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TEMA 3

Rastreio e abordagem de crianças


em contacto com caso de TB
Formação TB infantil 2018

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Objectivos de aprendizagem

No final desta unidade, os participantes devem ser


capazes de:

o Descrever as definições do rastreio dos contactos

o Descrever os objectivos e portas de entrada de rastreio


para TB

o Descrever conduta para crianças contactos com TB


pulmonar ( seguimento, profilaxia)

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Apresentação dos conteúdos

• Indrodução

• Definições usadas no rastreio de contactos

• Objectivos do rastreio de contactos

• Locais para rastreio de contactos

• Manejo do crianças com contacto com TB

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Introdução (1)

• A TB é uma doença familiar;

• Todas as crianças que tem ou tiveram contacto com


tuberculose pulmonar activa têm um risco de contraírem
a doença, mesmo que estejam vacinadas pela vacina
BCG;

• O tratamento preventivo de Tuberculose (TPT) é uma


forma simples, eficaz, segura e barata de prevenir a TB
nas pessoas com contacto.
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Conceitos Chaves (1)

Rastreio de Tuberculose é a investigação de sinais e


sintomas de Tuberculose (TB) com o objectivo de:

1. Diagnosticar o mais cedo possível crianças com TB


activa (doença) e iniciar o tratamento de forma
atempada;

2. Identificar as crianças que ainda não tem sinais e


sintomas de Tuberculose e encaminhar para iniciarem o
Tratamento Preventivo de Tuberculose (TPT).

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Conceitos Chaves (2)

• Caso fonte: adulto ou adolescente com Tuberculose


(BK positivo ou negativo)

• Contacto próximo: todas as crianças que vivem na


mesma casa do caso fonte (ex: quem cuida da criança)
ou em contacto frequente com um caso fonte.

• Tratamento Preventivo de Tuberculose (TPT): é a


oferta de medicamentos a indivíduos com contacto com
um caso fonte, com o objectivo de evitar que
desenvolvam doença (TB activa) após terem adquirido a
infecção. 6
Conceitos Chaves (3)

• Caso índice: é o primeiro caso


de TB a ser diagnostigado
(criança ou adulto).

A partir desta pessoa devem ser


procurados todos os seus
contactos próximos (crianças,
adolescentes e adultos) para o
rastreio de TB.

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Objectivos do rastreio de contactos

• Identificar crianças de qualquer idade com possível TB


não diagnosticada e encaminhar para tratamento
atempado;

• Oferecer TPT as crianças elegíveis e fazer seu


seguimento para controlar eventual desenvolvimento de
sinais/sintomas suspeitos de TB e/ou efeitos
secundários da Isoniazida.

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Crianças elegíveis para o rastreio de TB

O rastreio activo de TB deve ser feito para todas crianças


com atenção especial para:
1. Todas as crianças que convivem com paciente
diagnosticado TB (BK positivo ou negativo);
2. Todas as crianças com sinais/sintomas sugestivos de
TB
3. Todas as crianças HIV+ em cada consulta de
seguimento;
4. Crianças com malnutrição.
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Onde fazer o rastreio de TB?

• O rastreio activo de TB deve ser feito em todas


portas de entrada de crianças
Em todas portas de
Banco de
socorros entrada de crianças
Consultas
TARV
Triagem de deve-se:
pediatria
Sector de tto
Consultas
de TB
de Pediatria
(contactos)
o Investigar história
Rastreio
de TB de contacto de
CCS
TB nos últimos 2
Emfermaria CCR
CCD
anos

Maternidade o Investigar sinais e


sintomas de TB 10
Perguntas usadas para o rastreio de TB
em crianças

o Tem tosse?
o Tem febre?
o Tem perda de peso ou falência de crescimento? (Ver
curva de peso no cartão de saúde da criança)
o Tem fadiga ou falta de vontade de brincar?
o Tem história de contacto com TB?

Se responder SIM a qualquer pergunta a criança deve ser


encaminhada para o diagnóstico de TB
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II. Abordagem de Crianças em contacto
com um caso de Tuberculose

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Conduta para crianças em contacto
com TB
• Quando uma criança apresenta contacto próximo com
um caso de TB, deve-se avaliar os seguintes aspectos:

1. Presença/ausência de sinais e sintomas de TB activa

2. Estado serológico do HIV


3. Tipo de TB do caso fonte (pulmonar/extrapulmonar)
4. Padrão de sensibilidade do caso fonte
(sensível/resistente)

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Conduta para crianças em
contacto com TB (1)
a) Crianças 0-14 anos em contacto com TB (sensível ou
resistente) que apresenta sinais e sintomas de
Tuberculose:

Encaminhar para observação por um clínico e


implementação do algorítimo de diagnóstico de TB em
crianças.

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Algorítmo de
diagnóstico de
Tuberculose em
crianças menores
de 15 anos

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Conduta para crianças em
contacto com TB (2)
b) Crianças 0-14 anos em contacto com TB (sensível
ou resistente) sem sinais e sintomas de Tuberculose:

• Encaminhar fisicamente a criança para início de TPT e


seguimento na :
• CCR: se HIV negativo ou
• No Sector TARV: se HIV positivo

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III. Tratamento Preventivo de
Tuberculose (TPT)

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Critérios de elegibilidade ao TPT

1. Todas as crianças menores de 15 anos de idade, HIV


negativas, com história de contacto com um caso de TB
e que não apresentam sinais e sintomas de TB activa.

2. Pacientes HIV positivos:


• > 12 meses de idade, sem sinais e sintomas de TB
activa, independente da história de contacto com TB;

• < 12 meses de idade, sem sinais e sintomas de TB,


somente se tiverem história de contacto com TB;

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IMPORTANTE!

As crianças menores de 12 meses HIV positivas e


sem contacto com TB, quando atingem os 12
meses passam a ser elegíveis ao TPT.

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Contra-indicações para o início de TPT

1. Presença de sinais/sintomas de TB activa;


2. Doença hepática aguda ou crónica;
3. Neuropatia periférica;

4. Alergia aos medicamentos do regime

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NOVOS Regimes de TPT preconizados
em Moçambique
A escolha do regime de TPT depende da idade e
do tipo de Tuberculose do caso fonte:
Tipo de TB do Idade da criança Regime de TPT a Periodicidade da Duração
caso fonte administrar toma
TB sensível Crianças < 2 anos Isoniazida Diária 6 meses
ou
Crianças 0-14
anos com
contra-indicações
do 3HP
TB sensível Crianças de 2-14 3HP (Isoniazida Semanal 3 meses
anos sem + Rinfapetina)
contra-indicações
do 3HP
TB 0-14 anos Levofloxacina Diária 6 meses
Multiresistente
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IMPORTANTE!

A implementação das novas normas irá decorrer


em duas fases:
• Fase 1
Alargamento da idade de elegibilidade do TPT
para todas crianças contacto de TB até 14 anos
(início a 21 de Dezembro de 2020)
• Fase 2
Implementação de 3HP e TPT com Levofloxacina
(início quando for enviada circular)

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1. TPT para crianças em contacto
com TB Sensível
a) Tratamento Preventivo com Isoniazida
• Critérios de elegibilidade:
• crianças menores de 2 anos ou
• crianças dos 0-14 anos com contraindicações de
3HP

• Dosagem: Isoniazida 10mg/kg/dia


• Dose máxima é de 300mg por dia

• Duração do tratamento: 6 meses


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Tabela de Dosagem de Isoniazida
para TPT

Peso ( KG) Isoniazida comprimido de 100mg


<5 ½ comp
5.1-9.9 1 comprimido
10-13.9 1 ½ comprimido
14 -19.9 2 comprimido
20 -24.9 2 ½ comprimido
3 comprimidos ou 1 comprimido
>25
de 300 mg

Nota: Deve-se associar Piridoxina em todas crianças


em TPT com Isoniazida
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Efeitos adversos da Isoniazida (1)
Toxicidade hepática Neuropatia periférica:
• Náuseas, vómitos, dor • Parestesias (formigueiro,
abdominal sensação de queimadura
• Febre nas extremidades)
• Perda de apetite • Hipoestesia (dormência
• Diarreia ou perda da
sensibilidade)
• Fraqueza ou fadiga
• Quadro ascendente (dos
• Icterícia/cor amarelada da pés para acima)
pele e dos olhos, urina
escura • Força muscular
conservada, reflexos
• Hepatomegália osteo-tendinosos
• Enzimas hepáticas diminuídos ou abolidos
elevadas

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Efeitos adversos da Isoniazida (2)
Neuropatia periférica
Estadiamento Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau4
Sensação de Incómodo Incómodo Mudanças na Desconforto
queimadura, leve moderado sensibilidade ou incapacitante,
formigueiro, parestesia, causando
sobretudo nos causando impossibilidade
membros severo de fazer
inferiores desconforto e actividades
impossibilidade básicas para
de fazer autossustento
actividades
normais
Conducta Tranquilizar Aumentar a dose Suspender TPI e Suspender TPI e
o paciente. de Piridoxina referir ao clínico referir ao clínico
Não precisa (duplicar a mais mais
tratamento dose)Considerar diferenciado diferenciado
uso de Amitriptilina 26
Efeitos adversos da Isoniazida (2)
Hepatotoxicidade
Parâmetro Valor Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4
Normal
Leve Moderado Severa Risco de
vida
ALT 11-35 U/L Menor de 3 3-5 vezes 5-10 vezes Mais de 10
vezes acima acima do acima do vezes acima
do normal normal normal do normal
Conduta Continuar Suspender TPT
TPT
Referir para avaliação clínica
Fazer o
seguimento
até o retorno
das
transaminas
es aos
valores
normais
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Tabela de Dosagem de Piridoxina
para crianças em TPT

Piridoxina Piridoxina
Peso ( KG)
comprimido 25mg comprimido 50mg
¼ comprimido 3 Não recomendado
<5
vezes por semana
½ comprimido por ¼ comprimido 3
5-7.9
dia vezes por semana
½ comprimido por
8-14.9 1 comprimido por dia
dia
2 comprimidos por 1 comprimido por dia
>15
dia

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Monitoria e Seguimento da criança
em TPT (1)
Aconselhamento:
• Explicar a criança/cuidador o motivo do tratamento e
enfatizar a importância de completá-lo.
• Aconselhar os cuidadores sobre a adesão as consultas de
seguimento;
• Informar para a criança/cuidador entrar em contacto urgente
com a US caso, desenvolva sintomas sugestivos de TB
activa ou reações adversas aos medicamentos;
• Informar sobre os efeitos adversos e a necessidade de ir a
US em caso de efeitos adversos;
• Aconselhar o caso fonte a cumprir o tratamento de TB e
continuar o controlo no sector de tratamento de TB (PNCT)
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até ao fim.
Monitoria e Seguimento da criança em
TPT (2)
Durante as consultas de seguimento deve-se avaliar:
• Presença de sinais/ sintomas de tuberculose;
• Presença de efeitos adversos do TPT em curso;
• Reforçar a adesão ao TPT.

O local de seguimento da criança em TPT depende do seu


estado serológico do HIV:
• Se HIV negativa🡪 seguimento na Consulta da Criança
em Risco (CCR)

• Se HIV Positiva🡪 na Consulta TARV


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Monitoria e Seguimento da criança
em TPT (2)
• Consulta mensal durante 6 meses de Isoniazida

• Após o término do TPT, a consulta de seguimento


passa a ser realizada de 6/6 meses até completar 2
anos de seguimento

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Conduta em caso de interrupção
da profilaxia com INH
• Se a criança interrompe a profilaxia com INH é
necessário procurar saber a razão da falta da
adesão.

• Se interrupção <30 dias, continuar com INH até


completar 6 meses de tratamento

• Se interrupção >30 dias reiniciar a toma de INH e


dar para 6 meses

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Critérios de referência para
consulta clínica

1. Desenvolvimento de 1 ou mais sinais/sintomas


sugestivos de TB activa:
• tosse persistente;
• perda de peso ou falência de crescimento;
• fadiga / falta de vontade de brincar;
• febre persistente

2. Presença de efeitos adversos ao TPT

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Critérios de alta

Dois anos após o início do seguimento na CCR


e exclusão de sinais e sintomas de TB activa

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2. Crianças contactos com TB
resistente
• Ainda não iniciou a implementação do TPT específica
para os contactos de TB resistente
• Deve-se fazer o seguimento na CCR/Sector TARV:
bimensalmente nos primeiros 6 meses e de 6 em 6
meses durante 2 anos
• Em caso de suspeita de TB:
• Fazer uma avaliação clínica, e se possível RX,
colheita de expectoração para cultura e teste de
sensibilidade
• Se confirmar TB iniciar tratamento de acordo com o
padrão de sensibilidade do caso fonte.

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Pontos-Chave (1)

• É papel de todas unidades sanitárias contribuir para a


investigação e diagnóstico de TB na criança.

• Todas as crianças contacto com TB menores de 15 anos


devem fazer o rastreio de TB

• Deve-se recolher todas as informações possíveis sobre


o caso de TB fonte ( MDR TB)

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Pontos-Chave ( 2)

• O TPT com Isoniazida deve ser oferecido a todas as


crianças <15 anos, HIV negativas, que tiveram contacto
próximo com um caso de TB sensível nos últimos 2
anos, após exclusão de TB activa;

• O seguimento das crianças com contacto com


caso de TB deve ser feito durante 2 anos.

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• Folha de exercícios 3: Casos clínicos sobre
rastreio e abordagem de contactos com TB

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