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AO JUÍZO DA _____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE _________ ESTADO _______ .

AUTOR, nacionalidade,estado civil, profissão, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas


sob o nº …, portador do RG nº …,e do Título de Eleitor nº …, residente e domiciliado no
endereço…, vem respeitosamente à presença deste juízo, por meio de seu advogado
infra assinado para , ajuizar a presente:

AÇÃO POPULAR

Em face da COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS (CEMIG), do Instituto


Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (SEMA), da Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL), da Quebec Holding Eireli, SPE Formoso Energia S/A, e demais entidades
que possam vir a ser incluídas no polo passivo deste processo, pelas razões e fatos a
serem expostos a seguir:

I - DOS FATOS

Conforme se infere dos documentos e fatos ocorridos na década de 60, a


Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) desenvolveu um projeto de construção
de uma hidrelétrica, denominada UHE Formoso, que ficava próximo aos municípios de
Formoso-MG e Pirapora-MG, com um plano de represa o qual foi projetado no Rio São
Francisco.

Ocorre que o projeto sofreu uma forte resistência pela comunidade, uma vez que
a sua produção mostrava um estudo de impacto ambiental e também relatórios de
impactos ao meio ambiente os quais foram arquivados pelos órgão ambientais em 1993.

Ademais, de acordo com as leis e decretos estaduais que ocorreram, desde 2018, o
local em questão perdeu sua proteção legislativa para a construção da UHE, todavia esse
projeto foi iniciado como uma prioridade do Governo e ainda foi inserido no Programa de
Parcerias e Investimentos.

Sendo assim, o IBAMA delegou à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e


Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (SEMA) o licenciamento do
empreendimento.
Dessa forma, a SPE Formoso Energia S/A, subsidiária da Quebec Holding Eireli,
está com o projeto em desenvolvimento, com inscrição ativa para elaboração dos estudos
de viabilidade concedido pela ANEEL.

II - DO CABIMENTO DA AÇÃO POPULAR

O artigo 5º, inciso LXXXII da Constituição Federal de 1988, aduz que :

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção


de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:LXXIII -
qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da sucumbência;

Com base no artigo acima citado, admite-se a impetração da Ação Popular, por
qualquer cidadão, que visa anular ato lesivo, ao patrimônio público, por sua vez, à
moralidade administrativa ao meio ambiente em projeto de hidrelétrica com plano de
represa.

Conforme redação da Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225 o meio


ambiente deverá ser equilibrado ecologicamente, e essencial à qualidade sadia de vida, e o
poder público tem o dever de defendê-lo, à coletividade, e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.

Ocorre que, esse projeto realizado pelas rés traziam malefícios ao meio ambiente
como já foi demonstrado pelos relatórios e estudos realizados em processos que foram
arquivados em 1993 pelos órgãos competentes como supracitado acima.

Dessa forma, o ajuizamento da presente ação popular é perfeitamente cabível, uma


vez que os impactos do estudo no meio ambiente em relação ao projeto realizado, seriam
danosos à coletividade e não iriam preservar o meio ambiente de forma equilibrada como
está estabelecido na Constituição Federal de 1988.

III- DA INTIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO


Ao Ministério Público é cabível o acompanhamento da ação, que por sua vez atua
como fiscal da Lei com base no artigo 46º da Lei 4.717/65.

IV- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

No artigo 37 da Constituição Federal de 1988, os Princípios da Administração


Pública, devem ser obedecidos pelo poder público, sob pena de desobediência aos
princípios constitucionais, os quais são importantes fontes do direito.

São, os princípios legalidade, impessoalidade, moralidade,publicidade e eficiência,


se fazendo necessário o cumprimento de todos, e partindo de uma análise mais criteriosa,
nessa questão acima o princípio da moralidade se refere a padrões éticos, ao decoro, a
boa-fé, à honestidade, à lealdade, e à probidade, no trato da coisa pública, sempre tendo
como finalidade o bem comum.

Ademais, o princípio da eficiência, prevê que o administrador deverá sempre buscar


os melhores resultados para o menor custo à Administração, em uma positiva relação de
custo e benefício, buscando a presteza e qualidade em suas atividades, assim sendo, ainda
deve ser observado sempre o melhor para a coletividade.

Com isso, o desrespeito a esses princípios acima citados, pode constituir


improbidade administrativa e inclusive a ocorrência de crimes de modalidade licitatória, ou
ambientais como é o caso da presente ação.

Dessa forma, o inciso LXXIII, da Constituição Federal, dispõe que qualquer cidadão
é parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público
ou de entidade de que o Estado participe, além disso, os fatos acima relatados demonstram
que se esse projeto continuasse com seu seguimento iria ter graves consequências ao meio
ambiente.

Tendo em vista, que já foram realizados estudos e relatórios, os quais demonstram


riscos de danos irreparáveis ao meio ambiente.

Ressalta-se que só quem estiver no gozo de seus direitos políticos pode ingressar
com Ação Popular, por esta razão anexo a certidão de quitação eleitoral juntamente com o
título de eleitor para fins de comprovação.

Ademais, estabelece o artigo 1º da Lei de Ação Popular que quando ocorrer o ato
lesivo ao patrimônio público ou ambiental, deverá haver a possibilidade de ação já que o
meio ambiente é interesse da coletividade, isto é, difuso e não apenas de um determinado
grupo, mas que abrange toda a sociedade.
Além do mais, a não transparência, no processo de licenciamento e na
apresentação das informações necessárias dos impactos ambientais, e ainda a desídia aos
processos e estudos já arquivados anteriormente demonstram que é uma falta de
preocupação do poder público com o meio ambiente o bem estar da sociedade.

No artigo 5º da Lei de Ação Popular, a propositura da ação, é permitida quando


ocorrer algum ato que seja ilegal, ou contrário aos princípios da Administração Pública
como a transparência, porque a sociedade tem o direito a ter acesso as informações
completas sobre os projetos que possam impactar negativamente o meio ambiente.

Ademais, os riscos nesse caso existem e são significativos, como grande impacto na
fauna e flora, e nas comunidades tradicionais, além de que o Rio São Francisco, em sua
bacia hidrográfica também será afetado, e esses impactos afetam os interesses difusos, isto
é de toda a coletividade, uma vez que essa responsabilidade cabe às autoridades públicas.

Logo, o artigo 3º da Lei de Ação Popular estabelece, que a lei será aplicada em
atos ilegais que causem danos ao patrimônio público, ambiental, ou cultural, além de que
é um mecanismo essencial, com a garantia de que as autoridades atuem de acordo com
as leis ambientais e em defesa ao interesse da coletividade.

V- DO PEDIDO LIMINAR

São requisitos para a concessão da tutela de urgência, a probabilidade do direito e


o risco ao resultado útil do processo, nesse diapasão dispõe o artigo 300 do Código de
Processo Civil, vejamos:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando


houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito
e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Tem se que, o perigo de dano ao resultado útil do processo refere-se, aos danos
que podem ser causados ao meio ambiente se caso essa tutela de urgência não for
apreciada de início por este juízo, uma vez que a permissão jurisdicional, para a
continuidade do licenciamento do projeto, irá cada vez mais gerar danos ao meio
ambiente, e impactos para fauna, flora, e para toda a coletividade.

Ademais, a probabilidade do direito já possui amparo na lei de Ação Popular a qual


dispõe em seus artigos que devem ser propostas as ações quando deseja pleitear ou
declarar atos de nulidade ao patrimônio público, sendo esses os bens e direitos de valor
econômico, artístico, estético, histórico ou turístico.

Assim sendo, comprova-se que os requisitos pelo artigo mencionado, estão


devidamente cumpridos tendo em vista que a própria lei assegura o direito de propositura
da ação quando houver necessidade de anular atos do poder público, ou declarar a
nulidade desses atos.
Dessa forma, o risco ao resultado útil do processo também se encontra superado,
uma vez que se não for este ato declarado nulo por este juízo, o meio ambiente e a
coletividade poderão sofrer diversos impactos em razão das consequências dos atos
errados no processo de licenciamento, e além dos estudos e relatórios que demonstraram
esses impactos que foram arquivados como forma de burlar a lei.

VI – DOS PEDIDOS

Diante os fatos e fundamentos expostos acima, requer a este juízo :

a) Que seja concedida a liminar com a finalidade de suspender imediatamente o


andamento do processo de licenciamento da UHE Formoso até o julgamento final desta
Ação.
b) Que sejam os Réus citados para apresentarem defesa no prazo legal, conforme o
Código de Processo Civil.

c) Que seja a presente Ação JULGADA TOTALMENTE PROCEDENTE, condenando


os Réus na forma da lei, a fim de garantir a proteção dos interesses coletivos e do meio
ambiente e para declarar nulo os atos que foram realizados para que fosse esse projeto
aceito pela administração pública.
d) Que seja o Ministério Público intimado para atuar como fiscal da lei, e contribuir com
seu parecer nas questões necessárias.

e) Que sejam os réus os condenados Réus custas processuais e demais despesas


decorrentes da demanda.

f) Que seja deferido o pedido de produção de todas as provas admitidas em direito,


tanto prova documental, testemunhal, pericial e todas as que se fizerem necessárias ao
longo da instrução do processo.

Dá-se à causa o valor de R$00,00.

Nestes termos, pede deferimento.

LOCAL, DATA
ADVOGADO
OAB/UF nº…

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