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Um mesmo fato pode dar origem a interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.
● Princípios constitucionais
A-) Dignidade da pessoa humana – a tutela processual coletiva é instrumento pelo qual se
busca a garantia da dignidade da pessoa humana.
B-) Igualdade substancial – através da tutela coletiva de direitos, as partes são colocadas em
estado de igualdade.
● Princípios específicos
A-) Princípio do acesso à justiça coletiva (art. 5º, XXXV e art. 129, III da CF) – nenhum
interesse pode ser afastado da apreciação do Judiciário. Nesse sentido, o art. 1º, parágrafo
único, da Lei nº. 7.347/85 é inconstitucional (apesar de tal inconstitucionalidade não ser
declarada pelos Tribunais, em virtude do caráter político de tal limitação).
“Art. 5° [...]
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;”
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“Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
[...]
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e
social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;”
“Art. 1º [...]
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam
tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros
fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados.”
B-) Princípio da primazia ou prioridade da tutela coletiva – a tutela coletiva tem preferência
à individual. O art. 104 do CDC caracteriza desdobramento desse princípio.
“Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não induzem
litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a
que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações individuais, se
não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento
da ação coletiva.”
C-) Princípio da participação (art. 5º, V, da Lei nº. 7.347/85 e art. 94 do CDC) – a
participação da sociedade é fundamental. A coletividade pode ser organizar em associações
que poderão promover ação civil pública
“Art. 5º. Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à
ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico.”
“Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os interessados possam
intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de
comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.”
D-) Princípio do ativismo judicial – em matéria coletiva, exige-se cada vez mais um juiz
ativo, concedendo tutelas específicas ou tomando medidas que assegurem o resultado prático
da demanda, ao interesse da coletividade (art. 84, caput e §5º, do CDC1).
“Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz
concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado
prático equivalente ao do adimplemento.
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Conteúdo copiado pelo art. 461 do CPC.
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[...]
§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz
determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas,
desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial.”
“Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
[...]
IV – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;”
F-) Princípio da máxima amplitude da tutela coletiva (art. 83 do CDC) – a tutela coletiva
pode ser desenvolvida por meio de qualquer ação.
“Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis todas as
espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.”
G-) Princípio do máximo benefício – a tutela coletiva tem como objetivo preservar os
interesses da coletividade, sem nunca preservar os interesses individuais.
● Instrumentos
Na sua origem, a ação civil pública era a ação à disposição do Ministério Público no âmbito
civil.
Foi criada pela Lei nº. 7.347/85, com o objetivo de tutelar direitos difusos e coletivos
(momento em que ainda não havia a previsão de direitos individuais homogêneos). Apenas
com a edição do Código de Defesa do Consumidor é que houve previsão dos direitos
individuais homogêneos, tuteláveis pela via da ação coletiva.
No entanto, tal situação ainda acarretaria o seguinte problema: o que fazer em relação às
ações que tratassem das 03 espécies de direito? A solução veio com o art. 21 da Lei da Ação
Civil Pública, que remete ao art. 81 do CDC. No mesmo sentido, o art. 90 do CDC, por sua
vez, remete à Lei da Ação Civil Pública.
Assim, a Lei nº. 7.347/85 e o Código de Defesa do Consumidor (a partir do art. 81) formaram
um sistema processual coletivo, cujo principal instrumento é a ação civil pública.
“Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for
cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor.”
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“Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste título as normas do Código de Processo Civil e da Lei n°
7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo que não contrariar
suas disposições.”