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Direito Ambiental
Sumário
CAPÍTULO 2 – Licenciamento, competências ambientais e
sistema de responsabilidade ambiental..............................................................................05
2.1 Licenciamento...........................................................................................................05
2.8.3 Crimes:...........................................................................................................17
Referências Bibliográficas.................................................................................................19
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Capítulo 2
Licenciamento, competências ambientais
e sistema de responsabilidade ambiental
2.1 Licenciamento
O licenciamento é um dos mais importantes instrumentos para a realização da Política Nacional
do Meio Ambiente e está previsto no art. 9º, inciso IV, da Lei 6938/81. Para além do dispositivo
citado acima, o art. 10, caput, da Lei 6938/81 (com redação da Lei Complementar 140/2011)
prescreve que:
O licenciamento, portanto, deve ser considerado condição para o exercício e para o funcio-
namento de atividades econômicas potencialmente poluidoras e uma concessão de benefí-
cios por parte das entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais (art. 12,
Lei 6938/81).
Segundo o art. 1º, inciso I, da Resolução CONAMA 237/1997 (Conselho Nacional do Meio
Ambiente), o licenciamento ambiental pode ser caracterizado como um:
Além disso, no art. 2º, inciso I, da Lei Complementar 140/2011, o licenciamento passou a ser
definido como um: “[...] procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empre-
endimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capa-
zes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental”.
Dessa forma, fica posto que o licenciamento diz respeito a um procedimento administrativo,
e não mero ato administrativo, possuidor de várias etapas e com a finalidade de obtenção de
licença ambiental.
É importante salientar que apenas será admitido o licenciamento ambiental promovido por um
único ente federativo, sendo que as demais esferas de governo poderão se manifestarem de ma-
neira informativa e não vinculante (art. 13, LC 140/2011).
Nessa situação, o critério será o da repartição de competências, sendo comum entre os entes
federados, a saber: União, Estados, Distrito Federal e Municípios (Lei Complementar 140/2011).
Resta esclarecer que, mesmo que a competência para promoção do licenciamento seja de ape-
nas um órgão, não restará excluído o poder de fiscalização dos demais entes da federação,
segundo o disposto art. 17 da LC 140/2011.
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Direito Ambiental
Observações:
Ainda, há o critério da atuação supletiva, segundo o qual quando o órgão ambiental do ente da
federação de menor extensão territorial não puder licenciar, o de maior abrangência territorial o
realizará, de acordo com o disposto no art. 14 da LC 140/2011.
5. As competências licenciatórias da União, exercidas através do IBAMA, estão dispostas no art. 7º,
inciso XIV, da LC 140/2011, observando o critério da dominialidade do bem público e o critério
do ente federativo instituidor da unidade de conservação (exceto em Áreas de Proteção Ambien-
tal – APAs). Ainda será da competência federal licenciar as atividades que atendam a tipologia
estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional,
assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA.
8. Como o Distrito Federal não possui municípios, segundo o art. 10 da LC 140/2011, o citado
ente acumulará competências para o licenciamento analisadas para os Estados e os Municípios.
11. De acordo com o art. 8º, inciso XVI, da LC 140/2011, competirá aos Estados e ao Distrito
Federal licenciar a supressão e o manejo de vegetação em imóveis rurais, salvo no caso de com-
petência federal (unidades de conservação criadas pela União, exceto as APAs, terras devolutas
federais, florestas públicas federais e demais empreendimentos de competência do IBAMA lista-
dos no art. 7º, inciso XV).
[...] ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições,
restrições e medidas de controle ambiental que deverão se obedecidas pelo empreendedor,
pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades
utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou
aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.
c) Licença de Operação (LO): permite o início das atividades segundo o projeto aprovado,
indicando as medidas ambientais de controle e os condicionantes.
Observações:
1. A licença prévia tem prazo de validade de até cinco anos, a licença de instalação não poderá
ter validade superior a seis anos, enquanto a licença de operação terá prazos que irão variar
entre quatro e dez anos, sempre a critério do órgão ambiental; sendo que a sua renovação de-
verá ser requerida com antecedência mínima de cento e vinte dias do seu vencimento, ficando
automaticamente renovada até a manifestação do órgão competente.
2. Segundo a Lei Complementar 140/2011, art. 15, o decurso dos prazos de licenciamento sem
a emissão da licença ambiental não implica emissão tácita nem autoriza a prática de ato que
dela dependa e decorra, apenas instaurando a competência supletiva (ação do ente da federa-
ção que se substitui ao ente federativo originariamente detentor de atribuições).
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Faz-se mister salientar que o EIA será elaborado por uma equipe multidisciplinar contratada pelo
empreendedor, com habilitação técnica nos Conselhos de Classe, devendo o estudo abranger
questões exigidas pelo órgão ambiental. Convém salientar que, mesmo em face de lacuna na
regulamentação do CONAMA, compreende-se que o órgão ambiental não está vinculado às
conclusões do EIA, contudo, em caso de discordância, deverá fundamentar segundo informações
da equipe técnica do próprio órgão ambiental.
Audiência Pública: Poderá ser realizada audiência pública no EIA/RIMA a critério do órgão licen-
ciador, que terá como objetivo expor aos interessados o conteúdo do estudo e de seu relatório,
dirimindo dúvidas, recolhendo críticas e sugestões, sendo tudo registrado e considerado para a
aprovação ou rejeição do projeto. Ainda, ocorrerá audiência pública se for solicitado por enti-
dade civil, pelo Ministério Público ou, no mínimo, por cinquenta cidadãos.
Observação: se não ocorrer a audiência pública nas hipóteses acima mencionadas, a eventual
licença concedida será considerada inválida, conforme o art. 2º, § 2º, da Resolução CONAMA
09/1987.
a) legislativas (art. 22, incisos IV, XII e XVI; art. 24, incisos VI, VII e VIII; art. 30, incisos I e II);
A cooperação dos entes políticos no âmbito do meio ambiente encontra eco na lei complementar
que regulamenta o art. 23, parágrafo único, da Constituição Federal. Trata-se de Lei Comple-
A mencionada lei prevê como instrumentos de cooperação administrativa para proteção ambien-
tal: a) consórcio públicos; b) convênios; c) acordos de cooperação técnica que podem ser firma-
dos por prazo indeterminado. Para além disso, foram previstas as comissões tripartite nacional,
estaduais e do Distrito Federal.
Vale dizer que, segundo o art. 24 da CF, compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le-
gislar concorrente sobre responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; sendo que os Estados podem
suplementar a legislação federal sobre responsabilidade civil ambiental (art. 24, §§1º e 2º, da CF).
Dano ambiental: corresponde a ponto fundamental e que pode ser caracterizado como qualquer
lesão oriunda de atividade ou conduta de pessoa física ou jurídica a um bem jurídico ambiental.
Vale ressaltar que haverá um dano mesmo quando a atividade derive de um ato lícito, ou seja,
mesmo quando resultar dentro de padrões ambientais.
Poluição e degradação ambiental: art. 3º, inciso IV, da Lei 6938/81 (rol exemplificativo).
A responsabilidade civil apresenta três características básicas, a saber: é objetiva, solidária (entre
poluidor direto e indireto) e integral (art. 14, §1º, Lei 6938/81 e 225, §3º, da CF); pautando-se
na teoria do risco da atividade. Tal teoria apresenta duas subteorias, que são: a) teoria do risco
criado (“causalidade adequada”) e a teoria do risco integral (equivalência das condições”).
No que se refere ao nexo causal, convém mencionar que a regra é a da comprovação da relação
entre a conduta danosa e o resultado, sendo dispensada excepcionalmente no caso de obrigação
de preservação da área de reserva legal florestal (obrigação propter rem).
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É importante lembrar que a sanção administrativa pode ser aplicada sem prejuízo das sanções
civis e penais (art. 225, §3º, da CF).
O Decreto 6514/08, em seu art. 2º, ratificando os termos da Lei 9605/98, art. 70, define infra-
ção administrativa ambiental como “[...] toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de
uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”.
Portanto, a multa por infração penal é imposta pelo juiz e a multa administrativa é fixada pelo
agente administrativo.
São autoridades competentes para lavrar o auto de infração ambiental e instaurar processo
administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio
Ambiente – SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das
Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.
No que tange à fiscalização, deve-se observar que se trata de atividade administrativa e será
exercida pelos agentes dos órgãos/entidades dos poderes executivos Federal, Estaduais e Mu-
nicipais pertencentes ao SISNAMA, segundo as respectivas competências estabelecidas em lei.
Em conformidade com o art. 97 do Decreto 6514/08, o auto de infração deve ser lavrado
Ao auto de infração serão aplicadas as regras referentes à validade dos atos administrativos no
que tange à convalidação. Dessa forma, se houver um vício sanável (formal) poderá o mesmo
ser convalidado, v.g. e a licença ambiental concedida por agente que não possua competência
funcional. Para tanto, poderá ser convalidada pela autoridade competente, conferindo legalida-
de ao auto a partir de sua publicação (GRANZIERA, 2014, p. 728).
Haverá a obrigação do servidor, após a lavratura do auto, dar ciência do mesmo ao autuado,
assegurando o direito ao “contraditório e a ampla defesa” (Decreto 6514/08, art. 96) e aos
princípios insculpidos na Constituição Federal (art. 5º, LV, CF).
O agente que procederá a lavratura do auto de infração deverá indicar as sanções cabíveis,
observando o art. 4º do Decreto 6514/08:
1. Gravidade dos fatos, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a
saúde pública e para o meio ambiente;
2. Antecedentes do infrator, quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;
3. Situação econômica do infrator.
Após a lavratura do auto, o mesmo deverá ser encaminhado à unidade administrativa responsá-
vel pela apuração da infração para a autuação do processo em cinco dias úteis, contados de seu
recebimento (art. 98, Decreto 6514/08).
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Defesa:
O prazo estabelecido para que o autuado apresente sua defesa perante à administração am-
biental federal será de 20 dias, contados da data da ciência da autuação, cuja comprovação de-
verá ser anexada ao processo (art. 113, Decreto 6514/08). Após esse prazo, a defesa não será
conhecida, devendo-se aplicar a mesma regra se a defesa for apresentada por quem não seja
legitimado ou perante órgão ou entidade ambiental incompetente (art. 117, Decreto 6514/08).
A defesa será formulada por escrito e deverá conter os fatos e fundamentos jurídicos que contra-
riem o disposto no auto de infração e os termos que o acompanham, bem como a especificação
das provas que o autuado pretende produzir a seu favor, devidamente justificadas.
O autuado poderá ser apresentado por advogado ou procurador legalmente constituído, de-
vendo, para tanto, anexar à defesa o respectivo instrumento de procuração (art. 116, Decreto
6514/08).
Instrução e julgamento:
A instrução do processo consiste em uma das fases do processo administrativo, na qual são jun-
tadas aos autos os documentos pertinentes, com a finalidade de registrar e elucidar os fatos em
direção a um ato final (MEDAUAR, 1993, p. 132).
Art. 118. Ao autuado caberá a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever
atribuído à autoridade julgadora para instrução do processo.
Art. 119. A autoridade julgadora poderá requisitar a produção de provas necessárias à sua
convicção, bem como parecer técnico ou contradita do agente autuante, especificando o objeto
a ser esclarecido.
§1º O parecer técnico deverá ser elaborado no prazo máximo de dez dias, ressalvadas as
situações devidamente justificadas.
§2º A contradita deverá ser elaborada pelo agente autuante no prazo de cinco dias, contados
a partir do recebimento do processo
§3º Entende-se por contradita, para efeito deste Decreto, as informações e esclarecimentos
prestados pelo agente autuante necessários à elucidação dos fatos que originaram o auto de
infração, ou das razões alegadas pelo autuado, facultado ao agente, nesta fase, opinar pelo
acolhimento parcial ou total da defesa.
Art. 120 As provas propostas pelo autuado, quando impertinentes, desnecessárias ou
protelatórias, poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada da autoridade julgadora
competente.
Art. 122 Encerrada a instrução, o autuado terá o direito de manifestar-se em alegações finais,
no prazo máximo de dez dias.
Art. 123. A decisão da autoridade julgadora não se vincula às sanções aplicadas pelo agente
autuante, ou ao valor da multa, podendo, em decisão motivada, de ofício ou a requerimento
do interessado, minorar, manter ou majorar o seu valor, respeitados os limites estabelecidos na
legislação ambiental vigente.
Art. 124. Oferecida ou não a defesa, a autoridade julgadora, no prazo de trinta dias, julgará o
auto de infração, decidindo sobre a aplicação de penalidades.
Art. 125. A decisão deverá ser motivada, com a indicação dos fatos e fundamentos jurídicos
em que se baseia.
Art. 126 Julgado o auto de infração, o autuado será notificado por via postal com aviso de
recebimento ou outro meio válido que assegure a certeza de sua ciência para pagar a multa
no prazo de cinco dias, a partir do recebimento da notificação, ou para apresentar o recurso.
O recurso da decisão proferida pela autoridade julgadora deve ser apresentado à autoridade
administrativa julgadora que proferiu a decisão no prazo de 20 dias, segundo o art. 127 do
Decreto 6514/08. Se a autoridade recorrida não reconsiderar a decisão no prazo de 5 dias,
encaminhará o processo à autoridade superior, a ser indicada em ato próprio (art. 127, §2º, do
Decreto 6514/08).
Nos termos do art. 127-A do Decreto 6514/08, a autoridade que proferiu a decisão recorrerá de
ofício à autoridade superior, nas hipóteses definidas pelo órgão ou entidade ambiental.
Segundo o art. 130 do mencionado diploma acima, da decisão da autoridade superior caberá
recurso ao CONAMA (instituição de uma nova instância de recurso com procedimento próprio).
O recurso interposto não terá efeito suspensivo (art. 128, Decreto 6514/08), salvo que se trata
de aplicação de multa. Na hipótese de justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação, a
autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido do recorrente,
conceder efeito suspensivo ao recurso (art. 128, §1º, Decreto 6514/08).
Aplica-se ao recurso a mesma regra que para a defesa do autuado, não sendo reconhecido nos
casos em que for interposto fora do prazo, perante órgão ambiental incompetente e por quem
não seja legitimado (art. 131, Decreto 6514/08).
O Decreto 6514/08 assevera que o agente autuante, no uso do seu poder de polícia, poderá
adotar medidas administrativas destinadas a “[...] prevenir a ocorrência de novas infrações, res-
guardar a recuperação ambiental e garantir o resultado prático do processo administrativo” (art.
101, §1º, Decreto 514/08) e que podem ser:
1. Apreensão;
2. Embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas;
3. Suspensão de venda ou fabricação de produto;
4. Suspensão parcial ou total de atividades;
5. Destruição ou inutilização dos produtos, subprodutos e instrumentos da infração;
6. Demolição.
As sanções são impostas após a tramitação do devido processo legal de apuração da infração,
garantindo-se sempre ao autuado o direito à ampla defesa e ao contraditório (art. 70, §4º, da
Lei 9605/98).
É importante salientar que tais medidas são operadas no âmbito da excepcionalidade, ou seja,
nas hipóteses em que se verifiquem indícios de que a não atuação imediata da administração
possa implicar a sua ineficácia, em detrimento da proteção do meio ambiente.
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a.1.) A apreensão pode se referir aos animais da fauna silvestre que, segundo o art. 107,
inciso I, do Decreto 6514/08 poderão ser libertados em seu habitat ou entregues a jardins zo-
ológicos, fundações, entidades de caráter científico, centros de triagem, criadouros regulares
ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados,
podendo ainda, respeitados os regulamentos vigentes, serem entregues em guarda provisória.
a.2.) Em relação aos animais domésticos e exóticos, que forem encontrados em unidade de
conservação de proteção integral ou em área de preservação permanente, ou ainda quando
impedirem a regeneração natural de vegetação em área cujo corte não tenha sido autorizado
(reserva legal), os mesmos poderão ser vendidos ou, ainda, após avaliados, doados, mediante
decisão motivada da autoridade ambiental, sempre que sua guarda ou venda forem inviáveis
econômica ou operacionalmente (art. 107, §1º, Decreto 6514/08). É necessário salientar que
há a necessidade de proceder-se à avaliação desses animais, pois, se na decisão do processo for
concluído que a apreensão foi indevida, o proprietário deverá ser indenizado.
No caso dos animais em questão que tiverem sido efetivamente apreendidos, sem que se lhes
tenha sido dada uma destinação, não retornarão aos infratores, cabendo a sua venda ou doação
(art. 134, VI, Decreto 6514/08).
Em relação à madeira, o art. 134, inciso II, Decreto 6514/08, faculta a sua doação a órgãos ou
entidades públicas, a venda ou ainda a sua utilização pela administração, quando necessária,
mediante decisão fundamentada.
a.4 ) Em relação a produtos e subprodutos da fauna não perecíveis (como, v.g. peles, cou-
ros, ossos, penas), os mesmos serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou
educacionais (art. 25, §3º, da Lei 9605/98).
a.5) No que diz respeito aos instrumentos utilizados na prática da infração, a Lei de Crimes Am-
bientais estabelece que serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio de recicla-
gem (art. 25, §4º, Lei 9605/98). Deve-se notar que os instrumentos, petrechos, equipamentos ou
veículos a serem apreendidos são aqueles diretamente relacionados à infração.
O embargo de obra ou atividade, como medida administrativa, tem por objetivo “[...] impedir a
continuidade do dano ambiental, propiciar a regeneração do meio ambiente e dar viabilidade
à recuperação da área degradada”, restringindo-se ao local onde se realizou o ilícito (art. 108,
Decreto 6514/08).
A medida administrativa de suspensão tem como objetivo “[...] evitar a colocação no mercado
de produtos ou subprodutos oriundos de infração administrativa ao meio ambiente” ou “[...]
interromper o uso contínuo de matéria-prima e subprodutos de origem ilegal” (art. 109 do De-
creto 6514/08).
Trata-se de medida que visa “[...] impedir a continuidade de processos produtivos em desacordo
com a legislação ambiental” (art. 110 do Decreto 615/08).
É importante verificar que a medida de suspensão total ou parcial deve ser imposta quando o
dano apresentar intensidade tal que o procedimento de multa diária com o compromisso de re-
gularizar a situação é ineficaz, em face dos riscos a que o ambiente se encontra exposto, como
v.g. se ocorre o lançamento de uma fumaça tóxica, ou o desmatamento de um espaço protegido,
não cabe a simples imposição de multa, sendo necessário paralisar a atividade de forma ime-
diata (GRAZIERA, 2014, p. 744).
e) Demolição de obra
A demolição de obra, edificação ou construção não habitada e utilizada diretamente para o co-
metimento da infração ambiental possui caráter excepcional e é cabível “[...] nos casos em que
se constatar que a ausência da demolição importa em iminente risco de agravamento do dano
ambiental ou de graves riscos à saúde” (art. 112, Decreto 6514/08).
Sanções:
I- Advertência [art. 5º, §1º e §4º, Decreto 6514/08 e art. 72, §2º, Lei 9605/98];
II - Multa simples [arts. 8º e 72, §3º, Lei 9605/98];
III - Multa diária [art. 10, Decreto 6514/98 e art. 72 Lei 9605/98];
IV - Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e da flora, instrumentos,
petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
V- Destruição ou inutilização do produto;
VI - Suspensão de venda ou fabricação do produto;
VII - Embargo de obra ou atividade;
VIII - Demolição de obra;
IX - Suspensão parcial ou total de atividades;
X- Restritiva de direitos.
Prazos prescricionais:
A ação da Administração Pública que visa apurar as infrações contra o meio ambiente prescreve
em cinco anos, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou conti-
nuada, do dia em que esta tiver cessado (art. 21, Decreto 6514/08). A prescrição é interrompida
nos seguintes casos:
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As penas das pessoas físicas podem ser: a) privativa de liberdade (arts. 29 ao 69-A da Lei 9605/98);
b) multa (art. 17 da Lei 9605/98 e 49, caput, e §1º do Código Penal); e c) restritiva de direitos
(arts. 7º, 8º, 9º, 10, 11, 12 e 13 todos da Lei 9605/98).
1. aplicação subsidiária dos dispositivos penais e processuais penais (art. 79 da Lei 9605/98).
3. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime,
segundo o art. 15 da Lei 9605/98:
2.8.3 Crimes:
Os crimes ambientais são assim divididos:
3. Crimes de poluição;
No que tange aos crimes, a Lei 9605/98 prevê tipos penais dolosos e admite, em alguns casos,
a modalidade culposa (arts. 54, 56, 62, 67, 68 e 69-A), sendo que a técnica utilizada em alguns
tipos penais foi a da norma penal em branco.
3) Aplicação e gradação das penas impostas: a autoridade competente deve apurar as conse-
quências e a extensão do dano, analisando a gravidade do fato, os antecedentes do infrator
em relação ao cumprimento do ordenamento ambiental, bem como a situação econômica do
infrator (art. 6º). Por fim, serão consideradas as atenuantes (art. 14) e agravantes previstas em
lei (art. 15).
4) Possibilidade de aplicação da suspensão condicional da pena nos casos em que a pena pri-
vativa de liberdade não for superior a três anos (art. 16).
6) Competência: a Súmula 91 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que previa a Justiça Federal
como competente para processar e julgar os crimes praticados contra a fauna, foi cancelada.
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1. Que a infração seja cometida por decisão de representante legal, contratual ou órgão
colegiado;
2. Que a infração seja praticada no interesse ou benefício da entidade (não necessita ser
pecuniário, podendo ser caracterizado como ganho institucional à pessoa jurídica);
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros,
2006.
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
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