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João Alfredo Telles Melo


Direito Ambiental
UNI7
 Édis Milaré (Direito do Ambiente):

 Por ser o Meio Ambiente de todos em geral


e de ninguém em particular, inexiste
direito subjetivo à sua utilização, que, à
evidência, só pode legitimar-se mediante
ato próprio do direto guardião – o Poder
Público
 Direito ambiental coletivo de “fruição” ao
M.A (macrobem) X Direito subjetivo de
“utilização” dos bens ambientais
(microbens), que é condicionado pelo
primeiro (que tem a natureza de direito
fundamental).
Legislação
 Lei 6.938/81

 Art. 9º - São Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:


 IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras;
 Art. 10 - A construção, instalação, ampliação e funcionamento de
estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,
efetiva ou potencialmente poluidores, ou capazes, sob qualquer forma,
de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento
ambiental.

 Lei Complementar 140/2011


 Decreto 99.274/90
 Resolução CONAMA 237/97
Autorizações e licenças no Direito
Administrativo
 Autorização: ato administrativo discricionário e
precário mediante o qual a autoridade competente
faculta ao administrado, em casos concretos, o
exercício ou a aquisição de um direito, em outras
circunstâncias, sem tal pronunciamento, proibido.
 Autoridade analisa segundo critérios de conveniência
e oportunidade.
 Exemplos: fabricação de munições, porte de armas e
supressão de vegetação.
 Licença: ato administrativo vinculado e definitivo, que
implica a obrigação de o Poder Público atender à
súplica do interessado, uma vez atendidos
exaustivamente os requisitos legais pertinentes.
 Do preenchimento dos requisitos nasce o direito
subjetivo à licença... O beneficiário tem direito líquido
e certo ao desfrute de situação regulada pela norma
jurídica.
 Ex.: licença para exercer profissão regulamentada em
lei.
 A autorização (ato constitutivo) envolve interesse,
enquanto a licença (ato declaratório) envolve direito.
Natureza jurídica da licença
ambiental
 Há os que defendem, como Paulo Affonso Leme
Machado, que a licença ambiental seria uma
verdadeira autorização, porquanto não existe a
definitividade, já que a L.A. tem prazos de validade
 Questionamento: a oportunidade e a
conveniência seriam critérios para a concessão da
licença?
 “Os comandos constitucionais reduzem a
discricionariedade da Administração Pública, pois,
impõem ao administrador o permanente dever de levar
em conta o meio ambiente e de, direta e positivamente,
protegê-lo [...]” (Herman Benjamin).
 Outros há, como Paulo de Bessa Antunes, que
criticam essa visão de que a licença seria mera
autorização, o que a aproximaria, ainda que com
diferenças, das licenças administrativas, gerando
direitos subjetivos ao seu titular, frente à
administração pública.
 Questionamento: há direito subjetivo ao M.A?
 Retomando Milaré:
 Por ser o Meio Ambiente de todos em geral e de
ninguém em particular, inexiste direito
subjetivo à sua utilização, que, à evidência, só
pode legitimar-se mediante ato próprio do direto
guardião – o Poder Público
 Moderna doutrina: não há atos inteiramente
vinculados ou inteiramente discricionários, mas uma
preponderância de maior ou menor liberdade
deliberativa do agente.
 Licença ambiental – nova espécie de ato
administrativo, que reúne características das duas
categorias tradicionais (é como se fosse intermediária
entre os dois tipos).
 Não há equívoco em utilizar o vocábulo licença, mas,
em se pretender identificar na licença ambiental os
mesmos traços da licença tradicional do Direito
Administrativo.
Características da Licença
Ambiental
 O desdobramento da licença em três subespécies: a licença
prévia (concedida na fase preliminar do planejamento da
atividade), licença de instalação (que autoriza a
instalação do empreendimento ou atividade) e licença de
operação (autoriza a operação da atividade ou
empreendimento) – Art. 19 do Decreto 99.274/90 e Art. 8º
da Resolução CONAMA 237/97.

 Exigência de alguma forma de avaliação prévia de


impactos ambientais – o que leva à discricionariedade
técnica (diversa da discricionariedade administrativa)
deferida à autoridade na fase de análise do pedido de
licença.
 A terceira característica é a estabilidade temporal,
que não se confunde com a precariedade das
autorizações, nem com a definitividade das licenças
tradicionais.

 A L.A. não assegura ao seu titular a manutenção do


status quo vigorante ao tempo de sua expedição,
sujeita que se encontra a prazos de validade.

 Garante-se no lapso temporal da licença, a


inalterabilidade das regras impostas no momento da
outorga, salvo, é claro, se o interesse público
recomendar o contrário.
Do licenciamento das atividades:
Art. 17 do Decreto 99.274/90
 Art. 17. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de
estabelecimento de atividades utilizadoras de recursos
ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras,
bem assim os empreendimentos capazes, sob qualquer forma,
de causar degradação ambiental, dependerão de prévio
licenciamento do órgão estadual competente integrante do
Sisnama, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.

 § 1º Caberá ao Conama fixar os critérios básicos, segundo


os quais serão exigidos estudos de impacto ambiental para fins
de licenciamento, contendo, entre outros, os seguintes itens:
 a) diagnóstico ambiental da área;
 b) descrição da ação proposta e suas alternativas; e
 c) identificação, análise e previsão dos impactos
significativos, positivos e negativos.
Licenciamento e licença ambiental
 Licenciamento ambiental: o procedimento administrativo
destinado a licenciar atividades ou empreendimentos
utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação
ambiental (art. 2º, I, da LC 140/2011);

 Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão


ambiental competente, estabelece as condições, restrições e
medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo
empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar,
ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras
dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental (art. 1º, II, da Resolução CONAMA
237/97).
Tipos de licença ambiental
(Resolução 237/97 do CONAMA)
 Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle,
expedirá as seguintes licenças:

 I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do


planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua
localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e
estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos
nas próximas fases de sua implementação;
 II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do
empreendimento ou atividade de acordo com as especificações
constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as
medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual
constituem motivo determinante;
 III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que
consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e
condicionantes determinados para a operação.
Competências para o licenciam.
ambiental (LC 140/2011)
 Licenciamento Federal:
 Art. 7º. São ações administrativas da União:
 XIV – promover o licenciamento ambiental de
empreendimentos e atividades:
 a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e
em país limítrofe;
 b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na
plataforma continental ou na zona econômica exclusiva;
 c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;
 d) localizados ou desenvolvidos em unidades de
conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de
Proteção Ambiental ( APAs);
 e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;
 f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos
termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e
emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar
nº 97, de 9 de junho de 1999 (Dispõe sobre as normas gerais para a
organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas).;
 g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar,
armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que
utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações,
mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); ou
 h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a
partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a
participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e
natureza da atividade ou empreendimento;
 Licenciamento estadual:
 Art. 8º. São ações administrativas dos Estados:
 XIV – promover o licenciamento ambiental de
atividades ou empreendimentos utilizadores de
recursos ambientais, efetiva ou potencialmente
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar
degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts.
7º (União) e 9º (Municípios);
 XV – promover o licenciamento ambiental de
atividades ou empreendimentos localizados ou
desenvolvidos em unidades de conservação instituídas
pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental
(APAs);
 Licenciamento municipal:
 Art. 9º. São ações administrativas dos Municípios:
 XIV – observadas as atribuições dos demais entes
federativos previstas nesta Lei Complementar,
promover o licenciamento ambiental das atividades
ou empreendimentos:
 a) que causem ou possam causar impacto ambiental de
âmbito local, conforme tipologia definida pelos
respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente,
considerados os critérios de porte, potencial poluidor e
natureza da atividade; ou
 b) localizados em unidades de conservação instituídas
pelo Município, exceto em Áreas de Proteção
Ambiental (APAs);
Licenciamento em APAs
 Parágrafo único (art. 12). A definição do
ente federativo responsável pelo
licenciamento e autorização a que se refere o
caput, no caso das APAs, seguirá os critérios
previstos nas alíneas “a”, “b”, “e”, “f” e “h” do
inciso XIV do art. 7º, no inciso XIV do art.
8º, e na alínea “a” do inciso XIV do art. 9º.
Etapas do licenc. ambiental
 RESOLUÇÃO CONAMA 237/97

 Art. 10 - O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às seguintes etapas:

 I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do


empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao
início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida;

 II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos


documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida
publicidade;

 III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA , dos


documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias
técnicas, quando necessárias;

 IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental


competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos
documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo
haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações
não tenham sido satisfatórios;
Etapas do lic. amb. (cont.)
 V - Audiência pública, quando couber, de acordo com
a regulamentação pertinente;
 VI - Solicitação de esclarecimentos e
complementações pelo órgão ambiental
competente, decorrentes de audiências públicas,
quando couber, podendo haver reiteração da
solicitação quando os esclarecimentos e
complementações não tenham sido satisfatórios;
 VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e,
quando couber, parecer jurídico;
 VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de
licença, dando-se a devida publicidade
L.A. por um único ente federativo
(LC 140/2011)
 Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados
ou autorizados, ambientalmente, por um único ente
federativo, em conformidade com as atribuições
estabelecidas nos termos desta Lei Complementar.
 § 1º Os demais entes federativos interessados podem
manifestar-se ao órgão responsável pela licença ou
autorização, de maneira não vinculante, respeitados os
prazos e procedimentos do licenciamento ambiental.
 § 2º A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos
ambientais é autorizada pelo ente federativo licenciador.
Procedimentos específicos e
simplificados (Res. 237/97)
 Art. 12 - O órgão ambiental competente definirá, se
necessário, procedimentos específicos para as licenças
ambientais, observadas a natureza, características e
peculiaridades da atividade ou empreendimento e, ainda, a
compatibilização do processo de licenciamento com as
etapas de planejamento, implantação e operação.
 § 1º - Poderão ser estabelecidos procedimentos
simplificados para as atividades e empreendimentos de
pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão ser
aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente.
Anuência municipal em processo
de licenciamento (Res. 237/97)
 § 1º (Art. 10) - No procedimento de licenciamento
ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a
certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o
local e o tipo de empreendimento ou atividade estão
em conformidade com a legislação aplicável ao
uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a
autorização para supressão de vegetação e a
outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos
competentes
Atuação em caráter supletivo (LC
140/2011)
 Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter
supletivo nas ações administrativas de licenciamento e na
autorização ambiental, nas seguintes hipóteses:
 I – inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de
meio ambiente no Estado ou no Distrito Federal, a União
deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou
distritais até a sua criação;
 II – inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de
meio ambiente no Município, o Estado deve desempenhar
as ações administrativas municipais até a sua criação; e
 III – inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho
de meio ambiente no Estado e no Município, a União deve
desempenhar as ações administrativas até a sua criação em
um daqueles entes federativos.
Ação subsidiária (LC 140/11)
 Art. 16. A ação administrativa subsidiária dos entes
federativos dar-se-á por meio de apoio técnico,
científico, administrativo ou financeiro, sem prejuízo
de outras formas de cooperação.

 Parágrafo único. A ação subsidiária deve ser


solicitada pelo ente originariamente detentor da
atribuição nos termos desta Lei Complementar.
Fiscalização (LC 140/2011)
 Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou
autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou atividade,
lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo
administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental
cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.
 § 1º Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração
ambiental decorrente de empreendimento ou atividade utilizadores de
recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores, pode dirigir
representação ao órgão a que se refere o caput, para efeito do exercício de
seu poder de polícia.
 § 2º Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade
ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do fato deverá
determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la,
comunicando imediatamente ao órgão competente para as providências
cabíveis.
 § 3º O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes
federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de
empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou
utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor,
prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha
a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput.
Prazos de validade das licenças
(Res. CONAMA 237/97)
 Art. 18 - O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de
validade de cada tipo de licença, especificando-os no respectivo
documento, levando em consideração os seguintes aspectos:
 I - O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no
mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos
planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou
atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos.
 II - O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá
ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do
empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6
(seis) anos.
 III - O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá
considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo,
4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos.
Modificação, suspensão e
cancelamento da L.A (Res. 237/97)
 Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante
decisão motivada, poderá modificar os
condicionantes e as medidas de controle
e adequação, suspender ou cancelar uma licença
expedida, quando ocorrer:
 I - Violação ou inadequação de quaisquer
condicionantes ou normas legais.
 II - Omissão ou falsa descrição de informações
relevantes que subsidiaram a expedição da licença.
 III - superveniência de graves riscos ambientais e de
saúde.
 Para MILARÉ, as modificações dos condicionantes
e das medidas de controle e adequação podem
ocorrer nos casos em que houver uma situação de
inadequação circunstancial da licença ambiental,
através da aplicação analógica da teoria da
imprevisão e da cláusula rebus si stantibus (a
convenção não permanece em vigor, se as coisas não
permanecem como eram no momento da celebração).
 Exige-se, para que seja aplicada a cláusula acima, que
as novas circunstâncias (1) sejam realmente
imprevisíveis quanto à ocorrência ou a consequências;
(2) sejam estranhas à vontade das partes; (3) sejam
inevitáveis; (4) causem desequilíbrio muito grande no
contrato.
 A suspensão da licença ocorre nas hipóteses de (1)
omissão de informações relevantes durante o processo
licenciatório, passível de sanção, e (2) superveniência
de graves riscos para o ambiente e a saúde, superáveis
mediante a adoção de medidas de controle e
adequação.

 O cancelamento da licença tem pertinência nos caos


em que esta (1) é expedida em flagrante dissonância
com a ordem jurídica; (2) é subsidiada por falsa
descrição de informações relevante ou ainda (3) pela
superveniência de graves riscos para o ambiente e a
saúde, insuscetíveis de superação mediante a adoção
de medidas de controle e adequação.
Estudos Ambientais (que realizam as avaliações
de impacto – discricionariedade técnica)
 No Brasil, apesar da existência de alguns estudos ambientais
comuns exigidos na maioria dos estados, o conteúdo dos estudos
ambientais, e a fase do licenciamento em que poderão ser
solicitados, podem variar de estado para estado, de acordo com
legislações e procedimentos próprios.
 Alguns exemplos dos principais estudos ambientais exigidos
pelos órgãos ambientais são o PBA, RAS, RCA, PCA, e
EIA/RIMA. O Relatório Ambiental Simplificado (RAS) pode ser
exigido no licenciamento ambiental de empreendimentos de
impacto ambiental de pequeno porte, e normalmente apresenta
a caracterização do empreendimento, o diagnóstico ambiental da
região onde este se localizará, os impactos ambientais e
respectivas medidas de controle.
 Fonte: Portal Nacional para o Licenciamento Ambiental:
http://pnla.mma.gov.br/licenciamento-ambiental/estudos-
ambientais/
MANIFESTO EM DEFESA DO LICENCIAMENTO
AMBIENTAL NO BRASIL. NÃO AO PLS 654/2015
 O PL prevê prazos de até 60 dias para a realização de Estudos
Ambientais, trazendo como resultado a ausência absoluta de análises
adequadas de impactos. Estudos relativos a impactos hidrológicos de
barragens, por exemplo, somente podem ser realizados após a
observação de pelo menos um ciclo hidrológico completo de um ano. A
incorporação de uma“licença ambiental integrada”, que autoriza
simultaneamente a instalação e operação de um empreendimento,
significa na prática a eliminação do processo de licenciamento
ambiental em si.

 http://abrampa.jusbrasil.com.br/noticias/261378702/manifesto-em-
defesa-do-licenciamento-ambiental-no-brasil-nao-ao-pls-654-2015

 https://www.sosma.org.br/106034/nota-publica-sobre-licenciamento-
ambiental-proposta-bomba-e-um-grave-desservico-para-o-brasil/

 Autor do projeto: Senador Romero Jucá


 Proposta de Ministro de Meio Ambiente ofende vítimas de
Brumadinho e o bom senso.
 http://www.diretodaciencia.com/2019/01/29/proposta-de-
ministro-para-licenciamento-ofende-vitimas-de-
brumadinho-e-o-bom-senso/

 Organizações da sociedade civil criticam duramente o


projeto de lei geral de licenciamento.
 https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-
socioambientais/organizacoes-da-sociedade-civil-criticam-
duramente-o-projeto-de-lei-geral-de-licenciamento

 Decisão do COEMA flexibiliza licenciamento ambiental no


Ceará:
 https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/m
etro/decisao-de-conselho-flexibiliza-licenciamento-
ambiental-no-ceara-1.2086576
 25/10/2018 PLENÁRIO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
5.312 TOCANTINS RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES

 REQTE.(S) :PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA INTDO.(A/S)


:GOVERNADOR DO ESTADO DO TOCANTINS ADV.(A/S) :SEM
REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS INTDO.(A/S) :ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
DO ESTADO DO TOCANTINS ADV.(A/S) :SEM REPRESENTAÇÃO NOS
AUTOS
 EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
CONSTITUCIONAL E AMBIENTAL. FEDERALISMO E RESPEITO ÀS
REGRAS DE DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA LEGISLATIVA. LEI
ESTADUAL QUE DISPENSA ATIVIDADES AGROSSILVIPASTORIS DO
PRÉVIO LICENCIAMENTO AMBIENTAL. INVASÃO DA COMPETÊNCIA
DA UNIÃO PARA EDITAR NORMAS GERAIS SOBRE PROTEÇÃO
AMBIENTAL. DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE
EQUILIBRADO E PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO.
INCONSTITUCIONALIDADE.
 1. A competência legislativa concorrente cria o denominado “condomínio
legislativo” entre a União e os Estados-Membros, cabendo à primeira a edição
de normas gerais sobre as matérias elencadas no art. 24 da Constituição
Federal; e aos segundos o exercício da competência complementar — quando
já existente norma geral a disciplinar determinada matéria (CF, art. 24, § 2º) —
e da competência legislativa plena (supletiva) — quando inexistente norma
federal a estabelecer normatização de caráter geral (CF, art. 24, § 3º).
 2. A possibilidade de complementação da legislação federal para o
atendimento de interesse regional (art. 24, § 2º, da CF) não permite que
Estado-Membro dispense a exigência de licenciamento para atividades
potencialmente poluidoras, como pretendido pelo art. 10 da Lei 2.713/2013 do
Estado do Tocantins.
 3. O desenvolvimento de atividades agrossilvipastoris pode acarretar uma relevante
intervenção sobre o meio ambiente, pelo que não se justifica a flexibilização dos
instrumentos de proteção ambiental, sem que haja um controle e fiscalização
prévios da atividade.
 4. A dispensa de licenciamento de atividades identificadas conforme o
segmento econômico, independentemente de seu potencial de degradação, e
a consequente dispensa do prévio estudo de impacto ambiental (art. 225, § 1º,
IV, da CF) implicam proteção deficiente ao direito fundamental ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225 da CF), cabendo ao Poder
Público o exercício do poder de polícia ambiental visando a prevenir e
mitigar potenciais danos ao equilíbrio ambiental.
 5. Ação direta julgada procedente.

 A C Ó R D Ã O : Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros do Supremo


Tribunal Federal, em Plenário, sob a Presidência do Senhor Ministro DIAS
TOFFOLI, em conformidade com a ata de julgamento e as notas taquigráficas, por
unanimidade, acordam em conhecer da ação direta e em julgá-la procedente para
declarar a inconstitucionalidade do art. 10 da Lei 2.713/2013 do Estado do
Tocantins, nos termos do voto do Relator. Ausente, justificadamente, o Ministro
Roberto Barroso. Brasília, 25 de outubro de 2018. Ministro ALEXANDRE DE
MORAES Relator (grifos meus).
 O COEMA e a segunda morte de Zé Maria do Tomé

 João Alfredo Telles Melo

 No próximo dia 21 de abril, o assassinato de José Maria do Tomé


completará 9 anos de impunidade. Zé Maria era um dos quase 300
camponeses desapropriados, na década de 1990, para dar lugar ao
projeto do Distrito Irrigado Jaguaribe-Apodi (DIJA), do DNOCS. Sua
luta começa buscando justiça para os que perderam suas terras para o
agronegócio. No entanto, foi a peleja contra a pulverização aérea de
agrotóxicos que originou o crime de pistolagem que tirou sua vida,
causou uma comoção na região e levou à criação da Lei 16.820/19, do
Dep. Renato Roseno, que baniu as “chuvas de veneno” no Ceará.
 Veio do mesmo Governo Camilo, por meio dos órgãos
ambientais, a proposta aprovada pelo COEMA (Cons. Estadual do Meio
Ambiente), no último 11/04, de novas regras para o licenciamento
ambiental, que, dentre outras ilegalidades (isenção de licenciamento
para atividades degradadoras, licença por autodeclaração etc.),
dispensa de licenças ambientais o plantio irrigado, com uso de
agrotóxicos, em imóveis de até 30 hectares (em nome do
atendimento ao “setor produtivo”, segundo os defensores da proposta).
 No DIJA, onde estudos realizados por pesquisadores do núcleo
TRAMAS/UFC demonstraram uma incidência significativa de
câncer entre os agricultores (inclusive com a morte, por
contaminação química, de Vanderlei Matos da Silva, em 2008), a
média do lote agrícola é de 7,85 hectares. No entanto, só no DIJA,
são 231 lotes com esse tamanho, perfazendo uma área total de
1.815,00 ha. dispensados de licenciamento (detalhe: o governo
federal já liberou, em 2019, 152 novos agrotóxicos, dos quais 44%
alta/extremamente tóxicos e 28% proibidos na União Europeia). Se
expandirmos esses cálculos para todo o Estado, o impacto pode ser
tremendo.
 É de se questionar se isso foi uma compensação do estado ao
agronegócio pela proibição da pulverização aérea de agrotóxicos. O
grave é que, nessa moeda de troca, estão a saúde do trabalhador e
do consumidor e a proteção dos solos, das águas, da Natureza. Um
preço muito alto a pagar! Resta-nos a mobilização e a Justiça para
honrar a memória de Zé Maria e de sua luta.

 (Publicado no jornal O Povo, de 18/04/2019 -


https://www.opovo.com.br/jornal/opiniao/2019/04/17/o-coema-e-
a-segunda-morte-de-ze-maria-do-tome.html
 O AI-5 AMBIENTAL DO GOVERNO CID GOMES

 João Alfredo Telles Melo

 Quem conhece a história do Brasil, sabe que o Ato Institucional n. 5,
editado pela Junta Militar em 1968, foi designado de o Golpe dentro do Golpe, pois era
mais autoritário ainda do que a Constituição de 1967, uma que dava poderes
extraordinárias ao Presidente da República (o Ditador de plantão) e suspendia vários
direitos e garantias constitucionais, como o próprio direito de ir e vir, com a
suspensão do Habeas Corpus. Foi o que possibilitou uma feroz repressão política que
instaurou a censura e deixou milhares de jovens mortos, feridos e desaparecidos até
hoje em nosso pais.
 Não é exagero dizer que a o Projeto de Lei que “dispõe sobre os casos
de dispensa de licenciamento ambiental no Estado do Ceará”, encaminhado pelo
Governador Cid Gomes à Assembléia Legislativa, nesse período de convocação
extraordinária, se constitui, por si mesmo, em um verdadeiro AI-5 AMBIENTAL! Tal
como o seu congênere da Ditadura, fere frontalmente a Constituição de 1988 e a Lei da
Política Nacional do Meio Ambiente e dá poderes extraordinários ao Governador e ao
Presidente do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente, senão vejamos.
 O projeto é inconstitucional porque agride as regras de competência
do art. 24 da C.F., que determina caber à União legislar sobre normas gerais e aos
Estados suplementá-las. E a norma geral para o licenciamento ambiental é a Lei
Federal 6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, que estabelece,
em seu art. 10, que “obras e atividades utilizadoras de recursos ambientais ...
dependerão de prévio licenciamento do órgão estadual competente”. E o art. 1º do AI-5
Ambiental “dispensa (como se pudesse) de licenciamento ambiental” uma série de
atividades, dentre os quais, aterros sanitários, desmatamentos e – vejam – pesca e
aqüicultura (dentre os quais se encontra a criação de camarões em cativeiros),
extremamente impactantes ao Meio Ambiente.

 Segundo, porque, de um só golpe (e a palavra é essa!),
esvazia a SEMACE - Superintendência Estadual do Meio Ambiente (que,
recentemente, contratou fiscais por concurso público) e o COEMA -
Conselho Estadual do Meio Ambiente (órgão colegiado, que tem a
participação da sociedade civil), ao determinar, em seu art. 2º, para as
atividades para as quais não está dispensada (com se pudesse, repito) o
licenciamento, este será de competência do Presidente do Conselho de
Políticas e Gestão do Meio Ambiente, desde que a obra seja considerada,
por Decreto (vejam só!), estratégica para o Estado do Ceará. Nada de
avaliação técnica pela SEMACE! Nada de debates no Conselho do Meio
Ambiente! Todas as decisões nas mãos do governador e do seu
secretário! E isso em plena época em que as Mudanças Climáticas
cobram da humanidade uma pesada conta pelo desenvolvimento a
qualquer custo do Sistema do Capital!
 Estamos diante de um retrocesso de 23 anos, pois, em 28
de dezembro de 1987, era publicada a Lei 11.411, que criava a Política
Estadual do Meio Ambiente, a SEMACE e o COEMA; lei esta rasgada pela
proposta do governador, órgãos esses esvaziados e manietados pelo AI-5
AMBIENTAL. O que se espera é que o Poder Legislativo Estadual não seja
cúmplice desse “crime”.

 João Alfredo Telles Melo, é advogado, professor de Direito Ambiental,


vereador em Fortaleza e foi Deputado Estadual à época em que foram
criados o COEMA e a SEMACE.

 http://acervo.racismoambiental.net.br/2011/01/14/alerta-urgente-e-preciso-
lutar-contra-a-tentativa-de-ai-5-ambiental-no-ceara/

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