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Graça Cosme
Puerpério
03 de Outubro de 2022
Lichinga
Graça Cosme
Número
Turma
Puerpério
03 de Outubro de 2022
Lichinga
Introdução
O puerpério, tempo de seis a oito semanas após o parto, didaticamente, pode ser
dividido em três períodos, sendo: imediato (1º ao 10º dia), tardio (11º ao 45º dia) e
remoto (a partir do 45º dia). No puerpério ocorrem modificações internas e externas,
configurando-se como um período carregado de transformações psíquicas, onde a
mulher continua a precisar de cuidado e proteção.
Assim, a mulher, durante o período puerperal, precisa ser atendida em sua totalidade,
por meio de uma visão integral que considere o contexto sociocultural e familiar. Os
profissionais de saúde devem estar atentos e disponíveis para perceber e atender as reais
necessidades apresentadas por cada mulher, qualificando o cuidado dispensado.
A partir de então, o puerpério passou a ser incluído como período que merece atenção
especial dos serviços de saúde. Pontua-se que a atenção puerperal de qualidade e
humanizada é essencial para a saúde materna e neonatal. E para tal, torna-se preciso um
olhar abrangente sobre processo saúde/doença, valorizando os aspectos subjetivos
envolvidos na atenção, o estabelecimento de novas bases para o relacionamento entre os
sujeitos envolvidos na produção de saúde, e a construção de uma cultura de respeito aos
direitos humanos.
Assistência ao puerpério
Destaca-se, também, que são inegáveis as repercussões negativas de uma morte materna
para o recém-nascido e para os outros filhos, além da família como um todo, tendo em
vista os importantes papéis que a mulher desempenha na instituição familiar.
O final do puerpério não é tão bem definido, sendo muitas vezes descrito como seis a
oito semanas após o parto, período em que as modificações anatómicas e fisiológicas do
organismo materno, em especial do seu aparelho reprodutor, são marcadamente notadas:
Dextrodesvi;
Consistência firme e gradual involução uterina;
Regeneração endometrial;
Alongamento do colo uterino com retomada gradativa de imperviedade;
Crise vaginal pós-parto (descamação atrófica de seu epitélio) acompanhada por
processo de ressurgimento e tónus de suas paredes.
Manifestações Clínicas
Temperatura;
Dor abdominal;
Lóquios;
Aparelho urinário;
Aparelho digestivo;
Alterações psíquicas;
Mamas.
Assistência no puerpério
Inibir a lactação da puérpera, com diagnóstico de infecção pelo HIV, logo após o
parto. A inibição da lactação pode ser conseguida com compressão das mamas
com atadura, imediatamente após o parto, sem restringir os movimentos
respiratórios e causar desconforto materno. Recomenda-se ainda a utilização de
hexahidro-benzoato de estradiol (o Benzoginoestril AP), 2 ampolas de 5mg (1
ml); ou o hidrogenomaleato de lisurida (o Dopergin), 0,2mg, 1 comprimido pela
manhã e 1 à noite, por 14 dias;
Informar a mulher sobre os riscos de transmissão do HIV através da
amamentação, e orientá-la como obter e quanto ao preparo e uso da fórmula
infantil. É importante que a puérpera, durante sua permanência na maternidade,
receba suporte da equipe de saúde para não amamentar sem se sentir
discriminada por isso. Essa atenção deve ser redobrada especialmente nos
alojamentos conjuntos, onde a maioria das mulheres está amamentando seu bebê
(hospitais amigos da criança);
No puerpério imediato e subseqüentes, devem ser pesquisadas histórias e/ou a
presença de sinais e sintomas relacionados a infecção pelo HIV que caracterizam
imunodeficiência moderada, tais como: candidíase oral, leucoplasia pilosa oral,
tuberculose pulmonar no último ano, herpes zoster, febre persistente sem
etiologia definida (intermitente ou constante) por mais de 1 mês, dispnéia,
infecções recorrentes do trato respiratório (pneumonia, sinusite), candidíase
vaginal recorrente, herpes simples, perda de peso = 10% do peso corporal, e
diarréia crônica sem etiologia definida, com duração de mais de 1 mês.
Infecções Puerperais
Mastite;
Endometrite;
Infecção de FO da cesariana;
Infecção da episiotomia/ lacerações;
Infecção urinária;
Pneumonia puerperal.
Fatores de risco
Anteparto
Intraparto e pós-parto:
Cesariana;
Amniorrexe prematura;
Múltiplos exames vaginais;
Parto vaginal traumático;
Parto prolongado;
Inserção baixa da placenta;
Retenção de restos ovulares;
Perdas sanguíneas acentuadas no pós-parto;
Monitorização fetal interna.
Mastite
processo inflamatório que evolui para infecção. Surge como consequência de um trauma
Esquemas preferenciais:
São fatores de risco para infecção urinária puerperal a sondagem vesical, cesariana ou
parto operatório, anestesia peridural e IMC elevado.
Agentes etiológicos mais comuns: Escherichia coli, Klebsiella sp, Proteus sp;
Quadro clínico: assintomáticas, disúria, polaciúria, mudanças no aspecto da
urina. O primeiro sinal de infecção renal pode ser febre, seguido por dor no
ângulo costovertebral, náuseas e vômitos;
Tratamento: individualizado baseado em sintomas, fatores de risco (sondagem
vesical) e urocultura. Que seja compatível com a amamentação.
O esquema terapêutico inclui:
ITU baixa:
O tratamento inicial deve ser intravenoso e durar por 72 horas após a paciente
não ter mais febre. As drogas empregadas são:
Ceftriaxona 2g ou um aminoglicosídio (gentamicina, 3-5mg/kg), ambos
em dose única por dia.
Endometrite puerperal
Dor pélvica;
Secreção vaginal anormal;
Odor anormal dos lóquios;
Atraso na redução do tamanho do útero.
Os calafrios que acompanham a febre sugerem bacteremia ou endotoxemia.
Gentamicina 3-5 mg/kg, IV, dose única diária, associada à clindamicina 600 mg,
IV, de 6 em 6 horas. Manter por 72h afebril. Alta com Amoxicilina/Clavulonato
500mg/125mg de 8/8h por 7 dias.
Sepse puerperal
O foco pode ser dividido em: não obstétricos e obstétricos. O primeiro grupo engloba
pneumonia adquirida em comunidade, ITU, apendicite, colecistite, entre outros. Já as
principais causas obstétricas relacionam-se à gestação (corioamnionite, tromboflebite
pélvica séptica, aborto infectado); ao parto (endometrite pós-parto, infecção de
episiotomia, infecção de parede ou uterina pós-cesárea); à realização de procedimentos
invasivos (infecção pós-cerclagem ou pós-amniocentese).
Deve ser solicitado: Hemograma, Lactato, Gasometria arterial, Uréia e Creatinina, TAP
e TTPa, Bilirrubinas, eletrólitos. Exames de imagem a depender do sítio da infecção.
Conclusão
Levy MM, et al. The Surviving Sepsis Campaign Bundle. Critical Care Medicine. June
2018, Volume 46 ; Number 6 (997-1000).
Osanan GC, Tavares AB, Reis MI, Múcio B. Hemorragia pós-parto. São Paulo:
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO);
2018. (Protocolo FEBRASGO -Obstetrícia, no. 109/ Comissão Nacional Especializada
em Urgências Obstétricas).