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O art. 113, CDC, introduziu o §6º no art. 5º da Lei de Ação Civil Pública, trazendo o Compromisso de
Ajustamento de Conduta.
Cabe Compromisso de Ajustamento de Conduta em caso de existência de interesses coletivos latu
sensu, inclusive em relações consumeristas.
O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) é a materialização “no papel” da conclusão do Compromisso
de Ajustamento de Conduta, firmado mediante deliberação. Para o professor, na prática, são
sinônimos.
Sendo direitos transindividuais, não pode o MP abrir mão em razão de sua indisponibilidade. Nesse
sentido, o Compromisso de Ajustamento de Conduta, não se trata de uma mera transação civil
propriamente dita, conforme entende Hugo Mazilli, eis que não permite renúncias recíprocas, mas apenas
visa ajustar a conduta do causador do dano às exigências da Lei, podendo apenas discutir questões
de tempo, forma, etc, fixando obrigações de fazer ou não fazer.
Quem se obriga apenas é o causador do dano (não precisa assumir culpa!), que espera não ser proposta
uma Ação Civil Pública. A parte legitimada para a propositura do TAC não se obriga.
Nome decorrente do fato que, a priori, somente tinha legitimidade para a sua propositura o MP, o qual,
também, é o titular da Ação Penal Pública.
A Ação Civil Pública é regulamentada pela Lei 7347/85, bem como pelo Código de Defesa do Consumidor
quanto às regras do processo coletivo, independentemente da matéria.
Nos termos do art. 1º da Lei 7347/85, matérias a serem vinculadas na ACP: meio ambiente, consumidor,
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico → Até 1988 - rol era
taxativo.
Todavia, com o art. 129, III, CRFB/88, passou a ser previsto que o MP tem a função de ajuizar ACP para a
defesa de qualquer interesse coletivo. Assim, em 1990, o CDC reintroduziu o inciso IV ao artigo 1º
da Lei 7347/85, ampliando o rol, que deixa de ser taxativo: “IV - a qualquer outro interesse difuso ou
coletivo”.
Hoje, qualquer dos legitimados previstos em Lei pode ajuizar ACP para a defesa de qualquer interesse
coletivo, inclusive foram acrescentadas à lei outras matérias específicas → Exceções: matérias de
ordem tributária, previdenciária, FGTS, cujos beneficiários podem ser individualmente determinados (art.1º,
parágrafo único, Lei 7347/85).
I) MP: Estadual, Federal, da União ou do Trabalho (exceto MP Militar). O art. 127, CRFB/88, prevê que é
função institucional do MP a defesa dos interesses sociais. O art. 129, III, CRFB/88, elenca como legitimidade do
MP a propositura de Inquérito Civil e Ação Civil Pública. Interpreta-se, por esses artigos, que o MP defende
apenas direitos indisponíveis. O MP é obrigado a propor ACP apenas se estiverem presentes os requisitos para
propô-la, caso contrário não.
II) Administração direta: entes federados / pessoas políticas → possibilidade que o ajuizamento da ACP se dê
em outro lugar desde que haja pertinência com os interesses de seus administrados, por exemplo: o Município
de São Paulo somente pode ajuizar ACP relativa à Amazônia se for para a defesa dos interesses de seus
munícipes.
III) Administração indireta: sim, desde que haja pertinência temática com as finalidades institucionais da autarquia,
fundação pública, empresa pública ou sociedade de economia mista.
IV) Associações (+ sindicatos).: necessidade de pré-constituição há pelo menos 01 ano, porém, em situações
excepcionais a depender da natureza ou extensão do dano, esse prazo é dispensável, bem como de pertinência temática,
conforme os atos constitutivos da associação, não dependendo da confirmação de cada associado.
IV) Defensoria Pública: instituída em 2007, o art. 134, CRFB/88, prevê como sua função institucional principal
atender aos necessitados, operacionalizando a gratuidade de assistência judiciária. Assim, para a propositura de ACP,
deve estar diretamente relacionada à defesa dos necessitados (ex: vagas em creche).
Ação Declaratória.
Ação Constitutiva.
Ação Desconstitutiva
Competência:
Art. 2º, Lei 7347/85: absoluta, embora a Lei utilize o termo funcional.
Regra geral: local do dano ou, se preventiva, onde o dano pode ocorrer → âmbito local.
ART. 93, CDC.
No caso de danos de âmbito nacional ou regional → foro da Capital do Estado ou DF.
Lembrando que devem ser aplicadas as regras do CPC de fixação de competência, ou seja, ver se há
justiça especializada. Caso não haja e também não seja qualquer das hipóteses de competência da Justiça
Federal previstas no art. 109, CRFB/88, então aplica-se a Justiça Estadual (residual).
Competência territorial absoluta:
local do dano,
Conexão e litispendência:
Conexão: mesma causa de pedir ou mesmos pedidos.
Litispendência: mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmos pedidos.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
- Ajuizamento de ACP pelo MP para recuperação da qualidade de um rio poluído → interesse difuso, sem
pedido individual.
- Associação de pescadores ajuíza ACP → interesses individuais homogêneos / para reparações aos
pescadores.
- Ação individual de pescador para indenização pela cessação da pesca em razão da poluição do rio.
No caso, as ações são conexas, pois têm a mesma causa de pedir, qual seja a despoluição do rio,
porém não há litispendência entre elas, uma vez que os pedidos são diferentes, exceto para o pescador que se
já havia se habilitado na ação coletiva promovida pela associação de pescadores para a defesa de direitos
individuais homogêneos e, posteriormente, ajuíza ação individual com mesmo pedido.
No caso de 02 ações coletivas para a reparação do mesmo dano de poluição do rio (direito difuso), mas uma
ajuizada pelo MP e outra pelo Município, há sim litispendência, pois o titular do direito material é o
mesmo: a coletividade.
No caso de Ação Civil Pública e Ação Popular que incidem sobre o mesmo ato lesivo / ilegal, há litispendência,
ainda que os legitimados previstos em lei sejam diferentes, pois ambas visam tutelar direitos de TODA A
COLETIVIDADE.
Legitimados:
Litisconsórcio e assistência:
Possibilidade de litisconsórcio entre MPE e MPF, bem como entre dois ou mais co-legitimados
supracitados.
Para a defesa de interesses difusos, um legitimado individual não pode ingressar em litisconsórcio com o
MP. Exemplo: se o MP ajuizar uma ACP para a despoluição de um rio, o pescador não pode ser
litisconsorte, tampouco como assistente litisconsorcial. Todavia, como assistente simples o
pescador pode, pois tem interesse jurídico na procedência da demanda.
No caso interesses individuais homogêneos, o lesado individual pode entrar no processo como
assistente litisconsorcial.
Intervenção de Terceiros:
Possível chamamento ao processo.
Possibilidade de denunciação da lide → exceções: quando a responsabilidade for solidária
ou no caso de responsabilidade objetiva, que independe de aferição de culpa. Nas ações
ambientais, é incabível a denunciação da lide, eis que a responsabilidade é objetiva e solidária.
Amicus Curiae → nomeado pelo juiz para lhe ajudar na produção de informações técnicas conforme
a s ua pertinência temática.
Ônus da prova:
A regra geral do CPC é que cabe ao autor a prova de fato constitutivo de seu direito, e ao réu a
prova de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
A inversão do ônus da prova pode se dar de 02 formas: estática, quando prevista em Lei, ou
dinâmica, com a redistribuição do ônus da prova conforme praticados os atos no processo, o que se dá, de
acordo com Theodoro Júnior, conforme a facilidade ou dificuldade relativa na produção de determinada
prova.
Art. 6º, VIII, CDC → direito básico do consumidor: “a facilitação da defesa de seus direitos,
inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,
for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências” → Trata-se de hipótese de inversão do ônus da prova ope judicis, isto é, decidida pelo
juiz caso a caso conforme os critérios de verossimilhança da alegação ou a hipossuficiência do
consumidor, este último conceito de ordem processual, diferentemente da vulnerabilidade, que é um
conceito de direito material: todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente.
No caso de inversão do ônus da prova por obra da lei, denomina-se ope legis → Exemplo:
publicidade (art.38, CDC)
Quanto ao momento de inversão do ônus da prova, existem 02 vertentes: pela regra de julgamento, o ônus
da prova se inverte na sentença, analisando-se a quem competia comprovar o que conforma incumbência da
prova; pela regra de procedimento, a inversão do ônus da prova se dá na fase de saneamento
(entendimento do CPC/15).
A inversão deve ser especificada por aquele que a requer.
Desistência da ACP:
Se qualquer legitimado, infundadamente, desistir ou abandonar a ACP, o MP deve assumir a
recondução da ACP quando ninguém mais assumi-la. Por outro lado, aos demais co-legitimados, reassumir a
condução da ação não é dever, mas faculdade.
Se o juiz discordar da desistência da ACP, inclusive pelo próprio MP, parte doutrina entende que cabe ao
juiz apenas homologar a desistência, sem questionar (na teoria!).
Liminares:
Cabíveis nos casos em que não é possível esperar até o final do processo sob pena de perecimento
do direito,
seguindo os critérios de “fumus boni iuris” e “periculum in mora”.
Possibilidade de justificação prévia de provas só para a liminar antes de concedê-la.
Em se tratando de Pessoa Jurídica de Direito Público, o art.2º da Lei 8437/92 deixa de prever a
concessão de
liminar “inaudita altera parte”, concedendo vista à referida pessoa jurídica em até 72 horas.
Casos em que a Lei proíbe a concessão de liminares:
Compensação de créditos tributários ou previdenciários (art.2º, §5º, Lei 8437/92).
Reclassificação ou equiparação de servidores públicos, concessão de aumento ou a extensão de
Art. 7º, vantagens ou pagamento de qualquer natureza.
§2º, Lei Entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior → Entretanto, se não der para
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esperar (ex: remédios, alimentos), o juiz pode sim conceder a liminar pelo Princípio da
Inafastabilidade da Jurisdição previsto no art. 5º, XXXV, CRFB/88.
Fundo:
O valor da condenação e de eventuais multas em sede de Ação Civil Pública não vão para o
MP, Defensoria Pública, entre outros legitimados, eis que atuam como substitutos processuais.
Existem 02 fundos: o fundo federal, aplicável em caso de questões que tramitam na Justiça Federal, e o
fundo estadual para questões da Justiça Estadual.
Recursos:
Possibilidade de interposição de agravo de instrumento das decisões interlocutórias e de apelação em
caso de sentença. → Sujeição ao segundo grau de jurisdição.
Regra geral: sem efeito suspensivo. Excepcionalmente, pode o juiz, em caso de possibilidade de dano
irreparável, concedê-lo.
Execução / Cumprimento:
Decorridos 60 dias do trânsito em julgado da sentença condenatória sem que o legitimado autor
promova a execução, outro co-legitimado pode promovê-la, ou, até mesmo, o próprio legitimado
autor, ainda que fora do prazo supracitado, atuando o MP como “custus legis’’. Por outro lado, se
ninguém ingressar com a referida execução, é dever do MP promovê-la.
Pode incidir multa diária em caso do não cumprimento voluntário da condenação no prazo legal.
Iniciado o cumprimento de sentença, cessa a referida multa relativa ao não cumprimento espontâneo
da condenação, podendo vir a incidir outra multa em sede de cumprimento de sentença quanto aos
seus atos executórios.
Se, por exemplo, há uma Ação Civil Pública promovida pelo MP para a defesa de interesses
difusos como a despoluição de um rio e, ao mesmo tempo, há uma ação individual de um pescador
prejudicado pela poluição do mesmo rio para sua indenização, não há litispendência (art.104, CDC –
primeira parte), pois os pedidos são diferentes, embora a causa de pedir seja a mesma (poluição do
rio). Entretanto, no caso de procedência dessa mesma Ação Civil Pública promovida pelo MP, por
exemplo, pode o pescador iniciar o cumprimento de sentença, pois o art. 103, §3º, CDC, o autoriza,
classificando a doutrina tal cumprimento de sentença como “sui generis”, porém deve o pescador
comprovar a sua condição, o dano que lhe foi causado, etc (não precisa provar o que já está provado
na ACP – dano coletivo, origem, etc).
No caso de Ação Civil Pública promovida para a defesa de direitos coletivos “strictu sensu” ou individuais
homogêneos, deve ser dada ciência àqueles que têm ações individuais e, se esses requererem a suspensão no
prazo
de 30 dias a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva, beneficiam-se do resultado coletivo
(art. 104, CDC).
Ao julgar improcedente uma Ação Civil Pública, o juiz deve justificar sua decisão, demonstrando os
motivos que levaram à improcedência:
a) Se por falta de provas, não pode ser reproposta a ação com as mesmas provas, eis que há formação
de coisa julgada material. Porém, em caso de outras provas, há de se falar em coisa julgada
formal, podendo ser reproposta a ação.
b) Se não for por falta de provas, há a formação de coisa julgada formal + material.
Lei 9494/97 → mudou o art.16 da Lei de Ação Civil Pública, restringindo o alcance dos efeitos da
condenação à competência territorial do juiz → Problemática: confusão de efeitos da condenação
com competência territorial do juiz → Na prática, hoje, o STJ entende que tal limitação somente
se dá quando é possível se restringir apenas a um determinado território, caso contrário não
aplicável.
Ônus da sucumbência:
Se o autor legitimado perder, somente arcará com o ônus da sucumbência se comprovada má-fé, além de
multa de 10 vezes o valor das custas.
Se o réu perder, arca com o ônus da sucumbência.