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QUESTIONÁRIO NÃO OFICIAL

TUTELAS COLETIVAS (CONSUMIDOR E MEIO AMBIENTE)


Prof. Rafael Maltez

1. O que define o art. 81, parágrafo único do CDC?

Em seu caput, define-se a defesa dos interesses e direitos dos


consumidores e vítimas, que poderá ser exercida em juízo seja de forma
individual ou coletivo.

Parágrafo único estabelece que a defesa da coletividade se dará:

I – interesses ou direitos difusos (lato sensu): transindividuais,


indivisível e indeterminados; não há vínculo jurídico ou fático; ex.:
meio ambiente e a propaganda enganosa;
II – interesses ou direitos coletivos (stricto sensu): transindividuais,
indivisível, porém determinados por identificação de grupos,
categoria ou classe; decorrem de uma relação jurídica como base;
ex.: plano de saúde;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos: origem comum, ou seja,
da mesma situação fática ou jurídica, são divisíveis, ex.: pescador;

2) Qual a diferença entre interesse público e privado? Exemplifique.

O interesse público pode ser primário (a sociedade) ou secundário, sendo


que este último tem o Estado como legitimado, é sob o ponto de vista
da administração e nem sempre há interesse daquele de forma
coincidente daquele que detém o poder versus aquele que é público,
por exemplo, a liberação do agrotóxico.

Já o interesse privado é primário, tem o particular, como legitimado e


tem como espécie o interesse social. Ex.: previdência privada.

3) Explique o art. 225 da CF. E seu § 3º.

Trata-se de direito autônomo que dita sobre o Meio Ambiente em que a


doutrina divide em 3 partes, quais sejam: caput, que é norma matriz
(“Todos tem..”), os instrumentos de garantia da efetividade e a
determinação dos particulares de tal forma que o caput trata de direito
difuso, de 3ª dimensão, portanto direito fundamental; o §1º, dos incisos
I ao VII, os instrumentos de garantia da efetividade e dos §§ 2º ao 6º, a
determinação dos particulares.

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4) Explique a tríplice responsabilidade.

A tríplice responsabilidade em matéria ambiental referem-se ao âmbito


penal (subjetiva), administrativo (subjetiva) e civil (objetiva) sem a incidência
de bis in idem, tanto contra a pessoa física quanto a jurídica. Está
fundamentado no art. 225, §3º da CF/88.

No Direito Ambiental a responsabilidade é subjetiva.

5) O que é o SISNAMA? E sua estrutura. Fundamente.

Trata-se do Sistema Nacional do Meio Ambiente, ou seja, o conjunto de


órgãos da administração pública responsável pela preservação,
manutenção e implantação ambiental em todas as esferas, sejam
federais, estaduais ou municipais.

Tem como estrutura o Conselho de Governo, o CONAMA, o Ministério


do Meio Ambiente, o IBAMA, além dos órgãos seccionais e locais;

Está fundamentado em Lei especial 6.938/81 (art. 6º).

6) Quais são os instrumentos da Política Ambiental? Explique


brevemente.

São os instrumentos da Política Ambiental, fundamentados no art. 9º: as


ETEPs (Espaços Territoriais Especialmente Protegidos) que referem-se aos
biomas, que podem ser criados por lei ou decreto, porém irrevogáveis; o
Licenciamento Ambiental, procedimento, ato administrativo que concede
autorização para uso e exploração; a AIA (Avaliação de Impacto Ambiental)
gênero de estudo técnico que desenvolve o EIA (Estudo de Impacto
Ambiental) espécie de estudo técnico mais aprofundado aplicado quando
houver significativo impacto ambiental, mas que seu resultado não
vincula a execução da obra; e o RIMA (Relatório de Impacto Ambiental)
resumo do EIA, em linguagem acessível.

7) Quais são os atributos da tutela administrativa?

São os atributos da tutela administrativa: a autoexecutoriedade, ou


seja, não se necessita da interferência do Estado para o início da execução
da punibilidade uma vez que a administração pública auto executa seus
atos e a coercibilidade que refere a não necessidade de concordância do
infrator ou do Estado para que se aplique.
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O artigo 56 do CDC traz os blocos de sanções administrativas, quais
sejam: pecuniárias, produto, estabelecimento e contrapropaganda.

8) Quais as categorias de publicidade? O que é a publicidade enganosa e


abusiva? Fundamente.

A publicidade está fundamentada no artigo 36 do CDC e tem como


categorias a enganosa, a abusiva e a contrapropaganda. Publicidade é a
comunicação em massa que visa a promoção do produto ou serviço.

A publicidade enganosa é aquela comunicação que induz o consumidor a


erro, seja por conteúdo inteiro ou parcialmente falso. Está fundamentado
no art. 37,
§1º do CDC.

A publicidade abusiva está fundamentada no artigo 37, §2º do CDC e


não se relaciona com o produto em si, mas sim com as informações que
violem valores, que prejudiquem grupos específicos, expressem
preconceitos, incitam à violência, o medo ou a superstição, etc.

9) Explique brevemente a contrapropaganda.

A contrapropaganda é sanção administrativa prevista no art. 56, XII do


CDC. É imposta a veiculação de nova mensagem publicitária retificadora,
nos mesmos moldes da originária, para fins de minimizar a propaganda
enganosa ou abusiva (art. 60, CDC) anteriormente veiculada.

10. Explique o sinteticamente o Inquérito Civil (o que é, quais as fases e formas).

É procedimento investigatório, porém dispensável, a cargo do


Ministério Público, função institucional abarcado pelo art. 129, III, CF/88 e
regido pela Lei 7.347/85, art. 8º, § 1º, que visa a obtenção de um
mínimo de indícios de materialidade e autoria (se houver) que autorizem
a propositura da Ação Civil Pública ou ainda o Termo de Ajustamento de
Conduta que evita a ACP mediante homologação (ou não) pelo Conselho
Superior.

Procedimento público, inquisitivo, mas, a depender do caso concreto, que


pode ter decretado o sigilo das investigações.

Tem como fases a instauração, a instrução e conclusão.

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Tem como formas a via da Representação, mediante reclamação que pode
ser verbal e posteriormente reduzida a termo e se não houver elementos
mínimos há indeferimento da instauração. Ainda, de Ofício pelo
Promotor e por Designação de Órgão Superior (ex.: Procurador Geral).

11. Quais os fundamentos da Ação Popular? Quem são os legitimados?

Está fundamentada pela Lei 4.717/1965, abarcada pela CF/88 em seu art.
5º, LXXIII como garantia fundamental objetiva desconstituir, anular,
desfazer, ato lesivo a patrimônio público, a moralidade administrativa, o
meio ambiente e o patrimônio histórico-cultural cabendo ressarcimento
das perdas e danos.

Tem como legitimado ativo o cidadão (art. 1º), ou seja, aquele que
está no exercício dos seus direitos políticos tendo o título de eleitor o
meio de prova (§3º), que pode haver litisconsortes mas que não pode
ampliar o objeto.

O legitimado passivo, sempre que possível, terá 3 sujeitos, quais sejam: a


pessoa jurídica responsável pelo ato lesivo, o agente que participou
do ato lesivo (autoridade/funcionário) e o beneficiário do ato, ou seja, há
o litisconsórcio necessário e simples.

12. Qual o procedimento consequente da Ação Popular?

Tem como procedimento consequente a sentença (erga omnes e se


improcedente forma coisa julgada material), a execução (obrigatória, seja pelo
próprio autor ou MP), mas pode haver a desistência (por parte do
autor).

13.Quais os fundamentos da Ação Civil Pública? Conceitue.

A Ação Civil Pública tem como fundamento abarcado pelo art. 129, III,
CF/88 e regido pela Lei Especial 7.347/85, que em seu art. 1º
determina ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais
causados ao meio ambiente (I), consumidor (II), a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, ... (III), a qualquer outro interesse difuso ou
coletivo (IV), entre outros, mas que, conforme o parágrafo único, não
contemplará questões tributárias, contribuições previdenciárias ou
FGTS. Tendo como objeto (art. 3º) a condenação em dinheiro ou o
cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer.

É ação não penal, proposta pelos legitimados art. 5 que visa proteção de
direitos e interesses difusos e coletivos.
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14.Quais os interesses da Ação Civil Pública?

A ação civil pública visa a proteção de direitos e interesses difusos e


coletivos (art. 1º, IV e art. 21), além de outros, como entende certa
parcela doutrinária. Outra corrente entende que a ação coletiva é
gênero e todas as demais são espécie (ação popular, mandado de
segurança coletivo, entre outros). Objetiva a reparação de danos
patrimoniais, materiais ou morais.

15. Explique a questão da competência na Ação Civil Pública.

O art. 2º da Lei 7.347 (ACP) determina que as ações serão propostas


no foro do local onde ocorrer o dano, cujo o juízo terá competência
funcional para processar e julgar a causa. Entende-se por competência
funcional a competência absoluta ou funcional absoluta porque na verdade
está baseada no território.

Em regra a competência é da justiça estadual, portanto residual (vide art.


109, CF/88).

Para o CDC, considerar o art. 93, I e II, que dita a competência o local
do foro onde ocorreu ou deva ocorrer o dano (I) e no foro da Capital
do Estado (II).

16.Explique a conexão na ACP.

Na conexão pode, não necessariamente, haver as mesmas partes, mas


sim o mesmo pedido e a mesma causa de pedir. Quando se refere a ação
coletiva, pode haver a conexão entre as ações, sendo que na ação
individual o pedido pode ser o mesmo e a causa de pedir é o dano
próximo ou remoto.

17. Pode haver litispendência entre ações civis públicas? E entre ação
popular e ação civil pública?

O art. 104 do CDC explica que nas ações coletivas previstas no art. 81, I
e II (difusos e coletivos), não induzem litispendência para as ações
individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes
não beneficiarão os autores das ações individuais, que deverá requerer a
suspensão de sua ação para se beneficiar da coletiva.

Porém, entre ações coletivas pode haver litispendência sim, porque o


autor desse tipo de ação funciona como substituto processual, pois a
coletividade é o verdadeiro interessado, titular, nessas ações.
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E, entre a ação popular e a ação civil pública também por conta da
representação da coletividade, apesar da ação popular representar o
cidadão.

18.Quem são os legitimados para a ACP?

Os legitimados ativos para propositura da ACP são todos aqueles listados


no rol dos arts. 5º da Lei 7.347 (ACP), ou seja, o MP, a Defensoria
Pública, a União, Estados, o DF e os Municípios, além das autarquias,
associações, e art. 82 do CDC, quais sejam, o MP, a União, os Estados,
DF e Municípios, as entidades e órgãos da administração pública e as
associações.

19. Explique a natureza da legitimação na ACP.

Em direitos coletivos e difusos trata-se de natureza jurídica


puramente processual, ordinária (em nome próprio e direito próprio)
e autônoma (desvinculação do direito material), pois o titular do direito
não pode entrar com a ação, sendo o titular a coletividade.

Em direitos homogêneos trata-se de legitimação extraordinária (nome


próprio e direito alheio), ou seja, o legitimado pode entrar com a ação e
não autônoma, está vinculado com o direito material.

20. Explique o MS em ACP.

Visa corrigir ato lesivo da autoridade para proteção de direito líquido e


certo. Oficia-se ao MP em todas as petições, com exceção daqueles que
defendem os direitos disponíveis daqueles interesses individuais
homogêneos, mesmo que a lei assim determine. É o entendimento do
MP (SP).

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