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Determinantes biológicos
• Geneticamente determinados
• Permanentes e inalteráveis (futuro?)
• Transmitidos hereditariamente
• Sem tratamento (futuro?)
• Em muitos casos o seu impacto pode ser prevenido (estilos de vida)
• Epigenética (?)
Sexo e idade
• Não modificáveis
• Risco diferentes não só para doenças específicas de cada sexo
• As mulheres pré-menopausicas têm um risco menor de doença cardiovascular
• A idade aumenta a generalidade dos riscos de doença
• As mulheres pós-menopausicas têm um risco próximo do dos homens de terem doença
cardiovascular
• Desigualdade de género
• Gap na esperança de vida à nascença (as mulheres têm uma esperança de vida superior)
• Violência
• Estatuto social
• Independência económica
• Idade reprodutiva
• Envelhecimento
• Malnutrição
• Problemas de saúde mental
• Reprodução e saúde infantil
• Cancro
• Diabetes
• Doenças cardiovasculares
• SIDA e DST
• Poluição ambiental
Apesar do estilo de vida e ambiente não serem determinantes biológicos de saúde,
determinados grupos sociais apresentam maior predisposição para o desenvolvimento de
determinadas patologias, pois tal como já foi referido o ambiente em que se insere um individuo
afeta o seu estilo de vida, que por sua vez afeta a sua saúde e bem estar, tanto físico como
psicológico.
Ex.: pessoas que apesar de não fumarem passam muito tempo em discotecas onde se
encontram pessoas a fumar constantemente, ficando assim expostas aos malefícios do tabaco.
Pessoas que vivem em locais afetados por elevados níveis de poluição.
Condições socioeconómicas
• Rendimento
• Literacia
• Ocupação
• Capacidade de compra
• Habitação
• Apoio social
• Produto interno bruto (PIB) per capita – determina o nível de educação, de literacia, de
rendimento, a qualidade das escolas e serviços de saúde, etc.
• PIB direcionado para os cuidados de saúde
• Compromisso político – direito à saúde
• Liderança eficiente
Rendimento e literacia
Determina a qualidade de vida:
• Emprego, habitação, nutrição
• Trabalho promotor da saúde
• Determina o estado de saúde
A literacia tem um papel importante ao nível da manutenção da saúde pois permite, entre
outros, fazer escolhas mais saudáveis ao nível da alimentação.
“A pobreza é hereditária, sem políticas publicas de combate à pobreza não se consegue eliminar
este fator”
Cuidados de saúde – não só dependem do orçamento de estado para os cuidados de saúde, mas
dependem também da sua organização.
• Disponibilidade e utilização dos serviços de saúde
• Devem promover a saúde e prevenir a doença
• Deverão incluir serviços abrangentes
• Cobertura das necessidades essenciais
• Devem chegar às periferias sociais
• Equitativos
• Custos acessíveis
• Aceitação social
Segurança em Portugal como um determinante da saúde dos seus habitantes. Quais são as
principais preocupações dos portugueses na área da saúde?
Aula nº3 - História Natural da Doença e Níveis de Prevenção
História Natural da Doença – refere-se à componente biológica e social da doença
- Leavell & Clark, 1976
.... As inter-relações do agente, da pessoa suscetível e do meio ambiente que afetam o processo
global e o seu desenvolvimento, desde que as primeiras forças que criam o estímulo ao processo
patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar; passando pela resposta do homem
ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte”.
- Tríade ecológica da saúde: o agente, a pessoa suscetível e o meio ambiente.
Fatores determinantes da doença – são as variáveis associadas a determinada doença, tanto
como fatores de risco como fatores protetores.
Ex.: obesidade – inatividade física (fator de risco); dieta equilibrada (fator protetor)
Endógenos: inerentes ao organismo- estabelecem a predisposição do indivíduo:
• Herança genética- sistema imunitário
• Anatomia e fisiologia do organismo humano (ex.: malformações congénitas)
• Estilos de vida (prática de atividade física, dieta, consumo de drogas…)
Exógenos: fatores que dizem respeito ao meio ambiente
• Ambiente biológico: determinantes biológicos (vírus, bactérias, fungos…)
• Ambiente físico: determinantes físico-químicos
• Ambiente social: determinantes socioculturais.
Agente
A princípio, o termo “agente” se referia ao microrganismo (vírus ou bactéria, por exemplo) que
causava uma doença. No entanto, com a expansão do objetivo da epidemiologia, o termo agora
também inclui compostos químicos e físicos que podem gerar uma doença.
Em doenças não infeciosas, os agentes podem ser comportamentos que ameaçam a saúde, prá-
ticas inadequadas ou exposição a situações ou substâncias perigosas. Nesse sentido, os agentes
podem ser classificados em:
Para que a doença ocorra, a combinação do que é conhecido como “fatores suficientes” deve
estar presente, incluindo o hospedeiro e as condições ambientais.
Hospedeiro
O hospedeiro é o organismo, geralmente humano ou animal, que pode contrair a doença. Da
mesma forma, o termo “hospedeiro” também se refere a vetores, organismos nos quais um
agente vive e que funcionam como intermediários para transmitir a doença a outros organismos.
Ambiente
O ambiente refere-se a todos os elementos externos ao hospedeiro. Os fatores ambientais afe-
tam agentes e hospedeiros e podem aumentar ou diminuir a chance de contrair a doença. Po-
dem ser de diferentes tipos:
1. Físico: estações do ano, condições climáticas, temperatura, precipitação, entre
outras.
2. Localização: áreas rurais e urbanas.
3. Biológico: presença ou ausência de animais.
4. Socioeconômico: acesso ao sistema de saúde, saúde, limpeza urbana, entre
outros.
5. Poluição: de água, ar, solo.
Vetores
Alguns autores incluem vetores, organismos que transmitem a doença, mas que não sofrem
necessariamente dela, como um elemento fora da tríade, mas que influencia cada um dos ele-
mentos do triângulo, sendo influenciado por eles.
Rastreios – definição
Segundo a OMS:” rastreio consiste em identificar positivamente, com a ajuda de testes, exames
ou outras técnicas suscetíveis de aplicação rápida, os indivíduos portadores de uma doença ou
de uma anomalia, que passou até então oculta (sem sintomas). Os testes de rastreio devem
permitir fazer a distinção entre as pessoas aparentemente de boa saúde, mas que estão
provavelmente doentes e aquelas que não são portadoras da doença. Eles são efetuados com o
objetivo de orientar um diagnóstico. Os resultados positivos ou duvidosos devem ser enviados
ao médico assistente para verificação do diagnóstico, e se necessário, tratamento”.
Os rastreios são frequentemente apontados com interesse para:
Sensibilidade Especificidade
P(teste positivo | doente) P(teste negativo | saudável)
VPP VPN
P(doente | teste positivo) P(saudável | teste negativo)
→ A grande maioria dos testes para rastreio usados em cuidados primários foram desenvolvidos
em cuidados secundários e terciários, e em meio hospitalar, pelo que por vezes é difícil avaliar
o ser rigor e aplicabilidade ao nível dos cuidados primários.
Dimensões do teste de rastreio. Cálculo e efeito de prevalência elevada.
Epidemia
É o número elevado de casos de uma doença infeciosa e transmissível que ocorre numa
comunidade ou região e que não eram esperados de acordo com os registos habituais e que se
pode se espalhar rapidamente entre as pessoas de outras regiões, originando um surto
epidémico/pandemia. Caracteriza-se pela incidência, em curto período, de grande número de
casos de uma doença, ou seja, elevado número de casos novos e elevada velocidade de
transmissão.
Com o tempo e um ambiente estável a ocorrência de doença
passa de epidémica para endémica e depois para esporádica.
OBS: Surto é uma ocorrência epidémica restrita a um espaço
extremamente delimitado. Ex: colégio, fábrica.
Exemplo de doença que se iniciou com um surto epidémico:
gripe aviária.
Endemia
É uma doença localizada num espaço ou região limitados.
Traduz-se pelo aparecimento de menor número de casos ao
longo do tempo, porém com uma duração continua. Assim, o
que define o caráter endémico de uma doença é o fato de ser a
mesma peculiar a um povo, país ou região, isto é, ocorre apenas
em um determinado local, não atingindo nem se espalhando
para outros.
Exemplo de áreas endémicas:
• Febre amarela comum Amazónia;
• Febre das montanhas rochosas.
• Paludismo em África
Pandemia
É uma epidemia que atinge grandes proporções, podendo
espalhar-se por um ou mais continentes ou por todo o
mundo, causando inúmeras mortes ou destruindo cidades e
regiões inteiras. Os critérios de definição de uma pandemia
são que a doença ou condição que além de se espalhar ou
matar um grande número de pessoas, deve ser infeciosa.
O cancro (responsável por inúmeras mortes) não é
considerado uma pandemia porque não uma é doença
infeciosa, ou seja, não é transmissível.
Exemplo de pandemias: SIDA, tuberculose, gripe espanhola,
peste.
“Confesso que ao pensar numa doença nunca tive a intenção de encontrar um remédio para a
curar, mas, pelo contrário, de encontrar um método capaz de a prevenir” – Pasteur
Prevenção
Ações com o objetivo de erradicar, eliminar ou minimizar o impacto da doença e, no caso de tal
não ser possível, atrasar a progressão da doença ou morbilidade.
Definição de prevenção
“Uma medida preventiva que traz significativo benefício à população, oferece pouco a cada
indivíduo participante.” – esta afirmação não desvaloriza a componente individual da
prevenção, mas sim, nos leva a pensar muito para alem do individuo.
“Uma pequena melhoria no nível médio de um fator de risco numa população, tem
probabilidade de prevenir mais doença que uma grande mudança no fator de risco entre os
indivíduos em risco.” – a prevenção deve ser focada nos indivíduos, no entanto, é importante
realçar os benefícios da prevenção a nível global.
“A maioria dos casos de doença ocorrem em pessoas que não seriam identificados como de alto
risco para a doença, como tal as estratégias populacionais de prevenção devem ser
privilegiadas.”
Níveis de prevenção
• Prevenção primordial
• Prevenção primária
• Prevenção secundária
• Prevenção terciária
• Prevenção quaternária
• Prevenção quinquenária
PREVENÇÃO PRIMORDIAL
- Atua nas condições que podem levar ao aparecimento dos fatores de risco;
CONSEQUÊNCIAS
EXEMPLOS
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
CONSEQUÊNCIAS
- PROTECÇÃO ESPECÍFICA
EXEMPLOS
• uso do preservativo
• sistema de troca de agulhas em toxicodependentes
• programas de informação/educação para a saúde sobre infeção pelo VIH (modo de
transmissão, medidas de prevenção da sua difusão)
• uso do preservativo
• sistema de troca de agulhas em toxicodependentes
• programas de informação/educação para a saúde sobre infeção pelo vírus da hepatite
B
• imunização
Imunização
- Ativa: vacinação
- Passiva: durante o parto o feto é imunizado pela mãe, não implicando qualquer ação do mesmo
Âmbito da prevenção
Declaração de Alma-Ata
1. Reafirma o conceito de Saúde e apela à ação intersectorial para aumentar os níveis de Saúde;
2. Enfatiza o direito e o dever de participar, individual e colectivamente, na Saúde;
3. Responsabiliza os governos, as organizações internacionais e a comunidade mundial pela
Saúde dos povos;
4. Assume os Cuidados de Saúde Primários (CSP) como eixo central do Sistema de Saúde.
a) Educação sanitária
b) Promoção de boas condições alimentares e nutricionais
c) Aprovisionamento de água potável
d) Proteção materna e infantil, e planeamento familiar
e) Vacinação contra doenças infeciosas
f) Prevenção e controle das doenças endémicas
g) Tratamento das doenças mais comuns e traumatismos
h) Fornecimento de medicamentos essenciais
Carta de Ottawa
- É um processo que visa aumentar a capacidade dos indivíduos e das comunidades para
controlarem a sua saúde, no sentido de a melhorar.
- Para atingir um estado de bem-estar físico, mental e social, o indivíduo ou o grupo devem
estar aptos a:
- Conceito vasto que inclui estilos de vida e outros fatores sociais, económicos, ambientais e
pessoais conducentes à saúde.
A EpS tenta encurtar a distância entre as práticas de saúde ótimas e o que é presentemente
realizado.
- A Promoção de Saúde não é neutra, dado que se propõe fazer mudanças, envolvendo as
componentes afetiva, cognitiva e de motivação.
- A Promoção da Saúde envolve a população como um todo no contexto do seu quotidiano, mais
do que focalizar-se em pessoas em risco de doenças específicas.
- A Promoção de Saúde é basicamente uma atividade nos domínios social e da saúde e não um
serviço médico; os profissionais de saúde, particularmente nos cuidados de saúde primários,
têm um importante papel no seu desenvolvimento.
Capacitação
Empowerment
5. Educação para a saúde positiva, por exemplo: desenvolvimento junto dos jovens de
competências para a vida
6. Proteção positiva da saúde, por exemplo: políticas sobre o tabagismo nos locais de trabalho
7. Educação para a saúde para uma proteção positiva, por exemplo: argumentos explicativos da
proibição da publicidade ao tabaco
Práticas em Promoção da Saúde ao longo do ciclo de vida:
- envelhecer saudável
Promoção da Saúde
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA
A prevenção secundária trata de doenças latentes e tenta evitar que uma doença assintomática
progrida para doença sintomática. Certas doenças podem ser classificadas como primárias ou
secundárias. Isso depende das definições do que constitui uma doença, no entanto, em geral, a
prevenção primária aborda a raiz de uma doença ou lesão enquanto a prevenção secundária
visa detetar e tratar uma doença no início.
PROCEDIMENTO: rastreios
EXEMPLO
O diagnóstico precoce e o tratamento imediato para um paciente com sífilis incluem o uso de
antibióticos para destruir o agente patogénico e triagem e tratamento de qualquer criança
nascida de mães doentes. A limitação de incapacidade para pacientes sifilíticos inclui exames
contínuos no coração, líquido cefalorraquidiano e sistema nervoso central dos pacientes para
reduzir quaisquer efeitos prejudiciais, como cegueira ou paralisia.
CONSEQUÊNCIA:
Benefícios
o Diminuição da morbilidade
o Diminuição da mortalidade
Riscos
o Despesa + incómodo
o Taxa de falsos positivos
o Sobrediagnóstico + sobretratamento.
É determinada pela:
EXEMPLO
Não se fazem rastreios do cancro do pulmão, para a população em geral, pois os testes não
suficientemente sensíveis para detetar a doença de forma prematura e o tratamento proposto
não seriam efetivos.
• Eficácia
• Adesão dos doentes
• O tratamento precoce é mais efetivo que tratar mais tarde
• Morte
• Desconforto
• Incapacidade
• Insatisfação
- Existe uma intervenção primária altamente efetiva? (ex.: no cancro a intervenção primária seria
não fumar pelo que é nessa que se deve apostar. É mais barato do que tratar o cancro em si e
menos doloroso parar de fumar do que ter cancro do pulmão)
• Sensibilidade
• Especificidade
• Simplicidade
• Custo
• Segurança (ex.: colonoscopia é uma técnica que implica alguns problemas de segurança,
podendo resultar na morte de pacientes, apesar de ser muito raro. No caso da
mamografia, apesar de ser desconfortável, tendo em conta o possível benefício justifica-
se que seja uma técnica usada para rastreio)
• Aceitabilidade (este parâmetro é afetado por questões sociais, culturais e religiosas)
- A distribuição dos valores do teste na população alvo devem ser conhecidos e deve existir um
nível de decisão (“cut-off”) definido e acordado
- Deve haver uma política de investigação diagnóstica subsequente para os indivíduos com o
teste positivo
- A gestão da doença e dos doentes identificados deve ser otimizada pelos cuidados de saúde
relativamente ao período anterior ao rastreio;
- Deve haver uma política de investigação diagnostica subsequente para os indivíduos com o
teste positivo. Ou seja, a sequencia diagnostica após o teste de rastreio tem de estar bem
protocolada.
- O benefício do teste deve ser comparado com o desconforto físico e psicológico causado pelo
rastreio;
- O custo/oportunidade do rastreio deve ser economicamente balanceado com as despesas dos
cuidados de saúde no seu todo;
- Todas as outras alternativas para a gestão da doença devem ter sido consideradas.
Tipos de rastreio
➢ Viés de antecipação
➢ Viés de duração
➢ Viés de adesão
VIÉS DE ANTECIPAÇÃO
Ou seja, por vezes por os rastreios detetarem doenças muito precocemente podem dar a ilusão
que que o tempo de vida estimado após o diagnóstico é mais logo do que na realidade é.
VIÉS DE DURAÇÃO
Erro sistemático devido à seleção de um número desproporcionado de casos com longa duração.
Aplicação: quanto mais lento é um tumor menos importante se torna o rastreio. Os tumores
indolentes são os que estão disponíveis para serem detetados durante mais tempo.
VIÉS DE ADESÃO
Os doentes com melhor adesão tendem a ter melhores resultados nos rastreios.
O rastreio não tem valor intrínseco → o seu valor depende do parâmetro que pretendemos
avaliar.
Prevenção terciária
Uma vez que a intervenção ocorre após o aparecimento de sintomas, o principal objetivo da
prevenção terciária é “minimizar as consequências” tentar ao máximo reabilitar. Assim, estende
o conceito de prevenção para o campo da medicina clínica e reabilitação.
- Após a instalação da doença e o seu tratamento na fase clínica aguda, visa aligeirar o impacto
causado pela doença na função (física, psicológica, emocional), longevidade e qualidade de
vida do doente.
CONSEQUÊNCIA:
Da Doença à Deficiência
Categorias de Incapacidade
EXEMPLO: prevenir um 2º AVC num doente que já foi vítima do 1º trata-se de prevenção
terciária, uma vez que a intervenção é feita ao nível prevenir dano adicional no sistema nervoso.
Diferentes Prognósticos
Esta é uma situação aparentemente paradoxal, mas na verdade é bastante simples uma vez que
se aumenta o tempo e qualidade de vida dos doentes.
LIMITAÇÃO DE INCAPACIDADES
TERAPÊUTICA e MEDIDAS para parar ou limitar a progressão da doença (prevenção dirigida aos
sintomas).
Limitação de Incapacidades
- Doença Cardiovascular
Tratamento: Depende o estadio da doença. Deve articular com outras medidas de prevenção.
Prevenção: dirigida aos sintomas e redução do risco de eventos cardíacos adversos. Retardar
progressão de aterosclerose.
- Diabetes
Estudos apontam que em 2050 1/3 dos adultos terá diabetes pelo que é essencial a
implementação de medidas preventivas que retardem este cenário.
Medidas preventivas
REABILITAÇÃO
Deve ser incorporada no plano de cuidados desde o primeiro momento após o diagnóstico.
Aumenta a probabilidade de recuperação funcional e aumenta a cooperação de doentes e
familiares.
Cancro Coloretal
Hepatite C
Síndrome Metabólica
Outros exemplos:
o Diabetes tipo 1
o Osteoporose pós-menopausa
o Violência contra mulheres
o Doença de Alzheimer
o Carcinoma hepatocelular
Intensidade de ações preventivas
Prevenção quaternária
A prevenção quaternária é o conjunto de ações que visam evitar danos associada às interven-
ções médicas e de outros profissionais da saúde como excesso de medicação ou cirurgias des-
necessárias (iatrogenias). Assim, quando o tratamento for considerado pior do que a doença,
devem ser exploradas alternativas a esse tratamento.
A prevenção quaternária deve prevalecer em qualquer outra opção preventiva, diagnóstico e
terapêutica, segundo o princípio hipocrático: primun non nocere (em primeiro lugar, não pre-
judicar [o paciente])
OBJETIVOS: diminuir a incidência da iatrogenia.
TIPOS DE INTERVENÇÃO:
Os profissionais de saúde devem estar conscientes das consequências das suas decisões, e in-
cluir intervenções de prevenção quaternária na sua prática diária com cada paciente.
• Prevenir efeito cascata:
- Prevenir a cascata diagnóstica
- Prevenir a cascata terapêutica
• Prevenir a promoção de doenças
• Prevenir a medicalização
Aula nº 7 - Princípios e práticas de prevenção em Infeções sexualmente transmissíveis
Infeções sexualmente transmissíveis – são das infeções mais frequentes que se observam nos
seres humanos. Ocorrem cerca de 500 milhões novos casos em cada ano por:
• Sífilis
• Gonorreia
• Tricomoníase
• Infeção genital por Chlamydia trachomatis
Estas infeções para alem dos seus efeitos diretos também aumentam o risco de infeção por
outras doenças, nomeadamente do VIH.
A maioria destas infeções incide sobre África, ásia e américa do sul. Contudo observa-se uma
incidência crescente de IST na europa e américa do norte.
Ressurgência da sífilis
A sífilis atingiu o seu pico na segunda guerra mundial, seguido de uma inversão desse padrão.
A RAM na gonorreia tem vindo a aumentar nos últimos anos, começando a haver resistência a
fármacos de primeira linha.
• Gonorreia
• Sífilis
• Hepatite C
• Hepatite B
• Clamídia
• IVH
O SINAVE permite:
• recolha de variáveis epidemiológicas que antes não eram notificadas (forma provável
de transmissão, responsabilização por avisar e orientar o parceiro, etc);
• identificar dificuldades no controlo das IST em alguns grupos com comportamentos de
risco;
• estes dados têm sido sobretudo usados em projetos de investigação e teses na área de
saúde pública.
Devido à pandemia causada pelo Covid-19 houve um atraso na recolha de dados relativos às
IST.
- Nas outras IST só há dados publicados de 2016, embora através do EDC se possa encontrar
dados de 2018 para algumas destas infeções.
Gonorreia: ECDC,2018
A incidência de gonorreia é maior em homens do que em mulheres, sendo ainda mais elevada
em homens que praticam sexo com homens.
Clamídia
A Clamídia (Chlamydia trachomatis) é uma infeção bacteriana que pode afetar o pénis, a vagina,
o colo do útero, o ânus, a uretra, a garganta ou os olhos. É das IST mais comuns, transmitindo-
se por via sexual e também de mãe para filho. É uma doença de Declaração Obrigatória (DDO)
Diagnóstico por exame PCR, para deteção do material genético exclusivo da bactéria (DNA), de
amostra uretral, cervical, vaginal, anal ou faríngea. Para alguns tipos de testes, pode também,
ser usada uma amostra de urina. Normalmente, devido aos leves sintomas é subdiagnosticada.
Sífilis → é uma doença sistêmica causada por Treponema pallidum, caracterizada por 3 fases
clínicas sequenciais e sintomáticas separadas por períodos de infeção latente assintomática.
• Número de casos é maior nos homens e
superior em homens que fazem sexo com homens.
• Número de casos a aumentar nos HSH.
• Infeção detetada maioritariamente nas fases
iniciais de doença.
• Houve um pico de casos durante a guerra
colonial (1965) e um pico em 1980.
• Atualmente os valores encontram-se mais
elevados do que alguma vez registado pela DGS.
O VIH (Vírus da Imunodeciência Humana) é um vírus que ataca e destrói o sistema imunitário do
nosso organismo, isto é, destrói os mecanismos de defesa que nos protegem das doenças.
Uma pessoa infetada pelo VIH revela-se progressivamente débil e frágil, podendo contrair ou
desenvolver infeções muito variadas e/ou mesmo certos tipos de cancro.
Este vírus pode permanecer “adormecido” no organismo durante muito tempo, sem manifestar
sinais e sintomas. Durante este período, a pessoa portadora do VIH é designada de seropositiva
e pode infetar outras pessoas se tiver comportamentos de risco.
→por norma, quanto mais tarde é feito o diagnóstico da doença mais grave tende a ser a
evolução da mesma.
→em 2021 houve uma queda de 10% do nº de casos de IVH registados nos serviços de urgência
dos HSM.
Prevenção de IST:
- Abstinência sexual;
- Redução do nº de parceiros sexuais;
- Monogamia mútua;
- Vacinação;
- Uso do preservativo.
Estratégias para prevenção e controlo das IST
Intervenções estruturais
Intervenções biomédicas
Intervenções comportamentais
Importância do rastreio
Permite detetar casos de infeção assintomática, muito comuns em mulheres.
Que doenças/infeções rastrear?
Doenças transmissíveis
Agentes patogénicos
Sinais e Sintomas
• Inflamação
• Febre
• Outros sinais e sintomas comuns
• ”Because infectious diseases have been largely controlled in the United States, we can
now close the book on infectious diseases” William Stewart, MD U.S. Surgeon General,
1967
• Bom controlo de várias doenças infecciosas
- Varíola tinha sido erradicada
- Vacinas e antibióticos
• Saneamento
• Água potável, segurança alimenta
• HIV / SIDA
• West Nile
• SARS
• Tuberculose e malaria
• Resistência aos Antibióticos
• Bioterrorismo
• Gripe aviária
• Ebola
• Zika
• COVID-19
• Pneumonia - 6,3%
• HIV/SIDA - 0,44%
• Tuberculose - 0,2%
• Doença Gastrointestinal - 0,14%
• Meningite - 0,04%
Prioridades para a OMS
• Sarampo
• Doença dos Legionários
• Hepatite A
• COVID-19
• Mundial 26,3%
• Portugal 5,7%
Óbitos
• Mundial 18,0%
• Portugal 8,3%
o Aumento da população
o Facilidade e velocidade das viagens
o Alterações climáticas
o Aumento do uso de antibióticos em humanos e animais
o Guerra e conflitos sociais
o Envelhecimento da população
o Proximidade entre humanos e animais
Cadeia de infeção
Tipos de agentes infeciosos
Bactérias
Virus
Parasitas
o Malária, Giardia
Fungos
o Candidíase
Priões
o Doença de Creutzfeldt–Jakob
Reservatório
• Humano - HIV
• Animal (zoonoses) - Salmonella spp
• Solo - Clostridium tetani
• Água - Legionella pneumophila
Porta de saída
Vias de Transmissão
Indivíduo susceptível
o Criado em 1965
o Gratuito e acessível a toda a população
o 13 doenças (2017)
- Mais 2 a partir de Out 2020
o Elevada taxa de cobertura
- Bolsas de não vacinados
• Proteção individual
• Redução da incidência da doença
• Manter uma doença fora do país
• Erradicação de uma doença
• Poupança de recursos
Imunidade de grupo
A partir de uma certa taxa de cobertura vacinal não ocorre transmissão da doença deixando de
existir casos de doença.
✓ Chamada telefónica
✓ Vacinação em escolas
✓ Visitas domiciliárias
✓ Lembrete eletrónico
✓ Registo de vacinas administradas fora do SNS
o X Sanções monetárias
o X Boletim em papel
Resistência antibiótica
Diretor Geral da Saúde, 1926: “obrigatória a declaração, por parte dos clínicos, da varíola,
escarlatina, difteria, febre tifóide, tifo exantémico, meningite epidémica, peste, cólera e febre
amarela”
o “highly flexible metadata-driven system for collection, validation, cleaning, analysis and
dissemination of data”
o Substituiu os sistemas das Dedicated Surveillance Networks (DSNs) concentrando toda
informação
“Epidemic Intelligence”
Objetivo: Acelerar a deteção de potenciais ameaças á saúde pública, permitindo uma resposta
em tempo útil.
Vigilância Sindrómica
Conclusão
• Vacinar
• Manter a vigilância epidemiológica
• Fortalecer a cooperação internacional
• Desenvolver medicamentos e vacinas
• Implementar medidas de prevenção
- nível populacional e individual
O ciclo da vida – da conceção até à morte
+ A pré-eclâmpsia é uma complicação grave da gravidez que parece ocorrer devido a problemas
no desenvolvimento e fixação dos vasos sanguíneos da placenta, levando a espasmos desses
vasos, alterações na capacidade de coagulação do sangue e diminuição da circulação sanguínea.
Dentro da imunidade inata, a primeira linha de defesa humana é a pele e a membrana das
mucosas (barreira física). Recentemente começou-se a considerar o microbioma como
constituinte da imunidade inata. Para além disso apresenta ainda uma componente
celular/química que inclui a imunidade celular e humoral.
Realça-se ainda a importância da imunidade adquirida, que desempenha um papel
importantíssimo na defesa do organismo.
MICROBIOMA VAGINAL
Predomina 4 espécies mais importantes para o equilíbrio do ecossistema da vagina: L.gasseri (II)
L.crispatus (I), L.jensenii (V) e L.iners (III).
o L.crispatus,
o L.gasseri,
o L.iners,
o L.jensenii.
A vagina constitui um meio ácido, sendo muitas vezes uma das causas da infertilidade. De modo
a manter a integridade dos espermatozoides, estes encontram-se envolvidos por um fluido de
pH alcalino – o líquido seminal. Para alem disso constitui um importante meio de disseminação
dos espermatozoides, permitindo o seu movimento no interior do útero e vagina e posterior
entrada nas trompas de Falópio, onde ocorre a fecundação.
Papiloma vírus
O vírus do papiloma humano (HPV) é responsável por um elevado número de infeções que, na
maioria, das vezes não apresentam sintomas e são de regressão espontânea. Esta é uma das
infeções de transmissão sexual mais comuns a nível mundial. As infeções genitais por HPV são,
geralmente, transmitidas por via sexual, através do contacto com a pele ou a mucosa. Menos
frequentemente, o vírus é transmitido durante o parto.
Qualquer tipo de investigação cientifica envolve trabalho multidisciplinar e em equipa.
Há sempre objetivos comuns:
• Diminuir a incidência do cancro
• aumentar sensibilidade de diagnóstico
• fiável
• diminuir os custos
• rápido
• comodo para a paciente
• diminuir o stress da paciente
X vacina do colo do útero X → vacina do HPV
Medicina Preventiva: questões éticas
Alguns aspetos éticos associados a grandes temas da medicina preventiva
1. Promoção da saúde
2. Controlo fatores de risco
3. Vida saudável (ex: contraceção eficaz e segura)
4. Rastreios (obrigatórios)
5. Vacinações (diferentes PNV,obrigatórias ?)
Em que difere o RESPEITO PELA AUTONOMIA NA MEDICINA PREVENTIVA ? Proteger o cidadão
contra a sua vontade?
O doente tem de ser detentor de todas as informações relativas a determinado
procedimento/teste/rastreio para que depois possa tomar uma decisão e fazer uma escolha
informada.
O doente tem o direito à autonomia, contudo, este direito não é absoluto uma vez que o
conceito de justiça deve ser também considerado. O individuo encontra-se inserido na
sociedade, interagindo com ela, pelo que por vezes certas escolhas têm de ser ponderadas
tendo em conta a sociedade e não só o individuo.
Penalizam-se cidadãos que:
Conclusão
Conciliar a liberdade individual e autonomia com o bem publico e justiça. Nunca haverá uma
solução ideal, mas sim um meio termo. Devemos ser muito cautelosos a estabelecer nexos de
causalidade.
Nunca se deve decidir “a quente”, deve-se sempre ponderar, comunicar e esclarecer.
Todas as decisões são tomadas com base em estudos, em incidências, em prevalências e
recursos relativos a cada país.
Erro médico
A prática médica é muito caótica, é um sistema onde tudo é possível que trata seres diferentes
com inúmeras possibilidades de patologia abrangindo muitas especialidades diferentes.
Os médicos lidam com a vida humana pelo que o erro por vezes pode custar a vida de um
paciente.
Erro humano