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Direito Ambiental
Sumário
CAPÍTULO 4 – Tutela processual ambiental........................................................................05
4.2.7 Competência...................................................................................................10
4.2.8 Litispendência..................................................................................................10
4.6.2 Objeto............................................................................................................13
03
4.7.2 Legitimidade ativa ...........................................................................................14
4.7.5 Competência...................................................................................................14
4.7.6 Custas............................................................................................................14
Referências Bibliográficas.................................................................................................16
Capítulo 4
Tutela processual ambiental
Portanto, o devido processo legal, sob o viés dos direitos coletivos, caracteriza a denominada
“jurisdição civil coletiva”, que é formada, especialmente, por dois diplomas, a saber: o Código
de Defesa do Consumidor (Lei 8078/90) e a Lei da Ação Civil Pública (Lei 7347/85).
Dessa maneira, a jurisdição civil apresenta dois sistemas de tutela processual: a) aquele desti-
nado às lides individuais instrumentalizada pelo Código de Processo Civil; e b) outro, inerente
às lides de tutela coletiva, aplicado pela Lei da Ação Civil Pública e do Código de Defesa do
Consumidor (NERY JUNIOR, 1991, p. 70).
É importante salientar que a jurisdição civil coletiva em matéria ambiental visa assegurar aos
jurisdicionados o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
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Dessa forma, se procedente o pedido para a tutela do meio ambiente, o mesmo beneficiará a
terceiros e se improcedente, serão levantadas as seguintes hipóteses, segundo o art. 103 do
Código de Defesa do Consumidor:
a) se a improcedência for por falta de provas, qualquer legitimado poderá intentar outra
ação com idêntico fundamento;
Posteriormente, a Lei 7347/85 incorporou a disciplina da ação civil pública como instrumento de
defesa de interesses transindividuais (referentes ao meio ambiente, consumidores e patrimônio
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico).
Em 1998, a ação civil pública foi erigida à categoria constitucional ao ser reconhecida como
função institucional do Ministério Público, sem prejuízo da legitimação de terceiro:
Posteriormente, a Lei 8078/90, que instituiu o Código de Defesa do Consumidor em sua parte
processual, alterou a Lei 7347/85 modificando e ampliando o tratamento coletivo às lides pro-
cessuais, segundo o art. 117:
No que tange à legitimidade ativa, observa-se que, na ação civil pública, a Lei autoriza alguém a
litigar, em nome próprio, sobre direito alheio para a tutela de interesses transindividuais. A legi-
timidade ora mencionada foi conferida por lei (art. 5º da Lei 7347/85; art. 82 da Lei 8078/90;
art. 129, inciso III e §1º da CF/88) ao Ministério Público, à Defensoria Pública, às pessoas jurí-
dicas estatais, às entidades e órgãos da administração pública direta e indireta, mesmo que sem
personalidade jurídica, e às associações que ostentem um mínimo de representatividade (art. 5º,
incisos I a V da Lei 7347/85), mesmo que não haja coincidência entre o titular do bem lesado e
o sujeito do processo:
Art. 5º. Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
I – Ministério Público;
II- Defensoria Pública;
III- a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV- a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V- a associação que, concomitantemente:
a) Esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) Inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao
meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de
grupos raciais, étnico ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico
e paisagístico.
Em relação às pessoas físicas, embora não legitimadas expressamente, estão legitimadas a mo-
ver a ação popular, segundo a ressalva prevista no art. 1º da Lei 7347/85 e no art. 5º, inciso
LXXIII, da CF.
Ademais, vale dizer que os entes legitimados para a propositura da ação civil pública são “res-
ponsáveis pela condução do processo” e não desempenham a função de substitutos processuais.
a) Ministério Público
A legitimação do Parquet encontra-se assentada no art. 129, inciso III, da CF e é caracterizada como
autônoma, visto que a Lei não permite que o substituído proponha a demanda de forma individual.
Ademais, segundo o art. 5º, §3º, da Lei 7347/85, em caso de abandono ou desistência da ação por
um dos legitimados, o Ministério Público poderá assumir a titularidade da mesma e nela prosseguir.
Por fim, observa-se que, encerrada a fase do conhecimento e decorridos 60 dias do trânsito em jul-
gado da sentença condenatória sem que o legitimado ativo tenha pedido a execução, o Ministério
Público deverá fazê-lo (art. 15 da Lei 7347/85) assim como os demais terão a citada faculdade.
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b) Defensoria Pública
A Lei 11448/2007 acrescentou ao rol dos legitimados ativos a Defensoria Pública, que detém
como função a prestação de assistência jurídica, judicial e extrajudicial, integral e gratuita (art.
134 da CF e art. 1º da LC 80/1994).
A questão que se põe é sobre os limites da legitimação, verificando-se que deve ser sempre ana-
lisada a chamada pertinência temática institucional, ou seja, deve-se buscar em juízo somente a
tutela do bem jurídico estabelecido no âmbito de sua competência que, no caso, é a defesa dos
interesses dos necessitados. Isso quer dizer que:
A Defensoria Pública pode propor ações civis públicas ou coletivas, em defesa de interesses
difusos, coletivos ou individuais homogêneos de pessoas que se encontrem na condição
de necessitados, ou seja, de quem tenha insuficiência de recursos para custear a defesa
individual, mesmo que, com isso, em matéria de interesses difusos (que compreendem grupos
indetermináveis de lesados), possam indiretamente beneficiadas terceiras pessoas que não se
encontrem na condição de deficiência econômica, até porque não haveria como separar os
integrantes desse grupo atingido. (MAZZILLI, 2014, p. 324).
Portanto, deve-se gizar que a Defensoria Pública possui ilegitimidade ativa para a proteção irres-
trita do meio ambiente, em face da Constituição Federal, da legislação infraconstitucional e da
natureza jurídica dos direitos que ela tutela (identificados como defesa daqueles desprovidos de
recursos). Desse modo, a Defensoria Pública possui legitimidade apenas em matéria ambiental
para a composição de danos experimentados por terceiro em decorrência da atividade poluidora
(dano ambiental individual ou reflexo) e não para a tutela do ambiente em si mesmo (dano am-
biental coletivo), conforme o art. 14, §1º, da Lei 6938/81.
No que tange às fundações, deve-se sublinhar que se tratam das pública ou privadas, desde que
tenham entre as suas finalidades a defesa do ambiente e ostentem a correspondente legitimidade
para a ação protetiva.
d) Associações
As associações regularmente constituídas há pelo menos um ano, que tenham entre suas finali-
dades institucionais a defesa do meio ambiente, poderão atuar em juízo através do ajuizamento
da ação coletiva ambiental, segundo art. 5º, V, “a” e “b” da Lei 7347/85:
a) regular constituição nos termos da lei civil, ou seja, ter personalidade jurídica, com a
inscrição dos seus estatutos no Registro Civil das Pessoas Jurídicas;
Um dado que merece atenção é que não há necessidade de previsão estatutária explícita para
que a associação se legitime à defesa do meio ambiente. Ademais, o juiz poderá dispensar o
requisito de pré-constituição há pelo menos um ano, nos casos das associações que se formam
ex post factum (salvo para o caso do mandado de segurança coletivo por imposição do art. 5º,
inciso LXX CF).
Nesse diapasão, o art. 5º, §5º, da Lei 7347/85 permite o litisconsórcio facultativo entre o Mi-
nistério Público da União, dos Estados e do Distrito Federal. O art. 5º, §2º, da Lei da Ação Civil
Pública permite a ocorrência do litisconsórcio facultativo unitário, podendo o Poder Público e
as associações legitimadas habilitarem-se como litisconsortes de qualquer das partes ou como
assistentes litisconsorciais.
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este Código são admissíveis todas
as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.
Nesse sentido, o Estado também pode ser considerado legitimado passivo se praticar atividade
causadora de dano e houver a comprovação de nexo de causalidade entre uma autorização
estatal e o resultado (dano) (NERY JUNIOR; MILARÉ; FERRAZ, 1990, p. 155).
É importante lembrar que nos casos do mandado de segurança ambiental (individual ou coletivo)
a legitimidade passiva é restrita à autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
de atribuições do Poder Público.
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4.2.7 Competência
Segundo o art. 2º da Lei da Ação Civil Pública, o juízo competente para processar e julgar ações
coletivas ambientais é o do lugar onde ocorreu ou deve ocorrer o dano.
Trata-se de competência funcional e, portanto, absoluta, que não pode ser prorrogada e nem ser
geradora de nulidade dos atos processuais decisórios (art. 113, § 2º, do CPC).
4.2.8 Litispendência
Ocorre a litispendência quando duas ações em curso são idênticas, ou seja, quando os elemen-
tos (partes, causa de pedir e pedido) que a identificam são exatamente os mesmos.
Assim, observa-se que não há litispendência entre uma ação individual e uma ação coletiva, pois
não haverá coincidência entre os legitimados ativos.
O mesmo ocorrerá entre uma ação para a tutela de um direito difuso e outra inerente a um di-
reito coletivo stricto sensu, pois não haverá identidade entre os pedidos de ambas, dado que a
segunda terá âmbito mais restrito do que a primeira.
Entretanto, pode ocorrer a litispendência entre uma ação civil pública que tenha por finalidade a
desconstituição de um ato lesivo ao meio ambiente e uma ação popular com o mesmo objetivo.
A continência ocorre quando, entre duas ou mais ações, houver identidade quanto às partes e
à causa de pedir, mas o objeto de uma abrange o da outra por ser mais amplo (art. 104 CPC).
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o
juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o
resultado prático equivalente ao do adimplemento.
§1º. A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o
autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
[...]
§5º Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz
determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas,
desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial.
Deve-se observar que, se ao final do inquérito não houver elemento suficiente para a propositura
da ação civil pública, caberá ao Ministério Público pedir, de maneira fundamentada, o seu ar-
quivamento. Esse arquivamento será definitivo quando homologado pelo Conselho Superior do
Ministério Público (art. 30 da Lei 8625/93) a quem deve o inquérito ser remetido em três dias do
arquivamento, sob pena de falta grave, segundo art. 9º, §3º, da Lei 7347/85.
Uma vez arquivado o inquérito civil, o Ministério Público não poderá mais propor a ação civil
pública, tendo em vista que se trata de um instrumento instaurado para formar a sua opinio actio.
Um outro dado importante é que o inquérito civil, assim como o policial, segue o procedimento
inquisitório, não lhe sendo assegurando o contraditório. Ademais, não se trata de um procedi-
mento administrativo, pois não se destina a aplicação de sanção, mas sim de averiguação de
circunstâncias que justifiquem a propositura da aplicação da Lei da Ação Civil Pública.
Trata-se de instrumento estabelecido pela Lei da Ação Civil Pública, cujo objetivo é a solução do
conflito sem a propositura da ação, mediante o compromisso do empreendedor ou de qualquer
outra pessoa a proceder a adequação de suas atividades às normas protetivas do meio ambiente.
É importante notar que o compromisso estabelecerá cominações e terá eficácia de título exe-
cutivo extrajudicial; não constitui transação, visto que esta constitui instrumento de direito civil
que pressupõe concessões mútuas, o que não é permitido em matéria ambiental por tratar-se de
interesse difuso pertencente a toda a coletividade.
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d) anuência do Ministério Público, quando não seja autor (MILARÉ, 2016, p. 64).
Por fim, observa-se que o compromisso de ajustamento será executado por quem detenha legiti-
midade para ajuizar Ação Civil Pública (art. 5º, §6º, da Lei 7347/85).
Art. 5º [...]
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público;
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) Partido político com representação no Congresso Nacional;
b) Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados.
4.6.2 Objeto
A Constituição Federal estabelece a utilização do presente instrumento sempre que a falta de
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à soberania, à cidadania e à nacionalidade (art. 5º, inciso LXXI, CF).
Portanto, observa-se que o mandado de injunção na tutela de direitos individuais opera efeitos
apenas ao caso concreto em que incidiu. De outra parte, tratando-se de bens ambientais e,
assim, de natureza difusa, a sentença atinge todos os titulares do mencionado direito, ou seja,
toda a coletividade.
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Art. 5º, LXXIII. Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
4.7.5 Competência
Segundo o art. 2º da Lei 7348/85, observa-se que para o “[...] conhecimento da ação popular
ambiental, o juízo competente é aquele do local do dano”.
4.7.6 Custas
O texto constitucional determina que o autor da ação, salvo comprovada má-fé, fica isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência.
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Referências Bibliográficas
ALONSO JÚNIOR, Hamilton. Direito fundamental ao meio ambiente e ações coletivas.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
ALVIM, Arruda. Código do Consumidor comentado, 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1995.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Ação civil pública: comentários por artigo. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2007.
GRINOVER, Ada Pellegrini; WATANABE, Kazuo; NERY JUNIOR, Nelson. Código brasileiro de
Defesa do Consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto. Rio de Janeiro: Forense,
1995.
MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo: meio ambiente, consumidor
e outros interesses. São Paulo: Saraiva, 2014.
MILARÉ, Édis. Direito Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
_______; MILARÉ, Édis; FERRAZ, Antonio de Mello Camargo. A ação civil pública e a tutela
jurisdicional dos interesses difusos em juízo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1990.