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AÇÃO CIVIL PÚBLICA – LEI 7.347, DE 24 DE JULHO DE 1985.

Fundamento Constitucional:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


(…) III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos;

§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo


não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta
Constituição e na lei.

Lei 7.347/85:

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular,
as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:

I - ao meio-ambiente;

II - ao consumidor;

III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e


paisagístico;

IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo;

V - por infração da ordem econômica;

VI - à ordem urbanística;

VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos;

VIII – ao patrimônio público e social.

Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular
pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de
natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente
determinados.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA X AÇÃO COLETIVA

Nem toda ação civil pública pode ser considerada uma ação coletiva. Segundo a doutrina, a
ação coletiva é gênero, que abarca uma série de ações, tais como ação civil pública, ação popular,
ação de improbidade, mandado de segurança coletivo etc.

Nesse sentido, a doutrina afirma que para que uma demanda possa ser considerada uma
ação coletiva, o pleito deverá conter 05 requisitos básicos:

a) tutelar direta ou indiretamente o interesse público primário;

b) legitimação extraordinária e adequada representação dos substituídos;

c) coisa julgada “secundum eventum litis” e “secundum eventum


probationis”;

d) maior amplitude da cognição;

e) um direito coletivo “lato sensu” como causa de pedir.

Diante desse cenário, se a ação veicular uma pretensão individual não haverá ação coletiva,
mas uma ACP para tutela de um direito individual.

Por fim, para saber se se trata de ação coletiva, o importante não é o nome dado a ação,
mas seu conteúdo (princípio da atipicidade).

ACP e AÇÃO POPULAR

A LACP não afasta a possibilidade de se ajuizar ação popular, contudo, eventualmente


poderá haver litispendência. Na maioria dos casos, porém, haverá conexão e não litispendência,
pois uma das demandas terá objeto mais amplo (Resp 208.680/MG).

ACP e AÇÃO DE IMPROBIDADE

É compatível a utilização de ACP com fundamento na Lei de Improbidade Administrativa.


Sendo caso da face sancionatória da improbidade, requerida a sanção de perda do cargo e suspensão
dos direitos políticos, será obrigatório seguir o procedimento da Lei 8.429/92. A face reparatória
poderá ser veiculada por ACP nos termos da Lei 7.347/85 (Resp 735.424/SP).

PRESCRIÇÃO

O STJ possui os seguintes entendimentos sobre o tema:

1º É imprescritível a ACP em que se discute a ocorrência de dano ao erário.


Tal entendimento, contudo, deve ser relativizado, já que o STF entendeu que
é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de
ilícito civil (RE 669069/MG). Dessa forma, no momento, a
imprescritibilidade limita-se às ações que discutem a ocorrência de
dano ao erário oriundo de atos de improbidade.

ATENÇÃO! Em 8/8/2018, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, analisando o RE 852475/SP,


confirmou o entendimento de que “são imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário
fundadas na prática de ato DOLOSO tipificado na Lei de Improbidade Administrativa (Lei
8.429/1992, artigos 9º a 11)”.

Importante registrar que o STF fez a seguinte diferenciação:

a) Ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrentes de ILÍCITO CIVIL é


PRESCRITÍVEL (STF RE 669069/MG);

b) Ação de ressarcimento decorrente de ato de improbidade administrativa praticado COM CULPA


é PRESCRITÍVEL (devem ser propostas no prazo do art. 23 da LIA).

c) Ação de ressarcimento decorrente de ato de improbidade administrativa praticado com DOLO é


IMPRESCRITÍVEL (§ 5º do art. 37 da CF/88).

2º É imprescritível a ACP em que se discute o direito à reparação de


danos ambientais. Aqui somente é imprescritível a reparação do dano,
eventuais multas administrativas prescrevem em 05 anos:

STJ – Súmula 467: prescreve em 05 anos, contados do término do processo


administrativo, a pretensão da administração pública de promover a
execução de multa por infração ambiental.

3º Nos outros casos em geral, o STJ tem aplicado o prazo de 05 anos da


ação popular, em conformidade com a regra de utilização do microssistema
processual coletivo.
4º Quando se tratar de execução individual de sentença proferida em ação
coletiva aplica-se o prazo de 05 anos, contados do trânsito em julgado de
sentença coletiva.

IMPOSSIBILIDADE DE A ACP VEICULAR PRETENSÕES QUE ENVOLVAM


TRIBUTOS, CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS, O FUNDO DE GARANTIA DO
TEMPO DE SERVIÇO - FGTS OU OUTROS FUNDOS DE NATUREZA INSTITUCIONAL

Os Tribunais Superiores atribuem uma interpretação restritiva ao parágrafo único do art. 1º,
entendendo que ele somente se aplica quando as pretensões listadas por ele forem os pedidos da
ACP. Assim, não haverá problema quando as pretensões citadas nele forem a causa de pedir da
ACP. Dessa forma, o STJ já entendeu que o Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação
civil pública cujo pedido seja a condenação por improbidade administrativa de agente público que
tenha cobrado taxa por valor superior ao custo do serviço prestado, ainda que a causa de pedir
envolva questões tributárias (REsp 1.387.960-SP).

ATENÇÃO! Em outubro de 2019, o Supremo Tribunal Federal, analisando o RE 643978 sob a


sistemática da Repercussão Geral, decidiu que “o Ministério Público tem legitimidade para a
propositura de ação civil pública em defesa de direitos sociais relacionados ao Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)”. (...) No RE 576.155 (Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, DJe de 1º/2/2011), também submetido ao rito da repercussão geral, o
PLENÁRIO cuidou da questão envolvendo a vedação constante do parágrafo único do art. 1º da Lei
7.347/1985, incluído pela MP 2.180-35/2001, oportunidade em que se reconheceu a legitimidade do
Ministério Público para dispor da ação civil pública com o fito de anular acordo de natureza
tributária firmado entre empresa e o Distrito Federal, pois evidente a defesa ministerial em
prol do patrimônio público. 3. A demanda intenta o resguardo de direitos individuais homogêneos
cuja amplitude possua expressiva envergadura social, sendo inafastável a legitimidade do Ministério
Público para ajuizar a correspondente ação civil pública. 4. É o que ocorre com as pretensões que
envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -
FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente
determinados (parágrafo único do art. 1º da Lei 7.347/1985). 5. Na hipótese, o Tribunal Regional
Federal da 5ª Região, pautado na premissa de que o direito em questão guarda forte conotação
social, concluiu que o Ministério Público Federal detém legitimidade ativa para ajuizar ação civil
pública em face da Caixa Econômica Federal, uma vez que se litiga sobre o modelo organizacional
dispensado ao FGTS, máxime no que se refere à unificação das contas fundiárias dos trabalhadores.
6. Recurso Extraordinário a que nega provimento. Tese de repercussão geral proposta: o Ministério
Público tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em defesa de direitos sociais
relacionados ao FGTS.

(RE 643978; Órgão julgador: Tribunal Pleno; Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES;
Julgamento: 09/10/2019; Publicação: 25/10/2019 – Informativo 955)

COMPETÊNCIA

Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde
ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e
julgar a causa.

Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para


todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de
pedir ou o mesmo objeto.

a) Critérios para determinação de competência

Nas demandas coletivas existem dois critérios para determinar a competência: o primeiro é
o foro do local do dano (Art. 2º, da LACP). O segundo é o âmbito de extensão do dano (Art. 93, II,
do CDC c/c art. 21 da Lei 7.347/85).

Como a LACP não trata das situações em que o dano é nacional ou regional, por força do
microssistema da tutela coletiva, a doutrina entende que o art. 2º deve ser aplicado em conjunto com
o art. 93, II, do CDC. No mesmo sentido, vem entendendo o STJ (Resp 448.470/RS).

Dessa forma, se o dano for local, a competência será do foro onde ele ocorreu. Já se o dano
for de âmbito regional ou nacional, será competente o foro da capital do Estado ou do Distrito
Federal, um ou outro, sem que haja preferência entre eles. No caso de competência da Justiça
Federal, se no local do dano não houver vara federal, mesmo assim a demanda deverá ser julgada
pela Justiça Federal, não sendo a competência deslocada para Justiça Estadual.

b) Competência para execução nas demandas individuais


O STJ decidiu que as ações individuais de liquidação e execução dos consumidores lesados
poderão ser ajuizadas, a escolha do autor, em seu domicílio, no domicílio do réu e onde estiverem
os bens ou no juízo da ação ordinária.

OBJETO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o


cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.

a) Possibilidade de requerer qualquer tutela

É possível requerer qualquer espécie de tutela (declaratória, constitutiva, condenatória,


mandamental ou executiva “lato sensu”).

b) Possibilidade de cumulação de pedidos

O STJ entende que poderá haver cumulação da condenação em dinheiro com o


cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer (Resp. 625.249/PR).

AÇÃO CAUTELAR

Art. 4º Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando,
inclusive, evitar dano ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao
consumidor, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à
ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico.

LEGITIMIDADE

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:

ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO


Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:

I - o Ministério Público;

(…)

§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará


obrigatoriamente como fiscal da lei.

§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação


legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade
ativa.

a) Atuação do MP como fiscal da Lei

Se o MP não intervier como parte atuará sempre como fiscal da lei (§1º). A doutrina mais
moderna vem adotando, inclusive, a terminologia “custus juris”, é dizer, o MP não deve atuar
apenas como fiscal da lei, mas de todo o ordenamento jurídico.

O STJ entende que é desnecessária a intervenção do MP como fiscal da lei em ACP que foi
ajuizada pelo próprio MP (Resp 156.291/SP). Portanto, só haverá intervenção do MP como “custus
legis” em ação civil pública em que o parquet não figure como autor ou litisconsorte do autor.

b) Atuação obrigatória

A atuação do MP como fiscal da lei é obrigatória. O STJ, contudo, entende que ausência de
intimação do MP em ACP para funcionar como fiscal da lei não dá ensejo, por si só, a nulidade
processual, salvo comprovado prejuízo (Resp 1.207.855/SE).

c) Desistência infundada

Se a desistência for infundada, o MP tem o dever e os outros legitimados a faculdade de


assumir a ACP.

e) Legitimidade do MP
Hipóteses admitidas pelo STF e STJ:

1º MP tem legitimidade para proteger mediante ACP o patrimônio público de forma ampla.

STJ – Súmula: 329: O Ministério Público tem legitimidade para propor


ação civil pública em defesa do patrimônio.

2º Com base no artigo 129, V, da Carta Magna, o MP tem legitimidade para propor ação
civil pública em defesa de comunidades indígenas (Resp 961.263/SC);

3º O MP tem legitimidade para tutelar direitos indisponíveis, de crianças e idosos. Ainda


que individualmente considerados, como direito a medicamentos (Resp 700.853/RS);

4º O MP tem legitimidade ativa para a defesa, em juízo, dos direitos e interesses


individuais homogêneos, quando impregnados de relevante interesse social, como sucede com o
direito de petição e o direito de obtenção de certidões em repartições públicas (RE
472.489/AGR/RS);

5º O MP tem legitimidade para ajuizar ACP contra departamento de trânsito, em que se


busca demonstrar irregularidades nos procedimentos de fiscalização delegados a empresas
particulares, as quais teriam exercidos competência exclusiva do Poder Público (Resp 808.393/DF);

6º O MP tem legitimidade para o ajuizamento da ACP, visando a correção dos serviços


tabelados no âmbito do SUS, por ocasião do plano real (Resp 422.671/RS);

7º O MP é parte legítima para ajuizar ACP em defesa dos interesses dos mutuários do SFH
(Agrg no Resp 633.470/CE);

8º O MP tem legitimidade para propor ACP para discutir as mensalidades escolares:

STF – Súmula 643: o Ministério Público tem legitimidade para promover


ação civil pública cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de
mensalidades escolares.

9º O MP tem legitimidade para propor ACP com o objetivo que cesse a atividade tida por
ilegal de, sem autorização do poder público, captar antecipadamente poupança popular, ora
disfarçada de financiamento para compra de linha telefônica (Resp 910.192/MG);
10 - A inclusão de débitos não autorizados na conta do consumidor e cobrados em razão do
uso pelo consumidor ou por terceiro de serviço valor adicionado legitimam o MP a propor ação com
o objetivo de garantir a continuidade do serviço público essencial de telefonia fixa (Resp
605.755/SP);

11 - O MP tem legitimidade para propor ACP visando a cessação de jogos de Azar (Resp
813.222/RS);

12 - O MP tem legitimidade para propor ACP visando a abstenção de cobrança de multa


por resolução de contrato quando ocorre roubo ou furto de celular (Resp 1.087.783/RJ);

13 - O MP tem legitimidade para propor ACP com o objetivo de manter curso de ensino
médio no período noturno de colégio custeado pela União (Resp 933.002/RJ);

14 - É possível a atuação conjunta do MP estadual e do trabalho para propor ACP com


objetivo de cumprimento de normas atinentes à segurança do trabalho e a medicina do trabalho
(Resp 240.343/SP);

15 - A legitimidade para propor ACP contra governador é do Procurador Geral de Justiça


(Resp 851.635/AC);

16 - O MP tem legitimidade para propor ACP contra resolução que impõe aos graduados a
obrigação de realizarem exame como condição prévia à obtenção do registro profissional (Agrg no
Resp 938.951/DF);

17 - O MP tem legitimidade para propor ACP visando a obrigação de a catraca de ônibus


mostrar ao consumidor o saldo de seu vale transporte digital (Resp 1.099.634);

18 - O MP tem legitimidade para propor ACP visando a declaração da abusividade de


critérios de reajuste em contrato de adesão nos serviços de concessão de lotes e jazigos em
cemitério (Agrg no Resp 1.113.844/RJ);

19 - O MP tem legitimidade para propor ACP em caso de loteamentos irregulares ou


clandestinos, inclusive para que haja pagamento de indenização aos adquirentes (REsp 743.678);

20 - O MP tem legitimidade para propor ACP visando a defesa de direitos de natureza


previdenciária (STF AgRg no AI 516.419/PR);

21 - Para o STF, o MP tem legitimidade para defender contratantes do seguro


obrigatório DPVAT (RE 631.111/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 06 e 07/08/2014.
Repercussão Geral). Tal decisão era contrária ao que decidia o STJ (Súmula 470: O Ministério
Público não tem legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a indenização decorrente do
DPVAT em benefício de segurado). Contudo, como a decisão do STF foi proferida em sede de
repercussão geral, o STJ posteriormente cancelou a súmula 470.

22 - O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos,
coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de
serviço público (Súmula 601 do STJ).

23 - O Ministério Público tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em


defesa de direitos sociais relacionados ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
(Informativo 955)

ATENÇÃO! Em resumo, conforme o artigo 129, III, da Constituição, incumbe ao Ministério


Público promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e
social, do meio ambiente e de outros interesses DIFUSOS e COLETIVOS. Pela redação do referido
dispositivo legal, poderia dar a impressão de que nos casos de direitos individuais não seria possível
a atuação do Ministério Público. No entanto, a interpretação deve ser dada de acordo com o caput
do artigo 127 da Constituição, segundo o qual, ao Ministério Público incumbe a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático e dos interesses SOCIAIS e INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS.
Desta forma, mesmo em caso de interesse individual, o Ministério Público poderá ajuizar a ação,
quando este interesse for indisponível. Outrossim, se evidenciado RELEVANTE INTERESSE
SOCIAL do bem jurídico tutelado, atrelado à finalidade da instituição, mesmo em se tratando de
interesses individuais homogêneos disponíveis, poderá o MP ajuizar a ação.

f) Ilegitimidade do MP

Hipóteses inadmitidas pelo STJ e STF:

1º - O MP não tem legitimidade para promover ACP com o objetivo de impedir a cobrança
de tributos na defesa de contribuintes (Agrg no Resp 969.087).

Salienta-se, contudo, que o STJ e o STF entendem, com base na literal disposição da lei,
que a restrição do parágrafo único do art. 1º da LACP diz respeito unicamente a demandas
envolvendo matéria tributária movidas contra a Fazenda Pública e em prol dos beneficiários.
Quando o objeto da ação tratar de benefícios fiscais envolvendo tributos e que possam causar
danos ao patrimônio público é legítima a autuação do MP (Resp 760.034/DF e RE
576.155/DF), como, por exemplo, nos casos de anulação de atos administrativos concessivos de
benefícios fiscais.
No mesmo sentido, o STJ entendeu que o fato de conter a ACP pedido para discriminação
da contribuição de iluminação pública, nas contas de energia elétrica não revela pretensão de índole
tributária, de modo a afastar a legitimidade do MP. Aqui, o MP atua na defesa dos consumidores,
afastando a proibição do parágrafo único do art. 1º da LACP (Resp 1.010.130/MG).

2º O MP não tem legitimidade para propor ACP visando a declaração de ilegalidade no


recebimento de valores a título de gratificação natalina por juízes federais e servidores públicos
(AGRG no Resp 672.957/RJ);

3º O MP não tem legitimidade para interpor ACP contra ex-dirigente de clube de futebol
em razão da alegada prática de atos que teriam causado prejuízos de ordem moral e patrimonial à
agremiação esportiva (Resp. 1.041.765/MG);

4º O MP não tem legitimidade para ajuizar ACP na qual busca a suposta defesa de
um pequeno grupo de pessoas – no caso, associados de um clube, numa óptica
predominantemente individual (Resp 1.109.335/SE).

ATUAÇÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA

Art. 5 Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:

II - a Defensoria Pública;

a) Defensoria pública

A Defensoria Pública – DP, foi incluída como legitimada para ACP pela Lei 11.418/07.
Para a doutrina e jurisprudência majoritárias, a DP somente será legitimada se houver interesses
de pessoas necessitadas, ainda que a ação também tutele interesses de pessoas não necessitadas. A
legitimidade da defensoria abrange todas as espécies de direitos coletivos (difusos, coletivos e
individuais homogêneos). A existência de pessoas não necessitadas no grupo não elide a
legitimação da Defensoria (Ex: ACP para proteger consumidores de energia elétrica terá pessoas
necessitadas e não necessitadas), mas a ausência de interesses de necessitados é causa de ausência
da legitimação.

b) Constitucionalidade da legitimidade da Defensoria Pública


O STF entendeu que a Defensoria Pública pode propor ação civil pública na defesa de
direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. É constitucional a Lei nº 11.448/2007, que
alterou a Lei 7.347/85, prevendo a Defensoria Pública como um dos legitimados para propor ação
civil pública (ADI 3943/DF).

ATUAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:

V - a associação que, concomitantemente:

a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;

b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio


público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à
livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao
patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos


termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.

§ 4º O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando


haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica
do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.

a) Associações

Para que possam ter legitimidade, as associações deverão apresentar dois requisitos:

a) estar constituída há pelo menos 01 ano, nos termos da lei civil;

b) incluir, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente,


ao consumidor, a ordem econômica, a livre concorrência, aos direitos de
grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico.

Caso a associação preencha os dois requisitos previstos na lei (estar constituída há pelo
menos 01 ano e incluir entre suas finalidades a proteção dos bens descritos na lei) haverá uma
presunção relativa de que a associação possui legitimidade para propositura da ACP. Essa
presunção, contudo, poderá ser afastada no caso concreto pelo magistrado.
b) amplitude do termo “associações”

A doutrina entende que associações não são somente aquelas assim denominadas em
sentido estrito, mas também as entidades de classe, sindicatos e partidos políticos.

c) Pertinência temática

Não precisa ter uma finalidade específica, bastando que tenha um nexo compatível entre os
fins institucionais. O STJ já admitiu que associação que possua por finalidade a defesa do
consumidor pode propor ação coletiva em favor dos participantes desistentes de consórcios de
veículos, não se exigindo que tenha sido instituída para a defesa específica de interesses de
consorciados (Resp 132.063).

ATENÇÃO! No julgamento do REsp 1.091.756-MG, divulgado no Informativo 618, o Superior


Tribunal de Justiça entendeu que “associação com fins específicos de proteção ao consumidor
não possui legitimidade para o ajuizamento de ação civil pública com a finalidade de tutelar
interesses coletivos de beneficiários do seguro DPVAT, ante a ausência de pertinência temática
exigida para o ajuizamento da ação civil pública por associação, sendo certo que o seguro DPVAT
não se trata de relação consumerista, mas sim de um seguro obrigatório”.

d) Dispensa da pré-constituição

A pré-constituição poderá ser dispensada quando:

a) haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou


característica do dano;

b) relevância do bem jurídico a ser protegido.

As associações precisam de autorização específica dos associados para ajuizar


ação coletiva?

Ação civil pública (ação coletiva Ação coletiva de rito ordinário proposta
proposta na defesa de direitos difusos, pela associação na defesa dos interesses
coletivos ou individuais homogêneos): de seus associados: SIM.
NÃO.

A associação, quando ajuíza ação na A associação, quando ajuíza ação coletiva


defesa de direitos difusos, coletivos ou ordinária na defesa dos interesses de seus
individuais homogêneos, atua como associados, atua como
SUBSTITUTA PROCESSUAL e não REPRESENTANTE PROCESSUAL e,
precisa dessa autorização. por isso, é obrigatória a autorização
individual ou assemblear dos associados.

O entendimento firmado no RE Aplica-se o entendimento firmado pelo


573232/SC não foi pensado para esses STF no RE 573232/SC: O disposto no
casos. artigo 5º, inciso XXI, da Carta da
República encerra representação
As associações possuem legitimidade
específica, não alcançando previsão
para defesa dos direitos e dos interesses
genérica do estatuto da associação a
coletivos ou individuais homogêneos,
revelar a defesa dos interesses dos
independentemente de autorização
associados.
expressa dos associados (STJ. 2ª Turma.
REsp 1796185/RS, Rel. Min. Herman As balizas subjetivas do título judicial,
Benjamin, julgado em 28/03/2019). formalizado em ação proposta por
associação, é definida pela representação
Por se tratar do regime de substituição
no processo de conhecimento, presente a
processual, a autorização para a defesa do
autorização expressa dos associados e a
interesse coletivo em sentido amplo é
lista destes juntada à inicial (STF.
estabelecida na definição dos objetivos
Plenário. RE 573232/SC, rel. orig. Min.
institucionais, no próprio ato de criação
Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão
da associação, sendo desnecessária nova
Min. Marco Aurélio, julgado em
autorização ou deliberação assemblear.
14/5/2014 (repercussão geral) -
As teses de repercussão geral resultadas
Informativo 746).
do julgamento do RE 612.043/PR e do
RE 573.232/SC tem seu alcance
expressamente restringido às ações
coletivas de rito ordinário, as quais
tratam de interesses meramente
individuais, sem índole coletiva, pois,
nessas situações, o autor se limita a
representar os titulares do direito
controvertido, atuando na defesa de
interesses alheios e em nome alheio (STJ.
3ª Turma. AgInt no REsp 1799930/MG,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
26/08/2019).

Caso ocorra dissolução da associação que ajuizou ação civil pública, entendeu o Superior
Tribunal de Justiça que é possível a sua substituição por outra associação que possua a mesma
finalidade temática. Para o STJ, o microssistema de defesa dos interesses coletivos privilegia o
aproveitamento do processo coletivo, possibilitando a sucessão da parte autora pelo Ministério
Público ou por algum outro colegitimado (ex: associação), mormente em decorrência da
importância dos interesses envolvidos em demandas coletivas (STJ. 3ª Turma. EDcl no REsp
1405697/MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 10/09/2019).

ATUAÇÃO DOS DEMAIS ENTES

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:

III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia


mista;

ATENÇÃO! No julgamento do REsp 1.509.586-SC, em 15/05/2018 (Informativo 626), O Superior


Tribunal de Justiça entendeu que “Município tem legitimidade ad causam para ajuizar ação civil
pública em defesa de direitos consumeristas questionando a cobrança de tarifas bancárias, sendo
implícita a sua pertinência temática ou representatividade adequada. Outrossim, os Entes
Federativos são os maiores interessados na defesa dos interesses metaindividuais, na medida
em que têm por fim o bem comum de um povo situado em um determinado território".
Ademais, "será no Município que esses fatos ensejadores da ação civil pública se farão sentir com
maior intensidade [...] em face da proximidade, da imediatidade entre ele e seus munícipes”.

a) entidades despersonalizadas

Também são legitimados, mesmo que sem personalidade jurídica, órgãos públicos de
defesa do consumidor. Assim, os PROCONS ou outros órgãos públicos que visem proteger o
consumidor são legitimados para impetrar ACP.

TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:

(…)

§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados


compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.

a) Termo de Ajustamento de Conduta – TAC

Muito embora o art. 841 do CC vede a transação de direitos individuais indisponíveis, bem
como o CPC limite a conciliação os direitos patrimoniais de caráter privado, é possível realizar
compromisso de ajustamento de conduta as exigências nos processos em que envolvam direitos
coletivos “lato sensu”, mesmo reconhecendo a indisponibilidade processual destes direitos.

b) natureza jurídica

A natureza jurídica do TAC é polêmica. A doutrina se divide em modalidade específica


de transação e negócio jurídico bilateral sui generis.
c) Órgãos Públicos

De acordo com a LACP qualquer dos órgãos públicos legitimados poderão celebrar TAC.

ATENÇÃO! Não obstante o entendimento até então dominante fosse pela impossibilidade de
pessoas jurídicas de direito privado celebrarem termos de ajustamento de conduta, o Plenário do
Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADPF 165/DF (Info 892), decidiu que “é possível a
celebração de acordo num processo de índole objetiva, como a ADPF, desde que fique
demonstrado que há no feito um conflito intersubjetivo subjacente (implícito), que comporta
solução por meio de autocomposição”. Segundo o Supremo, é viável o acordo no âmbito de
processo objetivo, onde existe notável conflito intersubjetivo, que comporta solução por meio de
acordo apresentado para homologação. Assim, ao homologá-lo, o STF não chancela nenhuma
interpretação peculiar dada à lei. Pelo contrário, não obstante o ajuste veicule diversas teses
jurídicas, a homologação não as alcança, nem as legitima, e abrange apenas as disposições
patrimoniais firmadas no âmbito de disponibilidade das partes. Portanto, a homologação apenas
soluciona um incidente processual, para dar maior efetividade à prestação jurisdicional. O Tribunal
assinalou, ainda, que a ausência de disposição normativa expressa no que concerne a associações
privadas não afasta a viabilidade do acordo. Isso porque a existência de previsão explícita
unicamente quanto aos entes públicos diz respeito ao fato de que somente podem fazer o que a lei
determina, ao passo que aos entes privados é dado fazer tudo que a lei não proíbe”.

d) Transação formal

Não se admite, assim, a transação substancial (ou material). Somente é possível a


transação formal, que não signifique qualquer renúncia ao direito coletivo em discussão.
Assim, poderão ser pactuadas a forma e o prazo de reparação do dano causado, mas nunca poderá
haver renúncia ao conteúdo do direito.

e) Inexistência de coisa julgada no TAC extrajudicial

O TAC na esfera extrajudicial não atinge os titulares da ação, os legitimados, e não impede
o ajuizamento de ACP (Resp 265.300/MG). Contudo, o magistrado tem a liberdade de, diante da
complexidade das matérias versadas, havendo TAC em execução (efetivamente cumprido),
entender, de forma motivada, pela extinção da ação em face da existência do TAC, por ausência do
interesse de agir, na modalidade necessidade.

ATUAÇÃO DO CIDADÃO E DOS JUÍZES

Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a


iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos
que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de
convicção.

Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem


conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da ação civil,
remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis.

INQUÉRITO CIVIL PÚBLICO

Art. 8º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades


competentes as certidões e informações que julgar necessárias, a serem
fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito


civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões,
informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá
ser inferior a 10 (dez) dias úteis.

§ 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada
certidão ou informação, hipótese em que a ação poderá ser proposta
desacompanhada daqueles documentos, cabendo ao juiz requisitá-los.

a) Inquérito Civil Público – ICP


Trata-se de procedimento administrativo, com natureza inquisitiva, por meio do qual são
buscados os elementos de convicção para ajuizamento da ação civil pública ou para formulação do
TAC.

É importante observar que a instauração do inquérito civil não é condição de


procedibilidade para fins de ajuizamento da ação civil pública, mas uma possibilidade do Ministério
Público investigar fatos e angariar provas para fins de ajuizamento ou não de uma ação civil
pública. O inquérito civil trata-se de procedimento investigatório privativo do Ministério Público,
conforme disposição constitucional (art. 129, inciso III, CF/88).

b) Contraditório

A doutrina, de modo geral, mitiga a aplicação do princípio do contraditório, no ICP,


notadamente por considerá-lo mero procedimento administrativo e não processo administrativo,
pois o seu objetivo não é aplicação de sanção ao investigado. O STJ entende que o contraditório e
ampla defesa não são imprescindíveis ao ICP, salvo se houver restrições de direitos e aplicações de
sanções de qualquer natureza (RMS 21.038/MG).

c) Valor probatório relativo

As provas colhidas no ICP têm valor probatório relativo, porque colhidas sem a
observância do contraditório, mas só devem ser afastadas quando há contraprova de hierarquia
superior, é dizer, produzida sob a vigilância do contraditório (Resp 849.841/MG).

RECUSA, RETARDAMENTO OU OMISSÃO DE DADOS TÉCNICOS INDISPENSÁVEIS


À PROPOSITURA DA AÇÃO CIVIL

Art. 10. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três)
anos, mais multa de 10 (dez) a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do
Tesouro Nacional - ORTN, a recusa, o retardamento ou a omissão de dados
técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando requisitados
pelo Ministério Público.
a) Norma especial em relação ao crime de desobediência

O tipo penal descrito no art. 10 é norma específica e, caso presente os requisitos subjetivos
e objetivos, deve ser aplicado em detrimento dele. Isso é relevante porque o crime do art. 10
(reclusão de 01 a 03 anos, mais multa) tem sanção mais severa que o crime de desobediência
(detenção, de 15 dias a 06 meses, e multa) (Resp 66.854/DF).

FUNDO

Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano


causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por
Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério
Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à
reconstituição dos bens lesados

§ 1º. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado


em estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária.

§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por


ato de discriminação étnica nos termos do disposto no art. 1º desta Lei, a
prestação em dinheiro reverterá diretamente ao fundo de que trata o caput e
será utilizada para ações de promoção da igualdade étnica, conforme
definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na
hipótese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade
Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou
local, respectivamente.

RECURSOS

Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar
dano irreparável à parte.
EFEITOS E LIMITES DA SENTENÇA

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer
legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se
de nova prova.

ATENÇÃO! O Supremo Tribunal Federal decidiu pela inconstitucionalidade do art. 16 da Lei


7347/85, na redação dada pela Lei nº 9.494/97, por considerar inconstitucional a delimitação dos
efeitos da sentença proferida em sede de ação civil pública aos limites da competência territorial de
seu órgão prolator, fixando a seguinte tese em sede de repercussão geral:

I - É inconstitucional o art. 16 da Lei nº 7.347/85, alterada pela Lei nº 9.494/97.

II - Em se tratando de ação civil pública de efeitos nacionais ou regionais, a competência deve


observar o art. 93, II, da Lei nº 8.078/90 (CDC).

III - Ajuizadas múltiplas ações civis públicas de âmbito nacional ou regional, firma-se a prevenção
do juízo que primeiro conheceu de uma delas, para o julgamento de todas as demandas conexas.

(STF. Plenário. RE 1101937/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 7/4/2021 (Repercussão
Geral – Tema 1075) - Info 1012).

a) Insuficiência de provas

Nessa hipótese, diante da improcedência do pedido por ausência ou insuficiência de


provas, é possível ajuizar novamente a ação, com a condição de que se apresentem novas
evidências.

Coisa julgada secundum eventum litis:

Sentença de procedência Produz coisa julgada material.

Sentença de improcedência Em face de robusto contexto probatório: - produz coisa


julgada material.

Em face da deficiência do contexto probatório: - não


faz coisa julgada material. Trata-se de coisa julgada
material secundum eventum probationis.

ATENÇÃO! Tratando-se de ação civil pública proposta em defesa de DIREITOS INDIVIDUAIS


HOMOGÊNEOS, nos casos de improcedência (seja por insuficiência de provas ou não), não é
possível a propositura de nova demanda com o mesmo objeto POR OUTRO LEGITIMADO
COLETIVO, ainda que em outro Estado da federação (REsp 1.302.596-SP, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 9/12/2015, DJe
1°/2/2016 - Informativo n. 575).

LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores


responsáveis pela propositura da ação serão SOLIDARIAMENTE
condenados em honorários advocatícios e ao DÉCUPLO das custas, sem
prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

DESPESAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas,
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem
condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários
de advogado, custas e despesas processuais.

Enquanto a litigância de má-fé do artigo anterior (Art. 17) enseja a condenação apenas em
honorários e no décuplo das custas, a condenação do art. 18 abrange os honorários de advogado e
demais despesas processuais. Não há, contudo, duplicidade de condenação, pois o litigante de má-fé
condenado pelo art. 17 da LACP nos honorários advocatícios e ao décuplo das custas, se for autor, e
perder a demanda, será também condenado nas custas judiciais e demais despesas processuais.

Referências Bibliográficas:

Curso de direito constitucional /André Ramos Tavares. – 16. ed. – São Paulo : Saraiva Educação,
2018.

Ação Civil Pública e Meio Ambiente / Marcelo Abelha Rodrigues - 4ª ed – São Paulo : Foco, 2021.
Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo Gustavo Gonet Branco. – 13. ed.
rev. e atual. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018.

Curso de direito constitucional / Ingo Wolfgang Sarlet, Luiz Guilherme Marinoni e Daniel
Mitidiero. – 7. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018.

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