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ESEP – CLE – 1º ano – 1º semestre

Saúde do Adulto
e do Idoso

Ana Fernandes
2019/2020
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Aula T1

Saúde – evolução do conceito


 1940 = é a ausência de doença;
 1946 = é o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não só a
ausência de afeções ou doenças;
 Críticas: subjetividade da definição; é muito difícil estar num completo
estado de bem-estar a todos os níveis; estado de saúde não é algo estático,
diferente do que a definição o faz parecer

 (Terris (1980); Salleras(1994). In Gil, P. (2008));


 Consideraram um conceito continuum, não estático;
 No polo positivo, a pessoa tem um elevado nível de bem-estar físico, mental,
social e de capacidade de funcionamento  Capacidade de realizar as suas
atividades instrumentais de vida diária;
 Assim, avalia-se um aspeto objetivo: a funcionalidade da pessoa;
 No polo negativo, pode ocorrer o processo de recuperação de saúde ou de perda de
saúde (sinais  sintomas  incapacidade), que pode levar a morte prematura (=
morte com menos de 70 anos);

 ICN, 2017 = a saúde das pessoas e das populações podem ser melhorados de
muitas formas: na prática clínica, trabalhando com as pessoas e as famílias, através
de programas de apoio e de desenvolvimento comunitário, de iniciativas e de
políticas nacionais de saúde ou compromissos e acordos internacionais para
melhorar o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde;
 Uma das prioridades da estratégia Health 2020 (OMS, 2014) = investir na saúde ao
longo do ciclo de vida, capacitando os cidadãos;
 Vida adulta produtiva (25-64 anos);
 Envelhecimento ativo (65 e mais anos);
 Morrer com dignidade

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Determinantes de Saúde
 Meio ambiente – fatores ambientais (ex.: sociais, físicos…);
 Estilo de vida; Lalonde (1974)
 Biologia humana;
 Sistema de cuidados – fatores dos serviços de saúde
 Tarlov, 1999 = atribui um peso
a cada um dos fatores, sendo
que os sociais e ambientais
pesam mais;
 Grande parte destes fatores são
alteráveis – conseguimos
mudá-los, se assim o
desejarmos

Determinantes Sociais de Saúde (DSS)


 São as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham – as características
socias dentro das quais a vida transcorre (Tarlov, 1996);
 São os fatores sociais, económicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e
comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e fatores de
risco na população (Buss e Pellegrini Filho, 2007)
 Determinantes de Saúde  DDS, pois verificou-se que os fatores sociais têm um
grande peso da saúde dos indivíduos;
 Circunstâncias em que as populações crescem, vivem, trabalham e envelhecem,
bem como os sistemas implementados para lidar com a doença, circunstâncias tais
que são moldadas, por outro lado, por “forças de ordem política, social e
econômica (Comissão para os Determinantes Sociais da Saúde);

Modelo dos Rankings


 Programas e políticas de
saúde;
 Fatores de saúde;
 Comportamentos
de saúde (tabaco,
dieta e exercício,
álcool, sexo
desprotegido…);
 Cuidados de saúde
(acesso aos e
qualidade dos
serviços de saúde);
 Fatores sociais e económicos (educação, emprego, salário, apoio familiar,
segurança…) – Maior peso (40%);
 Ambiente físico – Menor peso (10%)
 Resultados em saúde

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 Mortalidade – tempo de vida – 50%;
 Morbidade – qualidade de vida – 50%

Modelo de Dahgren e Whitehead – Modelo das camadas


 Os determinantes sociais da saúde são abordados em camadas:
1.ª O indivíduo = camada central - tem
idade, gênero e fatores genéticos – é
influenciado por outras camadas, sendo
a mais pesada o seu estilo de vida;
2.ª Em seguida, fatores como: as redes
sociais, os amigos e a família são
fundamentais para que o indivíduo
tenha saúde – representa o
comportamento e os estilos de vida das
pessoas;
3.ª De seguida, encontra-se a influência da sociedade e da comunidade;
4.ª No próximo nível, encontramos fatores relacionados a condições de vida e de
trabalho, disponibilidade de alimentos e acesso a ambientes e serviços essenciais;
5.ª A última camada expressa os macrodeterminantes relacionados com as condições
econômicas, sociais e ambientais prevalecentes na sociedade como um todo;
 Todas as camadas se interrelacionam entre si;
 Explica e ajuda o enfermeiro a entender qual a camada onde tem de intervir;
 Explica como as desigualdades sociais na saúde são resultado das interações entre
os diferentes níveis de condições – individual, comunitário…;

Modelo da Equipa de Equidade


 Equidade
 ≠ Igualdade;
 = Dar a cada um
aquilo que ele
necessita, ou
seja, cuidados
personalizados;
 O estado de saúde, por
vezes, resume as
iniquidades que a pessoa
vive e trabalha;
 Neste modelo, consideram-se:
 Fatores estruturais de saúde – geram estratificação social do individuo ou
famílias:
- Economia;
- Nível educacional;
- Profissão;
- Sexualidade;
- Género;
- Etnia;

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 Fatores intermediários – surgem a partir da configuração da estratificação
social subliminar, e determinam as diferenças na exposição vulnerabilidade
a condições comprometedoras da saúde:
- Condições de vida;
- Condições de trabalho;
- Disponibilidade de alimento;
- Comportamentos da população
- Barreiras para a adoção de um estilo de vida saudável;
- Serviços de saúde (influenciam, mas não são essenciais)

Enquadramento para os fatores socioeconómicos da saúde


 Considera fatores macro e micro;
 Indivíduos são influenciados por múltiplos fatores – nos quais podemos incluir os
sociais (têm maior peso e podem ser modificados);
 Intervenções a nível
macro = maior
duração;
 Devemos partir do
individual e passar
para o geral;
 O modelo centra-se
no problema da
pessoa, de forma a
facilitar a descoberta
do mesmo e a sua
resolução;
 Turrell identifica três níveis de determinantes:
 Nível micro – sistemas de tratamento, gestão da doença e investigação
clínica;
 Nível intermédio – estilos de vida e os programas individuais de prevenção
e modificação dos comportamentos de risco;
 Nível macro – políticas de saúde, fatores associados à globalização e
fatores sociais, físicos, económicos e ambientais
 Fatores ambientais – como poluição da água e do ar, o aquecimento global, a
depleção do ozono, as condições de trabalho e das habitações, a qualidade dos
transportes, a segurança alimentar…
 Fatores socioeconómicos – a educação, rendimento, grau de inclusão social,
situação de emprego, ocupação, habitação, mecanismos de coping…
 Resultados em saúde – ainda dependentes das características dos indivíduos, quer
sejam biológicas, genéticas, culturais, das características dos cuidadores e da
comunidade, dos comportamentos de risco e da forma como os cidadãos procuram
e implementam os cuidados, modificam os comportamentos de risco e os
cuidadores e a comunidade os apoiam

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Aula T2

Sistema Nacional de Saúde


 Instrumento do estado para assegurar o direito à proteção de saúde;
 Integram o SNS todos os serviços e entidades públicas prestadoras de cuidados de
saúde:
 ACES = Agrupamentos de Centros de Saúde;
 Estabelecimentos hospitalares, independentemente da sua designação;
 Unidades locai de saúde;
 Membro do governo responsável pela área da saúde = exerce poderes de
superintendência e tutela sobre todos os serviços e estabelecimentos do SNS,
independentemente da respetiva natureza jurídica;

Evolução do Sistema Nacional de Saúde


 Séc. XIX e XX, até à criação do SNS – A assistência médica competia às
famílias, a instituições privadas e aos serviços médico-sociais da Previdência;
 1971 (reforma de Gonçalves Ferreira) – O estabelecimento dos Centros de Saúde
constitui já um esboço do SNS;
 1979 (Lei nº 56/79, de 15 de Setembro) – Estabelecimento do SNS – o acesso ao SNS
deve ser garantido a todos os cidadãos independentemente da sua condição social
ou económica;
 1981 – Aprovação da carreira de enfermagem
(Decreto-lei nº 305/81, de 12 de novembro);
 1983 – Criação do Ministério da Saúde
(Decreto-lei nº 344-A/83, de 25 de julho);
 1984 – Criação da Direção-Geral dos Cuidados de Saúde Primários
(Decreto-lei nº 74-C/84, de 2 de março) e fim aos serviços médico-sociais da
Previdência;
 1989 – Revisão Constitucional – abre-se caminho à privatização das empresas
públicas e o SNS passa de gratuito para tendencialmente gratuito;
 1990 – Aprovação da Lei de Bases da Saúde (Lei nº 48/90, de 24 de agosto) – Pela 1ª
vez, a proteção da saúde é perspetivada não só como um direito, mas também
como uma responsabilidade conjunta dos cidadãos, da sociedade e do estado, em
liberdade de procura e de prestação de cuidados;
 1992 – Estabelecimento do regime de taxas moderadoras para o acesso aos
serviços de urgência, às consultas e a meios complementares de diagnóstico e
terapêutica em regime de ambulatório e as suas isenções (Decreto-lei nº54/92, de 11 de
Abril);
 1993 – Publicação do novo estatuto do SNS (Decreto-lei nº 11/93, de 15 de janeiro) – são
assim criadas unidades integradas de cuidados de saúde que permitem uma melhor
articulação entre hospitais e centros de saúde; Criação do cartão de utente do SNS;
 2002 – Dá-se expressão a modelos de gestão de tipo empresarial (EPE);
 2005-2010 – Estratégias de saúde; Modernização do SNS
 Reforma dos Centros de Saúde (Decreto-lei nº 298/2007; Decreto-lei nº 28/2008);
 Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (Decreto-lei nº 101/2006,
de 6 de Junho);

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 Cuidados Continuados Integrados de Saúde Mental (Decreto-lei nº 8/2010, de
28 de janeiro)
 2011 – Prescrição eletrónica (Portaria nº 198/2011, de 18 de maio);
 2014 – Fundo para a investigação em saúde (Decreto-lei nº110/2014, de 10 de junho);
Princípios e o enquadramento da atividade do enfermeiro de família, no âmbito das
unidades funcionais de prestação de cuidados de saúde primários (Decreto-lei nº
118/2014, de 5 de agosto);
 2015 – UCC pode ser criada por municípios, ficando sob a administração do
município responsável pela sua criação e vinculada aos objetivos do ACES
respetivo e às regras relativas à sua execução (Decreto-lei nº 239/2015);
 2019 – Lei nº 95/2019 aprova a Lei de Bases da Saúde e revoga a Lei nº 48/90, de
24 de agosto e o Decreto-lei nº 185/2002, de 20 de agosto

Estrutura Orgânica do ACES


 ACES = Agrupamentos de Centros de Saúde
 Ajudar a comunidade;
 Aumentar a acessibilidade aos serviços de saúde da população
 Centros de saúde –
encontram-se dentro dos
cuidados de saúde
primários, e deve ser por aí
que os utentes entram no
sistema de saúde. Tem como
missão promover a saúde
(algo generalista): capacidade
de capacitar as pessoas por se
responsabilizarem pela sua
saúde (educar, motivar e
envolver as pessoas nos seus cuidados);
 ECLCCI = Equipa Coordenadora Local de Cuidados Continuados Integrados;

 UCSP = Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados


 Pelo menos uma ou uma USF em cada centro de saúde componente de um
ACES;
 Estrutura idêntica à prevista para USF e presta cuidados personalizados,
garantindo a acessibilidade, a continuidade e a globalidade dos mesmos;
 A equipa da UCSP é composta por médicos, enfermeiros e administrativos
não integrados em USF;
 O coordenador da UCSP é designado de entre médicos especialistas de
medicina geral e familiar habilitados com o grau de consultor com pelo
menos cinco anos de experiência efetiva na especialidade

 URAP = Unidade de Recursos Assistenciais Personalizados


 Dão apoio a outras unidades que os centros de saúde não possuem;
 Presta serviços de consultoria e assistenciais às unidades funcionais e
organiza ligações funcionais aos serviços hospitalares;

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 A equipa da URAP é composta por médicos de várias especialidades, que
não de medicina geral e familiar e de saúde pública, bem como assistentes
sociais, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, dentistas e outros
profissionais não afetos totalmente a outras unidades funcionais;
 O coordenador da URAP é designado de entre profissionais de saúde com
pelo menos cinco anos de experiência na respetiva área profissional

 USF = Unidade de Saúde Familiar


 Enfermeiro + médico + administrativo  Organizada por um deles;
 Presta os cuidados ao nível da comunidade;
 Estão em funcionamento no horário: 8h- 20h; em épocas de gripe, ficam
abertos até às 22h ou 24h;
 Nascem em 2006/2007;
 Pelo menos uma ou uma UCSP em cada centro de saúde componente de
um ACES;

 USP = Unidade de Saúde Pública


 Funciona como observatório de saúde da área geodemográfica do ACES
em que se integra;
 Compete-lhe:
- Elaborar informação e planos em domínios da saúde pública;
- Proceder à vigilância epidemiológica;
- Gerir programas de intervenção no âmbito da prevenção, promoção
e proteção da saúde da população em geral ou de grupos
específicos;
- Colaborar, de acordo com a legislação respetiva, no exercício das
funções de autoridade de saúde
 Trazer ao centro de saúde quais os problemas maioritários presentes na
comunidade, de forma as USF terem consciência dos problemas e
alargarem a sua área de atuação;
 A equipa da USP é composta por médicos, enfermeiros de saúde pública ou
de saúde comunitária e técnicos de saúde ambiental, integrando ainda, em
permanência ou em colaboração temporária, outros profissionais que forem
considerados necessários na área da saúde pública;
 O coordenador da USP é designado de entre médicos da especialidade de
saúde pública habilitados com o grau de consultor e com experiência
efetiva na especialidade

 UCC = Unidade de Cuidados na Comunidade


 Presta cuidados de saúde e apoio psicológico e social de âmbito
domiciliário e comunitário;
 Especialmente às pessoas, famílias e grupos mais vulneráveis, em situação
de maior risco ou dependência física e funcional ou doença que requeira
acompanhamento próximo;
 Atua ainda na educação para a saúde, na integração em redes de apoio à
família e na implementação de unidades móveis de intervenção;

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 A equipa da UCC é composta por enfermeiros, assistentes sociais, médicos,
psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas da fala e outros
profissionais, consoante as necessidades e a disponibilidade de recursos
 O ACES participa, através da UCC, na Rede Nacional de Cuidados
Continuados Integrados, integrando a equipa coordenadora local — à UCC
compete constituir a ECCI (prevista no Decreto -Lei n.º 101/2006, de 6 de Junho)
 Pelo menos uma em cada centro de saúde componente de um ACES;
 O coordenador da UCC é designado de entre enfermeiros com pelo menos
a categoria de enfermeiro especialista e com experiência efetiva na
respetiva área profissional;
 O que diferencia as UCC das USF? As UCC atuam nas escolas, juntas de
freguesia, entre outros. O seu âmbito não é o indivíduo em si, mas grupos;
 UCC só abre se tiver uma ECCI

 Órgãos do ACES:
 Diretor executivo;
 Conselho executivo;
 Conselho clínico;
 Conselho da comunidade

Plano Nacional de Saúde – Revisão e extensão a 2020


 Inclui as medidas mais relevantes para a obtenção de ganhos em saúde para as
pessoas residentes em Portugal;
 1 novo de 4 em 4 anos;
 Grandes desígnios propostos para 2020:
 Redução da mortalidade prematura – abaixo dos 70 anos;
 Melhoria da esperança de vida saudável (aos 65 anos);
 Diminuição dos fatores de risco relacionados com as doenças não
transmissíveis, nomeadamente, a obesidade infantil e o consumo e
exposição ao tabaco
 Eixos estratégicos em que devem assentar todas as intervenções:
 Cidadania em saúde – o direito e dever das populações em participar
individual e coletivamente no planeamento e prestação dos cuidados de
saúde;
 Equidade e acesso adequado aos cuidados de saúde – ausência de
diferenças evitáveis, injustas e passíveis de modificação, no estado de
saúde de grupos populacionais oriundos de contextos sociais, geográficos
ou demográficos diversos;
 Qualidade em saúde – prestação de cuidados de saúde acessíveis e
equitativos;
 Políticas saudáveis
 Elementos:
 Foco na saúde e no bem-estar;
 Governança participativa;
 Whole-of-governement;
 Whole-of-society;

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 Abordagem pelo ciclo de vida;
 Foco na equidade;
 Determinantes Sociais;
 Empowerment dos cidadãos;
 Health Impact Assessment;
 Foco no sistema de saúde

Estratégias usadas pelos enfermeiros


 Educação;
 Acompanhamento/Follow up;
 Voluntariado/Marketing social;
 Rastreios;
 Gestão do caso

Promoção de saúde
 Carta de Ottawa para a promoção da saúde – 1ª conferência internacional sobre a
promoção da saúde, 1986;
 É o processo que visa aumentar a capacidade dos indivíduos e das comunidades
para controlarem a sua saúde, no sentido de a melhorar;
 Para atingir um estado de bem-estar físico, mental e social, o indivíduo/grupo
devem estar aptos a identificar e realizar as suas aspirações, a satisfazer as suas
necessidades e a modificar ou adaptar-se ao meio;
 Pré-requisitos para a saúde:
 Paz;
 Abrigo;
 Educação;
 Alimentação;
 Recursos económicos
 Prevenção primária, em conjunto com outos níveis

O que significa ser adulto?


 Segundo a lei = pessoa a partir dos 18 anos;
 Idade adulta = período da vida em que o organismo humano alcança a sua
completa maturidade, a nível físico e psicológico;
 Adulto jovem = indivíduo entre os 20-40 anos;

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 Adulto maduro = entre os 40-65 anos;
 Vida adulta = período da vida entre os 25-64 anos;

Desenvolvimento físico:
 Aos 20 anos, as pessoas entram numa etapa de plenitude física; O sistema
muscoloesquelético está totalmente desenvolvido e coordenado; Todos os outros
sistemas do corpo funcionam no pico da sua eficiência;
 Aos 40 anos, a maioria das pessoas funcionam tão eficazmente como aos 20 anos;
 Entre os 40-64 anos, sucedem-se diversas modificações – aparecem rugas, a massa
muscular esquelética diminui, mudanças hormonais…

Desenvolvimento cognitivo – Piaget:


 Estádio operatório formal – a partir dos 12 anos;
 O pensamento formal permite:
 Refletir para além do real presente;
 Refletir sobre possibilidades;
 Fazer planos;
 Elaborar “teorias”;
 Construir “sistemas”;
 Pensar sobre o próprio pensamento
 As capacidades intelectuais e cognitivas dos adultos variam muito pouco:
 O tempo de reação;
 A memória;
 A resolução de problemas;
 A aprendizagem

Teoria do desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson


 Estádio 6: Intimidade/Isolamento
 Ocorre entre os 20-30 anos, aproximadamente;
 A tarefa essencial deste estádio é o estabelecimento de relações íntimas
com outras pessoas;
 A vertente negativa é o isolamento, pela parte dos que não conseguem
estabelecer compromissos nem troca de afetos com intimidade
 Estádio 7: Generatividade/Estagnação
 Ocorre entre os 30-60 anos, não existindo uma idade comum a todas as
pessoas;
 Caracteriza-se pela necessidade em orientar a geração seguinte, em investir
na sociedade em que se está inserido;
 A vertente negativa leva o indivíduo à estagnação nos compromissos
sociais, à falta de relações exteriores, à centralização em si próprio

James Marcia
 Vem operacionalizar a teoria de Erik Erikson;
 Diz que uma personalidade definida afeta muito o nível de saúde devido à escolha
de modo de vida;

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 Os indivíduos são constituídos a nível político, religioso, profissional e das
relações de intimidade – podem ser:
 Realizada;
 Exploração;
- Ocorre na adolescência;
- Explora-se todos os constituintes do indivíduo e é-se capaz de
escolher ideias – nesse caso ocorre a realização
 Difusão;
- Não exploram, nem investem, não procuram saber;
- Estes são altamente influenciáveis, não havendo segurança a nível
da saúde;
 Moratória;
- Não exploram, mas há investimento;
- São influenciados pelas pessoas significativas para eles;
- Seguem as opiniões alheias e depois culpam os outros se algo corre
mal;
- Também são influenciáveis, não havendo segurança a nível de
saúde
 Outorgada;
- Não tomam decisões, só exploram;
- Estes indivíduos não inspiram segurança a nível de saúde
 Ao longo do tempo, é possível que haja uma mudança de identidade: passar de
realizados para exploração, ou ao contrário.

Implicações para a enfermagem


 As medidas preventivas para jovens adultos concentram-se:
 Prevenção de acidentes, ferimentos e violência;
 Desenvolvimento de comportamentos promotores de saúde;
 Aconselhamento profissional e estabelecimentos de relações;
 Estratégias para a promoção de saúde = ensino e aconselhamento

 As medidas preventivas para adultos de meia-idade concentram-se:


 Identificação de fatores de risco e intervenção precoce;
 Os principais fatores são, sobretudo, ambientais e comportamentais;
 Estratégias para ajudar o cliente a mudar comportamentos de risco = intervenção
individual ou em grupo;
 Enfermeiros = educadores de saúde, logo, podem incentivar estes adultos a
assumir maior responsabilidade pela sua saúde;
 Tópicos para o autocuidado:
 Aceitação do envelhecimento;
 Nutrição;
 Controlo do exercício físico/peso;
 Prevenção do abuso de substâncias;
 Gestão do stress;
 Recomendações para rastreio de saúde – exame de colesterol/próstata,
mamografia, Papanicolau…
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Saúde da mulher
 Há mais mulheres do que homens a viver em situação de pobreza;
 As mulheres trabalham mais horas que os homens, mas ganham menos;
 As relações de poder e distribuição do tempo podem ser mais importantes para
medir o bem-estar do que o rendimento;

Saúde do homem
 Têm medo de descobrir doenças;
 Pensam que nunca vão adoecer e por isso não cuidam de si;
 Não procuram os serviços de saúde e não seguem os tratamentos recomendados;
 Estão mais expostos aos acidentes de trânsito/trabalho;
 Apresentam vulnerabilidades específicas que contribuem para uma maior
suscetibilidade à infeção de DST/SIDA;
 Utilizam álcool e outras drogas em maior quantidade;
 Estão envolvidos na maioria das situações de violência;
 Não praticam atividade física com regularidade

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Aula T3

Transição
 Passagem ou movimento de um estado, condição ou lugar para outro;
 Desenvolvimental;
 Situacional;
 Saúde/doença;
 Organizacional
(Meleis, 2010)

Transição epidemiológica
 Mudanças ocorridas no tempo nos padrões de morte, morbilidade e invalidez que
caracterizam uma população específica e que, em geral, ocorrem em conjunto com
outras transformações demográficas, sociais e económicas;
 Passagem de doenças infeciosas a crónicas – devido a mudança de
comportamentos, vacinação, melhoria da qualidade de vida; permitiu que crianças
chegassem a adultos; hoje em dia, as doenças crónicas atingem principalmente os
adultos/idosos;
 Doenças que matam mais em Portugal = as cérebro-cardiovasculares, o cancro, as
doenças respiratórias e a diabetes

 Ou seja, transições não ocorrem separadamente – ex.: durante uma transição


epidemiológica poderá ocorrer transições demográficas e /ou nutricionais, em
simultâneo;
 NOTA: Nutricionistas = encontram-se na URAP

Indicadores de saúde
 É uma medida que reflete uma característica/aspeto particular, em geral não sujeito
a observação direta;
 Propósito principal = elucidar a situação de saúde de um indivíduo ou de uma
população;

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Medidas de morbilidade
 Incidência
 Representa a frequência com que surgem novos casos de uma determinada
doença, num intervalo de tempo;
𝑛º 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠 𝑛𝑜𝑣𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑑𝑜𝑒𝑛ç𝑎 𝑛𝑢𝑚 𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 𝑒 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜
 = × 10𝑛
𝑛º 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎𝑠 𝑛𝑜 𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 𝑒 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜

 Prevalência
 Proporção de indivíduos de uma população que é acometida por uma
determinada doença ou agravo, num determinado momento;
 Engloba os casos novos que ocorreram no período e os casos pré-
existentes;
𝑛º 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜𝑒𝑛ç𝑎 𝑒𝑚 𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 𝑒 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜
 = × 10𝑛
𝑛º 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝑑𝑜 𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 𝑒 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜

 Taxa de Mortalidade Geral


 Mede o risco de morte por todas as causas numa população de um dado
local e período;
𝑛º 𝑑𝑒 ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 𝑒 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜
 TMG = × 103
𝑝𝑜𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 𝑒 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜

Indicadores relacionados à nutrição, crescimento e desenvolvimento


 Indicam, por exemplo, proporção de nascidos vivos com baixo peso e proporção
de adultos com obesidade;

Indicadores demográficos
 Indicam, por exemplo, a distribuição da população segundo sexo e idade;

Indicadores socioeconómicos
 Indicam, por exemplo, escolaridade, renda, condições de moradia;

Indicadores relacionados à saúde ambiental


 Indicam, por exemplo, a qualidade do solo, da água e do ar

Indicadores relacionados aos serviços de saúde


 Indicam, por exemplo, o número de profissionais de saúde por mil habitantes e o
número de atendimentos em especialidades básicas por mil habitantes.

Vacinação
 É a principal medida de prevenção de doenças específicas;
 Algumas vacinas administradas na infância não fornecem imunidade permanente;
 É necessário administrar doses de reforço, em alguns casos ao longo da vida;
 A vacinação proporciona proteção pessoal e da comunidade, pois quando a maior
parte da população está vacinada, interrompe-se a transmissão da doença

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Vacinas
 = Conjunto de métodos terapêuticos destinados a conferir ao organismo um estado
de resistência, isto é, de imunidade, contra determinadas doenças infeciosas;
 Têm por finalidade principal a redução da morbilidade e da mortalidade por
doenças imunopreviníveis;
 1ª vacina = varíola;
 Primovacinação = primeira vacinação (depois da vacina deve-se ficar cerca de 30 minutos
no centro de saúde para o caso de fazer uma reação alérgica)
Previnem o aparecimento da doença nos primeiros anos de vida;
 Vacinas vivas = tomam-se todas no mesmo dia ou passado 4 semanas (gripe, anti-
sarampo, papeira, rubéola); Produzem febre e cansaço;
 Vacinas mortas = apenas estimulam a produção de anticorpos e não estimulam
outras células do sistema imunitário adaptativo, tais como os linfócitos T com
memória imunológica. Assim, para manter a imunidade, são necessárias injeções
periódicas de reforço.

Programa Nacional de Vacinação


 Em Portugal, em 1964;
 Gratuito – só se pagam vacinas
que não estão no plano nacional
de vacinação;
 Universal;
 Calendário recomendado;
 Prescrição universal;
 Administrado por enfermeiros;
 Aplicado nos centros de saúde e
hospitais;
 Coordenação DGS;
 Financiado pelo orçamento do estado

Vacinação em circunstâncias especiais – Viajantes


 Não é gratuita e não está incluída no plano;
 A vacinação deve ser personalizada, de acordo com a idade, a história/situação
clínica e vacinal do indivíduo, os países de destino, o tipo de viagem, a duração da
viagem/estadia, estadia/visitas em áreas urbanas ou rurais, os requisitos legais de
cada país em termos de vacinação e o período de tempo disponível antes da partida

Vacinação contra a gripe sazonal


 É gratuita;
 Grupos alvo prioritários:
 Pessoas com idade ≥ 65 anos;
 Doentes crónicos e imunodeprimidos, a partir dos 6 meses de idade;
 Grávidas;
 Profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados (ex.: lares de
idosos);
 É diferente em cada ano, pois o vírus muda constantemente;

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 A prescrição da vacina deve ser criteriosa, prioritariamente para as pessoas que
mais dela beneficiam e de acordo com os critérios definidos;
 Esta vacina é comparticipada (37%) e deve ser administrada no princípio do
Outono

Vacina contra a Hepatite A


 Não faz parte do plano, mas é recomendada;
 Desde de fevereiro de 2017, foi identificado um surto de hepatite A em Portugal;
 Este surge no contexto de um surto a decorrer na Europa, com início em fevereiro
de 2016, com 3 clusters identificados;
 A quase totalidade dos casos foi identificada em homens que faziam sexo com
homens, durante o contacto sexual, por transmissão fecal-oral;
 A vacina contra a Hepatite A está recomendada a viajantes para a América Latina,
África e Ásia e festivais de verão ou outros

Vacinação contra a Raiva


 Está recomendada para:
 Pessoas cuja atividade laboral implica algum risco;
 Pessoas que trabalham em laboratório e em contacto com o vírus;
 Pessoas que viajam para zonas endémicas;
 Pessoas que contactam com animais
 Deve ser armazenada entre 2 a 8 graus e não deve ser armazenada num frigorífico
com alimentos, nem na porta do mesmo.

17
Aula T4

Epidemiologia das doenças transmissíveis = estudo da cadeia epidemiológica;


 Infeção = resultado de uma completa interação entre os elementos desta cadeia;
 Transmissibilidade = capacidade básica de um agente infecioso propagar-se
causando doença, através dos passos da cadeia epidemiológica;
 Doenças transmissíveis = ¼ da mortalidade e da morbilidade humana;
 = Têm diminuído, sendo que as crónicas têm aumentado

Enfoque epidemiológico
 Estudo da frequência e distribuição dos eventos de saúde e dos seus determinantes
nas populações humanas e a aplicação deste estudo na prevenção e controle dos
problemas de saúde

Tríade epidemiológica
 Modelo tradicional de causalidade das doenças
transmissíveis;
 Doença = resultado da interação entre o agente, o
hospedeiro suscetível e o ambiente;
 Agentes – necessários, mas nem sempre suficientes
para causar a doença:
 Infeciosos
 Não infeciosos – químicos ou físicos
 Fatores do hospedeiro = determinam a exposição de um indivíduo, sua
suscetibilidade e capacidade de resposta e suas características de idade, grupo
étnico, constituição genética, gênero, situação socioeconômica e estilo de vida;
 Fatores do ambiente - englobam o ambiente social, físico e biológico

História natural da doença


 As inter-relações do agente, da
pessoa suscetível e do meio
ambiente que afetam o processo
global e o seu desenvolvimento,
desde as 1as forças que
estimulam o processo patológico
no meio ambiente;
 Resposta do homem ao estímulo e
alterações que conduzem à
invalidez, recuperação ou morte;
 Evolução da doença no indivíduo
através do tempo, na ausência de intervenção

 Período pré-patogénico
 Promoção da saúde (ex.: informar);
 Proteção específica (ex.: vacinação) Prevenção primária

18
 Período patogénico
 Diagnóstico precoce (ex.: rastreios) e tratamento imediato; Prevenção secundária
 Limitação do dano;
 Reabilitação Prevenção terciária

 NOTA: Prevenção quaternária = cuidados paliativos

Doença transmissível
 Qualquer doença causada por um agente infecioso ou pelos seus produtos tóxicos,
que ocorre pela transmissão deste agente ou produtos, desde o hóspede infetado ou
um reservatório inanimado a um hóspede suscetível;
 Período de latência = tempo que decorre desde a infeção até que a pessoa se torne
infetada;
 Período de incubação = tempo que decorre desde a infeção até à apresentação dos
sintomas;
 Epidemia
 Ocorrência numa região ou comunidade de um número de casos em
excesso, em relação ao que normalmente seria esperado;
 Ao descrever uma epidemia, deve ser especificado o período, a região
geográfica e outras particularidades da população em que os casos
ocorreram;
 Endemia
 Quando uma área geográfica ou grupo populacional apresenta um padrão
de ocorrência relativamente estável com elevada incidência ou prevalência;
 Pandemia
 Acontece quando uma epidemia se espalha por diversas regiões do planeta;
 Ex.: em 2009, a gripe A passou de epidemia para pandemia, quando a OMS
começou a registar casos nos 6 continentes do mundo

Infeções associadas aos cuidados de saúde


 Infeção adquirida pelos doentes em consequência dos cuidados e procedimentos de
saúde prestados e que pode também afetar os profissionais de saúde durante o
exercício da sua atividade;

Febre puerperal
 Ocorria desde a antiguidade, mas aumentou muito a partir do séc. XVII, quando os
médicos começaram a participar dos trabalhos de parto;
 Percebeu-se que a doença só ocorria quando os partos eram feitos em maternidades
e em hospitais – não ocorria quando os partos eram feitos em casa, por parteiras;
 1846, Hospital Allgemeine Krankenhaus, em Viena  Mortalidade das mulheres
= ± 15%;
 Semmelweis descobre a verdadeira razão da transmissão da febre puerperal
aquando da morte de um colega que se tinha cortado durante uma autópsia e, antes
de morrer, apresentou os mesmos sintomas das mulheres vítimas da doença;

19
 Semmelweis fez com que fossem tomadas medidas básicas de higiene, como lavar
as mãos com cloreto de cálcio antes de começar o expediente e, entre uma
puérpera e outra, com sabão;
 Mortes diminuíram para ± 2%

Guerra da Crimeia (1854-1856)


 Florence Nightingale organiza equipa de enfermagem;
 Utilização de dados estatísticos para administração e avaliação de resultados
(epidemiologia hospitalar);
 Colchões;
 Escovas de limpeza;
 Rede de esgoto e água quente nas enfermarias;
 Humanização do hospital, criando atividades recreativas;
 Redução de 20 vezes na mortalidade institucional

Infeção nosocomial
 Infeção que ocorre num doente internado num hospital, ou noutra instituição de
saúde, e que não estava presente, nem em incubação, à data da admissão;
 Estão incluídas as infeções adquiridas no hospital que se detetam após a alta, assim
como infeções ocupacionais nos profissionais de saúde

Infeção hospitalar – Causas:


 Falta de lavagem das mãos;
 Internação prolongada;
 Uso de antibióticos sem controlo rigoroso;
 Procedimentos de risco realizados no hospital;
 Baixa resistência

Cadeia de infeção
 Descreve como a doença é transmitida de um ser
vivo para outros;
 Elo 1: Agente causal
 Agente patogénico ou microrganismo que
causa a doença (ex.: bactérias, fungos, vírus…);
 Pode viver de matéria orgânica morta e
invadir ocasionalmente o organismo
humano, denominando-se saprófita;
 Pode depender do ser superior, sem, no entanto, o prejudicar, beneficiar ou
invadir, designando-se comensal;
 Quando causa doença infeciosa, designa-se patogénico;
 Elo 2: Reservatório
 Local animado ou inanimado, onde o agente patogénico vive e se
multiplica;
 Os seres humanos, os animais e fontes ambientais podem funcionar como
reservatórios;

20
 Ex.: água – pseudomonas; intestino – E. coli; nariz – Staph. aureus;
galinhas – Salmonella
 Elo 3: Porta de saída (via de eliminação do hospedeiro)
 Qualquer orifício do corpo na pessoa infetada que permita a saída dos
agentes patogénicos (ex.: nariz, boca, olhos, cortes na pele)
 Elo 4: Modos de transmissão do agente
 Mecanismos através dos quais o agente patogénico é transportado do
reservatório para um hospedeiro humano suscetível através do ar, contacto
direto (ex.: gotículas – gripe, meningite, rubéola, caxumba, coqueluche…)
ou indireto (ex.: aérea – tuberculose pulmonar e laríngea, sarampo,
varicela…)
 Elo 5: Porta de entrada
 Qualquer abertura no corpo de uma pessoa não infetada que permite a
entrada de agentes patogénicos (ex.: nariz, boca, outras membranas
mucosas, incisões cutâneas, fissuras na pele…)
 Elo 6: Hospedeiro suscetível
 Pessoas não infetadas que podem tornar-se doentes;
 Todos os profissionais de saúde e qualquer outro cuidador que ainda não
esta infetado com determinada doença

Material contaminado
 Material que tenha sido usado/exposto a uma situação clínica e esteja poluído com
matéria orgânica, microrganismos ou outras substâncias inorgânicas indesejáveis,
como pó, resíduos químicos, entre outros

Descontaminação
 Destruição ou remoção da contaminação microbiana de modo a tornar o material
seguro para ser manipulado;
 Implica limpeza e desinfeção ou simplesmente limpeza

Limpeza
 Remoção mecânica da sujidade (matéria orgânica ou inorgânica) usando água e
sabão ou detergente;
 Com uma eficácia de cerca de 80% na remoção de microrganismos

21
Desinfeção/antissepsia
 Processo do qual resulta a redução, eliminação ou inativação momentânea de
microrganismos indesejáveis, com uma eficácia de 90-99%;
 Ordem de lavagem: iniciar distalmente, terminar ao nível do cotovelo; nunca
retornar para área já sem germes;
 Dispositivos de enxaguamento: automáticos, acionados pelo pé, acionado pelo
cotovelo

Esterilização
 Processo que resulta na completa eliminação e destruição de todas as formas vivas
de microrganismos incluindo esporos bacterianos (100%);
 Podemos usar o calor húmido, calor seco, óxido de etileno e agentes químicos

Assepsia
 Eliminação de microrganismos patogénicos na forma vegetativa, presentes em
superfícies inertes, mediante aplicação de agentes químicos e físicos;
 Uso de equipamento
esterilizado – sapatos, touca,
máscara, bata;
 Uso de material esterilizado

O enfermeiro na prevenção de
uma infeção
 Antes de iniciar qualquer técnica, é necessário retirar joias – anéis, pulseiras,
relógio – pois sob tais objetos podem acumular-se microrganismos;
 5 momentos de higienização das mãos: antes de contacto com o paciente, antes da
realização do procedimento, após a exposição a fluídos corporais, após contacto
com o paciente, após contacto com as áreas próximas ao paciente;
 Precaução padrão = aquela que deve ser utilizada para todos os pacientes,
independentemente da suspeita ou não de infeções. Consiste em:
 Higienização das mãos;
 Luvas e avental;
 Óculos e máscara;
 Caixa perfuro-cortante

Programa de Saúde Prioritário


Reduzir infeções associadas a cuidados de saúde ↔ Reduzir o consumo de
antimicrobianos ↔ Reduzir resistências a antimicrobianos
 Reduzir transmissão de resistências a antimicrobianos

Doenças não transmissíveis


 São todas as doenças que não são adquiridas por contacto com pessoas infetadas
com o agente causador da doença e ou vetores;
 Período de latência = período que decorre desde o desenvolvimento da doença
subclínica até à apresentação de sintomas;
 Fatores de risco não modificáveis = herança genética, sexo, idade;

22
 Fatores de risco modificáveis = tabagismo, alimentação inadequada, álcool,
inatividade física;
 Determinantes macro = condições socioeconómicas, culturais e ambientais;
 Fatores de risco intermédios = hipertensão, dislipidemia, obesidade, intolerância à
glicose;
 Desfechos = ex.: doença coronária, cerebrovascular, vascular periférica,
DPOC/enfisema, diabetes, cancro…

Doenças crónicas não transmissíveis


 Caracterizam-se por uma etiologia incerta, múltiplos fatores de risco, longos
períodos de latência, duração prolongada, origem não infeciosa e estarem
associadas a deficiências e incapacidades funcionais;
 Morte prematura;
 Incapacidade em idade produtiva;
 Sobrecarga da demanda pelos serviços de saúde;
 Aumento dos custos assistenciais
 Exemplos:
Doença crónica  Agente infecioso
 Cancro cervical  Vírus do papiloma humano;
 Carcinoma hepatocelular  Vírus da hepatite B e C;
 Úlcera péptica  Helicobacter pylori;
 Carcinoma gástrico  Helicobacter pylori;
 Doença isquémica coronária  Chlamydia pneumoniae
 Diabetes mellitus tipo I  Enterovírus

23
Aula T5

Saúde no trabalho
 O esforço organizado da sociedade para proteger a saúde dos trabalhadores

Saúde ocupacional
 Tem como finalidade a prevenção dos riscos profissionais e a proteção e promoção
da saúde do trabalhador;
 Importante o papel do enfermeiro numa empresa  deve procurar o melhor para
os trabalhadores e não para a empresa;
 Os enfermeiros, com ações autónomas e interdependentes, podem contribuir para a
saúde dos colaboradores
 Através de estratégias de:
 Identificação, avaliação e controlo dos riscos existentes no local de
trabalho, ou deles emergentes;
 Ações de vigilância da saúde dos trabalhadores;
 Promoção da saúde no local de trabalho
 Identificar; Avaliar; Controlar/Eliminar  Objetivo do enfermeiro de saúde
ocupacional = minimizar riscos (promoção/proteção de saúde)

Evolução da Saúde Ocupacional


 400 anos A.C. – Hipócrates, Platão, Aristóteles – abordavam as doenças do
trabalho em minas e a utilização perigosa de substâncias;
 432-347 A.C. – Platão – entre o exercício de uma profissão mecânica e os deveres dos cidadãos,
existe incompatibilidade radical. A beleza do corpo e a beleza da alma caminham necessariamente
a par – uma atividade que torne o corpo disforme, torna a alma feia. A obscuridade da oficina e a
sujidade do corpo produzem almas contrafeitas que não têm sentido de liberdade, sujeitas a outros e
que apenas se interessam pelo ganho;
 27-29 D.C. – Plínio – publicou História Natural, em que, pela 1ª vez, foram
tratados temas referentes à segurança do trabalho. Discorreu sobre o chumbo,
mercúrio, e poeiras – foi o 1º a recomendar que os mineiros deviam cobrir a boca
com uma bexiga animal;
 1556 – Geof Bauer – publicou De Re Metallica, onde discute os aspetos da
segurança do trabalho e saúde ocupacional relacionada com a extração de minério
na Alemanha;
 1700 – Ramazzini – Pai da medicina do trabalho – no Tratado das Doenças dos
Artesãos descreve cerca de 100 profissões diferentes e os riscos específicos de
cada uma delas. Introduz na anamnese médica a questão “Qual é a sua ocupação?”;
 NOTA: Evolução = 1. Medicina no trabalho
 2. Saúde Ocupacional Atualmente não há
distinção de conceitos
 3. Saúde do trabalhador
 1760-1820 – Revolução industrial – marco inicial dos problemas de saúde
ocupacional na Europa;
 A falta de condições de vida
 O baixo nível socioeconómico;
 A improvisação das fábricas;

24
 Mão-de-obra constituída principalmente por mulheres e crianças;
 Excesso na jornada de trabalho (por vezes 18 horas)
 1833 – Inglaterra – Publicação da 1ª legislação eficiente na proteção da saúde do
trabalhador;
 1877 – Suíça – e 1897 – Alemanha – surgem leis responsabilizando os
empregadores pelos acidentes e doenças ocupacionais;
 1906 – 1º Congresso Internacional de Doenças Do Trabalho, Milão;

Organização Internacional do Trabalho (OIT)


 1919
 Foi criada a Conferência de Paz após a 1ª guerra mundial;
 Objetivo = promover a justiça social;
 Hoje, vinculada à ONU;
 Possuía estrutura tripartite – patrões, trabalhadores e governos;
 Principal eixo de atuação = conceito de trabalho decente, o qual deve ser produtivo
e adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e
segurança, sem quaisquer discriminação, garantindo uma vida digna a todas as
pessoas que vivem dele

Enfermagem // Saúde Ocupacional


 1878 – Phillipa Flowerday, Inglaterra – foi contratada por uma empresa de
mostarda, para ajudar o médico no dispensário e fazer visitas aos trabalhadores
doentes e às suas famílias, no domicílio;
 1888 – Betty Moulder, Pensilvânia – foi contratada para prestar cuidados a
mineiros doentes e às suas famílias;
 1895 – Ada Mayo Stewart, Vermont – A Vermont Marble Company dá início ao
serviço de enfermagem do trabalho;
 Década de 1990 – Enfermeiro sem formação específica em SO e em regime de
part-time, integrado num “posto médico” ou num “serviço de medicina curativa”;
 1994 – Decreto-lei nº 26/94, de 1 de fevereiro – Nas empresas com mais de 250
trabalhadores, o médico do trabalho, na realização dos exames de saúde, deve ser
coadjuvado por um profissional de enfermagem com experiência adequada;
 2014 – Criação de um registo de enfermeiros a prestarem cuidados de enfermagem
do trabalho e estabelecimento de critérios e procedimentos necessários para o
reconhecimento de habilitação e para a autorização transitória para o exercício de
enfermagem do trabalho;
 Regulamento da competência acrescida diferenciada em enfermagem do trabalho

Evolução da SO em Portugal
 1850-1950 – 1ª Fase – Foram criados os serviços médicos em algumas empresas
industriais, por iniciativos dos empregadores;
 1960-1980 – 2ª Fase – Os serviços de saúde ocupacional tornam-se orientados para
a prevenção de riscos específicos na população trabalhadora;

25
 A partir de 1990 – 3ª Fase – As alterações legislativas e a integração europeia
obrigaram os serviços de saúde ocupacional a centrarem-se na promoção da saúde
e na manutenção da capacidade de trabalho

Programa Nacional de Saúde Ocupacional


 Objetivos gerais:
 Aumentar os ganhos em saúde;
- Diminuição da ocorrência e gravidade de acidentes de trabalho;
- Redução da incidência e prevalência de doenças profissionais e de
outras doenças relacionadas com o trabalho;
- Melhoria da qualidade do trabalho e da vida dos trabalhadores
 Garantir o valor da saúde do trabalhador;
- Capacitação dos trabalhadores;
- Educação e formação dos jovens;
- Consciencialização dos empregadores e dos cidadãos;
- Valorização geral do trabalho enquanto fonte de saúde, de realização
pessoal e de desenvolvimento humano sustentável
 Conceitos-chave da visão do PNSOC:
 Ambiente de trabalho saudável;
 Saúde dos trabalhadores;
 Qualidade dos serviços de Saúde Ocupacional

Lei nº 102/2009, de 10 de setembro Lei nº 3/2014, de 28 de janeiro –


Decreto-lei nº 116/97 – Regime jurídico de segurança e saúde no
trabalho

 Objetivos do serviço de Segurança e Saúde No Trabalho


(SST);
 Atividades principais, organização e funcionamento do
serviço de SST;
 Princípios gerais e sistema de prevenção de riscos
profissionais;
 Obrigações gerais do empregador e do trabalhador
Risco
 A probabilidade de concretização do
dano em função das condições de
utilização, exposição ou interação do
componente material do trabalho que
apresente perigo;
 Riscos físicos, químicos (gases,
poeiras…), biológicos (bactérias,
vírus…), ergonómicos (postura…),
psicossociais (stress, ansiedade,
burnout, harassement…)

26
Danos derivados do trabalho
 Doenças ou lesões sofridas motivadas ou originadas pelo trabalho

Acidente de trabalho
 Aquele que se verifique no local e no tempo de trabalho e produza, direta ou
indiretamente, lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte a
redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte;
 Todos os anos, + de 4 000 trabalhadores europeus morrem devido a AT;
 + de 3 milhões são vítimas de um AT grave, resultando numa ausência do trabalho
superior a 3 dias;
 Dois tipos:
 Acidente sem afastamento;
 Acidente com afastamento
- Incapacidade temporária;
- Incapacidade parcial e permanente;
- Incapacidade total ou permanente

Doença profissional
 Doenças diretamente resultantes do trabalho constantes da lista oficial de doenças
profissionais;

Doenças relacionadas com o trabalho


 Doenças adquiridas por causa do trabalho, mas que não constam da lista oficial das
doenças profissionais

Segurança no trabalho
 Tem como função prevenir os acidentes de trabalho, eliminando as condições
inseguras do ambiente e educar os trabalhadores a utilizarem medidas preventivas

Higiene no trabalho
 Tem como função prevenir, de um ponto de vista não médico, as doenças
profissionais, identificando os fatores que podem afetar o ambiente do trabalho e o
trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais

Medidas de prevenção e proteção


 Limitar/eliminar o risco;
 Envolver o risco;
 Afastar o homem;
 Proteger o homem;
 Equipamento de proteção coletiva
 Medidas gerais a serem tomadas numa empresa para proteger trabalhadores
da exposição a um agente insalubre e/ou perigoso;
 Não só equipamentos, mas métodos e tecnologias

27
 Equipamento de proteção individual (EPI)
 Todo o equipamento, bem como qualquer complemento ou acessório
destinado a ser utilizado pelo trabalhador para proteger a sua saúde e
prevenir os riscos profissionais, danos por acidente ou doença ligada ao
trabalho;
 Ex.: capacete de segurança, óculos de segurança, abafador de ruído, cinto
de segurança, luvas de aço, máscara…

Serviços prestados por um programa de Segurança e Saúde no Trabalho


 Vigilância de saúde;
 Monotorização/vigilância do local de trabalho;
 Exames médicos:
 Pré-contratação;
 Periódicos;
 Transferência;
 Regresso ao trabalho;
 Reforma/conclusão
 Promoção de saúde;
 Rastreios;
 Análise e design de tarefas relacionadas com o trabalho;
 Auditorias de segurança e prevenção de acidentes;
 Preparação para emergências;
 Aconselhamento pré-reforma

Equipa de saúde ocupacional


 Interna;
 Externa;
 Comum;
 Trabalhadores independentes ou empresas pequenas  Não têm de ser seguidos
por uma equipa de saúde ocupacional; São seguidos pelos ACES

 Vigilância epidemiológica  Unidade de saúde


pública – equipa maior (guarda-chuva)
 USP indica uma ELSO (= equipa local de saúde
ocupacional), que segue o PNSOC

Papel do enfermeiro
 Vigilância do local de trabalho e identificação de riscos para a saúde;
 Vigilância de saúde, com base na avaliação ambiental com exposições avaliadas e
documentadas;
 Promoção e proteção da saúde através de estratégias dirigidas à modificação de
comportamentos e a encorajar a responsabilidade em matéria de saúde – promover
o uso de equipamentos de proteção individual e coletiva;
 Analisar e estabelecer critérios para a escolha de EPI;

28
 Conhecer e aplicar a legislação e
normas técnicas de segurança do
trabalho;
 Colher e organizar dados relativos à
sua área de atuação;
 Doenças  Podem contribuir para
atualizar a lista das doenças
profissionais;
 Papel educador (quer seja a nível da
prevenção primária, secundária ou
terciária)

Ambientes de trabalho saudável


 Tanto os trabalhadores como os empregadores colaboram de forma a usar um
processo de melhoria contínua para proteger e promover a saúde, segurança e
bem-estar de todos os trabalhadores e a sustentabilidade do ambiente de trabalho,
 Tendo em conta fatores de organização de trabalho, fatores psicossociais e formas
de participação em comunidade para melhorar a saúde, tanto dos trabalhadores,
como das suas famílias e dos restantes membros da comunidade;
 (Ex.: local higiénico, temperatura agradável, acesso equipamento adequado,
segurança, boas relações entre trabalhadores, envolvimento da empresa na
comunidade, progressão financeira, flexibilidade de horários…)

Visão/missão da empresa
 Ouvir os trabalhadores;
 Progressão financeira;
 Organização;
 Boas relações;
 Ética

NOTA
 Absentismo = ausência física do
trabalhador no local de trabalho;
 Presentismo = trabalhador está
fisicamente presente no local de
trabalho, mas não apresenta a
produtividade normal (ex.: está doente)

Quem se deve responsabilizar pela saúde no trabalho


 Saúde Ocupacional; A promoção da saúde é
 Empregadores; da responsabilidade de
 Trabalhadores todos

29
Aula T6

Objetivos específicos
 Promover a vigilância da saúde dos
trabalhadores;
 Fomentar a organização e qualidade
os Serviços de SST/SO;
 Reforçar o desempenho dos
profissionais de SO;
 Impulsionar a promoção de saúde no
local de trabalho;
 Robustecer a gestão do
conhecimento em SO

Promoção da saúde no local de trabalho (PSLT)


 Esforços combinados de empregadores, trabalhadores e da sociedade para
melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas no trabalho;
 Melhor organização de trabalho e melhor ambiente de trabalho;
 Mais do que atender aos requisitos legais de saúde e segurança, a PSLT significa
também que os empregadores ajudam ativamente os trabalhadores a melhor a
saúde/bem-estar – ouvir os trabalhadores, tendo em contas suas necessidades;
 Porquê?
 Promove comportamentos de saúde positivos;
 Globalização, mudanças demográficas e estruturais – particularmente
relevante para trabalhadores sujeitos a elevada exigência física e
psicológica;
 Benefícios para os trabalhadores e empregadores;
 Aumento do peso das doenças crónicas
 Programas:
 Portugal = Gestão das emoções, enfermeiros – estudantes pós graduação;
 Grécia = Prevenção da diabetes, numa empresa de transportes;
 Canadá = Intervenção de retorno ao trabalho após lesão músculo-
esquelética e saúde mental;
 Itália = disseminação de conhecimentos aos órgãos de gestão e à equipa do
serviço de SST, acerca dos trabalhadores mais velhos;
 Austrália = Mindfulness, numa organização governamental;
 Austrália = Incentivo à atividade física;
 EUA = Centro de bem-estar, incluindo avaliação do estado de saúde, eps e
sessões de coaching, no exército;
 Suécia = Avaliação das condições de trabalho, estilos de vida e existência
de uma escola de saúde para os trabalhadores com potencial, na Scania

Afastamento do mercado de trabalho


 Reforma  Acontecimento de vida que supõe um processo de transição-
adaptação, envolvendo mudanças em vários aspetos da vida e cujo sucesso

30
adaptativo implica sucessivas reorganizações do estilo de vida, tendo em vista
manter ou até melhorar o bem-estar psicológico e social;
 Idade legal – de acesso à pensão s/ penalizações – = 66 anos e 5 meses, em 2019

Motivações para a reforma


 Saúde do próprio;
 Saúde de outros significativos;
 Libertações do cumprimento de horários;
 Pressão do cônjuge;
 Opção pessoal;
 Reforma compulsiva

Sentimentos experimentados
 Libertação e bem-estar (ex.: “tinha ânsia de me ver livre de…”);
 Desorientação (ex.: “foi um choque tão grande, no dia seguinte não sabia o que
fazer”);
 Insatisfação (ex.: “sente-se um certo vazio”);
 Em alguns casos as expectativas são atingidas, mas noutros não, pois a realidade
sobrepôs-se ao idealizado

Preparação para a reforma – planeamento de um programa


 Reunir os recursos necessários
 Humanos;
 Financeiros;
 Físicos
 Definir o prazo
 3 anos antes da reforma;
 2 anos antes da reforma
 Formação e preparação da equipa envolvida
 Operacionalização: 1. Sensibilização  2. Diagnóstico  3. Módulo informativo
 4. Módulo formativo  5. Aposentadoria  6. Acompanhamento  7.
Desdobramento

31
Aula T7

Risco psicossocial
 Quando ocorre um desequilíbrio entre as interações entre:
 Por um lado, o trabalho, o seu ambiente, a satisfação no trabalho e as
condições da sua organização;
 Por outro lado, a capacidade do trabalhador, as suas necessidades, a sua
cultura e a situação pessoal fora do trabalho;
 Violência, bullying, stress, burnout;
 Fatores indutores:
 Cultura organizacional;
 Organização do trabalho;
 Autonomia nas decisões;
 Ritmos de trabalho;
 Novas formas de contratação;
 Envelhecimento ativo;
 A carga de trabalho;
 Conciliação da vida familiar com a profissional;
 Exigências emocionais;
 Relações interpessoais;
 Desenvolvimento profissional
 Trabalho do enfermeiro:
 Intensificação do trabalho;
 Competitividade;
 Insegurança e precarização de trabalho;
 Tecnologia, atualização tecnológica
 Desafios de enfermagem a nível mundial:
 Disponibilidade;
 Qualidade;
 Competências

Stress
 Desequilíbrio entre os recursos
existentes para dar respostas às
exigências da situação;
 Sensação de que ainda consegue
controlar a situação, e se o fizer, o stress
diminui ou desaparece;
 Ideia de “demasiado” (demasiadas
exigências, pressões…) e de algo
temporário;

32
 Resposta fisiológica: sudorese; PA alta; queda de cabelo; cansaço; dores
musculares (// tensão muscular)
 Sintomas individuais: doenças psiquiátricas, cardiovasculares  Impacto na saúde
e qualidade de vida;
 Sintomas organizacionais: absentismo, acidentes de trabalho, apatia  Impacto
financeiro e carreira profissional
 Pontos de stress de enfermagem:
 Preocupe-se pelo bem-estar do paciente;
 Exposição a substâncias perigosas;
 Dor na região lombar da transferência de pacientes da cama para a casa de
banho;
 Problemas de pernas por ficar de pé a maioria do turno;
 Turnos de 12 horas;
 Transtornos músculo-esqueléticos;
 Risco de queda;

Síndrome geral de adaptação – Selye, 1936


 Descreve os sintomas do stress em 3 fases:
1.ª Fase de alerta – o indivíduo entra em contacto com o agente causador do stress e
o seu corpo perde o equilíbrio. Apresenta os seguintes sintomas:
 Mãos/pés frios;
 Boca seca;
 Dor de estômago;
 Aumento da sudorese;
 Tensão e dor muscular, ex.: na região dos ombros;
 Diarreia passageira;
 Insónia;
 Taquicardia;
 Respiração ofegante;
2.ª Fase da resistência – o corpo tenta volta ao equilíbrio, podendo o organismo
adaptar-se ao problema, eliminando-o. Apresenta os seguintes sintomas:
 Problemas de memória;
 Sensação de desgaste físico constante;
 Mudança de apetite;
 HTA;
 Tonturas;
 Sensibilidade emotiva/irritabilidade excessiva;
 Obsessão o agente causador do stress
3.ª Fase da exaustão – pode haver diversos comprometimentos físicos em forma de
doença. Sintomas:
 Diarreia frequente;
 Dificuldades sexuais;
 Insónias/pesadelos;
 Tiques nervosos;
 Taquicardia;
 Irritabilidade/perda do sentido de humor

33
Gerir o stress
 Reconhecer os sintomas;
 Tomar consciência do problema;
 Identificar fontes de stress e definir estratégias de coping;
 Autoavaliação e autoconhecimento;
 Adoção de comportamentos saudáveis e de expectativas realistas no local de
trabalho;
 Comunicar, desabafar, partilhar o que sente (suporte social);
 Ter um estilo de vida saudável (sono, alimentação, atividade física, lazer…);
 Evitar isolamento;
 Ter uma rede de suporte social (ex.: amigos) e um hobby;
 Partilhar com o “outro” permite clarificar sentimentos e ter uma visão externa;
 Distinguir sintomas normais de patológicos e procurar ajuda especializada

Burnout (≠ Stress)
 Reação ao stress contínua no tempo – situações stressoras, se não tratadas, podem
conduzir a burnout;
 Processo que ocorre ao longo do tempo e que culmina num estado do qual é difícil
sair e que depende do modo de enfrentar o stress no trabalho;
 Não é o acumular de situações stressoras, mas a diminuição das estratégias de
coping;
 Ex.: “ao longo das situações, deixei de ter capacidades de resistir”; “situações vão
se acumulando, mas já não tenho capacidade de gerir”  Deixa de ter capacidade
de resposta

Violência no local de trabalho


 Cultura e clima organizacional;
 Organização do trabalho;
 Desenvolvimento profissional; (…)

 Assédio moral = significa assediar, ofender alguém ou afetar negativamente a


etiqueta de trabalho de alguém, ou o processo, o socialmente excludente.
 Para que a aplicação – ou mobbing – seja aplicada a uma atividade particular, o
comportamento de intimidação tem de ocorrer ao longo de um período de tempo
repetida e regularmente (ex.: semanalmente, durante seis meses)

Bullying
 Comportamentos que visam causar dano (físico/psicológico/emocional);
 Intencionalidade; continuidade; repetição; progressão;
 Pelo menos 1 vez por semana durante 6 meses – no entanto, a taxa de violência
pode não permitir que se espere 6 meses;
 ≠ Conflito (o conflito é transitório e tem solução) – o processo de bullying pode
emergir de um conflito;
 Processo crescente;

34
 Pode ser:
 Vertical: vítima de um superior hierárquico;
 Ascendente: categoria inferior;
 Horizontal: da mesma categoria (começa a ser mais frequente);
 Misto: por um superior (muito menos frequente)
 Associado a:
 Vítima;
 Agressor;
 Testemunhas
 Tipos:
 Abuso verbal;
 Criticar excessivamente;
 Ser ignorado ou isolado;
 Estar a ser fornecido uma carga de trabalho não-gerenciável;
 Fofocas e rumores;
 Ridículo publico, pressão e humilhação;
 Agressão física  Menos frequente, pois mais visível

Impacto do bullying no local de trabalho


 Organizacional;
 Rotatividade;
 Custos de doença e lesão;
 Má imagem pública;
 Diminuição da produtividade
 Individual
 Distress psicológico;
 Capacidade cognitiva prejudicada;
 Desempenho insatisfatório no trabalho;
 Baixa autoestima;
 Doença física

Diagnóstico
 Três critérios adotados por um grande número de investigadores europeus:
1. A existência de 1 ou mais condutas internacionalmente reconhecidas pela
investigação como tal;
2. A duração do processo ocorre no mínimo há mais de seis meses;
3. A frequência dos comportamentos é 1 ou mais vezes por semana

Promover a saúde nos locais de trabalho e preservar a vida, a nível primário,


secundário e terciário;
Direito à não-violência
 A discriminação, a ameaça/agressão verbal, pressão moral e assédio sexual
constituem crimes particulares;
 A ofensa à integridade física qualificada são crimes públicos

35
Diferentes níveis e alguns exemplos de intervenções no bullying

36
Aula T8

A esperança de vida dos portugueses ultrapassa os 80 anos, sendo mais elevada do


que a média da União Europeia, e o número de pessoas com mais de 75 anos é superior
a um milhão.

Envelhecimento ativo
 Processo de otimização das oportunidades para a saúde, a participação e a
segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as
pessoas envelhecem;
 Pilares: participação em qualquer atividade que dê prazer à pessoa; saúde;
segurança;
 Determinantes económicos/pessoais/comportamentais/sociais;
 Serviços/cuidados de saúde;
 Ambiente físico

Pessoa idosa
 Homem/mulher com mais de 65 anos, desligados de atividades profissionais
formais, que mantêm as suas capacidades;
 São independentes, saudáveis e ativos, abrangendo em termos etários 3 década,
dos 65 aos 95 anos
 Subtipos:
 Idosos muito dependentes – com idades acima dos 85 anos e com
dependência, que resulta ou do envelhecimento natural ou de doença;
 Idosos dependentes – cuja dependência resulta, sobretudo, de doença
crónica, que obriga a tratamentos médicos constantes;
 Idosos independentes – são os que mantêm as suas capacidades, mas estão
inativos

Envelhecimento
 Processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não
patológico, de deterioração de um organismo maduro;
 Próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo os torne
menos capazes de fazer frente ao stress do meio ambiente e, portanto, aumente a
sua possibilidade de morte;
 Contínuo, complexo, multifatorial e individual, envolvendo modificações do nível
molecular ao morfofisiológico, que ocorrem em cascata, principalmente após o
período pós-reprodutivo;
 Alterações que ocorrem:
 Biológicas;
- Altera os sentidos (visão, audição, paladar…);
- Tende a diminuir a estatura;
- Altera o sistema cardiovascular;
- Ocorre menor desempenho durante o exercício;
- Após 40 anos o corpo consume menos 120 calorias;
37
- O cérebro demora na transmissão de impulsos;
- Menor número de neurotransmissores;
 Psicológicas;
- Refere-se à evolução dos processos cognitivos: ao desenvolvimento
de competências comportamentais e emocionais que permitam à
pessoa ajustar-se às modificações que ocorrem com a idade;
- Raciocínio; memória; aprendizagem; criatividade
 Social
- Mudança nos papéis;
- Mudanças nas posições sociais;
- Perdas de relações próximas

Teorias biológicas do envelhecimento


 Teoria imunitária
 O sistema imunitário tem dificuldade em distinguir as células saudáveis do
organismo das substâncias estranhas
 Teoria genética
 O envelhecimento é programado biologicamente, faz parte de um contínuo,
durante o desenvolvimento orgânico, seguindo sempre a embriogénese, a
puberdade e a maturação;
 Teoria do erro da síntese proteica
 Alterações na molécula de ADN fornecem informações genéticas erradas,
conduzindo à formação de proteínas incompetentes;
 Teoria do desgaste
 As diferentes partes do corpo humano deterioram-se com o uso;
 Teoria dos radicais livres
 Os radicais livres reagem com os ácidos gordos não saturados das
membranas celulares e transformam-nos em substâncias que envelhecem as
células;

Teoria do desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson


 Estádio 8: Integridade/Desespero
 Polo positivo – o indivíduo procura estruturar o seu tempo e utilizar as
experiências vividas para viver bem os seus últimos anos de vida;
 Polo negativo – a pessoa entra em desespero face ao fim de vida. Surge o
sentimento de que o tempo acabou, que nada mais pode fazer pela
sociedade, pela família…

38
Aula T9

Mitos do envelhecimento
 As pessoas devem esperar deterioração mental e física na velhice;
 A maioria dos idosos tem as mesmas necessidades;
 Produtividade e criatividade é da esfera dos jovens;
 A experiência dos idosos tem pouca relevância para a sociedade moderna;
 Muitos idosos o que querem é estar sossegados;
 Enfermeiros e camas no hospital é que são necessários;
 A utilização de recursos para os idosos, retira aos jovens;
 Gastar com idosos é um desperdício de recursos;
 Os idosos não estão preparados para empregos modernos;
 Não podemos ensinar novos truques a um velho;
 Os idosos esperam que os marginalizam;
 As coisas acabam por se resolver por elas próprias

Sexualidade
 É um aspeto fulcral da vida do ser humano que compreende o sexo, identidade,
género, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução;
 A vivência e expressão da sexualidade é subjetiva e traduz-se em pensamentos,
fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas e
relacionamentos;
 Está presente em todas as fases da vida: antes do nascimento, enquanto bebés, em
criança, na adolescência, na juventude, na vida adulta, na velhice;
 A sexualidade é universal;
 É influenciada pela interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais,
económicos, políticos, culturais, éticos, legais, fatores históricos, religiosos e
espirituais;
 UCSP + USF = unidades às quais as pessoas mais recorrem com questões de
sexualidade; deviam promover mais iniciativas
 UCC  Uma vez que abordam a população, deviam ter mais impacto do que têm;

Saúde sexual
 É um estado de bem-estar físico, emocional, mental e social em relação à
sexualidade, não apenas a ausência da doença, disfunção ou enfermidade;
 Requer uma abordagem positiva e respeitosa da sexualidade e das relações sexuais,
bem como a possibilidade de ter experiências sexuais agradáveis e seguras, livres
de coerção discriminação e violência;
 Para que a saúde sexual seja alcançada e mantida, os direitos sexuais de todas as
pessoas devem ser respeitados, protegidos e cumpridos;
 É um aspeto vital da saúde e bem-estar geral;
 Esta resulta do fácil acesso a informações de qualidade e a serviços de saúde
sexual;

39
 Existe num continuum dinâmico, de acordo com necessidades que mudam ao
longo do ciclo de vida, características individuais, ambiente cultural,
socioeconómico, geopolítico e jurídico

Sexualidade na velhice

1. Dimensão biológica
 Na mulher:
 Menopausa;
ο Aumento do peso (mulher + relaxada  come +; – exercício);
ο Osteoporose (pela diminuição do estrogénio);
ο Sintomas existem, mas também dependem de outros fatores externos
 Diminuição progressiva dos níveis de estrogénio;
 Involução progressiva da genitália, com estreitamento e escurecimento
vaginal;
 Aumento da fragilidade das paredes vaginais;
 Diminuição da lubrificação vaginal

 No homem:
 Andropausa – (termo não está totalmente correto, mas também existem mudanças no
homem) ocorre por volta dos 50 anos, devido à diminuição do tamanho dos
testículos e à consequente queda da produção de testosterona;
 A capacidade de ereção torna-se mais lenta;
 A quantidade ejaculada é menor;
40
 Os orgasmos podem ser mais curtos e menos intensos

 Disfunção sexual = qualquer alteração na resposta sexual das pessoas, em uma ou


mais etapas desta resposta, cujas fases são: desejo, orgasmo e resolução;
 Disfunção erétil = incapacidade persistente de obter e manter uma ereção
suficiente para uma função sexual satisfatória; estudos demonstram que é
dependente da idade;
Causas:
- Fatores de risco vascular (ex.: hipercolesterolemia; obesidade; sedentarismo;
tabagismo);
- Doenças endócrinas (ex.: diabetes mellitus);
- Doenças neurológicas (ex.: AVC; tumores);
- Traumatismos pélvicos;
- Cirurgias (ex.: próstata; uretra);
- Medicamentos (ex.: anti-hipertensores; quimioterápicos);
- Radioterapia (próstata; bexiga)
Tratamento:
- Farmacológicos (medicamentos orais, injeção peniana e medicamentos
intrauretrais);
- Não farmacológicos (terapia sexual, dispositivos de ereção por vácuo,
implantação de próteses penianas e cirurgia vascular peniana) ;
- Quando os tratamentos conservadores são ineficazes, contraindicados
ou não aceites pelo doente, a implantação de prótese peniana tem na
maioria das vezes resultados satisfatórios

2. Dimensão psicológica
 Insatisfação com a própria imagem corporal relacionado com o aumento do peso,
principalmente nas mulheres;
 Depressão

3. Dimensão social
 Educação;
 Cultura;
 Estado civil;
 Institucionalização

41
O processo de envelhecimento natural dos indivíduos não impede o desenvolvimento
de uma vida sexual na velhice

Barreiras à expressão da sexualidade nos idosos


 Velhos hábitos;
 Experiências negativas;
 Falta de oportunidade (falta de parceiro, privacidade);
 Atitudes culturais face à sexualidade

Aumento dos casos de HIV/SIDA


 Reflete o aumento da prática sexual desprotegida entre idosos, demonstrando que o
desejo e a sexualidade estão presentes em todas as etapas da vida do ser humano.
 Causas:
 Envelhecimento de indivíduos seropositivos em terapia antirretroviral;
 Novos casos;
 Falta de reconhecimento de risco pelos próprios idosos ou pelos profissionais
de saúde;
 Falta de diagnóstico de DST ou diagnóstico tardio, elevando a possibilidade
de evolução das doenças

Avaliação da saúde sexual


 Abordar os assuntos relacionados com a sexualidade num ambiente privado e sem
pressa;
 Mostrar sensibilidade com as preferências do utente em relação ao sexo;
 Educar os utentes acerca do estilo de vida;
 Ter consciência dos seus próprios preconceitos e sentimentos subconscientes;
 Não fazer suposições

Promoção da saúde sexual


 Oferta de preservativos e gel lubrificante nas USF e nos espaços de convivência de
idosos;
 Aumento da oferta de testes sorológicos para as hepatites B e C, sífilis e HIV,
contribuindo para o diagnóstico precoce;
 Estímulo à colheita de papanicolau em mulheres idosas;
 Realização de oficinas sobre sexualidade, incluindo sexo seguro com linguagem e
exposição adequadas às necessidades da população alvo

42
Prevenção de lesão por úlcera
 A senescência é um processo natural do envelhecimento; abrange um somatório de
modificações fisiológicas; alterações orgânicas que podem gerar morbidades;
 As alterações fisiológicas, quando associadas às doenças crónicas  Fragilidade e
Dependência  Idosos vulneráveis ao aparecimento de feridas  Evolução
crónica

No dia 13 de abril de 2016, o National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP)


anunciou a mudança na terminologia Úlcera de Pressão  Lesão por Pressão e a
atualização da nomenclatura dos estádios do sistema de classificação;

O que é por pressão?


 É um dano localizado na pele geralmente sobre proeminência óssea;
 Pode ainda estar relacionado a equipamentos médicos ou outro tipo de dispositivo;
 Área específica

Escara  Úlcera de pressão  Lesão por pressão


 A principal causa é a deficiência prolongada de irrigação sanguínea;
 Devido a pressão externa por um objeto contra uma superfície óssea;
 Oferta insuficiente de nutrientes em determinada área do corpo

Fatores de risco
 Extrínsecos
 Pressão;
 Cisalhamento;
 Fricção;
 Imobilização;
 Humidade
 Intrínsecos
 Alterações cutâneas relacionadas à idade;
 Processos patológicos;
 Fatores nutricionais;
 Estado mental;
 Incontinência urinária e fetal

Estados de lesão por pressão


 Estádio 1: pele intacta com vermelhidão não branqueável de uma área localizada,
usualmente sobre uma proeminência óssea;
 Estádio 2: perda parcial da espessura da pele, envolvendo epiderme, derme ou
ambas. É superficial e apresenta-se como uma abrasão, bolha ou cratera rasa;
 Estádio 3: perda da espessura total de tecido. A gordura subcutânea pode estar
visível, mas não há exposição de ossos, tendões ou músculos;
 Estádio 4: perda da espessura total do tecido com exposição de fáscia ossos,
tendões ou músculos;
 Dependendo do nível de vulnerabilidade do idoso, as lesões passam muito
facilmente de nível, desde o nível I, para o nível II, e daí em diante
43
Escala de Braden
 Escala utilizada para saber se existe um risco, baixo ou elevado de se desenvolver
uma lesão por pressão;
 É medida através de 6 parâmetros diferentes:
 Perceção sensorial;
 Mobilidade;
 Humidade;
 Nutrição;
 Atividade;
 Fricção e cisalhamento

Cuidados para prevenção de lesões por pressão


 Proteger a pele: remoção da pressão sobre as áreas afetadas;
 Alívio da dor: melhorar a imunidade do organismo;
 Condições favorável do corpo: tratamento do paciente para controlar o diabetes,
colesterol alto, desnutrição e outros

Cuidados diários
 Observar a pele em busca de áreas com eritema e outras alterações da coloração;
 Hidratar a pele com cremes sem fragrâncias;
 Não massajar regiões de proeminência eritema, coloração arroxeada ou com
bolhas;
 Evitar o excesso de humidade e aplicar creme protetor de pele nas áreas sob fraldas
descartáveis

Plano de cuidados
 Mudar de posição a cada 2 horas, exceto se houver contraindicações;
 Utilizar técnica adequada para transferir o paciente da cama para a cadeira;
 Não arrastar o paciente pelo colchão;
 Movimentos contínuos para aliviar as áreas sob pressão;
 Colchões e almofadas para evitar lesão por pressão;
 Avaliação de pele regularmente;
 É aconselhável oferecer uma dieta saudável e equilibrada

Posicionamento
 Elevar os calcâneos utilizando coxins de posicionamento sob a barriga da perna;
 Utilizar almofadas de espuma para evitar o contacto direto entre as proeminências
ósseas;
 Manter a cabeceira na posição elevada em 30 graus, por períodos curtos

44
Aula T10

Pessoa idosa saudável = capaz de funcionar sozinha, mesmo que tenha doenças;
 Saúde da pessoa idosa = determinada pelo funcionamento harmonioso de 4
domínios funcionais: cognição, humor, mobilidade e comunicação;
 Perda destas funções = grandes síndromes geriátricas (7)

Funcionalidade Global – capacidade de funcionar sozinho/gerir a própria vida e cuidar de si


 Autonomia – decisão – é a capacidade individual de decisão e comando sobre as ações,
estabelecendo e seguindo as próprias regras
 Cognição – capacidade mental de compreender e resolver os problemas do quotidiano
 Humor – motivação necessária para as atividades e/ou participação social
 Independência – execução – refere-se à capacidade de realizar algo com os próprios meios
 Mobilidade – capacidade de deslocamento do indivíduo e de manipulação do meio:
Marcha, postura e transferência;
Alcance, preensão e pinça;
Capacidade aeróbica;
Continência esfincteriana
 Comunicação

Síndromes geriátricas
 Conjunto de quadros habitualmente originados pela conjunção de doenças com alta
prevalência nas pessoas idosas e que frequentemente originam incapacidade
funcional ou social na população;
 São a manifestação/sintomas de muitas doenças, mas também são o princípio de
muitos outros problemas que devemos ter em conta desde a sua deteção para os
prevenir

1. Imobilidade
 Perda da capacidade de realizar movimentos autónomos empregados no
desempenho de atividades de vida diária (AVD), devido à diminuição das funções
motoras;
 Compromete a independência do indivíduo e, por fim, leva ao estado de
incapacidade/fragilidade;
 Fatores:
 Físicos – artrites, osteoporose, fraturas, sequelas de AVC, dor crónica,
desnutrição grave…;
 Psicológicos;
 Ambientais;
 Medicamentos – os sedativos e os hipnóticos, ao causarem sonolência,
podem prejudicar a mobilidade
 Diagnóstico
 Critério maior
- Deficit cognitivo médio a grave;
- Múltiplas contraturas
 Critério menor (pelo menos 2 características)
- Sinais de sofrimento cutâneo/úlcera de pressão;

45
- Dificuldade na deglutição (disfagia) leve ou grave;
- Incontinência urinária e fecal;
- Alterações na fala
 Consequências
 Sistema cardiovascular (ex.: hipotensão ortostática);
 Pele (ex.: dermatite amoniacal pelo uso de fralda, úlcera de decúbito);
 Sistema gastrointestinal (ex.: risco de aspiração, falta de apetite, obstipação);
 Sistema respiratório (ex.: redução do volume corrente, tosse ineficaz, hipersecreção
brônquica);
 Sistema geniturinário (ex.: aumento do volume residual de urina na bexiga);
 Psicológico (ex.: ansiedade, depressão, insónia, agitação, irritabilidade, desorientação
no tempo e no espaço, diminuição da concentração e da tolerância à dor) ;

2. Instabilidade postural
 Mobilidade = das principais funções corporais; O seu comprometimento = afeta
diretamente a independência do indivíduo e traz consequências gravíssimas;
 A instabilidade postural, por exemplo, leva o idoso à queda, o que representa um
dos maiores temores em geriatria
 Quedas:
30% dos indivíduos com mais de 65 anos caem pelo menos 1 vez por ano;
Metade cai de forma recorrente;
Maior prevalência para mulheres na mesma faixa etária;
Idosos de 75-84 anos com dependência para as AVD têm risco 14 vezes maior
para queda;
 Fatores de risco:
 Intrínsecos:
- Idade;
- História de quedas recorrentes;
- Doenças crónicas - osteoartrose, Parkinson, sequelas de AVC,
diabetes…;
- Uso de muitos medicamentos – antidepressivos, ansiolíticos;
- Hipotensão ortostática;
- Deficiência visual
 Extrínsecos:
- Superfície escorregadias;
- Tapetes;
- Cadeiras sem braço/encosto;
- Cama e assentos muito baixos ou altos;
- Iluminação deficiente;
- Ausência de barras de apoio;
- Calçado e bengalas inadequados
 Consequências
 Fraturas;
 Aumento da dependência;
 Medo de novas quedas;

46
 Restrição de atividades;
 Institucionalização;
 Aumento da morbilidade e altos índices de mortalidade
 Prevenção
 Medidas para reduzir riscos ambientais;
 Medidas de terapia física, orientadas e prescritas por profissionais visando
a conservação e aumento da força muscular, a redução da dor, o aumento
da mobilidade articular e correção das deformidades articular e dos vícios
de postura corporal;
 Treino da marcha reforço dos músculos e o uso adequado de instrumentos
de auxílio (bengalas, andadores, muletas);
 Medidas educativas viando a maior capacidade do idoso para enfrentar
problemas de saúde

3. Incontinência urinária
 Qualquer perda de urina involuntária;
 Tipos:
 Esforço – perda de urina durante exercício físico, tosse ou espirro, a mais
frequente;
 Urgência – perda urinária acompanhada por um forte desejo de urinar;
 Mista – quando as anteriores ocorrem simultaneamente;
 Paradoxal – quando o volume de urina ultrapassa a capacidade vesical
máxima;
 Total – quando a perda é contínua
 Fatores de risco
 Idade avançada;
 Paridade;
 Parto vaginal;
 Queda dos níveis de estrogénio na menopausa;
 Ser do sexo feminino;
 Tratamento do cancro da próstata;
 Incapacidades físicas e mentais;
 Algumas doenças podem agravar a IU – AVC, Parkinson, diabetes
mellitus, insuficiência cardíaca;
 Medicação e cirurgias, capazes de provocar a diminuição do tónus
muscular pélvico ou gerar danos nervosos
 Consequências
 Económicas – medicação, fraldas;
 Físicas – irritação da pele e úlceras;
 Psicossociais – isolamento, depressão, vergonha, diminuição da
autoestima, problemas conjugais, familiares

4. Incapacidade cognitiva
 Designa o comprometimento das funções encefálicas superiores capaz de
prejudicar a funcionalidade da pessoa;

47
 As alterações nas funções superiores que não apresentam prejuízo na
funcionalidade do paciente não podem ser classificadas como incapacidade
cognitiva;
 Baixo performance nos testes cognitivos; dependência nas AVD;
 Cognição:
 Memória – capacidade de armazenamento de informações;
 Linguagem – capacidade de compreensão e expressão da linguagem oral e
escrita;
 Função executiva – capacidade de planeamento, antecipação,
sequenciamento e monitorização de tarefas complexas;
 Gnosia – capacidade de reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e
táteis;
 Praxia – capacidade de executar um ato motor;
 Função visuoespacial – capacidade de localização no espaço e perceção das
relações dos objetos entre si
 Os 4 “D”s da incapacidade cognitiva
 Delirium;
- aka Estado Confusional Agudo;
- Alteração cognitiva definida por início agudo, curso flutuante,
distúrbios da consciência, atenção, orientação, memória, pensamento,
perceção e comportamento;
- Causas: dor, infeção, medicamentos, hidratação, obstipação, ambiente
(hospitalização);
- Causas reversíveis;
- Tratamentos gerais: corrigir distúrbios hidroeletróliticos e ácidos
básicos; promover a nutrição; retirar contenção; estimular a
mobilidade e a mudança de decúbito; proteger as vias aéreas;
promover a orientação espacial e temporal do doente;
- Tratamento específico: remoção da causa básica/fatores
predisponentes;
 Depressão;
- Distúrbio de natureza multifatorial da área afetiva ou do humor, que
exerce forte impacto funcional e envolve inúmeros aspetos de ordem
biológica, psicológica e social;
- Principais sintomas: humor deprimido, perda de interesse/prazer em
quase todas as atividades;
- Afeta 6-10% da população idosa em Portugal;
- Causas reversíveis;
- Mais no sexo masculino;
 Demência;
- Síndrome caracterizada pela deterioração considerável da cognição,
resultando em problemas comportamentais e em prejuízo nas AVD;
- Declínio cognitivo = abrangente, afetando múltiplos domínios da
capacidade intelectual;
- Prevalência: 1% aos 60 anos e duplica a cada 5 anos, atingindo 30-
50% dos indivíduos por volta dos 85 anos;
48
- Muitas pessoas com demência têm anomalias cerebrais associadas a
mais que uma causa de demência:

- Causas irreversíveis;
- NOTA: ex.: Pessoa perde-se em locais habituais  Pode ser um
sintoma de uma depressão, em vez de demência (possibilidade de
diagnóstico errado);
 Doença mental
- Esquizofrenia, parafrenia, oligofrenia

5. Iatrogenia
 Qualquer alteração patogénica provocada pela prática médica (malefícios
provocados por profissionais de saúde);
 A maior parte resulta do desconhecimento das alterações fisiológicas do
envelhecimento e das peculiaridades da abordagem ao idoso;
 Trata-se uma síndrome geriátrica potencialmente reversível/curável;
 Causas:
 Palavra;
 Silêncio;
 Internamento hospitalar;
 Subdiagnóstico – ex.: envelhecimento imediatamente associado a doença;
 Distanásia – não saber parar; perceber que àquela pessoa não é possível
fazer mais nada, seja em que idade for;
 Iatrofarmacogenia;
 Prescrição de intervenções fúteis e/ou sem comprovação científica;
 Excesso de intervenções reabilitadoras
 Iatrofarmacogenia: intervenção
 Medicina baseada na evidência;
 Sempre que possível usar medidas não farmacológicas;
 Iniciar o com doses menores e aumentar progressivamente;
 Usar o estritamente necessário;
 Definir um supervisor para administrar o medicamento;
 Escolher o esquema terapêutico mais simples possível;
 Filtração glomerular: diminui 40% nas pessoas maiores de 70 anos, mesmo
que os valores de ureia e creatinina sejam normais;
 Maior risco de intoxicação (Diazepan – jovem a vida média de 20h e no
idoso 60h)

49
6. Comunicação
 A possibilidade de estabelecer um relacionamento produtivo com o meio, trocar
informações, manifestar desejos, ideias, sentimentos;
 É através dela que o indivíduo compreende e expressa o seu mundo;
 Visão, audição, fala/voz
 Motricidade oral – desordens de carácter anatomo-morfo-fisiológico dos
órgãos fonoarticulatórios que acarretam um distúrbio de funcionamento
oral;
Respiração bucal; deglutição atípica; disfunção têmporo-mandibular;
disfagia;
 Disfagia – desordem na deglutição que pode ter como causa uma obstrução
mecânica e/ou uma doença neurológica;
 Disfonia – voz alterada, produzida com esforço e que causa desconforto ao
ouvinte e ao falante, dificultando uma comunicação efetiva;

7. Insuficiência familiar
 Família = principal instituição cuidadora das pessoas idosas frágeis, devendo ser
privilegiada nessa função;
 Apoio familiar = reduz o stress, oferece maior segurança e autoestima à pessoa
idosa, estando relacionada com a sua qualidade de vida;
 Cuidador familiar = pessoa que presta cuidados à pessoa idosa que apresenta
dependência em maior/menor grau. As suas tarefas envolvem o acompanhamento
nas AVD, tais como, auxílio na alimentação, higiene pessoal, medicação de rotina
entre outros, auxiliando na recuperação e na qualidade de vida dessa pessoa;
 Ato de cuidar = voluntário e complexo, tomado por sentimentos diversos e
contraditórios como raiva, culpa, medo, angústia, confusão, cansaço, stress,
tristeza, nervosismo, irritação choro;
 Os sentimentos podem ser simultâneos e devem ser compreendidos, fazendo parte
da relação entre o cuidador e a pessoa cuidada;
 Causas da insuficiência familiar:
 A redução da taxa de fertilidade;
 O aumento da participação da mulher no mercado de trabalho;
 A valorização do individualismo;
 Os conflitos intergeracionais

50
Aula T11

Doenças crónicas
 Têm uma ou mais das seguintes características:
 São permanentes;
 Produzem incapacidade/deficiências residuais;
 São causadas por alterações patológicas irreversíveis;
 Exigem uma formação especial do doente para a reabilitação;
 Exigem longos períodos de supervisão, observação ou cuidados
 Doenças crónicas não transmissíveis = doenças multifatoriais que se desenvolvem
no decorrer da vida e são de longa duração;
 Em Portugal
 Hipertensão arterial – é um dos fatores de risco cardiovascular, que afeta
36% dos portugueses entre os 25 e os 74 anos (entre os 65-74 anos =
71,3%);
 Diabetes – afeta 10% dos portugueses com idade entre 25-74 anos,
sobretudo os homens e os grupos etários com mais idade (entre os 65-74
anos = 23,8%);
 Doenças cérebro-cardiovasculares – continuam a ser a 1ª causa de morte,
apesar de se situarem abaixo dos 30% pela 1ª vez;
 Doenças oncológicas – têm tido um aumento significativo

Principais causas de morte em Portugal


1º Doenças do aparelho circulatório (29,7%);
2º Tumores malignos;
3º Doenças do aparelho respiratório

Cancro
 A palavra é utilizada genericamente para identificar um vasto conjunto de doenças
que são os tumores malignos;
 Tumores malignos = são muito diversos, havendo causas, formas de evolução e
tratamentos diferentes para cada tipo. Há, porém, uma característica comum a
todos eles = a divisão e o crescimento descontrolado das células;
 Sintomas que acompanham a maioria dos cancros:
 Nódulo ou dureza anormal no corpo;
 Dor persistente no tempo, que não desaparece com analgésicos;
 Sinal ou verruga que se modifica;
 Perda anormal de sangue ou outros líquidos;
 Tosse ou rouquidão persistente (deve ter especial atenção se for fumador);
 Alteração nos hábitos digestivos, urinários ou intestinais;
 Perda de peso não justificada – a perda de peso sem dieta e sem aumentar a
atividade física deve ser valorizada;
 Rastreios:
 Cancro do colo do útero – entre os 25-60 anos;
 Cancro da mama – realização de mamografia nas mulheres com idades
entre os 50-69 anos;

51
 Cancro colorectal – homens e mulheres entre os 50-74 anos
 Recomendações para mitigar a atual epidemia do cancro:
 Prevenção primária, que promova comportamentos saudáveis –
modificação de estilos de vida e programas de vacinação;
 Prevenção secundária – diagnóstico precoce

Doenças cardiovasculares
 Constituem a causa de morte mais relevante em toda a europa, incluindo Portugal e
englobam um vasto conjunto de situações clínicas, afetando o sistema circulatório
em diferentes localizações;
 Doenças isquémica do coração – enfarte agudo do miocárdio;
 EAM = diminuição/interrupção de forma brusca e grave do fluxo
sanguíneo que irriga o coração e, consequentemente, ocorre a necrose de
uma região do músculo cardíaco por falta de nutrientes e O2;
 Sintomas:
- Dor prolongada no peito, muitas vezes em repouso, que se estende
na direção das costas, do queixo ou do braço esquerdo;
- Arritmia;
- Ansiedade, sudação, falta de força, vómitos
 1 em cada 5 doentes que sofrem um enfarte tem apenas sintomas ligeiros
ou não apresentam nenhum tipo de sintoma;
 Nas mulheres, os sintomas são menos característicos que nos homens,
incluindo a dor abdominal, náusea, vómito, cansaço e falta de ar – por esse
motivo, procuram a ajuda dos profissionais de saúde mais tarde que os
homens;
 As pessoas idosas, em vez de dor, frequentemente, apresentam os
chamados “equivalentes isquémicos”, como dispneia, mal-estar, confusão,
síncope ou edema pulmonar – recorrem ao médico mais tardiamente após o
início dos sintomas;
 Diagnóstico:
- Quadro clínico;
- Alterações do ECG;
- Doseamento de enzimas cardíacas
 Doença cerebrovascular – incluindo o AVC isquémico
 AVC = desenvolvimento rápido de sintomas/sinais clínicos de um distúrbio
focal (ocasionalmente global) das funções cerebrais, com duração superior
a 24 horas ou que conduzam à morte, sem outra causa aparente para além
da vascular;
 AVC isquémico = fluxo interrompido; mais comum; responsável por 80%
dos casos; sintomas surgem de repente e dependem da área afetada;
AIT (acidente vascular transitório) – tipo de obstrução passageira, que não
apresenta lesão neurológica definitiva, nem sequelas; os sintomas são
passageiros;
 AVC hemorrágico = rompimento de um vaso sanguíneo; representa
apenas 20% dos casos; os seus sintomas incluem dor de cabeça muito forte,

52
que surge de repente e pode vir acompanhada de perda de força e
sonolência;
 Sintomas:
- Dificuldade súbita em mexer uma perna ou braço ou ambos os
membros de um dos lados do corpo
- Desvio da boca para um dos lados;
- Dificuldade em falar, com início súbito;
- Perda súbita de visão;
- Diminuição da sensibilidade ou sensação de encortiçamento de uma
perna, de um braço ou de ambos os membros de um dos lados do
corpo
 Diagnóstico:
- Solicitar ao doente para sorrir, levantar os dois braços e repetir uma
frase, ex.: “trinta e três”;
- Tomografia computadorizada ou ressonância magnética
 Fatores de risco cardíaco
 Falta de atividade física;
 Obesidade;
 Tabagismo;
 Níveis séricos elevados de colesterol e triglicéridos;
 Diabetes;
 Períodos prolongados de tensão, frustração ou hostilidade;
 Idade – a incidência aumenta depois dos 30 anos;
 Sexo masculino;
 Uso de contracetivo oral por mulheres com mais de 40 anos

Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares


 Missão:
 Controlo dos fatores de risco modificáveis (hipertensão e dislipidemia);
 Garantir a terapêutica adequada através de um alinhamento
interinstitucional que promova a utilização das vias verdes;
 Melhor o desempenho do INEM;

Metas de saúde até 2020


 Reduzir a mortalidade prematura < 70 anos por doença cerebrovascular – a taxa de
mortalidade padronizada ≤ 8,5% ou número de óbitos ≤ 1000;
 Reduzir a mortalidade prematura < 70 anos por doença isquémica cardíaca – a taxa
de mortalidade padronizada ≤ 9,5% ou número de óbitos ≤ 1000;
 Reduzir a mortalidade intra-hospitalar por EAM para 7% com número de óbitos
anual ≤ 950;
 Incrementar o número de angioplastias primárias no EAM para 470 por milhão de
habitantes;
 Incrementar o número de casos submetidos a terapêutica fibrinolítica ou reperfusão
endovascular no AVC para 1800 casos/ano;
 Reduzir o consumo de sal entre 3-4% ao ano na população, durante os próximos 4
anos – meta comum ao Programa para a Promoção da Alimentação Saudável

53
Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados
 É constituída por um conjunto de instituições, públicas ou privadas, que prestam
cuidados continuados de saúde e de apoio social a pessoas em situação de
dependência, tanto na sua casa como em instalações próprias;
 Cuidados continuados integrados
 = Conjunto de intervenções sequenciais de saúde e/ou de apoio social,
decorrente de avaliação conjunta, centrado na recuperação global entendida
como o processo terapêutico e de apoio social, ativo e continuo, que visa
promover a autonomia, melhorando a funcionalidade da pessoa em situação
de dependência, através da sua reabilitação, readaptação e reinserção
familiar e social;
 Características comuns:
 Dependência permanente moderada ou severa, com presença de várias
incapacidades;
 Associada a uma doença ou multi-patologias;
 Evolução progressiva e oscilante, com grande necessidade de cuidados de
saúde ou sociais;
 Impacto emocional e social na pessoa e no seu meio;
 Tendência a uma elevada necessidade e procura do conjunto dos recursos
da saúde e sociais;
 Grupos alvo:
 Pessoas idosas com dependência funcional;
 Pessoas com doenças crónicas evolutivas e dependência funcional grave
por doença física ou psíquica, progressiva ou permanente;
 Pessoas que sofrem de uma doença em situação terminal;
 Pessoas que sofrem de uma síndrome de demência;
 Pessoas com situações transitórias de dependência
A. Unidades de internamento:
 Unidades de convalescença – até 30 dias; prolongamento mais económico
do cuidado imediato; doentes dependentes por perda transitória de
autonomia; ex.: pós-operatório, doença crónica com descompensação;
 Unidades de média duração e reabilitação – entre 30 a 90 dias; doentes com
uma doença de base aguda/crónica, que se encontram em fase de
recuperação: necessitam continuação de um tratamento ou supervisão
clínica continuada; ex.: AVC, fraturas de fémur;
 Unidades de longa duração e manutenção – mais de 90 dias; pessoas com
doenças/processos crónicos que apresentam diferentes níveis de
dependência e diversos gruaus de complexidade clínica e que não podem
ser atendidas no domicílio por falta de apoio social, dificuldades de apoio
familiar ou descanso familiar; ex.: Alzheimer;
 Unidades de cuidados paliativos – doentes em situação clínica complexa e
de sofrimento; doença severa e/ou avançada, incurável e progressiva
B. Equipas hospitalares
 EGA = Equipas de gestão de altas; verificam se clientes cumprem critérios
dos CCI e se existem vagas;
 EIHSCP = Equipas intra-hospitalares de suporte em cuidados paliativos

54
C. Unidades de dia para cuidados continuados
 Serviços de reabilitação e promoção da autonomia – pessoas doentes
idosas, doentes crónicos que requerem cuidados de apoio integrais e
reabilitação em regime diurno ambulatório durante a permanência no seu
domicílio
D. Equipas domiciliárias
 Equipas de suporte comunitárias em cuidados paliativos (RNCP) – pessoas
com doenças terminais ou doentes crónicos complexos que estejam no
domicílio e não requeiram internamento;
 ECCI = Equipas de cuidados continuados integrados – pessoas idosas, com
doenças crónicas ou terminais e com dependência funcional, que não
possam sair do domicílio e requeiram cuidados continuados periódicos
(saúde e apoio social); ex.: acamados com úlceras de pressão,
pluripatologia…

Rede Nacional de Cuidados Paliativos


 Funciona sob tutela do Ministério da Saúde;

Cuidados Paliativos
 = Cuidados ativos, coordenados e globais, prestados por unidades e equipas
específicas, em internamento ou no domicílio a doentes em situação de sofrimento
decorrente de doença incurável ou grave, em fase avançada e progressiva, assim
como às suas famílias, com o principal objetivo de promover o seu bem-estar e a
sua qualidade de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento físico,
psicológico, social e espiritual, com base na identificação precoce e no tratamento
rigoroso da dor e outros sintomas físicos, mas também psicossociais e espirituais;
 Atualmente, cerca de 40 milhões de pessoas necessitam deles, 78% delas vivem
em países de rendimentos baixos/médios;
 Apenas cerca de 14% das pessoas que precisam deles os recebem;
 Regulamentos excessivamente restritivos negam o acesso a alívio adequado da dor
e outros cuidados paliativos;
 A falta de treino e consciencialização dos profissionais de saúde constitui uma
barreira para melhorar o acesso aos cuidados
paliativos;
 A necessidade global de cuidados paliativos
continuará a aumentar face à carga crescente de
doença não transmissíveis e envelhecimento;
 Os cuidados paliativos precoces reduzem
internamentos desnecessários e o uso de serviços
de saúde;
 Para que sejam verdadeiros cuidados holísticos, devem ser evidentes:
 Comunicação adequada – absolutamente vital, facilita as más notícias,
negação, conluio, perguntas difíceis, reações emocionais;
 Coordenação;
 Controlo sintomático – escada analgésica; o alívio total da dor implica a
atenção para todos os aspetos da dor (física, zanga, depressão, ansiedade);

55
falta de ar, tosse, hemoptise, estridor, dor pleural, náuseas e vómitos,
obstipação, anorexia, diarreia, fraturas, doenças do cuidador)
 Continuidade;
 Formação contínua;
 Apoio aos cuidadores;
 Cuidados especiais na fase de agonia;
 Suporte e apoio emocional;
 Espiritual e religioso;
 Apoio no luto;
 SPIKES = uma estratégia para a partilha de maus prognósticos ou diagnósticos
sérios

 Público-alvo:
 Crianças e adultos com malformações congénitas ou outras situações que
dependam de terapêuticas de suporte de vida e/ou apoio de longa duração
para as AVD;
 Pessoas com qualquer doença aguda grave e ameaçadora de vida, cujo
tratamento diminui a qualidade de vida (ex.: traumatismo grave, leucemia);
 Pessoas com doença crónica progressiva (ex.: neoplasia, insuficiência renal
ou hepática) e independentemente do tratamento com intencionalidade
curativa em curso/instituída;
 Pessoas com doença ameaçadora da vida, que escolheram não fazer
tratamento orientado para a doença;
 Fases:

56
Doentes em fase terminal
 São denominados doentes terminais aqueles doentes sem possibilidades de cura e
que se sabe que a sua morte está próxima;
 “Face às características que conhecemos do doente e da sua doença, é possível
dizer que não irá viver mais de 6 meses”;
 Critérios:
 Presença de uma doença crónica, avançada e incurável;
 Não responde ao tratamento curativo;
 Presença de numerosos problemas ou sintomas, multifatoriais e em
mudança;
 Prognóstico de vida inferior a 6 meses;
 Grande impacto emocional no doente, família e equipa
 Fontes de sofrimento:
 Perda de autonomia e dependência de terceiros;
 Sintomas mal controlados;
 Alterações da imagem corporal;
 Perda de sentido da vida;
 Perda da dignidade;
 Perda de papéis sociais e estatuto;
 Perda de regalias económicas;
 Alterações nas relações interpessoais;
 Modificações de expectativas e planos futuros;
 Abandono;
 Necessidades: biológicas, psicológicas, espirituais, sociais, da família;
 Estádios de Kubler-Ross:
 Os pacientes e as suas famílias normalmente passam pelos mesmos
estádios quando recebem uma má notícia:
1. Negação e isolamento;
2. Raiva;
3. Negociação;
4. Depressão;
5. Aceitação

Fatores que interferem no diagnóstico do doente nos últimos dias/horas de vida


 Relacionados com o doente: idade, diagnóstico de base, trajetória da doença,
estado clínico do doente, processo de adaptação à doença;
 Relacionados com a família: expectativas irrealistas, conspiração do silêncio, grau
de envolvimento nos cuidados;
 Relacionados com o contexto sociocultural: envelhecimento demográfico, negação
social da morte, transculturalidade;
 Relacionados com os profissionais de saúde: fatores pessoais, formação, prática
profissional, sentimentos vivenciados;
 Contexto de prestação de cuidados – hospital de agudos: cultura hospitalar, aspetos
organizacionais, equipa interdisciplinar

57
Morte
 = Perda irreversível da função cerebral, acompanhada dos sinais mais tradicionais;
 Sinais de morte iminente:
 Incapacidade de falar e deglutir;
 Náuseas, flatulência e distensão abdominal;
 Incontinência urinária e fecal;
 Perda de movimento, sensibilidade e reflexos;
 Redução da temperatura corporal, com pele fria e húmida;
 Pulso fraco e irregular;
 PA baixa;
 Respiração ruidosa, irregular ou de Cheyne-Stokes;
 Inquietação e/ou agitação;
 Extremidades e áreas dependentes frias, manchas e cianose;
 Ortotanásia = morte em boas condições, com alívio dos sintomas físicos e
psicológicos que provocam sofrimento;
 Distanásia = morte em más condições, com dor, incómodos e sofrimento. A morte
com mau tratamento da dor e de outros sintomas ou associada a encarniçamento
terapêutico;
 Eutanásia = morte intencionalmente provocada por um profissional de saúde; é
legal: na Noruega, Bélgica, Luxemburgo, alguns estados dos EUA, Canada,
Colômbia; na Suíça, permitido o suicídio assistido;

Testamento vital
 Documento onde o cidadão pode inscrever os cuidados de saúde que pretende ou
não receber e permite também a nomeação de um procurador de cuidados de
saúde;

Processo de morrer – Fatores que facilitam os cuidados de enfermagem


 Comunicação efetiva dos médicos com doentes e as suas famílias;
 Registo pelos médicos das interações que tiveram com pacientes/famílias;
 Viabilidade do enfermeiro solicitar parecer por escrito à equipa multidisciplinar

Processo de morrer – Fatores que dificultam os cuidados de enfermagem


 Falha na comunicação dos médicos com doentes e familiares, especialmente na
comunicação de diagnóstico, prognóstico e definição de condutas;
 Visita de familiares que não conhecem a situação do doente;
 Presença de outros doentes próximo dos doentes terminais na enfermaria,
especialmente se estiverem lúcidos;
 Sobrecarga de trabalho da equipa de enfermagem;
 Falta de integração da equipa multidisciplinar;
 Excesso de atividades burocráticas para os enfermeiros;
 Rotatividade dos profissionais de enfermagem em alguns serviços

Luto = reação emocional a uma perda significativa; processo natural e um modo de


recuperação emocional face à perda

58
Familiares = devem ser tratados como doente secundário, atendendo às suas
necessidades, visto que, muitas vezes, chegam ansiosos, angustiados, agitados e
inseguros ao hospital; deve-se esclarecer as suas dúvidas sobre a doença e medos acerca
da possível morte do familiar.

59
Aula T12

Avaliação global da pessoa idosa


 Objetivo = Conhecer com mais precisão o estado da pessoa idosa e os seus
problemas, possibilitando uma resposta mais completa e adequada dos
profissionais de saúde e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida para a
pessoa idosa;
 O quê = As dimensões física, mental, social e a funcionalidade com o objetivo de
estabelecer e coordenar planos de cuidados, serviços e intervenções, que
respondam aos problemas da pessoa idosa, às suas necessidades e incapacidades;
 Quando?
 Programa (inicial, periódica);
 Em situações de risco (perda/luto, alteração do modo de vida, doença
grave, institucionalização)
 A quem?
 Pessoas idosas > 75 anos;
 Pessoas idosas > 65 anos em situação de risco;
 Pluripatologia e polifarmácia;
 Doença crónica;
 Diminuição da funcionalidade;
 Falta de apoio social;
 Institucionalização
 Vantagens
 A nível individual:
- Complementa a avaliação tradicional, aumentando a precisão do
diagnóstico;
- Determina o grau e a extensão da incapacidade;
- Identifica o risco de declínio funcional;
- Permite a avaliação de riscos no estado nutricional;
- Orienta para a escolha de medidas que visam restaurar e preservar a
saúde;
- Identifica fatores que predispõem à iatrogenia e permite a sua
prevenção;
- Estabelece parâmetros para o acompanhamento das pessoas idosas;
- Orienta para mudanças e adaptações no ambiente em que a pessoa
vive;
- Estabelece critérios para indicação de internamento da pessoa idosa
 A nível da sociedade:
- Fornece dados precisos para estudos clínicos;
- Identifica populações em risco;
- Permite o investimento em saúde e qualidade de vida;
- Ajuda no planeamento de ações políticas e de saúde
 Por quem? Equipa multidisciplinar; deve incluir: médico, enfermeiro, técnico de
serviço social e fisioterapeuta;
 Deve incluir:

60
 Avaliação clínica: exame clínico e exames complementares de diagnóstico;
 Avaliação física: capacidade física, marcha e equilíbrio e estado
nutricional;
- Visão
ο Perguntar à pessoa idosa se sente dificuldade para ler, ver
televisão, conduzir ou para executar qualquer outra atividade da
vida cotidiana;
ο As respostas positivas devem ser avaliados com o cartão de
Jaeger a uma distância de 35cm com os seus óculos ou lentes
habituais;
ο Fazer o teste com cada olho individualmente e em seguida em
conjunto;
ο Resultados no nível 20/40 serão considerados sem disfunção
- Audição – Teste do sussurro
ο A uma distância de aproximadamente 33 cm, fora do campo
visual da pessoa idosa, sussurrar uma frase simples como
“como se chama?”;
ο Fazê-lo em ambos os ouvidos separadamente;
ο Caso a pessoa idosa não responda, examinar o canal auditivo
para verificar a presença de obstáculos
 Avaliação mental: cognitiva e afetiva;
- MEEM – Mini Exame do Estado Mental
Avaliação simples e rápida;
Consiste em dizer o nome de três objetos à pessoa idosa, solicitar
que ela os repita imediatamente e três minutos depois;
A incapacidade de relembrar os nomes indica a necessidade de
realização do teste completo (Pontuação total = 30 pontos. As notas
de corte sugeridas são: analfabetos = 19; 1 a 3 anos de escolaridade
= 23; 4 a 7 anos de escolaridade = 24; > 7 anos de escolaridade =
28);
- A combinação do MEEM com o Questionário de Pfeiffer indicam
uma maior especificidade para a medida de declínio cognitivo mais
grave;
 Avaliação funcional: autonomia e independência;
 Avaliação social: família, habitat, recursos económicos e rede social
 Instrumentos – simplicidade, fiabilidade, validade, de execução fácil, pouco
demorados, bem aceites pela pessoa idosa

Avaliação da saúde mental


 Avaliação do humor
 “O(a) Sr.(a) sente-se triste ou desanimado(a) frequentemente (com ênfase
no frequentemente)?”  Deteta a maior parte dos casos de depressão;
 Resposta positiva = deve ser avaliada com a Escala de Depressão
Geriátrica, onde um score de 5 ou mais sugere depressão de significância
clínica;

61
 Escala de Depressão Geriátrica = questionário de 15 perguntas com
respostas dicotómicas (sim/não) que avalia como a pessoa idosa se tem
sentido durante a última semana; não substitui uma entrevista de
diagnóstico com profissionais da área da saúde mental; é uma ferramenta
útil de rastreio para facilitar a avaliação da depressão em pessoas idosas

Avaliação da mobilidade
 Função dos MMSS;
 Função dos MMII;
 Avaliação de equilíbrio e marcha – através do protocolo de Mary Tinneti, 1986 –
quanto menor a pontuação maior o problema (< 19 indica um risco de queda 5
vezes maior)

Avaliação funcional

 Índice de Barthel, 1965


 Escala de Lawton e Brody (AIVD)
 Instrumentos de avaliação multidisciplinar
 OARS
- Old Americans Resources and Services
- Instrumento de avaliação multidimensional, desenvolvido para
avaliar a capacidade funcional em 5 áreas: recursos socias e
económicos, saúde mental e física e AVD;
- Permite ainda averiguar acerca da necessidade e da utilização de um
conjunto de serviços
 EASY Care
- Elderly Assessment System
- Instrumento de avaliação multidimensional, desenvolvido para
avaliar as necessidades dos idosos a nível social e de saúde;

62
- Integra numa só escala, itens relativos às várias dimensões da
qualidade de vida e bem-estar do idoso

O que fazer quando o rastreio da pessoa idosa é positivo?

Lembrar o cuidador!
 80% dos cuidados prestados a pessoas idosas são informais/gratuitos;
 O elevado stress do cuidador está correlacionado com o aumento do risco de
institucionalização, mortalidade do cuidador, abuso e negligência;
 A educação e apoio ao cuidador = fundamentais para manter o doente em casa e
seguro;
 Aplicação da Zarit Caregiver Burden Interview
 Avaliar o stress do cuidador de idosos com dificuldade no desempenho das
ATV;
 Entrevista deve ser realizada com o cuidador principal e na ausência do
idoso;
 Lista de afirmações que refletem como as pessoas, algumas vezes, se
podem sentir quando cuidam de outra pessoa;
 Depois de cada afirmação, deve ser indicado com que frequência o
cuidador se sente em relação ao que se pergunta (nunca, raramente,
algumas vezes, frequentemente ou sempre)

63
 Scores altos indicam stress dos cuidadores e, nestes casos, a equipa deve
discutir o planeamento das intervenções mais adequadas

64
Preparar o corpo para a morte
 Objetivo = garantir que o corpo apresenta aparência natural;
 Material:
 Luvas não esterilizadas;
 Lençol;
 Bata descartável (de acordo com as normas do serviço);
 Saco de sujos – um branco (risco biológico), um preto (comum) e um
vermelho (anatómico/sangue); contentores – objetos cortantes;
 Saco de roupa suja;
 Fralda descartável;
 Algodão/compressas;
 Adesivo;
 Ligaduras;
 Material para higiene do corpo (água, toalhetes ou esponja de banho,
compressas e toalhas);
 Etiquetas de identificação;
 Lista dos objetos pessoais;
 Tesoura de pontas redondas;
 Pente/escova de cabelo
 Adotar atitudes e comportamentos, tanto passivos como ativos, adequados à
manifestação de respeito e com a maior dignidade e sensibilidade
 Proporcionar à família a oportunidade de ver o corpo – forma de despedida. Deve-
se: preparar e arrumar o quarto, para minimizar a intensidade da experiência;
adequar a iluminação – a iluminação mais ténue suaviza os traços – e proporcionar
cadeiras; assistir os familiares e despender o tempo necessário à família em luto. A
família também pode querer participar nos cuidados ao corpo;
 Ter em conta os aspetos relacionados com as Crenças, a Fé, a Religião e a
Espiritualidade – da pessoa que morreu e da sua família.
 Se existem indícios legais para doação de órgãos, devem ser imediatamente
tomadas as medidas adequadas.
 A preparação do corpo deve ser iniciada com a maior brevidade possível e
executada com o melhor, para se evitarem danos nos tecidos, tendo em conta as
alterações fisiológicas do corpo após a morte
 Livor mortis
 60-90 após a morte;
 Aparecimento de manchas arroxeadas/azuladas na pele devido à rutura dos
glóbulos vermelhos – associado ao efeito da gravidade sobre o sangue;
 Colocar uma almofada sob a cabeça de forma a preveni-lo
 Algor mortis
 Redução gradual da temperatura do corpo, com consequente perda de
elasticidade cutânea
 Rigor mortis
 Rigidez do corpo resultante da contração dos músculos por falta do
trifosfato de adenosina;
 Inicia-se 2-4 horas após a morte;

65
 Primeiro, músculos do maxilar e progride até aos pés, estando completo
após 6-8 horas da morte;
 Desaparece após 96 horas

» VER PROCEDIMENTO CUIDADOS PÓS-MORTEM «

66
Violência
 Uso intencional de força física/emocional/social ou poder, ou como ameaça contra
si próprio, outra pessoa, um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tem grande
probabilidade de resultar em ferimentos, mortes, danos psicológicos,
desenvolvimento prejudicado ou privação;
 NOTA: Unidade responsável por conhecer os seus indivíduos e as suas famílias:
USF. Caso não haja: UCP

Violência Física
 Qualquer comportamento que implique agressão física, por exemplo, crimes de
ofensa à integridade física, maus tratos físicos, sequestro, intervenções e
tratamentos médicos arbitrários;
 Sinais de possível violência física:
 Lesões sem explicação como feridas, arranhões, nódoas negras ou
cicatrizes recentes;
 Fraturas ósseas, luxações ou rutura de ligamentos;
 Relato de excesso de medicamentos ou aparente incapacidade para aderir à
terapêutica (as embalagens estão mais cheias do que o esperado);
 Lentes ou armações de óculos partidas;
 Sinais de ter sida amarrado, isto é, marcas de cordas nos pulsos

Violência Psicológica/Verbal
 É a segunda causa mais comum de violência sobre pessoas idosas, imediatamente
a seguir à negligência;
 Provocar intencionalmente na pessoa idosa dor, angústia através de ameaças,
humilhações ou intimidação de forma verbal ou não verbal, por exemplo, insultos,
ameaças, humilhação, intimidação, isolamento social, proibição de atividades;
 Sinais de possível violência psicológica/verbal:
 A pessoa idosa encontra-se emocionalmente perturbada;
 Aparenta isolamento;
 Insónias;
 Medo das outras pessoas;
 Depressão não habitual;
 Manifesta uma recusa inexplicável em participar nas atividades normais;
 Depreciação e/ou ameaças por parte dos membros da família

Violência Sexual
 Violência na qual o agressor abusa do poder que tem sobre vítima para obter
gratificação sexual, sem o seu consentimento, sendo induzida ou obrigada a
práticas sexuais com ou sem violência;
 Sinais de possível violência sexual:
 Nódoas negras nos seios ou genitais;
 Doenças venéreas ou infeções genitais inesperadas;
 Hemorragia genital ou anal sem explicação;
 Roupa interior rasgada, manchada ou com sangue

67
Negligência e Abandono
 É o ato de omissão de auxílio do responsável pela pessoa idosa em providenciar as
necessidades básicas, necessárias à sobrevivência;
 Ex.: crime de omissão de auxílio e não providenciar acesso a cuidados de saúde;
 Sinais de possível Negligência e Abandono:
 Perda de peso, má nutrição, desidratação;
 Falta de condições de higiene do quarto;
 Encontrar-se sujo ou sem ter tomado banho;
 Roupa ou agasalhos inadequados para a estação do ano;
 Falta de condições de segurança da habitação (aquecimento, material
elétrico sem proteção);
 Desaparecimento do idoso em local público

Violência Financeira/Económica
 Qualquer prática que visa a apropriação ilícita do património de uma pessoa idosa
e pode ser realizada por familiares, profissionais e instituições;
 Práticas de violência financeira/económica:
 Forçar a pessoa a assinar um documento, sem lhe explicar para que fim se
destina;
 Forçar a pessoa idosa a celebrar um contrato ou a alterar o seu testamento;
 Forçar a pessoa idosa a fazer uma procuração ou ultrapassar os poderes de
mandato;
 Tomar decisões sobre o património de uma pessoa sem a sua autorização;
 Mudanças suspeitas de beneficiários de testamentos, seguros ou de bens;
 Forçar a pessoa idosa a fazer uma doação

Violência Doméstica
 Infligir, de forma continuada ou não, maus tratos físicos ou psíquicos, a pessoa
particularmente indefesa em razão da sua idade ou dependência económica que
consigo coabite;
 Ex.: castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais;
 O crime de violência doméstica é público, isto é, qualquer pessoa que saiba ou
suspeite que uma pessoa idosa está a ser vítima deste crime tem a obrigação de
denunciar;
 Local onde ocorrem os maus tratos:
 Na casa do próprio idoso;
 Na casa do possível agressor;
 Na rua;
 Nas instituições de longa permanência
 Situações de risco para atos de violência
 Dependência física – sem condições de desenvolver as suas AVD;
 Dependência psíquica – associada a transtornos mentais;
 Dependência emocional – associada a carência afetiva;
 Isolamento social da pessoa idosa
 Riscos associados

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 Ao agressor:
- É principalmente o filho;
- Único cuidador;
- Vive na mesma casa que a pessoa idosa;
- É financeiramente dependente da pessoa idosa;
- É consumidor de álcool e/ou drogas;
- Vínculos afetivos fragilizados;
- Submete o idoso a isolamento social;
- É agressivo nas suas relações familiares;
- Foi vítima de violência perpetrada pelo idoso;
- Foi vítima de violência doméstica
 A questões estruturais:
- Baixos rendimentos;
- Discriminação etária;
- Não cumprimento das leis que protegem os idosos
 A questões institucionais:
- Profissionais sem competências na área;
- Baixos salários;
- Sobrecarga de trabalho ou número insuficiente de profissionais;
- Escassez de recursos materiais;
- Normas de funcionamento inadequadas;
- Falta de controlo e fiscalização

Prevenção da violência contra a pessoa idosa


 Detetar situações e fatores de risco e efetiva intervenção;
 Intervenções:
 Consciencialização dos profissionais – diagnóstica violência;
 Trabalho multiprofissional e interdisciplinar em equipa;
 Partilhar a tomada de decisão;
 Proceder de maneira cuidadosa para evitar expor a pessoa idosa a maior
risco;
 Suporte e orientação familiar;
 Cuidador integral

Recomendações
 Aos profissionais:
 Avaliar periodicamente o nível de dependência da pessoa nas suas AVD
(quanto maior a dependência, maior será o risco da ocorrência de
violência);
 Incentivar que os idosos participem em atividades sociais e lazer;
 Detetar situações e fatores de risco e a efetiva intervenção;
 Criar uma relação de confiança e recetividade – profissional e idoso para
propiciar um diálogo aberto face às possíveis situações de violência;
 Orientar os familiares sobre o processo do envelhecimento
 Às pessoas idosas:

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 Ter amigos que o possam visitar;
 Participar em atividades físicas, sociais e da comunidade (ex: centros de
convivência, voluntariado…)
 Ter o controlo do seu cartão bancário, não fornecendo o código a estranhos
ou a pessoas que não dão a sua confiança;
 Ter alguém a quem recorrer quando se sentir maltratado
 À família e sociedade:
 Sensibilizar e consciencializar a família e a sociedade quanto a violência
praticada contra a pessoa idosa através de campanhas educativas, média e
materiais educativos;
 Educar a sociedade sobre o processo de envelhecimento

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