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[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Princípio da proporcionalidade - o grande fundamento deste princípio é
o excesso de poder, e o fim a que se destina é exactamente o de conter actos, decisões e condutas dos
agentes públicos que ultrapassem os limites adequados, espera-se sempre actuação proporcional do
agente público, ou seja, um equilíbrio entre os motivos que determinaram a prática do acto e a
consequência jurídica da conduta
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Entre nós este princípio se encontra consagrado no artigo 6 da lei
14/2011, de 10 de Agosto
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Segundo explicação de Celso Antônio Bandeira de Mello, há duas
formas de violação da proporcionalidade: pela intensidade e pela extensão
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Quanto a intensidade, haverá conduta desproporcional quando a força
da reacção administrativa for incompatível com o baixo grau de lesividsde da conduta a ser censurada,
por exemplo, ordem de demolição expedida por causa fe pintura descascada na fachada do imóvel
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: No que concerne a extensão, ocorre quando a decisão incide para além
da extensão pessoal ou geográfica da providência administrativa adoptada, ppr exemplo, devido a
existência de bares próximo de escolas superiores, o município decreta o encerramento de todos os
bares da cidade de Lichinga
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Neste caso, não há ilegalidade no conteúdo (intensidade) da decisão,
mas quanto à sua abrangência (extensão)
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Princípio da boa-fé - trata-se de princípio de protecção de confiança,
dessa forma, a Administração Pública não deve atraiçoar a confiança que os particulares interessados
puseram num certo comportamento seu; por exemplo, se o ingresso na função pública obedece
estritamente aos requisitos da capacidade e mérito, é justo à luz da boa-fé que sejam chamados
preferencialmente (com prioridade), os candidatos melhor posicionados dentro do número de vagas
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Isso porque os interessados prepararam suas propostas, fizeram
investimentos, cientes que era para fornecer computador
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: A Administração pública também não deve iniciar o procedimento
legalmente previsto para alcançar um certo objectivo com o propósito de atingir um objectivo diverso,
ainda que de interesse público, por exemplo, se foi lançado concurso para aquisição de computador,
não se pode alterar para compra de alimentos
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: E a alteração feita sem cumprir as formalidades legais, frusta a
expectativa dos concorrentes, além de que a boa-fé exige cumprimento dos obejctivos traçados desde o
início do procedimento até ao final
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Continuando: o princípio da boa-fé se encontra previsto no artigo 227
do código civil e no artigo 8 da lei 14/2011, de 10 de agosto
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Este princípio se encontra consignado no artigo 9 da lei 14/2011, de 10
de Agosto
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Princípio da participação - significa que os cidadãos não devem intervir
na vida da Administração apenas através de eleições dos respectivos órgãos, ficando depois alheios a
todo funcionamento do aparelho, devem poder participar na tomada de decisões administrativas
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Este princípio se encontra previsto no artigo 10 da lei 14/2011, de 10 de
Agosto
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: O princípio da participação está intimamente referido à expansão da
consciência social e ao natural anseio das pessoaa em sociedade de influir de algum modo nas decisões
do poder que tenham consequências sobre seus respectivos interesses
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Princípio da decisão - quando o poder é atribuído ao órgão
administrativo, este não se encontra na sua disponibilidade, ele é de exercício obrigatório e
irrenunciável, isto significa que nas circunstâncias em que os interessados formularem pedidos à
administração pública, esta tem o dever de responder dentro do prazo que a lei consagra para o efeito,
em geral, 25 dias contados desde a data de entrada do pedido, nos termos do artigo 76 da lei 14/2011,
de 10 de Agosto
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Nos casos de silêncio da Administração dentro do prazo legalmente
fixado, considera-se indeferida a pretensão do interessado, nos termos do artigo 108 da lei 14/2011, de
10 de Agosto
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Por virtude de se tratar de algo recorrente, a omissão indevida do dever
de pronúncia, dá agora direito ao cidadão de recorrer ao tribunal administrativo para obrigar o órgão a
decidir, isso de acordo com o previsto no artigo 124 da lei 7/2014 de 28 de Fevereiro
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Princípio da desburocratização - significa que a administração pública
deve ser organizada e funcionar em termos de eficiência e de facilitação da vida dos particulares,
exemplo prático deste princípio, encontramos na contratação pública de obras, fornecimento de bens e
prestação de serviços, em que os concorrentes não precisam juntar todos requisitos de qualificação
exigidos em lei, assim, desde que tenham o certificado se inscrição na cadastro das finanças, estão
dispensados da apresentação dos demais documentos
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Princípio da eficiência exige que a actividade administrativa seja
exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional, hoje não basta o cumprimento frio da lei, é
necessário que com ps recursos disponíveis se obtenham os melhores resultados
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: O uso de meios electrónicos se enquadra nas exigências do princípio da
eficiência
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Princípio da eficácia- pressupõe a obtenção dos efeitos desejados com a
medida adoptada, assim, se diminuir a propagação do covid-19 com a medidas adoptadas pelo governo
de Moçambique, pode-se afirmar que as mesmas surtiram os efeitos desejados, ou.seja, foram eficazes
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Princípio da responsabilidade - Responder pelo mal praticado é dever
tão antigo quanto o próprio Direito. Desde as mais primitivas comunidades já se procurava identificar o
violador das normas para aplicar-lhe sanções. No Direito Público estruturado, a responsabilidade é ainda
uma pedra angular, porque, se todos devem responder por seus actos, com muito maiores razões, deve
fazê-lo o Estado, por ser o responsável directo pela manutenção da ordem jurídica, bem como os
seus agentes, pois que assumiram livremente o múnus da execução das várias e distintas funções que
essa mesma ordem se lhes impõe.
A teoria dos motivos determinantes funda-se na consideração de que os actos administrativos, quando
tiverem sua prática motivada, ficam vinculados aos motivos expostos, para todos os efeitos jurídicos.
Tais motivos é que determinam e justificam a realização do acto, e, por isso mesmo, deve haver perfeita
correspondência entre eles e a realidade. Mesmo os actos discricionários, se forem motivados, ficam
vinculados a esses motivos como causa determinante de seu cometimento e se sujeitam ao confronto
da existência e legitimidade dos motivos indicados. Havendo desconformidade entre os motivos
determinantes e a realidade, o acto é inválido.
A propósito dessa teoria, hoje corrente na prática administrativa dos povos cultos, o Prof. Francisco
Campos assim se manifesta: “Quando um acto administrativo se funda em motivos ou pressupostos de
facto, sem a consideração dos quais, da sua existência, da sua procedência, da sua veracidade ou
autenticidade, não seria o mesmo praticado, parece-me de boa razão que, uma vez verificada a
inexistência dos factos ou a improcedência dos motivos, deva deixar de subsistir o acto que neles se
fundava”.
E, invocando a autoridade de Jèze, o publicista pátrio remata: “A teoria dos motivos determinantes me
parece de irrecusável procedência quando estabelece que os actos do Governo, se a lei os legitima
mediante certos motivos (actos vinculados) ou quando o próprio Governo, podendo praticá-los sem
motivo declarado (actos discricionários), declara, entretanto, o motivo, não poderão, em um e outro
caso, continuar a subsistir desde que o motivo, que, de acordo com a lei, é necessário para legitimá-los,
ou o motivo invocado ou declarado pelo Governo não contém a realidade ou se verifica improcedente
por não coincidir com a situação de facto em que consistia o seu pressuposto”.
Esta teoria é chamada a colação para os casos de actos que não precisam de fundamentação, por
exemplo, a alínea a), do n.º 2 do artigo 121 da Lei n.º 14/2011, de 10 de Agosto, prevê que nas
circunstâncias de cessação de funções de direcção, chefia e confiança, o órgão com competência para
exonerar, não tem obrigação de justificar a sua decisão - n.º 3 do Estatuto Geral dos Funcionários e
Agentes do Estado, aprovado pela Lei n.º 10/2017, de 1 de Agosto, entretanto, se alegar que o
funcionário é exonerado por incompetência profissional grave enquanto nos três anos que antecederam
a exoneração, o mesmo obteve classificação de muito bom, os motivos invocados não correspondem a
realidade dos factos e nessa situação, o funcionário exonerado, pode pedir a anulação do acto com base
na teoria dos motivos determinantes.
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: Princípio da transparência - Indica que os actos da Administração devem
merecer a mais ampla divulgação possível entre os administrados, e isso porque constitui fundamento
do princípio propiciar-lhes a possibilidade de controlar a legitimidade da conduta dos agentes
administrativos. Só com a publicidade dessa conduta é que poderão os indivíduos aquilatar a legalidade
ou não dos actos e o grau de eficiência de que se revestem – artigo 15 da Lei n.º 14/2011, de 10 de
Agosto.
É para observar esse princípio que os actos administrativos são publicados em órgãos de imprensa ou
afixados em determinado local das repartições administrativas, ou, ainda, mais modernamente,
divulgados por outros mecanismos integrantes da tecnologia da informação, como é o caso da Internet.
Por este princípio, o Estado fica limitado a cobrança de taxas e emolumentos a apertadas situações cuja
natureza específica da actividade desempenhada assim o exija. À luz dessas considerações, é ilegal a
cobrança de taxas como condição necessária e imprescindível para o exercício de garantias graciosas,
conforme estabelece o artigo 277 do Regulamento de Contratação Pública, aprovado pelo Decreto n.º
5/2016, de 8 de Março.
Princípio da continuidade da prestação do serviço público - Os serviços públicos buscam atender aos
reclamos dos indivíduos em determinados sectores sociais. Tais reclamos constituem muitas vezes
necessidades prementes e inadiáveis da sociedade, como é o exemplo dos serviços de fornecimento de
água e energia eléctrica à população em geral. Tal princípio está expresso no artigo 15 da Lei n.° 7/2012,
de 8 de Fevereiro.
A consequência lógica desse facto é a de que não podem os serviços públicos ser interrompidos,
devendo, ao contrário, ter normal continuidade. Ainda que fundamentalmente ligado aos serviços
públicos, o princípio alcança toda e qualquer actividade administrativa, já que o interesse público não
guarda adequação com descontinuidades e paralisações na Administração.
Na verdade, o princípio em foco guarda estreita pertinência com o princípio da supremacia do interesse
público. Em ambos se pretende que a colectividade não sofra prejuízos em razão de eventual realce a
interesses particulares. É evidente que a continuidade dos serviços públicos não pode ter carácter
absoluto, embora deva constituir a regra geral. Dessa forma, pode haver lugar ao corte no fornecimento
do serviço, após prévio aviso, nos casos de: a) razões de ordem técnica, necessidade de realizar obras
para a expansão e melhoria dos serviços ou de segurança das instalações; e b) inadimplemento do
usuário, é o caso, para exemplificar, dos serviços de energia eléctrica e uso de linha telefónica.
CAPÍTULO III
4 - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
4.1 Conceito
4.1 Conceito
O verbo administrar indica gerir, zelar, enfim uma acção dinâmica de supervisão. O
adjectivo pública pode significar não só algo ligado ao Poder Público, como também à colectividade ou
ao público em geral. A Administração Pública é a faceta organizacional do Estado voltada para o
atendimento das necessidades colectivas, no desempenho de sua função administrativa.
4.1.2 Sentido material ou objectivo - consiste na própria actividade administrativa exercida pelo Estado
por seus órgãos e agentes, caracterizando, enfim, a função administrativa. Trata-se da própria gestão
dos interesses públicos executada pelo Estado, seja através da prestação de serviços públicos, seja por
sua organização interna, ou ainda pela intervenção no campo privado, algumas vezes até de forma
restritiva (poder de polícia). Seja qual for a hipótese da administração da coisa pública (res publica), é
indissociável a conclusão de que a destinatária última dessa gestão há de ser a própria sociedade, ainda
que a actividade beneficie, de forma imediata, o Estado. É que não se pode conceber o destino da
função pública que não seja voltado aos indivíduos, com vistas a sua protecção, segurança e bem-estar.
Essa a administração pública, no sentido objectivo.
4.1.3 Sentido operacional - em acepção operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e
técnico, dos serviços próprios do Estado ou por ele assumidos em benefício da colectividade.
Quanto ao objecto, a Administração Pública versa sobre necessidades colectivas assumidas como tarefa
e responsabilidade própria da colectividade, ao passo que a Administração Privada incide sobre
necessidades individuais, ou sobre necessidades que, sendo de grupo, não atingem contudo a
generalidade de uma colectividade inteira.
Quanto ao fim, a Administração Pública tem necessariamente de prosseguir sempre o interesse público:
o interesse público é o único fim que as entidades públicas e os serviços públicos podem legitimamente
prosseguir, ao passo que a Administração Privada tem em vista naturalmente, fins pessoais ou
particulares. Tanto pode tratar-se de fins lucrativos como de fins não económicos e até nos indivíduos
mais desinteressados, de fins puramente altruístas. Mas são sempre fins particulares sem vinculação
necessária ao interesse geral da colectividade, e até, porventura, em contradição com ele.
Quanto aos meios, também diferem. Com efeito na Administração privada os meios, jurídicos, que cada
pessoa utiliza para actuar caracterizam-se pela igualdade entre as partes: os particulares, são iguais
entre si e, em regra, não podem impor uns aos outros a sua própria vontade, salvo se isso decorrer de
um acordo livremente celebrado. O contracto é assim, o instrumento jurídico típico do mundo das
relações privadas
Pelo contrário, a Administração Pública, porque se traduz na satisfação de necessidades colectivas, que
a colectividade decidiu chamar a si, e porque tem de realizar em todas as circunstâncias o interesse
público definindo pela lei geral, não pode normalmente utilizar, face aos particulares, os mesmos meios
que estes empregam uns para com os outros.
A lei permite a utilização de determinados meios de autoridade, que possibilitam às entidades e serviços
públicos impor-se aos particulares sem ter de aguardar o seu consentimento ou mesmo, fazê-lo contra
sua vontade.
Acrescente-se, ainda, que assim como a Administração Pública envolve, o uso de poderes de autoridade
face aos particulares, que estes não são autorizados a utilizar uns para com os outros, assim também,
inversamente, a Administração Pública se encontra limitada nas sua possibilidades de actuação por
restrições, encargos e deveres especiais, de natureza jurídica, moral e financeira.
Quanto ao objecto, a Administração Pública versa sobre necessidades colectivas assumidas como tarefa
e responsabilidade própria da colectividade, ao passo que a Administração Privada incide sobre
necessidades individuais, ou sobre necessidades que, sendo de grupo, não atingem contudo a
generalidade de uma colectividade inteira.
Quanto ao fim, a Administração Pública tem necessariamente de prosseguir sempre o interesse público:
o interesse público é o único fim que as entidades públicas e os serviços públicos podem legitimamente
prosseguir, ao passo que a Administração Privada tem em vista naturalmente, fins pessoais ou
particulares. Tanto pode tratar-se de fins lucrativos como de fins não económicos e até nos indivíduos
mais desinteressados, de fins puramente altruístas. Mas são sempre fins particulares sem vinculação
necessária ao interesse geral da colectividade, e até, porventura, em contradição com ele.
Quanto aos meios, também diferem. Com efeito na Administração privada os meios, jurídicos, que cada
pessoa utiliza para actuar caracterizam-se pela igualdade entre as partes: os particulares, são iguais
entre si e, em regra, não podem impor uns aos outros a sua própria vontade, salvo se isso decorrer de
um acordo livremente celebrado. O contracto é assim, o instrumento jurídico típico do mundo das
relações privadas
Pelo contrário, a Administração Pública, porque se traduz na satisfação de necessidades colectivas, que
a colectividade decidiu chamar a si, e porque tem de realizar em todas as circunstâncias o interesse
público definindo pela lei geral, não pode normalmente utilizar, face aos particulares, os mesmos meios
que estes empregam uns para com os outros.
A lei permite a utilização de determinados meios de autoridade, que possibilitam às entidades e serviços
públicos impor-se aos particulares sem ter de aguardar o seu consentimento ou mesmo, fazê-lo contra
sua vontade.
Acrescente-se, ainda, que assim como a Administração Pública envolve, o uso de poderes de autoridade
face aos particulares, que estes não são autorizados a utilizar uns para com os outros, assim também,
inversamente, a Administração Pública se encontra limitada nas sua possibilidades de actuação por
restrições, encargos e deveres especiais, de natureza jurídica, moral e financeira.
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: 4.2.3 Poder disciplinar - O poder disciplinar consiste na possibilidade de
a Administração aplicar punições aos agentes públicos que cometam infracções funcionais. Assim, trata-
se de poder interno, não permanente e discricionário. Interno porque somente pode ser exercido sobre
agentes público, nunca em relação a particulares. É não permanente à medida que é aplicável apenas se
e quando o servidor cometer falta funcional.
É discricionário porque a Administração pode escolher, com alguma margem de liberdade, qual a
punição mais apropriada a ser aplicada ao agente público. Importante frisar que, constatada a infracção,
a Administração é obrigada a punir seu agente. É um dever vinculado. Mas a escolha da punição é
discricionária.
O poder disciplinar é correlato como poder hierárquico, mas com ele não se confunde. No uso do poder
hierárquico a Administração Pública distribui e escalona as suas funções executivas; no uso do poder
disciplinar ela controla o desempenho dessas funções e a conduta interna de seus servidores,
responsabilizando-os pelas faltas cometidas. Daí a exacta afirmativa de Marcello Caetano de que “o
poder disciplinar tem sua origem e razão de ser no interesse e na necessidade de aperfeiçoamento
progressivo do serviço público”. Realmente, a Administração, como titular do poder disciplinar, só o
exerce a benefício do serviço, e, perseguindo esse objectivo, é o único juiz da conveniência e
oportunidade da punição do servidor, dentro das normas específicas da repartição. O poder disciplinar
entre nós se encontra previsto entre os artigos 90 a 131 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes
do Estado, aprovado pela Lei n.º 10/2017, de 1 de Agosto.
4.2.4 Poder hierárquico - Poder hierárquico, no magistério de Hely Lopes Meirelles, “é o de que dispõe o
Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a actuação de seus
agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal”. É um
poder interno e permanente exercido pelos chefes de repartição sobre seus agentes subordinados e
pela administração central em relação aos órgãos públicos consistente nas atribuições de comando,
chefia e direcção dentro da estrutura administrativa.
Assim como o disciplinar, o poder hierárquico é interno à medida que não se aplica a particulares. Mas,
ao contrário daquele, o poder hierárquico é exercido permanentemente, e não em carácter episódico,
como ocorre com o poder disciplinar.
Não se pode compreender as actividades do Executivo sem a existência de hierarquia entre os órgãos e
agentes que as exercem, o que levou Duguit a advertir que “o princípio do poder hierárquico domina
todo o Direito Administrativo e deveria ser aplicado, ainda mesmo que nenhum texto legal o
consagrasse". Este poder é exercido dentro do âmbito interno dos órgãos integrantes de uma mesma
entidade, que estão situados em uma posição de superioridade com relação a outro, que se situa em
posição de superioridade em relação a outro e assim sucessivamente, no que se costuma chamar de
característica pirâmide. Quanto aos poderes do superior hierárquico, em nosso ordenamento jurídico,
eles se acham previstos no artigo 16 da Lei n.º 7/2012, de 8 de Fevereiro.
4.2.5 Poder de polícia - Poder de polícia é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para
condicionar e restringir o uso e gozo de bens, actividades e direitos individuais, em benefício da
colectividade ou do próprio Estado. A razão do poder de polícia é o interesse social e o seu fundamento
está na supremacia geral que o Estado exerce em seu território sobre todas as pessoas, bens e
actividades, supremacia que se revela nos mandamentos constitucionais e nas normas de ordem
pública, que a cada passo opõem condicionamentos e restrições aos direitos individuais em favor da
colectividade, incumbindo ao Poder Público o seu policiamento administrativo.
O objecto do poder de polícia administrativa é todo bem, direito ou actividade individual que possa
afectar a colectividade ou pôr em risco a segurança nacional, exigindo, por isso mesmo,
regulamentação, controle e contenção pelo Poder Público. Com esse propósito, a Administração pode
condicionar o exercício de direitos individuais, pode delimitar a execução de actividades, como pode
condicionar o uso de bens que afectem a colectividade em geral, ou contrariem a ordem jurídica
estabelecida ou se oponham aos objectivos permanentes da Nação. O poder de polícia administrativa
corresponde as actividades de inspecção, fiscalização e controlo, por exemplo, inspecção-geral do
trabalho, inspecção-geral de finanças, inspecção nacional de actividades económicas, entre outras
entidades.
4.2.1 Poder vinculado - Fala-se em poder vinculado ou poder regrado quando a lei atribui
determinada competência definindo todos os aspectos da conduta a ser adoptada, sem atribuir margem
de liberdade para o agente público escolher a melhor forma de agir. Onde houver vinculação, o agente
público é um simples executor da vontade legal. O acto resultante do exercício dessa competência é
denominado de acto vinculado.
Nesses actos, a norma legal condiciona sua expedição aos dados constantes de seu texto. Daí se dizer
que tais actos são vinculados ou regrados, significando que, na sua prática, o agente público fica
inteiramente preso ao enunciado da lei, em todas as suas especificações. Nessa categoria de actos
administrativos a liberdade de acção do administrador é mínima, pois terá que se ater à enumeração
minuciosa do Direito Positivo para realizá-los eficazmente. Deixando de atender a qualquer dado
expresso na lei, o ato é nulo, por desvinculado de seu tipo-padrão. São exemplos de poderes vinculados
na ordem jurídica nacional: a) a nomeação definitiva transcorridos dois anos desde à data de nomeação
provisória quando não haja lugar a manifestação em sentido contrário das partes; b) aposentação
obrigatória nas situações de alcance do tempo de serviço legalmente previsto – 35 anos – ou
atingimento do limite de idade para desempenho de tarefas na Função Pública – 65 anos; c) ingresso no
Estado através de concurso público.
4.2.2 Poder discricionário - Na discricionariedade, o legislador atribui certa competência à Administração
Pública, reservando uma margem de liberdade para que o agente público, diante da situação concreta,
possa seleccionar entre as opções predefinidas qual a mais apropriada para defender o
interesse público.
Convém esclarecer que poder discricionário não se confunde com poder arbitrário. Discricionariedade e
arbítrio são atitudes inteiramente diversas. Discricionariedade é liberdade de acção administrativa,
dentro dos limites permitidos em lei; arbítrio é acção contrária ou excedente da lei. Acto discricionário,
quando autorizado pelo Direito, é legal e válido; acto arbitrário é sempre ilegítimo e inválido.
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: 4.2.6 Poder regulamentar ou normativo - O Poder Normativo ou
regulamentar se traduz no poder conferido à Administração Pública de expedir normas gerais, ou seja,
actos administrativos gerais e abstractos com efeitos erga omnes. Não se trata de poder para a edição
de leis, mas apenas um mecanismo para a edição de normas complementares à lei.
Trata-se de prerrogativa dada à Administração Pública de editar esses actos e permitir sua efectiva
aplicação sempre limitada pela lei. Na observação de José dos Santos Carvalho Filho, “ao poder
regulamentar não cabe contrariar a lei (contra legem) sob pena de sofrer invalidação. Seu exercício
somente pode dar-se secundum legem, ou seja, em conformidade com o conteúdo da lei e nos limites
que esta impuser.”
O poder normativo facilita a compreensão do texto legal. Os seus actos são sempre inferiores à lei e
visam regulamentar determinada situação de carácter geral e abstracto, pois facilitam a execução da lei,
minudenciando seus termos.
Nesse sentido, somente a lei é capaz de inovar no ordenamento jurídico, criando ou extinguindo direitos
e obrigações a todos os cidadãos. A lei é a fonte primária do Direito Administrativo e somente ela
estabelece regras, em carácter inicial que obrigam toda a actuação do administrador público. É
indiscutível, nesse ínterim, a supremacia da lei em face dos actos administrativos normativos que não
podem alterá-la ou desrespeitar os seus termos.
Regulamento é acto administrativo geral e normativo, expedido privativamente pelo Executivo (estadual
ou municipal), através de decreto, com o fim de explicar o modo e forma de execução da lei
(regulamento de execução) ou prover situações não disciplinadas em lei (regulamento autónomo ou
independente). Saliente-se que Regulamento e Decreto são referências ao mesmo acto normativo. Isso
porque o Regulamento é o acto normativo do Poder Executivo e Decreto é a sua forma. Em outras
palavras, pode-se dizer que o Regulamento é expedido por meio de um Decreto.
As leis que trazem a recomendação de serem regulamentadas não são exequíveis antes da expedição do
decreto regulamentar, porque esse acto é conditio juris da actuação normativa da lei. Em tal caso, o
regulamento opera como condição suspensiva da execução da norma legal, deixando seus efeitos
pendentes até a expedição do acto do Executivo. Mas, quando a própria lei fixa o prazo para sua
regulamentação, decorrido este sem a publicação do Decreto Regulamentar, os destinatários da norma
legislativa podem invocar utilmente seus preceitos e auferir todas as vantagens dela decorrentes, desde
que possa prescindir do regulamento, porque a omissão do Executivo não tem o condão de invalidar os
mandamentos legais do Legislativo.
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: CAPÍTULO IV
5. Introdução
5.6. Delegação
5.7.1.1 Autarquia
5.7.1.2 Fundação
5.9.1 Singulares
5.9.2 Colegiais
5.9.3 Executivos
5.9.4 Consultivos
TEORIA GERAL DA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
5. Introdução
Saliente-se, muito singelamente, que a organização administrativa mantém estreita correlação com a
estrutura do Estado e a forma de governo adoptadas em cada país. Sendo Moçambique um Estado de
Direito Democrático, unitário que compreende a existência do poder central, local e autónomo em que
se assegura autonomia político-administrativa aos órgãos da Administração Indirecta (Universidades,
empresas públicas, institutos públicos, autarquias) sua administração há-de corresponder,
estruturalmente, a esses postulados constitucionais.
Limites ao poder regulamentar: a) somente podem dispor para o futuro – artigo12 do Código Civil, b)
Nas matérias da competência exclusiva da AR, somente podem ser expedidos decretos regulamentares
executivos ou complementares – n.º 2 do artigo 178 da CRM, os decretos dimanados pelo poder
municipal devem obediência aos regulamentos do executivo (Conselho de Ministros)
Concentração administrativa é a situação em que uma determinada pessoa jurídica integrante da
administração pública extingue órgãos antes existentes em sua estrutura, reunindo em um número
menor de unidades as respectivas competências. Imagine-se, como exemplo, que o Ministério das
Finanças tivesse em sua estrutura Direcções Nacionais do Tesouro, Contabilidade Pública, Património,
Administração, Recursos Humanos, Plano e Orçamento, cada um desses órgãos incumbidos de
desempenhar específicas competências do Ministério das Finanças. Caso a administração pública
municipal decidisse, em face de restrições orçamentárias, extinguir as Direcções Nacionais do
Contabilidade Pública, Plano e Orçamento, atribuindo as competências que aqueles exerciam ao
Património, teria ocorrido concentração administrativa.
A doutrina costuma classificar a desconcentração, tomando por base o critério utilizado pela
administração para sua adopção, em:
(b) desconcentração em razão do grau ou da hierarquia - utiliza como critério para repartição de
competências a relação de subordinação entre os diversos órgãos. Exemplo: Tribunais administrativos
em relação aos órgãos de primeira instância.
(c) desconcentração pelo critério territorial ou geográfica: é aquela em que as competências são
divididas delimitando as regiões onde cada órgão pode actuar. A característica fundamental dessa
espécie de desconcentração é que cada órgão público detém as mesmas atribuições materiais dos
demais, variando somente o âmbito geográfico de sua actuação. Exemplos: Ministério das Finanças,
Direcção Provincial de Finanças.
Como são duas diferenciações independentes, é possível combinar os institutos em quatro formas
distintas de organização da estrutura administrativa:
a) Centralização concentrada: quando a competência é exercida por uma única pessoa jurídica sem
divisões internas. Seria o caso, improvável na prática, de uma entidade central que desempenhasse
directamente todas as suas competências sem divisão em órgãos públicos;
I. Desconcentração - as competências são atribuídas a órgãos públicos sem personalidade própria, por
sua vez, na descentralização, as competências são atribuídas a entidades com personalidade jurídica
autónoma.
III. Órgãos não podem ser accionados directamente perante o Poder Judiciário, com excepção de alguns
órgãos dotados de capacidade processual especial diferentemente do que sucede na descentralização,
cujas Entidades descentralizadas respondem judicialmente pelos prejuízos causados a particulares.
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: 5.3 Centralização e descentralização - A centralização é a situação em
que o Estado executa suas tarefas directamente, ou seja, por intermédio dos inúmeros órgãos e agentes
administrativos que compõem sua estrutura funcional. No plano jurídico, diz-se “centralizado”, o
sistema em que todas as atribuições administrativas de um dado país são por lei conferidas ao Estado,
não existindo, portanto, quaisquer outras pessoas colectivas públicas incumbidas do exercício da função
administrativa.
A centralização tem, teoricamente, algumas vantagens: assegura melhor que qualquer outro sistema a
unidade do Estado; garante a homogeneidade da acção política e administrativa desenvolvida no país; e
permite uma melhor coordenação do exercício da função administrativa.
Pela descentralização, ele o faz indirectamente, isto é, delega a actividade a outras entidades. Chamar-
se-á, pelo contrário, “descentralizado”, o sistema em que a função administrativa não esteja apenas
confiada ao Estado, mas também a outras pessoas colectivas territoriais.
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: 5.6. Delegação - Por vezes sucede que a lei, atribuindo a um órgão a
competência normal para a prática de determinados actos, permite no entanto que esse órgão delegue
noutro parte dessa competência, a “delegação de competências” (ou “delegação de poderes”) é o acto
pelo qual um órgão da Administração, normalmente competente para decidir em determinada matéria,
permite de acordo com a lei, que outro órgão ou agente pratiquem actos administrativos sobre a
mesma matéria.
a) Em primeiro lugar, é necessária uma tal lei que preveja expressamente a faculdade de um órgão
delegar poderes noutro: é a chamada lei de habilitação. Porque a competência é irrenunciável e
inalienável, só pode haver delegação de poderes com base na lei. Mas o artigo 36 da Lei n.º 14/2011, de
10 de Agosto, acentua bem que os princípios da irrenunciabilidade e da inalienabilidade da competência
não impedem a figura da delegação de poderes;
c) Por último, é necessária a prática do acto de delegação propriamente dito, isto é, o acto pelo qual o
delegante concretiza a delegação dos seus poderes no delegado, permitindo-lhe a prática de certos
actos na matéria sobre a qual é normalmente competente.
a) Requisitos do acto de delegação: Para que o acto de delegação seja válido e eficaz, a lei estabelece
um certo número de requisitos especiais, para além dos requisitos gerais exigíveis a todos os actos da
Administração, a saber: Quanto ao conteúdo, é através desta especificação dos poderes delegados que
se fica a saber se a delegação é ampla ou restrita, e genérica ou específica; Quanto à publicação, a Falta
de algum requisito exigido por lei: os requisitos quanto ao conteúdo são requisitos de validade, pelo que
a falta de qualquer deles torna o acto de delegação inválido; os requisitos quanto à publicação são
requisitos de eficácia, donde se segue que a falta de qualquer deles torna o acto de delegação ineficaz.
b) Poderes do delegante: Uma vez conferida a delegação de poderes pelo delegante ao delegado,
este adquire a possibilidade de exercer esses poderes para a prossecução do interesse público. O que o
delegante tem é a faculdade de avocação de casos concretos compreendidos no âmbito da delegação
conferida: se avocar, e apenas quando o fizer, o delegado deixa de poder resolver esses casos, que
passam de novo para a competência do delegante. Mas em cada momento há um único órgão
competente. Além do poder de avocação, o delegante tem ainda o poder de dar ordens, directivas ou
instruções ao delegado, sobre o modo como deverão ser exercidos os poderes delegados. O delegante
pode revogar qualquer acto praticado pelo delegado ao abrigo da delegação – quer por o considerar
ilegal, quer sobretudo por o considerar inconveniente. Algumas leis especiais dão ao delegante o direito
de ser informado dos actos que o delegado for praticando ao abrigo da delegação.
c) Requisitos dos actos praticados por delegação: sob pena de ilegalidade, os actos administrativos
praticados pelo delegado ao abrigo da delegação devem obediência estrita aos requisitos de validade
fixados na lei. Para além disso, a sua legalidade depende ainda da existência, validade e eficácia do acto
de delegação, ficando irremediavelmente inquinados pelo vício de incompetência se a delegação ao
abrigo da qual forem praticados for inexistente, inválida ou ineficaz. Os actos do delegado devem conter
a menção expressa de que são praticados por delegação, identificando-se o órgão delegante.
[11:12 AM, 20/04/2020] Mozin: A delegação de poderes, é uma figura parecida com outras, mais ou
menos próximas, mas que não deve ser confundida com elas:
c) Delegação de serviços públicos: também esta figura tem em vista transferir para entidades
particulares, embora aqui sem fins lucrativos, a gestão global de um serviço público de carácter social ou
cultural. Não é esse o objectivo nem o alcance da delegação de poderes;
e) Substituição: em Direito Público, dá-se a substituição quando o órgão normalmente competente se
encontra impedido de exercer as suas competências em virtude da ausência do seu posto de trabalho,
amiúde, em virtude de licença disciplinar ou em missão de serviço fora do seu local habitual de trabalho.
A substituição dá-se quando o substituído pode quer cumprir os seus deveres funcionais: tal
pressuposto não ocorre na delegação de poderes
Exercícios práticos
3. O dever de fundamentação é um postulado basilar do Estado de Direito democrático. Quais os casos
em que legalmente há exigência do órgão ou agente da Administração Pública justificarem as razões de
facto e de direito em que assenta a sua decisão?
4. Quando há divergência entre princípios usa-se a lógica da cedência recíproca e nas circunstâncias em
que há conflito entre normas, utiliza-se a regra do tudo ou nada. Explique o que se deve entender por
lógica da cedência recíproca e regra do tudo ou nada.
5. A legalidade enquanto princípio de actuação, determina que o agir específico da Administração deve
estar em estreita conformidade à lei. Estabeleça a distinção entre legalidade pública e legalidade privada
e fale acerca da abrangência do princípio da legalidade.
6. Em casos de conflitos entre normas jurídicas, conhecem-se três critérios de resolução de antinomias
normativas, quais sejam, a) especialidade, b) hierarquia e c) cronológico. Fale sucintamente acerca de
cada um dos critérios mencionados.