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COMARCA DE MARIANA/MG.
AÇÃ O CIVIL PÚ BLICA COM PEDIDO LIMINAR com fundamento na Lei 7.347/85, em
desfavor da EMPRESA MINERADORA _, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ
sob o n. (...), com sede no endereço _; UNIÃ O FEDERAL, pessoa jurídica de direito pú blico
interno, (qualificaçã o completa); ESTADO DE MINAS GERAIS, pessoa jurídica de direito
pú blico interno, (qualificaçã o completa); MUNICÍPIO DE MARIANA, pessoa jurídica de
direito pú blico interno, (qualificaçã o completa);
2 – DAS LEGITIMIDADES
No que diz respeito a legitimidade ativa, o artigo 5º, da Lei n.º 7.347/85, que disciplina a
açã o civil pú blica, tem um rol taxativo, vejamos:
I. Ministério Pú blico;
b) inclua entre as suas finalidades institucionais a proteçã o dos seguintes direitos difusos e
coletivos: o patrimô nio pú blico e social, meio ambiente, consumidor, à ordem econô mica, à
livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimô nio
artístico, estético, histó rico, turístico e paisagístico.
De acordo com dispositivo acima disposto existem alguns requisitos a serem atingidos para
tal propositura, e é garantido falar que categoria jurídica da Cooperativa de Artesã os se
enquadra no disposto no artigo 5º da Lei 7.347/85 e tem legitimidade ativa para
propositura de açã o civil pú blica.
Quanto ao requisito de pertinência temá tica (alínea B, do inciso V do artigo 5º da Lei nº.
7.347/85). Da aná lise do Estatuto Social que rege a referida Cooperativa de Artesã os, restou
observado que o mesmo possui clá usula que define dentre suas finalidades a proteçã o ao
meio ambiente, podendo-se valer de todos os meios de tutela para sua preservaçã o e
reparaçã o, dentre elas, açõ es coletivas como o mandado de segurança coletivo e açã o civil
pú blica, atingindo o requisito de pertinência temá tica.
A cooperativa foi fundada em 2008, contando atualmente com 6 anos e por essa razã o
preenche o requisito temporal aduzido no artigo 5º inciso, V, alínea a da Lei de Açã o Civil
Pú blica, o que confere a esta legitimidade ativa.
Acontece que a intençã o de requerer a reparaçã o pelos danos suportados por conta do ato
ilícito praticado pela impetrada à Cooperativa de Artesã os de Pedra Sabã o constituiu uma
ú nica entidade representativa, na forma de associaçã o civil, juntamente com moradores nã o
associados e atingidos pelo desastre.
Com o exposto, verifica-se que a nova associaçã o civil foi constituída fora do tempo mínimo
exigido pela alínea A do inciso V do artigo 5º da Lei de Açã o Civil Pú blica, porém, como a
açã o coletiva objetiva ser indispensável perante da relevâ ncia social da demanda, é possível
ser dispensado por Vossa Excelência.
Pois cuida-se de direitos difusos, previsto no artigo 81, I do CDC, assim considerados
interesses transindividuais, pois, trata-se de pessoas indeterminadas e conectadas pela
circunstâ ncia de fatos:
Diante da grande relevâ ncia social envolvida, bem como os objetivos da presente demanda,
tem-se que a “dispensa” do requisito temporal é perfeitamente cabível.
Portanto, pugna-se pela dispensa do requisito temporal exigido pela Lei n.º 7.347/85,
conferindo-se legitimidade ativa à Associaçã o de Moradores e Vítimas, ora impetrante.
A açã o civil pú blica no que diz respeito a legitimidade passiva, sabe-se que é possível que
qualquer pessoa verse no polo passivo, seja ela física ou jurídica, de direito pú blico ou
privado que seja responsável por ameaça de dano ou lesã o aos direitos coletivos tutelados
no art. 1º da Lei 7.347/85.
Neste caso, conforme resta límpido, a empresa mineradora é a responsável direta pelos
danos ocasionados à impetrante, razã o pela qual é contra ela que se litiga.
Destaca-se ainda, que os dispostos entes exercem competência comum, conforme artigo 23,
inciso VI da CF/88.
Diante de tudo até aqui exposto, a empresa mineradora, a Uniã o, o Estado de Minas Gerais e
o Município devem ser corresponsabilizadas pelo desastre ocorrido, pois por consequência
do acontecido, está em risco todo o meio ambiente atingido sem falar nos sobreviventes,
devendo estes solidariamente reparar os danos causados ao meio ambiente em questã o.
3 – DO DIREITO
Nos moldes do artigo 1º da Lei 7.347/85 ( lei da açã o civil pú blica)é cabível a açã o civil
pú blica para conter ou proteger os bens protegidos quais sejam: danos causados ao meio
ambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético, histó rico e
paisagístico, a qualquer interesse difuso ou coletivo, por infraçã o econô mica, à ordem,
urbanística, à honra e à dignidade de grupos sociais, étnicos ou religiosos e ao patrimô nio
pú blico e social. Para punir ou reprimir os danos morais ou materiais.
Em algumas ocasiõ es, para que alguns direitos sejam resguardados, como o meio ambiente
ecologicamente equilibrado, a educaçã o, a saú de, etc., é mais que necessá rio que seja
observada a compatibilidade de leis ou atos normativos em relaçã o ao texto constitucional,
enquanto norma jurídica fundamental.
O Direito do Ambiente recebeu contornos límpidos apó s as duas grandes guerras mundiais,
momento a partir do qual o meio ambiente ecologicamente equilibrado passou a ser
considerado um bem coletivo e digno de tutela estatal, por também ser um direito
fundamental (MILARÉ , 2011).
A visã o que o homem passou a sentir em relaçã o à natureza é de que dela fazia parte, e,
portanto, o modelo até entã o existente, de que a natureza era um objeto a ser explorado,
avançou para a de um bem de uso comum do povo.
Em nosso país, com advento do Có digo Florestal em 1965, o Có digo de Mineracao em 1967
e, ainda, a Lei Nacional de Proteçâ o a Fauna (Lei nº 6.453), em 1977, foram balizas
importantes enquanto proteçã o jurídica material do ambiente. No entanto, faltavam
instrumentos realmente eficazes para que essa proteçã o pretendesse de fato ser integral.
Indo mais adiante, em termos de legislaçã o material ambiental, a Lei nº 6.938/1981, que
dispõ e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulaçã o e
aplicaçã o, foi um marco para o avanço de mecanismos processuais de defesa do ambiente,
uma vez que no § 1º do art. 14 passou a prever que “Sem obstar a aplicaçã o das penalidades
previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade. Nesse diapasã o, foi fundamental para que em 1985 essa açã o de
responsabilidade fosse denominada “açã o civil pú blica”.
"§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com soluçã o técnica exigida pelo ó rgã o pú blico competente, na forma
da lei.”
4 – DO PEDIDO LIMINAR
Diante dos fatos, por tudo que fora explanado, nã o restam dú vidas de que a concessã o de
tutela antecipada é medida extremamente necessá ria, como forma de evitar que a
impetrante continue a suportar os vá rios danos decorrentes da conduta da impetrada.
É expressamente previsto na Lei nº. 7.347/85 que regula a matéria procedimental da açã o
civil pú blica, em seu 12º artigo há a proposiçã o da medida liminar, ante a eventual
necessidade de tutela instrumental ao objeto da tutela jurisdicional principal, de cunho
cognitivo, garantido a efetividade e utilidade desta.
A tutela de urgência prevista no artigo 305 do Có digo de Processo Civil de 2015 requer
além das condiçõ es comuns da açã o, condiçõ es específicas, ou seja, a presença da “fumus
boni juris”e do “periculum in mora”.
Portanto, deve a medida liminar ser deferida para que a empresa impetrada paralise
imediatamente qualquer atividade de extração em definitivo.
4 – DOS PEDIDOS
I. A citaçã o dos impetrados, na pessoa de seus representantes legais, para responder, sob
pena de revelia, bem como para manifestarem sobre o pedido de liminar no prazo de 72
horas conforme artigo 2º da Lei nº. 8.437/92 por contemplar no polo passivo pessoa de
direito pú blico interno;
IV. A intimaçã o do representante do Ministério Pú blico para apresentar parecer, nos termos
da lei;
V. E por fim, que seja julgado procedente, tornando definitiva a liminar concedida, nos
termos do artigo 487, inciso I do CPC/2015 dessa forma condenar a empresa responsável
direta pelo dano objetivo causado, a pagar indenizaçã o por danos coletivos causados, a ser
arbitrado por Vossa Excelência conforme dispõ e o artigo 3º da Lei 7.347/85;
Nestes termos,
Pede deferimento.
Advogado:_
OAB/MG