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SAI

Joana Rodrigues

2023/2024

0
Índice
Saúde - evolução do conceito .............................................. 2
Determinantes de saúde ...................................................... 2
Determinantes sociais de saúde (DSS) ................................. 2
Sistema nacional de saúde ................................................... 3
Plano nacional de saúde ...................................................... 5
Promoção de saúde ............................................................. 6
Ser adulto ............................................................................. 6
Transição .............................................................................. 7
Indicadores de saúde ........................................................... 7
Vacinação ............................................................................. 8
Epidemiologia ...................................................................... 9
Infeções ligadas aos cuidados de saúde ............................. 10
Doenças não transmissíveis ............................................... 11
Saúde no trabalho .............................................................. 11
Envelhecimento ................................................................. 14
Sexualidade ........................................................................ 15
Lesões por úlcera ............................................................... 17
As doenças ......................................................................... 21
Rede nacional de cuidados paliativos ................................ 22
Morte ................................................................................. 23
Avaliação da pessoa idosa.................................................. 25
Violência............................................................................. 27

1
Saúde - evolução do conceito Determinantes de saúde

• 1940: saúde é a ausência de doença Lalonde, 1974


• 1946: é o estado de bem-estar físico, mental e
• Meio ambiente – fatores ambientais (ex.: sociais,
social, e não só a ausência de afeções ou doenças
físicos...);
Critica: subjetividade da definição, é muito difícil
• Estilo de vida;
estar num bem-estar completo
• Biologia humana;
• Sistema de cuidados – fatores dos serviços de
saúde
Terris (1980); Salleras(1994). In Gil, P. (2008)
• Consideraram um conceito continuum, não
Tarlov, 1999
estático;
• No polo positivo, a pessoa tem um elevado nível • atribui um peso a cada um dos fatores, sendo que
de bem-estar físico, mental, social e de os sociais e ambientais pesam mais;
capacidade de funcionamento -> Capacidade de • Grande parte destes fatores são alteráveis –
realizar as suas atividades instrumentais de vida conseguimos mudá-los, se assim o desejarmos.
diária;
Assim, avalia-se um aspeto objetivo: a
funcionalidade da pessoa
• No polo negativo, pode ocorrer o processo de
recuperação de saúde ou de perda de saúde
(sinais -> sintomas -> incapacidade), que pode
levar a morte prematura (= morte com menos de
70 anos);

ICN (conselho internacional de enfermeiros),


2017
Determinantes sociais de saúde (DSS)
A saúde das pessoas e das populações podem ser
melhorados de muitas formas:
São os fatores sociais, económicos, culturais,
• na prática clínica, trabalhando com as pessoas e étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que
as famílias, através de programas de apoio e de influenciam a ocorrência de problemas de saúde e
desenvolvimento comunitário. fatores de risco na população.
• de iniciativas e de políticas nacionais de saúde ou
compromissos e acordos internacionais para
melhorar o acesso e a qualidade dos cuidados de Modelo de rankings
saúde.
Abordagem que classifica ou hierarquiza os
Uma das prioridades da estratégia Health 2020 (OMS, determinantes sociais da saúde com base em sua
2014) = investir na saúde ao longo do ciclo de vida, importância relativa ou impacto na saúde das
capacitando os cidadãos; populações.

• Vida adulta produtiva (25-64 anos); Esses rankings podem ajudar a formular políticas,
• Envelhecimento ativo (65 e mais anos); profissionais de saúde pública e pesquisadores a
• Morrer com dignidade identificar áreas prioritárias de intervenção para
melhorar a saúde da população.

2
Modelo de Dahgren e Whitehead – Modelo das Enquadramento para os fatores
camadas socioeconómicos da saúde
Os determinantes sociais da saúde são abordados em O modelo centra-se no problema da pessoa, de forma
camadas: a facilitar a descoberta do mesmo e a sua resolução.

1. O indivíduo = camada central – tem idade, gênero Turrell identifica três níveis de determinantes:
e fatores genéticos – é influenciado por outras
• Nível micro - sistemas de tratamento, gestão da
camadas, sendo a mais pesada o seu estilo de
doença e investigação clínica;
vida;
2. Em seguida, fatores como: as redes sociais, os • Nível intermédio – estilos de vida e os programas
amigos e a família são fundamentais para que o individuais de prevenção e modificação dos
indivíduo tenha saúde – representa o comportamentos de risco;
comportamento e os estilos de vida das pessoas; • Nível macro – políticas de saúde, fatores
3. De seguida, encontra-se a influência da sociedade associados à globalização e fatores sociais, físicos,
e da comunidade; económicos e ambientais
4. No próximo nível, encontramos fatores Fatores ambientais – como poluição da água e do ar, o
relacionados a condições de vida e de trabalho, aquecimento global, a depleção do ozono, as
disponibilidade de alimentos e acesso a ambientes condições de trabalho e das habitações, a qualidade
e serviços essenciais; dos transportes, a segurança alimentar...
5. A última camada expressa os macrodeterminantes
relacionados com as condições econômicas, Fatores socioeconómicos – a educação, rendimento,
sociais e ambientais prevalecentes na sociedade grau de inclusão social, situação de emprego,
como um todo; ocupação, habitação, mecanismos de coping...

Resultados em saúde – ainda dependentes das


• Explica como as desigualdades sociais na saúde características dos indivíduos, quer sejam biológicas,
são resultado das interações entre os diferentes genéticas, culturais, das características dos cuidadores
níveis de condições – individual, comunitário, etc. e da comunidade, dos comportamentos de risco e da
• Todas as camadas se relacionam entre si. forma como os cidadãos procuram e implementam os
cuidados, modificam os comportamentos de risco e os
cuidadores e a comunidade os apoiam.

Sistema nacional de saúde


Instrumento do estado para assegurar o direito à
proteção de saúde. Integram o SNS todos os serviços
e entidades públicas prestadoras de cuidados de
saúde:

• ACES = Agrupamentos de Centros de Saúde;


• Estabelecimentos hospitalares, qualquer que seja
a sua designação;
Modelo da equipa de equidade • Unidades locais de saúde.
O objetivo principal é desenvolver estratégias e
intervenções que reduzam as desigualdades em
saúde, levando em consideração os determinantes
sociais que impactam o bem-estar das pessoas.

• Dar a cada um aquilo que ele necessita, ou seja,


cuidados personalizados.

3
Evolução do sistema nacional de saúde Estrutura Orgânica do ACES
Séc. XIX e XX, até à criação do SNS – A assistência ACES = Agrupamentos de Centros de Saúde
médica competia às famílias, a instituições privadas e
• Ajudar a comunidade;
aos serviços médico-sociais da Previdência;
• Aumentar a acessibilidade aos serviços de saúde
1971 (reforma de Gonçalves Ferreira) – O da população
estabelecimento dos Centros de Saúde constitui já um
esboço do SNS; Centros de saúde – encontram-se dentro dos
cuidados de saúde primários, e deve ser por aí que os
1979 (Lei no 56/79, de 15 de Setembro) – utentes entram no sistema de saúde. Tem como
Estabelecimento do SNS – o acesso ao SNS deve ser missão promover a saúde (algo generalista)
garantido a todos os cidadãos independentemente da
sua condição social ou económica; ECLCCI = Equipa Coordenadora Local de Cuidados
Continuados Integrados
1981 – Aprovação da carreira de enfermagem
(Decreto-lei no 305/81, de 12 de novembro); UCSP = Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados

1983 – Criação do Ministério da Saúde (Decreto-lei no • Pelo menos uma ou uma USF (Unidades de Saúde
344-A/83, de 25 de julho); Familiar) em cada centro de saúde componente
de um ACES;
1984 – Criação da Direção-Geral dos Cuidados de • Estrutura idêntica à prevista para USF e presta
Saúde Primários (Decreto-lei no 74-C/84, de 2 de cuidados personalizados, garantindo a
março) e fim aos serviços médico-sociais da acessibilidade, a continuidade e a globalidade dos
Previdência; mesmos;
1989 – Revisão Constitucional – abre-se caminho à • A equipa da UCSP é composta por médicos,
privatização das empresas públicas e o SNS passa de enfermeiros e administrativos não integrados em
gratuito para tendencialmente gratuito; USF;
• O coordenador da UCSP é designado de entre
1990 – Aprovação da Lei de Bases da Saúde (Lei no médicos especialistas de medicina geral e familiar
48/90, de 24 de agosto) – Pela 1ª vez, a proteção da habilitados com o grau de consultor com pelo
saúde é perspetivada não só como um direito, mas menos cinco anos de experiência efetiva na
também como uma responsabilidade conjunta dos especialidade
cidadãos, da sociedade e do estado, em liberdade de
procura e de prestação de cuidados; URAP = Unidade de Recursos Assistenciais
Personalizados
1989 – Revisão Constitucional – abre-se caminho à
privatização das empresas públicas e o SNS passa de • Dão apoio a outras unidades que os centros de
gratuito para tendencialmente gratuito; saúde não possuem;
• Presta serviços de consultoria e assistenciais às
1990 – Aprovação da Lei de Bases da Saúde (Lei no unidades funcionais e organiza ligações funcionais
48/90, de 24 de agosto) – Pela 1ª vez, a proteção da aos serviços hospitalares;
saúde é perspetivada não só como um direito, mas • A equipa da URAP é composta por médicos de
também como uma responsabilidade conjunta dos várias especialidades, que não de medicina geral e
cidadãos, da sociedade e do estado, em liberdade de familiar e de saúde pública, bem como assistentes
procura e de prestação de cuidados; sociais, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas,
2011 – Prescrição eletrónica (Portaria no 198/2011, de dentistas e outros profissionais não afetos
18 de maio) totalmente a outras unidades funcionais;
• O coordenador da URAP é designado de entre
profissionais de saúde com pelo menos cinco anos
de experiência na respetiva área profissional

4
USF = Unidade de Saúde Familiar • O ACES participa, através da UCC, na Rede
Nacional de Cuidados Continuados Integrados,
• Enfermeiro + médico + administrativo ->
integrando a equipa coordenadora local — à UCC
Organizada por um deles;
compete constituir a ECCI (prevista no Decreto-Lei
• Presta os cuidados ao nível da comunidade;
n.o 101/2006, de 6 de Junho)
• Estão em funcionamento no horário: 8h- 20h; em
• O coordenador da UCC é designado de entre
épocas de gripe, ficam abertos até às 22h ou 24h;
enfermeiros com pelo menos a categoria de
• Nascem em 2006/2007; enfermeiro especialista e com experiência efetiva
• Pelo menos uma ou uma UCSP em cada centro de na respetiva área profissional;
saúde componente de um ACES; • O que diferencia as UCC das USF? As UCC atuam
nas escolas, juntas de freguesia, entre outros. O
seu âmbito não é o indivíduo em si, mas grupos;
USP = Unidade de Saúde Pública • UCC só abre se tiver uma ECCI
• Funciona como observatório de saúde da área
geodemográfica do ACES em que se integra e
• Compete-lhe: Plano nacional de saúde
- Elaborar informação e planos em domínios da (Foi feita uma revisão e extensão a 2020)
saúde pública;
- Proceder à vigilância epidemiológica; Inclui as medidas mais relevantes para a obtenção de
- Gerir programas de intervenção no âmbito da ganhos em saúde para as pessoas residentes em
prevenção, promoção e proteção da saúde da Portugal.
população em geral ou de grupos específicos;
• 1 novo de 4 em 4 anos;
- Colaborar, de acordo com a legislação respetiva,
• Grandes desígnios propostos para 2020:
no exercício das funções de autoridade de saúde
- Redução da mortalidade prematura – abaixo dos
• Trazer ao centro de saúde quais os problemas
70 anos;
maioritários presentes na comunidade, de forma
- Melhoria da esperança de vida saudável (aos 65
as USF terem consciência dos problemas e
anos);
alargarem a sua área de atuação;
- Diminuição dos fatores de risco relacionados
• A equipa da USP é composta por médicos,
com as doenças não transmissíveis,
enfermeiros de saúde pública ou de saúde
nomeadamente, a obesidade infantil e o consumo
comunitária e técnicos de saúde ambiental.
e exposição ao tabaco (proibiram as pessoas de
• O coordenador da USP é designado de entre fumar dentro de estabelecimentos fechados por
médicos da especialidade de saúde pública exemplo)
habilitados com o grau de consultor e com
experiência efetiva na especialidade.

UCC = Unidade de Cuidados na Comunidade

• Presta cuidados de saúde e apoio psicológico e


social de âmbito domiciliário e comunitário;
• Especialmente às pessoas, famílias e grupos mais
vulneráveis, em situação de maior risco ou
dependência física e funcional ou doença que
requeira acompanhamento próximo;
• A equipa da UCC é composta por enfermeiros,
assistentes sociais, médicos, psicólogos,
nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas da fala e
outros profissionais, consoante as necessidades e
a disponibilidade de recursos

5
Promoção de saúde As capacidades intelectuais e cognitivas dos adultos
É o processo que visa aumentar a capacidade dos variam muito pouco, sendo o que varia:
indivíduos e das comunidades para controlarem a sua • O tempo de reação;
saúde, no sentido de a melhorar. • A memória;
• Carta de Ottawa para a promoção da saúde – 1a • A resolução de problemas;
conferência internacional sobre a promoção da • A aprendizagem.
saúde, 1986;

Pré-requisitos para a saúde:


Teoria do desenvolvimento psicossocial de Erik
• Paz; Erikson
• Abrigo;
Estádio 6: Intimidade/Isolamento
• Educação;
• Alimentação; • Ocorre entre os 20-30 anos, aproximadamente;
• Recursos económicos • A tarefa essencial deste estádio é o
estabelecimento de relações íntimas com outras
pessoas;
• A vertente negativa é o isolamento, pela parte dos
Ser adulto que não consegue estabelecer compromissos nem
A Idade adulta é o período da vida em que o troca de afetos com intimidade
organismo humano alcança a sua completa
maturidade, a nível físico e psicológico.

• Segundo a lei = pessoa a partir dos 18 anos; Estádio 7: Generatividade/Estagnação


• Adulto jovem = indivíduo entre os 20-40 anos; • Ocorre entre os 30-60 anos, não existindo uma
• Adulto maduro = entre os 40-65 anos; idade comum a todas as pessoas;
• Vida adulta = período da vida entre os 25-64 anos; • Caracteriza-se pela necessidade em orientar a
geração seguinte, em investir na sociedade em
que se está inserido;
Desenvolvimento físico • A vertente negativa leva o indivíduo à estagnação
nos compromissos sociais, à falta de relações
• 20 anos: entrada numa etapa de plenitude física
exteriores, à centralização em si próprio.
(sistema musculo esquelético plenamente
desenvolvido e o organismo está no pico da sua
eficiência)
• 40 anos: maioria das pessoas funciona igual aos James Marcia
20 anos Vem operacionalizar a teoria de Erik Erikson dizendo
• 40-60: sucedem-se várias modificações (rugas, que uma personalidade definida afeta muito o nível
mudanças hormonais, etc.) de saúde devido à escolha de modo de vida.

Os indivíduos são constituídos a nível político,


religioso, profissional e das relações de intimidade –
Desenvolvimento cognitivo (Piaget)
podem ser:
Estádio operatório formal – a partir dos 12 anos.
• Realizada;
O pensamento formal permite: • Exploração;
- Ocorre na adolescência;
• Refletir para além do real presente;
- Explora-se todos os constituintes do indivíduo e
• Refletir sobre possibilidades;
é-se capaz de escolher ideias – nesse caso ocorre
• Fazer planos;
a realização.
• Elaborar “teorias”;
• Construir “sistemas”.

6
• Difusão;
- Não exploram, nem investem, não procuram
saber;
- Estes são altamente influenciáveis, não havendo
segurança a nível da saúde;

• Moratória;
- Não exploram, mas há investimento;
- São influenciados pelas pessoas significativas
para eles;
- Seguem as opiniões alheias e depois culpam os
outros se algo corre mal;
- Também são influenciáveis, não havendo
segurança a nível de saúde

• Outorgada;
- Não tomam decisões, só exploram;
- Estes indivíduos não inspiram segurança a nível
de saúde

Ao longo do tempo, é possível que haja uma mudança


de identidade: passar de realizados para exploração,
ou ao contrário.

Transição
Segundo Meleis, a transição é:

• Passagem ou movimento de um estado,


condição ou lugar para outro;
• Desenvolvimental;
• Situacional;
• Saúde/doença;
• Organizacional

• Prevalência: Proporção de indivíduos de uma


Indicadores de saúde população que é acometida por uma determinada
É uma medida que reflete uma característica/aspeto doença ou agravo, num determinado momento;
particular, em geral não sujeito a observação direta.

Medidas de morbilidade

• Incidência: Representa a frequência com que • Taxa de mortalidade geral: Mede o risco de morte
surgem novos casos de uma determinada doença, por todas as causas numa população de um dado
num intervalo de tempo. local e período;

7
Outros tipos de indicadores Vacinação em circunstâncias especiais
• Indicadores relacionados à nutrição, crescimento Não é gratuita e não está incluída no plano. A
e desenvolvimento (proporção de nascidos vivos vacinação deve ser personalizada, de acordo com:
com baixo peso e proporção e adultos com
• a idade, a história/situação
obesidade)
• clínica e vacinal do indivíduo
• Indicadores demográficos (a distribuição da
• os países de destino
população segundo sexo e idade)
• o tipo de viagem
• Indicadores socioeconómicos (escolaridade,
renda, condições de moradia) • a duração da viagem/estadia,
• Indicadores relacionados à saúde ambiental • os requisitos legais de cada país em termos de
(qualidade do solo, da água e do ar) vacinação
• Indicadores relacionados aos serviços de saúde • o período de tempo disponível antes da partida
(número de profissionais de saúde por mil
habitantes e o número de atendimentos em
especialidades básicas por mil habitantes) Vacinação contra a gripe sazonal
• É gratuita;
• Grupos alvo prioritários:
Vacinação - Pessoas com idade ≥ 65 anos
- Doentes crónicos e imunodeprimidos, a partir
dos 6 meses de idade;
Vacinas - Grávidas;
Primovacinação = primeira vacinação (depois da - Profissionais de saúde e outros prestadores de
vacina deve-se ficar cerca de 30 minutos no centro de cuidados (ex.: lares de idosos);
saúde para o caso de fazer uma reação alérgica) • É diferente em cada ano, pois o vírus muda
constantemente.
Vacinas vivas = tomam-se todas no mesmo dia ou • Esta vacina é comparticipada (37%) e deve ser
passado 4 semanas (gripe, anti-sarampo, papeira, administrada no princípio do Outono
rubéola); Produzem febre e cansaço;

Vacinas mortas = apenas estimulam a produção de


anticorpos e não estimulam outras células do sistema Vacina contra a Hepatite A
imunitário adaptativo, tais como os linfócitos T com
• Não faz parte do plano, mas é recomendada;
memória imunológica. Assim, para manter a
• A quase totalidade dos casos foi identificada em
imunidade, são necessárias injeções periódicas de
homens que faziam sexo com homens, durante o
reforço.
contacto sexual, por transmissão fecal-oral;
• A vacina contra a Hepatite A está recomendada a
viajantes para a América Latina, África e Ásia e
Programa nacional de vacinação festivais de verão ou outros
• Em Portugal, em 1964;
• Gratuito – só se pagam vacinas que não estão no
plano nacional de vacinação; Vacinação contra a Raiva
• Universal;
• Está recomendada para:
• Calendário recomendado; - Pessoas que trabalham em laboratório e em
• Prescrição universal; contacto com o vírus;
• Administrado por enfermeiros; - Pessoas que viajam para zonas endémicas (área
• Aplicado nos centros de saúde e hospitais; geográfica onde uma determinada doença é
• Financiado pelo orçamento do estado. regularmente encontrada);
- Pessoas que contactam com animais

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Epidemiologia História natural da doença
Epidemiologia das doenças transmissíveis- deve-se
As inter-relações do agente, da pessoa suscetível e do
estudar a cadeia epidemiológica.
meio ambiente que afetam o processo global e o seu
• Infeção: resultado de uma completa interação desenvolvimento, desde as 1as forças que estimulam
entre os elementos desta cadeia; o processo patológico no meio ambiente.
• Transmissibilidade: capacidade básica de um
• Resposta do homem ao estímulo e alterações que
agente infecioso propagar-se causando doença,
conduzem à invalidez, recuperação ou morte;
através dos passos da cadeia epidemiológica;
• Evolução da doença no indivíduo através do
tempo, na ausência de intervenção

Enfoque epidemiológico Este historial está dividido em dois períodos:

Estudo da frequência e distribuição dos eventos de • Período pré-patogénico: (prevenção primária)


saúde e dos seus determinantes nas populações - promoção da saúde (informar)
humanas e a aplicação deste estudo na prevenção e - proteção especifica (vacinar)
controle dos problemas de saúde. • Período patogénico: (prevenção secundária e
terciaria)
- diagnostico precoce e tratamento imediato
Tríade epidemiológica - limitação do dano
- reabilitação
Este modelo tradicional é composto por três
elementos inter-relacionados que influenciam a
ocorrência e disseminação de doenças: o agente, o
Doença transmissível
hospedeiro e o ambiente.
Qualquer doença causada por um agente infecioso ou
• Agente: agente causador da doença
pelos seus produtos tóxicos, que ocorre pela
(microrganismo, toxina, etc.)
transmissão deste agente ou produtos, desde o
• Hospedeiro: É o organismo que abriga o agente
hóspede infetado a um hóspede suscetível.
causador da doença (humano, animal, etc)
• Ambiente: refere-se ao contexto em que o agente Existem dois períodos na doença transmissível:
e o hospedeiro interagem, ou seja, o ambiente
• Período de latência: tempo que decorre desde a
inclui diversos fatores que podem influenciar a
infeção até que a pessoa se torne infetada (torna-
transmissão da doença.
se capaz de transmitir a doença)
Os agentes são necessários para que a transmissão • Período de incubação: tempo que decorre desde
aconteça, mas nem sempre são suficiente para causar a infeção até à apresentação dos sintomas
a doença.
Uma epidemia caracteriza-se pela ocorrência, numa
• Exemplo: Num surto de gripe, o vírus influenza região ou comunidade, de um número de casos em
atua como agente. A gravidade da doença varia, excesso, em relação ao que normalmente seria
influenciada pela virulência do vírus e pela esperado;
imunidade dos indivíduos. Além disso, fatores
• Ao descrever uma epidemia, deve ser especificado
ambientais, como acesso a cuidados de saúde e
o período, a região geográfica e outras
higiene, afetam a propagação e o impacto da
particularidades da população em que os casos
doença na comunidade.
ocorreram.

Uma endemia caracteriza-se por uma área geográfica


ou grupo populacional que apresenta um padrão de
ocorrência relativamente estável com elevada
incidência ou prevalência.

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Uma pandemia acontece quando uma epidemia se • Pode depender do ser superior, sem, no entanto,
espalha por diversas regiões do planeta. o prejudicar, beneficiar ou invadir, designando-se
comensal;
• Quando causa doença infeciosa, designa-se
Infeções ligadas aos cuidados de saúde patogénico.
São infeções adquiridas pelos doentes em
consequência dos cuidados e procedimentos de saúde
prestados. Elo 2: Reservatório

• Local animado ou inanimado, onde o agente


patogénico vive e se multiplica;
Febre puerperal (pela falta de higiene) • Os seres humanos, os animais e fontes ambientais
podem funcionar como reservatórios;
• Ocorria desde a antiguidade, mas aumentou
muito a partir do séc. XVII, quando os médicos
começaram a participar dos trabalhos de parto.
• Percebeu-se que a doença só ocorria quando os Elo 3: Porta de saída (via de eliminação do
partos eram feitos em maternidades e em hospedeiro)
hospitais – não ocorria quando os partos eram • Qualquer orifício do corpo na pessoa infetada que
feitos em casa, por parteiras. permita a saída dos agentes patogénicos (ex.:
• Semmelweis fez com que fossem tomadas nariz, boca, olhos, cortes na pele)
medidas básicas de higiene, como lavar as mãos
com cloreto de cálcio antes de começar o
expediente e, entre uma puérpera e outra, com Elo 4: Modos de transmissão do agente
sabão;
Mecanismos através dos quais o agente patogénico é
transportado do reservatório para um hospedeiro
Infeção nosocomial humano suscetível através do ar, contacto direto (ex.:
gotículas – gripe, meningite, rubéola, caxumba,
É uma infeção adquirida por um paciente durante sua coqueluche...) ou indireto (ex.: aérea – tuberculose
estadia em um ambiente de saúde, como hospitais, pulmonar e laríngea, sarampo, varicela...)
clínicas, lares de idosos ou centros de reabilitação.
Essas infeções são distintas das infeções que os
pacientes já têm no momento da admissão. Elo 5: Porta de entrada

• Qualquer abertura no corpo de uma pessoa não


Cadeia de infeção infetada que permite a entrada de agentes
patogénicos (ex.: nariz, boca, outras membranas
Esta cadeia descreve mucosas, incisões cutâneas, fissuras na pele...)
como a doença é
transmitida de um ser
vivo para outros. Elo 6: Hospedeiro suscetível
Exitem 6 elos que
explicam esta • Pessoas não infetadas que podem tornar-se
transmissão: doentes;
• Todos os profissionais de saúde e qualquer outro
Elo 1: Agente causal cuidador que ainda não esta infetado com
• Agente patogénico ou microrganismo que causa a determinada doença
doença (ex.: bactérias, fungos, vírus...);
• Pode viver de matéria orgânica morta e invadir
ocasionalmente o organismo humano,
denominando-se saprófita;
10
Doenças não transmissíveis Programa nacional de saúde ocupacional
São todas as doenças que não são adquiridas por
Objetivos gerais:
contacto com pessoas infetadas com o agente
causador da doença e ou vetores. • Aumentar os ganhos em saúde;
- Diminuição da ocorrência e gravidade de
acidentes de trabalho;
Doenças cronicas não transmissíveis - Redução da incidência e prevalência de doenças
profissionais e de outras doenças relacionadas
Caracterizam-se por uma etiologia incerta, múltiplos
com o trabalho;
fatores de risco, longos períodos de latência, duração
- Melhoria da qualidade do trabalho e da vida dos
prolongada, origem não infeciosa e estarem
trabalhadores
associadas a deficiências e incapacidades funcionais.
• Garantir o valor da saúde do trabalhador;
Estes são alguns exemplos (doença cronica -> agente - Capacitação dos trabalhadores;
infecioso): - Educação e formação dos jovens;
- Consciencialização dos empregadores e dos
• Cancro cervical -> Vírus do papiloma humano; cidadãos;
• Carcinoma hepatocelular -> Vírus da hepatite B e - Valorização geral do trabalho enquanto fonte de
C; saúde, de realização pessoal e de
• Úlcera péptica -> Helicobacter pylori; desenvolvimento humano sustentável

Saúde no trabalho Conceitos-chave da visão do PNSOC:


A saúde no trabalho é o estado físico, mental e social
• Ambiente de trabalho saudável;
dos trabalhadores nos seus ambientes laborais.
• Saúde dos trabalhadores;
Envolve prevenir lesões, doenças ocupacionais e
• Qualidade dos serviços de Saúde Ocupacional
promover bem-estar dos mesmos

Riscos dos trabalhadores


Saúde ocupacional
A probabilidade de concretização do dano em função
Tem como finalidade a prevenção dos riscos
das condições de utilização, exposição ou interação do
profissionais e a proteção e promoção da saúde do
componente material do trabalho que apresente
trabalhador.
perigo
Os enfermeiros, com ações autónomas e
• Riscos químicos: gases, poeiras
interdependentes, podem contribuir para a saúde dos
colaboradores. Através de estratégias de: • Riscos biológicos: bactérias, vírus
• Riscos ergonómicos: postura
• Identificação, avaliação e controlo dos riscos • Riscos psicossociais: stress, ansiedade, burnout
existentes no local de trabalho, ou deles
emergentes;
• Ações de vigilância da saúde dos trabalhadores; Acidente de trabalho
• Promoção da saúde no local de trabalho
Aquele que se verifique no local e no tempo de
Identificar; Avaliar; Controlar/Eliminar -> Objetivo do trabalho e produza, direta ou indiretamente, lesão
enfermeiro de saúde ocupacional = minimizar riscos corporal, perturbação funcional ou doença de que
(promoção/proteção de saúde) resulte a redução na capacidade de trabalho ou de
ganho ou a morte.

(a história da saúde ocupacional fica na outra sebenta) • Todos os anos + de 400º trabalhadores eurpeus
morrem em AT;

11
• + de 3 milhões são vítimas de um AT grave, Medidas de prevenção e proteção
resultando numa ausência do trabalho superior a
3 dias. • Limitar/ eliminar o risco
• Envolver o risco
Existem 2 tipos de acidentes de trabalho: • Afastar o homem
• Acidente sem afastamento: fica tudo bem e a • Proteger o homem
pessoa continua a trabalhar. • Equipamento de proteção coletiva:
• Acidente com afastamento: - Medidas gerais a serem tomadas numa empresa
- incapacidade temporária para proteger trabalhadores da exposição a um
- incapacidade parcial e permanente: condição na agente insalubre e/ou perigoso;
- Não só equipamentos, mas métodos e
qual a pessoa enfrenta uma redução parcial em
sua capacidade de realizar determinadas tecnologias
atividades, mas essa limitação não abrange todas - exemplos: sistemas de ventilação, barreiras de
proteção, sistemas de emergências (alarmes de
as áreas da vida ou todas as tarefas.
- incapacidade total ou permanente: isso implica emergência)
uma limitação completa ou abrangente na • Equipamento de proteção individual (EPI):
capacidade de uma pessoa para realizar tarefas ou - Todo o equipamento, bem como qualquer
funções básicas. Essa incapacidade pode afetar complemento ou acessório destinado a ser
todas as áreas da vida da pessoa. utilizado pelo trabalhador para proteger a sua
saúde e prevenir os riscos profissionais.
- exemplos: capacete de segurança, óculos de
segurança, abafador de ruído,
Doença profissional
Doenças diretamente resultantes do trabalho,
constantes da lista oficial de doenças profissionais. Serviços prestados por um programa de
São exemplo: segurança e saúde no trabalho
• Pneumoconioses: Condições pulmonares • Vigilância de saúde;
causadas pela inalação de poeira no local de • Monotorização/vigilância do local de trabalho;
trabalho. • Exames médicos:
• Dermatoses ocupacionais: Doenças de pele - Pré-contratação;
causadas por exposição a substâncias químicas no - Periódicos;
ambiente de trabalho. - Transferência;
• Stress ocupacional: Resultante de condições - Regresso ao trabalho;
extremas de trabalho, pressão constante ou - Reforma/conclusão
ambientes de trabalho hostis. • Promoção de saúde;
• Rastreios;
• Análise e design de tarefas relacionadas com o
Doenças relacionadas com o trabalho trabalho;
• Auditorias de segurança e prevenção de
Doenças adquiridas por causa do trabalho, mas que
acidentes;
não constam da lista oficial de doenças profissionais.
São exemplo: • Preparação para emergências;
• Aconselhamento pré-reforma.
• Problemas gastrointestinais: Estresse crônico no
trabalho pode contribuir para distúrbios
gastrointestinais como úlceras, síndrome do
intestino irritável, entre outros.
• Problemas de sono: Horários irregulares, estresse
e pressão no trabalho podem contribuir para
distúrbios do sono.

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Equipa de saúde ocupacional Alguns fatores que induzem aos riscos psicossociais
são:
• Interna;
• Externa; • Envelhecimento ativo;
• Comum; • A carga de trabalho;
• Trabalhadores independentes ou empresas • Conciliação da vida familiar com a profissional;
pequenas NÃO têm de ser seguidos por uma • Exigências emocionais;
equipa de saúde ocupacional • Relações interpessoais;
- São seguidos pelos ACES. • Desenvolvimento profissional.

Ambiente de trabalho saudável Stress

Desequilíbrio entre os recursos existentes para dar


respostas às exigências da situação.

• Sensação de que ainda consegue controlar a


situação, e se o fizer, o stress diminui ou
desaparece;
• Ideia de “demasiado” (demasiadas exigências,
pressões...) e de algo temporário;

Resposta fisiológica: sudorese; PA alta; queda de


cabelo; cansaço; dores musculares (tensão muscular)

• Sintomas individuais: doenças psiquiátricas,


cardiovasculares -> Impacto na saúde e qualidade
de vida;
• Sintomas organizacionais: absentismo (ausência
física do trabalhador no local de trabalho),
Quem se deve responsabilizar pela saúde no acidentes de trabalho, apatia -> Impacto
trabalho? financeiro e carreira profissional

• Saúde ocupacional
• Empregadores Síndrome geral de adaptação- Selye, 1936
• Trabalhadores
Descreve os sintomas do stress em 3 fases:
A promoção da saúde é responsabilidade de todos.
1º. Fase de alerta – o indivíduo entra em contacto
com o agente causador do stress e o seu corpo
perde o equilíbrio. Apresenta os seguintes
Risco psicossocial
sintomas:
Quando ocorre um desequilíbrio entre as interações - Mãos/pés frios;
entre: - Boca seca;
- Dor de estômago;
• Por um lado, o trabalho, o seu ambiente, a - Aumento da sudorese;
satisfação no trabalho e as condições da sua - Insónia;
organização; - Taquicardia.
• Por outro lado, a capacidade do trabalhador, as
suas necessidades, a sua cultura e a situação
pessoal fora do trabalho.

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2º. Fase da resistência – o corpo tenta volta ao Intervenções a realizar:
equilíbrio, podendo o organismo adaptar-se ao
problema, eliminando-o. Apresenta os seguintes
sintomas:
- Problemas de memória;
- Sensação de desgaste físico constante;
- Mudança de apetite;
- hipertensão arterial (HTA)
- Obsessão o agente causador do stress.
3º. Fase da exaustão – pode haver diversos
comprometimentos físicos em forma de doença.
Sintomas:
-Diarreia frequente;
- Dificuldades sexuais;
- Insónias/pesadelos;
Envelhecimento
- Tiques nervosos;
Processo sequencial, individual, acumulativo,
- Taquicardia;
irreversível, universal, não patológico, de deterioração
- Irritabilidade/perda do sentido de humor
de um organismo maduro.

• Próprio a todos os membros de uma espécie, de


Bullying maneira que o tempo os torne menos capazes de
fazer frente ao stress do meio ambiente e,
• Comportamentos que visam causar dano portanto, aumente a sua possibilidade de morte;
(físico/psicológico/emocional);
• Contínuo, complexo, multifatorial e individual,
• Pelo menos 1 vez por semana durante 6 meses – envolvendo modificações do nível molecular ao
no entanto, a taxa de violência pode não permitir
morfofisiológico, que ocorrem em cascata,
que se espere 6 meses; principalmente após o período pós-reprodutivo;
• ≠ Conflito (o conflito é transitório e tem solução) –
o processo de bullying pode emergir de um Alterações que ocorrem:
conflito;
• Biológicas:
Pode ser: - Altera os sentidos (visão, audição, paladar...);
- Tende a diminuir a estatura;
• Vertical: vítima de um superior hierárquico; - Altera o sistema cardiovascular;
• Ascendente: categoria inferior; - Ocorre menor desempenho durante o exercício;
• Horizontal: da mesma categoria (começa a ser - Após 40 anos o corpo consume menos 120
mais frequente); calorias;
• Misto: por um superior (muito menos frequente) - O cérebro demora na transmissão de impulsos;
Como se deteta: - Menor número de neurotransmissores;

1. A existência de 1 ou mais condutas


internacionalmente reconhecidas pela • Psicológicas:
investigação como tal;
2. A duração do processo ocorre no mínimo há mais - Refere-se à evolução dos processos cognitivos: ao
de seis meses; desenvolvimento de competências comportamentais
3. A frequência dos comportamentos é 1 ou mais e emocionais que permitam à pessoa ajustar-se às
vezes por semana. modificações que ocorrem com a idade;

- Raciocínio; memória; aprendizagem; criatividade

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• Social: Teoria do desenvolvimento psicossocial de Erik
- Mudança nos papéis; Erikson
- Mudanças nas posições sociais;
Estádio 8: Integridade/Desespero
- Perdas de relações próximas.
• Polo positivo – o indivíduo procura estruturar o
seu tempo e utilizar as experiências vividas para
Pessoa idosa viver bem os seus últimos anos de vida.
(integridade)
Homem/mulher com mais de 65 anos, desligados de
• Polo negativo – a pessoa entra em desespero face
atividades profissionais formais, que mantêm as suas
ao fim de vida. Surge o sentimento de que o
capacidades. Subtipos:
tempo acabou, que nada mais pode fazer pela
• Idosos muito dependentes – com idades acima sociedade, pela família... (desepero)
dos 85 anos e com dependência, que resulta ou
do envelhecimento natural ou de doença;
• Idosos dependentes – cuja dependência resulta, Sexualidade
sobretudo, de doença crónica, que obriga a É um aspeto fulcral da vida do ser humano que
tratamentos médicos constantes; compreende o sexo, identidade, género, orientação
• Idosos independentes – são os que mantêm as sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. A
suas capacidades, mas estão inativos. vivência e expressão da sexualidade é subjetiva e
traduz-se em pensamentos, fantasias, desejos,
crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas e
Teorias biológicas do envelhecimento relacionamentos.

Teoria imunitária: O sistema imunitário tem • Está presente em todas as fases da vida: antes do
dificuldade em distinguir as células saudáveis do nascimento, enquanto bebés, em criança, na
organismo das substâncias estranhas adolescência, na juventude, na vida adulta, na
velhice;
Teoria genética: O envelhecimento é programado
• UCSP + USF = unidades às quais as pessoas mais
biologicamente, faz parte de um contínuo, durante o
recorrem com questões de sexualidade; deviam
desenvolvimento orgânico, seguindo sempre a
promover mais iniciativas
embriogénese, a puberdade e a maturação
• UCC - Uma vez que abordam a população, deviam
Teoria do erro da síntese proteica: Alterações na ter mais impacto do que têm;
molécula de ADN fornecem informações genéticas
erradas, conduzindo à formação de proteínas
incompetentes; Sexualidade na velhice
Teoria do desgaste: As diferentes partes do corpo
humano deterioram-se com o uso.

Teoria dos radicais livres: Os radicais livres reagem


com os ácidos gordos não saturados das membranas
celulares e transformam-nos em substâncias que
envelhecem as células.

15
1. Dimensão biológica

Na mulher:

• Menopausa;
- Aumento do peso (mulher mais relaxada -> come
mais e exercita menos);
- Osteoporose (pela diminuição do estrogénio);
- Sintomas existem, mas também dependem de
outros fatores externos
• Diminuição progressiva dos níveis de estrogénio;
• Involução progressiva da genitália, com Disfunção sexual:
estreitamento e escurecimento vaginal;
Qualquer alteração na resposta sexual das pessoas,
• Aumento da fragilidade das paredes vaginais;
em uma ou mais etapas desta resposta, cujas fases
• Diminuição da lubrificação vaginal
são: desejo, orgasmo e resolução.

• Disfunção erétil = incapacidade persistente de


obter e manter uma ereção suficiente para uma
função sexual satisfatória.
• Tratamento:
- Farmacológicos (medicamentos orais, injeção
peniana e medicamentos intrauretrais);
- Não farmacológicos (terapia sexual, dispositivos
de ereção por vácuo, implantação de próteses
penianas e cirurgia vascular peniana);
- Quando os tratamentos conservadores são
ineficazes, contraindicados ou não aceites pelo
doente, a implantação de prótese peniana tem
na maioria das vezes resultados satisfatórios.

2. Dimensão psicológica

• Insatisfação com a própria imagem corporal


relacionado com o aumento do peso,
principalmente nas mulheres;
• Depressão.
No homem:

• Andropausa – (termo não está totalmente correto,


mas também existem mudanças no homem) Barreiras a expressão sexual nos idosos
- ocorre por volta dos 50 anos, devido à
diminuição do tamanho dos testículos e à • Velhos hábitos;
consequente queda da produção de testosterona; • Experiências negativas;
• A capacidade de ereção torna-se mais lenta; • Falta de oportunidade (falta de parceiro,
• A quantidade ejaculada é menor; privacidade);
• Os orgasmos podem ser mais curtos e menos • Atitudes culturais face à sexualidade.
intensos

16
Promoção da saúde sexual Estados de lesão por pressão
• Oferta de preservativos e gel lubrificante nas USF Estádio 1: pele intacta com vermelhidão não
e nos espaços de convivência de idosos; branqueável de uma área localizada, usualmente
• Aumento da oferta de testes sorológicos para as sobre uma proeminência óssea;
hepatites B e C, sífilis e HIV, contribuindo para o
Estádio 2: perda parcial da espessura da pele,
diagnóstico precoce;
envolvendo epiderme, derme ou ambas. É superficial
• Estímulo à colheita de papanicolau (coleta células
e apresenta-se como uma abrasão, bolha ou cratera
cervicais para detetar alterações pré-cancerígenas
rasa;
ou cancerígenas no colo do útero), em mulheres
idosas; Estádio 3: perda da espessura total de tecido. A
• Realização de oficinas sobre sexualidade, gordura subcutânea pode estar visível, mas não há
incluindo sexo seguro com linguagem e exposição exposição de ossos, tendões ou músculos;
adequadas às necessidades da população alvo.
Estádio 4: perda da espessura total do tecido com
exposição de fáscia ossos, tendões ou músculos;

Nota: Dependendo do nível de vulnerabilidade do


Lesões por úlcera
idoso, as lesões passam muito facilmente de nível,
desde o nível I, para o nível II, e daí em diante.
O que é por pressão?

• É um dano localizado na pele geralmente sobre


proeminência óssea (tipo na região sacral); Escala de Braden
• Pode ainda estar relacionado a equipamentos Escala utilizada para saber se existe um risco, baixo ou
médicos ou outro tipo de dispositivo; elevado de se desenvolver uma lesão por pressão.
• Área específica.

Escara -> Úlcera de pressão -> Lesão por pressão

• A principal causa é a deficiência prolongada de


irrigação sanguínea;
• Devido a pressão externa por um objeto contra
uma superfície óssea;
• Oferta insuficiente de nutrientes em determinada
área do corpo

Fatores de risco

Extrínsecos (ambiente):

• Pressão;
• Cisalhamento;
• Fricção;
• Imobilização;
• Humidade

Intrínsecos (pessoa)

• Alterações cutâneas relacionadas à idade;


• Processos patológicos;
• Fatores nutricionais;
• Incontinência urinária e fetal

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Cuidados diários 1. Imobilidade
• Perda da capacidade de realizar movimentos
• Observar a pele em busca de áreas com eritema e autónomos empregados no desempenho de
outras alterações da coloração; atividades de vida diária (AVD), devido à
• Hidratar a pele com cremes sem fragrâncias; diminuição das funções motoras;
• Não massajar regiões de proeminência eritema, • Compromete a independência do indivíduo e, por
coloração arroxeada ou com bolhas; fim, leva ao estado de incapacidade/fragilidade;
• Evitar o excesso de humidade e aplicar creme
protetor de pele nas áreas sob fraldas descartáveis Fatores:

• Físicos – artrites, osteoporose, fraturas, sequelas


de AVC, dor crónica, desnutrição grave...;
Plano de cuidados • Psicológicos;
• Mudar de posição a cada 2 horas, exceto se • Medicamentos – os sedativos e os hipnóticos, ao
houver contraindicações; causarem sonolência, podem prejudicar a
• Utilizar técnica adequada para transferir o mobilidade.
paciente da cama para a cadeira; Diagnóstico:
• Não arrastar o paciente pelo colchão;
• Movimentos contínuos para aliviar as áreas sob • Critério maior
pressão; - Deficit cognitivo médio a grave;
• Colchões e almofadas para evitar lesão por - Múltiplas contraturas.
pressão; • Critério menor (pelo menos 2 características)
• Avaliação de pele regularmente; - Sinais de sofrimento cutâneo/úlcera de pressão;
• É aconselhável oferecer uma dieta saudável e - Dificuldade na deglutição (disfagia) leve ou
equilibrada grave;
- Incontinência urinária e fecal;
- Alterações na fala
Posicionamento Consequências:

• Elevar os calcâneos utilizando coxins de • Sistema cardiovascular (ex.: hipotensão


posicionamento sob a barriga da perna; ortostática);
• Utilizar almofadas de espuma para evitar o • Pele (ex.: dermatite amoniacal pelo uso de fralda,
contacto direto entre as proeminências ósseas; úlcera de decúbito);
• Manter a cabeceira na posição elevada em 30 • Sistema gastrointestinal (ex.: risco de aspiração,
graus, por períodos curtos falta de apetite, obstipação);
• Sistema respiratório (ex.: redução do volume
corrente, tosse ineficaz, hipersecreção brônquica);
Síndromes geriátricas • Sistema geniturinário (ex.: aumento do volume
residual de urina na bexiga);
Conjunto de quadros habitualmente originados pela
• Psicológico (ex.: ansiedade, depressão, insónia,
conjunção de doenças com alta prevalência nas
agitação, irritabilidade, desorientação no tempo e
pessoas idosas e que frequentemente originam no espaço, diminuição da concentração e da
incapacidade funcional ou social na população.
tolerância à dor);

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2. Instabilidade postural Prevenção:

Mobilidade = das principais funções corporais; O seu • Medidas para reduzir riscos ambientais;
comprometimento = afeta diretamente a • Medidas de terapia física, orientadas e prescritas
independência do indivíduo e traz consequências por profissionais visando a conservação e
gravíssimas. aumento da força muscular, a redução da dor, o
aumento da mobilidade articular e correção das
A instabilidade postural, por exemplo, leva o idoso à
deformidades articular e dos vícios de postura
queda, o que representa um dos maiores temores em
corporal;
geriatria.
• Treino da marcha reforço dos músculos e o uso
Quedas: adequado de instrumentos de auxílio (bengalas,
andadores, muletas);
• 30% dos indivíduos com mais de 65 anos caem
pelo menos 1 vez por ano;
• Metade cai de forma recorrente;
3. Incontinência urinaria
• Maior prevalência para mulheres na mesma faixa
etária; Qualquer perda de urina involuntária;
• Idosos de 75-84 anos com dependência para as
Tipos:
AVD têm risco 14 vezes maior para queda;
• Esforço –durante exercício físico, tosse ou espirro.
• Urgência – perda urinária acompanhada por um
Fatores de risco: forte desejo de urinar;
• Mista – quando as anteriores ocorrem
• Intrínsecos:
simultaneamente;
- Idade;
• Paradoxal – quando o volume de urina ultrapassa
- História de quedas recorrentes;
a capacidade vesical máxima;
- Doenças crónicas - osteoartrose, Parkinson,
• Total – quando a perda é contínua
sequelas de AVC,
- Uso de muitos medicamentos – antidepressivos,
ansiolíticos;
- Hipotensão ortostática; Fatores de risco
- Deficiência visual • Idade avançada;
• Extrínsecos: • Paridade;
- Superfície escorregadias; • Parto vaginal;
- Tapetes; • Queda dos níveis de estrogénio (enfraquecimento
- Iluminação deficiente; dos músculos do assoalho pélvico e perda de
- Calçado e bengalas inadequados suporte para a bexiga, uretra e órgãos
circundantes) na menopausa;
• Ser do sexo feminino;
Consequências: • Tratamento do cancro da próstata;
• Fraturas; • Incapacidades físicas e mentais;
• Aumento da dependência; • Algumas doenças podem agravar a IU – AVC,
• Medo de novas quedas; Parkinson, diabetes mellitus, insuficiência
• Restrição de atividades; cardíaca;
• Institucionalização; • Medicação e cirurgias, capazes de provocar a
• Aumento da morbilidade e altos índices de diminuição do tónus muscular pélvico ou gerar
mortalidade danos nervosos

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Consequências: • Demência;
- Síndrome caracterizada pela deterioração
• Económicas – medicação, fraldas;
considerável da cognição, resultando em
• Físicas – irritação da pele e úlceras;
problemas comportamentais e em prejuízo nas
• Psicossociais – isolamento, depressão, vergonha, AVD;
diminuição da autoestima, problemas conjugais, - Prevalência: 1% aos 60 anos e duplica a cada 5
familiares anos, atingindo 30-50% dos indivíduos por volta
dos 85 anos;
- Muitas pessoas com demência têm anomalias
4. Incapacidade cognitiva cerebrais associadas a mais que uma causa de
Designa o comprometimento das funções encefálicas demência:
superiores capaz da prejudicar a funcionalidade da
pessoa.

Cognição:

• Memória – capacidade de armazenamento de


informações;
• Linguagem – capacidade de compreensão e
expressão da linguagem oral e escrita;
• Função executiva – capacidade de planeamento,
antecipação, sequenciamento e monitorização de
tarefas complexas;
• Gnosia – capacidade de reconhecimento de
estímulos visuais, auditivos e táteis;
• Praxia – capacidade de executar um ato motor;
• Doença mental
• Função visuoespacial – capacidade de localização - Esquizofrenia, parafrenia, oligofrenia
no espaço e perceção das relações dos objetos
entre si
5. Iatrogenia

Os 4 “D”s da incapacidade cognitiva: Qualquer alteração patogénica provocada pela prática


médica (malefícios provocados por profissionais de
• Delirium; saúde).
- aka Estado Confusional Agudo;
- Alteração cognitiva definida por início agudo, Trata-se uma síndrome geriátrica potencialmente
curso flutuante, distúrbios da consciência, reversível/curável:
atenção, orientação, memória, pensamento,
• Causas:
perceção e comportamento;
- Internamento hospitalar;
- Subdiagnóstico – ex.: envelhecimento
• Depressão;
imediatamente associado a doença;
- Distúrbio de natureza multifatorial da área
- Distanásia – não saber parar; perceber que
afetiva ou do humor, que exerce forte impacto
àquela pessoa não é possível fazer mais nada, seja
funcional e envolve inúmeros aspetos de ordem
em que idade for;
biológica, psicológica e social;
- Iatrofarmacogenia;
- Principais sintomas: humor deprimido, perda de
- Prescrição de intervenções fúteis e/ou sem
interesse/prazer em quase todas as atividades;
comprovação científica;
- Afeta 6-10% da população idosa em Portugal;
- Excesso de intervenções reabilitadoras
- Mais no sexo masculino;

20
• Iatrofarmacogenia: intervenção • Causas da insuficiência familiar:
- Sempre que possível usar medidas não
farmacológicas; - A redução da taxa de fertilidade;
- Iniciar o tratamento com doses menores e - O aumento da participação da mulher no
aumentar progressivamente; mercado de trabalho;
- Usar o estritamente necessário; - A valorização do individualismo;
- Escolher o esquema terapêutico mais simples - Os conflitos intergeracionais
possível.

As doenças
6. Comunicação

A possibilidade de estabelecer um relacionamento Doenças crónicas


produtivo com o meio, trocar informações, manifestar
desejos, ideias, sentimentos e é através dela que o Têm uma ou mais das seguintes características:
indivíduo compreende e expressa o seu mundo.
• São permanentes;
• Visão, audição, fala/voz • Produzem incapacidade/deficiências residuais;
- Motricidade oral – desordens de carácter • São causadas por alterações patológicas
anatomo-morfo-fisiológico dos órgãos irreversíveis;
fonoarticulatórios que acarretam um distúrbio de • Exigem uma formação especial do doente para a
funcionamento oral; reabilitação.
- Respiração bucal; deglutição atípica; disfunção
Doenças crónicas não transmissíveis = doenças
têmporo-mandibular; disfagia;
multifatoriais que se desenvolvem no decorrer da vida
- Disfagia – desordem na deglutição que pode ter
e são de longa duração.
como causa uma obstrução mecânica e/ou uma
doença neurológica; Em Portugal:
- Disfonia – voz alterada, produzida com esforço e
que causa desconforto ao ouvinte e ao falante, • Hipertensão arterial – é um dos fatores de risco
dificultando uma comunicação efetiva. cardiovascular, que afeta 36% dos portugueses
entre os 25 e os 74 anos (entre os 65-74 anos =
71,3%);
7. Insuficiência familiar • Diabetes – afeta 10% dos portugueses com idade
entre 25-74 anos, sobretudo os homens e os
Família = principal instituição cuidadora das pessoas grupos etários com mais idade (entre os 65-74
idosas frágeis, devendo ser privilegiada nessa função. anos = 23,8%);
• Doenças cérebro-cardiovasculares – continuam a
Apoio familiar = reduz o stress, oferece maior
ser a 1a causa de morte, apesar de se situarem
segurança e autoestima à pessoa idosa, estando
abaixo dos 30% pela 1a vez;
relacionada com a sua qualidade de vida.
• Doenças oncológicas – têm tido um aumento
• Cuidador familiar = pessoa que presta cuidados à significativo
pessoa idosa que apresenta dependência em
maior/menor grau. As suas tarefas envolvem o
acompanhamento nas AVD

21
Cancro • Sintomas:
- Dor prolongada no peito, muitas vezes em
A palavra é utilizada genericamente para identificar
repouso, que se estende na direção das costas, do
um vasto conjunto de doenças que são os tumores
queixo ou do braço esquerdo;
malignos.
- Arritmia;
• Tumores malignos = são muito diversos, havendo - Ansiedade, sudação, falta de força, vómitos
causas, formas de evolução e tratamentos
diferentes para cada tipo. Há, porém, uma
característica comum a todos eles = a divisão e o Doença cerebrovascular – incluindo o AVC isquémico
crescimento descontrolado das células;
• AVC = desenvolvimento rápido de sintomas/sinais
clínicos de um distúrbio focal (ocasionalmente
global) das funções cerebrais, com duração
Sintomas que acompanham a maioria dos cancros:
superior a 24 horas ou que conduzam à morte,
• Nódulo ou dureza anormal no corpo; sem outra causa aparente para além da vascular.
• Dor persistente no tempo, que não desaparece • AVC isquémico = fluxo interrompido
com analgésicos; • AIT (acidente vascular transitório) – tipo de
• Sinal ou verruga que se modifica; obstrução passageira, que não apresenta lesão
• Perda anormal de sangue ou outros líquidos; neurológica definitiva, nem sequelas; os sintomas
• Perda de peso não justificada – a perda de peso são passageiros;
sem dieta e sem aumentar a atividade física deve • AVC hemorrágico = rompimento de um vaso
ser valorizada; sanguíneo; representa; os seus sintomas incluem
dor de cabeça muito forte, que surge de repente e
pode vir acompanhada de perda de força e
Rastreios: sonolência.

• Cancro do colo do útero – entre os 25-60 anos; • Sintomas:


• Cancro da mama – realização de mamografia nas - Dificuldade súbita em mexer uma perna ou braço
mulheres com idades entre os 50-69 anos; ou ambos os membros de um dos lados do corpo
• Cancro colorectal – homens e mulheres entre os - Desvio da boca para um dos lados;
50-74 anos - Dificuldade em falar, com início súbito;
- Perda súbita de visão;
- Diminuição da sensibilidade ou sensação de
Doenças cardiovasculares encortiçamento de uma perna, de um braço ou de
ambos os membros de um dos lados do corpo
Constituem a causa de morte mais relevante em toda
a europa, incluindo Portugal e englobam um vasto
conjunto de situações clínicas, afetando o sistema
circulatório em diferentes localizações. Rede nacional de cuidados paliativos
Cuidados ativos, coordenados e globais, prestados por
Doenças isquémica do coração – enfarte agudo do unidades e equipas específicas, em internamento ou
miocárdio; no domicílio a doentes em situação de sofrimento
• EAM (enfarte agudo do miocárdio) = decorrente de doença incurável ou grave, em fase
diminuição/interrupção de forma brusca e grave avançada e progressiva, assim como às suas famílias,
do fluxo sanguíneo que irriga o coração e, com o principal objetivo de promover o seu bem-estar
consequentemente, ocorre a necrose de uma e a sua qualidade de vida, através da prevenção e
região do músculo cardíaco por falta de nutrientes alívio do sofrimento físico, psicológico, social e
e O2; espiritual, com base na identificação precoce e no
tratamento rigoroso da dor e outros sintomas físicos,
mas também psicossociais e espirituais.

22
Para que sejam verdadeiros cuidados holísticos, Público-alvo:
devem ser evidentes:
• Crianças e adultos com malformações congénitas
• Comunicação adequada – absolutamente vital, ou outras situações que dependam de
facilita as más notícias, negação, conluio, terapêuticas de suporte de vida e/ou apoio de
perguntas difíceis, reações emocionais; longa duração para as AVD;
• Coordenação; • Pessoas com qualquer doença aguda grave e
• Controlo sintomático – escada analgésica; o alívio ameaçadora de vida, cujo tratamento diminui a
total da dor implica a atenção para todos os qualidade de vida (ex.: traumatismo grave,
aspetos da dor (física, zanga, depressão, leucemia);
ansiedade); • Pessoas com doença crónica progressiva (ex.:
• Continuidade; neoplasia, insuficiência renal ou hepática) e
• Formação contínua; independentemente do tratamento com
• Apoio aos cuidadores; intencionalidade curativa em curso/instituída;
• Cuidados especiais na fase de agonia; • Pessoas com doença ameaçadora da vida, que
• Suporte e apoio emocional; escolheram não fazer tratamento orientado para
• Espiritual e religioso; a doença;
• Apoio no luto; Fases:

SPIKES = uma estratégia para a partilha de maus


prognósticos ou diagnósticos sérios

Morte
Perda irreversível da função cerebral, acompanhada
dos sinais mais tradicionais;

• Ortotanásia = não há uma ação direta para


acelerar a morte do paciente. Em vez disso, é uma
escolha de não continuar com medidas médicas
que apenas prolongariam artificialmente a vida,
permitindo que a morte ocorra de forma natural.
• Distanásia = prolongamento excessivo da vida de
um paciente terminal, muitas vezes associado a
intervenções médicas agressivas, mesmo quando
não há expectativa razoável de recuperação.
• Eutanásia = morte intencionalmente provocada
por um profissional de saúde; é legal: na Noruega,
Bélgica, Luxemburgo, alguns estados dos EUA,
Canada, Colômbia; na Suíça, permitido o suicídio
assistido.
23
Testamento vital • Adotar atitudes e comportamentos, tanto passivos
como ativos, adequados à manifestação de
O testamento vital é um documento legal em que uma
respeito e com a maior dignidade e sensibilidade
pessoa expressa seus desejos em relação aos
• Proporcionar à família a oportunidade de ver o
cuidados médicos que deseja ou não deseja receber
corpo – forma de despedida. Deve- se: preparar e
no caso de se tornar incapaz de tomar decisões por si
arrumar o quarto, para minimizar a intensidade da
mesma.
experiência; adequar a iluminação – a iluminação
mais ténue suaviza os traços – e proporcionar
cadeiras; assistir os familiares e despender o
Processo de morrer – Fatores que facilitam os tempo necessário à família em luto. A família
cuidados de enfermagem também pode querer participar nos cuidados ao
corpo;
• Comunicação efetiva dos médicos com doentes e
• Ter em conta os aspetos relacionados com as
as suas famílias;
Crenças, a Fé, a Religião e a Espiritualidade – da
• Registo pelos médicos das interações que tiveram
pessoa que morreu e da sua família.
com pacientes/famílias;
• Se existem indícios legais para doação de órgãos,
• Viabilidade do enfermeiro solicitar parecer por
devem ser imediatamente tomadas as medidas
escrito à equipa multidisciplinar
adequadas.
• A preparação do corpo deve ser iniciada com a
maior brevidade possível e executada com o
Processo de morrer – Fatores que dificultam os
melhor, para se evitarem danos nos tecidos, tendo
cuidados de enfermagem em conta as alterações fisiológicas do corpo após
• Falha na comunicação dos médicos com doentes e a morte.
familiares, especialmente na comunicação de
diagnóstico, prognóstico e definição de condutas;
• Visita de familiares que não conhecem a situação Livor mortis
do doente; • 60-90 min após a morte;
• Presença de outros doentes próximo dos doentes
• Aparecimento de manchas arroxeadas/azuladas
terminais na enfermaria, especialmente se na pele devido à rutura dos glóbulos vermelhos –
estiverem lúcidos; associado ao efeito da gravidade sobre o sangue;
• Sobrecarga de trabalho da equipa de Colocar uma almofada sob a cabeça de forma a
enfermagem; preveni-lo
• Falta de integração da equipa multidisciplinar;
• Excesso de atividades burocráticas para os
enfermeiros; Algor mortis
• Rotatividade dos profissionais de enfermagem em
alguns serviços • Redução gradual da temperatura do corpo, com
consequente perda de elasticidade cutânea.

Preparar o corpo para a morte


Rigor mortis
Objetivo = garantir que o corpo apresenta aparência
natural. Materiais e procedimento estão no vídeo • Rigidez do corpo resultante da contração dos
músculos por falta do trifosfato de adenosina;
• Inicia-se 2-4 horas após a morte;
• Primeiro, músculos do maxilar e progride até aos
pés, estando completo após 6-8 horas da morte;
• Desaparece após 96 horas.

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Avaliação da pessoa idosa Avaliação mental: cognitiva e afetiva
Objetivo = Conhecer com mais precisão o estado da
MEEM – Mini Exame do Estado Mental
pessoa idosa e os seus problemas, possibilitando uma
resposta mais completa e adequada dos profissionais • Avaliação simples e rápida;
de saúde e, consequentemente, uma melhor • Consiste em dizer o nome de três objetos à
qualidade de vida para a pessoa idosa; pessoa idosa, solicitar que ela os repita
imediatamente e três minutos depois;
O quê = As dimensões física, mental, social e a
• A incapacidade de relembrar os nomes indica a
funcionalidade com o objetivo de estabelecer e
necessidade de realização do teste completo
coordenar planos de cuidados, serviços e
intervenções, que respondam aos problemas da
(Pontuação total = 30 pontos.
pessoa idosa, às suas necessidades e incapacidades;
As notas de corte sugeridas são: analfabetos = 19;
Deve incluir: 1 a 3 anos de escolaridade = 23; 4 a 7 anos de
escolaridade = 24; > 7 anos de escolaridade = 28)
• Avaliação clínica: exame clínico e exames
complementares de diagnóstico;
• A combinação do MEEM com o Questionário de
• Avaliação física: capacidade física, marcha e
Pfeiffer indicam uma maior especificidade para a
equilíbrio e estado nutricional;
medida de declínio cognitivo mais grave.

Visão Avaliação funcional: autonomia e independência


• Perguntar à pessoa idosa se
sente dificuldade para ler, ver
televisão, conduzir ou para Avaliação social: família, habitat, recursos
executar qualquer outra económicos e rede social
atividade da vida cotidiana;
• As respostas positivas devem
ser avaliados com o cartão de Avaliação da saúde mental
Jaeger a uma distância de
Avaliação do humor
35cm com os seus óculos ou
lentes habituais. • “O(a) Sr.(a) sente-se triste ou desanimado(a)
• Fazer o teste com cada olho individualmente e em frequentemente (com ênfase no
seguida em conjunto; frequentemente)?” -> Deteta a maior parte dos
• Resultados no nível 20/40 serão considerados casos de depressão;
sem disfunção. • Resposta positiva = deve ser avaliada com a Escala
de Depressão Geriátrica, onde um score de 5 ou
mais sugere depressão de significância clínica;
Audição – Teste do sussurro • Escala de Depressão Geriátrica = questionário de
15 perguntas com respostas dicotómicas
• A uma distância de aproximadamente 33 cm, fora
(sim/não) que avalia como a pessoa idosa se tem
do campo visual da pessoa idosa, sussurrar uma
sentido durante a última semana
frase simples como “como se chama?”;
- não substitui uma entrevista de diagnóstico com
• Fazê-lo em ambos os ouvidos separadamente; profissionais da área da saúde mental
• Caso a pessoa idosa não responda, examinar o - é uma ferramenta útil de rastreio para facilitar a
canal auditivo para verificar a presença de avaliação da depressão em pessoas idosas.
obstáculos

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Avaliação da mobilidade O que fazer quando o rastreio da pessoa idosa é
positivo?
• Função dos MMSS (membros superiores);
• Função dos MMII (membros inferiores);
• Avaliação de equilíbrio e marcha – através do
protocolo de Mary Tinneti, 1986 – quanto menor
a pontuação maior o problema (< 19 indica um
risco de queda 5 vezes maior)

Avaliação funcional

Para o cuidador:

Aplicação da Zarit Caregiver Burden Interview

• Avaliar o stress do cuidador de idosos com


dificuldade no desempenho das ATV;
• Entrevista deve ser realizada com o cuidador
principal e na ausência do idoso;
• Lista de afirmações que refletem como as pessoas
se podem sentir quando cuidam de outra pessoa;
• Depois de cada afirmação, deve ser indicado com
que frequência o cuidador se sente em relação
ao que se pergunta (nunca, raramente, algumas
vezes, frequentemente ou sempre)
• Scores altos indicam stress dos cuidadores e,
nestes casos, a equipa deve discutir o
planeamento das intervenções mais adequadas

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Violência Violência Sexual
Uso intencional de força física/emocional/social ou
• Sinais de possível violência sexual:
poder, ou como ameaça contra si próprio, outra
- Nódoas negras nos seios ou genitais;
pessoa, um grupo ou uma comunidade, que resulte ou
- Doenças venéreas ou infeções genitais
tem grande probabilidade de resultar em ferimentos,
inesperadas;
mortes, danos psicológicos, desenvolvimento
- Hemorragia genital ou anal sem explicação;
prejudicado ou privação.
- Roupa interior rasgada, manchada ou com
NOTA: Unidade responsável por conhecer os seus sangue
indivíduos e as suas famílias: USF. Caso não haja essa
UCP
Negligência e Abandono

É o ato de omissão de auxílio do responsável pela


Violência Física
pessoa idosa em providenciar as necessidades básicas,
• Sinais de possível violência física: necessárias à sobrevivência. Ex.: crime de omissão de
- Lesões sem explicação como feridas, arranhões, auxílio e não providenciar acesso a cuidados de saúde.
nódoas negras ou cicatrizes recentes;
• Sinais de possível Negligência e Abandono:
- Fraturas ósseas, luxações ou rutura de
- Perda de peso, má nutrição, desidratação;
ligamentos;
- Falta de condições de higiene do quarto;
- Relato de excesso de medicamentos ou aparente
- Encontrar-se sujo ou sem ter tomado banho;
incapacidade para aderir à terapêutica (as
- Roupa ou agasalhos inadequados para a estação
embalagens estão mais cheias do que o
do ano;
esperado);
- Falta de condições de segurança da habitação
- Lentes ou armações de óculos partidas;
(aquecimento, material elétrico sem proteção);
- Sinais de ter sida amarrado, isto é, marcas de
- Desaparecimento do idoso em local público
cordas nos pulsos

Violência Financeira/Económica
Violência Psicológica/Verbal
Qualquer prática que visa a apropriação ilícita do
• Sinais de possível violência psicológica/verbal:
património de uma pessoa idosa.
- A pessoa idosa encontra-se emocionalmente
perturbada; • Práticas de violência financeira/económica:
- Aparenta isolamento; - Forçar a pessoa a assinar um documento, sem
- Insónias; lhe explicar para que fim se destina;
- Medo das outras pessoas; - Forçar a pessoa idosa a celebrar um contrato ou
- Depressão não habitual; a alterar o seu testamento;
- Manifesta uma recusa inexplicável em participar - Forçar a pessoa idosa a fazer uma procuração ou
nas atividades normais; ultrapassar os poderes de mandato;
- Depreciação e/ou ameaças por parte dos - Tomar decisões sobre o património de uma
membros da família pessoa sem a sua autorização;
- Mudanças suspeitas de beneficiários de
testamentos, seguros ou de bens;

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Recomendações

• Aos profissionais:
- Avaliar periodicamente o nível de dependência
da pessoa nas suas AVD (quanto maior a
dependência, maior será o risco da ocorrência de
violência);
- Incentivar que os idosos participem em
atividades sociais e lazer;
- Detetar situações e fatores de risco e a efetiva
intervenção;
- Criar uma relação de confiança e recetividade –
profissional e idoso para propiciar um diálogo
aberto face às possíveis situações de violência;
- Orientar os familiares sobre o processo do
envelhecimento

• Às pessoas idosas:
- Ter amigos que o possam visitar;
- Participar em atividades físicas, sociais e da
comunidade (ex: centros de convivência,
voluntariado...)
- Ter o controlo do seu cartão bancário, não
fornecendo o código a estranhos ou a pessoas que
não dão a sua confiança;
- Ter alguém a quem recorrer quando se sentir
maltratado

• À família e sociedade:
- Sensibilizar e consciencializar a família e a
sociedade quanto a violência praticada contra a
pessoa idosa através de campanhas educativas,
média e materiais educativos;
- Educar a sociedade sobre o processo de
envelhecimento

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