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INSTITUTO SUPERIOR DO LITORAL DO PARANÁ - ISULPAR

Acadêmicos: Allana Albini, Brayan Gonçalves, Emili Feitoza, Jayne Rosa e Marina Gomes

Turma: Direito diurno - 10° período

Disciplina: Prática de Direitos Difusos e Coletivos

ATIVIDADE 1

AO DOUTO JUÍZO DA ___ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE


GUARATUBA/PR

ASSOCIAÇÃO DE MORADORES E PROPRIETÁRIOS DE


IMÓVEIS DA PRAIA DAS PEDRAS, sociedade civil, com finalidades não econômicas,
apartidária, político-comunitária, livre de discriminação religiosa, racial ou social, inscrito sob
CNPJ n° …, com endereço localizado na Rua Irati, n° 163, Bairro Centro, na cidade de
Guaratuba/PR, por meio de seus advogados subscritos (procuração em anexo), vem
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor, com fulcro no art. 5°, V da Lei n°
7.347/85, a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Em face do Município de Guaratuba, pessoa jurídica de direito


público, inscrito sob CNPJ n° …, a ser citado através da Procuradoria Geral do Município de
Guaratuba, com endereço na Rua Doutor João Cândido, n° 380, Bairro Centro, na cidade de
Guaratuba/PR.
I. Dos Fatos

O “Centro de Eventos Temporada Além da Praia”, que ficou em


vigência de contratação com o município de Guaratuba nos anos 2019 e 2020, atualmente
denominado como “Parque de Eventos de Guaratuba”, foi criado pelo edital de chamamento
público n 003/2019, o qual tinha como finalidade contratar uma empresa ou entidade
especializada para promover eventos, além da praia, durante a temporada para o verão
2019/2020, no Parque de Eventos de Guaratuba.

Durante o período de vigência do contrato houve inúmeros eventos


promovido pelo parque, os quais resultaram em diversos danos ao meio ambiente e a
coletividade, assim, a requerente, por meio de seus associados, tomou a iniciativa de contratar
um profissional técnico para elaborar um laudo com o objetivo de registrar a mediação de
ruído promovida pelo parque, nas datas de de 11/01/2020 e 17/01/2020 (DOC. I), com o laudo
em mãos, diversos boletins de ocorrência foram feitos por moradores locais (DOC. II), onde
ficou registrado tamanho dano ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Ainda, outros danos foram sofridos pelos proprietários de residências


próximas da região dos eventos, como perturbação de sossego devido ao alto som dos shows
que ocorriam no local do evento. Além disso, os eventos ultrapassavam o horário limite
estipulado pelo edital de chamamento público, chegando a funcionar os shows até as 04h da
madrugada, tamanho era o desrespeito com a população local. Ainda, havia sérios problemas
de saúde pública no local, onde pessoas invadiam as residências nas redondezas para fazerem
as suas necessidades fisiológicas, como, total desrespeito às normas sanitárias em relação aos
banheiros públicos que haviam no local.

Por fim, havia diversos problemas em relação a segurança, devido a


ausência da fiscalização policial foi registrado inúmeras brigas e algazarras ocorridas no local
e nas redondezas.

II. Do Direito

a) Da legitimidade ativa para a propositura da ação

De acordo com o art. 5°, V da lei da ação civil pública, possui


legitimidade para propor ação principal e a ação cautelar a associação que,
concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) nos termos da lei civil; b)
inclua, entre suas finalidades institucionais, diversas proteções, com destaque para a proteção
ao patrimônio público e social e ao meio ambiente.

O art. 4° do Estatuto desta associação de moradores dispõe sobre as


suas finalidades, entre elas a de realizar a vistoria e as providências necessárias para manter a
limpeza e ordem das ruas, bem como, preservar e conservar o meio ambiente e o
desenvolvimento sustentável.

Ainda, o mesmo dispositivo normativo dispõe sobre a legitimidade da


associação para representar os associados perante o Poder Público, e para representá-los
judicialmente e extrajudicialmente, na ocorrência de irregularidades praticadas por aqueles
que são associados ou não.

A data de fundação da associação é 25 de janeiro de 2020. Com isso,


na data de propositura da presente ação civil pública, já resta constituída há mais de um ano.

Dessa forma, percebe-se que estão preenchidos todos os requisitos


necessários para legitimar a propositura de ação civil pública pela associação.

b) Direito ao Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado

i) Direito ao Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado - poluição sonora:


moralidade e sossego público dos moradores

Conforme os fatos narrados, o Centro de Evento esportivo, instituído


pelo Requerido, produz efeitos negativos em relação ao meio ambiente, bem como, afeta a
qualidade de vida dos moradores próximos ao Centro Esportivo.

Nesse sentido, o art. 225 da Constituição prevê o princípio do meio


ambiente ecologicamente equilibrado à sadia qualidade de vida:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.

No mesmo sentido, a Constituição do Estado do Paraná em seu artigo


207, dispõe sobre a qualidade de vida população e o meio ambiente equilibrado:
Art. 207. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Estado, aos
Municípios e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as gerações
presente e futuras, garantindo-se a proteção dos ecossistemas e o uso racional dos
recursos ambientais.

Este equilíbrio estabelecido pela constituição é muito afetado pela


poluição sonora, de forma que também agride a saúde dos moradores de Guaratuba quando o
Centro Esportivo está em funcionamento.

A poluição sonora é um problema social difuso de modo que deve ser


combatido pelo Poder Público e pela sociedade, a fim de garantir o direito ao sossego dos
moradores públicos, tendo em vista que é amplamente amparado pela Constituição Federal.

Excelência, o dano ambiental é nítido e consiste não apenas na lesão


ao meio ambiente, mas também na lesão a outros valores que são fundamentais na qualidade
de vida e saúde.

ii) Da Política Nacional do Meio Ambiente

Conforme previsão da Lei Política Nacional do Meio Ambiente (artigo


3° da Lei n° 6.938/1981) que trata sobre a legislação ambiental brasileira. Sendo muito
importante para o cenário nacional pois a referida lei estabelece princípios e diretrizes para a
proteção e preservação do meio ambiente no país. Dentro da lei tem-se os incisos I e III que
versam sobre:

No inciso I é estabelecido o princípio da precaução. Ele afirma que,


quando houver ameaça de danos ao meio ambiente, a falta de certeza científica absoluta não
deve ser usada como desculpa para adiar a adoção de medidas para prevenir a degradação
ambiental. Ou seja, se existe uma suspeita de que uma atividade pode causar danos ao meio
ambiente, as ações de precaução devem ser tomadas mesmo que não haja evidências
científicas conclusivas sobre os riscos.

Já o inciso III estabelece o princípio da participação da comunidade na


tomada de decisões que afetam o meio ambiente. Ele afirma que a coletividade tem o direito
de participar dos processos de decisão relacionados à gestão ambiental, bem como de ter
acesso às informações sobre o meio ambiente. Isso visa promover a transparência e a
participação pública nas questões ambientais, permitindo que as comunidades tenham voz nas
decisões que impactam suas vidas e seu entorno.

Portanto, os princípios são de extrema importância para a Política


Nacional do Meio Ambiente e devem ser colocados em questão na presente petição, pois
buscam equilibrar o desenvolvimento econômico com a proteção ao meio ambiente além de
garantir uma decisão de forma mais responsável para os autores que foram prejudicados.

iii) Do desrespeito a Norma NBR-10.151 e a Resolução 1/1990 do Conama

Ademais, a Norma NBR-10.151 estabelece os níveis máximos quanto


a produção de ruídos em áreas habitadas, que variam conforme o horário e a zona de
localização, buscando preservar o conforto da comunidade. A associação autora contratou, à
época dos eventos ocorridos no Centro de Eventos, profissionais técnicos para realizar a
medição de ruídos. No laudo ficou constatada nítida violação ao meio ambiente, tendo em
vista que não foi respeitada a legislação da ABNT.

De acordo com o laudo, os decibéis contabilizados próximos ao


Centro de Evento foram entre 72 e 77 dB(A). Destaca-se que o limite máximo permitido no
período diurno para áreas predominantemente industriais é de 70 dB(A), enquanto para áreas
habitadas varia entre 50 e 65 dB(A).

Além disso, o Conama editou a Resolução 1/1990 para dar limite às


emissões sonoras em diferentes áreas. Os itens I e II dispõem, respectivamente, sobre a
obrigatoriedade de que as atividades sociais e recreativas obedeçam aos dispositivos da
resolução, e que todos os ruídos que não respeitam os níveis sonoros estabelecidos pela
NBR-10.151 são considerados prejudiciais à saúde e ao sossego público.

Sendo assim, os ruídos produzidos pelo Centro de Eventos causam


prejuízos à saúde e ao sossego público dos moradores, pois extrapolam em muito os limites
máximos de ruídos estabelecidos pela Norma NBR 10151/2000 para áreas habitadas, assim
como não respeitam as disposições da Resolução 1/1990 do Conama. Nesse sentido, embora
exista a garantia da preservação da moralidade e do sossego público, os moradores que vivem
próximos da região do Centro de Eventos não possuem tal garantia respeitada.
III. Dos Pedidos

Ante o exposto, requer

a) A citação do réu no endereço acima indicado (procuradoria), para que, querendo,


conteste a presente Ação no prazo legal;
b) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente a juntada
de novos documentos, testemunhal e pericial;
c) A intimação do douto representante do Ministério Público, para atuar como fiscal da
lei, nos termos do §1º do art. 5º da Lei 7.347/85;
d) Seja imposta ao Município de Guaratuba a obrigação de não fazer, consistente em
proibir a realização de atividades de evento no local, que provoquem a perturbação do
sossego dos moradores, bem como a poluição sonora e ambiental;
e) A condenação do Município no pagamento de indenização a título de dano moral
coletivo, conforme o exposto no art. 13 da LACP no montante de R$ 100.000,00 (cem
mil reais);
f) Por fim, requer-se a condenação do requerido ao pagamento das custas processuais e
honorários de sucumbência.

Atribui-se à causa o valor de R$100.000,00 (cem mil reais).

Termos em que,
Pede-se deferimento.

Guaratuba, 22 de setembro de 2023.

Allana Albini Carneiro Brayan da Silva Emili Feitoza da Costa


OAB/PR … Gonçalves OAB/PR …
OAB/PR …

Jayne Rosa Miranda Marina Gomes de Mello


OAB/PR … OAB/PR …

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