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A IMPORTÂNCIA DO LICENCIAMENTO E OS CRIMES AMBIENTAL –

RESPONSABILIDADE CIVIL, PENAL E ADMINISTRATIVA

Com a chegada da Lei 9605/98, conhecida como “Lei dos Crimes


Ambientais”, a qual dispõe sobre as sanções administrativas e penais para condutas e atividades
lesivas ao meio ambiente, houve sensível reforço na proteção do meio ambiente.

Tal lei tem espírito preservacionista, com forte caráter repressivo. Referida lei
indica em muitos de seus artigos que a obtenção do licenciamento ambiental, em atendimento ao
poder de polícia administrativo, elide (retira) a prática do crime.

Expressões como “sem o devido licenciamento ambiental”, “sem licença ou


autorização”, ou “em desacordo com determinação legal”, indicam claramente a vontade da lei
de retirar inúmeras atividades da clandestinidade ambiental, mas desde que o agente tenha se
submetido previamente ao poder de polícia.

Nesse ponto, apesar de a Lei cuidar de impor sanções e, portanto, com nítido
caráter repressivo, tem também o que podemos chamar, sem medo de contradições, de caráter
preventivo.

A Medida Provisória 2163/2001, não transformada em Lei, mas mantendo


seus efeitos até hoje, devido ao art. 2º. da Emenda Constitucional nº 32/2001, acrescenta um
dispositivo à Lei 9605/98 (art. 79-A), que permite a realização de um Termo de Compromisso
entre os órgãos ambientais integrantes do Sisnama – responsáveis pelo controle e fiscalização
das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental – e as pessoas físicas e jurídicas
responsáveis pela construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais considerados efetiva ou potencialmente
poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.

Esse Termo de Compromisso, que tem natureza de título executivo


extrajudicial, pode suspender a aplicação e a execução de sanções administrativas, por um
período de 90 dias até 3 anos, podendo ser prorrogado por igual período, desde a data da
protocolização do requerimento, visando à correção das respectivas atividades às exigências das
autoridades ambientais. Pode-se, ainda, prever-se multas, em caso de rescisão do acordo por não
cumprimento das obrigações pactuadas.

Frise-se que essa suspensão somente se aplica às sanções administrativas, não


atingindo as sanções penais, que continuam em pleno vigor.

Exige-se que conste no termo uma descrição detalhada das obras e serviços a
serem executados, inclusive com metas trimestrais a serem atingidas.

A celebração do termo de compromisso não impede a execução das multas já


aplicadas antes da protocolização do respectivo requerimento de celebração do termo.
Esse requerimento deverá conter as informações necessárias à verificação da
viabilidade técnica e jurídica, sob pena de indeferimento de plano.

Caso seja descumprida qualquer de suas cláusulas, o termo de compromisso


será considerado rescindido de pleno direito, ressalvado o caso fortuito ou força maior. Neste
caso, as multas previstas no termo de compromisso, pelo inadimplemento do acordo, poderão ser
executadas desde então.

Cabe aqui trazer uma diferenciação entre as responsabilidades penal,


administrativa e civil.

As responsabilidades penal e civil, em geral, estão encaixadas na esfera do


Poder Judiciário, porém com perspectivas distintas. Enquanto a penal visa a enquadrar a conduta
do agente e sancioná-la, a civil procura o ressarcimento do prejuízo por parte de quem lhe deu
causa. Já a responsabilidade administrativa, vinculada ao Poder Executivo em suas funções de
realizar o poder de polícia, busca coibir e sancionar condutas e atividades quando em desacordo
com as determinações legais.

Como essas três esferas de atuação do Estado são independentes, qualquer


ação do particular pode gerar conseqüências tríplices.

O CONTROLE JURISDICIONAL DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O licenciamento ambiental, enquanto atividade de gestão pública, pode ser


muito bem caracterizado como serviço público típico, e, como tal, além de prazos definidos, é
dotado de certas características, princípios ou requisitos.

O procedimento de licenciamento ambiental, como serviço público, é


atividade exercida pelo Poder Público, com vistas a satisfazer às necessidades dos administrados,
seja na qualidade dos usuários interessados na exploração de determinada atividade, seja na
qualidade de interessados na preservação dos recursos naturais. Assim sendo, está sujeito aos
princípios que regem os serviços públicos em geral, em especial aos da continuidade,
obrigatoriedade e eficiência.

A violação ou o descaso da Administração para com os princípios que regem


o procedimento de licenciamento ambiental podem e devem ser objeto de análise mais detida do
Poder Judiciário. Isso porque, como se afirmou, na qualidade de ente destinado à prestação de
serviços capazes de satisfazer às necessidades dos indivíduos, a Administração está obrigada a
prestar esse serviço público com continuidade e eficiência. Caso contrário, está sujeita ao
controle judicial de seus atos e omissões.
O controle jurisdicional do procedimento de licenciamento ambiental não
deve ser considerado uma substituição do Poder Executivo pelo Judiciário, ou uma injunção
desse naquele, o que contraria o princípio da tripartição dos poderes. Mas deve representar
verdadeiro controle das ações do Poder Público, quando desviadas do limite da legalidade.
Esse controle serve tanto aos administrados interessados no exercício de
atividades econômicas que dependam de licenciamento como aos administrados titulares do
direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, evitando-se abuso ou desvio de poder,
ou até mesmo favorecimentos ilegais ou indesejáveis.

Os instrumentos processuais para o controle jurisdicional do licenciamento


ambiental são: ação civil pública, mandado de segurança e ação popular.

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