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Esquema de apoio às aulas Teórico-Práticas de Direito Administrativo (Pós-Laboral- Ano Letivo 2022/2023) - N.º 4
O Procedimento pode ser iniciado, por ato público de iniciativa (53.º CPA): O procedimento é iniciado a pedido do interessado (53.º CPA), mediante a
-- pelo próprio órgão com competência decisória (autoiniciativa) apresentação de proposta ou requerimento inicial, seguindo este as regras
-- ou por um órgão administrativo, mas que não é aquele competente para a dos artigos 102.º a 109.º CPA.
tomada da decisão final (heteroiniciativa). Considera-se “interessado no procedimento” quem nele se constitua como
Em qualquer dos casos, o início do procedimento tal.
é notificado aos interessados (artigo 110.º, n.º1 Sobre a Legitimidade Procedimental: vd. artigos 68.º + 65.º CPA
CPA). ⎯ Legitimidade Procedimental para a defesa de interesses
Prazo geral: 10 dias (86.º, n.º1 CPA). individualizados. Representação procedimental feita:
Sobre a forma da notificação, vd. art. 112.º CPA. (i) pelos respetivos titulares (68.º, n.º1, 1.ª parte CPA)
(ii) por associações, desde que os interesses pertençam aos seus
Elementos da Notificação (110.º, n.º3 CPA) associados e caibam no âmbito dos respetivos fins da associação. Trata-se
✓ Entidade que instaura o procedimento (ou o facto que lhe deu de uma defesa coletiva dos interesses jurídicos individualizados – 68.º,
origem); n.º1, in fine CPA.
✓ Órgão responsável pela direção do procedimento;
✓ Data de início do procedimento; ⎯ Legitimidade Procedimental para a defesa de interesses
✓ Serviço por onde corre o procedimento e respetivo objeto; coletivos. Representação coletiva para a defesa de interesses da própria
coletividade - isto é, defesa da coletividade pela coletividade ( 68.º, n.º1
CPA).
Dispensa de notificação aos interessados – 110.º, n.º 2 CPA.
Sobre o requerimento:
Em regra, requerimento escrito;
Sobre o tipo, cor e formato do papel, vd. artigos 17.º e 24.º do DL
135/99, de 22 de abril (na versão redação atual);
Formas de apresentação: 104.º CPA
✓ Entrega nos serviços (data da apresentação = data da entrega)
✓ Remessa por correio, sob registo ( data da apresentação = data da
efetivação do registo postal)
✓ Envio através de telefax ou transmissão eletrónica de dados
(data da apresentação = data do termo da expedição).
✓ Envio por transmissão eletrónica de dados (data da
apresentação = data da expedição);
✓ Excecionalmente, de forma verbal (vd. 104.º, n.º1, alínea e)
+ n.º6)
ATENÇÃO:
⎯ NÃO CONFUNDIR ESTA DELEGAÇÃO COM A DELEGAÇÃO DA COMPETÊNCIA DECISÓRIA (Ex. Reitor da UM delega no Vice-Reitor a competência para a
concessão de bolsas de estudo, isto é, o ato decisório).
⎯ NÃO CONFUNDIR TAMBÉM COM A POSSIBILIDADE DE O RESPONSÁVEL PELA DIREÇÃO DO PROCEDIMENTO, POR SEU TURNO, ENCARREGAR UM
SEU INFERIOR HIERÁRQUICO PARA A REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIAS INSTRUTÓRIAS ESPECÍFICAS (55.º, N.º3)
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Assistente da Escola de Direito da Universidade do Minho
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Princípios e deveres a que o responsável pelo procedimento está vinculado: artigos 5.º; 12.º; 56.º; 58.º; 59.º; 60.º, n.º1; 115.º; 121.º; 122.º; 123.º;
124.º CPA.
EXCEÇÕES A ESSA DELEGAÇÃO (55.º, n.º2, 2.ª parte CPA): por disposição legal, regulamentar ou estatutária em contrário ou quando a isso
obviarem as condições de serviço ou outras razões ponderosas, invocadas fundamentadamente no procedimento concreto ou em diretiva interna
respeitante a certos procedimentos.
A identidade do responsável pela direção do procedimento é notificada aos interessados e comunicada a quaisquer pessoas que, demonstrando
interesse legítimo, requeiram essa informação (55.º, n.º 5 CPA).
Subfase da INSTRUÇÃO – recolha e tratamento dos dados necessários para a tomada da decisão
(art. 115.º a 120.º CPA)
Princípios e deveres a observar:
✓ Princípio da legalidade (3.º CPA);
✓ Princípio do inquisitório (58.º e 115.º CPA);
✓ Cooperação e boa-fé procedimental (60.º CPA) – abstenção de requerer diligências inúteis e de recorrer a expedientes dilatórios (n.º2).
✓ Utilização preferencial dos meios eletrónicos (14.º e 61.º CPA).
Diligências Probatórias – apreensão e compreensão da realidade por Diligências Consultivas - apreciações de carácter jurídico ou
intermédio de conhecimentos especializados relativas à conveniência administrativa ou técnica, emitidas por
(exemplos: prestação de informações; junção e apresentação de órgão consultivo, a propósito de um ato em preparação ou de
documentos e coisas; sujeição a inspeções; produção antecipada de realização eventual
prova; realização de exames e vistorias; avaliações por peritos)
MEDIDAS PROVISÓRIAS
(desde que exista um procedimento em curso e uma relação de instrumentalidade com a decisão final)
Podem ser adotadas em qualquer fase do procedimento (mas com maior probabilidade na subfase da instrução), seja oficiosamente seja a requerimento
dos interessados , nos termos do artigo 89.º, n.º1 CPA. A adoção de medida provisória, não carece de audiência prévia, mas deve ser fundamentada e
deve a medida fixar o prazo para a sua vigência (n.ºs 2 e 3).
O ato administrativo que ordene medidas provisórias pode ser impugnado judicialmente (n.º4).
Sobre a caducidade das medidas provisórias – vd. art. 90.º CPA.
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Subfase da AUDIÊNCIA DOS INTERESSADOS (art. 267.º, n.º 5 CRP + 121.º CPA) – efetivação da participação dos interessados na formação
da decisão administrativa
Tem de ser assegurada pela Administração antes da tomada da decisão final, só assim estando assegurada a possibilidade de a decisão final ser influenciada
pela manifestação de vontade dos interessados (121.º, n.º 1 CPA); a sua realização não suspende a contagem de prazos em todos os procedimentos
administrativos (cfr. a nova redação do 121.º, n.º5 CPA). O órgão competente apenas pode realizar uma única audiência prévia, na qual deve incluir
toda a matéria de facto e de direito que sustenta o sentido provável da decisão, mas tal não prejudica a realização de audiência prévia adicional
em virtude de ocorrência de factos supervenientes que alterem o sentido da decisão (121.º, n.º3 e 4 CPA).
REGRA GERAL QUANTO À OBRIGATORIEDADE DE AUDIÊNCIA PRÉVIA: sempre que a decisão da Administração Pública seja em
sentido desfavorável aos interessados (121.º, n.º1 e 124.º, n.º1, al. f) CPA a contrario).
REGRA GERAL QUANTO AO MOMENTO DA SUA REALIZAÇÃO: no termo da instrução, salvo se o responsável pelo procedimento
tiver promovido diligências complementares (125.º CPA).
FORMA DA AUDIÊNCIA DOS INTERESSADOS: escrita ou oral, devendo o responsável pelo procedimento notificar o interessado da sua
opção, em prazo não inferior a 10 dias (122.º, n.º1 CPA). Esta notificação fornece o projeto de decisão e demais elementos necessários para que
os interessados possam conhecer todos os aspetos relevantes para a decisão, em matéria de facto e de direito, indicando também as horas e o local
onde o processo pode ser consultado (122.º, n.º2 CPA). Sendo audiência oral, pode realizar-se presencialmente ou por teleconferência (123.º, n.º1
CPA). Em qualquer dos casos, a audiência é registada em ata, da qual deve constar o extrato das alegações feitas pelo interessado, podendo este
também juntar alegações escritas (123.º, n.º4 CPA).
SITUAÇÕES DE DISPENSA DA AUDIÊNCIA DOS INTERESSADOS: circunstâncias taxativamente enumeradas no artigo 124.º, n.º1 CPA.
Da decisão final deve constar a indicação das razões da não realização da audiência, isto é, a dispensa deve ser devidamente fundamentada (124º,
n.º2 CPA).
➢ N.B. Havendo dispensa da audiência por motivo de elevado número de interessados, pode haver lugar a Consulta Pública (124.º, n.º1, al.
d) + 101.º CPA) – consulta pública como sucedânea de uma inviável audiência dos interessados.
➢ N.B. Não confundir a urgência da decisão (causa para dispensa de audiência dos interessados) com a urgência que possa ser manifestada
pelo interessado no requerimento inicial.
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Por isso, a OMISSÃO LEGALMENTE DEVIDA DA AUDIÊNCIA DOS INTERESSADOS gera um VÍCIO que inquina o ato final do
procedimento, por preterição de uma formalidade.
QUE CONSEQUÊNCIA?
NULIDADE (defendida por alguns autores, como SÉRVULO CORREIRA, PAULO OTERO e VASCO PEREIRA DA SILVA): consideram que
o direito subjetivo público de participação procedimental (concretizado pela realização da audiência dos interessados) é um direito fundamental
atípico, de natureza análoga aos direitos, liberdades e garantias, pelo que a sua violação pode preencher a previsão do artigo 161.º, n.º2, alínea d)
CPA.
OU
ANULABILIDADE (defendida por alguns autores, como FREITAS DO AMARAL – posição dominante e seguida pela ESCOLA DE BRAGA).
Em qualquer caso, cabe ao interessado fazer prova de que a audiência prévia seria essencial, isto é, que a decisão final do procedimento seria diferente se
tivesse sido cumprida a sua realização.
2. FASE CONSTITUTIVA OU DECISÓRIA - É nesta fase que se produz o ato principal do procedimento
O procedimento é nesta fase (e subsequentemente) dirigido pelo órgão competente para decidir.
➢ Inicia-se normalmente com a preparação direta da decisão, isto é, com a apresentação do relatório do instrutor, que só não existirá se a instrução
tiver sido dirigida pelo próprio órgão competente para a decisão (126.º CPA), por força do artigo 55.º, n.º2, 2.ª parte.
➢ O procedimento termina, normalmente, com a tomada da decisão final (93.º, CPA). Na maioria dos casos, esta é um ato administrativo, mas face
às introduções ao CPA, o procedimento pode terminar com a outorga de um contrato (127.º CPA).
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➢ A decisão administrativa deve ser fundamentada (vd. artigos 152.º a 154.º CPA).
➢ Os procedimentos de iniciativa particular devem ser concluídos, em regra, no prazo de 60 dias, prorrogável excecionalmente por períodos que
não excedam, no seu conjunto, 90 dias (128.º, n.º1 CPA). O prazo conta-se a partir da data de entrada do requerimento ou petição em qualquer
entidade competente para o receber, independentemente da existência de formalidades especiais para a fase preparatória da decisão.
➢ Os procedimentos (i) de iniciativa oficiosa, passíveis de conduzir à emissão de uma (ii) decisão com efeitos desfavoráveis para os interessados,
caducam, na ausência de decisão, no prazo de 120 dias. Os restantes procedimentos de iniciativa oficiosa não têm prazo de caducidade (128.º, nº
6 CPA).
Mas nem sempre o procedimento administrativo termina com a emissão de um ato expresso.
OUTRAS FORMAS DE EXTINÇÃO DO PROCEDIMENTO
Silêncio administrativo
➢ REGRA GERAL: OS ATOS ADMINISTRATIVOS SÃO NÃO RECETÍCIOS (o ato administrativo produz efeitos desde a data em que é
praticado) – art. 155.º, n.º1, 1.ª parte.
➢ EXCEÇÃO (155.º, n.º1, 2ª parte): nos casos em que a lei ou o próprio ato lhe atribuam: