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TEMA10:

TB congénita/perinatal e Manejo do
Recém-nascido filho de mãe com TB

Pacote de Formação de TB Infantil

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Objectivos de aprendizagem

No final desta unidade, os participantes devem ser capazes de:

• Definir TB congênita

• Descrever as formas de transmissão da TB congénita;

• Descrever os factores de risco da TB congénita;

• Fazer o diagnóstico e tratamento da TB congénita;

• Fazer o manejo do RN de mãe com TB activa.


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Apresentação dos conteúdos

• Indrodução

• Factores de risco para a TB congênita/perinatal

• Diagnóstico

• Tratamento

• Manejo do RN de mãe com TB activa

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I. TB Congénita/Perinatal

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TB congênita/perinatal

• TB congênita: a transmissão congénita pode ocorrer por via

hematogênica, levando à formação de 1 ou mais complexos

primários no pulmão ou fígado, e via aspiração/ inalação de líquido

amniótico contaminado, com formação de complexo primário em trato

gastrointestinal e pulmão, respectivamente.

• TB perinatal: Ocorre quando a TB é transmitida ao RN no periparto

ou pós parto imediato.

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Fatores de risco para transmissão
vertical de Tuberculose
1. Tuberculose não diagnosticada ou não tratada na mulher
grávida;
2. Co-infecção TB e HIV nas mulheres grávidas;
3. Surgimento da infecção por TB activa nos 2 meses prévios
ao parto;
4. Não adesão ao tratamento de TB na mulher grávida;
5. Ausência de resposta clínica ao TAT
6. Não conversão do BK (BK+ persistente ao segundo mês)
7. TB multi-resistente 🡪 manejo pode ser inadequado na MG
(sub-dosagens, esquema não óptimo, toxicidade)
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Quadro clínico
Sintomas e Sinais em TB congénita
Comuns (>40%) Frequentes Infrequentes Raros (<10%)

(25 – 40%) (10 – 25%)


• Dificuldade • Tosse aguda ou • Irritabilidade • Lesões papulares / pustulares
respiratória incluindo crônica • Linfadenopatia ou ulcerativas na pele
taquipneia • Recusa alimentar periférica • Meningite tuberculosa
• Hepatomegália, • Falêcia de • Sepsis • Icterícia (obstrutiva)
esplenomegália crescimento/ fraco • Otorréia / mastoidite
• Febre (geralmente ganho ponderal
• Sibilos ou estridor
baixo grau) • Distensão
• Ataques de apnea ou cianose
• Prematuridade/baixo abdominal
• Paralisia do nervo facial
peso ao nascer (incluindo ascite)
• Choque

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SchaafHS, Collins A, et al. Tuberculosis at extremes of age. Respirology. 2010; 15; 747-63.
Diagnóstico (1)

TB congénita deve ser considerada se:


o O RN apresenta um quadro de sepse neonatal sem
resposta ao tratamento habitual;
o História materna ou familiar de TB e RN com sintomas;
o LCR de RN apresentando linfocitose sem a identificação
de uma bactéria específica na cultura;
o Presença de febre e hepatomegália.

É difícil diferenciar o quadro de TB congênita do quadro de TB perinatal.


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Diagnóstico (1)

Critérios diagnósticos de congénita (Beitke (1935) e


revistos por Cantwell, 1994):
• RN com lesão por TB comprovada e mais um dos
seguintes itens:
(1) Lesões na 1ª semana de vida;
(2) Complexo primário ou granulomas caseosos hepáticos;
(3) Infecção por TB na placenta ou trato genital materno;
ou
(4) Exclusão de possível infecção pós-natal por meio da
investigação de contatos, incluindo equipe hospitalar
que assistiu o RN.
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Diagnóstico (1)

• Os critérios de cantwell são limitados, uma vez


que em grande parte dos casos a apresentação
é tardia, em geral, entre 2-3 semanas após o
nascimento, podendo chegar até ao 3º mês de
vida.

• A idade mediana de apresentação de TB


congênita é de 24 dias, variando na literatura de
1-84 dias.

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Diagnóstico (2)

A Investigação deve incluir:


• Xpert MTB/RIF e cultura do aspirado nasogástrico ou linfonodos
(˂ 2 meses) ou indução expectoração (> 2 meses)
• Punção lombar se sinais de meningite 🡪 Xpert MTB/RIF, cultura e
citoquimica do LCR.
• Mãe 🡪 confirmação bacteriológica na mãe
• TST(Mantoux) no RN (para RN sem história de contacto); Devido
a imaturidade do Sistema imunlógico o TST pode levar até meses
para se tornar positivo.

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Exames de imagem

RRRX do tórax: infiltrado reticulonodular (padrão miliar),


adenopatias mediastinais, opacificação

Ecografia abdominal, eventual TC: adenopatias


abdominais, compromisso hepatoesplénico.

Ecografia transfontanelar, eventual TC ou IRM: afecção do


parênquima cerebral , ventrículos e das meninges.

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Diagnóstico (4)

• O diagnóstico definitivo de TB congênita é feito


com a realização de biópsia hepática (e
demonstração do complexo primário), um
procedimento invasivo não isento de riscos,
especialmente em RN.

• A demonstração da presença de bacilos de M.


tuberculosis na placenta ou trato genital da mãe
também é bastante útil na definição do
diagnóstico.
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Tratamento
• A TB congénita/perinatal é critério de
internamento
• Regime de tratamento:
• TB sensível– 2HREZ/4HR (veja modulo 5 para as dosagens
segundo o peso)

• TB resistente- tratamento com regime individualizado


desenhado pelo comité terapêutico nacional de TB.
(veja modulo 6 para as dosagens segundo o peso)

BCG deve ser administrada só depois de completar o tratamento


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II. Manejo do RN filho de mãe com TB

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Manejo do RN de mãe com TB activa (1)

• Todas as crianças expostas a TB intraútero devem ser


seguidas na CCR. A conduta vai depender do tipo de TB
da mãe, do tempo de tratamento e evolução clínica:
1) No caso de RN com mãe em tratamento para TB
SENSÍVEL há mais de 2 meses, com BK de controle
negativo e com melhoria clínica:
o Vacinar com BCG o RN
o Seguimento na CCR
o Não recebe TPT com INH
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Manejo do RN de mãe com TB activa (2)

2) No caso de RN com mãe em tratamento para TB SENSÍVEL há <


de 2 meses ou com mais de 2 meses de tratamento sem BK de
controle ou com BK positivo ou sem melhoria clínica:

Criança Assintomática Criança Sintomática

• Não vacinar com BCG Fazer investigação diagnóstica:


• Oferecer profilaxia com INH por • Se diagnóstico de TB congénita – iniciar
6 meses tratamento para TB
• 2 semanas após completar 6 • Se excluído diagnóstico de TB congénita:
meses de profilaxia, vacinar com • Não vacinar com BCG
BCG • Oferecer profilaxia com INH por 6
meses
• 2 semanas após completar 6 meses
de profilaxia, vacinar com BCG
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Manejo do RN de mãe com TB activa (3)

3) No caso de RN com mãe em tratamento para TB RESISTENTE sem


evidência de resistência a Fluoroquinolonas (FQ)

Criança Assintomática Criança Sintomática

• Não vacinar com BCG Fazer investigação diagnóstica:


• Oferecer TPT com Levofloxacina • Se diagnóstico de TB congénita
por 6 meses resistente – iniciar tratamento para TB
• Procurar resultados de LPA da • Se excluído diagnóstico de TB congénita:
mãe • Não vacinar com BCG
- Sensivel a FQ: continuar TPT • Oferecer profilaxia com
- Resistente a FQ: suspender TPT Levofloxacina por 6 meses
• 2 semanas após completar 6 meses
• 2 semanas após completar 6 de profilaxia, vacinar com BCG
meses de profilaxia, vacinar com
BCG
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Pontos-Chave

• A TB congénita/perinatal é uma forma pouco frequente mas muito grave de

TB

• Deve ser suspeita em RN sintomáticos e com contacto com TB (mãe no caso

da TB congénita)

• A mortalidade é elevada e o tratamento deve ser iniciado com urgência em

caso de suspeita (sem aguardar confirmação)

• Os RN e lactentes expostos a TB e com TB congénita excluída, devem fazer

TPT Segundo a elegibilidade.

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