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PROCESSUAL COLETIVO)
TUTELA COLETIVA
1. Ações coletivas
As ações coletivas têm por objeto alguma providência. É preciso salientar que usaremos
o termo providência com a acepção de causa de pedir. Verifica-se, assim, a natureza
do direito tutelado pela ação coletiva.
Nos termos do art. 3º da Lei nº 7.347/1985 – Lei de Ação Civil Pública (LACP), pode-se
pedir providência para o pagamento em dinheiro ou cumprimento de uma obrigação de
fazer ou não fazer. Inclusive, no Código de Defesa do Consumidor (CDC) admite-se a
figura do pedido genérico na ação coletiva, cujo valor da indenização será objeto de
liquidação. Logo, o leque de providências no âmbito de uma ação coletiva é amplo.
LXXIII − qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência (Grifos nossos.).
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser
exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
(Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995.)
III – as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem
personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos
protegidos por este código;
§ 1º O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas ações previstas
nos arts. 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela
dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.
(...)
Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82 poderão propor, em nome próprio e no
interesse das vítimas ou seus sucessores, ação civil coletiva de responsabilidade pelos
danos individualmente sofridos, de acordo com o disposto nos artigos seguintes.
(Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995.)
Art. 92. O Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará sempre como fiscal da lei.
(...)
Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os
interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla
divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos órgãos de defesa do
consumidor.
Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e
seus sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que
trata o art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em
sentença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras execuções. (Redação
dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995.)
Atenção!
Ação coletiva inibitória é aquela que pretende obter uma tutela jurisdicional preventiva,
ou seja, visa evitar a prática do ato lesivo. Ao contrário da ação de ressarcimento, que
objetiva recompor um dano já causado, o pedido inibitório destina-se a inibir a
efetivação ou a continuação do ilícito.
Atenção!
CDC, art. 102. Os legitimados a agir na forma deste código poderão propor ação
visando compelir o Poder Público competente a proibir, em todo o território
nacional, a produção, divulgação distribuição ou venda, ou a determinar a
alteração na composição, estrutura, fórmula ou acondicionamento de produto, cujo uso
ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso à saúde pública e à incolumidade
pessoal. (Grifos nossos.)
Nesse caso, a ação coletiva objetiva prevenir a ocorrência de eventos danosos aos
consumidores.
Atenção!
A ação civil pública também admite tanto a tutela preventiva (inibitória ou de remoção
do ilícito) como a tutela repressiva. Assim, conforme previsto na LACP:
Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não
fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação
da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária,
se esta for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.
a) tutela inibitória: quando o ato lesivo ainda não foi praticado, e tem o objetivo de
evitar que o ato lesivo seja praticado;
b) tutela de remoção do ilícito: quando o ato lesivo já foi praticado; e tem o objetivo
de remover/afastar o ato danoso.
Há alguns anos, havia o entendimento de que a tutela da ação popular não podia ser
preventiva, mas somente reparatória. Hoje, entende-se que a ação popular também se
presta à tutela preventiva. Fernando Fonseca Gajardoni explica que
Por fim, vale mencionar que a tutela inibitória pode ser positiva ou negativa, isto é,
pode consistir em uma obrigação de fazer ou de não fazer.
LACP, art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Redação
dada pela Lei nº 11.448, de 2007).
O CDC também elenca os legitimados coletivos para atuar na defesa dos interesses e
direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores:
Assim, os legitimados coletivos atuam no polo ativo da ação coletiva, com o intuito de
proteger os direitos e interesses dos indivíduos ou grupos de indivíduos substituídos.
É certo que não há previsão legal expressa sobre essa questão, seja para
autorizar, seja para vedar a ação coletiva passiva.
Há doutrinadores que vislumbram autorização para a ação coletiva passiva no art. 5º, §
2º, da LACP, que faculta ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos
desse artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes:
Além disso, a corrente que defende a possibilidade de ação coletiva passiva argumenta
também o fundamento genérico constante no art. 83 do CDC, bem como no art. 18 do
CDC, art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são
admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva
tutela.
CPC, art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando
autorizado pelo ordenamento jurídico.
Por outro lado, Hugo Nigro Mazzili, Humberto Theodoro Jr. e Leonardo de Medeiros
Garcia sustentam que a substituição processual pelos legitimados coletivos somente
pode ocorrer no polo ativo. Segundo essa parcela da doutrina, a atuação do substituto
processual visa somente beneficiar os sujeitos substituídos, não sendo cabível a
colocação dos legitimados coletivos no polo passivo, nem mesmo por meio de
reconvenção.
Aqueles que entendem ser impossível que os legitimados coletivos figurem no polo
passivo da demanda argumentam a ausência de regulamentação legal para isso e,
ainda, a ofensa ao contraditório, considerando a falta de defesa direta das pessoas
representadas.
Atenção!
Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento
de obrigação de fazer ou não fazer.
Art. 4º Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive,
evitar dano ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e
à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
Assim, quando o art. 4º da LACP fala que poderá ser ajuizada ação cautelar
objetivando, inclusive, evitar o dano; na verdade, está se referindo a uma verdadeira
antecipação de tutela em ação principal, e não propriamente a uma ação cautelar.
Limitações: por fim, ressalte-se que a Lei nº 8.437/1992 proíbe que o juiz conceda
liminares contra atos do poder público em diversos tipos de ações. A estipulação é de
constitucionalidade duvidosa e, além disso, não se aplica às ações cautelares, sendo
que somente as medidas liminares não poderão ser concedidas. A medida cautelar ao
fim do processo cautelar, sim.
Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há mais de cinco anos e
cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos e
cinquenta metros quadrados por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos
coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel
urbano ou rural. (Redação dada pela lei nº 13.465, de 2017.)
§ 1º O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar
sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.
§ 2º A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante
sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis.
II – núcleo urbano informal: aquele clandestino, irregular ou no qual não foi possível
realizar, por qualquer modo, a titulação de seus ocupantes, ainda que atendida a
legislação vigente à época de sua implantação ou regularização;
Lei nº 10.257/2001, art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de
usucapião especial urbana:
Atenção!