O estreptococo do Grupo B (EGB) é um diplococo gram-positivo
que pode colonizar o trato gastrointestinal, a vagina ou a uretra, de forma assintomática, da mesma forma em países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Pode estar presente de forma transitória, intermitente ou crônica. Não existe diferença em relação à frequência da colonização quando comparamos mulheres gestantes durante as várias fases da gestação e as não gestantes. Esta bactéria é identificada através de um exame que se chama Swab (coleta de secreção vaginal e retal com cotonete que é colocado em meio de cultura para posterior avaliação), este exame é solicitado por alguns profissionais quando a mulher se encontra com 35 a 37 semanas de idade gestacional. Atualmente no Brasil não há consenso sobre as práticas de coleta, bem como tratamento de mulheres com estreptococo do Grupo B, pois não existem estudos locais que demonstrem a prevalência da doença bem como o custo-benefício (redução de infecções) com o tratamento. O Streptococcus agalactiae foi identificado nos anos 60, nos Estados Unidos da América (EUA) e emergiu como a principal causa infecciosa de morbidade e mortalidade precoce na década de 1970 permanecendo ainda hoje como a principal causa de sepse de origem materna nesse país. Ele também pode ser causa de infecção na gestante (15%), o que ocasiona várias complicações como corioamnionite (infecção nas membranas da bolsa amniótica), endometrite (infecção do útero), infecção do trato urinário e da cirurgia. A prevalência de colonização materna pelo EGB é influenciada pelo local da coleta, período da gravidez em que esta foi realizada, raça, idade (quanto menor a idade, maior é o risco), paridade (quanto menor a paridade maior a chance de colonização) e nível sócio-econômico. Segundo o Ministério da Saúde (MS) apenas 1:2000 recém-nascidos têm a infecção pelo estreptococo do grupo B geralmente evidenciada como doença respiratória, sépsis ou meningite na primeira semana de vida, com maior incidência e letalidade em recém-nascidos com idade gestacional inferior a 37 semanas. A infecção é transmitida pela mãe durante a passagem pelo canal de parto. A forma de prevenção desta contaminação pelo bebê utilizada atualmente têm sido o uso de antibiótico durante o trabalho de parto e parto, mais comum a Penicilina, porém, devido ao baixo índice infecções graves têm se discutido o uso de antibióticos para todas as gestantes com resultado positivo, pois segundo o MS, usar antibiótico para todas poderia ser perigoso pelos efeitos colaterais, pela indução de aumento da resistência antimicrobiana e por não ser um procedimento custo-efetivo, uma vez que em estudo de revisão recente do Cochrane (OHLSSON;SHAH, 2009) que avaliou o uso de antibiótico para prevenção durante o trabalho de parto e parto, não houve evidência de benefícios nos desfechos para os bebês e mães, que recomendem o uso desta prática. A mortalidade de bebês por esta doença e a mortalidade neonatal por todas as causas não diminuíram de forma significativa, assim como as mortes por sépsis por outras bactérias que não o estreptococo B. Em relação às infecções maternas também não houve redução significativa no grupo tratado. A conclusão é a de que no momento não há evidências suficientemente boas que suportem o uso preventivo de antibióticos durante o trabalho de parto e parto, para reduzir a doença e a mortalidade causada pelo estreptococo B (grau de recomendação A – nível de evidência I) (OHLSSON; SHAH, 2009. Desta forma não há recomendação nacional para a coleta deste exame. Alguns pesquisadores mesmo diante dos fatos descritos mantém uma postura mais conservadora, mesmo diante das orientações do MS, e recomendam o uso de antiobiótico preventivo nos seguintes casos: “ - Bacteriúria (presença de infeção urinária) pelo EGB em qualquer época da gestação; - Gestante com filho anterior com doença invasiva pelo EGB; - Gestante com resultado de cultura positiva para EGB: Parto vaginal: Realizar a antibiótico a partir do início do trabalho de parto e repetir a cada 4 horas até o nascimento. Parto cesáreo com trabalho de parto: realizar 4 horas antes e no momento da cesárea. - Gestantes com culturas não realizadas, inconclusivas ou resultado desconhecido, mas com fatores de risco: rompimento da bolsa ≥18 horas, parto com Idade Gestacional < 37 semanas, temperatura materna ≥38°C durante o trabalho de parto e parto.” E a pesquisa para o estreptococo do Grupo B é indica nos seguintes casos: “- Nos casos de trabalho de parto prematuro, rotura da bolsa, cerclagem (procedimento em que se “costura” o colo do útero para evitar o abortamento), deve-se colher cultura quando ocorrer a internação no hospital se a mesma não tiver resultado prévio; - Gestante com mais que 22 semanas de idade gestacional e que necessite de internação hospitalar por risco de trabalho de parto prematuro;” O uso de antibiótico devido a resultado positivo para o EGB em gestação anterior; cesárea planejada sem de trabalho de parto ou rompimento da bolsa com IG ≥ 37 semanas, resultado negativo 5 semanas antes do parto, independente dos fatores de risco, é contra-indicado.
Bibliografia:
- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012.
- COSTA, H.P.F. Prevenção de doença perinatal pelo estreptococo do Grupo B. Sociedade
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