Você está na página 1de 17

Modelo ação civil Pública

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA


PÚBLICA DA COMARCA DE SOROCABA, ESTADO DE SÃO PAULO

ASSOCIAÇÃO DOS DEFENSORES DO CÓRREGO DO MAÇARICO, pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº…, com sede e foro na Rua…, nº…, Bairro…,
Cidade…, Estado…, CEP nº…, endereço eletrônico…, neste ato representada por seu
presidente…, nacionalidade…, estado civil…, profissão…, portador da cédula de identidade
– RG nº…, inscrito no CPF/MF nº…, residente e domiciliado à Rua…, nº…, Bairro…,
Cidade…, Estado…, endereço eletrônico…, vem, respeitosamente, por intermédio de seu
advogado (procuração anexa), com escritório profissional à Rua…, nº…, Bairro…,
Cidade…, Estado…, CEP nº…, endereço eletrônico…, onde recebe intimações, com fulcro
no artigo 1º, I da Lei nº 7347/85 propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA C/C PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

em face de FRIGORÍFICO AGOSTINHO CARRARA, pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ nº…, com sede na Rua Coronel Agripino de Oliveira Costa, nº 171, Jardim
Estelionato, na cidade de Sorocaba, Estado de São Paulo, CEP nº…, endereço
eletrônico…, representada por seu sócio administrador…, nacionalidade…, profissão…,
estado civil…, portador do RG nº…, inscrito sob o CPF/MF…, residente e domiciliado à
Rua…, nº…, Bairro…, Cidade…, Estado…, CEP nº…, endereço eletrônico…, pelos motivos
de fato e direito a seguir aduzidos.

I) DOS FATOS

A empresa, ora ré, foi autuada, no dia 08 de fevereiro de 2015, pelo despejo irregular de
efluentes líquidos tratados no corpo receptor hídrico do Córrego do Maçarico, decorrente do
processo industrial de abate de bovinos, dando ensejo a abertura de inquérito civil para
apuração dos fatos.

Durante a investigação, foi confirmado que o despejo estava sendo feito de forma irregular
pela ré e, portanto, fora dos padrões estabelecidos por órgão ambiental. Além disso,
constatou-se que a empresa não obteve a devida licença de operação para a atividade
frigorífica e de abate de bovinos, embora possua licença de instalação.

Diante disso, foi emitido o Auto de Infração Ambiental nº… em razão do “lançamento de
efluentes líquidos tratados fora dos parâmetros estabelecidos na legislação ambiental
competente.”.

Assim, ao realizar o despejo de efluentes líquidos de maneira irregular, descumprindo as


exigências legais, acaba por provocar danos ao meio ambiente, praticando ilícito civil, por
ofensa a bens de interesse difuso.

II) DA LEGITIMIDADE ATIVA


De acordo com o artigo 1º, I da Lei nº 7347/85, é cabível o ajuizamento da ação civil
pública, para prevenir ou reprimir danos materiais causados ao meio ambiente. Dispõe,
ainda, da legitimidade ativa da Associação em seu artigo 5º, V, alíneas a e b, tendo em vista
que está constituída há mais de 1 (um) ano, bem como inclui entre suas finalidades a
proteção ao meio ambiente.

III) DO DIREITO

Segundo melhor doutrina, os princípios da prevenção e da precaução, abarcados pelo


artigo 6º, I da Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei nº 12305/2010, consistem no
dever jurídico de evitar a consumação de danos ao meio ambiente, toda vez que houver
certeza da ocorrência de um dano ambiental em determinado caso:

Art. 6º. São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos:

I – a prevenção e a precaução;

Conforme comprovado pelos laudos anexos, a ação da empresa-ré está causando profundo
impacto ambiental ao município, resultando em danos a fauna e a flora da região, sendo de
suma importância a presente ação civil pública, no sentido de prevenir e reprimir os danos
causados, decorrente da poluição que está sendo promovida, indubitável no artigo 3º, inciso
III, alínea e e inciso IV da Lei 6938/81:

Art. 3º. Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

III – poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou


indiretamente:

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;

IV – poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta


ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;

Os efluentes despejados no Córrego do Maçarico são definidos pelo artigo 3º da Lei


12305/2010 como resíduos sólidos, pois em seu conceito inclui-se, no inciso XVI, os
líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos
ou em corpos d’água:

Art. 3º. Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

XVI – resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de


atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder
ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases
contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento
na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível;
Uma vez que a ré tem feito o lançamento de resíduos sólidos fora dos parâmetros
estabelecidos na legislação ambiental competente, ocorre a violação do disposto no artigo
47, I, da Política Nacional de Resíduos Sólidos:

Art. 47. São proibidas as seguintes formas de destinação ou disposição final de resíduos
sólidos ou rejeitos:

I – lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos;

Tais atos ferem o direito constitucional a um meio ambiente ecologicamente equilibrado,


previsto no artigo 225, da Constituição Federal:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Neste caso, a degradação ao meio ambiente é constatada pela simples existência da


atividade de despejo dos efluentes que, se diga de passagem, é irregular e obriga o
responsável a reparar os danos causados. Vejamos o § 2º do artigo supracitado:

Art. 225 (…)

§ 2º. Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma
da lei.

III.1) DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA

A responsabilidade civil ambiental é de cunho objetivo, não se questionando a respeito da


culpa, onde se perquire o nexo de causalidade, adequado a relacionar a conduta ao
resultado danoso, bastando assim a ocorrência da conduta e do dano ambiental, ligados
pelo nexo causal para ensejar a responsabilidade, fato gerador de obrigação de reparar o
patrimônio ambiental lesado, independente de culpa, conforme dispõe o artigo 14, § 1º da
Lei 6938/81 e o § 3º do artigo 225 da Carta Magna:

Lei 6938/81

Art. 14 (…)

§ 1º. Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao
meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e
dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por
danos causados ao meio ambiente.

Constituição Federal

Art. 225 (…)


§ 3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

No caso em pauta, não há que se negar a conduta ou mesmo a ocorrência do resultado


danoso, pois encontra-se devidamente caracterizados através dos boletins, laudos e fotos
que levam à inequívoca conclusão da ocorrência de danos ao meio ambiente.

Portanto, requer-se que o réu paralise imediatamente e em definitivo, qualquer atividade de


despejo de efluentes no Córrego do Maçarico (obrigação de não fazer) e, em caso de
descumprimento, aplicação de multa coercitiva, prevista na Lei 7347/85, artigo 11 e artigo
536 do NCPC, que é um meio de coação que visa a compelir o devedor à observância da
ordem judicial:

Lei 7347/85

Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o
juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da
atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se
esta for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.

Novo Código de Processo Civil

Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer


ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela
específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as
medidas necessárias à satisfação do exequente.

III.2) DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

A inversão do ônus da prova justifica-se ao interpretar o art. 6º, VIII, da Lei n. 8.078/1990 c/c
o art. 21 da Lei n. 7.347/1985, conjugado com o princípio da precaução prevista no artigo
6º, I, da Lei 12305/2010 (já citada anteriormente):

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que
for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do
Consumidor.

Art. 6º. São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos:

I – a prevenção e a precaução;
Tal instituto, legalmente previsto nos termos supracitados pelo Código de Defesa do
Consumidor, aplicada no âmbito do direito ambiental, apresenta-se como instrumento de
extrema importância e que vem ao encontro de todos os preceitos constitucionais que visam
proteger o meio ambiente.

IV) DA TUTELA DE URGÊNCIA

Apesar da autuação realizada pela municipalidade, a empresa continua a praticar os atos


nocivos ao meio ambiente, razão pela qual é necessária a intervenção do Poder Judiciário
para preservar esse bem jurídico tutelado pela Constituição. O artigo 12 da Lei nº 7347/85
prevê a possibilidade de concessão de tutela de urgência, desde que presentes os
requisitos previstos no artigo 300 do Código de Processo Civil, a saber, “quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao
resultado útil do processo”.

No presente caso, é evidente o flagrante desrespeito as normas ambientais e o risco de


perecimento das espécies existentes da fauna e flora na região se o despejo irregular
permanecer.

V) DA NÃO CONDENAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO

De acordo com o art. 18 da Lei da Ação Civil Pública (Lei 7347/85) a Associação, autora da
ação, não está obrigada a arcar com os honorários periciais, salvo em caso de comprovada
má-fé:

Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos,
honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora,
salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais.

VI) DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

a) A concessão da tutela de urgência, nos termos do artigo 12 da Lei nº 7347/85 e artigo


300 do NCPC, para que a empresa-ré se abstenha imediatamente de despejar seus
resíduos sólidos no corpo receptor hídrico do Córrego do Maçarico;

b) A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, da Lei n. 8.078/1990 c/c o art. 21
da Lei n. 7.347/1985;

c) Seja ordenada a citação da empresa-ré para, querendo, apresentar contestação no prazo


legal, sob pena de revelia;

d) Sejam, ao final, julgados procedentes os pedidos formulados na petição inicial,


consistente no encerramento das atividades nocivas (obrigação de não fazer), e, em caso
de descumprimento, aplicação de multa coercitiva, prevista na Lei 7347/85, artigo 11 e
artigo 536 do NCPC e a condenação da empresa-ré a reparar os danos sofridos;
e) A condenação da ré nas custas processuais e honorários advocatícios;

f) A intimação do Ministério Público para acompanhar a presente ação, conforme artigo 6º


da Lei 7347/85;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a
juntada de novos documentos, perícias, depoimento pessoal do réu e testemunhas.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Nestes termos,

Pede deferimento.

Sorocaba, 22 de setembro de 2017.

Nome do Advogado

OAB nº
—----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Modelo de ação Popular


EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA...VARA
JUDICIAL DA COMARCA DE XXXXXX – SÃO PAULO.

Qualificação completa das partes, email: lima@limaadvogados.adv.br, vêm,


respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, em pleno gozo de seus direitos políticos,
por seu advogados, amparados no art. 5º, inciso LXXIII da Constituição Federal, combinado
com o artigo 1º da Lei 4.717/65 , propor a presente

AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

em face de MUNICÍPIO XXXX, inscrito no CNPJ/MF sob o nº XXXXX, com sede na Praça
XXXXXX, nº XX, Bairro XXXX, São Paulo, CEP: XXXXX, COMPANHIA DE TECNOLOGIA
DE SANEAMENTO AMBIENTAL - CETESB, com sede na Rua Tiradentes nº 628, São
Paulo, CEP: 01102-000, DEPARTAMENTO DE ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA – DAEE,
com sede na Rua Bela Vista, nº 178, Centro São Paulo, CEP: 01014-000 e N.B.Z SPE
EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S.A, inscrita no CNPJ/MF sob o nº
24.XXXXX/0001-45, com sede na Rua Pamplona, nº 818, 9º andar, conjunto 92, São Paulo,
CEP: 01405-001, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.

I – DA LEGITIMIDADE PASSIVA

A Lei 4.717/65 em seu artigo 6º estabelece a legitimidade passiva não somente do


causador ou produtor do ato lesivo, como também todos aqueles que para ele contribuíram
por ação ou omissão, razão pela qual, os réus figuram no polo passivo desta ação na
condição de pessoas públicas, ou autoridades e administradores.

II – DO CABIMENTO

Nos termos do artigo 5º, inciso LXXIII da Carta Magna, a Ação Popular é o remédio
constitucional, dentro da visão democrática participativa para fiscalizar e atacar os atos
lesivos ao Patrimônio Público.

Assim, constituídos todos os pressupostos da Ação Popular, quais sejam, condição de


eleitor, ilegalidade e lesividade, é plenamente cabível a propositura da Ação Popular, por
conter ato ilegal e lesivo ao patrimônio público, em conformidade com a Lei 4.717/ 65.

III – DOS FATOS

Em 06/02/2018 a ré XXXXXX S.A apresentou junto ao MUNICÍPIO DE CAJAMAR, o projeto


modificativo, que resultou no Processo Administrativo nº 1.754/2018.

No referido processo administrativo, a ré XXXXX pretende a realização de aterramento para


implantação de loteamento residencial e comercial na Rua XXXXX, nº XXXX, Cajamar, São
Paulo.

Conforme se infere, a Prefeita da Cidade de Cajamar, por meio do DECRETO Nº XXXX


revogou o ALVARÁ DE EXECUÇÃO DE TERRAPLANAGEM Nº XXXX.

No referido Decreto a Prefeita XXXX, apontou como motivo da revogação, a instauração do


Inquérito Civil nº XXXXXXX, o qual trata da possibilidade de movimentação de terra neste
Município, na Avenida XXXXX, nº XXX, Distrito do Polvilho.

Consta ainda, no referido Decreto que houve o desaparecimento do Processo


Administrativo nº XXXXdo qual resultou a aprovação em XXXXdo Alvará de Execução de
Terraplanagem para conformidade da área, registrado sob o nº XXX.

Todavia, em pouco mais de 06 (seis) meses da revogação do alvará de execução, após


licença da CETESB e parecer do DAEE, o loteamento foi autorizado, sem a conclusão do
Inquérito Civil do GAEMA.

Com a referida aprovação, iniciou-se o trabalho de terraplanagem, o que gerou um grande


temor e inconformismo da população local, mediante diversas postagens nas redes sociais
de pessoas temorosas com os danos ambientais. Isso porque o referido loteamento está
sendo realizado em local alagadiço e em área de proteção permanente.
Conforme se extrai do próprio processo administrativo, trata-se de área de várzea e
armazenamento de água de chuvas do Bairro do Polvilho, Panorama, Portal dos Ipês, nesta
Cidade e dos Bairros Cidade São Pedro, Jaguari e Fazendinha, do Município de Santana de
Parnaíba.

Importante destacar, ainda, que o local do loteamento possui confluência do Rio Juqueri e
Ribeirão dos Cristais.

Visando entender a situação, um grupo de moradores compareceu até a Prefeitura para


requerer explicações e ao mesmo tempo solicitar a planta do Bairro Portal dos Ipês, cujo
objetivo era a realização de laudo por engenheiro particular, mas não houve qualquer
resposta.

Ocorre que, compulsando os autos do processo administrativo, verifica-se que o projeto não
possui demonstração do destino do esgoto e muito menos rede de tratamento do esgoto.

Além disso, observa-se que no projeto somente há menção da criação de reservatório


artificial, sem constar o projeto do reservatório artificial ou um estudo para demonstrar a
eficácia do mesmo, sendo totalmente vago e inconclusivo.

Observa-se, ainda, que o Inquérito Civil nº XXXXX (GAEMA) não foi concluído, tanto que
não houve a juntada de parecer do Ministério Público.

O fato é que em razão de obras da empresa XXXXX, que faz parte do mesmo grupo da
empresa XXXX, na região já ocorre constantes alagamentos, mesmo com antes de existir o
aterramento do Rio Juquery, conforme comprovam as imagens abaixo:

Imagine Excelência, como ficará a região com o aterramento da única área de várzea com
mata nativa que armazena toda a água da região?

A foto abaixo demonstra como era a região antes do inicio das obras de terraplanagem em
dia de chuva:

É importante esclarecer que a referida área constitui uma APP, sendo coberta com
vegetação típica de várzea, taboa e com nascente, sendo cortada em parte pelo Rio
Juqueri.

Entretanto, ali, nada disso foi observado. Tudo está sendo devastado ao arrepio da Lei e
com a conivência dos órgãos públicos, que deveriam evitar tamanho desastre ambiental.

As fotos abaixo demonstram claramente que a área faz divisa com o Município de Santana
de Parnaíba e o impacto que a referida obra está causando ao meio ambiente.

Basta ver as fotos acima, para constatar que a ré N.B.Z deixou de tomar as providências
antecipatórias para assegurar o escoamento de água, mas está realizando o aterramento
da várzea em ritmo acelerado.
Observa-se, ainda, que a ré XXXX deixou de apresentar estudos de impactos cumulativos e
sinérgicos contemplando outros empreendimentos localizado no Portal dos Ipês, dentre eles
o empreendimento do mesmo grupo e ao lado do loteamento aprovado, denominado
XXXXX.

Isso porque o referido empreendimento teve o projeto inicial para 18 andares, entretanto, a
estrutura cedeu em razão de construção em área alagadiça, obrigando o empreendimento a
devolver valores e reduzir a obra a dois andares.

Por fim, compulsando o projeto de loteamento, verifica-se que inexistem informações sobre
a autorização de licenciamento ambiental do Município de Santana de Parnaíba, mesmo
diante do fato de que o loteamento na divida do mesmo.

Assim, os autores socorrem-se aos braços do Judiciário em busca da tutela jurisdicional.

II – DO DIREITO

2.1 DA ÁREA DE ENCHENTES – VIOLAÇÃO A LEI 6.766/79

O empreendimento objeto destes está inserido em uma região de alagamentos e


inundações, isso porque se situa na confluência de dois canais de escoamento de águas,
responsáveis pela drenagem de duas sub-bacias hidrográfica, quais sejam, Ribeirão dos
Cristais e Rio Juqueri.

O nosso ordenamento jurídico legal pátrio preocupa-se e muito com tais áreas suscetíveis a
alagamentos e enchentes, tanto que há uma série de dispositivos que visam a proteger,
restringir ou mesmo proibir qualquer forma de intervenção do homem nos referidos locais.

E os motivos desta preocupação são muito simples, porém significativos: a lei visa a
proteger não só o meio ambiente, os recursos naturais, os recursos hídricos, o solo etc.,
mas também o ser humano, as famílias que naquelas áreas procuram se instalar, o
empreendedor, e o próprio Poder Público.

Esse entendimento decorre do fato de que o dano ambiental e os grandes cataclismos,


quando ocorrem, e na maioria das vezes de forma imprevisível,atingem a todos
indistintamente, havendo responsabilidades múltiplas a serem apuradas no seu contexto.

Os empreendimentos de cunho residencial e comercial fazem parte do relevante processo


de urbanização, que implica aspectos ambientais, urbanísticos, sanitários, administrativos,
civis etc..

Ademais, tais projetos devem ser antecipadamente aprovados, por meio de licenciamento,
pelos órgãos públicos competentes, manifestando o empreendedor o compromisso pela
execução das obras básicas e necessárias para que o empreendimento apresente as
condições ambientais e estruturais exigidas por lei, dentro de um determinado prazo.
Esse é o mínimo necessário para que a cidade se expanda sustentavelmente.

Os empreendimentos em geral devem se ater não só às comodidades dos que irão habitar
a nova área, mas principalmente à segurança e bem estar do meio ambiente, de acordo
com específica legislação, e é justamente neste ponto que reside toda a preocupação dos
autores.

O artigo 3º, parágrafo único, da Lei n.º 6.766/79 (Lei do Parcelamento do Solo Urbano)
diante do seu caráter protetor, trata a questão da seguinte forma: "não será permitido o
parcelamento do solo: I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas
as providências para assegurar o escoamento das águas".

E o dispositivo legal é muito claro: deve o empreendedor demonstrar de forma cabal que
tomou e irá tomar todas as providências seguramente necessárias para assegurar o
escoamento das águas, respeitando, é claro, todas as áreas consideradas de preservação,
sejam permanente ou não, a flora, a fauna, os recursos ambientais etc., o que até agora
não comprovou a ré XXXX.

Cumpre observar que tal vedação tem por finalidade garantir a satisfação das funções
sociais da cidade, proporcionando aos seus habitantes vida digna e com qualidade, e ao
Poder Público segurança e eficiência no trato da coisa pública.

Impende destacar que tanto o Município de Cajamar, CETESB e o próprio DAEE estão
sujeitos à responsabilidade civil e penal, ainda que a conduta comissiva maior seja
praticada exclusivamente pela empreendedora XXX.

Ora, cabe aos agentes públicos ligados a estes órgãos aprovar e licenciar, e posteriormente
fiscalizar, os empreendimentos considerados potencialmente nocivos e impactantes ao meio
ambiente no trato de questões de interesse local, como é o caso dos autos.

Não custa lembrar que as condutas omissivas do Município podem gerar responsabilidades
de ordem civil e penal, ainda que a conduta comissiva maior seja praticada exclusivamente
pelo empreendedor.

Desta forma, é certo que o empreendimento somente poderia ser licenciado e autorizado
pelos réus caso a ré XXX demonstrasse tecnicamente, de forma cabal, segura e eficiente,
que a região onde pretende implantar seu empreendimento não apresentará riscos ao meio
ambiente nem aos futuros adquirentes dos imóveis do empreendimento.

Por outro lado, deveria comprovar que as obras e soluções técnicas que pretende realizar
ou efetuar corrigirão ou sanarão totalmente a ocorrência de enchentes, alagamentos e
inundações no terreno, tendo em vista que a área escolhida para o empreendimento
situa-se no exato ponto de confluência de canais responsáveis pela drenagem de duas
sub-bacias hidrográficas do Município.

2.2 DO PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO E PREVENÇÃO


A informação qualitativa/contextualizada também é consequência direta dos constitucionais
princípios da prevenção e precaução, que encontram seu nascedouro implicitamente nos
mandamentos de proteção e preservação trazidos pelos artigos 23, VI e VII, e artigo 225,
caput, ambos da CF/88.

Todo ordenamento jurídico é composto por um conjunto de normas e princípios dispostos


hierarquicamente, sendo a Constituição Federal a lei máxima, o norte, o parâmetro, a norma
normarum para todos os cidadãos e ao próprio Estado.

Em direito ambiental, os princípios possuem grande relevância e importância, tendo em


vista que atualmente não se possui uma consolidação ou codificação de leis ambientais,
apresentando-se o plexo normativo de forma emaranhada e dispersa.

Os princípios, em sede jus-ambiental, correspondem às diretrizes do ordenamento, sendo


enunciados lógicos, implícitos ou explícitos, que, por sua grande generalidade, ocupam
posição de preeminência nos vastos quadrantes do Direito, vinculando, de modo inexorável,
o entendimento e a aplicação das normas jurídicas que com ele se conectam. São
orientações normativas de valor genérico que condicionam e orientam a compreensão do
ordenamento jurídico.

Para Celso A. Bandeira de Mello:

"Princípios são normas de hierarquia superior às demais regras de qualquer ordenamento


jurídico, pelo quê devem sempre orientar a interpretação destas. Correspondem à
cristalização de determinados valores sociais tidos como relevantes em determinada
organização social, consagrando certa ideologia do sistema jurídico." (BANDEIRA DE
MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 14ª Ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 2002, p. 807)

Em sede ambiental, vários são os princípios que regem o ordenamento jurídico. Entre eles,
podemos citar os princípios do desenvolvimento sustentável, do poluidor-pagador, da
cooperação e da participação dos cidadãos, da função sócio-ambiental da propriedade, da
máxima proteção e, por fim os da prevenção e precaução, objeto da nossa análise
momentânea.

Tais princípios são tidos pela doutrina e pela jurisprudência como princípios fundamentais
do Direito Ambiental, já que são muito freqüentes danos ao meio ambiente, atingindo a
coletividade como um todo, com caráter irreversível e de difícil ou incerta reparação.

Os princípios da prevenção e precaução são importantíssimos e devem ser sempre


considerados, pois visam a impedir a ocorrência de danos e impactos com o emprego de
medidas preventivas adequadas e eficazes antes da realização de uma obra,
empreendimento ou atividade. Eles determinam que não se produzam intervenções no meio
ambiente antes de se ter a certeza de que estas não serão adversas ou lesivas tanto para o
meio ambiente quanto para a coletividade.

Nesse ponto, importante lembrar os ensimentos de Paulo Afonso Leme Machado sobre o
tema:
"[...] não é preciso que se tenha prova científica absoluta de que ocorrerá dano ambiental,
bastando o risco de que o dano seja irreversível para que não se deixem para depois as
medidas efetivas de proteção ao ambiente". (MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito
ambiental brasileiro.9. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2001, p. 574)

Em se tratando de Administração Pública, referidos princípios encontram enorme


aplicabilidade, principalmente quando da verificação e análise técnica para expedição de
licenças e autorizações para atividades, obras e empreendimentos, exatamente a fase que
o processo se encontra.

No caso de empreendimentos particulares em geral, sujeitos à atuação e aprovação da


Administração Pública, estes princípios encontram eco e grande relevo, pois visam a
planejar, instruir, racionalizar e, acima de tudo, proteger o meio ambiente e a coletividade
frente às ações e investida do empreendedor, que, muitas das vezes, não está disposto a
questionar a viabilidade ambiental da obra ou atividade.

Até mesmo porque se o empreendimento irá trazer prejuízos aos recursos ambientais ou a
terceiros, ou ainda, se os prejuízos ambientais decorrentes do empreendimento são
passíveis de recomposição ou não.

Subsumindo todas estas considerações e ensinamentos ao caso concreto, em


complementação a tudo o que já foi exposto no presente parecer, para que o
empreendimento em questão possa ser licenciado necessário que se tenha a certeza de
que o residencial a que se pretende construir não trará nenhum dano, seja ao meio
ambiente seja a coletividade, tendo em vista, principalmente, a área sujeita a enchentes,
alagamentos e inundações escolhida pelo interessado para empreender.

Uma vez verificada a real possibilidade de o empreendimento causar danos ao meio


ambiente e a população, ou não havendo conclusão técnica a respeito, ou ainda, não se
tendo certeza quanto a não ocorrência de danos de qualquer natureza no local visado para
a construção do residencial, a Procuradoria Geral do Município se posiciona contra o
empreendimento, tal como disposto no item anterior.

O entendimento acima esposado é respaldado pela farta jurisprudência sobre o assunto,


recorrente na invocação do princípio da precaução como forma de garantir a qualidade
ambiental, conforme se observa das ementas abaixo transcritas:

“ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS AMBIENTAIS.


ADIANTAMENTO DE DESPESAS PERICIAIS. ART. 18 DA LEI 7.347/1985. ENCARGO
DEVIDO À FAZENDA PÚBLICA. DISPOSITIVOS DO CPC. DESCABIMENTO. PRINCÍPIO
DA ESPECIALIDADE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO.
1.Segundo jurisprudência firmada pela Primeira Seção, descabe o adiantamento dos
honorários periciais pelo autor da ação civil pública, conforme disciplina o art. 18 da Lei
7.347/1985, sendo que o encargo financeiro para a realização da prova pericial deve recair
sobre a Fazenda Pública a que o Ministério Público estiver vinculado, por meio da aplicação
analógica da Súmula XXXXX/STJ. 2. Diante da disposição específica na Lei das Ações
Civis Públicas (art. 18 da Lei 7.347/1985), afasta-se aparente conflito de normas com os
dispositivos do Código de Processo Civil sobre o tema, por aplicação do princípio da
especialidade. 3. Em ação ambiental, impõe-se a inversão do ônus da prova, cabendo ao
empreendedor, no caso concreto o próprio Estado, responder pelo potencial perigo que
causa ao meio ambiente, em respeito ao princípio da precaução. Precedentes. 4. Recurso
especial não provido. (RESP XXXXX, ELIANA CALMON, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE
DATA:01/10/2013)

Para Romeu Thomé, "o princípio da prevenção é o maior alicerce, por exemplo, do Estudo
de Impacto Ambiental – EIA" , mencionando o art. 225, § 1º, IV, CF, que trouxe
expressamente o estudo de impacto ambiental como um dos principais instrumentos de
proteção do meio ambiente. (Manual de Direito Ambiental. 2ª Ed. Editora Juspodivm, 2013.)

No âmbito infraconstitucional, o EIA/RIMA está previsto como um dos instrumentos da Lei


da Política Nacional do Meio Ambiente para a preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida, visando a assegurar condições ao desenvolvimento
socioeconômico e à proteção da dignidade da vida humana (artigos 2º, caput, c.c. artigo 9º,
IV da lei 6.938/81). É regulado por resoluções do CONAMA, em especial, as Resoluções nº
001/86 e 237/97, figurando como parte essencial do procedimento de licenciamento
ambiental nelas regulamentado.

Mais que isto, a Carta Magna o trata como verdadeira condicionante para a instalação de
obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente.

Segundo Celso Antônio Pacheco Fiorillo, “o EIA/RIMA constitui um dos mais importantes
instrumentos de proteção do meio ambiente. A sua essência é preventiva e pode compor
uma das etapas do licenciamento ambiental.” (Curso de Direito Ambiental Brasileiro, 6ª ed.,
São Paulo: Saraiva, 2005, p. 85.)

Assim como o princípio da precaução, o princípio da prevenção como vetor de orientação


obrigatória nas polícias administrativas ambientais encontra amplo respaldo jurisprudencial:

“ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO.


CULTIVARES DE SOJA. VARIAÇÃO NA COR DO HILO. AUSÊNCIA DE NORMA
REGULAMENTADORA. OMISSÃO DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E
ABASTECIMENTO. NÃO OCORRÊNCIA. NECESSIDADE DE ESTUDOS
TÉCNICOS-CIENTÍFICOS. DIREITO LÍQUIDO E CERTO NÃO EVIDENCIADO. MANDADO
DE SEGURANÇA DENEGADO. 1. Insurge-se aimpetrante contra a omissão da autoridade
coatora em normatizar a questão da variação da tonalidade de cor do hilo das sementes de
soja. 2. O meio ambiente equilibrado - elemento essencial à dignidade da pessoa humana -,
como "bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida" (art. 225 da CF),
integra o rol dos direitos fundamentais. Nesse aspecto, por sua própria natureza, tem o
meio ambiente tutela jurídica respaldada por princípios específicos que lhe asseguram
especial proteção. 3. O direito ambiental atua de forma a considerar, em primeiro plano, a
prevenção, seguida da recuperação e, por fim, o ressarcimento. 4. A controvérsia posta em
exame no presente mandamus envolve questão regida pelo direito ambiental que, dentre os
princípios que regem a matéria, encampa o princípio da precaução. 5. Deve prevalecer, no
presente caso, a precaução da administração pública em liberar o plantio e comercialização
de qualquer produto que não seja comprovadamente nocivo ao meio ambiente. E, nesse
sentido, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA tem tomado as
providências e estudos de ordem técnico-científica para a solução da questão, não se
mostrando inerte, como afirmado pela impetrante na inicial. 6. Não se vislumbra direito
líquido e certo da empresa impetrante em plantar e comercializar suas cultivares, até que
haja o deslinde da questão técnico-científica relativa à ocorrência de variação na cor do hilo
das cultivares. 7. Mandado de segurança denegado.” (MS XXXXX, ARNALDO ESTEVES
LIMA, STJ - PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:21/06/2012)

No caso em apreço, contudo, descuidou-se dos dois pilares fundamentais do Direito


Ambiental Constitucional – os princípios da prevenção e precaução – e, por consequência,
das regras infraconstitucionais que neles buscam seus fundamentos de validade, cuja
violação macula o processo de licenciamento, sobretudo no plano material, em especial à
vista dos seguintes vícios, a seguir minudenciados:

a) ausência de estudos de impactos cumulativos contemplando outros empreendimentos


localizado no Portal dos Ipês, dentre eles o empreendimento do mesmo grupo, denominado
PORTAL SHOPPING SERVICE, uma vez que o mesmo teve o projeto inicial para 18
andares, entretanto, a estrutura não aguentou em razão de tratar-se de área alagadiça,
obrigando o empreendimento a devolver valores e reduzir a obra dois andares, sem contar
o alagamento acima demonstrado;

b) Incorreta definição das áreas de influência direta e indireta do empreendimento e


ausência de informações sobre a Autorização de Licenciamento Ambiental do Município de
Santana de Parnaíba, uma vez que o empreendimento afeta diretamente com enchentes e
outros riscos aos municípes mencionados, em violação ao que dispõe o art. 5º, inciso III, da
Resolução CONAMA 01/86, artigo 36, caput e § 3º da Lei 9.985/00 e artigos 1º e 3º, II, c.c.
§ 3º da Resolução CONAMA 428/10;

c) ausência de reais alternativas locacionais (aspecto formal e material), em violação ao que


dispõe o art. 5º, inciso I, da Resolução CONAMA 01/86 e;

d) aquiescência com a possibilidade de ocorrência de sério e irreversível dano ao Ribeirão


dos Cristais e Rio Juqury, em violação ao que dispõem o art. 8º, § 2º da Lei nº 12.651/2012;
art. 3º, inciso X, da Resolução CONAMA nº 303/2002.

III – DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

No atual estágio do Direito Processual Civil, marcado pelo paradigma da busca da


conciliação entre a efetividade, celeridade e a segurança jurídica, ligado à concepção de
ação como direito à tutela jurisdicional efetiva, um instituto de inegável importância reside
sobre a tutela antecipada.

De fato, a antecipação da tutela vem de encontro com esse novo olhar processualista e é
aplaudida por doutrinadores do calibre de Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart:

“Em última análise é correto dizer que a técnica antecipatória visa apenas a distribuir o ônus
do tempo no processo. É preciso que os operadores do direito compreendam a importância
do novo instituto e o usem de forma adequada. Não há motivos para timidez em seu uso,
pois o remédio surgiu para eliminar um mal que já está instalado, uma vez que o tempo do
processo sempre prejudicou o autor que tem razão. É necessário que o juiz compreenda
que não pode haver efetividade sem riscos. A tutela antecipatória permite perceber que não
é só a ação (o agir, a antecipação) que pode causar prejuízo, mas também a omissão. O
juiz que se omite é tão nocivo quanto o juiz que julga mal. Prudência e equilíbrio não se
confundem com medo, e a lentidão da justiça exige que o juiz deixe de lado o comodismo
do antigo procedimento ordinário (...) para assumir as responsabilidades de um novo juiz,
de um juiz que trata dos “novos direitos” (…).” (ARENHART, Sérgio Cruz & MARINONI, Luiz
Guilherme. Curso de processo civil. V. 2, ps. 199-200) Grifo não original.

No caso em comento, convém demonstrar que o requisito genérico da “probabilidade do


direito” debruça sobre o confronto entre o direito fundamental ao meio ambiente equilibrado.

Segundo essa lógica jurídica, a relevância do fundamento invocado reside nos argumentos
fáticos e jurídicos acima expostos, mormente nos documentos colacionados à presente, os
quais dão conta de que existe o bom direito ora vindicado, notadamente em face das
violações às normas e aos princípios supramencionados.

O “risco de dano”, por sua vez, afigura-se patente uma vez que a natura demora do
processo causará lesão à municipalidade, ante aos visíveis danos ao meio ambiente.

Portanto, atento à finalidade preventiva no processo, a lei instrumental civil, por seu art. 804
permite através de cognição sumária e dos seus pressupostos à luz de elementos a própria
Petição Inicial, o deferimento initio lide de medida cautelar inaudita altera pars, exercitada
quando inegável urgência de medida e as circunstâncias de fato evidenciarem que a citação
dos réus e a instrução do processo poderá tornar ineficaz a pretensão judicial, como ensina
o Ilustríssimo Professor Dr. Humberto Theodoro Junior em Curso de Direito Processual
Civil, ed. Forense, vol. II, 1ª edição, pág. 1160.

A Lei 4.717/65 reguladora da Ação Popular vislumbra o “periculum in mora”, da prestação


jurisdicional e em boa oportunidade no comando do seu artigo 5º parágrafo 4º preconiza
que “na defesa do Patrimônio Público caberá a suspensão do ato lesivo impugnado”.

Na espécie, visualiza-se a LESIVIDADE AO PATRIMÔNIO PÚBLICO e ILEGALIDADE DO


ATO que justificam a concessão de tutela provisória de urgência com concessão de liminar
para que sejam embargadas as obras em acelerado andamento na área de APP, e
anuladas as licenças concedidas pelos órgãos públicos fora das previsões legais e dos
princípios administrativos e de direito.

IV – DOS PEDIDOS

Diante do flagrante desrespeito às normas, à necessidade do EIA/RIMA, diante das


desconsiderações dos réus às leis ambientais e às licenças e, que estão a configurar
conduta de total desrespeito à lei, o autor faz o seguinte pedido:
1. A concessão de TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA COM LIMINAR, inaudita altera
pars, tendo em vista os documentos públicos que são juntados e o flagrante desrespeito à
lei, determinando o embargo, interdição e a suspensão de qualquer atividade do
empreendimento, suspender a LICENÇA AMBIENTAL CETESB n.º XXXX, bem como
ALVARÁ DE EXECUÇÃO nº XXXX, até a conclusão do Inquérito Civil nº
XXXXX/2016-GAEMA e até que apresentado:

a) EIA/RIMA;

b) a comprovação do cumprimento do artigo 3º, parágrafo único, da Lei n.º 6.766/79 com a
comprovação de que foram tomadas as medidas para assegurar o escoamento das águas;

c) apresentação do projeto de reservatório artificial mencionado do Processo Administrativo


nº 1754/2018;

d) apresentação das plantas do Bairro Portal dos Ipês;

e) a apresentação do projeto de captação e tratamento de esgoto;

f) a apresentação de autorização ambiental do Município de Santana de Parnaíba

2. A citação dos réus, para apresentarem contestação, no prazo legal;

3. A intimação do Ministério Público para que participe do feito?

4. A procedência da ação para:

a) suspender os atos lesivos ao patrimônio público e meio ambiente, suspendendo a


LICENÇA AMBIENTAL CETESB n.º XXXXX e o ALVARÁ DE EXECUÇÃO nº XXXXX

b) a condenação dos réus ao desfazimento do aterro, dos drenos e com plantio de


vegetação tipica recuperando assim a grave lesão provocada ao Patrimônio Público,
corrigindo a lesão dos atos;

c) a condenação dos réus o pagamento das custas e demais despesas judiciais, bem como
o ônus da sucumbência.

Protesta provar o alegado pela produção de provas documental, testemunhal, pericial, e,


especialmente, o depoimento pessoal dos demandados.

Atribui-se à causa o valor de R$ 10.0000,00 (dez mil reais).

Nestes Termos,

P. Deferimento.

Cajamar, 05 de setembro de 2018.


EDMILSON PEREIRA LIMA

OAB/SP 234.266

DENIS PEREIRA LIMA

OAB/SP 232.405

Você também pode gostar