Você está na página 1de 5

Introdução ao Sistema Cardiovascular

O sistema circulatório (ou sistema cardiovascular) é formado por 3 componentes inter-


relacionados: sangue, coração e vasos sanguíneos. O coração é centro do sistema,
gerando uma pressão para que o sangue circule nos vasos sanguíneos, ou seja, para o
sangue circular deve haver uma diferença de pressão.

Funções e Propriedades do Sangue

Junto com o líquido intersticial, o sangue ajuda algumas células obterem oxigênio e
nutrientes ou eliminar dióxido de carbono já que elas não conseguem se mover. O
sangue transporta oxigênio vindo dos pulmões e os nutrientes do sistema digestório, que
se difundem do sangue para o líquido intersticial (líquido que banha as células do
corpo) e, daí, para as células corporais. Dióxido de carbono e outras escórias
metabólicas são levados no sentido contrário, das células do corpo para o líquido
intersticial e daí para o sangue. Em seguida, o sangue transporta as escórias
metabólicas para vários órgãos - pulmões, rins e pele- para que sejam eliminados.

Funções do Sangue

• Transporte de substâncias
- Transporta oxigênio dos pulmões para as células do corpo e dióxido de carbono
das células corporais para os pulmões
- Leva nutrientes do sist. digestório e hormônios das glândulas endócrinas
- Transporta calor e produtos residuais para serem eliminados

• Regulação de processos vitais


- Mantém a homeostasia dos líquidos corporais
- Ajuda a regular o pH através de tampões
- Auxilia no ajuste da temperatura corporal

• Proteção contra doenças


- Realiza coagulação, evitando perdas excessivas
- Seus leucócitos protegem contra doenças, realizando fagocitose

Características Físicas do Sangue

• Temperatura: 38 °C (1°C acima da temperatura corporal ou retal)

• pH levemente alcalino (7,35 a 7,45)

• Cor variável: depende da quantidade de oxigênio


mais oxigênio/mais saturado → vermelho-vivo
menos oxigênio/insaturado → vermelho-escuro

• Volume x Gênero: homens geralmente possuem um maior volume de sangue


devido à diferença de tamanho corporal

• Regulação: vários hormônios regulados por feedback negativo garantem que o


volume de sangue e a pressão osmótica permaneçam relativamente constantes.
Os hormônios aldosterona, hormônio antidiurético e peptídio natriurético atrial
(PNA) regulam o volume de água excretada na urina

→ O sangue é mais denso e mais viscoso (resistência ao esforço quando em


movimento) em comparação com a água
→ É um fluido não-newtoniano: a viscosidade é variável, devido à sua
composição que contém sólidos

Componentes do Sangue

Página 1 de FISIOLOGIA
O sangue é um tecido conjuntivo composto por:
• Plasma sanguíneo:
Matriz extracelular aquosa que contém substâncias dissolvidas, como água e proteínas.
As proteínas encontradas no plasma são chamadas de proteínas plasmáticas. Os
hepatócitos sintetizam a maiorias delas, incluindo albuminas, globulinas e fibrinogênio.
Elas também são chamadas de anticorpos ou imunoglobulinas, porque são produzidas
durante respostas imunológicas.

• Elementos figurados:
Células e fragmentos celulares (hemácias, leucócitos e plaquetas). As hemácias
transportam oxigênio dos pulmões para as células corporais e CO2 das células
corporais para os pulmões; os leucócitos protegem o corpo de patógenos invasores e
de substâncias estranhas e as plaquetas atuam na coagulação sanguínea.

O percentual do volume de sangue total ocupado pelas hemácias é chamado de


hematócrito. O hormônio testosterona estimula a síntese de eritropoetina (EPO), um
hormônio que estimula a produção de hemácias. Dessa forma, a testosterona contribui
para os hematócritos mais altos nos homens).
- Anemia: queda significativa no hematócrito
- Policitemia: percentual de hemácias anormalmente elevado, o que aumenta a
viscosidade do sangue, acentua a resistência ao fluxo e dificulta o bombeamento
do sangue pelo coração. Isso aumenta PA e o risco de AVE. Causas:
intensificação anormal da produção de hemácias, hipoxia tecidual, desidratação
e uso de EPO por atletas.

Formação das Células Sanguíneas

Hemopoese/eritropoese: processo pelo qual os elementos figurados do sangue se


desenvolvem. Esse processo ocorre na medula óssea vermelha. As células tronco
presentes na medula se reproduzem, proliferam e se diferenciam em células que dão
origem a células sanguíneas, macrófagos, células reticulares, mastócitos e adipócitos.
Vários hormônios chamados de fatores de crescimento hematopoiético regulam essa
diferenciação e proliferação. A eritropoetina (EPO) aumenta o número de células
precursoras de hemácias. Ela é produzida principalmente pelos rins e, em casos de
insuficiência renal, a liberação de EPO fica mais lenta e a produção de hemácias
inadequada, o que leva à diminuição do hematócrito e da capacidade de levar O2
aos tecidos.

Com o envelhecimento do indivíduo, a velocidade de formação de células sanguíneas


diminui, pois a medula óssea vermelha se torna inativa e é substituída por medula óssea
amarela, formada principalmente por células gordurosas. Em sangramentos graves, por
exemplo, a medula óssea amarela pode voltar à medula óssea vermelha porque
células tronco formadoras de sangue da medula óssea vermelha vão para medula
óssea amarela.

Hemácias

As hemácias contêm a proteína carreadora de oxigênio hemoglobina (cadeia


polipeptídica com grupamento heme, que tem em seu centro Fe, onde o oxigênio se
liga). Possuem a função de transportar oxigênio (o fato de não possuírem mitocôndrias
e por gerarem ATP de forma anaeróbica facilitam sua função, pois não utilizam o
oxigênio que carregam).

Como não têm núcleo e outras organelas, elas não conseguem sintetizar novos
componentes para repor os danificados. Portanto, as hemácias são rompidas no fígado
ou no baço por macrófagos e os produtos da sua degradação são reaproveitados.

Normalmente, a eritropoese e a destruição de hemácias quase se equivalem. Se a


capacidade de transportar oxigênio do sangue diminui porque a eritropoese não está
acompanhando a velocidade de destruição das hemácias, um sistema de feedback
negativo aumenta a produção de hemácias. A condição controlada é o aporte de

Página 2 de FISIOLOGIA
negativo aumenta a produção de hemácias. A condição controlada é o aporte de
oxigênio aos tecidos corporais. Por exemplo, em um caso de hipoxia, os rins intensificam
a liberação de eritropoetina.

Distúrbios/Desiquilíbrios Homeostáticos

• Anemia: condição na qual a capacidade do sangue de transportar o oxigênio


está reduzida, sendo caracterizada por contagem menor de hemácias ou baixa
concentração de hemoglobina no sangue.
• Doença falciforme: as hemácias de uma pessoa com tal doença contém Hb-S,
um tipo anormal de hemoglobina. Quando a Hb-S libera oxigênio para o líquido
intersticial, ocorre formação de estruturas rígidas e longas, que conferem à
hemácia o formato de foice, dessa forma, elas se rompem com facilidade.

Fisiologia Cardíaca

A função primária do sistema cardiovascular é de levar sangue para os tecidos,


fornecendo, por esse meio, nutrientes essenciais para o metabolismo das células. Além
disso, também regula a PA e a temperatura corporal. O coração atua como uma
bomba e, ao se contrair, gera a pressão necessária para deslocar o sangue ao longo
dos vasos sanguíneos (artérias: funcionam com pressão elevada; veias: funcionam com
pressão baixa).
Nos tecidos, vasos sanguíneos de paredes muito finas, chamados capilares, ficam
interpostos entre as artérias e as veias. As trocas de nutrientes, de produtos finais do
metabolismo e de líquido ocorrem através das paredes dos capilares.

Coração Esquerdo e Coração Direito

O coração esquerdo e o coração direito exercem funções diferentes: o coração


esquerdo faz parte da circulação sistêmica, já o coração direito faz parte da
circulação pulmonar. Eles funcionam em série: o sangue é bombeado pelo coração
esquerdo para a circulação sistêmica, depois para o coração direito, para a
circulação pulmonar e de volta para o coração esquerdo.

A intensidade (ou velocidade) com que o sangue é bombeado por qualquer dos
ventrículos é o débito cardíaco. Como os dois corações funcionam em série, o débito
cardíaco do VD é igual ao débito cardíaco do VE no estado normal. A intensidade (ou
velocidade) com que o sangue retorna aos átrios é chamado de retorno venoso.

Hemodinâmica

Hemodinâmica diz respeito aos princípios que governam o fluxo sanguíneo no sistema
cardiovascular. Os conceitos de fluxo, pressão, resistência e capacitância são
aplicados ao fluxo sanguíneo.

O modo como o débito cardíaco é distribuído nas vias circulatórias que irrigam os
tecidos depende de dois fatores: da diferença de pressão e da resistência ao fluxo
sanguíneo em vasos específicos.

• Pressão Arterial
O sangue flui de regiões de maior pressão para regiões de menos pressão; quanto
maior a diferença de pressão, maior é o fluxo sanguíneo.

A contração dos ventrículos produz a PA (pressão hidrostática exercida pelo sangue


nas paredes de um vaso sanguíneo), que é determinada pelo débito cardíaco, pelo
volume de sangue e resistência vascular.

A PA depende do volume total de sangue no sistema circulatório. Por exemplo, tudo o


que aumenta o volume de sangue, como a retenção de água, tende a aumentar a
pressão sanguínea.

Página 3 de FISIOLOGIA
• Resistência Vascular
É a oposição ao fluxo sanguíneo em decorrência do atrito entre o sangue e as paredes
dos vasos sanguíneos. Ela depende do tamanho do lúmen do vaso, da viscosidade do
sangue e do comprimento total dos vasos sanguíneos:

- Quanto menor o lúmen/diâmetro de um vaso, maior é a sua resistência ao fluxo


sanguíneo. Conforme as arteríolas se dilatam, a resistência diminui, e a pressão
arterial cai. Conforme as arteríolas se contraem, a resistência aumenta e a pressão
sobe.
- A viscosidade do sangue depende principalmente da proporção de eritrócitos
em relação ao volume de plasma. Quanto maior a viscosidade do sangue, maior
a resistência. Qualquer condição que aumente a viscosidade do sangue,
aumenta a pressão sanguínea. A diminuição de PTN plasmáticas e eritrócitos
reduz a pressão sanguínea.
- A resistência ao fluxo sanguíneo em um vaso é diretamente proporcional ao
comprimento desse vaso. Quanto mais longo, maior a resistência

• Velocidade do Fluxo Sanguíneo

Vasos sanguíneos

Atuam como um sistema fechado de condutos pelos quais o sangue é transportado,


participando ativamente da regulação do fluxo sanguíneo para os órgãos. Quando a
resistência dos vasos sanguíneos é alterada, o fluxo sanguíneo para os órgãos
dependentes também se altera. Alguns vasos sanguíneos (capilares) têm paredes tão
finas que as substâncias podem ser trocadas através delas. As dimensões dos diversos
tipos de vasos sanguíneos é variável e isso tem efeitos profundos sobre suas
propriedades de resistência e de capacitância.

• ARTÉRIAS
Estruturas com paredes grossas, com uma grande camada de tecido elástico +
músculo liso e tecido conjuntivo. Em decorrência da abundância de fibras elástica, as
artérias normalmente tem alta complacência, ou seja, suas paredes se esticam ou
expandem facilmente. A espessura da parede arterial é importante devido ao fato de
receberam sangue diretamente do coração, sendo submetidas às mais altas pressões.
O volume de sangue contido nas artérias é chamado de volume estressado (submetido
à altas pressões)

• ARTERÍOLAS
São os menores ramos arteriais. Suas paredes apresentam músculo liso desenvolvido e
são o local de maior resistência ao fluxo sanguíneo. Suas paredes são inervadas por
nervos simpáticos, que podem alterar o diâmetro das arteríolas e, portanto, variar a
velocidade do fluxo sanguíneo e a resistência ao longo desses vasos.
O músculo liso em suas paredes é tonicamente ativo (sempre contraído) e é
difusamente inervado por fibras dos nervos simpáticos adrenérgicos. Os receptores
alfa1-adrenérgicos são encontrados nas arteríolas e, quando ativados, causam
contração (constrição) do músculo liso vascular. A constrição produz diminuição do
diâmetro das arteríolas, o que aumenta sua resistência ao fluxo sanguíneo. Menos
comum, os receptores beta2-adrenérgicos são encontrados em arteríolas do músculo
esquelético. Quando ativados, causam relaxamento do músculo liso vascular, o que
aumenta o diâmetro e diminui a resistência dessas arteríolas ao fluxo. Assim, elas não
são apenas o local de maior resistência na vasculatura, mas também o local onde a
resistência pode variar por alterações da atividade nervosa simpática.
A mudança de diâmetro pode afetar também a PA: constrição aumenta PA e
dilatação diminui PA

• CAPILARES
São os menores vasos sanguíneos e conectam o efluxo arterial ao retorno venoso. Eles
formam uma extensa rede de vasos curtos, ramificados e interconectados, que passam
entre cada grupo de células do corpo. Seu número em cada "região" varia de acordo

Página 4 de FISIOLOGIA
entre cada grupo de células do corpo. Seu número em cada "região" varia de acordo
com a atividade metabólica do tecido irrigado.

A estrutura dos capilares é bem adequada à sua função de vaso de troca. Como suas
paredes são compostas apenas por uma camada de células endoteliais é possível que
haja difusão/passagem (substâncias atravessam suas paredes).

• VÊNULAS E VEIAS
Estruturas de paredes finais compostas por células endoteliais, tecido elástico, músculo
liso e tecido conjuntivo. Pelo fato de terem menos tecido elástico em comparação
com as artérias, as veias têm maior capacitância (capacidade de armazenar sangue).
O volume de sangue contido nas veias é chamado de volume não estressado.

Página 5 de FISIOLOGIA

Você também pode gostar