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POP N°: 055

PROCEDIMENTO
Data Emissão: 26/10/2017
OPERACIONAL
Data da revisão:
PADRÃO
Revisão nº:
ESTREPTOCOCOS GRUPO B Página 1 de 15

DEFINIÇÃO:

O estreptococo do grupo B (EGB) ou Streptococcus agalactiae é um diplococo gram positivo


encapsulado, e um conhecido agente de infecções perinatais desde a década de 1970. Em um
estudo multicêntrico realizado nos Estados Unidos compreendendo 52.406 nascimentos, o EGB
foi o agente de sepse neonatal precoce mais freqüente, seguido pela Escherichia coli. No Brasil,
o estreptococo do grupo B também é um dos agentes mais freqüentemente isolados em
infecções neonatais precoces.

Vários fatores de risco para infecção neonatal foram identificados, sendo a colonização materna
no momento do parto o mais importante, aumentando o risco em cerca de 200 vezes.
Aproximadamente 25% dos casos de sepse precoce por EGB ocorrem em recém-nascidos
prematuros. No entanto, a taxa caso-fatalidade é maior em prematuros do que nos recém-
nascidos a termo com taxa de mortalidade oito vezes maior. A prematuridade é considerada um
fator de risco independente para sepse precoce por EGB, e a razão de risco dobra para cada
três semanas de redução na idade gestacional, chegando a 20 para recém-nascidos com
menos de 28 semanas. O risco relativo estimado de doença neonatal em prematuros varia de
1,5 a 4,8 e é inversamente proporcional à idade gestacional.

O RN de mãe colonizada, principalmente o pré-termo, é mais suscetível (10 a 15 vezes mais) a


desenvolver a doença invasiva precoce. Entretanto, somente 1% a 2% dos filhos de mulheres
com cultura vaginal e/ou retal positiva apresentam sepse neonatal precoce. Esta frequência é
consideravelmente maior se houver a presença de um ou mais fatores de risco materno.
Segundo publicações da American Academy of Pediatrics (AAP), do American College of
Gynecologists and Obstetricians (ACGO) e Centers for Diseases Control and Prevention (CDC)
(1996 e 2002), os fatores de risco mais importantes incluem: história prévia

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de irmão com doença invasiva por EGB, bacteriúria por EGB durante a gestação, trabalho de
parto com idade gestacional inferior a 37 semanas, ruptura de membranas igual ou superior a
18 horas ou temperatura intra parto igual ou maior que 38ºC.

A rotura das membranas, geralmente, é uma das causas pelo parto prematuro e aumenta os
riscos de complicações bacterianas como evidenciado por vários estudos na literatura.

A prevenção intra parto de infecção fetal e neonatal tem sido preconizada nas mães com
suspeita clínica de infecção. Os estudos sobre a prevenção de sepse por GBS em recém-
nascidos por meio da antibioticoterapia intra parto e puerperal mostram resultados positivos na
prevenção efetiva da infecção nos casos de bolsa rota por tempo superior a 18 horas e nos
casos de trabalho de parto prematuro em mães colonizadas pelo GBS.

A mais recente atualização de 2010 está baseada nas evidências existentes de prevenção
perinatal por GBS e reforça as recomendações de screening universal no terceiro trimestre de
gestação, uniformiza os métodos laboratoriais para detecção do GBS, padronizadas a dose do
antimicrobiano profilático e atualiza as recomendações para prematuros e neonatos em risco de
infecção precoce.

A principal medida para prevenção da infecção neonatal por Streptococcus do grupo B é


identificar e tratar profilaticamente as gestantes.

A maior relevância, da infecção por S. agalatiae, são os quadros graves de septicemia e


meningite das crianças durante os períodos neonatais e perinatal, além da ocorrência de partos
prematuros ou nascimentos de crianças de termo com baixo peso corporal.

recém-nascidos, principalmente prematuros, nascidos de mães colonizadas por S. agalactiae, e


provavelmente infectadas ainda, no útero podem estar criticamente doentes ao nascer, tendo
um prognóstico reservado e uma mortalidade de 15 a 20%.

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como pré-termo toda criança nascida antes de
37 semanas. Sendo assim, inclui todo recém-nascido (RN) vivo com menos de 37 semanas
completas de gestação (<259 dias), contadas a partir do primeiro dia do último período
menstrual.

Nos dias atuais, os fatores de risco para prematuridade vêm sendo discutidos com frequência
entre os profissionais e as instituições de saúde com a finalidade de transformar tal realidade,
ampliando e focalizando a assistência à tríade mãe/filho/família.

Autores descrevem que, entre os fatores de risco fisiológicos relacionados à prematuridade,


acham-se envolvidas também dimensões sociais, políticas e institucionais, e que a noção de
risco individual passa por uma nova compreensão: a de vulnerabilidade social.

A prematuridade pode ser classificada, segundo sua evolução clínica, em eletiva ou


espontânea. Na prematuridade, a gestação é interrompida em virtude de complicações
maternas (por exemplo, doença hipertensiva, descolamento prematuro de placenta, placenta
prévia, infecções, etc.) e/ou fetais (por exemplo, restrição do crescimento fetal ou sofrimento
fetal), em que o fator de risco é, geralmente, conhecido e corresponde a 25% dos nascimentos
prematuros.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o parto prematuro ocorre com menos
de 37 semanas completas de idade gestacional (como já citado anteriormente) e um dos
grandes problemas não-solucionados é sua incidência, que se tem mantido estável ao longo dos
anos, apesar dos esforços desenvolvidos para sua prevenção. Os prematuros apresentam
deficiências imunológicas próprias, pois a passagem de anticorpos maternos geralmente ocorre
após 32 semanas de idade gestacional e a capacidade de opsonização e fagocitose são muito
baixas no período neonatal. Apesar de existirem muitas causas não-infecciosas de parto
prematuro, sempre deve ser considerada a etiologia bacteriana.

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OBJETIVO:

Reduzir a morbi-mortalidade neonatal precoce com protocolo de condutas e manejo para o


cuidado do recém-nascido (RN) prematuro com ênfase nos cuidados relacionados a infecções
maternas por Strepto B.
RESPONSABILIDADE:
• Obstetra
• Neonatologista
• Enfermeiro
FATORES DE RISCOS:

Cultura para EGB positiva:

- RN prévio acometido por EGB.

- Bacteriúria por EGB nesta gestação.

- Diagnóstico de gestação anterior com EGB, mesmo com cultura de secreção vaginal atual
negativa.

Cultura desconhecida:

- Trabalho de parto ou ruptura prematura das membranas ovulares com menos de 37 semanas
(antibiótico por 48 horas).

- Febre materna igual ou superior a 38°C.

- Coleta para Estreptococo do Grupo B:

- Triagem universal entre 35-37 semanas de gestação.

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- Rastreamento para todas as gestantes internadas por trabalho de parto prematuro

(Coleta de Swab vaginal e anal para pesquisa do STREPTOCOCO DO GRUPO B).

Quimioprofilaxia intra parto indicada:

• RN anterior com doença invasiva por EGB.


• Cultura positiva na gestação atual (exeto parto cesarea eletivo, ausência de trabalho de
parto ou RPMO.
• Bacteriúria por Strepto na gestação atual.
• Cultura desconhecida para EGB (não realizada ou desconhecida) em qualquer das
cituações abaixo:

Bolsa rota por mais de 18 horas.

Febre materna igual ou superior a 38°C

Parto < 37 semanas.

Quimioprofilaxia intra parto não indicado:

• Gestação anterior com cultura positiva para EGB (A menos que cultura seja positiva
também nesta gestação).

• Parto cesárea eletivo em gestação de termo realizado na ausência de RPMO e antes do


inicio do trabalho de parto independente do resultado da cultura para EGB.
• Cultura retal e vaginal negativa para EGB durante a gestação atual (com validade de 5
semanas), independente de fatores de risco intra parto.

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Tratamento (Antes do parto):

Primeira opção:

- Penicilina-cristalina = 5 milhões inicial e 2,5 milhões EV 4/4 horas até o parto.

Segunda opção:

- Ampicilina = 2g inicial e 1g EV 4/4 horas até o parto.

Baixo risco de anafilaxia:

- Cefazolina = 2g iniciais e 1g EV 8/8 horas até o parto.

Alto risco de anafilaxia e EGB sensível:

- Clindamicina = 900mg EV 8/8 horas até o parto.

Alto risco de anafilaxia e SGB resistente:

- Vancomicina = 1g EV de 12/12 horas até o parto.

Algoritmo revisado para abordagem Neonatal:

Profilaxia adequada:

• ≥4 horas antes do parto IV penicilina, ampicilina ou cefazolina.


• Todos os outros antibióticos ou duração devem ser considerados inadequados para a
abordagem neonatal.

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Objetivo:

-Reduzir a avaliação desnecessária e antibióticos em RN’s com baixo risco de sepse precoce
pelo EGB e partos prematuros.

- Prevenir doença estreptocócica neonatal.

- Aplicado a todos RN.

- Abordagem baseada em sinais clínicos, fatores de risco e adequada profilaxia materna.

- Checar coleta Strepto - B materno, se positivo, conferir quimioprofilaxia


CUIDADOS ESPECIAIS:
• Realizadas reuniões mensais pelas equipes neonatais e obstétricas para análise dos
casos onde a profilaxia foi inadequada.

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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações


Programáticas Estratégicas.Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção
qualificada e humanizada. Brasília-DF, 2006.

2. Vasconcelos MGL, Leite AM, Scochi CGS. Significados atribuídos à vivência materna como
acompanhamento do recém-nascido pré-termo e de baixo peso. Rev. Bras. Sáude Mater. Infant.
2006, 6(1).

3. Ramos HAC, Cuman RKN. Prematuridade e fatores de risco. Esc Anna Nery. Rev Enferm,
2009 13 (2): 297-304.

4. Perroni AG, Bittar RE, Fonseca ESB, Messina ML, Marra KC, Zugaib M. Prematuridade
eletiva: aspectos obstétricos e perinatais. Rev Bras Ginecol Obstet. 1999;10(2):67-71.

5. Miura E, Martin MC. Group B streptococcal neonatal infections in Rio Grande do Sul, Brazil.
Rev Inst Med Trop São Paulo. 2001;43(5):243-6.

6. Pessoa-Silva CL, Richtmann R, Calil R, Santos RM, Costa ML, Frota AC, et al. Healthcare-
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2004;25(9):772-7.

7. Benitz WE, Gould JB, Druzin ML. Risk factors for early-onset group B streptococcal sepsis:
estimation of odds ratios by critical literature review. Pediatrics. 1999;103(6):e77. Streptococcal
Disease: a public health perspective. MMWR 1996; vol 45 (No.RR-7).

8. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Diminishing racial disparities in early-
onset neonatal group B streptococcal disease--United States, 2000-2003.. MMWR Morb Mortal

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Wkly Rep. 2004;53(23):502-5.

9. Rocha JES, Tomaz ACP, Rocha DB, Bezerra AF, Lopes ALC, Breda AMO, et al. Morbidade
materna e morbimortalidade perinatal associada à infecção ascendente na rotura prematura das
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10. Mercer BM, Rabello YA, Thurnau GR, Miodovnik M, Goldenberg RL, Das AF, et al. The
NICHD-MFMU antibiotic treatment of preterm PROM study: impact of initial amniotic ? uid
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11. CDC. Prevention of Perinatal Group B Streptococcal Disease Revised Guidelines from CDC,
2010. MMWR 2010;59(RR-10):1-27.

12. Boyer KM, Gotoff SP. Prevention of early-onset neonatal group B streptococcal disease with
selective intrapartum chemoprophylaxis. N Engl J Med. 1986;314:1665-9.

13. Schrag SJ, Zell ER, Lynfield R, Roome A, Arnold KE, Craig AS, et al. A populacion-based
comparision of strategies to prevent early-onset group B streptoccal disease in neonates. N Engl
J Med. 2002;347:233-9.

14. Borger, Irina L.. Estudos da Colonização por Streptococcus agalactiae em Gestantes
Atendidas na Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Niterói : s.n.,
2005.

15. International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems. 2ªEdição.
Geneva : World Health Organization. Vol. II.)

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POP N°: 055
PROCEDIMENTO
Data Emissão: 26/10/2017
OPERACIONAL
Data da revisão:
PADRÃO
Revisão nº:
ESTREPTOCOCOS GRUPO B Página 10 de 15

CONTROLE DE REVISÃO
Data Revisão Motivo
26/10/2017 00 Edição do documento

Elaborado:
Data:
Andréa Savietto (Ed. Continuada) Coren: 0107522 26/10/2017

Elaborado:
Data:
26/10/2017
Dr. Jarbas Tortato CRM: 57052 (Coordenador da GO/Obstetrícia)
Elaborado:
Data:
26/10/2017
Dra. Mayla B. F. do Prado – CRM: 92741 Coordenadora UTI Neo
Data:
Dra. Adriana Feltrin CRM: 95552 (Infectologista)
26/10/2017

Autorizado
Data:
Aparecida Valéria Quadros - COREN: 115.029 – (Gerente de Enfermagem)
26/10/2017

Autorizado
Data:
26/10/2017
Maria Ap. Medeiros Barros do Prado - Diretora Administrativa
Aprovado: Gustavo Berbel Faidiga - CRM: 112.622 - Diretor Técnico Data:
26/10/2017

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ANEXO 01

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ANEXO 02

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ANEXO 03

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ANEXO 04
USO DA NEONATOLOGIA
QUIMIOPROFILAXIA MATERNA
o Adequada
o Inadequada
Qual:

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