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DOS FATOS
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Informação Técnica nº 083/2013, oriundo do abate de bovinos’. Portanto, resta
comprovado que a empresa Frigorífico Frigocruz Ltda, não sanou as
irregularidades ambientais, no que tange ao despejo de efluentes líquidos fora dos
padrões permitidos, bem como, vem operando sem o devido licenciamento
ambiental, ou seja, Licença de Operação.” (fls. 14/15).
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Função Social da Propriedade, além de produzirem danos civis passíveis de
reparação.
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Ministério Público (artigo 5º, inciso I), à Defensoria Pública (inciso II), à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (inciso III); às autarquias, empresas
públicas, fundação ou sociedade de economia mista (inciso IV); às associações
(inciso V), que esteja constituída a mais de um ano e inclua entre suas finalidades
institucionais a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à
livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico (alíneas ‘a’ e ‘b’ do inciso V).
DO DIREITO
A matéria ambiental não é um ramo tão antigo do Direito como
outros. A preocupação com a preservação ambiental é um assunto relativamente
recente, até porque, não há muito tempo, os recursos naturais eram tidos como
inesgotáveis.
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Segundo o artigo 3º, III, ‘e’ e IV da Lei nº 6.938/81 “Para os
fins previstos nesta Lei, entende-se por: III – Poluição, a degradação da qualidade
ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: e) lancem
matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; IV –
Poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável,
direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental.”
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De modo mais abrangente, a observância da Função Social da
Propriedade, que é a contra face de seu uso nocivo, não é uma faculdade, mas
uma obrigação indeclinável, erigida à categoria de direito fundamental pela
Constituição Federal de 1988 (Art. 5º, XXIII) – a propriedade atenderá a sua
função social.
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VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil, Direitos Reais, volume 5, 5ª edição. Editora Atlas, in: São Paulo,
2005. pág. 180
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“Nenhum outro interesse tem difusão maior do que o meio ambiente, que,
como é curial, pertence a todos em geral e a ninguém em particular; sua
proteção a todos aproveita, e sua postergação a todos em conjunto
prejudica. É verdadeira res communis omnium”2
2
MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. 4ª edição revista, ampliada e atualizada. Editora Revista dos
Tribunais, in: São Paulo, 2005. página 931
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DA OBRIGAÇÃO DE PREVENÇÃO e REPARAÇÃO
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MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro, 21ª edição. Editora Malheiros. São
Paulo: 2013. pg. 409.
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A empresa Frigorífico Frigocruz Ltda. atua há mais de um ano
sem licença ambiental e vem causando efetivo dano ao meio ambiente. Tais fatos
ficaram demonstrados no Inquérito Civil Público em trâmite perante a 3ª
Promotoria de Cruzeiro do Oeste.
DA TUTELA ANTECIPADA
Urgente se mostra a concessão da tutela inibitória antecipada.
Estão presentes a fumaça do bom direito, evidenciada pelos documentos juntados
com o Inquérito Civil Público (anexo) e o perigo da demora, já que os danos
ocasionados ao meio ambiente podem assumir caráter irreversível. Sobre o tema,
Paulo Affonso Leme Machado:
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Os danos causados ao meio ambiente encontram grande dificuldade de
serem reparados. É a saúde do homem e a sobrevivência das espécies da
fauna e da flora que indicam a necessidade de prevenir e evitar o dano4
4
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 11ª Edição, Revista,
Atualizada em Ampliada. Malheiros: São Paulo, 2003. pg 331
5
CAPRA, Fritjof. TEIA DA VIDA, Uma nova compreensão científica dos sistemas
vivos. Tradução de Newton Roberval Eichemberg. São Paulo: Editora Cultrix, 1996. pg. 41
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Idem, pg. 158.
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Por esse motivo deve ser expedida ordem para interrupção
imediata da atividade irregular. Enquanto não houver adequação aos
parâmetros e exigências estabelecidos pelo órgão ambiental a empresa
ré deve paralisar suas atividades.
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Saliente-se, que a responsabilidade civil ambiental é objetiva,
nos termos do já citado artigo 14, § 1º da Lei 6.938/81. Assim, comprovado o
dano e nexo causal decorrente da atividade exercida, desnecessária a
comprovação de culpa. Neste sentido, Paulo Affonso Leme Machado: “A
responsabilidade civil relativa a todas as atividades concernentes aos resíduos
sólidos é de natureza objetiva ou ‘independentemente da existência de culpa”.7
7
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro, 21ª edição. Editora Malheiros. São
Paulo: 2013. pg. 667
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Para a perfeita compreensão da matéria, podem ser citados dois exemplos
bem claros de dano moral coletivo:
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BITTAR, Carlos Alberto. Coletividade também pode ser vítima de dano moral.
Disponível em: http://www.conjur.com.br/2004-fev-
25/coletividade_tambem_vitima_dano_moral. Acesso em: 31/07/2013.
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Francini Imene Dias Ibrahin, Danos Morais Ambientais Coletivos – Revista de Direito Ambiental,
vol. 58, p. 134, 2010.
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condenou o degradador a repará-lo; porém, julgou improcedente o pedido
indenizatório.
2. A jurisprudência do STJ está firmada no sentido de que a necessidade de
reparação integral da lesão causada ao meio ambiente permite a cumulação
de obrigações de fazer e indenizar. Precedentes da Primeira e Segunda
Turmas do STJ.
3. A restauração in natura nem sempre é suficiente para reverter ou
recompor integralmente, no terreno da responsabilidade civil, o dano
ambiental causado, daí não exaurir o universo dos deveres associados aos
princípios do poluidor-pagador e da reparação in integrum.
4. A reparação ambiental deve ser feita da forma mais completa possível, de
modo que a condenação a recuperar a área lesionada não exclui o dever de
indenizar, sobretudo pelo dano que permanece entre a sua ocorrência e o
pleno restabelecimento do meio ambiente afetado (= dano interino ou
intermediário), bem como pelo dano moral coletivo e pelo dano residual (=
degradação ambiental que subsiste, não obstante todos os esforços de
restauração).
5. A cumulação de obrigação de fazer, não fazer e pagar não configura bis in
idem, porquanto a indenização não é para o dano especificamente já
reparado, mas para os seus efeitos remanescentes, reflexos ou transitórios,
com destaque para a privação temporária da fruição do bem de uso comum
do povo, até sua efetiva e completa recomposição, assim como o retorno ao
patrimônio público dos benefícios econômicos ilegalmente auferidos.
6. Recurso Especial parcialmente provido para reconhecer a possibilidade, em
tese, de cumulação de indenização pecuniária com as obrigações de fazer
voltadas à recomposição in natura do bem lesado, com a devolução dos autos
ao Tribunal de origem para que verifique se, na hipótese, há dano indenizável e
para fixar eventual quantum debeatur.
(REsp 1180078/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 02/12/2010, DJe 28/02/2012)
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DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
A Ação Civil Pública é o instrumento processual que busca
facilitar a deflagração de demandas para a tutela adequada e efetiva dos
interesses difusos, coletivos, individuais homogêneos e individuais indisponíveis.
Para viabilizar o acesso pleno à justiça, a lei cria mecanismos de
facilitação da demonstração dos direitos, em benefício dos vulneráveis (ainda que
apenas tecnicamente).
É certo que o Código de Defesa do Consumidor faz parte do
sistema processual coletivo, trazendo avanços legislativos e estendendo
instrumentos processuais. Conforme ensinamentos de Fiorillo, Abelha e Nery:
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FIORILLO, Celso Antônio Pacheco; RODRIGUES, Marcelo Abelha; NERY, Rosa Maria de Andrade.
Direito processual ambiental brasileiro: ação civil pública, mandado de segurança, ação popular, mandado
de injunção. Belo Horizonte: Del Rey, 1996, p. 142.
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ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
LITISCONSORTES. PRAZO EM DOBRO PARA APRESENTAÇÃO DE DEFESA
PRÉVIA.
AUSÊNCIA DE PREVISÃO NA LIA. UTILIZAÇÃO DOS INSTITUTOS E
MECANISMOS DAS NORMAS QUE COMPÕEM O MICROSSISTEMA DE TUTELA
COLETIVA. ART. 191 DO CPC. APLICABILIDADE. RECURSO ESPECIAL NÃO
CONHECIDO.
1. Os arts. 21 da Lei da Ação Civil Pública e 90 do CDC, como normas de
envio, possibilitaram o surgimento do denominado Microssistema ou
Minissistema de proteção dos interesses ou direitos coletivos amplo
senso, no qual se comunicam outras normas, como o Estatuto do Idoso e o
da Criança e do Adolescente, a Lei da Ação Popular, a Lei de Improbidade
Administrativa e outras que visam tutelar direitos dessa natureza, de
forma que os instrumentos e institutos podem ser utilizados para
"propiciar sua adequada e efetiva tutela" (art. 83 do CDC).
2. A Lei de Improbidade Administrativa estabelece prazo de 15 dias para a
apresentação de defesa prévia, sem, contudo, prever a hipótese de
existência de litisconsortes. Assim, tendo em vista a ausência de norma
específica e existindo litisconsortes com patronos diferentes, deve ser
aplicada a regra do art. 191 do CPC, contando-se o prazo para apresentação
de defesa prévia em dobro, sob pena de violação aos princípios do devido
processo legal e da ampla defesa.
3. Recurso especial não conhecido.
(REsp 1221254/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 05/06/2012, DJe 13/06/2012)
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revista nesta instância somente a interpretação dada ao direito para a
resolução da controvérsia.
Precedentes.
2. Tratando-se de dissídio notório, admite-se, excepcionalmente, a
mitigação dos requisitos exigidos para a interposição do recurso pela alínea
"c" "quando os elementos contidos no recurso são suficientes para se
concluir que os julgados confrontados conferiram tratamento jurídico
distinto à similar situação fática" (AgRg nos EAg 1.328.641/RJ, Rel. Min.
Castro Meira, DJe 14/10/11).
3. A Lei nº 6.938/81 adotou a sistemática da responsabilidade objetiva, que
foi integralmente recepcionada pela ordem jurídica atual, de sorte que é
irrelevante, na espécie, a discussão da conduta do agente (culpa ou dolo)
para atribuição do dever de reparação do dano causado, que, no caso, é
inconteste.
4. O princípio da precaução, aplicável à hipótese, pressupõe a inversão do
ônus probatório, transferindo para a concessionária o encargo de provar
que sua conduta não ensejou riscos para o meio ambiente e, por
consequência, aos pescadores da região.
5. Agravo regimental provido para, conhecendo do agravo, dar provimento
ao recurso especial a fim de determinar o retorno dos autos à origem para
que, promovendo-se a inversão do ônus da prova, proceda-se a novo
julgamento.
(AgRg no AREsp 206.748/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,
TERCEIRA TURMA, julgado em 21/02/2013, DJe 27/02/2013)
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MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 2. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2001. p. 119.
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DOS PEDIDOS
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Especial do Ministério Público do Estado do Paraná, criado pela Lei Estadual nº
12.241, de 28 de julho de 1998 (DOE nº 5302 de 29 de julho de 1.998);
Termos em que,
Pede Deferimento