aprendizagem:
143
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
Planejar para quê?
144
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
Diante do apresentado podemos considerar que
Planejar é analisar as diversas possibilidades para
resolver um problema ou modificar uma realidade
antes de realizar uma ação, e a partir desta análise,
realizar a tomada de decisão da melhor opção de ação
a ser executada.
Portanto, planejar consiste em questionar e
procurar responder aos seguintes questionamentos: "o
quê”, “como”, “porquê”, “quando”, “com quem” e
“com o quê”.
Aspectos Conceituais
145
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
Instrumentos de Planejamento
Para Matus (1989;1993), planejamento é o
cálculo que precede e preside a ação. No SUS, a
elaboração dos instrumentos de planejamento
definidos na legislação são condicionantes para a
transferência de recursos financeiros.
Os instrumentos para o planejamento e gestão
no âmbito do SUS são: o Plano de Saúde e as
respectivas Programações Anuais, o Relatório
Detalhado do Quadrimestre Anterior (RDQA) e o
Relatório de Gestão. Estes instrumentos se
interligam sequencialmente compondo um processo
cíclico de planejamento e gestão para
operacionalização integrada, solidária e sistêmica do
SUS (BRASIL, 2021)
As normas exigem o cumprimento dos prazos
para a elaboração desses instrumentos e os gestores
devem observar a lógica desse ciclo de planejamento
no setor saúde (BRASIL, 2016a; 2021).
146
Agenda do Gestor segundo o ciclo do planejamento de saúde
Instrumento Marco legal Providência Prazo
148
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
149
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
O Plano de Saúde, assim como os demais
instrumentos de planejamento do SUS, é submetido
à apreciação e aprovação do respectivo Conselho de
Saúde e deve ser disponibilizado para acesso público
no DigiSUS Gestor – Módulo Planejamento (BRASIL,
2021).
150
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
3. Programação Anual de Saúde (PAS)
Este instrumento operacionaliza e atualiza as
intenções expressas no Plano de Saúde e tem por
objetivo anualizar as metas do PS e prever a alocação
dos recursos orçamentários a serem executados
(BRASIL, 2016a; 2017).
Nesse documento estão definidas as ações que
devem ser realizadas para alcançar os objetivos e o
cumprimento das metas do Plano de Saúde, as
metas anuais para cada ação definida, os indicadores
utilizados para monitoramento e avaliação da
Programação e os recursos orçamentários
necessários para seu cumprimento (BRASIL, 2016a;
2021).
Para Estados e Municípios, a Programação Anual
de Saúde deverá dispor da seguinte estrutura
(BRASIL, 2017):
I - a definição das ações que, no ano específico,
garantirão o alcance dos objetivos e o cumprimento
das metas do Plano de Saúde;
151
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
II - a identificação dos indicadores que serão
utilizados para o monitoramento da PAS; e
III - a previsão da alocação dos recursos
orçamentários necessários ao cumprimento da PAS.
Em razão de não ser executora direta de ações e
serviços de saúde, a União dispõe de estrutura
diferente da PAS em relação aos demais entes
federados (BRASIL, 2017): “§ 2° Para a União, serão
estabelecidas metas anualizadas do Plano de Saúde e
a previsão da alocação dos recursos orçamentários
necessários ao cumprimento da PAS”.
No processo de elaboração e execução da PAS,
os gestores de saúde observarão os seguintes prazos:
I - elaboração e envio para aprovação do
respectivo Conselho de Saúde antes da data de
encaminhamento da Lei de Diretrizes Orçamentária
(LDO) do exercício correspondente; e
II - execução no ano subsequente.
152
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
4. Relatório Detalhado do Quadrimestre
Anterior (RDQA)
Trata-se de um instrumento de monitoramento
e acompanhamento da execução da PAS e deve ser
apresentado pelo gestor do SUS até o final dos
meses de maio, setembro e fevereiro, em audiência
pública na Casa Legislativa do respectivo ente da
Federação (BRASIL, 2017).
O RDQA deve conter informações sobre o
montante e a fonte dos recursos aplicados no
período analisado; descrever as auditorias
realizadas ou em fase de execução no período e
suas recomendações e determinações; a oferta e
produção de serviços públicos na rede assistencial
própria, contratada e conveniada, cotejando esses
dados com os indicadores de saúde da população em
seu âmbito de atuação (BRASIL, 2017; 2021).
153
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
5. Relatório de Gestão (RG)
É o instrumento de gestão com elaboração anual
que apresenta os resultados atrelados à execução da
PAS, devendo conter as diretrizes, objetivos e
indicadores do PS; as metas previstas e executadas
da PAS; a análise da execução orçamentária; e
recomendações necessárias, inclusive para os
redirecionamentos necessários à revisão do PS
(BRASIL, 2017; 2021).
O RG deve ser enviado ao respectivo Conselho de
Saúde do ente federado até 30 de março do ano
seguinte à sua competência para análise e emissão
de parecer pelo conselho (BRASIL, 2017; 2021).
154
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
155
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
Embora a região não seja um ente federado, a
Lei nº 141/2012 define que o planejamento deve ser
ascendente a partir de um plano regional.
Atualmente a Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
considera que o planejamento ascendente deva
ocorrer a partir da Macrorregião de Saúde – MRS.
Chamamos de Plano Macrorregionais de Saúde
(PMRS) o plano construído a partir das 120 MRS do
SUS (BRASIL, 2021).
156
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
1- Como selecionar informações relevantes para o
conhecimento da saúde da população, onde
encontrá-las e como utilizá-las?
2- Como saber qual o volume de recursos
financeiros que poderá dispor nos próximos anos e
quais as regras de utilização?
3- Como definir as prioridades da política de saúde
para os próximos anos?
4- Que atores devem ser incluídos no
planejamento regional integrado para fornecer mais
legitimidade ao processo?
5- Qual o papel de cada um dos entes federados e
como eles devem trabalhar articulados?
Essas questões são o ponto de partida para que
os gestores possam organizar de maneira
consistente suas atividades de planejamento, e as
respostas para elas podem ser encontradas nas
legislações atuais sobre o planejamento no SUS e nos
próprios processos de tomadas de decisão nos
espaços institucionais de governança no SUS.
157
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
158
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
Você sabe o que é governança no SUS?
Júnior e colaboradores (2020, p. 23) destacam
que:
[...] Historicamente, os processos de
governança no SUS estão diretamente
relacionados à capacidade de tomada de
decisão política, com caráter
participativo, realizada em órgãos
colegiados como espaços democráticos
de deliberação – posto que, desde a sua
concepção constitucional, o Congresso
Constituinte afirmava a necessidade de
instituir um modelo de democracia
participativa no SUS. Ao mesmo tempo,
apontava-se para a institucionalização de
uma estrutura intergovernamental de
serviços para atuar em perspectiva
regional, responsável pelas políticas de
saúde, porém preservando a autonomia
dos entes governamentais. Essas diretrizes
resultam, em conjunto, na necessidade de
pactuar com esses atores subnacionais os
rumos institucionais do SUS. (grifo nosso)
159
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
O Brasil é um país federativo e, por essa razão, o
modelo institucional do SUS foi construído para ser
operado cooperativamente pela trina federativa:
União, estados e municípios. Neste modelo,
denominado federalismo cooperativo, os entes
federados são corresponsáveis pelas ações e serviços
de saúde (FLEURY; OUVERNEY, 2007), sendo a
prática das relações intergovernamentais um dos
componentes da governança, uma vez que a
dinâmica das relações, caracterizadas por forte
interdependência e autonomia, requer a busca do
equilíbrio entre elas, pois, nos processos decisórios
compartilhados, os agentes públicos necessitam lidar
com elementos como: solidariedade, cooperação,
conflito e competição para efetivar a implantação do
SUS (JÚNIOR et al., 2020).
Na institucionalidade do SUS, o federalismo
cooperativo manifesta-se, por meio das instâncias
permanentes de governança, como: a Comissão
160
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
Intergestores Tripartite (CIT), as Comissões
Intergestores Bipartites (CIB) e as Comissões
Intergestores Regionais (CIR). Estes espaços de
tomada de decisão, funcionam como mecanismos de
freios e contrapesos à concentração de autoridade
em determinados entes federativos (JÚNIOR et al.,
2020; BRASIL, 2016b).
Embora existam espaços institucionais de
governança no SUS Júnior e colaboradores (2020, p.
30) afirmam que:
[...] A governança pública do SUS não se
constitui apenas de fóruns internos, uma
vez que precisam fazer parte dos
processos de tomada de decisão os
atores governamentais e não
governamentais situados em territórios
sanitários integrados por propósitos
comuns intersetoriais. Nesse contexto,
reafirma-se que o exercício do controle
social na escala distrital potencialmente
poderia viabilizar o diálogo intersetorial
para execução de tais políticas. Do ponto
de vista operacional, a formulação de
161
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
políticas de saúde tem nos instrumentos de
audiências, consultas públicas e canais de
participação individual dos cidadãos os
mecanismos mobilizadores capazes de
anteceder as conferências de saúde como
forma de melhorar os processos de decisão
colegiada em nome da sociedade. Em
suma, essa articulação permite à sociedade
participar decisivamente dos processos de
governança pública, na perspectiva sob a
qual o desenho do controle social efetivo e
democrático do SUS encontra-se
regulamentado no País. (grifo nosso)
Diante do exposto podemos destacar que a
prática da governança no SUS precisa ser
fortalecida, nessa lógica de inclusão de todos os
atores que estão atuando no território que é
referência para a organização das ações e dos
serviços de saúde e para a transferência de recursos
entre os entes federativos, como decorrência das
normativas do SUS (BRASIL, 2016b).
162
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
163
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
164
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
● Na esfera estadual, os Fundos Estaduais de Saúde
(FES) gerenciam os recursos, através das
Secretarias Estaduais de Saúde;
● Na esfera municipal, os Fundos Municipais de
Saúde (FMS) são os gestores financeiros, através
das Secretarias Municipais de Saúde.
Para receberem o repasse dos recursos, os
estados, os municípios e o Distrito Federal devem
contar com (Lei 8.142/1990):
I- Fundo de saúde;
II – Conselho de Saúde, com composição paritária;
III – Plano de saúde;
IV – Relatórios de gestão que permitam o controle
financeiro;
V – Contrapartida de recursos para a saúde no
respectivo orçamento;
VI – Comissão de elaboração do Plano de Carreira,
Cargos e Salários (PCCS).
165
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
Na ausência das condições acima citadas nos
municípios, os recursos provenientes do
financiamento do SUS serão administrados pelo
estado correspondente ou pela União até que o
município passe a cumprir tais condições para a
transferência ao FMS.
O repasse financeiro dos recursos do SUS é feito
diretamente do FNS para os fundos dos Estados e
para os fundos dos Municípios, ou de forma
complementar, dos FES para os Fundos Municipais.
Essa modalidade de transferência é chamada de
repasse fundo a fundo.
Quanto aos valores mínimos de recursos a serem
aplicados anualmente pela União, pelos estados e
municípios na saúde destaca-se:
● Recursos da União: Atualmente o valor gasto no
ano anterior acrescido da variação do Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo- IPCA
(Emenda Constitucional 95/2016)
166
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
● Recursos Estaduais e do DF: no mínimo, 12% do
valor arrecadado através dos impostos (Lei
Complementar 141/2012);
● Recursos Municipais e do DF: no mínimo, 15% do
valor arrecadado através dos impostos (Lei
Complementar 141/2012).
Atenção: o DF é um ente federado que assume a
característica de estado e de município ao mesmo
tempo, tendo, portanto, a arrecadação de impostos
que correspondem à receita dos Estados e impostos
que correspondem à receita dos Municípios.
Segundo a Portaria nº 828, de 17 de Abril de 2020
(BRASIL, 2020b) a transferência de recursos do FNS
destinados a despesas com ações e serviços públicos
de saúde, a serem repassados na modalidade fundo a
fundo aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios serão organizados e transferidos na
forma dos seguintes blocos de financiamento:
167
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
1. Bloco de Manutenção das Ações e Serviços
Públicos de Saúde
168
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
aqueles contratados exclusivamente para
desempenhar funções relacionadas aos serviços
previstos no respectivo Plano de Saúde, gratificação
de função de cargos comissionados, exceto aqueles
diretamente ligados às funções relacionadas aos
serviços previstos no respectivo Plano de Saúde,
pagamento de assessorias/consultorias prestadas por
servidores públicos pertencentes ao quadro do
próprio município ou do estado e obras de
construções novas bem como de ampliações de
imóveis já existentes, ainda que utilizados para a
realização de ações e/ou serviços de saúde (BRASIL,
2021).
2. Bloco de Estruturação da Rede de Serviços
Públicos de Saúde
169
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
II - obras de construções novas ou ampliação de
imóveis existentes utilizados para a realização de
ações e serviços públicos de saúde; e
III - obras de reforma de imóveis já existentes
utilizados para a realização de ações e serviços
públicos de saúde.
Vedada a utilização em órgãos e unidades
voltados, exclusivamente, à realização de atividades
administrativas.
170
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
Com a Constituição Federal de 1988, foi
determinado que o financiamento do Sistema Único
de Saúde seria tripartite, ou seja, com participação
das três esferas de governo, gerando receita
necessária para custear as despesas com Ações e
Serviços Públicos de Saúde (ASPS). Além disso, a
saúde foi instituída como integrante da seguridade
social, junto com a previdência e a assistência social.
Apesar dessa garantia constitucional, o SUS ainda
enfrenta dificuldades para alcançar o volume de
recursos necessários à melhoria dos serviços
ofertados à população, e para cumprir os preceitos
constitucionais de acesso universal e atendimento
integral (PIOLA et al., 2013).
Nos anos 90, as Leis nº 8.080 e 8.142 além de
regulamentarem a organização do SUS, tratam de
alguns aspectos sobre o seu financiamento, tais
como, critérios para a transferência de recursos para
os estados e municípios, definição de como e onde
171
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
será feito o investimento dos recursos, fontes de
financiamento. Como a CF/88 não definiu patamares
mínimos de aplicação em saúde e por não existir
sistema de informação que possibilitasse a
consolidação do gasto dos entes federados com o
SUS, diversas propostas foram apresentadas ao
Congresso Nacional para a vinculação de recursos à
saúde pelas três esferas de governo (BRASIL, 1990a;
BRASIL, 1990b; SERVO, et al., 2020).
Foi com a Emenda Constitucional (EC) nº 29 de
13 de setembro de 2000, que a vinculação foi
instituída, definindo o percentual de aplicação
mínima de recursos em Ações e Serviços Públicos de
Saúde (BRASIL, 2000a).
Mesmo com os avanços promovidos pela EC
29/2000, cabe salientar que foram mantidas
indefinições sobre quais despesas deveriam ser
consideradas como ações e serviços de saúde e o que
não poderia ser enquadrado nesse âmbito. Diante
172
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
disto, tanto a equipe econômica do governo federal
da época, como os próprios estados e alguns
municípios incluíram indevidamente como despesas
em ações e serviços de saúde gastos que estavam
fora da esfera de competência do setor saúde
(MENDES; FUNCIA, 2016).
O método conflitante de cálculo para aplicação
dos recursos da União, foi outro aspecto que recebeu
críticas, dado que foi dispensado de assegurar maior
responsabilidade dessa esfera na sustentação do
SUS. Além disso, a EC 29 não define a origem dos
recursos procedentes da seguridade social,
ignorando o intenso embate por seus recursos
(MENDES; FUNCIA, 2016).
Antes da regulamentação da EC 29, diversos
dispositivos estavam em discussão para
institucionalizar as questões fundamentais do
financiamento da saúde. À princípio o Ministério da
Saúde assumiu o debate em torno desse processo,
173
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
orientado pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS),
com participação de outros agentes públicos. Uma
importante resolução elaborada no período foi a de
nº 322 que foi o suporte que norteou a política de
saúde (BRASIL, 2003; 2013).
174
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
Regulamenta o § 3o do art. 198 da
Constituição Federal para dispor sobre os
valores mínimos a serem aplicados
anualmente pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios em ações e serviços
públicos de saúde; estabelece os critérios
de rateio dos recursos de transferências
para a saúde e as normas de fiscalização,
avaliação e controle das despesas com
saúde nas 3 (três) esferas de governo;
revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de
19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de
julho de 1993; e dá outras providências.
(grifo nosso)
Foi a partir da aprovação da Lei Complementar
(LC) nº 141 que a EC 29 foi finalmente
regulamentada, no entanto não houve a ampliação
dos recursos para a saúde. Ainda assim, deve-se
destacar que a LC 141/2012 foi responsável por
melhor delimitar as despesas que podem ser
consideradas em ASPS e por ter estabelecido
sanções aos entes pelo descumprimento das
aplicações mínimas (BRASIL, 2013; PIOLA et al.,
2013).
175
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
Importante relembrar que antes as ações e
serviços estavam indefinidas, e mesmo com a
tentativa do CNS de defini-las, houve
descumprimento e inadequações quanto ao uso de
recursos. Assim a LC 141/2012, no artigo 3º, definiu os
tipos de ações e serviços que podem ser custeados
com recursos da saúde:
I - vigilância em saúde, incluindo a epidemiológica e
a sanitária;
II - atenção integral e universal à saúde em todos os
níveis de complexidade, incluindo assistência
terapêutica e recuperação de deficiências
nutricionais;
III - capacitação do pessoal de saúde do Sistema
Único de Saúde (SUS);
IV - desenvolvimento científico e tecnológico e
controle de qualidade promovidos por instituições do
SUS;
V - produção, aquisição e distribuição de insumos
176
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
específicos dos serviços de saúde do SUS, tais como:
imunobiológicos, sangue e hemoderivados,
medicamentos e equipamentos
médico-odontológicos;
VI - saneamento básico de domicílios ou de
pequenas comunidades, desde que seja aprovado
pelo Conselho de Saúde do ente da Federação
financiador da ação e esteja de acordo com as
diretrizes das demais determinações previstas nesta
Lei Complementar;
VII - saneamento básico dos distritos sanitários
especiais indígenas e de comunidades
remanescentes de quilombos;
VIII - manejo ambiental vinculado diretamente ao
controle de vetores de doenças;
IX - investimento na rede física do SUS, incluindo a
execução de obras de recuperação, reforma,
ampliação e construção de estabelecimentos
públicos de saúde;
177
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
X - remuneração do pessoal ativo da área de saúde
em atividade nas ações de que trata este artigo,
incluindo os encargos sociais;
XI - ações de apoio administrativo realizadas pelas
instituições públicas do SUS e imprescindíveis à
execução das ações e serviços públicos de saúde; e
XII - gestão do sistema público de saúde e operação
de unidades prestadoras de serviços públicos de
saúde.
Para fins de cumprimento do mínimo
constitucional, os gastos que não são considerados
como ASPS foram especificados no artigo 4º da
mesma lei. As vedações apresentadas demonstram a
preocupação do legislador em excluir aquelas
despesas que, embora possam contribuir para a
melhoria da saúde da população, não entram no
cômputo de aplicação do mínimo constitucional, tais
como meio ambiente, merenda escolar e bolsa
família:
178
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
I - pagamento de aposentadorias e pensões,
inclusive dos servidores da saúde;
II - pessoal ativo da área de saúde quando em
atividade alheia à referida área;
III - assistência à saúde que não atenda ao princípio
de acesso universal;
IV - merenda escolar e outros programas de
alimentação, ainda que executados em unidades do
SUS, ressalvando-se o disposto no inciso II do art. 3º;
V - saneamento básico, inclusive quanto às ações
financiadas e mantidas com recursos provenientes de
taxas, tarifas ou preços públicos instituídos para essa
finalidade;
VI - limpeza urbana e remoção de resíduos;
VII - preservação e correção do meio ambiente,
realizadas pelos órgãos de meio ambiente dos entes
da Federação ou por entidades não governamentais;
VIII - ações de assistência social;
IX - obras de infraestrutura, ainda que realizadas
179
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
para beneficiar direta ou indiretamente a rede de
saúde; e
X - ações e serviços públicos de saúde custeados
com recursos distintos dos especificados na base de
cálculo definida nesta Lei Complementar ou
vinculados a fundos específicos distintos daqueles da
saúde.
Quanto à fiscalização e gestão desses recursos, a
LC 141/2012, estabelece o Ministério da Saúde como
o responsável por monitorar e avaliar a aplicação dos
recursos mínimos no SUS, com vistas ao
cumprimento da determinação constitucional. Esse
monitoramento e avaliação são realizados por meio
do Sistema de Informações sobre Orçamentos
Públicos em Saúde (Siops) (BRASIL, 2012; BRASIL,
2013).
180
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
181
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
182
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
apresentação de um projeto de lei de iniciativa
popular (PLP 321/2013) ao Congresso Nacional.
Contudo, uma forte resistência da área econômica do
governo do período desconsiderou a demanda
popular e decidiu pela aprovação no Congresso
Nacional da Emenda Constitucional nº 86 em 17 de
março de 2015.
A EC nº 86, alterou os artigos 165, 166 e 198 da
Constituição Federal para tornar obrigatória a
execução da programação orçamentária com
mudanças na regra de cálculo da aplicação mínima
federal. Através desta EC a base de cálculo se
manteve a Receita Corrente Líquida (RCL), mas a
aplicação deveria ser escalonada partindo de 13,2%
em 2016 para 15% em 2020, no caso da aplicação da
União. Críticas foram feitas a esta EC, pois este
percentual inicial definido pelo Congresso foi menor
do que o programado anteriormente, 14,8%, o que
caracterizaria uma inconstitucionalidade em algumas
interpretações do judiciário (BRASIL, 2015; FUNCIA,
2018).
183
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
Outra importante determinação presente na EC
86/2015, foi o aumento das emendas parlamentares
para um teto de 1,2% da Receita Corrente Líquida,
sendo que a metade (0,6%), no mínimo, seriam para
despesas com ações e serviços públicos de saúde.
Este valor representa quatro vezes mais do que a
média de gasto do Ministério da Saúde com
Emendas Parlamentares correspondentes ao período
de 2010-2013. Sendo assim, acabam sendo retirados
valores que estavam anteriormente definidos na
programação de despesas do Plano Nacional de
Saúde (FUNCIA, 2018).
Igualmente preocupante foi a mudança no
financiamento à saúde que ocorreu com a EC nº 95,
de 15 de dezembro de 2016. A EC 95 foi aprovada
num contexto de acentuado ajuste fiscal pela área
econômica do governo vigente, e ficou conhecida
como emenda do teto de gastos, pois congelou a
despesa primária da União e sua aplicação mínima
184
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
em ASPS, em termos reais, até 2036. Em outras
palavras, fixou um “teto” nos níveis das despesas
pagas em 2016 somente corrigidos pela variação
anual do IPCA/IBGE (BRASIL, 2016c; FUNCIA, 2018).
No caso da saúde e da educação, essa nova regra
estabeleceu como “teto” o valor apurado da
aplicação mínima de 2017. Isto significa que os 15%
da RCL do ano de 2017 foi estabelecido como a base
de referência para correção pela variação anual do
IPCA de modo a calcular os novos “pisos/tetos” de
2018 a 2036. Ademais, a EC 95 dificulta a alocação de
mais recursos para a saúde, pois acaba retirando os
recursos para outras áreas. Esta decisão
desconsidera o aumento populacional, que seguirá
nos 20 anos seguintes, as mudanças do perfil
epidemiológico e demográfico da população, os
custos dos insumos, matérias, medicamentos, novas
(e velhas) tecnologias de saúde, dentre outras
(FUNCIA, 2018; SERVO et al., 2020).
185
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
Para alguns pesquisadores, a EC 95 é
inconstitucional, pois violaria a lógica do princípio da
vedação ao retrocesso social. Além disso, aprofunda
o processo de desmonte do SUS, ao desfinanciar a
saúde continuamente por 20 anos (FUNCIA, 2018).
Abaixo histórico das vinculações orçamentárias para
execução das ASPS.
186
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
Figura 1- Histórico das vinculações orçamentárias para execução de
ações e serviços públicos de saúde – (ASPS)
187
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
Considerando que:
O PRI visa organizar as ações e serviços
ofertados, promovendo maior equidade,
integralidade na atenção à saúde, racionalização dos
gastos e otimização dos recursos, levando em
consideração a diversidade no processo de
implementação das diversas Redes de Atenção
prioritárias; a organização da Rede de atenção à
saúde regionalizada, na perspectiva macrorregional,
permitirá melhor aproveitamento de recursos,
economia de escala e melhoria do acesso.
188
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
Para tanto, é essencial o processo de
fortalecimento de espaços deliberativos para
discussão e pactuação nas tomadas de decisão,
porém sem perder de vista a necessidade da
reestruturação da política de financiamento do SUS.
189
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
190
REFERÊNCIAS
BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. O
Financiamento da Saúde. Brasília. 20ª ed. v. 2, p. 124, 2011.
(Coleção Para Entender a Gestão do SUS - 2011)
191
REFERÊNCIAS
BRASIL. Financiamento público de saúde. Brasília: Ministério da
Saúde, 1ª edição, 124 p., 2013. (Série Ecos – Economia da Saúde
para a Gestão do SUS).
192
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº
828, de 17 de abril de 2020. Altera a Portaria de Consolidação nº
6/2017/GM/MS, para dispor sobre os Grupos de Identificação
Transferências federais de recursos da saúde. Diário Oficial da
União, 2020b.
193
REFERÊNCIAS
Retrocessos. / ANFIP / Fundação ANFIP de Módulo s Tributários e
da Seguridade Social – Brasília: ANFIP, 2018. p. 89 – 103.
194
REFERÊNCIAS
SERVO, L. M. S.; SANTOS, M. A. B. dos; VIEIRA, F. S.;
BENEVIDES, R. P. de S. e. Financiamento do SUS e Covid-19:
histórico, participações federativas e respostas à pandemia.
Saúde em Debate, v. 44, n. Saúde debate, 2020 44 (spe4), p.
114–129, 2020.
195
Módulo 3 – Planejamento, Governança
e Financiamento do SUS
Material Complementar
Para dar apoio aos seus estudos sobre o
“Planejamento, Governança e Financiamento no SUS”,
disponibilizamos aqui, outros materiais para
complementar os estudos:
● BRASIL. Ministério da Saúde. Financiamento
público de saúde / Ministério da Saúde,
Organização Pan-Americana da Saúde. Brasília:
Ministério da Saúde, 2013. 124 p. (Série Ecos –
Economia da Saúde para a Gestão do SUS; Eixo 1, v.
1)
● Conselho Nacional de Secretarias Municipais de
Saúde - CONASEMS. Manual do(a) gestor(a)
Municipal do SUS - diálogos no cotidiano. 2ª edição
digital - revisada e ampliada – 2021. 440 p.
● GOMES, F.B.C. Impasses no financiamento da
saúde no Brasil: da constituinte à regulamentação
da emenda 29/00. SAÚDE DEBATE , 38(100), pp.
6-17, 2014.
197
Material Complementar
● JUNIOR, N. B.; SHIMIZU, H.E. Reflexões teóricas
sobre governança nas regiões de saúde. Ciência &
Saúde Coletiva, 22(4):1085-1095, 2017.
198
Material Complementar
● PIOLA, S. F.; PAIVA, A. B.; SÁ, E. B.; SERVO, L. M.
S. Financiamento público da saúde: uma história à
procura de rumo. 1846 Texto para discussão.
Brasília: Rio de Janeiro: IPEA. 2013.
199
200
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
1. Objetivos de aprendizagem:
201
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
Compreender a democracia para entender o
controle social
202
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
um regime democrático, ou seja, um regime que
pressupõe a participação dos cidadãos nos diversos
espaços públicos. Além disso, é o exercício da
democracia que a fortalece enquanto tal.
O entendimento do conceito de democracia não
é um consenso no mundo nem no Brasil. Existe uma
disputa sobre o significado dessa ideia, que varia de
acordo com a compreensão predominante da
organização de Estado em cada sociedade.
A palavra “democracia” tem origem na Grécia
Antiga e remete ao governo da maioria. Demos
significa povo, e cratos, poder, o que faz alusão à
soberania exercida pelo povo (CENTRO DE
EDUCAÇÃO E ASSESSORAMENTO POPULAR,
2017). A ideia de governo da maioria é o princípio
fundamental da democracia ocidental aplicada,
principalmente, no processo eleitoral em diversos
países. No entanto, cabe uma reflexão sobre quem,
de fato, são os cidadãos que constituem essa
maioria. Na história do Brasil, foi somente em 1985
203
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
que ocorreu a universalização do voto, a partir de
quando mulheres, indígenas e analfabetos puderam
ser incluídos no processo eleitoral. Então, até pouco
tempo atrás, eram somente os homens, brancos e
alfabetizados, que tinham o direito ao voto e
escolhiam seus representantes de governo, mas de
forma alguma estes constituíam a maioria do país.
Assim, o governo não era de todos, mas somente de
alguns para alguns outros (CENTRO DE EDUCAÇÃO
E ASSESSORAMENTO POPULAR, 2017).
No nosso país, existem duas tendências
democráticas que tensionam o exercício da
democracia brasileira: a representativa e a
participativa. A democracia representativa é aquela
em que o povo, por meio do voto, escolhe seus
representantes para governar segundo a
Constituição. Nessa concepção, a participação social
se dá pelo voto, e os representantes eleitos devem
representar os interesses de seus eleitores, e não um
projeto pessoal (CENTRO DE EDUCAÇÃO E
ASSESSORAMENTO POPULAR, 2017).
204
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
É uma forma indireta de participação de grupos
sociais, uma vez que estes não participam
diretamente do governo e tomada de decisões, pois
isto é feito indiretamente por seus representantes.
Ao menos em tese, isso é o que deveria acontecer,
pois diversas experiências pelo mundo têm mostrado
problemas na relação entre representantes e
representados, quando nem sempre os interesses
dos representados são defendidos por seus
representantes.
A democracia participativa surge a partir da
democracia representativa, trazendo o
entendimento de que a participação do povo nos
processos decisórios não se dá apenas mediante
escolha de representantes, mas também por outras
formas de participação social no governo, como
plebiscitos, referendos, audiências públicas,
conselhos e conferências de políticas públicas
(CENTRO DE EDUCAÇÃO E ASSESSORAMENTO
POPULAR, 2017).
205
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
Essa forma de governar permite uma maior
aproximação com o povo e suas necessidades, para
melhor atender suas demandas. Essa forma de
exercício da democracia está incorporada ao SUS e
permite maior diálogo e monitoramento de políticas
de saúde.
A participação social no governo do Estado não é
uma condição natural, nem tampouco garantida aos
cidadãos. A democracia como temos hoje é uma
conquista de movimentos de luta daqueles que
vieram antes de nós e, por isso, sempre será um
objeto de disputa. Conquistamos avanços no campo
democrático, mas ainda temos que conviver com as
contradições remanescentes de regimes
antidemocráticos anteriores, como no período do
império e ditadura militar.
206
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
Fonte: https://www.tumblr.com/tirasarmandinho/142039148079/tirinha-original
207
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
resultaram em um sistema de controle social cada
vez mais preparado, resolutivo, independente e
representativo. O acesso universal às políticas de
saúde é exemplo de um dos avanços viabilizados pela
existência do controle social (Brasil, 2013).
208
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
Figura 1- Diferenças conceituais da Participação Social e do Controle
Social
209
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
fundamentais, como educação, saúde, previdência e
moradia. Assim, só faz sentido falar em consolidação
da democracia quando o regime político vigente é
capaz de atender às demandas de sua população.
Um regime democrático que desassiste o seu
povo de direitos, torna-se frágil e passível de ser
corroído por forças antidemocráticas que possam
surgir.
A partir do reconhecimento da participação
social como diretriz do SUS, a população pode
contribuir com a consolidação do Sistema, por meio
dos Conselhos e Conferências de Saúde, participando
de trocas de informações, debates, experiências,
proposições, deliberações, socialização e avaliação
de políticas públicas. Assim, a população torna-se
sujeito ativo da política de saúde, e não mera
receptora ou espectadora desta (CENTRO DE
EDUCAÇÃO E ASSESSORAMENTO POPULAR,
2017). Isso significa dizer que o SUS incorpora a ideia
de participação da comunidade como fundamental
210
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
para ampliação da democracia e efetivação das
políticas públicas de saúde.
Existem diversos entendimentos a respeito do
tema da participação da sociedade na esfera pública
de governo. Uma dessas perspectivas considera o
conceito de controle social como sinônimo de uma
“prestação de contas” e o reduz à função de
fiscalização e avaliação. Disso surge a ideia de que o
controle social seria apenas uma gestão técnica do
sistema.
Por outro lado, existe uma perspectiva que
entende o controle social como a participação em
todo o processo da política pública, que inclui a
fiscalização e avaliação, como também o
planejamento, monitoramento e acompanhamento
ao longo do tempo. No caso da Saúde, significa a
apropriação por parte da comunidade sobre quais e
como as políticas de saúde devem ser
implementadas. Nessa última perspectiva, o controle
social configura-se como um instrumento para
radicalizar a democracia, uma vez que torna-se
parte da gestão do Estado.
211
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
Por isso, os Conselhos e as Conferências de Saúde
são, atualmente, os principais espaços para o exercício
da participação e do controle social no campo das
políticas de saúde em todas as esferas de governo do
país (BRASIL, 2013). São espaços essencialmente
democráticos, previstos na Lei n° 8142/90, por meio
dos quais a sociedade se organiza para a garantia da
saúde como direito de todos e dever do Estado.
Vamos conhecer um pouco mais sobre essas
instâncias oficiais de controle social na Saúde?
Os Conselhos de Saúde são instâncias colegiadas,
previstas no artigo 2º da Lei 814/90, que dispõe:
§2° – O Conselho de Saúde, em caráter
permanente e deliberativo, órgão colegiado
composto por representantes do governo,
prestadores de serviço, profissionais de saúde
e usuários, atua na formulação de estratégias
e no controle da execução da política de saúde
na instância correspondente, inclusive nos
aspectos econômicos e financeiros, cujas
decisões serão homologadas pelo chefe do
poder legalmente constituído em cada esfera
do governo.
212
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
Vamos entender o que a Lei diz:
Ao assegurar que os Conselhos têm caráter
permanente, a lei afirma que essa instância deve
sempre existir, à revelia da vontade do gestor local.
Isso garante autonomia e poder ao Conselho, porque
é instituído por lei que nenhuma autoridade pode
extingui-lo.
O caráter deliberativo refere-se ao poder de
decisão sobre assuntos de saúde do município,
estado ou União. Isso significa que o Conselho poderá
aprovar ou não contas e ações de saúde, e que esta
decisão deverá ser respeitada e seguida pelos
responsáveis.
Ao dizer que o Conselho é um órgão colegiado,
significa dizer que este não deve ser um espaço de
representação de interesses pessoais dos
conselheiros, mas sim a representação das diversas
entidades sociais que defendem os direitos humanos.
Por isso, participam do Conselho tanto os
213
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
gestores (secretários e coordenadores regionais),
quanto representantes de diferentes segmentos
sociais, tais como mulheres, população negra,
pessoas com deficiência, sindicatos, associação de
moradores, trabalhadores da saúde e prestadores de
serviços de saúde.
214
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
usuários nunca poderá ser menor que o total de
gestores, profissionais e prestadores. A mesa
coordenadora e as comissões também devem
constituir-se respeitando a paridade.
215
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
O regimento interno é o documento que
estabelece as regras de funcionamento de cada
Conselho. O Conselho tem autonomia para definir
seu próprio regimento, desde que siga alguns pontos
fundamentais, quais sejam:
● Estabelecer uma frequência, no mínimo, mensal
para as reuniões ordinárias, com calendário,
horário e local definidos, para que os
conselheiros e comunidade possam preparar-se
previamente para participarem, evitando o
esvaziamento do plenário.
● Secretariar todas as reuniões, com registro em
ata sobre as decisões acordadas, que deve ser
lida, aprovada e assinada pelos conselheiros.
● Formular resoluções a respeito das principais
deliberações do Conselho.
● Definir comissões internas para facilitar os
trabalhos (ex.: comissão de Educação
Permanente, comissão de finanças, etc).
216
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
● Cada comissão deve estudar temas específicos e
levar seus pareceres ao plenário, para auxiliar no
entendimento do assunto e nas votações. Além
disso, as comissões podem convidar pessoas
externas, para contribuírem no aprofundamento
do tema.
● Definir, com antecedência, as pautas das
reuniões ordinárias. É preferível que cada pauta
seja definida pela plenária da reunião anterior,
para que todos os conselheiros estejam
preparados para discuti-la. Reuniões
extraordinárias podem ser convocadas,
principalmente em caso de assuntos
emergenciais, desde que os conselheiros sejam
avisados com antecedência.
● Compreender que o conselheiro tem um papel
político, e não somente técnico. Por isso, é
importante que as pautas das reuniões não
fiquem relacionadas apenas a processos
217
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
● burocráticos, mas que ensejam a discussão e
definição da política de saúde local. Vale frisar
que os conselheiros devem demandar pautas, e
não somente o gestor da saúde.
218
Figura 3- Linha do tempo das Conferências Nacionais de Saúde (1941-2023)
219
220
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
221
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
Fonte: http://www.ccs.saude.gov.br/cns/index.php
222
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
223
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
Os conselhos devem orientar e mobilizar a
comunidade para uma participação ativa, fornecendo
dados que fomentem a discussão e subsidiem a
escolha da temática da conferência (CENTRO DE
EDUCAÇÃO E ASSESSORAMENTO POPULAR,
2017). Importante destacar que as pré-conferências
têm essa função de garantir a participação social,
com a escuta de múltiplas vozes, e proporcionar o
debate da temática.
Durante as conferências são elegidos os
delegados, respeitando-se o princípio de paridade,
que representarão e terão direito ao voto nos
processos deliberativos das conferências. Ainda que
a possibilidade de votar seja responsabilidade dos
delegados, todas as pessoas presentes têm o direito
de se manifestar e contribuir com o processo de
avaliação e construção das diretrizes para a saúde
(CENTRO DE EDUCAÇÃO E ASSESSORAMENTO
POPULAR, 2017).
224
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
Mudanças expressivas foram alcançadas com os
debates gerados por esses espaços de deliberação,
tal como a que promoveu a 8ª Conferência ao
fornecer as bases para o capítulo sobre saúde
descrito na Constituição Federal de 1988.
225
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
Gomes e Órfão (2021), a partir de uma revisão
integrativa, empreenderam o esforço de tentar
compreender quais são os desafios enfrentados para
a efetiva participação social e o controle social na
gestão do SUS. Na pesquisa, evidenciou-se que a
luta por interesses próprios, a influência
político-partidária, o distanciamento entre
representantes e representados, a falta ou
inadequada capacitação permanente em saúde, e a
deficiência de infraestrutura dos espaços
deliberativos, são importantes questões que
obstaculizam o exercício do controle social. Os
autores mencionam que há um esvaziamento da
participação social, em grande medida, oriundo de
uma compreensão neoliberal do Estado, bem como
uma falta de reconhecimento, por parte dos
governos, dessas instâncias como espaços
decisórios.
Na prática, podemos nos deparar com Conselhos
que não realizam reuniões periódicas, ou
226
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
cujo presidente é indicado pelo gestor, além da falta de
interesse na qualificação dos conselheiros, por parte
dos gestores. No âmbito das Conferências, parece que
continuamos com os mesmos problemas estruturais
(falta de profissionais, condições precarizadas de
trabalho, etc) e existe uma dificuldade em responder
adequadamente às demandas contemporâneas. Isso
acaba por fragilizar esse espaço, o que vem refletindo na
recente apatia frente aos últimos movimentos de
retrocessos na política de saúde.
Para superar esses obstáculos, precisamos
reinventar os espaços, repolitizar o debate e rearticular
forças. Assim, é imprescindível que haja a garantia da
pluralidade de membros nas instâncias colegiadas,
critérios transparentes na sua escolha, rotatividade de
conselheiros, desenvolvimento de uma gestão
transparente, democratização da informação e
capacitação dos conselheiros de saúde, a partir de
práticas de educação permanente (GOMES; ÓRFÃO,
2021).
227
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
Clicando na aula virtual abaixo, você poderá
entender um pouco mais sobre a democracia e o
controle social no SUS:
Aula virtual: Democracia e Controle social no SUS
Priscilla Viégas - CNS
228
REFERÊNCIAS
BAVA, M. de C. G. C.; ROCHA, J. S. Y. Participação e o
Controle Social e seu papel na construção da Saúde.
Ministério Público de Santa Catarina: Controle e
participação social, Cap.18, 2016.
229
REFERÊNCIAS
230
Módulo 4 – Democracia e Controle
Social no SUS
Material Complementar
Para dar apoio aos seus estudos sobre o
“Democracia e controle social no SUS”,
disponibilizamos aqui, outros materiais para
complementar os estudos:
• BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de
Saúde. Resolução nº 453, de 10 de maio de 2012.
Aprova as diretrizes para instituição, reformulação,
reestruturação e funcionamento dos Conselhos de
Saúde, 2012.
• BRASIL. Presidência da República. Decreto nº
9.759, de 11 de abril de 2019. Extingue e estabelece
diretrizes, regras e limitações para colegiados da
administração pública federal, 2019.
• SOUSA, M. J. R. Sociedade Civil e Controle Social: o
exercício da classe trabalhadora na mediação da
política de assistência na sociedade de economia
capitalista. VII Jornada Internacional de Políticas
Públicas - para além da crise global: experiências e
antecipações concretas, 2015.
232
Material Complementar
Vídeos/Material audiovisual:
233