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Dir.

Ambiental II

Licenciamento Ambiental
Prof. Celso Guimarães Carvalho
Licenciamento Ambiental

Introdução

A submissão de certas atividades à aprovação prévia do


Estado é presença constante na legislação ambiental. Tal fato
é imperativo quando há a utilização de recursos naturais ou
quando a atividade possa oferecer risco potencial para o
equilíbrio ambiental.

Como o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um


direito inalienável da coletividade, incumbe ao Poder
Público ordenar e controlar as atividades que possam
afetar esse equilíbrio, em atendimento ao comando do art.
225 da CF.

A Lei n. 6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio


Ambiente, elencou, entre os instrumentos disponíveis para a
consecução desse objetivo, o licenciamento de atividades
potencialmente poluidoras.
Licenciamento Ambiental

Introdução

No Brasil, a obrigatoriedade do prévio estudo de impacto


ambiental é uma imposição constitucional:

Art. 225, §1º Para assegurar a efetividade desse direito,


incumbe ao Poder Público:
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade.
Licenciamento Ambiental

Conceito

O licenciamento ambiental tem hoje sua definição decorrente


do texto do art. 2º, I, da LC n. 140/2011:

“o procedimento administrativo destinado a licenciar


atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes,
sob qualquer forma, de causar degradação ambiental”.

O licenciamento ambiental é o conjunto de etapas que


compõem o procedimento administrativo, o qual objetiva a
concessão de licença ambiental. Trata-se de instrumento
de controle ambiental para atividades que, devido às suas
dimensões, sejam potencialmente capazes de causar
degradação ambiental.
Licenciamento Ambiental

Conceito

O conceito de licença ambiental é apresentado pela


Resolução Conama 237/97 em seu art. 1º, II:

“ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente,


estabelece as condições, restrições e medidas de controle
ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor,
pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e
operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos
recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam
causar degradação ambiental”.
Licenciamento Ambiental

Dada a importância desse instrumento, a Lei n. 9.605/98


determinou que a ausência de licenciamento ambiental é
crime, nos termos do seu art. 60:

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer


funcionar, em qualquer parte do território nacional,
estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente
poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais
competentes, ou contrariando as normas legais e
regulamentares pertinentes:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as


penas cumulativamente.
Licenciamento Ambiental

Para o direito administrativo, a licença é espécie de ato


administrativo “unilateral e vinculado, pelo qual a
Administração faculta àquele que preenche os requisitos
legais o exercício de uma atividade”. (DI PIETRO).

Com isso, a licença é vista como ato declaratório e


vinculado. Ou seja, uma vez preenchidos os requisitos legais
(vinculação à norma) a Administração deverá declarar o
preenchimento dos requisitos para o exercício da atividade.

De outro modo, o licenciamento ambiental é o conjunto de


etapas que compõem o procedimento administrativo, o qual
objetiva a concessão de licença ambiental.
Licenciamento Ambiental

Assim, enquanto a licença administrativa deverá ser emitida


preenchidos os requisitos legais, o licenciamento passa por
uma análise sobre a conveniência do projeto, que deverá ser
promovida pelo órgão ambiental tendo em vista parâmetros
técnicos.

Há, portanto, uma margem de escolha (discricionariedade)


para a Administração optar entre licenciar, ou não, o
empreendimento de acordo com as informações levantadas
no EIA/RIMA e no curso do procedimento de licenciamento.
Licenciamento Ambiental

Por meio da avaliação de cenários de riscos expostos em


estudos ambientais (o EIA é um deles e será examinado
adiante), o operador econômico terá de demonstrar que a
atividade é capaz de ser desenvolvida sem intervenções com
efeitos irreversíveis sobre os recursos naturais, podendo
justificar que o órgão licenciador conceda a licença desde
que sejam atendidas condições, ou a negue, quando exercerá
juízo negativo sobre a possibilidade de se exercer aquela
determinada liberdade econômica nos moldes pretendidos
pelo interessados.
Licenciamento Ambiental

A licença ambiental veicula uma autorização


administrativa que assegura que aquela determinada
atividade (destinada a obter proveito econômico ou não)
possa ser desenvolvida, desde que mediante a observação de
condições especificas, destinadas a garantir a manutenção de
uma qualidade sustentável dos recursos naturais, de sua
capacidade de regeneração ou sem prejuízos irreversíveis às
suas funções ecológicas.

São condições que fixam os limites de tolerabilidade dos


sistemas ecológicos, assegurando que podem ser mantidos,
mesmo sob a intervenção humana intensiva, seja sobre os
espaços ou os recursos naturais.
Licenciamento Ambiental

Quando o art. 170, parágrafo único, da Constituição autoriza


intervenções do Estado sobre o exercício das liberdades
econômicas, desde que definidas por meio de lei, e quando a
Lei n. 6.938/81, a LC n. 140/2012 e a Resolução CONAMA
n. 237/97 sujeitam as atividades econômicas à licença, deve-
se admitir que temos aqui a formação de um principio e a
consideração de um segundo: um princípio de autorização
prévia e um princípio de prevenção (ou precaução).

Então licenciar é também um instrumento de prevenção e de


precaução ao alcance da função estatal. Essa foi a função
confiada pela ordem constitucional ao instrumento que já
encontrava sua definição na PNMA de 1981 e que decorre do
Poder de Polícia do Estado.
Licenciamento Ambiental - Etapas

O procedimento de licenciamento ambiental propõe um


sistema de avaliação de riscos dividido em três fases das
quais resulta, em cada uma delas, a atribuição de poderes
limitados e transitórios ao interessado. A previsão das
licenças está contida no art. 8º da Resolução Conama nº
237/97: Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de
Operação.
Licenciamento Ambiental - Etapas

Licença Prévia (LP): é concedida na fase preliminar de


planejamento do empreendimento ou atividade aprovando,
mediante fiscalização prévia obrigatória ao local, a
localização e a concepção do empreendimento, bem como
atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os
requisitos básicos e condicionantes a serem atendidas nas
próximas fases de sua implementação (art. 8º, I). Tem
validade de até cinco anos.

Nesta fase nenhuma intervenção poderá ser realizada pelo


interessado e proponente do projeto, ocorrendo aqui tão
somente uma decisão locacional e sobre a concepção do
projeto. Em outras palavras aqui é emitido um juízo sobre
se a atividade de fato pode ser admitida e onde ela poderá
ser desenvolvida.
Licenciamento Ambiental - Etapas

Licença Prévia (LP)

É exatamente nesta oportunidade em que se avalia o Estudo


Prévio de Impacto Ambiental (EPIA ou EIA) e é quando
também são realizadas as audiências públicas nas quais será
discutido e avaliado o projeto e o Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA).
Licenciamento Ambiental - Etapas

Licença de Instalação (LI): autoriza a instalação do


empreendimento ou atividade de acordo com as
especificações constantes dos planos, programas e projetos
aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e
demais condicionantes (art. 8º, II). Tem validade de até seis
anos.

Se no primeiro momento foram propostas respostas


(provisórias) sobre se e onde a atividade poderia ser
desenvolvida, nesta ocasião a decisão a ser obtida é para a
questão de como a atividade poderá ser desenvolvida.
Licenciamento Ambiental - Etapas

Licença de Operação (LO): autoriza a operação da


atividade ou empreendimento, após fiscalização prévia
obrigatória para verificação do efetivo cumprimento do
que consta das licenças anteriores, tal como as medidas de
controle ambiental e as condicionantes porventura
determinadas para a operação. (art. 8º, III) É concedida com
prazos de validade de quatro a dez anos.
Licenciamento Ambiental - Etapas

A mesma Resolução n. 237/97 do CONAMA, estabelece a


possibilidade de procedimentos simplificados para
atividades de pequeno potencial de impacto, podendo
ocorrer em única etapa, ou com a disponibilidade em se
sujeitarem a procedimentos de auditoria voluntária (art. 12,
§§ 1o e 3o)
Licenciamento Ambiental – Revisão de Licenças

Imaginemos que, após concedida uma autorização,


identifique-se que a atividade pode ser fonte de riscos
irreversíveis ao meio ambiente e ou para a saúde humana.

A autorização pode ser revista, invalidada ou conformada


segundo novas condições? Caso seja possível, terá o
operador direito à reparação ou à compensação decorrente
desta nova decisão da Administração Pública?
OBRIGADO!

CELSOGCARVALHO@HOTMAIL.COM

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