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GRUPO DE ESTUDOS TRF3, 2018

Julgados desembargador HÉLIO NOGUEIRA

Período: 01/01/2017 a 31/01/2018

DESEMBARGADOR: HÉLIO NOGUEIRA; JULGADOS DE NÚMEROS: 501-852; COLABORADOR: ANDRÉ


CORDEIRO

1 DIREITO ADMINISTRATIVO

1.1 Terra indígena. Demarcação. Natureza imperativa e declaratória. Esbulho renitente. A


demarcação de terras indígenas não configura esbulho já que se trata de ato declaratório. O constituinte
estabeleceu a nulidade de pretensão sobre terras indígenas, cujos efeitos se estendem sobre vínculos
jurídicos pré-constitucionais. Esbulho renitente – tese segundo a qual o reconhecimento da expulsão de
comunidades indígenas exige a verificação de circunstâncias de fato que demonstrem a existência de
controvérsia possessória judicializada ou ainda a presença de efetivo conflito possessório que perdure até
a CF/88.
CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. DEMARCAÇÃO DE TERRA INDÍGENA.
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO-DEMARCATÓRIO. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR E
LEGITIMIDADE AD CAUSAM. PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. PREJUDICADA A
ANÁLISE DO RECURSO DE APELAÇÃO.

1. A demarcação de terra indígena é ato formal, de natureza declaratória, que tem por escopo o reconhecimento
de um direito pré-existente (originário). Trata-se de ato administrativo que goza de presunção de legitimidade e
veracidade (presunção juris tantum), cabendo à parte contrária impugná-lo, mediante a apresentação de provas
inequívocas, aptas a infirmá-lo. Precedentes.

2. Não se mostra cabível a oposição ao ato administrativo, baseada em direito possessório e com fulcro em títulos
legitimadores de posse, como meio a obstar, por si, a realização do processo de demarcação de terra indígena e
os diversos atos que o compõem, os quais gozam de presunção de legitimidade e se encontram amparados em
comando constitucional preeminente, sendo vedado, inclusive, o manejo de ação de interdito possessório contra a
demarcação.

3. A demarcação de terras indígenas não configura esbulho possessório ou qualquer forma de perda ou restrição
da propriedade, posto que se trata de ato meramente declaratório de uma situação jurídica pré-existente.
Precedentes.

4. Iniciado o procedimento de demarcação, a legislação assegura o direito ao contraditório e à participação dos


interessados durante o trâmite do processo administrativo demarcatório. Possíveis questionamentos acerca dos
reflexos de eventual procedimento demarcatório sobre a esfera jurídica dos entes e indivíduos afetados podem ser
suscitados oportunamente no curso do procedimento administrativo, consoante preceitua o art. 2º, § 8º, do
Decreto nº 1.775/1996.

5. No caso, pretende a parte autora que seja declarada, previamente à efetiva realização de qualquer
procedimento demarcatório, a imunidade, frente a eventual demarcação, de "todas as propriedades tituladas
anteriormente a 05.10.88 ou cuja posse não esteja sendo exercida por indígenas na data de 05.10.88, marco
temporal para definição das terras de imemorial ocupação, conforme previsto no art. 231 da CF/88".

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grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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6. O pedido autoral implica em restringir, aprioristicamente, a amplitude do processo administrativo demarcatório,


obstando seu prosseguimento desde a fase de estudo, identificação e delimitação das áreas que constituam
possíveis terras de tradicional ocupação indígena. Esta pretensão não possui qualquer respaldo no ordenamento
jurídico, consubstanciando incabível restrição à efetividade do comando constitucional de demarcação das terras
indígenas pela União (art. 231, da Constituição da República, e art. 67, do ADCT).

7. Não se encontra configurado o binômio "necessidade" e "utilidade" da tutela jurisdicional, vez que, em face da
realização de meros estudos antropológicos no bojo de processo administrativo de demarcação de terras
indígenas, inexiste necessidade de obtenção da tutela jurisdicional reclamada e tampouco se mostra adequada a
pretensão formulada pelos Apelantes, posto que inocorrente moléstia à posse dos demandantes em decorrência
dos atos administrativos impugnados.

8. Não há nos autos a efetiva demonstração de eventual violação à esfera de direitos titularizados pelos
Recorrentes em decorrência direta dos atos administrativos que compõem o procedimento demarcatório,
inexistindo direito seu ameaçado ou violado, de forma que não se verifica qualquer utilidade para os Autores na
tutela jurisdicional buscada. Precedentes.

9. No que concerne à legitimidade ad causam, observa-se que os Recorrentes postulam por interesse alheio em
nome próprio, consubstanciado na defesa da propriedade dos detentores de títulos legitimadores de posse sobre
as áreas submetidas a estudos antropológicos demarcatórios, visando a obstar procedimentos administrativos de
demarcação. A dedução de tal pretensão em juízo, pelos Apelantes, caracteriza violação ao disposto no art. 18, do
Código de Processo Civil.

10. Honorários advocatícios sucumbenciais fixados no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), devidos para cada Réu, na
forma do art. 20, § 4º, do Código de Processo Civil de 1973.

11. Declarado extinto o feito, de ofício, sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, VI, do Código de
Processo Civil, ante a ilegitimidade ativa ad causam e a ausência de interesse processual, restando prejudicado o
recurso de apelação interposto pela parte autora.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1982525 / MS 0004642-18.2009.4.03.6002

Veja também: Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2091729 / MS 0005001-49.1992.4.03.6006.

Também: AC - APELAÇÃO CÍVEL - 2144962 / SP 0001542-49.2010.4.03.6122, 05/09/2017.

1.2 Servidor Público. Conversão de tempo de aposentadoria especial. O servidor público que
desenvolveu atividade perigosa tem direito à aposentadoria especial, bem como à sua conversão em
comum, para aproveitar o tempo de serviço.
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR. ATIVIDADE PERIGOSA. CONVERSÃO DO TEMPO ESPECIAL EM TEMPO
COMUM.

1. O servidor que desenvolveu atividade perigosa tem direito à conversão do tempo de atividade especial em
tempo comum com o devido acréscimo legal (Súmula Vinculante nº 33; Súmula nº 198 do TFR; REsp
1306113/SC; Súmulas nº 55 e 66/TNU).

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2. Havendo jurisprudência consolidada no sentido de que atividades arriscadas igualmente fazem jus à
aposentadoria especial, não obstante a ausência de menção expressa do art. 201, §1º, da Carta magna, não há
sentido jurídico em afirmar que a aposentadoria especial do regime próprio, que expressamente prevê atividades
perigosas (art. 40, §4º, II), não seria abrangida pelo disposto na Lei nº Lei n. 8.213/91, já que claramente, não
obstante o semema "prejudicial à saúde e integridade física" já englobar atividades inseguras, o Constituinte
entendeu prever estas expressamente - exatamente para evitar questionamentos sobre sua incidência.

3. Considerando que o trabalhador do regime geral, que labuta em favor interesse meramente privado, tem direito
à conversão, a fortiori, o servidor público, que é o agente encarregado do ímpar ônus de consecução dos direitos
constitucionalmente garantidos, deve ter igual direito, até porque, uma vez que a sociedade se beneficia da
exposição dos servidores a situações insalubres e perigosas, deve arcar com a respectiva mitigação das
externalidades da atividade desenvolvida, ainda que indiretamente, por meio dos tributos pagos ao Estado.

4. Apelação provida.

AMS - APELAÇÃO CÍVEL - 366705 / SP 0002044-44.2016.4.03.6100, 22/08/2017

1.3 Servidor público. Benefícios estranhos ao regime geral. Pensão por morte. Norma aplicável e
vigência. As alterações da Lei nº 9.717/98 objetivaram igualar o Regime Estatutário ao Regime Geral da
Previdência Social, apenas, no tocante às espécies de benefícios. Súmula n.º 340 STJ: a legislação
aplicável à concessão da pensão por morte é aquela vigente ao tempo do óbito do segurado. A pensão ao
incapaz é devida desde o óbito do instituidor.
ADMINISTRATIVO E CIVIL. APELAÇÃO. REEXAME NECESSÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO CIVIL FEDERAL.
PENSÃO POR MORTE. MENOR SOB GUARDA. NÃO DERROGAÇÃO DO ART. 217, II, 'B', LEI 8.112/90 PELO
ART. 5º DA LEI 9.717/98. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. DATA INICIAL DA PENSÃO.
APELAÇÃO DESPROVIDA. REEXAME NECESSÁRIO DESPROVIDO.

1. Apelação interposta pela União contra a sentença que julgou procedente o pedido inicial para conceder a
pensão por morte ao autor, na qualidade de menor sob guarda do ex-servidor Daniel Florentino.

2. Descabida a tese aventada de derrogação do artigo 217, II, "b", da Lei nº 8.112/90 pelo artigo 5º da Lei nº
9.717/98, que veda a concessão de benefícios no regime dos servidores públicos distintos dos existentes no
regime geral da Previdência Social.

3. As alterações promovidas pelo art. 5º da Lei nº 9.717/98 objetivaram igualar o Regime Estatutário ao Regime
Geral da Previdência Social, apenas, no tocante às espécies de benefícios, não opondo restrições quanto aos
beneficiários, não se verificando a derrogação do artigo 217, II, 'b', da Lei nº 8.112/90.

4. Nos termos da Súmula n.º 340 do Superior Tribunal de Justiça, a legislação aplicável à concessão da pensão
por morte é aquela vigente ao tempo do óbito do segurado. O falecimento do servidor ocorreu em 01.01.2004,
sendo aplicável a Lei n.º 8.112/90.

5. O autor/apelado, Wisley Lenon Florentino Barros, nascido em 05.05.1999, possuía quatro anos de idade na
data do falecimento do servidor público (01.01.2004).

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6. Os documentos dos autos demonstram que o servidor, avô do autor, possuía a guarda de fato, sendo que a
guarda de direito fora concedida judicialmente à avó do autor (Sra. Alice Guimenes Florentino), a qual, casada
com o avô-servidor, residia com este e todos eram responsáveis pela educação, criação e zelo do autor,
consoante parecer social emitido na ação de guarda. Além disso, o autor constava como dependente do plano de
saúde da Fundação Assistencial dos Servidores do Ministério da Fazenda, de titularidade do avô.

7. Os requisitos exigidos pela lei encontram-se preenchidos.

8. O autor pediu a instituição da pensão a partir do falecimento da pensionista vitalícia, Sra. Alice Guimenes
Florentino, sua avó e também guardiã. A sentença acolheu o pedido nos termos em que formulado.

9. A orientação jurisprudencial é de que a pensão ao incapaz é devida desde o óbito do instituidor, diante da
ausência de fluência do prazo prescricional.

10. A sentença revela razoabilidade na concessão da pensão como requerido na inicial e amolda-se à realidade
descortinada, sendo adaptável a situação fática dos autos aos entendimentos jurisprudenciais colacionados, e, por
outro lado, não sendo viável o acatamento da apelação para firmar o termo inicial o ajuizamento da ação.

11. Apelação desprovida. Reexame necessário desprovido.

AC - APELAÇÃO CÍVEL - 2174909 / MS 0005091-11.2011.4.03.6000, 22/08/2017

1.4 Servidor público. Revisão de aposentadoria. Prescrição. O prazo é quinquenal para pleitear a
revisão. A contagem se inicia do ato concessivo do benefício.
ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO. REVISÃO DE APOSENTADORIA. PEDIDO DE
CÔMPUTO DE TEMPO ESPECIAL, TRABALHADO SOB CONDIÇÃO INSALUBRE OU PERIGOSA.
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. TERMO INICIAL: DATA DA CONCESSÃO DA APOSENTADORIA. PRESCRIÇÃO
DO FUNDO DE DIREITO. APELAÇÃO DESPROVIDA.

1. Apelação interposta pela autora, servidora pública aposentada, contra sentença que declarou a prescrição do
direito de ação, para reclamar a "aplicação de conversão de tempo serviço sob condições insalubres ou perigosas,
(...) e averbação do tempo, para efeitos de aposentadoria" e julgou extinto o processo, com resolução de mérito,
nos termos do art. 269, IV, CPC/1973, declarando ainda prejudicado o conhecimento dos pedidos de indenização.

2. Dispõe o artigo 1º Decreto n. 20.910/32 que as dívidas da Fazenda Pública prescrevem em cinco anos.

3. O pedido da inicial é a revisão da aposentadoria da servidora, computando-se período laborado sob condição
insalubre ou perigosa, para o fim de conceder-lhe aposentadoria integral, em detrimento da concedida com
proventos proporcionais.

4. O posicionamento de nossos tribunais acerca da prescrição para pleitear a revisão de aposentadoria do


servidor, com o intuito de incluir-se tempo especial, é de que a contagem inicia-se do ato concessivo do benefício,
e, transcorrido o quinquídio legal, opera-se a prescrição do fundo de direito. Precedentes do STJ e deste TRF-3ª
Região.

5. Concedida a aposentadoria em 27.03.1997, com publicação no Diário Oficial em 04.04.1997, e ajuizada a ação
na data de 28.09.2005, verifica-se o decurso do lapso quinquenal prescricional.

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6. Apelação desprovida.

AC - APELAÇÃO CÍVEL - 1299060 / SP 0021915-46.2005.4.03.6100, 22/08/2017

1.5 Serventias extrajudiciais. Natureza e responsabilidade. ausência da personalidade. As


serventias extrajudiciais são entidades destituídas de personalidade e de patrimônio próprio. A
responsabilidade por danos decorrentes do serviço notarial é do titular da serventia. Assim, ele responde
pelo recolhimento das contribuições previdenciárias decorrente da contratação de pessoal.
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL PROPOSTA CONTRA O OFICIAL DO REGISTRO DE
IMÓVEIS. LEGITIMIDADE. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO TITULAR DA SERVENTIA. NA ÉPOCA DA
OCORRÊNCIA DOS FATOS GERADORES. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. HONORÁRIOS.
ILEGITIMIDADE PASSIVA DE INTERVENTOR NOMEADO. SENTENÇA REFORMADA. HONORÁRIOS
DEVIDOS.

1. É pacífico no STJ que as serventias extrajudiciais são entidades administrativas destituídas de personalidade
jurídica e de patrimônio próprio bem como quanto à questão de que a responsabilidade civil por danos decorrentes
do serviço notarial é do titular da serventia na época dos fatos. Precedentes.

2. No caso é forçosa a conclusão de que além da responsabilidade civil, subsiste a responsabilidade tributária pelo
recolhimento das contribuições previdenciárias pela contratação de pessoal.

3. Trata-se de execução fiscal foi corretamente proposta contra o Oficial do Registro de Imóveis, Títulos e
Documentos e Civil de Pessoas Jurídicas de Lorena/SP, na medida em que a responsabilidade pelo recolhimento
das contribuições previdenciárias é do titular da serventia na época da ocorrência dos fatos geradores. Ademais,
como já referido, os créditos em cobro foram constituídos pelo contribuinte mediante DCGB-Batch em 09.03.2013
(fl. 04).

4. Possível o exame das razões de recurso adesivo, na medida em que o Juízo a quo fundamentou a sentença tão
somente na nulidade da CDA por indicação incorreta do polo passivo, não conhecendo da questão relativa à sua
ilegitimidade passiva suscitada na exceção de pré-executividade. Em decorrência, o recorrente adesivo FÁBIO
ALESSANDRO MONTALBANO é parte ilegítima para integrar o polo passivo da execução fiscal, considerando
que sua nomeação como interventor ocorreu em 04.06.2013, não sendo, pois, contemporânea com o período em
cobrança (01/2009 a 13/2010).

5. É devida a condenação em honorários a ser suportada pela União Federal na espécie, à luz de farta orientação
pretoriana. Considerando-se que o recorrente adesivo interpôs exceção de pré-executividade para promover sua
defesa, faz jus a honorários advocatícios, nos termos do art. 20, §4º do CPC, fixados por apreciação equitativa.

6. Apelação da União Federal provida para afastar a extinção da execução e determinar o prosseguimento do
feito. Recurso adesivo provido para reconhecer a ilegitimidade passiva do interventor.

AC - APELAÇÃO CÍVEL - 2238295 / SP 0013941-75.2017.4.03.9999, 22/08/2017

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1.6 Autotutela administrativa. Prazo decadencial. Não atualização pela TR. Honorários
sucumbenciais recursais. Até a Lei nº 9.784/99 a Administração podia rever os próprios atos a qualquer
tempo. Após a Lei nº 9.784/99, a revisão dos atos passou a ser de 5 anos. O STF afastou a TR como fator
de correção dos débitos judiciais da Fazenda Pública, entre o período da inscrição em precatório e o
efetivo pagamento. É possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais.
APELAÇÃO CÍVEL. ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. DECADÊNCIA PARA A ADMINISTRAÇÃO REVER
SEUS ATOS. PRAZO DECADENCIAL QUINQUENAL CONTADO A PARTIR DA EDIÇÃO DA LEI 9784/99
CONSUMADO. AUXÍLIO-INVALIDEZ RESTABELECIDO. PAGAMENTO DOS VALORES PRETÉRITOS.
ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DO DÉBITO: OBSERVÂNCIA À LEI 11.960/2009. TUTELA ANTECIPADA
DEFERIDA. APELAÇÃO PROVIDA.

1. Apelação interposta pelo autor Valter Tomaz da Silva, militar reformado, contra sentença que julgou
improcedentes os pedidos iniciais de anulação do ato administrativo que revogou o auxílio-invalidez percebido
desde julho/1976, condenação da União ao pagamento dos valores devidos desde a interrupção do benefício,
bem assim condenação em danos materiais e morais, nos termos do artigo 269, I, CPC/1973. Condenado o autor
ao pagamento de honorários de dez por cento sobre o valor da causa, observada a gratuidade de justiça, nos
termos do art. 12 da Lei 1060/50.

2. Até a edição da Lei nº 9.784/99 o poder-dever da Administração de rever os próprios atos quando eivados de
ilegalidade, podia ser exercido a qualquer tempo, nos termos do art. 114 da Lei nº 8.112/90. Intelecção das
Súmulas 346 e 473 do STF.

3. Com a edição da Lei nº 9.784/99, o poder-dever de a Administração rever os atos praticados passou a ter
prazo, qual seja, cinco anos. O lapso decadencial de cinco anos somente teve início a partir da edição da Lei
9.784/99 (01.02.1999) e, assim, consumou-se, pois a iniciativa do Exército Brasileiro para a revisão do ato é
datada de junho/2004, por meio do Adt nº 56-SIP/2, de 21 Jun 04.

4. O autor faz jus aos valores pretéritos, que deixaram de ser pagos a partir de maio/2005. Verifica-se a
inocorrência de prescrição quinquenal para a pretensão, considerando a cessação do pagamento em maio/2005 e
o ajuizamento da ação em março/2009.

5. O STF, quando do julgamento das ADIS 4.357 e 4.425, declarou a inconstitucionalidade por arrastamento do
art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, afastando a utilização da TR como
fator de correção monetária dos débitos judiciais da Fazenda Pública, relativamente ao período entre a respectiva
inscrição em precatório e o efetivo pagamento.

6. Com o objetivo de guardar coerência com os mais recentes posicionamentos do STF sobre o tema, e para
prevenir a necessidade de futuro sobrestamento dos feitos apenas em razão dos consectários, a melhor solução a
ser adotada, por ora, é orientar para aplicação do critério de atualização estabelecido no art. 1º-F da Lei 9.494/97,
na redação da lei 11.960/2009.

7. O arbitramento dos honorários está adstrito ao critério de valoração, perfeitamente delineado na legislação
vigente, art. 20 do CPC/1973, consoante orientação do Colendo Superior Tribunal de Justiça no Enunciado
administrativo número 7 ("Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de
2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, §11º, do novo
CPC").

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8. Observando o artigo 20 do CPC/1973, considerando o valor da causa (R$ 28.000,00), a média complexidade da
demanda e o trabalho realizado pelo causídico, a quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais), atende a ambos os
critérios, nem representando valor exorbitante, nem acarretando aviltamento à dignidade profissional do
Advogado.

9. Tutela antecipada para determinar o imediato restabelecimento do pagamento do auxílio-invalidez, não havendo
óbice na Lei 9494/97, dado que a situação não se amolda a qualquer das vedações previstas. Precedentes do
STJ.

10. Apelação provida.

AC - APELAÇÃO CÍVEL - 1892418 / SP 0005577-55.2009.4.03.6100, 05/09/2017

1.7 Autorização administrativa de ocupação. Natureza. Discricionariedade. O ato administrativo


autorizativo de ocupação é discricionário. Não pode o Judiciário examinar o mérito do ato administrativo
para autorizar o ingresso no terreno "sub judice" se houve indeferimento administrativo.
ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ANÁLISE DE PROCESSO
ADMINISTRATIVO. PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO DE OCUPAÇÃO. ATO ADMINISTRATIVO DISCRICIONÁRIO.
RECURSO IMPROVIDO.

1. O Apelante Luiz Lúcio Paulino ajuizou Mandado de Segurança contra o Superintendente do Patrimônio da
União em Santos/SP objetivando a concessão de provimento jurisdicional para que autorizá-lo a ocupar o Terreno,
situado à Avenida Salgado Filho, s/n, Jardim Santense, Guarujá/SP, localizado entre a Estrada de Ferro A.L.L. e o
Canal Estuário de Santos e Parelelo à Rua Itapema, cujo pleito é objeto do pedido de ocupação n.
04977.010597/2012-66, bem como autorizar o cercamento do terreno e a solicitação de energia elétrica e água, a
fim de evitar a completa invasão do local.

2. A União na sua Defesa aduziu, em breve síntese: a) a impossibilidade jurídica do pedido, porque o intuito do
Impetrante, ora Apelante, é evitar que a Administração exerça o seu controle do ato administrativo; b) ausência de
direito liquido e certo e c) que o Impetrante nunca ocupou o local e não cumpriu os requisitos legais. A autoridade
Coatora prestou informações aduzindo que: "....O objeto do mandamus refere-se a solicitação de inscrição de
ocupação, consubstanciada em processo administrativo sob o nº 04977.010597/2012-66, o qual encontra-se
analisado e concluído desde 26/05/2014 (doc.02 - 0814450), ambos expedidos anteriormente a impetração do
mandado. Todos os tramites adotados foram realizados com intuito de promover a satisfação do interesse público
e a legalidade dos atos administrativos, devendo a administração pública proceder em sua verificação, para que
não ocorra qualquer irregularidade ou ilegalidade desses atos. Desta forma, diverso do que foi exposto pelo
impetrante, não houve ato coator, tampouco omissão desta autoridade, nem violação a direito líquido e certo a
ensejar a impetração do presente mandado de segurança. O impetrante "confunde" indeferimento de sua
pretensão com suposta inércia deste órgão. Assim, diante dos esclarecimentos narrados, fica evidente que não
estamos obstando qualquer direito do impetrante, mas sim seguindo os procedimentos pertinentes a gestão e
administração dos bens patrimoniais da União, dando atendimento aos requerimentos independentemente e
anteriormente à adoção de medida judicial, tendo em vista que, no caso em tela, o mesmo foi concluído em 2014,
anterior a data da impetração do mandado", fl. 119.

3. Não assiste razão ao Apelante, porque o ato administrativo é discricionário. Com efeito, não poderá o Judiciário
adentrar quanto ao mérito do ato administrativo para autorizar o ingresso da Apelante no terreno "sub judice" se a
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própria Apelada comprovou que o pedido foi indeferido administrativamente pela ausência do cumprimento dos
requisitos legais, fl. 119.

4. Por sua vez, o Judiciário não se exime de apreciar o tema quanto ao aspecto da legalidade do ato
administrativo. O que, em regra, não se admite é que o Poder Judiciário, adentrando no mérito administrativo,
proceda ao reexame de critérios do ato que indeferiu o pleito do Impetrante na via administrativa. Nesse sentido:
STJ - ROMS - 19863, QUINTA TURMA, DJ: 17/12/2007, PG:00224, Relatora LAURITA VAZ.

5. Apelação improvida.

AMS - APELAÇÃO CÍVEL - 368500 / SP 0000885-54.2016.4.03.6104, 05/09/2017

1.8 Servidor público. Tempo de serviço. Contagem de tempo diferenciada. Efeito suspensivo
impróprio recursal. O art. 40, § 4º, da Constituição da República apenas garante a contagem diferenciada
da aposentadoria especial. A atribuição de efeito suspensivo impróprio depende da demonstração da
probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamentação do apelo, da existência de
risco de dano grave ou de difícil reparação. É constitucional a restrição legal às medidas liminares contra
a Fazenda Pública.
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO IMPRÓPRIO A
RECURSO DE APELAÇÃO (ART. 1012, § 4º, DO CPC). ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO.
APOSENTADORIA ESPECIAL. CONVERSÃO DO TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL EM COMUM. LIMINAR
CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. SUSPENSÃO DA EFICÁCIA DA SENTENÇA. AGRAVO INTERNO NÃO
PROVIDO.

1. A atribuição de efeito suspensivo impróprio depende da demonstração da probabilidade de provimento do


recurso ou, sendo relevante a fundamentação do apelo, da existência de risco de dano grave ou de difícil
reparação (art. 1.012, § 4º, do Código de Processo Civil). Requisitos preenchidos.

2. A União Federal formulou pedido de atribuição de efeito suspensivo a recurso de apelação interposto contra
sentença que reconheceu à parte autora o direito a conversão de tempo de serviço especial em comum no
período de 1991 a 2002, em razão do desempenho de atividade insalubre, bem como o consequente pagamento
da remuneração devida nesse período e a concessão de aposentadoria.

3. A orientação do STF firmou-se no sentido de que o art. 40, § 4º, da Constituição da República, não garante a
contagem de tempo de serviço diferenciada ao servidor público, porém, tão somente, a aposentadoria especial
(súmula vinculante nº 33).

4. Inobstante o STF, no julgamento do Mandado de Injunção n. 880, tenha determinado a observância do disposto
no artigo 57, § 1º, da Lei n. 8.213/1991, para fins de concessão de aposentadoria especial a servidor público, o
Autor busca o reconhecimento de um direito distinto, qual seja, o direito à conversão de tempo especial em
comum, com o acréscimo de 40%, quando é expressamente vedada no serviço público a contagem de tempo
ficto.

5. O STF, através da ADC n. 4-6/DF, reconheceu a constitucionalidade do art. 1º, da Lei n. 9.494/1997, que
estabelece restrições à concessão de medidas liminares contra a Fazenda Pública (Tribunal Pleno, DJE de
15/10/2008).
Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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6. Impõe-se a suspensão da eficácia da sentença recorrida, nos termos do art. 1.012, § 4º, do Código de Processo
Civil, até decisão final, por ocasião do julgamento do recurso de apelação.

7. Inexistindo fundamentos hábeis a alterar a decisão monocrática, nega-se provimento ao agravo interno.

SUSAPEL - PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO À APELAÇÃO - 140 / SP 0001383-95.2017.4.03.0000,


05/09/2017

1.9 Servidor. Remoção. Acompanhamento de cônjuge. Proteção à família. Empregado de empresa


pública e agente público. O empregado de empresa pública ou sociedade de economia mista é equiparado
a servidor público. Sendo servidor público federal, é aplicável o direito à remoção previsto no art. 84, §
2º, da Lei nº 8.112/90. Os direitos do servidor devem ser interpretados à luz da proteção da família (art.
226, da Constituição da República).
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO IMPRÓPRIO A
RECURSO DE APELAÇÃO (ART. 1012, § 4º, DO CPC). ADMINISTRATIVO. SERVIDORA PÚBLICA FEDERAL.
REMOÇÃO. LEI 8.112/90. ACOMPANHAMENTO DE CÔNJUGE EMPREGADO DE SOCIEDADE DE ECONOMIA
MISTA. POSSIBILIDADE. PROTEÇÃO À UNIDADE FAMILIAR (ART. 226 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA).
SUSPENSÃO DA EFICÁCIA DA SENTENÇA. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO.

1. Hipótese de atribuição de efeito suspensivo impróprio com base na probabilidade de provimento do recurso de
apelação (art. 1.012, § 4º, do Código de Processo Civil).

2. A Autora é servidora pública da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), ao passo que seu
marido é funcionário de sociedade de economia mista (PETROBRAS), o qual, por interesse do órgão empregador,
veio a ser removido, no ano de 2000, para a cidade de São José dos Campos/SP, onde se encontra até o
momento.

3. O empregado de empresa pública ou sociedade de economia mista é equiparado a servidor público, para
efeitos do art. 36, da Lei nº 8.112/90. Precedentes.

4. No que concerne à parte autora, restou incontroversa sua qualidade de servidora pública federal, sendo-lhe
aplicável, portanto, a disposição acerca da possibilidade de remoção com amparo no art. 84, § 2º, da Lei nº
8.112/90.

5. Não se verificam quaisquer dados que infirmem a informação de que a remoção do cônjuge da Autora foi
realizada no interesse exclusivo do órgão empregador.

6. Os direitos do servidor devem ser interpretados à luz da proteção da família (art. 226, da Constituição da
República), atentando-se para o fato de que a possibilidade de ruptura familiar, em decorrência da manutenção da
eficácia da sentença recorrida, constitui risco de dano grave.

7. Impõe-se a suspensão da eficácia da sentença recorrida, nos termos do art. 1.012, § 4º, do Código de Processo
Civil, para que seja mantida a lotação da Autora no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA),
em São José dos Campos/SP, até julgamento definitivo do recurso de apelação interposto.

8. Inexistindo fundamentos hábeis a alterar a decisão monocrática, nega-se provimento ao agravo interno.

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
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SUSAPEL - PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO À APELAÇÃO - 129 / SP 0000134-12.2017.4.03.0000,


05/09/2017

1.10 Revisão de reforma. Militar. Prazo prescricional de 5 anos para a revisão, a contar da reforma.
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. MILITAR. PRETENSÃO DE MELHORIA DE REFORMA. REVISÃO DO
ATO DE REFORMA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL DO FUNDO DE DIREITO. OCORRÊNCIA. APELAÇÃO
DESPROVIDA.

1. Apelação interposta pelo autor contra sentença que reconheceu a prescrição da pretensão de alteração da
reforma para recebimento de proventos de 2º Tenente; de pagamento de danos morais e materiais e pagamento
de férias. Condenado o autor ao pagamento de honorários advocatícios de 10% do valor da causa, observada a
gratuidade de justiça.

2. No caso concreto, o autor/apelante foi reformado no posto de Segundo Sargento do Exército Brasileiro, a contar
de 26.10.2006, consoante Portaria nº 138, de 09.02.2007. O ajuizamento da presente ação é de 01.08.2012.

3. Transcorreram mais de cinco anos entre a reforma e a propositura da ação, a consumar-se a prescrição.
Precedentes do STJ e deste Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

4. Apelação do desprovida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2021560 / SP 0002715-43.2012.4.03.6121

1.11 Sindicância. Anulação. Prova de prejuízo. Militar temporário e direito à estabilidade. Deve
haver prova de prejuízo para anulação de sindicância por prazo prolongado além de 45 dias. A figura do
militar temporário, previsto no artigo 3º. da Lei nº. 6880/80 não confere direito à estabilidade.
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. MILITAR TEMPORÁRIO. NÃO ESTÁVEL.
LICENCIAMENTO DO EXÉRCITO. EXCESSO DE PRAZO PARA CONCLUSÃO DE SINDICÂNCIA:
INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. RESPEITADO DEVIDO PROCESSO LEGAL,
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE PARA A PRORROGAÇÃO DO
TEMPO DE SERVIÇO. APELAÇÃO DESPROVIDA.

1. Apelação interposta pelo autor contra sentença que julgou improcedentes os pedidos de nulidade da sindicância
e reengajamento ao serviço militar por mais um ano. Custas ex lege, sem condenação em honorários
advocatícios.

2. Não se vislumbra nulidade derivada do prolongamento da sindicância, diante da inexistência de prejuízo ao


apelante. Sequer há a menção pelo apelante de qualquer gravame para si em decorrência da duração da
sindicância por quarenta e cinco dias.

3. A Lei nº 6.880/1980 (Estatuto dos Militares) prevê em seu art. 3º, §1º, "a", II, a figura do militar temporário,
durante os prazos e prorrogações previstos na legislação quando para prestação de serviço inicial - figura esta na
qual o autor se insere.

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4. Os militares temporários não têm direito à permanência indefinida nas Forças Armadas, mais precisamente à
estabilidade na carreira, sendo lícito que a autoridade administrativa, por questões de oportunidade e
conveniência, opte por indeferir a prorrogação do tempo de serviço.

5. Não se vislumbra ilegalidade no ato administrativo de licenciamento do autor, porque a sindicância instaurada "a
fim de subsidiar este Comando na decisão sobre a concessão de reengajamento ou não a sargento de carreira"
(fls. 28), observou irrestritamente os princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório.

6. O desligamento militar decorreu de minuciosa avaliação pela Administração do currículo e do desempenho do


autor no Exército, informado por vários colegas de profissão, não transparecendo ser ato precipitado e motivado
por perseguição do superior hierárquico.

7. A conclusão da sindicância refere expressamente a não identificação do apelante com a profissão militar e a
não apresentação de perfil para permanecer na carreira de sargento do Exército Brasileiro, a fundamentar a
negativa da prorrogação do tempo de serviço.

8. Apelação desprovida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 311942 / SP 0000001-07.2007.4.03.6115

1.12 Ato administrativo. Servidor público cedido. Desvio de função - requisitos. Para que se
configure o desvio de função é necessário que haja diferença entre (a) a função inerente ao cargo em que
o servidor foi investido e (b) a função por ele efetivamente exercida. Havendo discrepância entre essas
duas funções, há desvio de função.
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. NULIDADE DA SENTENÇA QUANTO À
PRODUÇÃO DE PROVA. SERVIDOR PÚBLICO APOSENTADO. AGENTE ESCOLAR DA SECRETARIA DE
EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. REQUISIÇÃO PELA JUSTIÇA ELEITORAL. EXERCÍCIO DE
ATRIBUIÇÕES DE TÉCNICO JUDICIÁRIO. DESVIO DE FUNÇÃO. INOCORRÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO.
SENTENÇA MANTIDA.

1. Aplica-se a Lei n. 13.105/2015 aos processos pendentes, respeitados, naturalmente, os atos consumados e
seus efeitos no regime do CPC de 1973. Nesse sentido, restou editado o Enunciado Administrativo n. 2/STJ.

2. Não se configura decisão extra petita quando evidenciada a congruência entre o que foi pedido e o que foi
decidido.

3. Quanto à alegação de que em primeira instância foi indeferida prova testemunhal, friso que cabia à autora, no
momento oportuno, apresentar sua insurreição, na forma da lei, estando preclusa a discussão da matéria neste
grau recursal, mormente quando transitou em julgado a decisão proferida nos autos do processo n.
00106847120144030000.

4. Para que se configure o desvio de função é necessário que haja diferença entre (a) a função inerente ao cargo
em que o servidor foi investido e (b) a função por ele efetivamente exercida. Havendo discrepância entre essas
duas funções, há desvio de função, conforme estabelece a Súmula n. 378 do STJ.

5. O que a autora pretende, entretanto, é afirmar que está caracterizado o desvio de função porque há identidade
entre a função por ela exercida e a função exercida por seus colegas que ocupam cargos de Técnico Judiciário.
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Ora, isso não é desvio de função. Ainda que em órgão diverso daquele em que foi inicialmente lotada, a autora
exerce atribuições que correspondem estritamente às funções previstas para seu cargo de origem.

6. Além disso, conforme também destacado pela sentença apelada, a Lei n. 6.999/1982 é expressa em prever em
seu artigo 9º que "o servidor requisitado para o serviço eleitoral conservará os direitos e vantagens inerentes ao
exercício de seu cargo ou emprego". Ou seja, não há nenhuma ilegalidade - ao contrário, decorre diretamente da
lei - que a autora tenha remuneração correspondente à de seu cargo de origem.

7. Diante disso, o pedido da autora equivale, na verdade, a pretensão de equiparação salarial, explicitamente
vedado pelo art. 37, XIII, da CRFB.

8. Apelação não provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2128146 / SP 0017769-78.2013.4.03.6100

1.13 Militar. Licença e incapacidade. Estabilidade, reforma e reintegração. É ilegal licenciamento


de militar temporariamente incapacitado e que necessita de tratamento médico, senão apenas o direito a
ser reintegrado. O militar que resta incapaz, permanentemente, de desempenhar suas atividades, tem
direito a aposentadoria ex officio, independentemente de seu tempo de serviço. Se o acidente/doença não
tiver relação com o serviço, a reforma somente é devida ao militar estável ou ao não-estável que estiver
incapacitado permanentemente para qualquer trabalho.
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. REEXAME NECESSÁRIO. APELAÇÕES CÍVEIS. MILITAR
TEMPORÁRIO. LICENCIAMENTO. REINTEGRAÇÃO. REFORMA DEVIDA. DOENÇA SEM RELAÇÃO DE
CAUSA E EFEITO COM A ATIVIDADE MILITAR. ART. 108, VI, LEI 6.880/80. MILITAR NÃO ESTÁVEL.
INCAPACIDADE PARA TODA A ATIVIDADE LABORAL DEMONSTRADA. DANO MORAL NÃO
CARACTERIZADO. VERBA HONORÁRIA. REEXAME NECESSÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO. APELAÇÃO
DO AUTOR DESPROVIDA. APELAÇÃO DA UNIÃO DESPROVIDA.

1. Reexame Necessário e Apelações interpostas pelo autor e pela União contra sentença que julgou parcialmente
procedentes os pedidos iniciais "a fim de condenar a União na obrigação de fazer a reforma do autor, com efeitos
financeiros a partir da data da desincorporação dele do Exército (23.04.2010), e na obrigação de pagar ao autor a
remuneração vencida desde 23.04.2010, calculada com base no soldo correspondente ao grau hierárquico que
ele possuía na ativa, com correção monetária desde a data em que eram exigíveis os respectivos valores,
acrescidos de juros moratórios a partir da citação, tudo na forma do artigo 1º-F da Lei nº 9.494/1997, na redação
da Lei nº 11.960/2009, acrescida de honorários advocatícios de 10% sobre as remunerações vencidas até a data
do ajuizamento da demanda, mais doze vincendas". Deferida a tutela antecipada para determinar a implantação
da reforma.

2. A jurisprudência do STJ está consolidada no sentido de que é ilegal licenciamento de militar que se encontra
temporariamente incapacitado e necessita de tratamento médico. O militar licenciado nessas condições tem direito
a ser reintegrado. O direito à reintegração contempla o direito a receber tratamento médico-hospitalar adequado à
incapacidade temporária, além do soldo e das demais vantagens desde a data do indevido licenciamento.

3. O militar foi incorporado às fileiras do Exército na data de 06.03.2003. O Histórico das Licenças Médicas do
autor descreve o primeiro afastamento das atividades militares, por incapacidade temporária, em 20.04.2005, com
sucessivos afastamentos posteriores. Desde a avalição psiquiátrica, em 08.03.2006, a Administração militar teve
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conhecimento de doença que acometia o autor, promovendo o afastamento deste por incapacidade temporária,
sucessivamente, culminando com o laudo de incapacidade definitiva para o serviço do Exército, em 06.10.2009,
com o diagnóstico de "transtorno obsessivo-compulsivo; forma mista, com idéias obsessivas e comportamentos
compulsivos CID-10:F42.2". A última Inspeção de Saúde realizada, em 11.03.2010 considerou o autor "Incapaz C
para o serviço do Exército (irrecuperável) (fls. 41).

4. O militar, em razão de doença, moléstia ou enfermidade (art. 108, IV) com relação de causa e efeito a
condições inerentes ao serviço, julgado incapaz definitivamente para o serviço militar, tem direito a aposentadoria
ex officio (art. 106, II), independentemente de seu tempo de serviço (art. 109).

5. Se o acidente ou doença, moléstia ou enfermidade não tiver relação de causa e efeito com o serviço (art. 108,
VI), a reforma somente é devida ao militar estável ou quando não estável, estiver incapacitado permanentemente
para qualquer trabalho (inválido).

6. O militar não é estável.

7. A perícia, no caso dos autos, constatou que a doença que acomete o autor (esquizofrenia não especificada)
não tem relação de causa e efeito específica com o serviço militar.

8. A doença ocasiona a incapacidade permanente tanto para a atividade militar quanto para qualquer atividade
laboral civil.

9. O autor faz jus à reforma, porque preenchidos os requisitos legais, consoante art. 106, II c.c. art. 108, VI e art.
111, II, Lei 6.880/80.

10. Dano moral: não se pode imputar à Administração Militar a prática de conduta ilícita tendente a gerar dano de
natureza moral ao autor. Os documentos dos autos comprovam que houve concreta assistência médico-hospitalar
ao autor.

11. Honorários advocatícios: o arbitramento dos honorários está adstrito ao critério de valoração, perfeitamente
delineado na legislação vigente, art. 20 do CPC/1973, consoante orientação do Colendo Superior Tribunal de
Justiça no Enunciado administrativo número 7 ("Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a
partir de 18 de março de 2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do
art. 85, §11, do novo CPC").

12. Diante da manutenção da sentença, persiste a sucumbência recíproca das partes. O autor sucumbiu de parte
substancial de seus pedidos - não obteve a indenização por danos morais. A sucumbência é substancial,
considerando o pedido recursal de pagamento de cem salários-mínimos a título de danos morais.

13. Ocorrência de sucumbência recíproca: cada parte arcar com os honorários de seus respectivos patronos.

14. Reexame Necessário parcialmente provido. Apelação do autor desprovida. Apelação da União desprovida

ApReeNec - APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA - 1882881 / SP 0004791-40.2011.4.03.6100, 05/09/2017

2 DIREITO CIVIL.

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2.1 Cédulas de crédito bancário. Atualização do saldo devedor. O critério de atualização do saldo
devedor em relação à CEF deve ser perfeito com lastro no contrato até a data de pagamento. Julgamento
por motivo diverso x extra-petita - Não se configura julgamento extra petita quando no caso concreto
aplica-se o direito sob fundamentos diversos aos apresentados pela parte.
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO MONITÓRIA. CÉDULAS DE CRÉDITO BANCÁRIO -
GIROCAIXA FÁCIL/OP734 - EMPRÉSTIMO À PESSOA JURÍDICA. JULGAMENTO EXTRA PETITA. NÃO
CONFIGURADO. CRITÉRIOS DE ATUALIZAÇÃO DO DÉBITO NOS TERMOS DO CONTRATO.
POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS RECURSAIS: NÃO CABIMENTO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. O Juízo a quo aplicou ao caso concreto a solução por ele considerada pertinente, segundo o princípio do livre
convencimento fundamentado, positivado no art. 131 do CPC/1973 (atual art. 371 do CPC/2015). Nessa senda, o
decisum recorrido limitou-se aos pleitos da autora, razão pela qual não há se falar em decisão extra petita ou além
do pedido, como pretende a ora apelante. Ademais, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça, não se configura julgamento extra petita quando no caso concreto aplica-se o direito sob
fundamentos diversos aos apresentados pela parte. Precedente.

2. No tocante ao critério de atualização do saldo devedor com razão à CEF, uma vez que há posicionamento
desta Corte Regional no sentido de que a atualização da dívida deve ser feita nos termos do contrato até a
data do efetivo pagamento. Precedentes.

3. Assim, é de ser acolhida a pretensão da apelante a fim de que a atualização do saldo devedor seja realizada
nos moldes do contrato firmado entre as partes até o efetivo pagamento.

4. Observa-se, ainda, nos termos do Enunciado Administrativo nº 7, elaborado pelo STJ para orientar a
comunidade jurídica acerca da questão do direito intertemporal, tratando-se de recurso interposto contra decisão
publicada anteriormente a 18/03/2016, não é possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais na
forma do art. 85, §11, do CPC/2015.

5. Apelação parcialmente provida

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2138442 / SP 0008592-90.2013.4.03.6100

2.2 Contrato de abertura de contas. Limite de juros. É licita a cláusula que prevê o vencimento
antecipado da dívida no caso de inadimplência da prestação, sem necessidade de constituição da mora.
Mora ex re. As instituições financeiras podem aplicar percentual de juros acima de 12% ao ano. Seus
limites são as práticas do Sistema Financeiro.
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO MONITÓRIA. CONTRATO DE RELACIONAMENTO -
ABERTURA DE CONTAS E ADESÃO A PRODUTOS E SERVIÇOS - PESSOA FÍSICA. CHEQUE ESPECIAL -
PESSOA FÍSICA. CRÉDITO DIRETO CAIXA - PESSOA FÍSICA. IMPOSSIBILIDADE DA INCIDÊNCIA DE JUROS
MORATÓRIOS ANTES DA CITAÇÃO. FALTA DE INTERESSE RECURSAL. DOCUMENTOS HÁBEIS À
PROPOSITURA DA AÇÃO. INÉPCIA DA INICIAL. CARÊNCIA DA AÇÃO. AFASTADA. NÃO CONSTITUIÇÃO EM
MORA. DESCABIMENTO. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. POSSIBILIDADE. COBRANÇA DE JUROS
EXCESSIVOS OU ABUSIVOS. INOCORRÊNCIA. COBRANÇA DE JUROS EXCESSIVOS EOU ABUSIVOS. NÃO
OCORRÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO.

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1. Não há de prosperar a alegação da parte apelante no que concerne à impossibilidade da incidência de juros
moratórios antes da citação, porquanto o Juízo a quo proferiu sentença, julgando parcialmente procedente a ação
monitória para condenar a autora ao pagamento do crédito resultante do contrato celebrado entre as partes, que
deverá ser recalculado em liquidação de sentença, observando a exclusão dos juros moratórios e multa contratual.
Dessa forma, resta evidente a falta de interesse recursal da parte apelante nesta questão.

2. Há, portanto, prova escrita - contrato assinado pelos devedores e a planilha de evolução do débito - sem
eficácia de título executivo, prevendo pagamento de soma em dinheiro, de forma que estão satisfeitos os
requisitos do artigo 1.102a do CPC - Código de Processo Civil/1973 (art. 700 do CPC/2015), sendo cabível a ação
monitória. Súmula 247 do STJ.

3. In casu, estando presentes os documentos hábeis para a propositura da ação monitória, há de ser afastada a
alegação de inépcia da inicial, bem como, de carência da ação.

4. Importa notar o disposto no art. 397 do Código Civil: "O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu
termo, constitui de pleno direito em mora o devedor.".

5. E de acordo com a cláusula contratual décima terceira (fls. 15) que assim expressa: "São motivos de
vencimento antecipado da dívida e imediata execução deste contrato, bem como de todos os contratos de crédito
mantidos com a CAIXA, independentemente de notificação judicial ou extrajudicial, além dos casos previstos em
lei, a infringência de qualquer obrigação contratual, e, também, se o(s) CREDITADO(S) encontrar(em)-se em
insolvência civil, ficando a CAIXA autorizada a promover a cobrança judicial de todos os débitos mantidos com a
CAIXA, de forma consolidada e atualizada, independente de qualquer aviso ou notificação judicial ou
extrajudicial.".

6. Em vista da previsão legal e contratual, estando o devedor inadimplente, é admissível o vencimento antecipado
da dívida, sendo desnecessária a notificação judicial ou extrajudicial.

7. No sentido da licitude da cláusula que prevê o vencimento antecipado da dívida no caso de inadimplência da
prestação situa-se o entendimento do Superior Tribunal de Justiça. Precedente.

8. No caso em tela, o inadimplemento dos embargantes antecipou o vencimento da dívida, acarretando a mora ex
re, o que dispensa a notificação do devedor. Portanto, plenamente descabivel a alegação de não constituição em
mora.

9. No caso dos autos, o contrato foi firmado em 23/12/2013 e prevê expressamente a forma de cálculo dos juros.
Ainda que se entenda que o cálculo dos juros pela Tabela Price implica em capitalização, tratando-se de contrato
bancário firmado posteriormente à vigência da Medida Provisória nº 1.963-17, de 30/03/2000 (em vigor a partir da
publicação no DOU de 31/03/2000), por diversas vezes reeditada, a última sob nº 2.170-36, de 23/08/2001, ainda
em vigor por força do artigo 2º da Emenda Constitucional nº 32, de 11/09/2001, é lícita da capitalização dos juros,
nos termos do artigo 5º. Precedentes.

10. Com efeito, tendo em vista a cláusula contratual sexta, parágrafo primeiro (fl. 14) que prevê expressamente a
forma de apuração do saldo devedor com base em capital mais juros, portanto, a capitalização de juros, é lícita
sua incidência.

11. As instituições financeiras não estão sujeitas à limitação da taxa de juros, conforme entendimento de há
muito firmado pelo Supremo Tribunal Federal na Súmula 596.

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grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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12. No caso dos autos, não se verifica qualquer excesso ou abusividade nas cláusulas contratuais que fixam os
juros remuneratórios. Não há nos autos nada que indique que se trata de taxa que destoa das efetivamente
praticadas no Sistema Financeiro Nacional.

13. No sentido de que a mera estipulação de juros contratuais acima de 12% não configura abusividade, que
somente pode ser admitida em situações excepcionais, firmou-se a orientação do Superior Tribunal de Justiça.

14. Observa-se não haver qualquer irregularidade ou ilegalidade no contrato firmado entre as partes quanto aos
juros remuneratórios, uma vez que quando a parte ré contratou, sabia das taxas aplicadas e das consequências
do inadimplemento. Uma vez inadimplente, não podem agora ser beneficiada com taxas diferentes das
contratadas, devendo ser respeitado o princípio do pacta sunt servanda.

15. Apelação parcialmente conhecida, preliminares rejeitadas e, no mérito, recurso improvido.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2238428 / SP 0001361-24.2015.4.03.6138

2.3 Contrato pelo Sistema Financeiro de Habitação. Saldo residual. Aplicação pela TR. Ausente
cláusula que garanta o saldo residual de juros (cláusula de garantia que imputava a responsabilidade ao
Fundo de Compensação de Variações Salariais - FCVS), a responsabilidade pelo saldo devedor, após a
quitação da última parcela do principal, é do mutuário. O Supremo Tribunal Federal julgou
constitucionais normas da Lei nº 8.177/91, de modo que não houve proibição de ser utilizada a TR
como índice de correção, mas apenas impedimento à aplicação da TR no lugar de índices de correção
monetária estipulados em contratos antes da Lei nº 8.177/1991 [há julgado diverso quanto à incidência da
TR na correção de débitos da Fazenda na expedição de precatórios].
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. SFH. REVISÃO CONTRATUAL. PREVISÃO DE GARANTIA DO
SALDO DEVEDOR PELO FCVS: INEXISTENTE. RESPONSABILIDADE DO MUTUÁRIO PELO SALDO
DEVEDOR RESIDUAL. COBRANÇA DO CES: LEGALIDADE. ATUALIZAÇÃO DO SALDO DEVEDOR PELA TR:
LEGALIDADE. REAJUSTE DO PRÊMIO DE SEGURO: ABUSIVIDADE NÃO DEMONSTRADA. NORMAS DO
CDC: APLICABILIDADE. PROCEDIMENTO DE EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL PREVISTO NO DECRETO-LEI
70/1966: CONSTITUCIONALIDADE. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

1. Nos contratos de financiamento celebrados no âmbito do SFH em que não haja previsão de garantia de
cobertura do saldo devedor residual pelo Fundo de Compensação de Variações Salariais - FCVS, é do mutuário a
responsabilidade pelo seu pagamento. Precedente.

2. O Coeficiente de Equiparação Salarial - CES foi instituído pela Resolução 36/69 do Conselho de Administração
do extinto BNH, com amparo no artigo 29, inciso III, da Lei nº 4.380/1964, em razão da necessidade de se corrigir
distorções decorrentes da aplicação do Plano de Equivalência Salarial no reajuste das prestações, uma vez que,
por imposição legal, aplicava-se coeficiente de atualização diverso na correção do saldo devedor do valor
emprestado. Posteriormente, aludido Coeficiente foi normatizado por Resoluções do Banco Central do Brasil,
como as de n. 1.361, de 30 de julho de 1987, e 1.446, de 05 de janeiro de 1988.

3. É legítima a cobrança do CES, se há previsão no contrato firmado. Precedente.

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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4. O Supremo Tribunal Federal julgou procedente a ADIn nº 493/DF, para declarar a inconstitucionalidade dos
artigos 18, caput e parágrafos 1º e 4º; 20; 21 e parágrafo único; 23 e parágrafos; e 24 e parágrafos, todos da Lei
nº 8.177, de 01 de maio de 1991. Assim, não houve proibição de ser utilizada a TR como índice de correção, mas
apenas impedimento à aplicação da TR no lugar de índices de correção monetária estipulados em contratos antes
da Lei nº 8.177/1991. Precedente.

5. Sendo estabelecido em contrato o índice aplicável às cadernetas de poupança, é legítima a utilização da TR


como índice de correção monetária do saldo devedor, mesmo naqueles firmados anteriormente à vigência da Lei
nº 8.177/1991. Precedente.

6. O seguro habitacional encontra-se entre as obrigações assumidas contratualmente pelos mutuários e tem
natureza assecuratória, porquanto protege as partes envolvidas durante a vigência do contrato de mútuo que, em
regra, tem duração prolongada.

7. Não houve, por parte dos apelantes, demonstração da existência de abuso na cobrança do prêmio do seguro,
nem de que tenha havido qualquer discrepância em relação àquelas praticadas no mercado, não merecendo
reforma a sentença quanto a este ponto. Precedente.

8. Não se discute a aplicação das medidas protetivas ao consumidor, previstas no Código de Defesa do
Consumidor, aos contratos de mútuo habitacional vinculados ao SFH que não sejam vinculados ao FCVS e que
tenham sido assinados posteriormente à entrada em vigor da Lei nº 8.078/1990. Precedente.

9. Essa proteção, porém, não é absoluta e deve ser invocada de forma concreta, comprovando o mutuário
efetivamente a existência de abusividade das cláusulas contratuais ou de excessiva onerosidade da obrigação
pactuada. Não tendo os apelantes comprovado a existência de eventual abuso no contrato firmado, fica vedada a
revisão do contrato mediante mera alegação genérica nesse sentido.

10. A garantia do devido processo legal, consagrada no artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal de 1988, não
deve ser entendida como exigência de processo judicial. Por outro lado, o devedor não fica impedido de levar a
questão ao conhecimento do Judiciário, ainda que já realizado o leilão, caso em que eventual procedência do
alegado resolver-se-ia em perdas e danos.

11. O Decreto-lei nº 70/1966 foi recepcionado pela Carta de 1988. Precedentes.

12. Esse entendimento não exclui a possibilidade de medida judicial que obste o prosseguimento do procedimento
previsto no Decreto-lei nº 70/1966, desde que haja indicação precisa, acompanhada de suporte probatório, do
descumprimento de cláusulas contratuais, ou mesmo mediante contracautela, com o depósito à disposição do
Juízo do valor exigido, o que não ocorre no caso dos autos.

13. Apelação parcialmente conhecida e não provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2246028 / SP 0015140-68.2012.4.03.6100

2.4 Contrato pelo Sistema Financeiro de Habitação. Indenização por vícios de construção. Prazo
prescricional. Nas demandas objetivando indenização securitária em razão de vícios de construção do
imóvel objeto do mútuo habitacional, constatado o vício de construção e os danos contínuos e
permanentes ao imóvel, renova-se seguidamente a pretensão do beneficiário do seguro e, por conseguinte,
Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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o marco inicial do prazo prescricional. Considera-se irrompida a pretensão do beneficiário do seguro no


momento em que, comunicado o fato à seguradora, esta se recusa a indenizar.
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. SFH. INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA POR VÍCIOS DE
CONSTRUÇÃO. CONTRATO PRINCIPAL EXTINTO. IMPOSSIBILIDADE DE DETERMINAÇÃO DE MARCO
INICIAL. DANOS SURGIDOS DURANTE A VIGÊNCIA DO MÚTUO. ALTERAÇÕES NO PROJETO ORIGINAL
REALIZADAS PELOS MUTUÁRIOS. IMPOSSIBILIDADE DE CONSTATAÇÃO DOS VÍCIOS ALEGADOS.
RECURSO NÃO PROVIDO.

1. Os autores ajuizaram a presente ação com o escopo de condenar a parte ré a proceder à indenização
securitária por supostos danos a imóveis vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação - SFH, decorrentes de
vícios de construção.

2. Nas demandas objetivando indenização securitária em razão de vícios de construção do imóvel objeto do mútuo
habitacional, constatado o vício de construção e os danos contínuos e permanentes ao imóvel, renova-se
seguidamente a pretensão do beneficiário do seguro e, por conseguinte, o marco inicial do prazo prescricional,
considerando-se irrompida a pretensão do beneficiário do seguro no momento em que, comunicado o fato à
seguradora, esta se recusa a indenizar. Precedente.

3. Sendo contínuos os danos dessa natureza, a definição exata de um marco temporal para seu início não se
mostra possível. Bem assim, por se protraírem no tempo, o fato tão só de o contrato principal estar extinto não tem
o condão de eximir a seguradora da indenização por danos decorrentes de anomalias construtivas. Haveria,
apenas, de se perquirir se referidos danos estiveram presentes durante a vigência do contrato. Precedente.

4. No presente caso, a vistoria da perícia nos imóveis dos autores aponta mais para problemas relacionados à sua
má conservação e alteração dos projetos originais do que para anomalias construtivas, embora estas também se
façam presentes.

5. Especificamente quanto aos danos oriundos de vícios de construção, embora existentes, a conclusão da perícia
de engenharia não pôde ser taxativa, em razão das alterações no projeto original promovidas pelos apelantes.
Desse modo, não há como condenar a seguradora a indenizar os autores por vícios de construção cuja
constatação foi inviabilizada pela atuação dos próprios mutuários.

6. Apelação não provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2235780 / SP 0000484-60.2014.4.03.6125, 05/09/2017

2.5 Contrato pelo Sistema Financeiro de Habitação. Correção saldo devedor. Vedação de
capitalização. Tabela PRICE, SACRE e SAC. Desnecessidade de contratação de seguro. O sistema de
prévia correção do saldo devedor no procedimento de amortização é operação que se ajusta ao princípio
da correção monetária do valor financiado e não fere a comutatividade das obrigações pactuadas. Nos
contratos do SFH é vedada a capitalização de juros em qualquer periodicidade. Há possibilidade de
utilização da Tabela Price, bem como do SACRE e do SAC, para o cálculo das parcelas a serem pagas. O
mutuário não está obrigado a contratar seguro com o próprio agente financeiro ou por seguradora por este
indicada, sob pena de se caracterizar a "venda casada"

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. SFH. REVISÃO CONTRATUAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL: INOCORRÊNCIA. QUESTÃO NÃO VENTILADA NA PETIÇÃO INICIAL. CERCEAMENTO DE
DEFESA: INOCORRÊNCIA. SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE - SAC. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS:
INOCORRÊNCIA. CONTRATAÇÃO DE SEGURO HABITACIONAL: OBRIGATORIEDADE. IMPOSIÇÃO DE
SEGURADORA PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. CARACTERIZAÇÃO DE "VENDA CASADA". COBRANÇA
DE TAXA DE ADMINISTRAÇÃO: LEGALIDADE. NORMAS DO CDC: APLICABILIDADE. ABUSIVIDADE DAS
CLÁUSULAS CONTRATUAIS NÃO DEMONSTRADA. HONORÁRIOS RECURSAIS: NÃO CABIMENTO.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Não há falar em negativa de prestação jurisdicional, na medida em que a questão do valor total da primeira
prestação não foi ventilada na petição inicial. Ressalte-se que, nos termos dos artigos 128 e 460 do Código de
Processo Civil de 1973, vigente ao tempo em que proferida a sentença, a lide deve ser julgada nos limites em que
foi posta, em atenção ao princípio da adstrição do julgamento ao pedido. Precedente.

2. Em observância ao artigo 130 do Código de Processo Civil de 1973, vigente à época do decisum, deve
prevalecer a prudente discrição do magistrado no exame da necessidade ou não da realização de prova em
audiência, de acordo com as peculiaridades do caso concreto. Precedentes.

3. No caso dos autos, não há falar em cerceamento de defesa decorrente do julgamento antecipado da lide, na
medida em que a prova pericial mostra-se de todo inútil ao deslinde da causa, cuja questão principal é passível de
ser demonstrada mediante prova documental.

4. O sistema de prévia correção do saldo devedor no procedimento de amortização é operação que se ajusta ao
princípio da correção monetária do valor financiado e não fere a comutatividade das obrigações pactuadas, uma
vez que o capital emprestado deve ser remunerado pelo exato prazo em que ficou à disposição do mutuário.

5. Nos contratos celebrados no âmbito do SFH, é vedada a capitalização de juros em qualquer periodicidade.
Precedente.

6. Os mútuos inerentes ao SFH encontram previsão legal de amortização mensal da dívida (artigo 6°, "c", da Lei nº
4.380/1964). Dessa disposição decorre a possibilidade de utilização da Tabela Price - bem como do SACRE e do
SAC - para o cálculo das parcelas a serem pagas. Por esses sistemas de amortização, as prestações são
compostas de um valor referente aos juros e de outro valor, referente à própria amortização.

7. Utilizando-se o sistema SAC, as prestações e os acessórios são reajustados pelo mesmo índice que corrige o
saldo devedor, permitindo a quitação do contrato no prazo estipulado. Assim, quando as prestações são
calculadas de acordo com o SAC, os juros serão progressivamente reduzidos, de modo que sua utilização,
tomada isoladamente, não traz nenhum prejuízo ao devedor. Precedente.

8. Embora seja necessária a contratação do seguro habitacional, o mutuário não está obrigado a fazê-lo com o
próprio agente financeiro ou seguradora por este indicada, sob pena de se caracterizar a "venda casada", prática
vedada pelo ordenamento jurídico pátrio. Precedente.

9. A apólice anteriormente contratada gerou efeitos jurídicos, não sendo possível anulá-los, pois, como já
salientado, a cobertura é obrigatória e o mutuário dela usufruiu. Assim, a partir do trânsito em julgado, deve ser
facultado aos mutuários substituir a cobertura, mediante contratação de seguradora de sua escolha, preservando-
se os efeitos jurídicos da apólice anterior até a data da efetiva substituição securitária.

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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10. A cobrança da taxa de administração está prevista no item "D8" do quadro-resumo do contrato firmado. Assim,
tendo sido livremente pactuada, cabia aos autores demonstrar eventual abusividade na sua cobrança, ônus do
qual não se desincumbiram. Precedente.

11. Não se discute a aplicação das medidas protetivas ao consumidor, previstas no Código de Defesa do
Consumidor, aos contratos de mútuo habitacional vinculados ao SFH que não sejam vinculados ao FCVS e que
tenham sido assinados posteriormente à entrada em vigor da Lei nº 8.078/1990. Precedente.

12. Essa proteção, porém, não é absoluta e deve ser invocada de forma concreta, comprovando o mutuário
efetivamente a existência de abusividade das cláusulas contratuais ou de excessiva onerosidade da obrigação
pactuada.

13. No caso dos autos, os apelantes reputam abusivas as Cláusulas Sexta, Décima e Décima Primeira, que
tratam, respectivamente, da cobrança do encargo mensal, da amortização extraordinária e do saldo devedor
residual.

14. A questão relacionada à legalidade da cobrança dos seguros e taxas previstas no contrato já foi resolvida, de
sorte que não há abusividade da Cláusula Sexta.

15. No que tange à controvérsia quanto à correta forma de amortização, a correção do saldo devedor deve ocorrer
antes da amortização das prestações, a fim de que seja mantido o valor real do dinheiro emprestado. Precedente.

16. O mutuário é responsável pelo saldo devedor residual dos contratos não garantidos pelo FCVS. Precedente.

17. Não tendo os apelantes comprovado a existência de eventual abuso no contrato firmado, fica vedada a revisão
do contrato mediante mera alegação genérica nesse sentido.

18. Considerando que o recurso foi interposto sob a égide do CPC/1973 e, nos termos do Enunciado
Administrativo nº 7, elaborado pelo Superior Tribunal de Justiça para orientar a comunidade jurídica acerca da
questão do direito intertemporal, tratando-se de recurso interposto contra decisão publicada anteriormente a
18/03/2016, não é possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do artigo 85, § 11, do
CPC/2015.

19. Preliminares afastadas. Apelação parcialmente provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2242001 / MS 0005482-63.2011.4.03.6000, 05/09/2017

2.6 Contrato pelo Sistema Financeiro de habitação. Transferência de direitos em mútuo pelo SFH.
Legitimidade. A transferência de direitos relativos a contrato de mútuo regido pelo SFH requer a
interveniência de agente financeiro. Se a cessão de direitos sobre imóvel financiado no âmbito do
Sistema Financeiro da Habitação foi realizada após 25/10/1996, a anuência da instituição financeira é
indispensável. Para a instituição financeira credora, o que importa é que o financiamento seja pago até seu
termo final, não importando quem cumpra com a obrigação. Não se pode admitir que os cessionários
pleiteiem o reconhecimento da quitação do contrato em seu nome e, ao mesmo tempo, exijam o
reconhecimento da mutuária original como titular da avença, de acordo com sua conveniência.

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. SFH. LEGITIMIDADE PASSIVA DA SEGURADORA.


INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA POR SINISTRO DE MORTE DA MUTUÁRIA ORIGINAL. CESSÃO DE DIREITOS
COM SUB-ROGAÇÃO DA DÍVIDA HIPOTECÁRIA. AUSÊNCIA DE EXPRESSA ANUÊNCIA DO CREDOR.
ILEGITIMIDADE ATIVA DOS CESSIONÁRIOS PARA DISCUTIR O CONTRATO PRINCIPAL E O ACESSÓRIO.
RECURSO NÃO PROVIDO.

1. Ainda que o pedido inicial seja pela devolução dos valores pagos e reputados indevidos, seriam indevidos por
força do cabimento de indenização securitária, de sorte que a presença da seguradora no polo passivo se faz
necessária.

2. A transferência de direitos relativos a contrato de mútuo regido pelo SFH requer a interveniência obrigatória do
agente financeiro, com a consequente satisfação dos requisitos legais e regulamentares para a concessão do
financiamento ao cessionário.

3. A Lei nº 8.004/1990 exige a interveniência obrigatória da instituição financiadora para que a transferência surta
efeitos jurídicos, conforme se verifica de seu artigo 1º, tanto em sua redação original quanto na posteriormente
modificada pela Lei nº 10.150/2000.

4. Se a cessão de direitos sobre imóvel financiado no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação foi realizada
após 25/10/1996, a anuência da instituição financeira mutuante é indispensável para que o cessionário adquira
legitimidade ativa para demandar em juízo questões relacionadas às obrigações assumidas no contrato originário,
tanto para os contratos garantidos pelo FCVS como para aqueles sem referida cobertura. Precedente obrigatório.

5. O contrato de mútuo entabulado entre a CEF e Neusa de Lima Cataia, com a interveniência da Cooperativa
Habitacional dos Comerciários do Estado de São Paulo, data de 02/12/1996, tendo sido a dívida hipotecária sub-
rogada aos apelantes, por instrumento particular, sem expressa anuência da credora, em 23/02/2006.

6. Desse modo, nos termos da jurisprudência dotada de força vinculante, os cessionários não detêm legitimidade
ativa para discutir judicialmente as questões relacionadas aos contratos originários, sejam os principais, de
financiamento, sejam os acessórios, de seguro habitacional.

7. Os apelantes pretendem se beneficiar do óbito da mutuária original, ocorrido em 29/11/2008, para reaverem as
prestações pagas entre essa data e a data da quitação do imóvel, ao argumento de que o seguro habitacional
deveria quitar o contrato ante o sinistro de morte do mutuário.

8. Se as condições originais do mútuo devem ser mantidas após a sub-rogação da dívida hipotecária, a ponto de o
óbito da mutuária original obrigar a seguradora a dar quitação do contrato, mesmo após sua transferência, não
haveria sentido em dar a quitação do mútuo a terceiros, como fez a CEF ao cancelar a hipoteca que gravava o
imóvel.

9. Para a instituição financeira credora, o que importa é que o financiamento seja pago até seu termo final, não
importando quem cumpra com a obrigação. O que não se pode admitir é que os cessionários pleiteiem o
reconhecimento da quitação do contrato em seu nome e, ao mesmo tempo, exijam o reconhecimento da mutuária
original como titular da avença, de acordo com sua conveniência.

10. Apelação não provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2204170 / SP 0001905-59.2016.4.03.6111, 22/08/2017

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2.7 Contrato pelo Sistema Financeiro de Habitação. Atualização por SAC e Juros. Nos contratos
firmados pelo Sistema de Amortização Constante – SAC - não há capitalização de juros. O seguro
habitacional encontra-se entre as obrigações assumidas contratualmente pelos mutuários, e tem natureza
assecuratória.
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. REVISÃO CONTRATUAL.
REGULARIDADE DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS. REGULARIDADE DA EVOLUÇÃO DO DÉBITO.
RECURSO IMPROVIDO.

1. É assente na jurisprudência que nos contratos firmados pelo Sistema de Amortização Constante - SAC não se
configura a capitalização de juros. Precedentes.

2. O seguro habitacional encontra-se entre as obrigações assumidas contratualmente pelos mutuários, e tem
natureza assecuratória, pois protege as partes envolvidas durante a vigência do contrato de mútuo, que, em regra,
tem duração prolongada. Não houve, por parte do autor, demonstração da existência de abuso na cobrança do
prêmio do seguro. Cumpre consignar, ainda, que há previsão no contrato firmado quanto à possibilidade de
contratação de outra apólice de seguro habitacional, desde que contemple as coberturas mínimas e
indispensáveis previstas pelo Conselho Monetário Nacional.

3. Não se discute a aplicação das medidas protetivas ao consumidor previstas no CDC aos contratos de mútuo
habitacional vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação, porém tal proteção não é absoluta, e deve ser
invocada de forma concreta onde o mutuário efetivamente comprova a existência de abusividade das cláusulas
contratuais ou de excessiva onerosidade da obrigação pactuada.

4. Recurso conhecido em parte e, na parte conhecida, não provido.

AC - APELAÇÃO CÍVEL - 2233529 / SP 0005916-44.2015.4.03.6119, 22/08/2017

2.8 Alienação fiduciária. Consolidação da propriedade. Inafastabilidade do Judiciário. Purgação de


mora. Realizado o registro, não se impede o credor fiduciário de exercer o direito de dispor do bem, a não
ser por garantia. O devedor fiduciante pode acionar o Judiciário, ainda que já concretizado o registro,
desde que o faça com provas precisas. A credora pode prosseguir com os atos de expropriação, a não ser
que o devedor solicite os extratos atualizados e, no prazo de 5 dias, purgue a mora e pague as prestações
vincendas.
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA - PMCMV.
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE. PURGAÇÃO DA MORA
ANTERIORMENTE À ALIENAÇÃO DO IMÓVEL: POSSIBILIDADE. PURGAÇÃO DA MORA COMO CONDIÇÃO
PARA A SUSPENSÃO DOS ATOS DE EXPROPRIAÇÃO. RECURSO NÃO PROVIDO.

1. O imóvel descrito foi financiado pela autora no âmbito do PMCMV, mediante constituição de alienação fiduciária
de coisa imóvel, na forma da Lei nº 9.514/1997, consolidando-se a propriedade em favor da fiduciária Caixa
Econômica Federal em 07/04/2015.

2. Estando consolidado o registro, não é possível que se impeça o credor fiduciário de exercer o direito de dispor
do bem, que é consequência direta do direito de propriedade que lhe advém do registro.

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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Julgados desembargador HÉLIO NOGUEIRA

Período: 01/01/2017 a 31/01/2018

3. O devedor fiduciante não fica impedido de levar a questão ao conhecimento do Judiciário, ainda que já
concretizada a consolidação da propriedade em mãos do credor fiduciário, caso em que eventual procedência do
alegado resolver-se-ia em perdas e danos.

4. Tal entendimento não exclui a possibilidade de medida judicial que obste a consolidação da propriedade em
nome do credor fiduciário, desde que haja indicação precisa, acompanhada de suporte probatório, do
descumprimento de cláusulas contratuais, ou mesmo mediante contracautela, com o depósito à disposição do
Juízo do valor exigido.

5. É possível a realização do depósito dos valores devidos para se obstar a alienação do imóvel alienado
fiduciariamente, cuja propriedade foi consolidada à credora. Precedentes.

6. A reversão da consolidação da propriedade está condicionada à purgação da mora segundo os valores


atualizados fornecidos pela CEF, no prazo de cinco dias contados da entrega dos extratos, a fim de evitar eventual
abuso de direito, e sem prejuízo do pagamento das prestações vincendas.

7. A credora pode prosseguir com os atos de expropriação, estando a apelante ciente de que a possibilidade de
arrematação/adjudicação do imóvel somente estará suspensa se solicitar administrativamente os extratos do
débito atualizado e se, no prazo de cinco dias contados da entrega dos extratos, efetivamente purgar a mora,
prosseguindo, ainda, com o pagamento das prestações vincendas no tempo e modo contratados.

8. Apelação não provida.

AC - APELAÇÃO CÍVEL - 2241997 / SP 0001497-17.2015.4.03.6107, 05/09/2017

Veja também: AC - APELAÇÃO CÍVEL - 2233141 / MS 0002675-59.2014.4.03.6002, 05/09/2017

2.9 Instituições financeiras e o Código de Defesa do Consumidor. “Operações passivas” e


“ativas”. As instituições financeiras estão sujeitas ao CDC, com as exceções da definição do “custo das
operações ativas” e a “remuneração das operações passivas”, praticadas na intermediação. Mas a proteção
não é genérica. O consumidor deve comprovar o abuso concreto para fazer faz jus à revisão/anulação.
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO MONITÓRIA. CONTRATO PARTICULAR DE
CRÉDITO PARA FINANCIAMENTO DE AQUISIÇÃO DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO - "CONSTRUCARD".
APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. CABIMENTO. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS.
POSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO.

1. O Superior Tribunal de Justiça já firmou entendimento no sentido de que as instituições financeiras, como
prestadoras de serviços especialmente contemplados no artigo 3º, §2º, estão submetidas às disposições do
Código de Defesa do Consumidor, editando a Súmula 297: "O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às
instituições financeiras".

2. No mesmo sentido firmou-se o entendimento do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade n° 2.591-DF, DJ 29/09/2006, p. 31, assentando-se que "as instituições financeiras estão,
todas elas, alcançadas pela incidência das normas veiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor",
excetuando-se da sua abrangência apenas "a definição do custo das operações ativas e a remuneração das
operações passivas praticadas na exploração da intermediação de dinheiro na economia".

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
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3. Essa proteção, porém, não é absoluta e deve ser invocada de forma concreta, comprovando o mutuário
efetivamente a existência de abusividade das cláusulas contratuais ou de excessiva onerosidade da obrigação
pactuada.

4. No caso dos autos, os contratos foram firmados em 24/02/2011, 13/09/2011 e 02/12/2011 e preveem
expressamente a forma de cálculo dos juros. Ainda que se entenda que o cálculo dos juros pela Tabela Price
implica em capitalização, tratando-se de contrato bancário firmado posteriormente à vigência da Medida Provisória
nº 1.963-17, de 30/03/2000 (em vigor a partir da publicação no DOU de 31/03/2000), por diversas vezes reeditada,
a última sob nº 2.170-36, de 23/08/2001, ainda em vigor por força do artigo 2º da Emenda Constitucional nº 32, de
11/09/2001, é lícita da capitalização dos juros, nos termos do artigo 5º. Precedentes.

5. Com efeito, tendo em vista a cláusula contratual décima (fls. 13, 20 e 26) que prevê expressamente a forma de
apuração do saldo devedor com base em capital mais juros, portanto, a capitalização de juros, é lícita sua
incidência.

6. Apelação improvida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2229636 / SP 0008315-28.2014.4.03.6104

Veja também Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2144009 / SP 0000729-05.2012.4.03.6105, 05/09/2017

2.10 CEF. Cômputo de CVTA. Competência da justiça do trabalho. É da competência da Justiça do


Trabalho (art. 114, IX, CF) o julgamento de ação referente ao "complemento temporário variável de
ajuste ao piso de mercado" (CTVA) no salário de contribuição (FUNCEF).
PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA TERMINATIVA INDEVIDA. CEF. CTVA. FUNCEF. COMPETÊNCIA. JUSTIÇA
DO TRABALHO.

1. Indevida extinção do feito, sem resolução de mérito, pelo juízo federal.

2. O STJ entende que é da competência da Justiça do Trabalho (art. 114, IX, CF) o julgamento de ação que tenha
como objeto o cômputo, pela Caixa Econômica Federal (CEF), do "complemento temporário variável de ajuste ao
piso de mercado" (CTVA) no salário de contribuição (FUNCEF), de sorte que os autos devem ser remetidos à 2ª
Vara do Trabalho de Campinas.

3. Apelação provida.

AC - APELAÇÃO CÍVEL - 2067359 / SP 0002593-44.2013.4.03.6105, 22/08/2017

2.11 Saque bancário indevido. Dano moral - natureza. Presunção de dano. Fixação. Constatada a
irregularidade dos saques na conta do correntista, não há dano se a CAIXA providencia a restituição do
valor levantado em prazo inferior a 30 (trinta) dias. Nos casos de saques fraudulentos, é o bastante a
comprovação do evento lesivo para atribuir direito ao ofendido moralmente (dano moral in re ipsa). A
indenização por dano moral possui caráter dúplice, tanto punitivo quanto compensatório. Deve haver a
correta fixação com lastro na razoabilidade e no não-enriquecimento ilícito.
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APELAÇÃO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. SAQUE INDEVIDO. DANOS MATERIAIS.


COMPENSADOS NA VIA ADMINISTRATIVA. DANOS MORAIS. OCORRÊNCIA. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.
RECURSO PROVIDO PARCIALMENTE.

1. A CAIXA assumiu sua responsabilidade pela ocorrência do saque indevido, sobretudo no momento em que
restituiu, pela via administrativa, os valores debitados da conta do apelante, reconhecendo o equívoco assim como
o seu encargo em repará-lo.

2. Constatada a irregularidade dos saques efetuados na conta do correntista, a CAIXA providenciou a restituição
exata do valor levantado indevidamente em prazo inferior a 30 (trinta) dias. Logo, não vislumbra-se dano
patrimonial a ser recompensado.

3. Nos casos de saques fraudulentos, é o bastante a comprovação do evento lesivo para atribuir direito ao
ofendido moralmente. O C. Superior Tribunal de Justiça consolidou este entendimento, indicando nestes casos a
configuração do dano moral in re ipsa, ou seja, dano vinculado à própria existência do fato ilícito, cujos resultados
são presumidos. (STJ - REsp: 797689 MT 2005/0189396-6, Relator: Ministro JORGE SCARTEZZINI, Data de
Julgamento: 15/08/2006, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJ 11/09/2006).

4. A jurisprudência norteia e dá os parâmetros necessários à correta fixação da correspondente reparação, para


que seja arbitrada segundo o critério da razoabilidade e do não enriquecimento despropositado, com a valoração
do interesse jurídico ofendido e, num segundo momento, individualizando-o de acordo com as peculiaridades do
caso concreto. (REsp 1473393/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
04/10/2016, DJe 23/11/2016).

5. Considerando os indicadores supramencionados, o interesse jurídico lesado e as particularidades do caso


concreto, sobretudo a providência da CAIXA ao buscar dirimir as avarias sofridas pelo autor, ressarcindo-o
administrativamente em menos de um mês, arbitra-se o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) a título de danos
morais, quantia adequada para recompor os danos imateriais, seguindo os padrões adotados pela jurisprudência
bem como dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

6. Recurso de Apelação provido em parte.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2136838 / SP 0000562-11.2014.4.03.6107, 22/08/2017

Veja também: Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2164479 / SP 0020347-14.2013.4.03.6100, 22/08/2017

2.12 Contrato bancário. Comissão de permanência. Cumulação com encargos de mora. bis in idem.
Pode-se aplicar a “comissão de permanência”, mas sem cumulação com atualização monetária ou juros. A
cláusula já traz em seu cálculo a correção monetária, os juros remuneratórios e os encargos oriundos da
mora. Tratando-se de recurso interposto contra decisão publicada anteriormente a 18/03/2016, não é
possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais.
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO MONITÓRIA. CONTRATO DE LIMITE DE CRÉDITO
PARA AS OPERAÇÕES DE DESCONTO. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS: AUSÊNCIA DE EXPRESSA PREVISÃO
CONTRATUAL. CRITÉRIOS DE ATUALIZAÇÃO DO DÉBITO NOS TERMOS DO CONTRATO ATÉ O EFETIVO
PAGAMENTO. POSSIBILIDADE. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. EXCLUÍDA TAXA DE RENTABILIDADE.

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HONORÁRIOS RECURSAIS: NÃO CABIMENTO. VERBA SUCUMBENCIAL. POSSIBILIDADE. RECURSO


PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Tratando-se de contrato bancário firmado posteriormente à vigência da Medida Provisória nº 1.963-17, de


30/03/2000 (em vigor a partir da publicação no DOU de 31/03/2000), por diversas vezes reeditada, a última sob nº
2.170-36, de 23/08/2001, ainda em vigor por força do artigo 2º da Emenda Constitucional nº 32, de 11/09/2001, é
lícita da capitalização dos juros. Precedente.

2. Contudo, observa-se que no contrato que embasa a presente monitória não há pactuação de forma expressa de
capitalização dos juros. Assim, necessária a exclusão da capitalização dos juros dos cálculos referentes ao débito.

3. As Súmulas nº 30, nº 294 e nº 296 do Superior Tribunal de Justiça são claras ao reconhecer a legitimidade da
aplicação da comissão de permanência, uma vez caracterizada a inadimplência do devedor, contanto que não
haja cumulação com índice de atualização monetária ou taxa de juros.

4. A comissão de permanência, prevista na Resolução nº 1.129/1986 do BACEN, já traz embutida em seu cálculo
a correção monetária, os juros remuneratórios e os encargos oriundos da mora. Todavia, a autora embargada
pretende a cobrança de uma taxa variável de juros remuneratórios, apresentada sob a rubrica "taxa de
rentabilidade", à comissão de permanência.

5. Tanto a taxa de rentabilidade, como quaisquer outros encargos decorrentes da mora (como, v.g. multa ou juros
moratórios), não podem ser cumulados com a comissão de permanência, por configurarem verdadeiro bis in idem.
Precedentes.

6. No caso dos autos, o exame dos discriminativos de débito de fls. 82/166 revela que a atualização da dívida deu-
se pela incidência da comissão de permanência, acrescida de taxa de rentabilidade (composta da taxa "TR +
2,68% AM" ou "TR + 2,82% AM" ou "TR + 2,70% AM" ou "TR + 2,95% AM"), sem inclusão de juros de mora ou
multa moratória. Destarte, necessária a exclusão dos cálculos da taxa de rentabilidade que, conforme
anteriormente exposto não pode ser cumulada com a comissão de permanência. Portanto, de rigor a reforma da r.
sentença para manter a cobrança da comissão de permanência no período de inadimplência, excluída a taxa de
rentabilidade.

7. No tocante ao critério de atualização do saldo devedor com razão à CEF, uma vez que há posicionamento
desta Corte Regional no sentido de que a atualização da dívida deve ser feita nos termos do contrato até a data
do efetivo pagamento. Precedentes.

8. Assim, é de ser acolhida a pretensão da apelante a fim de que a atualização do saldo devedor seja realizada
nos moldes do contrato firmado entre as partes até o efetivo pagamento. Contudo, observa-se a exclusão da taxa
de rentabilidade.

9. Observa-se, ainda, nos termos do Enunciado Administrativo nº 7, elaborado pelo STJ para orientar a
comunidade jurídica acerca da questão do direito intertemporal, tratando-se de recurso interposto contra decisão
publicada anteriormente a 18/03/2016, não é possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais na
forma do art. 85, §11, do CPC/2015.

10. Por outro aspecto, em relação à verba de sucumbência, o art. 85 do Código de Processo Civil/2015 é claro ao
estabelecer que a sentença deverá condenar o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os
honorários advocatícios. Desse modo, em razão da sucumbência mínima da parte autora, condena-se a parte ré
ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação.

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11. Apelação parcialmente provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1993920 / SP 0015409-49.2008.4.03.6100

2.13 Dano moral. Indenização. Fixação. Natureza. A fixação deve observar o critério da razoabilidade
e do não enriquecimento despropositado. Valora-se o interesse jurídico ofendido e a individualização de
acordo com as peculiaridades do caso concreto. A indenização por dano moral possui caráter dúplice,
tanto punitivo do agente quanto compensatório em relação à vítima do dano.
PROCESSUAL CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE
PROTEÇÃO AO CRÉDITO. INDENIZAÇÃO ADEQUADA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MANUTENÇÃO.
RECURSO PROVIDO.

1. A jurisprudência norteia e dá os parâmetros necessários à correta fixação de indenização por danos morais,
para que seja arbitrada segundo o critério da razoabilidade e do não enriquecimento despropositado, com a
valoração do interesse jurídico ofendido e, num segundo momento, individualizando-o de acordo com as
peculiaridades do caso concreto. (REsp 1473393/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 04/10/2016, DJe 23/11/2016)

2. A indenização por dano moral possui caráter dúplice, tanto punitivo do agente quanto compensatório em
relação à vítima do dano, devendo esta receber uma soma que lhe compensem os constrangimentos sofridos, a
ser arbitrada segundo as circunstâncias, uma vez que não deve ser fonte de enriquecimento, nem por outro lado
ser inexpressiva.

3. Considerando os indicadores supramencionados, o interesse jurídico lesado e as particularidades do caso


concreto, como o período de negativação indevida (25 dias), a quantia apontada indevidamente (R$ 154,01) e o
fato da inscrição indevida atingir moralmente duas pessoas, entendo que o valor arbitrado é diminuto.

4. De rigor a majoração para R$ 5.000,00 (cinco mil reais), valor a ser dividido entre os autores, adequado para
recompor os danos imateriais sofridos por ambos os recorrentes, atendendo aos padrões adotados pela
jurisprudência, bem como aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade (AINTARESP 201600383730,
RAUL ARAÚJO, STJ - QUARTA TURMA, DJE DATA:13/05/2016).

5. Apelação provida.

AC - APELAÇÃO CÍVEL - 2055989 / SP 0000869-59.2010.4.03.6121, 05/09/2017

2.14 Dano moral. Indenização. Mero aborrecimento. É mero aborrecimento o simples


descumprimento contratual, ao qual se pretende caracterizar como dano moral.
CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. AGRAVO INTERNO. DANO MORAL. DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL.
INOCORRÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO.

1. A prova documental coligida aos autos leva a conclusão de que não estão presentes os elementos necessários
à responsabilização da agravada.

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2. Como bem mencionado pelo juízo de primeiro grau, não houve atraso no cumprimento do contrato pela ré. Na
verdade, a agravada agiu em conformidade com a Cláusula Terceira, V, do contrato celebrado com a recorrente.

3. Por outro lado, a agravante contribuiu diretamente para a ocorrência dos alegados aborrecimentos, ao realizar a
transferência eletrônica tardiamente, após as 16:00 (dezesseis) horas de uma sexta-feira. Ausente, assim, o
primeiro elemento da responsabilidade civil da ré: conduta ilícita.

4. Ainda que se entendesse descumprido o ajuste, o próprio Superior Tribunal de Justiça tem posição consolidada
que é mero aborrecimento o simples descumprimento contratual, ao qual se pretende aqui caracterizar como dano
moral. (AgRg no REsp 1444549/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em
08/05/2014, DJe 20/05/2014).

5. Não há que se falar em indenização, seja pela ausência do primeiro elemento da responsabilidade civil da ré, a
saber, conduta ilícita; seja pela inocorrência de qualquer dano à honra objetiva da agravante.

6. Agravo interno não provido.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1818303 / SP 0004190-75.2009.4.03.6109

2.15 Contrato pelo Sistema Financeiro de Habitação. Legitimidade da CEF. A CEF detém
interesse jurídico para ingressar na lide somente nos contratos celebrados de 02.12.1988 a 29.12.2009
e/ou se houver comprovação documental da vinculação do instrumento ao Fundo de Compensação de
Variações Salariais.
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. SFH. SEGURO HABITACIONAL. APÓLICE PRIVADA (RAMO
68). INTERESSE DA CEF. INEXISTÊNCIA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. RECURSO IMPROVIDO.

1. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento de Recurso Representativo de Controvérsia, consolidou o


entendimento no sentido de que a CEF detém interesse jurídico para ingressar na lide somente nos contratos
celebrados de 02.12.1988 a 29.12.2009 - período compreendido entre a edição da Lei nº 7.682/88 e da MP nº
478/90 - e se houver comprovação documental da vinculação do instrumento ao FCVS (apólice pública, ramo 66),
ainda que celebrado o concerto no lapso temporal mencionado. (EDcl nos EDcl no REsp 1091363/SC, Rel.
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
10/10/2012, DJe 14/12/2012).

2. No caso dos autos, não obstante a celebração do contrato de financiamento em 30/11/1997 (fls. 44/56), a CEF
apresenta documento da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo -
CDHU, informando que o contrato imobiliário está coberto por apólice privada (Ramo 68), cuja seguradora é a
Companhia Excelsior de Seguros, razão que justifica o desinteresse da instituição financeira no feito. (fls. 589/594)
Tal situação é possível, pois, com a edição da MP n. 1.671/98, normativo que possibilitou cobertura securitária
distinta da apólice pública, tornou-se viável a migração para apólices privadas e vice-versa, por ocasião de sua
renovação anual.

3. Assim, não consta dos autos elementos que apontem a natureza pública da apólice (Ramo 66), ao contrário, há
provas de sua natureza privada (Ramo 68), motivo pelo qual os autos devem ser remetidos à Justiça Estadual.

4. Recurso de Apelação não provido.

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Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2099022 / SP 0000012-93.2013.4.03.6125, 17/10/2017.

2.16 Contrato pelo Sistema Financeiro de Habitação. CEF. Amortização negativa. Aplicação da TR.
Juros sobre juros. A Caixa Econômica Federal é agente gestor especial do SFN passível de integrar lides
concernentes a contrato de empréstimo bancário. É válida a cláusula que possibilita a “amortização
negativa”, que ocorre quando há discrepância entre a correção monetária do saldo devedor e a
atualização das prestações mensais. Tal saldo fica em conta separada e é remunerada apenas a correção
monetária com capitalização anual. A cobrança de juros sobre juros é vedada nos contratos de
financiamento regulados pelo Sistema Financeiro de Habitação. É legítima a utilização da TR como
índice de correção monetária do saldo devedor, mesmo naqueles firmados anteriormente à vigência da Lei
nº 8.177/1991.
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. SFH. REVISÃO CONTRATUAL. LEGITIMIDADE PASSIVA DA
CEF. AMORTIZAÇÃO NEGATIVA. ELABORAÇÃO DE CONTA EM APARTADO: POSSIBILIDADE. NORMAS DO
CDC: APLICABILIDADE. RECURSO NÃO PROVIDO. FORMA DE AMORTIZAÇÃO DO SALDO DEVEDOR.
APLICAÇÃO DA TR COMO ÍNDICE DE REAJUSTE DO SALDO DEVEDOR: LEGALIDADE. PROCEDIMETNO
DE EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL PREVISTO NO DECRETO-LEI 70/1966: CONSTITUCIONALIDADE.
RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

1. A CEF é o ente responsável pela administração e gestão do Sistema Financeiro da Habitação, na qualidade de
agente financeiro, de forma a ser legitimado passivo para figurar nas ações revisionais do contrato de mútuo. O
contrato de cessão de depósitos, avençado entre a CEF e a EMGEA em nada modifica a legitimidade da primeira
para figurar no polo passivo da ação cujo objeto é a nulidade da execução extrajudicial do contrato do qual a nova
gestora não participou. Precedente.

2. A amortização negativa é fenômeno ocorre nos casos em que há discrepância entre o critério de correção
monetária do saldo devedor e a atualização das prestações mensais, de acordo com a variação salarial da
categoria profissional do mutuário, definidos no Plano de Equivalência Salarial - PES.

3. Se as prestações são corrigidas por índices inferiores àqueles utilizados para a atualização do saldo devedor,
há uma tendência, com o passar do tempo, de que o valor pago mensalmente não seja suficiente sequer para
cobrir a parcela referente aos juros, o que, por consequência, também não amortiza o principal, ocorrendo o que
se convencionou denominar amortização negativa.

4. Para se evitar tal situação, que onera por demais o mutuário, adotou-se a prática de se determinar a realização
de conta em separado quando da ocorrência de amortização negativa, incidindo sobre estes valores somente
correção monetária e sua posterior capitalização anual.

5. Não há dúvidas quanto à legitimidade dessa conduta, considerando-se que a cobrança de juros sobre juros é
vedada nos contratos de financiamento regulados pelo Sistema Financeiro de Habitação, mesmo que livremente
pactuada entre as partes contratantes, conforme dispõe a Súmula 121 do Supremo Tribunal Federal: "É vedada a
capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada". Precedente.

6. Não se discute a aplicação das medidas protetivas ao consumidor, previstas no Código de Defesa do
Consumidor, aos contratos de mútuo habitacional vinculados ao SFH que não sejam vinculados ao FCVS e que
tenham sido assinados posteriormente à entrada em vigor da Lei nº 8.078/1990. Precedente.
Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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7. A norma prevista no artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor não se aplica aos contratos de mútuo
habitacional vinculados ao SFH, em face da existência de legislação específica sobre o assunto. Desse modo, o
ressarcimento de valores eventualmente pagos a maior, no âmbito dos contratos vinculados ao SFH, dá-se por
meio da compensação com prestações vincendas ou da restituição do saldo remanescente, quando existente, nos
termos do artigo 23 da Lei nº 8.004/1990.

8. A correção do saldo devedor deve ocorrer antes da amortização das prestações, a fim de que seja mantido o
valor real do dinheiro emprestado. Precedente.

9. O Supremo Tribunal Federal julgou procedente a ADIn nº 493/DF, para declarar a inconstitucionalidade dos
artigos 18, caput e parágrafos 1º e 4º; 20; 21 e parágrafo único; 23 e parágrafos; e 24 e parágrafos, todos da Lei
nº 8.177, de 01 de maio de 1991. Assim, não houve proibição de ser utilizada a TR como índice de correção, mas
apenas impedimento à aplicação da TR no lugar de índices de correção monetária estipulados em contratos antes
da Lei nº 8.177/1991. A matéria encontra-se sumulada pelo Superior Tribunal de Justiça: Súmula 295: A Taxa
Referencial (TR) é indexador válido para contratos posteriores à Lei nº 8.177/91, desde que pactuada.

10. Sendo estabelecido em contrato o índice aplicável às cadernetas de poupança, é legítima a utilização da TR
como índice de correção monetária do saldo devedor, mesmo naqueles firmados anteriormente à vigência da Lei
nº 8.177/1991. Precedente.

11. A garantia do devido processo legal, consagrada no artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal de 1988,
não deve ser entendida como exigência de processo judicial. Por outro lado, o devedor não fica impedido de levar
a questão ao conhecimento do Judiciário, ainda que já realizado o leilão, caso em que eventual procedência do
alegado resolver-se-ia em perdas e danos.

12. É constitucional a execução extrajudicial prevista no Decreto-lei n° 70/1966. Precedentes.

13. Esse entendimento não exclui a possibilidade de medida judicial que obste o prosseguimento do
procedimento previsto no Decreto-lei nº 70/1966, desde que haja indicação precisa, acompanhada de suporte
probatório, do descumprimento de cláusulas contratuais, ou mesmo mediante contracautela, com o depósito à
disposição do Juízo do valor exigido, o que não ocorre no caso dos autos.

14. Preliminar afastada. Apelação da CEF não provida. Apelação da autora conhecida em parte e não provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2244097 / SP 0020426-27.2012.4.03.6100, DATA:26/10/2017

2.17 Inscrição do nome em cadastro de restrição de crédito. Dano moral in re ipsa. Critérios para
fixação. A inscrição indevida em cadastro de inadimplência configura do dano moral in re ipsa. A
jurisprudência dá os parâmetros à correta fixação da reparação, a fim de que seja arbitrada pela
razoabilidade pelo não enriquecimento sem causa, com a valoração do interesse jurídico ofendido e, num
segundo momento, individualizando-o de acordo com as peculiaridades do caso concreto.
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. EMPRÉSTIMO
CONSIGNADO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. CONDUTA ILÍCITA. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO
DE INADIMPLÊNCIA. CLAÚSULA ABUSIVA. ART. 51, IV E §1º, III, DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. RECURSO PROVIDO.

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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Período: 01/01/2017 a 31/01/2018

1. A responsabilidade civil das instituições financeiras é objetiva em face da submissão aos ditames do Código de
Defesa do Consumidor, conforme entendimento pacífico da jurisprudência pátria, inclusive sumulado pelo Superior
Tribunal de Justiça: "Súmula 297. O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras".

2. A Caixa Econômica Federal, como prestadora de serviços bancários, está sujeita ao regramento exposto na
legislação consumerista e, portanto, responsável objetivamente pelos danos causados aos usuários de seus
serviços.

3. A apelante contraiu empréstimo junto à CAIXA, cujo adimplemento das prestações seria efetuado através de
consignação na folha de pagamento. Não há dúvida que a falta de repasse pelo empregador dos valores
descontados do salário da autora causou a cobrança e inscrição da apelante em cadastro de restrição ao crédito.

4. Em face da abusividade da cláusula contratual (Cláusula Décima, Parágrafo Terceiro) e sua nulidade, a fim de
manter o equilíbrio entre as partes e garantir ao consumidor o restabelecimento da igualdade contratual, de se
concluir indevida a cobrança e a inscrição do nome da autora em órgão de proteção ao crédito.

5. O C. Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento, indicando que a inscrição indevida em cadastro
de inadimplência configura do dano moral in re ipsa, ou seja, dano vinculado à própria existência do fato ilícito,
cujos resultados são presumidos. De rigor acolher o pedido reparatório por danos morais.

6. A jurisprudência norteia e dá os parâmetros necessários à correta fixação da correspondente reparação, a fim


de que seja arbitrada segundo o critério da razoabilidade e do não enriquecimento despropositado, com a
valoração do interesse jurídico ofendido e, num segundo momento, individualizando-o de acordo com as
peculiaridades do caso concreto. (REsp 1473393/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 04/10/2016, DJe 23/11/2016)

7. Considerando o interesse jurídico lesado e as particularidades do caso concreto, como o período de


negativação indevida (09 meses) e o valor apontado (R$ 133,36), arbitra-se indenização no importe de R$
5.000,00 (cinco mil reais), valor adequado para recompor os danos imateriais sofridos, atendendo aos padrões
adotados pela jurisprudência bem como aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

8. Recurso de Apelação provido.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1565876 / SP 0005370-90.2008.4.03.6100, DATA:26/10/2017

Veja também: AC - APELAÇÃO CÍVEL - 1265086 / SP 0003580-76.2005.4.03.6100, 05/09/2017

2.18 Ação reivindicatória. Existência de ação possessória. O ajuizamento de Ação Possessória


(posse) anterior, objetivando a Reintegração do Imóvel, torna-se defeso o ajuizamento de ação petitória
(domínio).
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO REIVINDICATÓRIA C/C IMISSÃO NA POSSE. PROPOSITURA DE AÇÃO NA
PENDÊNCIA DE PROCESSO POSSESSÓRIO. ARTIGO 923 DO CPC/1973. IMPOSSIBILIDADE.

1. Trata-se de Ação de Reivindicatória c/c Ação de Enriquecimento Ilícito e Imissão na Posse com pedido de tutela
antecipada para determinar a desocupação do imóvel, situado à Rua Barão do Rio Branco, s/n, esquina com a
Rua Adão Adolfo, Cidade de Serrana, Ribeirão Preto, SP. Sustentou a Autora na petição inicial ser a legítima
proprietária dos imóveis objetos das matrículas nºs 9.505, 9.506, 9.339, 9.331 e 58.276, todos do Cartório de
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grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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Registro de Imóveis de Ribeirão Preto/SP e da matrícula n. 862.505, do Cartório de Registro de Imóveis de


Campinas/SP.

2. Afirmou que os aludidos imóveis integraram o patrimônio da União, porque a FEPASA teve o controle acionário
transferido para a União a partir de 02/01/98, conforme demonstra o Contrato de Venda e Compra de Capital
Social, celebrado no dia 23/12/1997, cuja formalização ocorreu em 29/05/98, nos termos do Decreto n. 2.502/98 e
nas Leis nºs 6.404/76 e 9.457/97. Argumentou a Autora na exordial que a Ação de Usucapião Extraordinário que
tramitou perante o MM. Juízo de Direito do Foro Distrital de Serrana/SP, (processo n. 225/98) foi julgada
improcedente e a sentença confirmada pelo E. Tribunal de Justiça de São Paulo (transitada em julgado). Já na
Ação de Reintegração de Posse (processo n. 0006204.82.2011.4.03.61.02, da 6ª Vara Federal de Ribeirão
Preto/SP) parte do imóvel pertence à União, mas o ocupante do imóvel, mesmo após o recebimento da
Notificação, se recusa a deixar o local. Por fim, defendeu a aplicação do artigo 1.228 do CC/2002, fls. 05/06.

3. Sobreveio sentença de extinção do processo, sem resolução do mérito, nos termos do artigo 267, inciso VII, do
CPC/1973. Não assiste razão à Apelante. No caso dos autos, a simples leitura da petição inicial revela que o pleito
formulado pela União nesta ação baseia-se, tão-somente, na alegação de domínio sobre a coisa, ao dispor que "...
no caso ora em tela, o imóvel ocupado é bem público dominial da União. Sua disponibilidade está disciplinada em
lei e qualquer ato atentatório ao regular exercício dos direitos decorrentes da propriedade, capaz de restringir os
poderes dela decorrente, será nulo, ineficaz e inepto a gerar qualquer efeito", fl. 08.

4. Trata-se, portanto, de ação petitória, ou seja, de reconhecimento de domínio e dessa forma, tendo em vista o
ajuizamento da Ação Possessória n. 0006204.82.2011.4.03.61.02, em curso perante a 6ª Vara Federal de
Ribeirão Preto/SP, proposta pela União em face do Réu (Orlando Paulino de Souza) ora Apelado, objetivando a
Reintegração do Imóvel, torna-se defeso à Autora o ajuizamento de ação petitória.

5. A própria Autora, ora Apelante, ao prestar esclarecimentos ao Juízo de Origem em atenção ao despacho de 76
informou que: "Melhor esclarecendo, o Réu na presente Ação, Sr. Orlando Paulino de Souza ocupa parte da área
da União que foi cedida à Prefeitura de Serrana e, ainda, uma parte da área que ele ocupa (irregularmente) vem
sendo ocupada por terceiros (Sr. Antonio Aparecido Selgato) - também irregularmente e é objeto de reintegração
daquela ação (0006204-82.2011.4.03.6102)", fl. 79.

6. Apelação improvida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1955156 / SP 0008383-52.2012.4.03.6102, 05/09/2017

2.19 Alienação fiduciária. Direito de propriedade. Efeitos do registro. Cientificação pessoal para
efeito de alienação. Estando consolidado o registro, não é possível que se impeça de exercer o direito de
dispor do bem, que é consequência direta do direito de propriedade que lhe advém do registro.
Consolidada a propriedade em nome do credor fiduciário, a relação obrigacional decorrente do referido
contrato se extingue com a transferência do bem. É necessária a intimação pessoal para o fim de leiloar
o imóvel, mas é legítima a cientificação mediante editais quando frustrada a tentativa de notificação
pessoal.
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. MÚTUO COM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA.
CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE EM NOME DO CREDOR FIDUCIÁRIO. VALIDADE DO PROCEDIMENTO.

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INTIMAÇÃO PESSOAL PARA CIÊNCIA DA REALIZAÇÃO DE LEILÃO: NECESSIDADE. IMÓVEL NÃO


ARREMATADO. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. A propriedade do imóvel descrito na matrícula nº 65.890, Livro nº 2 - Registro Geral do 14º Cartório de Registro
de Imóveis de São Paulo/SP, consolidou-se em favor da fiduciária Caixa Econômica Federal em 31/07/2015,
consoante a Averbação nº 7.

2. Estando consolidado o registro, não é possível que se impeça a apelada de exercer o direito de dispor do bem,
que é consequência direta do direito de propriedade que lhe advém do registro.

3. Nos termos do artigo 252 da Lei nº 6.015/1973 "o registro, enquanto não cancelado, produz todos os seus
efeitos legais ainda que, por outra maneira, se prove que o título está desfeito, anulado, extinto ou rescindido",
sendo o cancelamento feito apenas em cumprimento de decisão judicial transitada em julgado, nos termos do
artigo 250, inciso I do referido diploma legal. Ademais, a referida Lei de Registros Públicos prevê, para a hipótese
dos autos, o registro da existência da ação, na forma do artigo 167, I, 21, para conhecimento de terceiros da
possibilidade de anulação do registro.

4. Consolidada a propriedade em nome do credor fiduciário, a relação obrigacional decorrente do referido contrato
se extingue com a transferência do bem. Precedentes.

5. No caso dos autos, o procedimento de consolidação da propriedade observou todas as regras legais. Com
efeito, a documentação juntada aos autos demonstra que a apelante foi devidamente intimada para purgar a mora,
sob pena de consolidação da propriedade em nome da credora fiduciária, tendo decorrido o prazo legal sem que a
providência fosse tomada.

6. No que respeita à notificação pessoal para ciência das datas designadas para leilão do imóvel retomado, é
necessária a intimação pessoal, sendo legítima a cientificação do interessado mediante editais somente quando
frustrada a tentativa de notificação pessoal do devedor por meio do Cartório de Título e Documentos.
Precedentes.

7. A intimação dos leilões do imóvel em questão deu-se unicamente por meio de editais, sem a prévia tentativa de
notificação pessoal da apelante. Não obstante, o imóvel ocupado pela apelante não obteve lances por ocasião do
primeiro e segundo leilão realizados, de sorte que não há prejuízos decorrentes da realização dos certames.

8. Como o procedimento de consolidação da propriedade foi hígido, não há o que ser anulado, havendo a credora
de observar tão somente a providência da notificação pessoal quanto às datas designadas para futuros leilões,
sob pena de anulação de eventual arrematação.

9. Apelação parcialmente provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2235642 / SP 0017403-34.2016.4.03.6100, 05/09/2017

3 DIREITOS HUMANOS

3.1 Anistia política. Reparação. Licenciamento compulsório militar. Ilegalidade presumida. O


advento da Lei 10.559/2002 importou a renúncia do poder público ao prazo prescricional. A Constituição
Federal não exime o interessado do dever de comprovar o ilícito. A Portaria nº 1.104 GM3/64 teve

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objetivo punitivo aos militares por participação em movimentos pró-regime anterior. Mas esta portaria
não enseja a conclusão de que todo o licenciamento caracterize “ato de exceção”. Não há ilegalidade
presumida quanto aos militares que ingressaram já na vigência da Portaria nº 1.104 GM3/64.
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. MILITAR. PLEITOS DE RECONHECIMENTO DA CONDIÇÃO DE
ANISTIADO POLÍTICO E DE REPARAÇÃO ECONÔMICA. ART. 8º ADCT C.C. LEI 10.559/2002. PRESCRIÇÃO
NÃO CONSUMADA. PORTARIA Nº 1.104-GM3/64. INGRESSO NA FORÇA AÉREA BRASILEIRA APÓS A
EDIÇÃO DA PORTARIA. LICENCIAMENTO POR MOTIVO DE CONCLUSÃO DO TEMPO DE SERVIÇO.
INEXISTÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA MOTIVAÇAO POLÍTICA PARA O ATO DE DESLIGAMENTO.
APELAÇÃO DESPROVIDA.

1. Apelação interposta pelo autor contra sentença que julgou improcedentes os pedidos iniciais de a)
reconhecimento de condição de anistiado político e concessão de reparação econômica de caráter indenizatório;
b) reintegração ao serviço ativo militar da Força Aérea Brasileira e transferência para a reserva remunerada, na
graduação de suboficial, com os proventos de segundo-tenente, retroativos ao ano de 1988; c) contagem do
tempo em que esteve compelido ao afastamento de suas atividades profissionais como militar e d) declaração da
graduação ou posto equivalente à reparação econômica, nos termos do art. 269, I, CPC. Condenado o autor ao
pagamento de honorários advocatícios de dez por cento do valor da causa, observada a gratuidade de justiça.

2. O entendimento pacificado nos tribunais é de que o advento da Lei 10.559/2002, regulamentando a anistia aos
perseguidos políticos pelo regime de exceção no Brasil, consoante artigo 8º da ADCT, importou a renúncia do
poder público ao prazo prescricional. Prescrição não consumada, considerando que a presente ação restou
ajuizada em 03.11.2004.

3. O reconhecimento da condição de anistiado político e a reparação econômica vinculada aos atos de supressão
de direitos praticados em regime de exceção no Brasil, pleitos recursais, demandam a compreensão do cenário
constitucional descortinado com a Constituição Federal de 1988, de evidente intuito de correção da violência
dirigida a direitos e garantias dos cidadãos.

4. A Constituição Federal de 1988 abre caminhos para a reparação das ilegalidades, admitindo a existência de
atos arbitrários cometidos em regime de exceção, mas não exime do postulante à indenização a comprovação do
atingimento de sua órbita jurídica.

5. A edição da Portaria nº 1.104 GM3, expedida pelo Senhor Ministro da Aeronáutica em 12 de outubro de 1964,
teve objetivo punitivo aos militares em serviço ativo na ocasião, por participação em movimentos pró-regime
anterior, e nesse entendimento, surge a ideia de reparação, com legitimidade e interesse a pleitear a restauração
de direitos tendo a anistia por fundamento.

6. A mera previsão na Portaria nº 1.104-GM3/64 de licenciamento do militar por término do tempo de serviço, não
enseja a conclusão que o licenciamento caracterize ato de exceção.

7. Aos militares que ingressaram já na vigência da Portaria nº 1.104 GM3/64, o posicionamento de nossos
tribunais é consolidado pela inexistência de flagrante violação de direitos, e do cunho persecutório e punitivo que
motivou a edição do ato, porquanto dispunham do conhecimento das normas que regulavam suas relações com a
Aeronáutica, inclusive do licenciamento por conclusão de tempo de serviço. Precedentes do STF e do STJ.

8. O autor foi incorporado ao serviço da Força Aérea Brasileira em 18.01.1971 e licenciado em 17.01.1979, em
virtude da conclusão de tempo de serviço.

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9. Da análise do conjunto probatório não exsurge qualquer indício de desligamento do serviço militar por
motivação política, de cunho persecutório e punitivo. Registre-se que o autor recebeu a menção de "ótimo
comportamento", a contar de 18.01.1978, também a evidenciar a inocorrência de perseguição hierárquica por
motivação política.

10. Apelação desprovida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1326205 / SP 0030414-53.2004.4.03.6100, 05/09/2017

4 DIREITO PENAL

4.1 Crime contra a Ordem tributária. Sonegação de IRPJ, PIS, COFINS e CSLL. Concurso
formal x crime único. Quando os réus, mediante uma única conduta, omitem do conhecimento do Fisco
um único fato econômico ocorre Crime único.
PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA ORDEM TRIBUTÁRIA. ARTIGO 1º, INCISO I, DA LEI Nº
8.137/90. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. DOLO. INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
NÃO DEMONSTRADA. DOSIMETRIA. PENA-BASE MANTIDA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. ELEVADO VALOR
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SONEGAÇÃO IRPJ, PIS, COFINS E CSLL. CRIME ÚNICO. CONCURSO FORMAL
AFASTADO. VALOR UNITÁRIO DO DIA-MULTA MODIFICADO. BTN. ÍNDICE EXTINTO. RECURSO DA
DEFESA PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Réus condenados pela prática do delito previsto no artigo 1º, inciso I, da Lei n.º 8.137/90 por terem omitido
rendimentos tributáveis da autoridade fazendária, na qualidade de responsáveis legais de pessoa jurídica, entre
janeiro de 2005 a dezembro 2005. Movimentação bancária injustificada.

2. Materialidade e autoria comprovadas.

3. Dolo. Inexigibilidade de conduta diversa não demonstrada. As provas documentais colacionadas não são
irrefragáveis, nem amplamente comprobatórias de graves e contundentes dificuldades financeiras supostamente
experimentadas pela empresa, no período indicado na denúncia. Não foram acostados aos autos documentos
atinentes à falência da empresa que pudessem, eventualmente, atestar que a respectiva "quebra" decorreu de
fato de dificuldades financeiras intransponíveis. Dificuldades financeiras não comprovadas. Ademais, incabível a
tese de exclusão de culpabilidade nos casos envolvendo sonegação fiscal, prevista no art. 1º da Lei nº 8.137/90.
Precedente.

4. Decreto condenatório mantido.

5. Dosimetria. Pena-base. Afastada a circunstância judicial desfavorável em relação aos maus antecedentes.
Súmula n. 444 do Superior Tribunal de Justiça. Mantida a pena base acima do mínimo legal em razão do elevado
valor do crédito tributário (R$ 11.436.137,47 - onze milhões, quatrocentos e trinta e seis mil, cento e trinta e sete
reais e quarenta e sete centavos).

5. Sonegação de quatro tributos: IRPJ, PIS, COFINS e CSLL. Situação fática narrada na denúncia e esclarecida
pela leitura dos autos de infrações é que os réus, mediante uma única conduta, omitiram do conhecimento do
Fisco um único fato econômico - receita evidenciada pela movimentação financeira não justificada - que, por sua

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vez, dá origem ao fato gerador de vários tributos. Crime único. Concurso formal afastado. Precedentes desta
Corte Regional.

6. A fixação pena de multa deve seguir o mesmo critério da pena privativa de liberdade. O índice do Bônus do
Tesouro Nacional - BTN fixado na sentença foi extinto pelo artigo 3º da Lei nº 8.177/91. Aplicação ao caso o
disposto nos artigos 49, §1º, e 60 do Código Penal.

7. Fixados regime inicial de cumprimento de pena no aberto e substituída a pena privativa de liberdade por duas
restritivas de direitos, embora existente uma circunstância judicial desfavorável aos réus, por serem pertinentes e
suficientes à prevenção e repressão do delito.

8. Recuso da defesa provido em parte.

Ap. - APELAÇÃO CRIMINAL - 54846 / SP 0001917-67.2010.4.03.6181

4.2 Crime de apropriação indébita previdenciária. Dolo genérico x dolo específico. Policial civil e
circunstâncias judiciais. Reiteração e crime continuado. O dolo no crime de apropriação indébita
previdenciária resta caracterizado com a vontade de não repassar ao INSS as contribuições recolhidas
dentro do prazo e forma legais, não se exigindo o animus rem sibi habendi. Culpabilidade exacerbada
por se tratar de policial civil. Conduta delitiva perpetrada de forma reiterada, por diversas competências,
visando a crimes de mesma espécie, com semelhança das condições de tempo, lugar e maneira de
execução, caracteriza crime continuado.
PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. APROPRIAÇÃO DE INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. SONEGAÇÃO DE
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. DOLO. PENA-BASE.
CONTINUIDADE DELITIVA. APELAÇÃO DESPROVIDA.

1. Apelação da defesa contra sentença que condenou o réu como incurso no artigo 168-A, §1º, I, c.c. o artigo 71,
ambos do Código Penal, em concurso material com o crime do artigo 337-A, I, c.c. o artigo 71, também do Código
Penal.

2. Capitulação dos fatos. A NFLD 37.135-293-2 trata apenas do crime de apropriação de contribuição
previdenciária, pois cuida de valores descontados dos empregados, devidamente declarados na GFIP, não
recolhidos aos cofres públicos, não havendo que se falar em omissão de informação. Já a NFLD 37.135.295-9
trata efetivamente o crime de sonegação de contribuição previdenciária, pois, consoante o relatório, refere-se a
valores de contribuições de segurados empregados declarados em Relatórios Anuais de Informações Sociais
(RAIS), porém que não foram informados nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência
Social - GFIP, amoldando-se perfeitamente ao inciso III do artigo 337-A do CP, que trata da supressão e redução
de contribuição previdenciária, mediante a omissão parcial de remunerações pagas.

3. Materialidade e autoria delitiva comprovadas.

4. O dolo no crime de apropriação indébita previdenciária, conforme pacificado pelo E. Superior Tribunal de
Justiça, resta caracterizado com a vontade de não repassar ao INSS as contribuições recolhidas dentro do prazo e
forma legais, não se exigindo o animus rem sibi habendi. Prescindível é a demonstração do dolo específico como
elemento essencial do tipo inscrito no artigo 168-A do Código Penal, ou seja, para a configuração do delito basta
que o agente tenha descontado dos salários dos trabalhadores os valores que estes estão obrigados a contribuir
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para a Previdência Social e deixado de repassá-los à Autarquia na época própria, o que aconteceu no caso ora
posto.

5. Não preenchimento dos requisitos do artigo 168-A, §§ 2º e 3º e artigo 337-A, §§ 1º e 2º, do CP.

6. Dosimetria da pena. O acusado ostenta maus antecedentes por conta de condenação transitada em julgado por
fato criminoso praticado antes do objeto da presente ação penal. A culpabilidade do agente é exacerbada,
considerado que, na condição de policial civil aposentado, mostrou desprezo com as obrigações legais
trabalhistas e tributárias, tendo o próprio acusado afirmado que procurava contratar empregados sem registro em
carteira para não pagar as obrigações legais. O valor elevado do débito constitui consequência do crime que
merece maior reprovabilidade. Precedentes.

7. Considerando que a conduta delitiva foi perpetrada de forma reiterada por diversas competências e tendo em
vista a ocorrência de crimes de mesma espécie, além da semelhança das condições de tempo, lugar e maneira de
execução, revela-se imperioso o reconhecimento do crime continuado.

8. Apelação da defesa desprovida.

Ap. - APELAÇÃO CRIMINAL - 53606 / SP. 0003420-04.2008.4.03.6114

4.3 Principio da correlação. Princípio da bagatela - limite. Materialidade e prova pericial.


Consunção. Antecedentes e inquéritos. Não há violação ao princípio da correlação entre a denúncia e a
sentença em discrepância entre as datas de recebimento de benefício. O STJ diz que o parâmetro para
aplicação do princípio da insignificância para os crimes tributários é o valor de R$ 10.000,00 (dez mil
reais) de acordo com a Lei nº 10.522/2002 [já revertido para 20.000, acompanhando o STF nos termos da
portaria MF, vide REsp 1.688.878 e REsp 1.709.029, em março de 2018!]. É desnecessária prova pericial
para a comprovação da materialidade do delito, quando essa restar suficientemente comprovada por
outros elementos de prova. Pode haver consunção por absorção do crime de uso de documento falso pelo
crime de estelionato. É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar
a pena-base.
PENAL. ARTIGO 171 , § 3 º, DO CÓDIGO PENAL. ARTIGO 304, C.C. 297, AMBOS DO CÓDIGO
PENAL. CORRELAÇÃO ENTRE A DENÚNCIA E SENTENÇA. PRELIMINAR REJEITADA.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. LAUDO PERICIAL.
DESNECESSIDADE. ARTIGO 155, CPP. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS.
DOLO COMPROVADO. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. DOSIMETRIA DA PENA. RECURSO DA
DEFESA PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO DA ACUSAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Não há que se falar em violação ao princípio da correlação entre a denúncia e a sentença em razão de
uma eventual discrepância entre as datas em que foram recebidas as prestações do benefício e as datas
descritas na denúncia, uma vez que a acusação descreve de forma detalhada os fatos delituosos e as
circunstâncias de tempo e lugar em que ocorreram, permitindo aos Réus e seus Ilustres Defensores o
conhecimento dos fatos imputados e o pleno exercício do direito de defesa.

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2. No que tange ao crime de bagatela, o valor do prejuízo causado ao Instituto Nacional do Seguro Social
era de aproximadamente R$ 24.777,40 (vinte e sete mil, setecentos e setenta e sete reais e quarenta
centavos) em 01/2007 (fls. 80), o que, por si só, já afasta a aplicabilidade do princípio da insignificância
ao caso concreto, eis que o Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que o parâmetro para
aplicação do princípio da insignificância para os crimes tributários é o valor de R$ 10.000,00 (dez mil
reais) de acordo com a Lei nº 10.522/2002. Inaplicabilidade do aludido princípio ainda na hipótese de
estelionato perpetrado contra a Previdência Social. Precedentes.

3. Tampouco há que se falar em ofensa ao disposto no artigo 155, do Código de Processo Penal, uma vez
que as provas produzidas administrativamente e na fase inquisitorial que foram utilizadas pelo Juízo a
quo para a formação de sua convicção são documentais e foram amplamente corroboradas pela prova
testemunhal produzida em Juízo. Ademais, referidas provas foram submetidas ao crivo do contraditório e
a defesa não trouxe qualquer elemento que pudesse eivar de dúvida a sua validade ou contrariar o seu
teor.

4. A autoria e a materialidade do delito restaram devidamente comprovadas através do Relatório de


Informações fornecido pelo INSS (fls. 78/80), pelo Ofício 22/2007 do Cartório de Registro Civil da
Comarca de Porecatu-PR (fls. 107), pelo auto de prisão em flagrante (fls. 228/239), pelo Laudo de Exame
Documentoscópico-Grafotécnico (fls. 260/268), do processo de concessão do benefício de pensão por
morte (fls. 01/119 - autos em apenso), em especial das certidões de óbitos (fls. 07 e 80, dos autos em
apenso) e das informações prestadas pelos respectivos cartórios relatando a falsidade das certidões (fls. 61
e 112 dos autos em apenso), dos depoimentos prestados, tanto na fase inquisitorial (fls. 183/185, 190,
207/209), quanto em Juízo (mídias de fls. 395, 414 e 519) e dos interrogatórios dos réus (mídia de fls.
541).

5. A jurisprudência emanada por nossas Cortes Superiores e por essa Corte Regional é firme no sentido
da desnecessidade de prova pericial para a comprovação da materialidade do delito, quando essa restar
suficientemente comprovada por outros elementos de prova, caso dos autos.

6. A corré Mariquinha Melo da Silva encaminhou-se pessoalmente à Agência do Instituto Nacional do


Seguro Social com o fim de obter benefício previdenciário, munida dos formulários de requerimento do
benefício de pensão por morte e dos diversos documentos necessários, em especial uma certidão de óbito
de seu esposo vivo, não se podendo falar que teria agido sem dolo, considerando que o teor de uma
certidão de óbito é de conhecimento notório e por todos conhecido.

7. Ademais, instada pela Autarquia Previdenciária a apresentar defesa no que se refere à falsidade da
certidão de óbito, a ré demonstra claramente sua vontade livre e consciente no sentido de continuar
usufruindo do benefício previdenciário indevido apresentando nova certidão de óbito espúria, o que afasta
por completo as alegações de ausência de dolo.

8. Por sua vez, o réu Dionísio Veiga de Paula, afeito às rotinas e procedimentos existentes na Agência do
INSS de Jaboticabal-SP (como se depreende do testemunho de O. O. G. J. - fls. 207/211 e mídia de fls.
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395), foi o responsável pelo preenchimento dos formulários de requerimento do benefício de pensão por
morte e termo de responsabilidade, bem como teria fornecido, por duas vezes, certidões de óbito falsas,
sendo importante destacar que foi o responsável pelo recebimento da correspondência do INSS para a
apresentação de defesa ou regularização de documentos, o que determinou a apresentação de um
documento falso, do que se pode aferir claramente seu dolo para o cometimento do delito.

9. No que se refere às alegações Defensivas de que a inexistência do dolo se consubstanciaria na ausência


de provas de que o Apelante pretendia de obter vantagem para si, a simples leitura do tipo penal em
discussão já permite afastá-las, considerando que incide na pratica do delito descrito no artigo 171, § 3º,
quem obtém, para si ou para outrem, vantagem indevida em detrimento de entidade de direito público.

10. Ademais, ainda que assim não fosse, resta claro dos autos que o apelante Dionísio Veiga de Paula
receberia um percentual dos valores recebidos pela ré Mariquinha Melo da Silva, como se depreende de
seu interrogatório de fls. 541, quando afirma que o benefício foi cortado antes que os responsáveis para
viabilizar a concessão recebessem o combinado.

11. Essa Egrégia Corte tem entendido que cabe à defesa, nos termos do artigo 156 do CPP - Código de
Processo Penal, a comprovação das alegações de que o agente teria agido sem dolo para o cometimento
do delito, especialmente nos casos em que o conjunto probatório se mostra firme quanto à existência da
autoria, da materialidade e do dolo do agente, como no caso concreto.

12. No que tange à aplicabilidade do princípio da consunção, resta patente, no caso dos autos, que houve
a absorção do crime de uso de documento falso pelo crime de estelionato quando da apresentação da
primeira certidão de óbito espúria, com o fim de obter irregularmente benefício previdenciário, nos
termos da Sumula 17, do Superior Tribunal de Justiça.

13. Por sua vez, a apresentação de uma segunda certidão de óbito falsa, após a notificação intimação do
INSS para apresentar defesa ou regularizar a documentação, consubstancia-se em uma conduta autônoma,
não passível de aplicação do princípio da consunção, eis que praticada após o delito de estelionato já
restar consumado e denota claramente a finalidade de não só continuar a receber o benefício indevido,
mas também acobertar a conduta anteriormente praticada, garantindo assim a sua impunidade, do que se
pode afirmar que a lesividade do falso não se exauriu no crime de estelionato.

14. Considerando que os delitos ocorreram de forma autônoma, com dolos distintos e em situação de
tempo diversas, cumpre aplicar o disposto no artigo 69, do Código Penal, no que tange ao concurso de
crimes.

15. A teor da súmula 444, do Superior Tribunal de Justiça, "é vedada a utilização de inquéritos policiais e
ações penais em curso para agravar a pena-base", razão pela qual a eventual existência de inquéritos
policiais ou ações penais em andamento não podem ser consideradas em desfavor dos réus.

16. Recurso da acusação e recursos das defesas parcialmente providos.

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ACR - APELAÇÃO CRIMINAL - 57533 / SP 0009230-30.2007.4.03.6102, 05/09/2017

4.4 Crimes contra a ordem tributária. Sonegação fiscal. Delito material. Esgotamento da seara
administrativa – constituição definitiva. O crédito tributário deve estar definitivamente constituído
quando do recebimento da denúncia em crimes contra a ordem tributária previstos no art. 1º, inc. I, Lei nº.
8.137/90, sob pena de nulidade.
PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. ARTIGO 1º, I,
DA LEI Nº 8.137/90. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A AÇÃO PENAL. CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO POSTERIOR AO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. SÚMULA N. 24 DO STF. VÍCIO
INSANÁVEL. NULIDADE DO PROCESSO DECLARADA DE OÍFIO. RECURSOS DAS DEFESAS
PREJUDICADOS.

1. Réus denunciados e condenados pela prática do delito previsto no artigo 1º, I, da Lei n. 8.137/90, §1º, do
Código Penal.

2. Quando do recebimento da denúncia, o crédito tributário em questão não se encontrava definitivamente


constituído, o que representa vício insanável a ensejar nulidade. Entendimento jurisprudencial contra o
recebimento da denúncia antes do exaurimento da via administrativa consolidado com a superveniência da
Súmula Vinculante n. 24 do Supremo Tribunal Federal. Processo anulado, de ofício, desde o recebimento da
denúncia, inclusive. Precedentes desta Corte e dos Tribunais Superiores.

3. Recursos das defesas prejudicados.

ACR - APELAÇÃO CRIMINAL - 53351 / SP 0005024-59.2001.4.03.6109, 05/09/2017

4.5 Crime de Moeda falsa. Falsidade e Princípio da Insignificância. Crime de conteúdo variado
alternativo. A constatação do dolo, nos casos em que o agente nega o conhecimento da falsidade, deve
ser feita de acordo com as circunstâncias em que se deu a sua apreensão/introdução em circulação. Não é
cabível o princípio da insignificância ao crime de moeda falsa, pois a introdução da moeda em circulação
possui, por si, potencialidade lesiva. A aferição da lesividade não ocorre pelo número de notas
apreendidas ou valor em posse do agente ou pelo valor da cédula, vez que o crime não é de natureza
patrimonial. As várias condutas descritas, se praticadas em uma mesma oportunidade, constituem crime
único.
PENAL. MOEDA FALSA. ARTIGO 289, PARÁGRAFO 1º, DO CÓDIGO PENAL.
MATERIALIDADE E AUTORIA DELITIVA COMPROVADAS. DOLO DEMONSTRADO.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: INAPLICABILIDADE. DOSIMETRIA. PENAS RESTRITIVA
DE DIREITOS: PENAS SUBSTITUTIVAS DA PRIVATIVA DE LIBERDADE. RECURSO DA
DEFESA PARCIALMENTE PROVIDO.

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1. Apelações interpostas pela Defesa contra sentença que condenou os réus como incurso nas penas do
artigo 289, §1º, do Código Penal, em continuidade delitiva e concurso material.

2. Materialidade e autoria comprovadas.

3. A constatação do dolo, nos casos em que o agente nega o conhecimento da falsidade, deve ser feita de
acordo com as circunstâncias em que se deu a sua apreensão/introdução em circulação. Precedente.
Presença do elemento subjetivo do tipo.

4. O conhecimento da falsidade é extraído pela própria forma da atuação delituosa. É dizer, efetuar
compras de pequena monta com a nota falsa de alto valor nominal, para obter o troco em cédulas
verdadeiras.

5. Não é cabível a aplicação do princípio da insignificância, pois a introdução em circulação de cédula


espúria, ainda que se trate de apenas uma cédula falsa, é conduta que se amolda ao tipo previsto no artigo
289, § 1º, do Código Penal e possui potencialidade lesiva a bem jurídico tutelado. A aferição da
lesividade do comportamento delituoso não ocorre pelo número de notas apreendidas em posse do agente
ou pelo valor da cédula, vez que o crime não é de natureza patrimonial. Precedentes.

6. O crime descrito no artigo 289, §1º, do Código Penal é tipo misto alternativo, de ação múltipla ou de
conteúdo variado. Em outras palavras, as várias condutas descritas, se praticadas em uma mesma
oportunidade, constituem crime único, pelo que incabível a incidência de cúmulo material pelas condutas
expressas nos verbos "introduzir" e "guardar" moedas falsas, eis que realizadas num mesmo contexto
fático.

7. Apelação da defesa parcialmente provida para a fixação do regime inicial aberto e a substituição das
penas corporais aplicadas por duas restritivas de direito e, de ofício, afastar o concurso material (art. 69
do CP) aplicado pelo magistrado "a quo".

AP. - APELAÇÃO CRIMINAL - 50731 / SP 0001683-65.2005.4.03.6115, DATA:25/10/2017

Veja também: ACR - APELAÇÃO CRIMINAL - 55499 / SP 0001180-78.2008.4.03.6102, 05/09/2017

4.6 Interceptação telefônica. Prorrogação. Perícia de voz. Aplicação de peso à agravante distinta
de 1/6. É possível a aferição de condições agravantes de forma distinta do “mínimo de 1/6” à
discricionariedade do juiz. Quantidade de droga no crime de tráfico e fixação de pena-base. Aumentos de
pena no tráfico: Interestadualidade x Internacionalidade e uso de arma de fogo. A Lei n° 9.296/1996
(interceptação telefônica) não limita a possibilidade de prorrogação a um único período, desde que as
prorrogações sejam devidamente fundamentadas e justificadas. A perícia de voz não é exigida pela Lei nº
9.296/1996 (HC 91717), porque não se trata de exame de corpo de delito. A condenação baseada em
prova produzida na fase investigativa que é pautada também em cautelares é válida. A significativa
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quantidade e a alta nocividade da droga apreendida (cocaína) permitem a fixação da pena-base acima
do mínimo legal. Inaplicável a causa de aumento da interestadualidade simultaneamente com a da
internacionalidade. A internalização da droga, com a passagem por mais de um Estado, constitui apenas o
iter necessário para o atingimento do fim visado pelo réu - cometer tráfico internacional de drogas.
Encontro de arma e aumento de pena. O simples fato de uma arma ter sido encontrada na residência de
um dos integrantes da organização não autoriza a aplicação da causa de aumento de pena.
APELAÇÕES CRIMINAIS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. OPERAÇÃO GUARANI.
CRIME DE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. CRIME DE TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS.
PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL REJEITADA. PRELIMINAR DE ILICITUDE DAS
INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS REJEITADA. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS.
QUANTIDADE DE DROGA APREENDIDA. PENA-BASE FIXADA. SÚMULA 444 DO STJ. AGRAVANTE DO
ARTIGO 62, I DO CP: INAPLICABIBILIDADE. TRANSNACIONALIDADE COMPROVADA. APLICAÇÃO
SIMULTÂNEA DAS CAUSAS DE AUMENTO DA INTERNACIONALIDADE E DA INTERESTADUALIDADE:
IMPOSSIBILIDADE. CAUSA DE AUMENTO POR USO DE ARMA DE FOGO: NÃO CONFIGURADA.
APELAÇÕES DA DEFESA IMPROVIDAS. APELAÇÃO DO MPF PARCIALMENTE PROVIDA

1. Apelações das Defesas e da Acusação contra a sentença que condenou os réus como incursos nos
artigos 33, caput, e 40, inciso I, da Lei 11.343/2006, e nos artigos 35, caput, e 40, inciso I, da Lei
11.343/06.

2. Rejeitada a preliminar de incompetência do Juízo da 4ª Vara Federal de Ribeirão Preto. O presente


feito teve origem no procedimento investigatório denominado "Operação Guarani", e destinado à
apuração dos delitos de tráfico de drogas, lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores. A invocação
da Súmula 34 deste Tribunal Regional Federal da 3ª Região é equivocada. No caso concreto, a
investigação versava também sobre crimes de lavagem de ativos, o que motivou a distribuição à Vara
especializada.

3. Preliminar de incompetência da Justiça Federal rejeitada. A verificação da competência foi efetuada


por esta Turma na fase inicial da ação penal, afirmando-se a existência de indícios suficientes de
transnacionalidade capazes de atrair a competência para a Justiça Federal. Posteriormente, concluída a
fase instrutória, os indícios confirmaram-se pela prova colhida sob o crivo do contraditório e da ampla
defesa.

4. Rejeitada alegação de suspeição do Juiz Federal. Eventual alegação de suspeição não foi apresentada
em momento oportuno, deixando a defesa de apresentar a competente exceção de suspeição, ocorrendo
preclusão. Ainda que assim não fosse, as apontadas decisões não implicam em subjetivismo ou pré-
julgamento, ao contrário, demonstra que o MM. Juiz agiu de modo escorreito frente à situação posta, não
restando demonstrada qualquer situação de quebra do dever de imparcialidade do magistrado, a justificar
o reconhecimento da suspeição. Registre-se, por fim, que o magistrado tido por suspeito não participou de
nenhum ato de instrução processual.

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5. Alegação de falta de fundamentação das decisões que deferiram a interceptação telefônica rejeitada. As
interceptações telefônicas foram deferidas e renovadas com a devida motivação. A pertinência e
relevância da interceptação revelou-se com três grandes apreensões de cocaína, quais sejam, em
15/02/2007, em São Caetano do Sul/SP (49,87 kg); em 16/02/2007, em Ribeirão Preto/SP (54,125 kg); e
em 29/05/2007, em Marechal Cândido Rondon/PR (174 kg).

6. A Lei n° 9.296/1996 não limita a possibilidade de prorrogação a um único período, sendo certo que tal
interpretação inviabilizaria investigações complexas, como a que se cuida nos presentes autos. As
prorrogações foram devidamente fundamentadas e justificadas pelo magistrado "a quo", em razão das
investigações intrincadas e do número de pessoas investigadas.

7. É certo que o Superior Tribunal de Justiça já decidiu que a perícia de voz não é exigida pela Lei nº
9.296/1996 (v.g., STJ, 5ª Turma, HC 91717). Tais precedentes devem ser entendidos no seu correto
sentido, ou seja, de que não há exigência legal de que sempre seja realizada perícia de voz em gravações
obtidas mediante interceptação telefônica, porque não se trata de exame de corpo de delito, a fazer incidir
a norma constante do artigo 158 do CPP - Código de Processo Penal.

8. Não obstante, embora não obrigatória, a prova de perícia de voz pode se revelar necessária diante do
caso concreto, se: a) aquele contra quem foi produzida não reconhecer a voz como sua; b) não existem
outras provas suficientes para a solução da controvérsia. No caso dos autos, os acusados não
demonstraram interesse no fornecimento de material fonográfico para a realização da perícia, o que torna
impertinente a alegação das teses defensivas de ausência de laudo pericial para a identificação das vozes
de cada réu. Nesse sentir, se as partes, com sua recusa em fornecer material fonográfico, não permitiram
que fosse elaborada eventual perícia, dando, pois, causa à aludida ausência, não poderá agora alegar
alguma eiva, nos precisos termos do art. 565 do CPP. Ademais, considerado o razoável tempo de
interceptação telefônica tornou-se possível a identificação dos interlocutores, que forneciam dados no
monitoramento, como nomes, apelidos, locais de encontro, bens etc., tornando inverossímeis as negativas
de que sejam os protagonistas das conversações (neste diapasão: STJ, HC 110772, Min. Napoleão Nunes,
5ª T., u., j. 25.05.09).

9. Rejeitada a preliminar de nulidade da interceptação telefônica, ao argumento de que as transcrições não


foram efetuadas por peritos, dada a desnecessidade de as transcrições dos diálogos captados serem
realizadas por peritos judiciais, diante da não determinação legal para a transcrição por perito oficial.
Precedente do Colendo STJ.

10. A condenação baseada em prova produzida na fase investigativa não é pautada exclusivamente em
elementos colhidos na investigação, pois o artigo 155 do CPP ressalva expressamente as provas
"cautelares, não repetíveis e antecipadas" colhidas antes da fase judicial. E as interceptações telefônicas
são provas, pela sua própria natureza, irrepetíveis, mas que, no entanto, são submetidas ao contraditório
judicial. Além disso, a interceptação telefônica não é a única prova carreada aos autos: existem, ainda,

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prova documental, como os autos de apreensão e apresentação, laudo pericial, bem como a prova
testemunhal uníssona e coerente, colhida sob o crivo do contraditório e ampla defesa.

11. O Juízo a quo determinou às empresas o fornecimento de senhas para possibilitar o acesso dos
policiais aos dados cadastrais dos titulares dos telefones com os quais os terminais interceptados
mantivessem contato. Não há, nesse ponto, qualquer ilegalidade, posto que a identificação da titularidade
dos telefones com os quais os telefones interceptados mantém contato é mera conseqüência da própria
interceptação.

12. Não procede a alegação de que o Juízo tenha autorizado o que a Defesa chama de "interceptação em
cascata", ou seja, a interceptação automática de todas as conversações de todos os números de telefones
que mantenham contato com os telefones já interceptados. Toda inclusão de novos números de telefone,
cuja necessidade de interceptação decorreu dos dados obtidos nas interceptações anteriores, foi requerida
pela autoridade policial e deferida pelo Juízo.

13. A alegação de falta de juntada dos extratos dos telefones não procede. Não apontou a Defesa sequer
qual teria sido o prejuízo resultante (art. 563 do CPP), não se podendo concluir, como apontado, que as
conversas não foram captadas durante o período de autorização judicial. Ao contrário, as interceptações
são identificadas por índice, nome alvo, telefone alvo, data e hora.

14. A alegação de que não foi preservado o sigilo das conversações telefônicas também não restou
comprovada nos autos. Ainda que admitido, eventual violação do sigilo das interceptações telefônicas,
determinado pelo artigo 8º da Lei nº 9.296/1996, não tem como conseqüência a ilicitude ou nulidade da
prova, mas apenas e tão somente daria ensejo a responsabilização por divulgação de segredo ou violação
de sigilo.

15. Rejeitada preliminar de nulidade da sentença por ausência de especificação do percentual para
majorar a pena. A especificação, pela lei, de uma fração determinada (por exemplo 1/6), ou de um
intervalo de frações (por exemplo, de 1/6 a 2/3), ocorre nas causas de aumento ou diminuição, mas não
nas circunstâncias atenuantes ou agravantes. Assim, e não obstante as respeitosas opiniões em sentido
contrário, não está o juiz obrigado a majorar a pena em no mínimo um sexto ao aplicar uma circunstância
agravante, podendo estabelecer outro critério, por exemplo, determinado período de tempo (v.g. seis
meses, um ano). A fixação do quantum de diminuição da pena em razão da circunstância atenuante ou do
quantum de incremento da pena em razão da circunstância agravante insere-se no âmbito da
discricionariedade do juiz, consideradas as circunstâncias do caso concreto, de acordo com critérios de
razoabilidade e proporcionalidade. Precedentes.

16. A materialidade e autoria do delito de associação para o tráfico, previsto no artigo 35 da Lei
11.343/2006, encontram-se comprovadas, no caso em tela, pela minuciosa investigação efetuada pela
Polícia Federal mediante interceptação telefônica, devidamente autorizada e prorrogada de forma
fundamentada.

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17. Em razão das investigações procedidas pela Polícia Federal foi possível identificar os integrantes e
suas respectivas posições dentro da organização criminosa.

18. No caso, o conjunto probatório demonstra claramente a associação estável dos acusados
ALEXANDRE, EDER, ADRIANO, ANDRÉ, JOAO ADÃO e GERALDO com os líderes da quadrilha,
no Paraguai, LUIZ CARLOS ROMAN e EDMAR REIS DE ALMEIDA, entre 2006 a maio 2007, em
organização criminosa voltada para a prática reiterada do crime de tráfico internacional de drogas entre o
Brasil e o Paraguai.

19. A materialidade delitiva do crime de trafico de drogas restou comprovada pelo Auto Circunstanciado
nº 6 da Polícia Federal, Auto de Prisão em Flagrante, Auto de Apresentação e Apreensão e Laudo de
Exame de Substância, que apontam a apreensão de 24 garrafas plásticas em que continha COCAÍNA,
perfazendo o total de 54,125kg, que estavam ocultas no tanque de gasolina do veículo camionete F-250,
placas AJS 2942, conduzido por JOAO ADAO DA ROCHA, acompanhado de CLEITON DA SILVA
RODRIGUES, que foram processados e condenados nos autos nº 0002013-33.2007.4.03.6102.

20. A autoria do delito de tráfico de drogas está demonstrada pelos diálogos extraídos da interceptação
telefônica, bem como pelo próprio interrogatório dos réus e pelo depoimento testemunhal.

21. Processos em andamento não podem ser considerados como maus antecedentes, conduta social
reprovável e personalidade perniciosa do agente. Aplicação da súmula 444 do Superior Tribunal de
Justiça.

22. Majoração da pena-base de João Adão, que ostenta quatro condenações transitadas em julgado, sendo
duas pela prática de tentativa de estelionato, uma por estelionato consumado e uma por tentativa de
extorsão. Nos termos do artigo 64, inciso I, do Código Penal, o decurso do prazo de cinco anos entre a
extinção e o cumprimento da pena afasta a consideração da reincidência, mas não impede a consideração
da condenação anterior como maus antecedentes. Precedentes recentes do STF e STJ.

23. Embora a ocultação da droga em tanque de combustível demande certa alteração no veículo, não
transborda do ordinário modo de execução do tipo, considerada a quantidade da droga apreendida,
desmerecendo maior reprimenda penal.

24. A significativa quantidade e a alta nocividade da droga apreendida (cocaína) permitem a fixação da
pena-base acima do mínimo legal, nos termos do art. 42 da Lei nº 11.343/06, que estabelece estes dois
parâmetros como circunstâncias preponderantes àquelas do art. 59 do Código Penal

25. Inaplicável a agravante prevista no artigo 62, I do Código Penal para Eder, Adriano, Geraldo e João
Adão, uma vez que não restou demonstrado que os réus desempenhassem papel de destaque na
organização criminosa, que tinham posição de hierarquia ou comando sobre os demais acusados.

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26. Causa de aumento decorrente da internacionalidade delitiva mantida. Segundo apurado, o modus
operandi da associação criminosa era trazer a droga da Bolívia para o Salto de Guaira/PY ou
Paranhos/MS via aérea e depois transportar a droga para Ribeirão Preto e São Paulo via terrestre.

27. Inaplicável a causa de aumento da interestadualidade, prevista no artigo 40, V, da Lei 11.343/2006,
simultaneamente com a da internacionalidade. A internação da droga pelo agente, com a passagem do
entorpecente por mais de um Estado da federação, constitui apenas o iter necessário para o atingimento
do fim visado pelo réu - cometer tráfico internacional de drogas. Precedentes.

28. A Acusação não logrou êxito em provar que a arma de fogo apreendida era efetivamente utilizada no
cometimento dos crimes em questão. O simples fato de uma arma ter sido encontrada na residência de um
dos integrantes da organização não autoriza a aplicação da causa de aumento de pena prevista no artigo
40, IV da Lei n.º 11.343/06 ao réu.

29. O artigo §4° do artigo 33 da Lei 11.343/2006 sobre a possibilidade de redução da pena no crime de
tráfico de drogas, de um sexto a dois terços, "desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não
se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa". Tais requisitos são exigíveis
cumulativamente, e, portanto a ausência de qualquer deles implica na inexistência de direito ao benefício
da diminuição da pena. Extrai-se, pois, dos autos, pela quantidade e espécie de substância entorpecente
apreendida (54 quilos de cocaína); a forma de introdução da droga no país (aquisição de avião pela
quadrilha para trazer droga do Paraguai e Bolívia e de carro para o Brasil); a forma de acondicionamento
da droga (adredemente escondidos no tanque de combustível da camionete), tudo está a denotar
enredamento com organização criminosa voltada para o comércio internacional de cocaína, arredando a
incidência da norma do § 4º do art. 33 da Lei Antidrogas.

30. Fixado o regime fechado para o início do cumprimento de pena, que deve ser mantido. Destarte,
considerando as circunstâncias judiciais desfavoráveis, ponderadas na primeira fase da dosimetria da
pena, entendo correta a fixação do regime inicial de cumprimento de pena fechado, tendo por fundamento
o disposto no artigo 33, § 3º, do Código Penal. Incabível a substituição do artigo 44 do Código Penal,
tendo em vista o não cumprimento dos requisitos subjetivos e objetivos do art. 44 do CP.

31. Preliminares rejeitadas. Apelação da defesa desprovida. Apelação do MPF parcialmente provida.

AP. - APELAÇÃO CRIMINAL - 35421 / SP 0009689-32.2007.4.03.6102, 17/10/2017.

4.7 Crime de apropriação indébita previdenciária. Inexigibilidade de conduta diversa. Prova


testemunhal e miserabilidade. Dosimetria, pena-base e gravidade do delito em face à quantidade
indevidamente apropriada. Prova testemunhal não é suficiente para a demonstração de penúria econômica
da empresa, cuja comprovação deve ser calcada em prova documental ou pericial. Valor do tributo

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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como circunstância judicial. Pena-base pode ser recrudescida em decorrência da gravidade do delito
representada pelo valor principal do crédito apurado
PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. MATERIALIDADE E AUTORIA
COMPROVADAS. DOLO GENÉRICO. INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA NÃO CONFIGURADA. PENA-
BASE RECRUDESCIDA. CONFISSÃO RECONHECIDA DE OFÍCIO. SÚMULA 545 DO SUPERIOR TRIBUNAL
DE JUSTIÇA. VALOR DA PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA SUBSTITUTIVA AUMENTADO. NATUREZA
REPARATÓRIA. RECURSOS DA DEFESA DESPROVIDOS E DA ACUSAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Apelações dos réus contra a sentença que os condenou como incursos no artigo 168 -A c.c artigo 71,
ambos do Código Penal.

2. Materialidade demonstrada. Autoria suficientemente comprovada pelo conjunto probatório coligido.

3. O dolo no crime de apropriação indébita previdenciária, conforme pacificado pelo E. Superior Tribunal
de Justiça, resta caracterizado com a vontade de não repassar ao INSS as contribuições recolhidas dentro
do prazo e forma legais, não se exigindo o animus rem sibi habendi. Prescindível é a demonstração do
dolo específico como elemento essencial do tipo inscrito no artigo 168-A do Código Penal, ou seja, para a
configuração do delito basta que o agente tenha descontado dos salários dos trabalhadores os valores que
estes estão obrigados a contribuir para a Previdência Social e deixado de repassá-los à Autarquia na época
própria. Precedentes dos Tribunais Superiores.

4. Não caracterizada a inexigibilidade de conduta diversa. Prova testemunhal não é suficiente para a
demonstração de penúria econômica da empresa, cuja comprovação deve ser calcada em prova
documental ou pericial. As provas documentais colacionadas não são irrefragáveis, nem amplamente
comprobatórias de graves e contundentes dificuldades financeiras supostamente experimentadas pela
empresa, no período indicado na denúncia. Dificuldades financeiras não comprovadas.

5. Decreto condenatório mantido.

6. Dosimetria. Penas-bases recrudescidas em decorrência da gravidade do delito representada pelo valor


principal do crédito apurado (R$ 3.276.160,77 - três milhões, duzentos e setenta e seis mil, cento e
sessenta reais e setenta e sete centavos - 09/2006). Precedentes. Reconhecida, de ofício, a atenuante da
confissão espontânea. Súmula 545 do Superior Tribunal de Justiça. Mantidas as frações de aumento
referentes à continuidade delitiva, conforme precedentes desta Primeira Turma.

7. Penas substitutivas. Aumentado o valor da prestação pecuniária para 30 (trinta) salários mínimos em
face da sua natureza reparatória, nos exatos termos do artigo 45, §1º, do Código Penal.

8. Recursos da Defesa desprovidos. Recurso ministerial parcialmente provido.

AP. - APELAÇÃO CRIMINAL - 45542 / SP 0005287-93.2007.4.03.6105, 17/10/2017

Veja também o AP. - APELAÇÃO CRIMINAL - 58095 / SP 0000435-62.2008.4.03.6114

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4.8 Responsabilidade do sócio administrador. Crime contra a Ordem Tributária. Natureza


jurídica. O fato de o réu contar com poderes gerenciais, segundo o contrato social, não constitui prova
absoluta de administração. Mas se há prova de que o réu detinha poderes gerenciais, e não tendo sido esta
afastada pela defesa, é cabível a condenação. O crime do artigo 1º, da Lei nº 8.137/90, exige apenas o
dolo genérico. O artigo 1º da Lei nº 8137/90 trata de crime de natureza material, que exige a efetiva
supressão ou redução do tributo. Por sua vez, o delito do artigo 2º da referida lei é de natureza formal, que
se consuma com a mera prática da conduta tendente a suprimir ou reduzir tributo.
PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A ORDEM
TRIBUTÁRIA. INÉPCIA DA DENÚNCIA. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS.
DOLO CARACTERIZADO. DESCLASSIFICAÇÃO DO DELITO: NATUREZA DIVERSA.
PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO.

1. Apelação interposta pela Defesa contra sentença que condenou o réu como incurso no artigo 1º, inciso
I, da Lei 8.137/90.

2. A questão acerca da inépcia da denúncia já foi apreciada por ocasião do julgamento do habeas corpus,
sendo denegada a ordem.

3. Autoria restou demonstrada pelas cópias dos contratos sociais e declaração do réu em interrogatório. É
certo que, o fato de o réu contar com poderes gerenciais na empresa, segundo o que estabelece o contrato
social, não constitui prova absoluta do efetivo exercício da administração. Contudo, caberia à Defesa, nos
termos do artigo 156 do CPP - Código de Processo Penal, comprovar que, não obstante figure o réu como
gerente no contrato social, não praticava efetivamente atos de gerência. Havendo prova documental de
que o réu detinha poderes gerenciais na empresa, e não tendo sido esta prova afastada pela defesa, não há
que se falar em responsabilidade objetiva do agente.

4. Materialidade delitiva restou comprovada pelo Procedimento Administrativo Fiscal que atesta que a
empresa movimentou recursos no ano de 1998 oriundos de depósitos/créditos efetuados em na conta
corrente bancária da empresa e nas contas correntes pessoa física do acusado, não havendo apresentado
documentos elucidativos das origens de tais valores, culminando na lavratura de autos de infração
relativos a IRPJ, PIS, COFINS e CSLL.

5. O crime do artigo 1º, da Lei nº 8.137/90, exige apenas o dolo genérico, sendo desnecessária a
comprovação de dolo específico ou especial fim de agir. Precedentes.

6. Não há que se falar em desclassificação do delito do artigo 1º da Lei 8.137/90 para o tipo penal
previsto no artigo 2º, inciso I, da mesma lei. O artigo 1º da Lei nº 8137/90 trata de crime de natureza
material, que exige a efetiva supressão ou redução do tributo, causando dano ao erário, hipótese que se
amolda aos autos. Por sua vez, o delito do artigo 2º da referida lei é de natureza formal, que se consuma

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com a mera prática da conduta tendente a suprimir ou reduzir tributo. Tratando-se de delitos de naturezas
diversas, inviável a desclassificação pretendida. Precedentes.

7. Inocorrência da prescrição da pretensão punitiva rejeitada, não tendo decorrido o prazo prescricional
entre os marcos interruptivos (fatos em 23/07/2004, recebimento da denúncia em 28/03/2006 e publicação
da sentença em 08/10/2009).

8. Apelação desprovida.

ACR - APELAÇÃO CRIMINAL - 48224 / SP 0005103-14.2005.4.03.6104, 22/08/2017

4.9 Furto. Dosimetria. Inquérito e antecedentes. Crime de furto e lucro fácil. Elementar x
agravante/aumento. Súmula n.º 444 do STJ: “É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais
em curso para agravar a pena-base”. Quando o fato já se constitui elementar do crime, não se há de
considerá-lo nas fases posteriores da dosimetria. O “lucro fácil” é elementar do crime de furto, em vista
de sua natureza patrimonial.
13. A pena de prestação pecuniária substitutiva da pena privativa de liberdade deve ser destinada à
entidade lesada com a ação criminosa, nos termos do artigo 45, §1º do Código Penal, no caso, a União
Federal.

PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA COM RELAÇÃO A


ALLAN. MENOR DE 21 ANOS. ART. 115 DO CP. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. FURTO
QUALIFICADO. ART. 155, § 4º, I, II E IV CP. SUBTRAÇÃO DE CARGA DE CONTAINER.
MATERIALIDADE E AUTORIA DEMONSTRADAS. QUALIFICADORA DE DESTRUIÇÃO OU
ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO. AFASTAMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA PERICIAL.
DOSIMETRIA PENA-BASE. SÚMULA 444 STJ. OBTENÇÃO DE LUCRO. REGIME ABERTO.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS.
DESTINAÇÃO DA PENA PECUNIÁRIA DE OFÍCIO. APELAÇÃO DE RICARDO
PARCIALMENTE PROVIDA. APELO DE ALLAN PREJUDICADO.

1. Apelações interpostas pelas Defesas de Ricardo e Allan contra sentença que os condenou como
incursos no artigo 155, § 4º, I, II e IV do Código Penal.

2. Quanto ao réu Allan Cardoso Barbalho, cumpre ressaltar que, na data dos fatos (06/12/2003), contava
com menos de 21 (vinte e um) anos de idade (nascido aos 26/05/1983 - fls. 02), razão pela qual deverá
incidir o disposto no artigo 115, do Código Penal.

3. Com o trânsito em julgado para a Acusação, a pena imposta ao réu prescreve em 02 anos, nos termos
do artigo 109, V, c.c. artigo 115, ambos do Código Penal.

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4. Logo, entre a data dos fatos (06/12/2003) e o recebimento da denúncia (09/06/2006 - fls. 271/272) -
redação vigente à época -, transcorreu lapso de tempo superior a 02 anos, de modo que é de rigor a
decretação da extinção da punibilidade do corréu, pelo delito tipificado no artigo 155, § 4º do CP, eis que
configurada a prescrição da pretensão punitiva estatal.

5. No tocante ao réu Ricardo Reis de Santana, a materialidade e a autoria delitivas restaram sobejamente
demonstradas pelos elementos comprobatórios coligidos aos autos.

6. Inquestionável que a carga foi subtraída quando estava sob a responsabilidade de RICARDO, que se
prevaleceu de sua condição de motorista, ou seja, abusou da confiança em si depositada para realizar o
transporte do container. Caracterizada, portanto, a qualificadora prevista no artigo 155, §4º, II do CP.

7. Caracterizado o concurso de pessoas (art. 155, §4º, IV CP). A teor do que se depreende do
interrogatório de fls. 316/318, ALLAN pesou o caminhão conduzido por RICARDO, quando da chegada
do veículo ao terminal da empresa Rio-Cubatão, e deixou de comunicar aos seus superiores que o
container transportado estava vazio. Com efeito, a discrepância na diferença de peso constatada às fls. 15
pela INSPECT (10,244 Kg), reforça a tese de que seria facilmente percebida quando da pesagem.
Evidenciada, pois, a unidade de desígnios.

8. Embora a ausência das travas "navalock" n.º 63046, 63047 e cabo de aço n.º 026158 constitua
elemento probatório do furto da carga transportada pelo container CLHU845244-1, à míngua de prova
pericial da violação dos referidos lacres de segurança, é de afastar a incidência da qualificadora prevista
no artigo 155, §4º, I do CPP.

9. Dosimetria. Pena-base reduzida, em observância à Súmula n.º 444 do STJ. Além disso, a obtenção de
lucro fácil é ínsita ao tipo penal, de natureza patrimonial.

10. Na segunda e terceira fases da dosimetria, ausentes circunstâncias agravantes e atenuantes, bem como
causas de aumento e diminuição de pena.

11. Mantido o regime aberto de cumprimento de pena.

12. A pena privativa de liberdade foi substituída por duas restritivas de direitos: a) prestação e serviços à
comunidade ou a entidades públicas; b) prestação pecuniária, no valor equivalente a um salário mínimo,
em favor da APPC - Associação dos Portadores de Paralisia Cerebral de Santos.

13. A pena de prestação pecuniária substitutiva da pena privativa de liberdade deve ser destinada à
entidade lesada com a ação criminosa, nos termos do artigo 45, §1º do Código Penal, no caso, a União
Federal.

14. Prescrição da pretensão punitiva estatal com relação a Allan, reconhecida de ofício, restando
prejudicado o apelo por ele interposto. Apelação da defesa de Ricardo parcialmente provida e, de ofício,
determinado que a pena restritiva pecuniária seja destinada à União.
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ACR - APELAÇÃO CRIMINAL - 58436 / SP 0001541-31.2004.4.03.6104, 05/09/2017

5 DIREITO PROCESSUAL CIVIL

5.1 Ação Monitória. Demonstração do exato montante da dívida. Imprescindibilidade para


ultimação das pretensões formuladas. À instituição financeira credora deve ser dada oportunidade de
produzir as provas consideradas indispensáveis pelo juízo.

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO MONITÓRIA. DIVERGÊNCIAS QUANTO AOS
QUANTITATIVOS COBRADOS. NECESSIDADE DE DAR OPORTUNIDADE AO CREDOR DE ESCLARECER O
MONTANTE EXIGIDO. AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIOS VIOLADOS. SENTENÇA ANULADA DE OFÍCIO.

1. Se de um lado a documentação acostada aos autos traz indicativos da existência de dívida não paga, de outro
instaurou-se divergência em relação a quantitativos dessa dívida após embargos e impugnação.

2. A busca pela solução dessas divergências de quantitativos deveria ter tido espaço na fase na qual se
encontrava a ação monitória em primeiro grau, porque deveria nela ser dada a oportunidade de esclarecimentos e
comprovação do efetivo quantitativo cobrado pela CEF.

3. Se a demonstração do exato montante da dívida é imprescindível para ultimação das pretensões formuladas na
ação monitória, à instituição financeira credora deve ser dada ao menos a oportunidade de produzir as provas
consideradas indispensáveis pelo juízo na tramitação da ação monitória.

4. Sentença anulada de ofício para que os autos retornem ao juízo de origem visando que a CEF tenha
oportunidade processual de apresentar planilha de cálculo ou documento equivalente que permite demonstrar
como foi apurado o valor da dívida cobrada.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2069895 / SP 0003299-87.2010.4.03.6119

5.2 Decisão monocrática do relator. Assistência judiciária gratuita a pessoa jurídica.


Necessidade de prova de incapacidade financeira. O relator está autorizado a negar seguimento ou dar
provimento ao recurso voluntário e à remessa oficial nas hipóteses de pedido inadmissível, improcedente,
prejudicado ou em confronto com a jurisprudência dominante. A assistência judiciária gratuita não se
coaduna com a atividade lucrativa perseguida pelas sociedades comerciais limitadas. O benefício
apenas pode ser estendido à pessoa jurídica, se comprovada sua impossibilidade de arcar com as despesas
do processo sem prejudicar a própria manutenção.
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO LEGAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
GRATUITA PARA PESSOA JURÍDICA. DIFERIMENTO DO RECOLHIMENTO DA TAXA JUDICIÁRIA.
RECURSO IMPROVIDO.

1. Nos termos do caput e § 1º-A do artigo 557 do Código de Processo Civil e do enunciado da Súmula nº 253 do
Superior Tribunal de Justiça, o relator está autorizado, por meio de decisão monocrática, a negar seguimento ou

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dar provimento ao recurso voluntário e à remessa oficial, nas hipóteses de pedido inadmissível, improcedente,
prejudicado ou em confronto com a jurisprudência dominante da respectiva Corte Regional ou de Tribunal
Superior.

2. Estabelece o artigo 5°, inciso LXXIV, da Constituição Federal, que "o Estado prestará assistência jurídica
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos".

3. E, nos termos do artigo 2º da Lei nº 1.060/50, o benefício da Assistência Judiciária gratuita será gozado por
nacionais ou estrangeiros residentes no país, considerando-se necessitado aquele cuja situação econômica não
lhe permita pagar as custas do processo ou dos honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou de
sua família.

4. Das próprias condições enunciadas no texto legal, vê-se que o beneficio é próprio de pessoas naturais, sendo
incompatível o seu requerimento por pessoas jurídicas. Nesse sentido:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. ASSISTÊNCIA JURÍDICA. PESSOA JURÍDICA COM FINS
LUCRATIVOS. NÃO-CABIMENTO. PRECEDENTES.

Da leitura do artigo 2º, parágrafo único, da Lei n. 1.060/50, verifica-se que a lei volta precipuamente seus olhos
para as pessoas físicas, pois dispõe que se considera necessitado "todo aquele cuja situação econômica não lhe
permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da
família".

Dessa forma, em regra o benefício da assistência judiciária gratuita não abrange as pessoas jurídicas, exceto
entidades pias e beneficentes sem fins lucrativos, microempresas ou minúsculas empresas familiares.
Precedentes.

Com efeito, "o pressuposto da pobreza jurídica, definido na Lei nº 1.060/50, não se coaduna com a atividade
lucrativa perseguida pelas sociedades comerciais limitadas; e também por outras espécies de pessoa s jurídica s
voltadas para o auferimento de lucro" (REsp 111.423/RJ, Rel. Min. Demócrito Reinaldo, DJ 26.4.1999).

5. Ainda que assim não se entenda, observo que mesmo a corrente jurisprudencial que admite, em tese, a
possibilidade de concessão de assistência judiciária às pessoas jurídicas, exige que estas comprovem cabalmente
a insuficiência de recursos. Nesse sentido:

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA - PESSOA JURÍDICA. Ao contrário do que ocorre relativamente às


pessoa s naturais, não basta a pessoa jurídica asseverar a insuficiência de recursos, devendo comprovar, isto sim,
o fato de se encontrar em situação inviabilizadora da assunção dos ônus decorrentes do ingresso em juízo.

(STF, Rcl 1905 ED-AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 15/08/2002, DJ 20-09-
2002 PP-00088 EMENT VOL-02083-02 PP-00274).

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. JUSTIÇA GRATUITA À PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. SITUAÇÃO


FINANCEIRA PRECÁRIA INDEMONSTRADA. EXAME PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS INSUSCETÍVEL DE
REVISÃO EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL. SUMULA N.º 07 DO STJ.

1. O benefício da assistência judiciária gratuita pode ser estendido à pessoa jurídica, desde que comprovada sua
impossibilidade de arcar com as despesas do processo sem prejudicar a própria manutenção. Precedentes da
Corte Especial do STJ.

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2. Conquanto o acórdão embargado tenha-se utilizado de entendimento já superado nesta Corte para negar o
benefício, de qualquer sorte, não há como rever a decisão das instâncias ordinárias no que diz respeito à falta de
provas da condição financeira insuficiente para arcar com as despesas do processo, uma vez que a questão
demanda reexame de matéria fática, sabidamente descabido em sede de recurso especial, consoante dispõe a
Súmula n.º 07 do STJ.

3. Embargos não conhecidos.

(STJ, EREsp 388.155/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, CORTE ESPECIAL, julgado em 01/08/2006, DJ
25/09/2006, p. 199)

6. Corroborando esse entendimento, o Superior Tribunal de justiça editou a Súmula 481:

Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua
impossibilidade de arcar com os encargos processuais.

7. No caso dos autos, ainda que superada a questão da possibilidade de concessão do benefício da assistência
judiciária gratuita à pessoa jurídica com fins lucrativos, não há como dar guarida à pretensão, uma vez que não
logrou a agravante comprovar a insuficiência de recursos.

8. Ao contrário, ao que consta dos autos, a agravante contratou para representá-la advogados particulares, a
denotar a suficiência de recursos para custear as despesas do processo.

9. Ademais, a agravante limita-se a afirmar que se trata de empresa em notória dificuldade financeira (fl. 11 deste
instrumento), sem apresentar nenhuma prova de sua situação econômica precária.

10. Quanto ao diferimento das custas processuais. No caso dos autos, a Lei Estadual n.º 11.608/2003, que dispõe
sobre a Taxa Judiciária incidente sobre os serviços públicos de natureza forense, prevê a sua incidência na
prestação de serviços públicos de natureza forense, a qual será devida pelas partes ao Estado, nas ações de
conhecimento, na execução, nas ações cautelares, nos procedimentos de jurisdição voluntária e nos recursos
(artigo 1º), podendo o seu recolhimento ser diferido para depois da satisfação da execução quando comprovada,
por meio idôneo, a momentânea impossibilidade financeira de seu recolhimento, ainda que parcial (artigo 5º), nos
embargos à execução (inciso IV).

11. Na Justiça Federal, as custas processuais são reguladas pela Lei nº 9.289/96, e o §1º do artigo 1º dispõe que
a cobrança de custas, nos processos ajuizados perante a Justiça Estadual, no exercício da Jurisdição Federal, é
regida pela Legislação Estadual.

12. Com efeito, aplicando-se o artigo 5º, da referida Lei Estadual nº 11.608/2003, fica autorizado o recolhimento da
taxa judiciária para depois da satisfação da execução, desde que, comprovada, por meio idôneo, a momentânea
impossibilidade financeira do seu recolhimento nos Embargos à Execução, o que não ocorreu.

Nesse sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CUSTAS. JUSTIÇA ESTADUAL. DIFERIMENTO


PARA DEPOIS DE SATISFEITA A EXECUÇÃO.

1. São devidas custas judiciais a partir de 1º de janeiro de 2004, tanto nos embargos à execução, como em
eventual recurso de apelação interposto contra sentença que julga improcedentes aqueles, a teor do artigo 12 da
Lei Estadual nº 11.608 /2003, que revogou expressamente as disposições da Lei Estadual nº 4.952/85.

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2. De acordo com o § 1º do artigo 1º da Lei Federal nº 9.289/96: "Rege-se pela legislação estadual a cobrança de
custas ajuizadas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição federal."

3. Demonstrada a dificuldade financeira do ora agravante, impossibilitando assim o recolhimento das custas
processuais, deve ele (recolhimento) ser diferido para depois de satisfeita a execução.

4. Agravo a que se dá provimento" (TRF 3ª Região, Agravo de Instrumento n. 002992888.2011.4.03.0000,


Relatora: Desembargadora Federal Marli Ferreira, 4ª Turma, Fonte: e-DJF3 Judicial 1 DATA: 03/05/2012).

13. No presente caso, não restou demonstrada a impossibilidade momentânea financeira do recolhimento da taxa
judiciária, devendo ser mantida a decisão agravada.

14. Cuida-se, na origem, de Ação de Execução Fiscal ajuizada pela União contra Agropecuária Santa Catarina
S/A, objetivando o recebimento de R$ 6.620.738,48 (seis milhões, seiscentos e vinte mil, setecentos e trinta e oito
reais e quarenta e oito centavos) consubstanciados em CDA nº 35.178.853-0, 35.178.856-5, 35.399.694-0,
36.399.695-8, 36.474.862-1 e 36.474.863-0.

15. Agravo improvido.

AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 554801 / SP 0007467-83.2015.4.03.0000, 05/09/2017

5.3 Justiça estadual. Competência federal delegada. Custas: Taxa judiciária x despesas
processuais. Processada execução fiscal pela União na Justiça Estadual, no exercício de jurisdição federal
delegada, deve-se proceder aos recolhimentos de sucumbência conforme disposição na legislação
estadual respectiva. No Estado de São Paulo, há isenção da União, Municípios, MP e do próprio estado.
Mas tal isenção limita-se às taxas judiciárias, não abrangendo consultas como INFOJUD, BACENJUD e
RENAJUD. Mas deve haver a compatibilização da legislação estadual com o artigo 27 do Código de
Processo Civil, o qual dispõe que as despesas do Ministério Público ou da Fazenda Pública, serão pagas a
final pelo vencido.
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL PROCESSADA PERANTE JUSTIÇA
ESTADUAL NO EXERCÍCIO DE JURISDIÇÃO FEDERAL DELEGADA. ART. 109, §3º DA CF/88. COBRANÇA DE
CUSTAS REGIDA PELA LEGISLAÇÃO ESTADUAL (ART. 1º, §1º DA LEI 9.289/1996). REGIMENTO DE CUSTAS
DA JUSTIÇA FEDERAL. APLICÁVEL DISPOSIÇÃO INSERIDA NO ART. 2º DA LEI ESTADUAL Nº 11.608/2003.
DESPESAS JUDICIAIS DEVIDAS E PAGAS AO FINAL (ART. 27 DO CPC/73). AGRAVO NÃO PROVIDO.

1. A execução fiscal, no presente caso, está sendo processada perante a Justiça Estadual, no exercício de
jurisdição federal delegada (artigo 109, § 3º, da Constituição Federal), sendo aplicável, quanto às custas
processuais, o disposto no artigo 1º, §1º, da Lei nº 9.289/1996 (Regimento de Custas da Justiça Federal): "Rege-
se pela legislação estadual respectiva a cobrança de custas nas causas ajuizadas perante a Justiça Estadual, no
exercício da jurisdição federal."

2. O recolhimento das custas na Justiça do Estado de São Paulo é regido pela Lei nº 11.608/2003-SP, que
estabelece, em seu artigo 6º, a isenção dos órgãos públicos: "A união , o Estado, o Município e respectivas
autarquias e fundações, assim como o Ministério Público estão isentos da taxa judiciária."

3. Entretanto, a referida isenção está limitada às taxas judiciárias, não abrangendo as demais despesas
processuais, como aquelas decorrentes das consultas aos sistemas eletrônicos INFOJUD, BACENJUD e

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RENAJUD, consoante fundamento que dispõe seu artigo 2º, parágrafo único, com a redação dada pela Lei
Estadual n. 14.838/12: "A taxa judiciária abrange todos os atos processuais, inclusive os relativos aos serviços de
distribuidor, contador, partidor, de hastas públicas, da Secretaria dos Tribunais, bem como as despesas com
registros, intimações e publicações na Imprensa Oficial. Parágrafo único - Na taxa judiciária não se incluem: (...) XI
- a obtenção de informações da Secretaria da Receita Federal, das instituições bancárias e do cadastro de registro
de veículos, via Infojud, BacenJud e Renajud , ou análogas, cujos custos serão fixados periodicamente pelo
Conselho Superior da Magistratura;

4. Portanto, correta a decisão que determinou o recolhimento das despesas processuais decorrentes das
consultas aos sistemas eletrônicos INFOJUD, BACENJUD e RENAJUD .

5. Importante ressaltar, por fim, a necessidade de compatibilização da legislação estadual com o artigo 27 do
Código de Processo Civil, o qual dispõe que as despesas dos atos processuais, efetuados a requerimento do
Ministério Público ou da Fazenda Pública, serão pagas a final pelo vencido.

6. Agravo de instrumento não provido.

5.4 Árbitro. Ilegitimidade. Árbitro não detém legitimidade para contestar ato de recusa de
levantamento de saldo de contas vinculadas ao FGTS.
AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 591140 / SP 0020590-17.2016.4.03.0000, 05/09/2017

PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. FGTS. ÁRBITRO. ILEGITIMIDADE.

1. Árbitro não detém legitimidade para contestar ato de recusa de levantamento de saldo de contas vinculadas ao
FGTS (art. 6º do Código Buzaid; art. 18 do CPC/2015).

2. Apelação não provida.

AMS - APELAÇÃO CÍVEL - 361049 / SP 0007895-98.2015.4.03.6100, 05/09/2017

5.5 Denunciação da lide. Agente fiduciário. Incabível a denunciação da lide ao agente fiduciário.
Momento da ação e Interesse de agir. O devido processo legal não é exigência de processo judicial. O
devedor não fica impedido de levar a questão ao Judiciário, ainda que realizado o leilão. É possível
medida judicial que obste o procedimento previsto no Decreto-Lei nº 70/66, desde que haja indicação de
provas. Nos casos em que a ação é anterior ao término da execução extrajudicial, forçoso é reconhecer
que não mais subsiste o interesse quanto à discussão de cláusulas do contrato de financiamento, em razão
da perda superveniente do objeto.
PROCESSUAL CIVIL. QUESTÃO DE ORDEM. NOVO JULGAMENTO. APELAÇÃO CÍVEL. SFH. DENUNCIAÇÃO
DA LIDE AO AGENTE FIDUCIÁRIO: NÃO CABIMENTO. DECRETO-LEI 70/1966: CONSTITUCIONALIDADE.
EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL ENCERRADA. VALIDADE DO PROCEDIMENTO. RECURSO PROVIDO.
REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS: IMPOSSIBILIDADE. HONORÁRIOS RECURSAIS: NÃO
CABIMENTO. RECURSO PREJUDICADO.

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1. Proposta questão de ordem de vez que constatado o impedimento do Exmo. Des. Fed. Wilson Zauhy para
julgar o presente feito, tendo em vista ser o prolator da sentença de fls. 207/219, impondo-se, assim, a anulação
do acórdão de fls. 384, submetendo a apelação a novo julgamento.

2. Incabível a denunciação da lide ao agente fiduciário, uma vez que eventuais prejuízos decorrentes da atuação
daquele deverão ser cobrados em ação própria. Precedente.

3. A garantia do devido processo legal não deve ser entendida como exigência de processo judicial. Por outro
lado, o devedor não fica impedido de levar a questão ao conhecimento do Judiciário, ainda que já realizado o
leilão, caso em que eventual procedência do alegado resolver-se-ia em perdas e danos. Precedentes.

4. O Supremo Tribunal Federal entendeu que o Decreto-lei nº 70/66 foi recepcionado pela Carta de 1988.
Precedentes.

5. Esse entendimento não exclui a possibilidade de medida judicial que obste o prosseguimento do procedimento
previsto no Decreto-Lei nº 70/66, desde que haja indicação precisa, acompanhada de suporte probatório, do
descumprimento de cláusulas contratuais, ou mesmo mediante contracautela, com o depósito à disposição do
Juízo do valor exigido, o que não ocorre no caso dos autos.

6. No caso dos autos, o procedimento executivo extrajudicial constante do Decreto-lei nº 70/1966 foi encerrado.

7. Consumada a execução extrajudicial, com a arrematação ou adjudicação do imóvel, não pode mais o mutuário
discutir cláusulas do contrato de mútuo habitacional, visto que a relação obrigacional decorrente do referido
contrato se extingue com a transferência do bem.

8. A arguição de questões relativas aos critérios de reajustamento do saldo devedor do mútuo habitacional poderia
embasar apenas um pleito de perdas e danos, e não mais a revisão contratual. Precedentes.

9. Nos casos em que a ação é ajuizada antes do término da execução extrajudicial, não tendo os mutuários obtido
provimento jurisdicional que impeça o seu prosseguimento, sobrevindo a arrematação ou adjudicação do imóvel,
forçoso é reconhecer que não mais subsiste o interesse quanto à discussão de cláusulas do contrato de
financiamento, em razão da perda superveniente do objeto. Precedentes.

10. Considerando que o recurso foi interposto sob a égide do CPC/1973 e, nos termos do Enunciado
Administrativo nº 7, elaborado pelo Superior Tribunal de Justiça para orientar a comunidade jurídica acerca da
questão do direito intertemporal, tratando-se de recurso interposto contra decisão publicada anteriormente a
18/03/2016, não é possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do artigo 85, § 11, do
CPC/2015.

11. Questão de ordem acolhida para anular o julgamento anterior. Preliminar afastada. Apelação da CEF provida.
Apelação adesiva prejudicada.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1278558 / SP 0019112-90.2005.4.03.6100, 22/08/2017

5.6 Penhora sobre faturamento da empresa. Necessidade de esgotamento de outras diligências.


PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PENHORA SOBRE O
FATURAMENTO. NECESSIDADE DE ESGOTAMENTO DE OUTRAS DILIGÊNCIAS. MANUTENÇÃO DA
DECISÃO AGRAVADA. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO.
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1. No caso dos autos, não há prova de que a exequente tenha esgotado os meios a seu dispor para a busca de
bens em nome do devedor. Ao que consta, foi realizada apenas uma tentativa de penhora on line nas contas da
empresa e tentativa de penhora por Oficial de Justiça na sede da empresa, não havendo razões para que, nesse
momento processual, seja determinada a penhora sobre percentual de faturamento mensal da executada, sem
que sejam feitas outras tentativas de localização de bens passíveis de penhora.

2. Agravo interno não provido.

AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 585309 / SP 0013684-11.2016.4.03.0000, 05/09/2017

5.7 Ação reivindicatória. INCRA. Não proprietário. Imóvel da União. A Ação Reivindicatória é
ajuizada pelo proprietário sem posse contra o possuidor sem propriedade. O INCRA é parte ilegítima
para ajuizar Ação Reivindicatória objetivando reaver a área rural de propriedade da União.
APELAÇÃO CÍVEL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. INCRA. ILEGITIMIDADE ATIVA PARA A
CAUSA. IMÓVEL DE PROPRIEDADE DA UNIÃO. APELAÇÃO IMPROVIDA. MANTIDA A CONDENAÇÃO AO
PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

1. Trata-se de Ação de Reivindicatória com pedido de tutela antecipada ajuizada pelo INCRA contra José Antonio
Gonçalves e Vera Lúcia Giangareli objetivando a concessão de provimento jurisdicional para reivindicar a área
equivalente a 195,0915 ha, objeto das matrículas nºs 8.875, 1.434, 18.390, 18.401 e 3.541, todos inscritos na
Comarca de Lençóis Paulista, com relação ao imóvel rural denominado Fazenda Progresso e Fazenda Progresso
II, assim como a restituição de todos os seus acessórios, benfeitorias, frutos colhidos e percebidos durante a
permanência na área, nos termos do artigo 1.228 do CC/2002. Os Réus, ora Apelados, foram regularmente
citados e após a instrução processual o MM. Juiz Federal houve por bem extinguir o processo, sem resolução do
mérito, nos termos do artigo 267, inciso VI, do CPC/1973, fixando honorários em R$ 30.000,00 (trinta mil reais),
com fundamento no artigo 20, § 4º, do CPC/1973.

2. O INCRA não é parte ilegítima [SIC! Aqui, aparentemente, houve erro material no “ilegítima”] para ajuizar Ação
Reivindicatória objetivando reaver a área rural equivalente a 195,0915 de propriedade da União. Não há
autorização prevista em Lei para a Autarquia Federal reivindicar propriedade que supostamente pertence à
União. A própria sentença destacou que a Ação Reivindicatória é ajuizada pelo proprietário sem posse contra o
possuidor sem propriedade, o que não é o caso dos autos.

Nesse sentido: AGARESP 201500300329, HUMBERTO MARTINS, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE
DATA:06/05/2015 ..DTPB, AGRESP 201303047564, HUMBERTO MARTINS, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE
DATA:19/08/2014 ..DTPB, RESP 200801183637, HERMAN BENJAMIN, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE
DATA:27/03/2009 ..DTPB, AC 00025136420064036125, DESEMBARGADOR FEDERAL HENRIQUE
HERKENHOFF, TRF3 - SEGUNDA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:04/11/2010 PÁGINA: 228
..FONTE_REPUBLICACAO, AC 00025023520064036125, DESEMBARGADOR FEDERAL NINO TOLDO, TRF3 -
DÉCIMA PRIMEIRA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:04/08/2015 ..FONTE_REPUBLICACAO.

3. Honorários de sucumbência. De antemão, considerando que o presente recurso foi interposto sob a égide do
Código de Processo Civil de 1973, deixo de aplicar o art. 85, do novo Código de Processo Civil, porquanto a parte
não pode ser surpreendida com a imposição de condenação não prevista no momento em que recorreu, sob pena
de afronta ao princípio da segurança jurídica.

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4. Observa-se, ainda, nos termos do Enunciado Administrativo nº 7, elaborado pelo STJ para orientar a
comunidade jurídica acerca da questão do direito intertemporal, tratando-se de recurso interposto contra decisão
publicada anteriormente a 18/03/2016, não é possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais na
forma do art. 85, § 11, do CPC/2015. Nesse sentido, mantido os honorários advocatícios de sucumbência tal como
fixados pela sentença recorrida.

5. O Apelante atribuiu à causa o valor de R$ 2.015.000,00 (dois milhões e quinze mil reais), conforme demonstra o
documento de fl. 25 e a sentença fixou os honorários em R$ 30.000,00 (trinta mil reais). A quantia fixada é
coerente com a fundamentação acima.

6. Apelação provida

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1727493 / SP 0010084-69.2008.4.03.6108, 05/09/2017

5.8 Custas judiciais. Jurisdição estadual em exercício de competência federal. Princípio da


causalidade. Aplica-se, quanto às custas e taxas judiciais, a legislação estadual respectiva (“juízo
processante”), ainda que concernente à delegação de poder federal. Não providenciado o pagamento de
taxa judiciária em tempo hábil e não demonstrada impossibilidade de recolhimento, é de rigor a extinção
do processo. Em homenagem ao princípio da causalidade, são devidos honorários advocatícios nas
hipóteses de extinção sem resolução do mérito, respondendo pelos ônus da sucumbência aquele que deu
causa à demanda.
PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. EXTINÇÃO. AUSÊNCIA DE
RECOLHIMENTO DE TAXA JUDICIÁRIA. ART. 4º, I, DA LEI ESTADUAL Nº 11.608/2003. VIOLAÇÃO DOS
ARTS. 9º E 10 DO CPC. INOCORRÊNCIA. HONORÁRIOS. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. GRATUIDADE DA
JUSTIÇA. INDEFERIMENTO. RECURSO IMPROVIDO.

1. Aplica-se, quanto às custas e taxas judiciais, o disposto no artigo 1º, § 1º, da Lei nº 9.289, de 4.7.1996
(Regimento de Custas da Justiça Federal): "Rege-se pela legislação estadual respectiva a cobrança de custas nas
causas ajuizadas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição federal".

2. O recolhimento de custas e taxas na Justiça do Estado de São Paulo é regido pela Lei nº 11.608/2003-SP, que
estabelece, em seu artigo 4º, a forma e o momento do recolhimento da taxa judiciária, sendo que o art. 5º, caput,
autoriza o diferimento do recolhimento nos embargos à execução (inciso IV), desde que "comprovada, por meio
idôneo, a momentânea impossibilidade financeira do seu recolhimento, ainda que parcial".

3. No caso examinado, o agravante não recolheu taxa judiciária prevista no art. 4º, inciso I, da Lei Estadual nº
11.608/2003-SP (fls. 37), deixou transcorrer in albis prazo concedido pelo juízo a quo para regularização (fls. 40),
bem como não comprovou hipossuficiência financeira.

4. Não providenciado, portanto, o pagamento de taxa judiciária em tempo hábil e não demonstrada impossibilidade
de recolhimento, é de rigor a extinção dos embargos, nos termos do art. 485, IV do CPC (art. 267, IV do CPC/73).

5. Constatada a falta de recolhimento de custa em grau recursal, pode o tribunal extinguir a demanda, tendo em
vista se tratar de pressuposto de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo.

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6. A extinção dos embargos não infringiu os artigos 9º e 10 do CPC, porquanto, diversamente do alegado, foi
concedida oportunidade ao agravante de se manifestar acerca da questão (fls. 118), descaracterizando, assim, a
imprevisibilidade da decisão.

7. No tocante ao requerimento de gratuidade da justiça, forçoso o indeferimento. Além de o agravante possuir


diversos bens imóveis, é nítido que o pedido não passa de uma "manobra" da parte, que só se lembrou de se
declarar "pobre" depois de que o juízo constatou hipótese de extinção dos embargos face à ausência de
recolhimento de taxa judiciária.

8. Quanto às verbas sucumbenciais, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, em homenagem ao princípio


da causalidade, consolidou o entendimento no sentido de que são devidos honorários advocatícios nas hipóteses
de extinção sem resolução do mérito, respondendo pelos ônus da sucumbência aquele que deu causa à
demanda. (AgInt nos EDcl no AREsp 290.000/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
11/10/2016, DJe 04/11/2016). Assim, por dar razão à ação protelatória ao feito executivo, deve o
autor/embargante pagar honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa.

9. Agravo interno não provido.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1657227 / SP 0028278-79.2011.4.03.9999, 05/09/2017

5.9 Recurso protocolado em órgão errado. Erro injustificado. Protocolado em órgão diverso,
descabe o conhecimento, pois isso implicaria insegurança quanto ao trânsito em julgado das decisões.
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. COMPETÊNCIA.
INTEMPESTIVIDADE. MANUTENÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA. AGRAVO NÃO PROVIDO.

1. Não há como sustentar que o equívoco na protocolização do recurso foi justificado, diante da norma constante
do artigo 109, §§ 3° e 4° da CF/88, e artigo 15, inciso I da Lei n° 5.010/66.

2. Não é possível conhecer-se de recurso protocolado em órgão equivocado, pois tal entendimento implicaria em
absoluta insegurança quanto ao trânsito em julgado das decisões.

3. Agravo interno não provido.

AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 592638 / SP 0022458-30.2016.4.03.0000, 05/09/2017

5.10 Gratuidade e justiça. Natureza. Recurso cabível do indeferimento em sentença. Necessidade


de prova. Natureza jurídica. Quando a gratuidade da justiça for resolvida na sentença, caberá recurso de
apelação. Antes do Código de Processo Civil já era admitida a gratuidade de justiça. Enquanto a alegação
de hipossuficiência realizada pela pessoa natural possui presunção de veracidade, a concessão da
gratuidade da justiça à pessoa jurídica depende da efetiva comprovação. O deferimento dos benefícios da
justiça gratuita é “cláusula rebus sic stantibus”, devendo ser analisada a situação econômica também no
decorrer do processo.

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PROCESSO CIVIL - INÉPCIA DAS RAZÕES DE APELAÇÃO - PRELIMINAR REJEITADA - JUSTIÇA GRATUITA
- PESSOA JURÍDICA - NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA - APELAÇÃO
DESPROVIDA.

1 - Ainda que da decisão que indefere o pedido de gratuidade da Justiça seja possível a interposição de recurso
de agravo de instrumento (artigos 1.015, V e 101, caput, primeira parte, ambos do Código de Processo Civil),
verifica-se da parte final do caput do artigo 101, do Código de Processo Civil que quando a questão referente à
gratuidade da justiça for resolvida na sentença, caberá recurso de apelação.

2- Não merece acolhida a preliminar de inépcia arguida em contrarrazões de apelação, considerando que a leitura
do conjunto da postulação torna possível a compreensão do pedido, nos termos do § 2º, do artigo 322, do Código
de Processo Civil, razão pela qual o recurso deve ser conhecido e seu mérito apreciado, considerando, inclusive,
que o atual ordenamento jurídico privilegia, sempre que possível, o julgamento do mérito das questões submetidas
a crivo do Judiciário.

3 - No que tange à concessão do benefício da justiça gratuita às pessoas jurídicas verifico que, antes mesmo da
vigência do artigo 98, do Código de Processo Civil, que expressamente admite a referida possibilidade, já era
admitida pela Jurisprudência Pátria como forma de viabilizar o direito constitucional de acesso à Justiça.
Entretanto, enquanto a alegação de hipossuficiência realizada pela pessoa natural possui presunção de
veracidade (artigo 99, § 3º, Código de Processo Civil), a concessão da gratuidade da justiça à pessoa jurídica
depende da efetiva comprovação da impossibilidade de arcar com os custos da demanda judicial. Precedentes.

4 - É certo que o deferimento dos benefícios da justiça gratuita é cláusula rebus sic standibus, devendo ser
analisada a situação econômica do requerente no momento do pedido e no decorrer do processo, como se pode
inferir do disposto no artigo 98, § 3º, do Código de Processo Civil.

5 - No caso concreto, a apelante colacionou documento denominado "Rel. Sintético Nacional" (fls. 468/470) onde
constam diversos títulos protestados, no período de outubro de 2010 a março de 2013, cujos valores oscilam entre
R$ 150,00 e 4.894,34, bem como a existência de duas duplicatas não pagas (julho/2010) cujos valores são de R$
80,20 e R$ 87,84 e duas execuções fiscais distribuídas em outubro (R$ 172.214,15) e novembro (R$ 19.401,99)
de 2012.

6 - A presente ação foi proposta originariamente perante a Justiça Estadual, ocasião em que as custas foram
devidamente recolhidas (27/02/2014 - fls. 112/113 e fls. 465).

7 - Os débitos trazidos pela parte Autora em seu relatório são anteriores à propositura da presente ação e, em
nenhum momento impediram o regular recolhimento das custas perante o Juízo incompetente, como admitido pela
própria autora na manifestação de fls. 499/499verso.

8 - Considerando que o deferimento da Justiça Gratuita à Pessoa Jurídica depende da efetiva comprovação de
hipossuficiência, e que não há, nos autos, qualquer elemento de prova no sentido de que a situação financeira da
Apelante tenha se deteriorado no decorrer da presente demanda, não se mostra suficiente a mera alusão à
existência de uma crise econômica de âmbito nacional para que seja deferida a gratuidade da Justiça.

9 - Apelação desprovida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2247433 / SP 0000430-30.2015.4.03.6135, 05/09/2017

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5.11 Honorários de advogado. Fixação em hipótese de renúncia e de desistência. São devidos


honorários advocatícios por quem renuncia ao direito ou desiste de ação, desde que não tenha por objeto o
restabelecimento de opção em parcelamento ou sua reinclusão em outros. Nas causas em que não houver
condenação, como na extinção sem julgamento de mérito, os honorários advocatícios poderão ser fixados
consoante apreciação equitativa do juiz.
PROCESSO CIVIL. AGRAVO INTERNO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. DESISTÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO.
VERBA SUCUMBENCIAL. ART. 26 DO CPC/73. PRECEDENTES STJ. VALOR DA CONDENAÇÃO.
APRECIAÇÃO EQUITATIVA. ART. 20, §4º, DO CPC/73. RECURSO IMPROVIDO.

1. Aplica-se o entendimento assentado pelo Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso representativo de
controvérsia, no sentido de que são devidos honorários advocatícios pelo contribuinte que renuncia ao direito ou
desiste de ação que não tenha por objeto o restabelecimento de sua opção ou sua reinclusão em outros
parcelamentos (REsp 1353826/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
12/06/2013, DJe 17/10/2013).

2. Não obstante a desistência, a embargante deu razão à ação protelatória ao feito executivo, de maneira que
deve arcar com os ônus da sucumbência, nos termos do art. 26 do CPC/73 (art. 90 do novel CPC) e em
consonância com o princípio da causalidade.

3. De acordo com o art. 20, §4º do CPC/73, nas causas em que não houver condenação, como presente caso, os
honorários advocatícios poderão ser fixados consoante apreciação equitativa do juiz, atendidas as normas das
alíneas a, b e c do §3º, podendo fixar valor certo.

4. Na hipótese, a condenação em honorários no importe de 10% (dez por cento) sobre o valor da causa (R$
1.155.638,60 - fls. 284), nos moldes prescritos pelo art. 20, §3º do CPC/73, resulta em quantia exorbitante, ainda
mais se considerado que a extinção da demanda se deu pela desistência da parte autora.

5. De rigor arbitrar honorários de forma equânime no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), quantia que não
representa valor ínfimo ou exorbitante e atende aos postulados legais estabelecidos pelo art. 20, §3º e 4º do
CPC/73.

6. Agravo interno não provido.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1275435 / SP 0004935-59.2008.4.03.9999, 05/09/2017

5.12 Determinação de provas. Discricionariedade. Direito intertemporal quanto aos honorários x


recurso. A determinação ou não acerca da realização das provas é faculdade do Juiz, porquanto, sendo
ele o destinatário da prova, pode, em busca da apuração da verdade e da elucidação dos fatos, determinar
a produção de todos os tipos de prova em direito permitidas, bem como indeferir aquelas que julgar
impertinentes, inúteis ou protelatórias. Quanto à questão do direito intertemporal, tratando-se de recurso
interposto contra decisão publicada anteriormente a 18/03/2016, não é possível o arbitramento de
honorários sucumbenciais recursais na forma do art. 85, §11, do CPC/2015.
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESSARCIMENTO DE VALOR DE PRESTAÇÕES
MENSAIS PAGAS CUMULADAS COM VALOR DE INDENIZAÇÃO POR REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS.
Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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PRODUÇÃO DE PROVAS EM AUDIÊNCIA. DESNECESSIDADE. FACULDADE DO JUIZ. HONORÁRIOS


RECURSAIS. NÃO CABIMENTO. RECURSO IMPROVIDO.

1. A determinação ou não acerca da realização das provas é faculdade do Juiz, porquanto, sendo ele o
destinatário da prova, pode, em busca da apuração da verdade e da elucidação dos fatos, determinar a produção
de todos os tipos de prova em direito permitidas, bem como indeferir aquelas que julgar impertinentes, inúteis ou
protelatórias.

2. Em outras palavras, pode-se dizer que o Juiz possui ampla liberdade de apreciação quanto à necessidade de
produção de provas, devendo deferir aquelas tidas como necessárias e indeferir as inócuas à apuração dos fatos,
mormente porque é ele o verdadeiro destinatário delas. Logo, em observância ao artigo 130 do Código de
Processo Civil 1973, aplicável à época, deve prevalecer a prudente discrição do magistrado no exame da
necessidade ou não da realização de prova, de acordo com as peculiaridades do caso concreto. Precedentes.

3. No caso dos autos, não há falar em cerceamento de defesa decorrente da não realização de prova
testemunhal, na medida em que referida prova mostra-se de todo inútil ao deslinde da causa, cuja questão
principal é passível de ser demonstrada mediante prova documental.

4. Observa-se, ainda, nos termos do Enunciado Administrativo nº 7, elaborado pelo STJ para orientar a
comunidade jurídica acerca da questão do direito intertemporal, tratando-se de recurso interposto contra decisão
publicada anteriormente a 18/03/2016, não é possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais na
forma do art. 85, §11, do CPC/2015.

5. Apelação improvida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1793852 / SP 0015340-46.2010.4.03.6100, 05/09/2017

Veja também o Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1793851 / SP 0017205-75.2008.4.03.6100, 05/09/2017

5.13 Sindicato. Legitimidade para a defesa dos interesses coletivos da categoria que representam.
Requisitos e limite territorial. É dispensável a relação nominal dos afiliados e suas respectivas
autorizações. Não há também necessidade de autorização assemblear. Mas a eficácia subjetiva da
decisão em ações coletivas limita-se aos substituídos que possuam, na data do ajuizamento da ação,
domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator.
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO COLETIVA. INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS.
SINDICATO. LEGITIMIDADE ATIVA EXTRAORDINÁRIA. ARTIGO 8º, III, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
DISPENSA DE AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DOS FILIADOS. SERVIDORES PÚBLICOS DO DEPARTAMENTO
NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL. FALTA DE DOCUMENTOS
INDISPENSÁVEIS. INOCORRÊNCIA. EXTENSÃO DA DECISÃO A FUTUROS ASSOCIADOS. POSSIBILIDADE.
ARTIGO 2º-A DA LEI 9494/1997. INCIDÊNCIA. ACUMULAÇÃO DOS QUINTOS INCORPORADOS ÀS
VANTAGENS DA APOSENTADORIA. BENEFÍCIO CONCEDIDO NA VIGÊNCIA DA LEI 8112/1990.
PRECEDENTES DO STJ. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. ATUALIZAÇÃO DO DÉBITO
JUDICIAL COM BASE NA TR. LEI 11960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA NO JULGAMENTO
DA ADIN 4357 PELO STF. HONORÁRIOS DA SUCUMBÊNCIA. ARBITRAMENTO. REMESSA OFICIAL
PROVIDA PARCIALMENTE.

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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1- É de ser admitida a remessa oficial, por não ser líquida a sentença proferida contra a Fazenda Pública, nos
termos das Súmulas 423/STF e 490/STJ.

2- As associações e sindicatos, na qualidade de substitutos processuais, têm legitimidade para a defesa dos
interesses coletivos de toda a categoria que representam, sendo dispensável a relação nominal dos afiliados e
suas respectivas autorizações. Súmula 629/STF. Precedentes do STJ e deste Regional.

3- O sindicato detém legitimidade para propor a presente ação, com a finalidade de obter o reconhecimento de
direitos individuais homogêneos (art. 81, III, do CDC) em favor de toda a categoria profissional (isto é, de todos
aqueles servidores que se encontram na situação retratada nos autos, ainda que não filiados ao sindicato),
independentemente de autorização assemblear e juntada de lista de substituídos.

4- Em termos de eficácia subjetiva da decisão proferida no âmbito de ações coletivas promovidas por entidades
sindicais, somente são atingidos os substituídos que possuam, na data do ajuizamento da ação, domicílio no
âmbito da competência territorial do órgão prolator, conforme o disposto no art. 2º-A da Lei 9.494/1997. (STJ,
AGRESP n. 201402341194, Relator Min. Herman Benjamin, 2ª Turma, DJE 30/06/2015; AEDAGA n.
201101638893, Relator Min. Benedito Gonçalves, 1ª Turma, DJE 28/03/2014).

5- A matéria vertida se refere ao recebimento de diferenças decorrentes de cumulação de vantagens devidas a


servidores públicos, em relação na qual figura como devedora a Fazenda Pública. Vencendo-se as prestações a
cada mês, resta caracterizada a relação de trato sucessivo, sendo aplicável o entendimento contido na Súmula 85
do STJ. Tendo a ação sido ajuizada em 18/12/2012, encontram-se prescritas as prestações anteriores a
18/12/2007.

6- À míngua de vedação legal, aos servidores que angariaram os requisitos necessários para a aposentadoria
durante a vigência da Lei n. 8112/1990, afigura-se lícita a percepção cumulativa das vantagens previstas nos
artigos 62 (exercício de cargo ou função de direção, chefia ou assessoramento) e 192 (cálculo dos proventos com
base na remuneração do padrão imediatamente superior), ambas do referido diploma legal.

7- A aposentadoria é regida pela legislação vigente à época em que implementadas as condições para obtê-la.
Precedentes. Incidência da Súmula n. 359/STF.

8- A especificação dos critérios de correção monetária e juros deve ser diferida para a fase da execução, de modo
a racionalizar o andamento do processo. A ação de conhecimento deve centrar-se no reconhecimento do direito
postulado, e qualquer controvérsia acerca dos encargos legais incidentes sobre o débito ora imputado à ré, dado o
caráter instrumental e acessório, não pode impedir seu regular trâmite até o desfecho final, com o esgotamento de
todos os recursos atinentes à matéria de fundo.

9- Os honorários advocatícios devem arbitrados em R$ 2.000,00 (dois mil reais), à vista do disposto no artigo 85,
§§ 2º e 3º, do CPC/2015 e dos padrões usualmente aceitos pela jurisprudência.

10- Remessa oficial a que se dá parcial provimento.

ReeNec - REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL - 2225894 / MS 0013213-76.2012.4.03.6000

5.14 Litispendência. Pode ensejar a condenação em litigância de má-fé.

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PROCESSUAL CIVIL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. APELAÇÃO CÍVEL RECONHECIMENTO DE


LITISPENDÊNCIA. POSSIBILIDADE. PROPOSITURA DE AÇÃO IDÊNTICA. CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO
DA MULTA DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.

1. Trata-se de Ação Declaratória de Nulidade de Ato Administrativo c/c pedido de tutela antecipada ajuizada por
Alessandro Jorge Machado e outro contra a Caixa Econômica Federal objetivando a concessão de provimento
jurisdicional para manter os Autores na posse do imóvel, situado à Rua Eugênio Guisard, n. 380, Taubaté/SP e, no
mérito, declarar a nulidade total do ato alienatório e seus efeitos. O pedido de tutela antecipada foi indeferido. Não
houve citação da CEF.

2. Sobreveio sentença de extinção, nos termos do artigo 267, inciso V, do CPC/1973.

3. No caso dos autos, a r. sentença publicada na vigência do CPC/1973 reconheceu a existência de litispendência
e condenou a Parte Autora em litigância de má-fé. Não assiste razão aos Apelantes.

4. Da analise atenda da petição inicial e também dos documentos juntados, verifico que os Apelantes distribuíram
concomitantemente Ação Idêntica (processo n. 0003303.50.2012.403.6121, perante a 1ª Vara Federal de
Taubaté/SP), conforme demonstra a cópia do documento de fls. 554/571. Assim, resta inequívoca a existência de
litispendência.

5. Nesse sentido: Tribunal de Justiça de São Paulo, Apelação nº 0010032-26.2013.8.26.0126, Caraguatatuba, Rel.
Des. Heloísa Martins Mimessi, j. 23.11.2015, (Tribunal de Justiça de São Paulo, Apelação nº 1045983-
55.2014.8.26.0053, Capital, Rel. Des. Nogueira Diefenthäler, j. 31.08.2015, AC 00127377420094036119, JUÍZA
CONVOCADA NOEMI MARTINS, TRF3 - DÉCIMA PRIMEIRA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:31/07/2017
..FONTE_REPUBLICACAO, AC 00024540820134036133, JUIZ CONVOCADO RODRIGO ZACHARIAS, TRF3 -
NONA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:31/07/2017 ..FONTE_REPUBLICACAO.

6. Da litigância de má-fé. Oportuna a imposição da multa por litigância de má-fé, por restarem caracterizadas as
situações descritas nos artigos 17 e 18, ambos do Código de Processo Civil/1973.

7. Com efeito, na lição de Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery (in "Código de Processo Civil
Comentado", RT, 9ª ed., p. 184, Comentário ao artigo 17: "Conceito de litigante de má-fé: É a parte ou
interveniente que, no processo, age de forma maldosa, com dolo ou culpa, causando dano processual à parte
contrária. É o "improbus litigator", que se utiliza de procedimentos escusos com o objetivo de vencer, prolonga
deliberadamente o andamento do processo procrastinando o feito (...)".

Nesse sentido: STJ, AgRg no Ag 208.897/SP, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
11/05/1999, DJ 01/07/1999, p. 155.

8. Apelação improvida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1986765 / SP 0003904-56.2012.4.03.6121

5.15 Litisconsórcio ativo facultativo. Número de litigantes. É razoável o número de 10 (dez)


litisconsortes ativos nos casos de ações propostas com homogeneidade de objeto
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. LITISCONSÓRCIO ATIVO FACULTATIVO. ARTIGO 46, §
ÚNICO DO CPC/1973. LIMITAÇÃO. 10 (DEZ) AUTORES. POSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO.

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1. A jurisprudência tem admitido como razoável o número de 10 (dez) litisconsortes ativos nos casos de ações
propostas com homogeneidade de objeto, como é a do caso dos autos. Sobre esse ponto, trago precedente: TRF
3ª Região. AI 59163. NONA TURMA. Rel.: DES. FED. ANDRE NABARRETE. DJU DATA: 19.11.2002.

2. O d. magistrado de primeira instância, em sua decisão, não apresentou motivação para referido
desmembramento, o qual somente poderia ter sido determinado se demostradas as razões que levaram à
conclusão pela existência de comprometimento da rápida solução do litígio ou de embaraço ao direito de defesa,
na forma do art. 46, § único, do CPC/1973 (atual artigo 113, § 1º, do NCPC).

Nesse sentido: TRF 3ª Região. AI 100340. NONA TURMA. Rel.: DES. FED. MARISA SANTOS. DJU DATA
29.07.2004 e STJ, REsp 1651921/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
28/03/2017, DJe 18/04/2017.

3. Entendo, portanto, que o número de 10 (dez) litisconsortes não cria risco de afetar a celeridade
processual, nem tampouco de comprometer o exercício de direito de defesa.

4. Agravo de instrumento improvida.

AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 577326 / SP 0003876-79.2016.4.03.0000

5.16 Mandado de segurança. Efeitos patrimoniais pretéritos. Incabível. O pagamento das parcelas
descontadas anteriormente à impetração deve ser requerido administrativamente ou em ação judicial
própria.
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO APOSENTADO. DCTA. VPNI. LEI
11784/2008. PAGAMENTO. ERRO DA ADMINISTRAÇÃO. VALORES PERCEBIDOS DE BOA-FÉ. NATUREZA
ALIMENTÍCIA. REPOSIÇÃO AO ERÁRIO. DESCABIMENTO. MATÉRIA JULGADA EM RECURSO REPETITIVO.
RESTITUIÇÃO IMEDIATA DOS VALORES JÁ DESCONTADOS. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DAS
SÚMULAS 269 E 271 AMBAS DO STF. ARTIGO 14, § 4º, DA LEI 12016/2009. APLICABILIDADE. RECURSO DA
AGU ACOLHIDO COM EFEITOS MODIFICATIVOS.

1- Não sendo o mandado de segurança a via adequada para a recomposição de efeitos patrimoniais pretéritos,
tampouco instrumento substitutivo da ação de cobrança, nos termos das súmulas 269 e 271, ambas do STF, bem
como do disposto no artigo 14, § 4º, da Lei n. 12016/2009, o pagamento das parcelas descontadas anteriormente
à impetração deve ser requerido administrativamente ou em ação judicial própria.

2- Entendimento consolidado pelo STJ nos Embargos de Divergência em RESP n. 1087232/ES, Relator Ministro
HERMAN BENJAMIN, j. 07/12/2016, DJE 19/04/2017.

3- Embargos de declaração da AGU acolhidos, com efeito modificativo, para sanar o vício apontado, determinando
o restabelecimento do acórdão de fls. 134/141.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 356679 / SP 0000936-39.2014.4.03.6103

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
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5.17 Exceção de pré-executividade. Apenas matéria de ofício. Descabimento de matéria que


demanda dilação probatória.
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. EXCEÇÃO PRÉ-EXECUTIVIDADE.
MATÉRIAS COGNOSCÍVEIS DE OFÍCIO. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. MANUTENÇÃO DA
DECISÃO RECORRIDA. AGRAVO NÃO PROVIDO.

1. A exceção de pré-executividade é admitida em nosso ordenamento jurídico por construção doutrinária e


jurisprudencial como meio de defesa do devedor com o fito de apontar a existência de vícios no título executivo
extrajudicial que possam ser declarados de ofício, desonerando-o de garantir o juízo para discutir acerca da
inexigibilidade e/ou iliquidez do crédito tributário.

2. Considerando que a matéria em discussão não permite ser analisada em sede de cognição sumária, ou seja, na
via estreita da exceção de pré-executividade, a qual demanda instrução probatória, de rigor a manutenção da
decisão agravada.

3. Agravo de instrumento não provido.

AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 592926 / SP 0022944-15.2016.4.03.0000

5.18 Penhora. Bem indivisível de devedor co-proprietário. É indevida a indisponibilidade sobre a


totalidade do bem, quanto o devedor apenas dispõe de fração ideal.
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. PENHORA DE BEM INDIVISÍVEL. INSUBSISTÊNCIA DA
CONSTRIÇÃO SOBRE A TOTALIDADE DO BEM. HONORÁRIOS. APRECIAÇÃO EQUITATIVA. SENTENÇA
MANTIDA.

1.O STJ assentou entendimento no sentido de que, embora indivisível, é indevida a indisponibilidade sobre a
totalidade do bem, admitindo-se que a penhora recaia somente sobre a fração pertencente ao devedor.

2. Logo, trata-se de hipótese diversa da penhora que recai sobre a meação do cônjuge a qual, na dicção do art.
655-B do Código Buzaid [equivalente ao art. 843 do novel código], esta será assegurada com a importância da
expropriação.

3. Apelação e recurso adesivo desprovidos.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2158746 / SP 0007911-56.2014.4.03.6110

5.19 Novo CPC. Aplicação intertemporal. Aplica-se a Lei n. 13.105/2015 (novo CPC) aos processos
pendentes, respeitados, naturalmente, os atos consumados e seus efeitos no regime do CPC de 1973
(Enunciado Administrativo n. 2/STJ).
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL. EXTINÇÃO COM BASE NO ARTIGO 267, IV, DO CPC DE
1973. RECOLHIMENTO DE CUSTAS PARA EXPEDIÇÃO DE CARTA PRECATÓRIA PARA CITAÇÃO. NÃO
ATENDIMENTO A DETERMINAÇÃO DO JUÍZO. PRECLUSÃO. INTIMAÇÃO PESSOAL PARA

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PROSSEGUIMENTO DO FEITO, PENA DE EXTINÇÃO. DESNECESSIDADE. MANUTENÇÃO DA DECISÃO


IMPUGNADA. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.

1- Aplica-se a Lei n. 13.105/2015 aos processos pendentes, respeitados, naturalmente, os atos consumados e
seus efeitos no regime do CPC de 1973. Nesse sentido, restou editado o Enunciado Administrativo n. 2/STJ.

2- Operada a preclusão da decisão judicial que determinou a manifestação em cinco dias, se a parte exequente
não atende a determinação e nem agrava ocorre a preclusão e, portanto, a matéria não pode mais ser discutida
em sede de apelação interposta contra a sentença que rejeita a petição exordial.

3- A hipótese dos autos não configura abandono do processo pela parte, mas sim ausência de pressuposto de
desenvolvimento válido e regular do processo, o que implica a extinção do processo independente da intimação
pessoal da parte, já que não se tratou de extinção do feito por força dos incisos II e III do artigo 267, do CPC/73.

4- O enunciado da Súmula 240 do STJ que condiciona o requerimento do réu para a extinção do processo na
hipótese de abandono da causa não se aplica na hipótese de execução de título extrajudicial não embargada,
dado o manifesto desinteresse da parte contrária à continuidade da execução.

5- Agravo interno não provido.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2230390 / SP 0000908-16.2015.4.03.6110, 17/10/2017

5.20 Incidente de falsidade. Eficácia e ônus de prova. Para que se declare a falsidade de uma
assinatura em um incidente de falsidade, é necessária a demonstração cabal e inequívoca de que a
assinatura questionada não é autêntica. O fato de a perícia não ser conclusiva quanto ao autor da
assinatura aposta no documento questionado não significa que essa assinatura seja falsa. Cabe ao autor da
demanda provar a falsidade da assinatura no documento.
PROCESSO PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. INCIDENTE DE FALSIDADE. FALSIDADE NÃO
DEMONSTRADA. CONTEUDO DO DOCUMENTO VERDADEIRO. RECURSO PROVIDO.

1. Recurso em sentido estrito interposto pelo MPF contra sentença que reconheceu a falsidade da assinatura
aposta na representação do denunciante.

2. Para que se declare a falsidade de uma assinatura em um incidente de falsidade, é necessária a demonstração
cabal e inequívoca de que a assinatura questionada não é autêntica. O fato de a perícia não ser conclusiva quanto
ao autor da assinatura aposta no documento questionado, não significa que essa assinatura seja falsa. Cabe ao
autor da demanda provar a falsidade da assinatura no documento.

3. Embora o laudo pericial não tenha sido conclusivo quanto à autenticidade ou falsidade da assinatura do
denunciante, há nos autos outros elementos de prova que apontam para a validade da representação apresentada
e não há prova suficiente a demonstrar a falsidade da assinatura nela aposta.

4. É certo que as testemunhas afirmaram que não conhecem a assinatura do denunciante e que não o
presenciaram assinando a representação quando da entrega do documento no protocolo da Corregedoria da
Receita Federal. No entanto, todas as testemunhas foram unânimes em afirmar que ele realmente apresentou
perante a Corregedoria representação narrando irregularidades ocorridas na Delegacia da Receita Federal em

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Osasco. Aduziram ainda que o conteúdo da representação protocolada corresponde ao narrado e que não
possuem razões para concluirem que a assinatura seja falsificada.

5. O fato de as testemunhas não se recordarem de ter visto o denunciante assinando o documento não quer dizer
que a assinatura não seja verdadeira, inclusive porque, conforme narrado, o documento foi entregue já assinado,
não havendo motivo por parte dos recebedores em questionar, no momento do protocolo, a autenticidade da
assinatura.

6. O assistente técnico é contratado pela parte e não é possível olvidas o vínculo entre eles existente, pelo que as
conclusões do assistente devem ser recebidas com reservas. Precedente.

7. Desrespeito "in casu" da norma constante do art. 159, § 4º do CPP, não havendo a prévia admissão pela
magistrada de primeiro grau do assistente técnico.

8. Além disso, o próprio denunciante prestou declaração formal perante o Escritório da Corregedoria da Receita
Federal, ocasião em que foi reduzindo a termo uma série de eventos em que narra estar sendo vigiado, inclusive
recebendo ameaça, ocasião em que declarou que efetivamente entregou uma representação na Corregedoria em
outubro de 2010. Salta aos olhos que a assinatura constante desse termo de declaração em muito se assemelha
com a assinatura presente na representação ora questionada.

9. O fato de não estar provado que a assinatura não é de Jorge Miranda, não quer dizer que seu teor não espelha
a verdade dos fatos, ou que haja a contaminação das demais provas por derivação.

10. Recurso em Sentido Estrito provido.

RSE - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - 8011 / SP 0008365-85.2012.4.03.6181, 22/08/2017

5.21 Designação de valor da causa. Proveito econômico. Obrigatoriedade de adequação com o


proveito econômico da demanda. Possibilidade de extinção do processo sem julgamento de mérito na
hipótese de reiterada omissão do autor.
PROCESSO CIVIL. AGRAVO. ARTIGO 557, § 1°, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. VALOR DA CAUSA.
DECISÃO QUE DETERMINA ATRIBUIÇÃO DE NOVO VALOR. DESCUMPRIMENTO. EXTINÇÃO DO
PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. POSSIBILIDADE.

1. A atribuição do valor da causa é obrigatória e, porque deve guardar consonância com a expressão econômica
do pedido, sua falta ou sua manifesta incongruência com o pedido enseja a determinação de emenda da petição
inicial, sob pena de indeferimento, mormente porque a demonstração do exato valor da causa enseja a
determinação da competência do Juízo. Precedentes C. STJ.

2. O MM Juiz a quo, determinou, por duas vezes, que a parte autora emendasse a inicial para dirimir a
incongruência entre o valor apontado à causa e o correspondente benefício econômico pretendido com a
demanda. Todavia, a apelante repisou seus fundamentos lançados na primeira manifestação, manteve o valor
atribuído à causa, deixou de considerar o pleito indenizatório imaterial, descumprindo com determinação judicial
expressa a qual resultou na extinção do processo pelo indeferimento da petição inicial.

3. O descumprimento da diligência ordenada pelo Juízo de 1º grau enseja a extinção do processo sem resolução
do mérito, na forma do artigo 267, inciso IV, do Código de Processo Civil.
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grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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4. Agravo improvido.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1750422 / SP 0005206-05.2011.4.03.6106, 05/09/2017

5.22 Preparo recursal e porte de remessa e retorno. Direito intertemporal. Aplica-se o artigo 511 do
CPC/73 quando este vigia no momento de interposição do recurso. Sendo este o caso, deve haver o
recolhimento do preparo e do porte de remessa e de retorno no momento da interposição do recurso, sob
pena de deserção. O prazo era de cinco dias apenas para regularização dos casos de insuficiência no valor
do preparo, e não de sua inexistência.
PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. PREPARO NÃO COMPROVADO NO MOMENTO DA INTERPOSIÇÃO DO
RECURSO. DESERÇÃO. MANUTENÇÃO DA DECISÃO IMPUGNADA. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.

1- Aplica-se a Lei n. 13.105/2015 aos processos pendentes, respeitados, naturalmente, os atos consumados e
seus efeitos no regime do CPC de 1973.

2- Nos termos do caput do artigo 511 do CPC/73, a ausência do recolhimento do porte de remessa e de retorno no
momento da interposição do recurso dá ensejo à sua deserção.

3- Como a lei fixa momento único, simultâneo, para a prática de dois atos processuais, isto é a interposição do
recurso e a prova do pagamento do preparo, inclusive o porte de remessa e retorno, ocorre preclusão
consumativa se o recorrente interpõe o recurso sem a prova do recolhimento do preparo,

4- O § 2º do artigo 511 do CPC/73 prevê o prazo de cinco dias apenas para regularização dos casos de
insuficiência no valor do preparo, e não de sua inexistência.

5- O entendimento jurisprudencial sobre a matéria se orienta no sentido de que a comprovação do respectivo


recolhimento deve se dar no momento da interposição do recurso. Precedentes iterativos jurisprudenciais do STF,
do STJ e deste Regional.

6- Agravo interno não provido.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1232381 / SP 0009891-87.2004.4.03.6110, 05/09/2017

6 DIREITO TRIBUTÁRIO

6.1 Contribuição previdenciária. Incidência sobre parcelas laborais. Incidência: salário


maternidade, salário paternidade, décimo terceiro salário, adicionais noturno e de insalubridade, adicional
de horas-extras. Não incidência: 1/3 de férias, aviso prévio indenizado e valor pago pelo empregador nos
15 dias que antecedem o auxílio doença.

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. NÃO INCIDÊNCIA: TERÇO CONSTITUCIONAL DE


FÉRIAS. AVISO PRÉVIO INDENIZADO. IMPORTÂNCIA PAGA NOS QUINZE DIAS QUE ANTECEDEM O
AUXÍLIO-DOENÇA. INCIDÊNCIA: SALÁRIO-MATERNIDADE. ADICIONAIS NOTURNO E DE INSALUBRIDADE.
Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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Julgados desembargador HÉLIO NOGUEIRA

Período: 01/01/2017 a 31/01/2018

ADICIONAL DE HORA EXTRA. COMPENSAÇÃO/RESTITUIÇÃO. TRIBUTOS DE MESMA DESTINAÇÃO E


ESPÉCIE. ART. 170-A DO CTN. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. ATUALIZAÇÃO. TAXA SELIC. SUCUMBÊNCIA
RECÍPROCA. HONORÁRIOS RECURSAIS: NÃO CABIMENTO.

1. O STJ pacificou o entendimento, em julgamento proferido na sistemática do art. 543-C do CPC, sobre a
incidência de contribuição previdenciária nos valores pagos pelo empregador a título de salário-maternidade, e a
não incidência de contribuição previdenciária nos valores pagos a título de terço constitucional de férias, aviso
prévio indenizado e importância paga nos quinze dias que antecedem o auxílio-doença (REsp. n. 1230957/RS,
Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJE 18/03/2014). [NESTE JULGADO, A RESPEITO DO SALÁRIO
MATERNIDADE, O STJ ENTENDEU PELA INCIDÊNCIA SOBRE O SALÁRIO MATERNIDADE. OCORRE QUE,
EM 2016, O PGR AJUIZOU AÇÃO DECLARATÓRIA DE INCONSTITUCIONALIDADE, ADI 5626, AINDA EM
TRÂMITE:
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=5626&classe=ADI&origem=AP&recurso
=0&tipoJulgamento=M]

2. Os adicionais noturno e de insalubridade, que por possuírem evidente caráter remuneratório, sofrem incidência
de contribuição previdenciária, consoante pacífico entendimento jurisprudencial.

3. O adicional de horas-extras possui caráter salarial, conforme art. 7º, XVI, da CF/88 e Enunciado n. 60 do TST.
Consequentemente, sobre ele incide contribuição previdenciária. Precedentes.

4. O indébito pode ser objeto de compensação com parcelas vencidas posteriormente ao pagamento, relativas a
tributo de mesma espécie e destinação constitucional nos termos do art. 66 da Lei n. 8.383/91, porquanto o
parágrafo único do art. 26 da Lei n. 11.457/2007 exclui o indébito relativo às contribuições sobre a remuneração
do regime de compensação do art. 74 da Lei n. 9.430/96.

5. A Lei Complementar n. 104, de 11/01/2001, introduziu no CTN o art. 170-A, vedando a compensação, mediante
aproveitamento, de tributo objeto de contestação judicial, antes do trânsito em julgado da respectiva sentença.

6. Cabível o pleito da autora, ora apelante, quanto à restituição dos valores indevidamente recolhidos mediante
restituição em dinheiro ou compensação com contribuições vincendas, com fundamento no art. 66, §2º da Lei nº
8.383/91.

7. O STF, no RE n. 561.908/RS, da relatoria do Ministro MARCO AURÉLIO, reconheceu a existência de


repercussão geral da matéria, em 03/12/2007, e no RE n. 566.621/RS, representativo da controvérsia, ficou
decidido que o prazo prescricional de cinco anos se aplica às ações ajuizadas a partir de 09/06/2005. In casu,
tendo em vista o ajuizamento da presente ação em 17/08/2015, aplica-se o prazo prescricional de cinco anos.

8. A atualização monetária incide desde a data do pagamento indevido do tributo, até a sua efetiva restituição e/ou
compensação. Os créditos deverão ser corrigidos pela Taxa SELIC, nos termos do § 4° do art. 39 da Lei n.
9.250/95, que já inclui os juros, conforme Resolução CJF n. 267/2013.

9. Em razão da sucumbência recíproca, impõe-se a manutenção da r. sentença.

10. Ademais, nos termos do Enunciado Administrativo nº 7, elaborado pelo STJ para orientar a comunidade
jurídica acerca da questão do direito intertemporal, tratando-se de recurso interposto contra decisão publicada
anteriormente a 18/03/2016, não é possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do
art. 85, § 11, do CPC/2015.

11. Apelações não providas. Remessa oficial parcialmente provida.


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Período: 01/01/2017 a 31/01/2018

ApReeNec - APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA - 2241240 / SP 0016115-85.2015.4.03.6100

Veja também o Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 369722 / SP 0012743-71.2015.4.03.6119

6.2 Contribuição previdenciária. Incidência sobre parcelas laborais. Não incidência: abono de
férias, férias pagas em dobro e férias indenizadas.
TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AVISO PRÉVIO INDENIZADO. TERÇO
CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. FÉRIAS INDENIZADAS. FÉRIAS PAGAS EM DOBRO. ABONO PECUNIÁRIO
DE FÉRIAS. NÃO INCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO. TRIBUTOS DE MESMA DESTINAÇÃO E ESPÉCIE.

1. O STJ pacificou o entendimento, em julgamento proferido na sistemática do art. 543-C do CPC, sobre a não
incidência de contribuição previdenciária nos valores pagos a título de terço constitucional de férias e aviso prévio
indenizado (REsp. n. 1230957/RS, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJE 18/03/2014).

2. Não incide a contribuição previdenciária sobre as férias indenizadas, nos termos do art. 28, § 9º, "d", da Lei n.
8.212/91. Nesse sentido: TRF3, AI n. 2008.03.00.035960-6, Rel. Des. Fed. ANDRÉ NEKATSCHALOW, j.
24/09/2008; AMS n. 2011.61.10.003705-6, Rel. Des. Fed. ANTÔNIO CEDENHO, j. 27/05/2013.

3. No mesmo sentido, sendo eliminada do ordenamento jurídico a alínea 'b' do § 8º do art. 28, vetada quando
houve a conversão da MP n. 1.596-14 na Lei n. 9.528/97, é induvidoso que o abono de férias, nos termos dos
artigos 143 e 144 da CLT, não integra o salário-de-contribuição.

4. Sobre as férias pagas em dobro, de acordo com a art. 137 da CLT, também não deve incidir contribuições
previdenciárias pelo nítido caráter indenizatório da verba. Precedentes.

5. O indébito pode ser objeto de compensação com parcelas vencidas posteriormente ao pagamento, relativas a
tributo de mesma espécie e destinação constitucional nos termos do art. 66 da Lei n. 8.383/91, porquanto o
parágrafo único do art. 26 da Lei n. 11.457/2007 exclui o indébito relativo às contribuições sobre a remuneração
do regime de compensação do art. 74 da Lei n. 9.430/96.

6. Apelação da União parcialmente provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2233575 / SP 0008271-61.2014.4.03.6119, 05/09/2017

6.3 Contribuição previdenciária. Incidência sobre parcelas laborais. Não incidência: auxílio
educação pago pelo empregador. A natureza das exações não é livremente determinada pelo empregador.
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INCIDENTE
SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS. AUXÍLIO-EDUCAÇÃO. VERBA DE NATUREZA INDENIZATÓRIA.
HONORÁRIOS RECURSAIS: NÃO CABIMENTO. RECURSO PROVIDO.

1. O artigo 195, inciso I, alínea 'a', da Constituição Federal, estabelece, dentre as fontes de financiamento da
Seguridade Social, a contribuição social do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da
lei, incidente sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à
pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício.

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2. Na redação original do dispositivo, anterior à EC nº 20/98, a contribuição em tela podia incidir apenas sobre a
folha de salários. Vê-se, pois, que a ideia que permeia a hipótese de incidência constitucionalmente delimitada
para a contribuição social em exame é a abrangência daquelas verbas de caráter remuneratório pagas àqueles
que, a qualquer título, prestem serviços à empresa.

3. A tentativa de impor a tributação das parcelas indenizatórias, levada a cabo com a edição da MP n. 1.523-7 e
da MP n. 1.596-14, restou completamente afastada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADIN n.
1.659-6/DF, bem como pelo veto ao § 2º do artigo 22 e ao item "b" do § 8º do artigo 28, ambos da Lei nº
8.212/1991, dispositivos incluídos pela Lei nº 9.528/1997.

4. A definição do caráter salarial ou indenizatório das verbas pagas aos empregados não pode ser livremente
atribuída ao empregador, o que impõe a análise acerca da natureza jurídica de cada uma delas, de modo a
permitir ou não sua exclusão da base de cálculo da contribuição social em causa.

5. Quanto ao auxílio-educação, os gastos da empresa com a educação dos empregados não integram o salário de
contribuição e, sendo assim, não podem sofrer a incidência da contribuição previdenciária prevista no inciso I do
artigo 22 da Lei nº 8.212/1991. Precedentes.

6. Considerando que o recurso foi interposto sob a égide do CPC/1973 e, nos termos do Enunciado Administrativo
nº 7, elaborado pelo Superior Tribunal de Justiça para orientar a comunidade jurídica acerca da questão do direito
intertemporal, tratando-se de recurso interposto contra decisão publicada anteriormente a 18/03/2016, não é
possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do artigo 85, § 11, do CPC/2015.

7. Apelação provida.

AC - APELAÇÃO CÍVEL - 1337685 / SP 0032978-05.2004.4.03.6100, 05/09/2017

6.4 Contribuição previdenciária. Incidência sobre parcelas laborais. Incidência: Auxílio


transferência. No tocante ao adicional de transferência, o STJ firmou entendimento no sentido de que
possui caráter remuneratório. Natureza das exações e a vontade - não é livremente determinada pelo
empregador.
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. CONTRIBUIÇÕES
PREVIDENCIÁRIAS. FOLHA DE SALÁRIOS. VERBAS INDENIZATÓRIAS E REMUNERATÓRIAS. INCIDÊNCIA.
AGRAVO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. No que respeita à contribuição sobre o terço constitucional de férias, a Primeira Seção do C. Superior Tribunal
de Justiça, em sede de incidente de uniformização de jurisprudência das Turmas Recursais dos Juizados
Especiais Federais, modificou o posicionamento, alinhando-se à jurisprudência já sedimentada por ambas as
turmas do C. Supremo Tribunal Federal, no sentido da não-incidência da contribuição previdenciária sobre o
benefício.

2. No tocante ao adicional de transferência, o STJ firmou entendimento no sentido de que possui caráter
remuneratório.

3. No caso em tela, embora a agravante tenha sustentado que os valores pagos aos empregados sob a rubrica de
"abonos", conforme estabelecido em Convenção Coletiva de Trabalho, não constituem pagamentos habituais, as

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alegações apresentadas mostram-se genéricas, no sentido de que se estaria a tratar de ganhos eventuais pagos
em caráter excepcional e provisório, não havendo, porém, qualquer comprovação nesse sentido.

4. Eliminada do ordenamento jurídico a alínea 'b' do § 8º do art. 28, vetada quando houve a conversão da MP n.
1.596-14 na Lei n. 9.528/97, é induvidoso que o abono de férias, nos termos dos artigos 143 e 144 da CLT, não
integra o salário-de-contribuição.

5. Não é devida a incidência de contribuição previdenciária sobre o auxílio-educação, consoante pacífica


jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e desse Tribunal Regional Federal da Terceira Região.

6. No que tange aos reflexos do aviso prévio indenizado sobre o 13º salário, o C. Superior Tribunal de Justiça
assentou o entendimento de que a referida verba não é acessória do aviso prévio indenizado, mas de natureza
remuneratória, assim como a gratificação natalina (décimo-terceiro salário).

7. Agravo de instrumento parcialmente provido.

AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 594945 / SP 0002325-30.2017.4.03.0000, 05/09/2017

6.5 Contribuição previdenciária. Parcelas laborais. Incidência: salário-maternidade, licença


paternidade, adicional-noturno e de horas extraordinárias, adicional de periculosidade e de insalubridade,
transferência, gratificação de desempenho e banco de horas não compensadas
TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA PATRONAL. SALÁRIO MATERNIDADE. LICENÇA
PATERNIDADE. ADICIONAIS. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO. BANCO DE HORAS.

1. Há incidência da contribuição previdenciária patronal sobre verbas pagas a título de salário-maternidade,


licença paternidade, adicionais - noturno, periculosidade, insalubridade, transferência e horas extraordinárias -,
gratificação de desempenho e banco de horas não compensadas (art. 28, §9º, "a", da Lei nº 8.212/91; arts. 59,
§3º, e 457, § 1º, da CLT; REsp 1230957/RS; REsp 1358281/SP; Súmulas n. 60, 132, 139, 152 do TST; Súmula nº
207 do STF).

2. Apelação não provida.

AC - APELAÇÃO CÍVEL - 1282538 / SP 0024528-10.2003.4.03.6100, 22/08/2017

6.6 Contribuição previdenciária. Natureza tributária e lavratura de Multa de ofício. Suspensa a


exigibilidade do crédito, não incide a multa de ofício. Tratando-se de recurso interposto contra decisão
publicada anteriormente a 18/03/2016, não é possível o arbitramento de honorários sucumbenciais
recursais, na forma do artigo 85, § 11, do CPC/2015.
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO:
CABIMENTO. RECEBIMENTO DO TRIBUTO CONDICIONADO AO PAGAMENTO DE
PENALIDADE. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE POR FORÇA DE LIMINAR EM MANDADO
DE SEGURANÇA. MULTA MORATÓRIA: NÃO INCIDÊNCIA. NATUREZA TRIBUTÁRIA DAS

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CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. HONORÁRIOS RECURSAIS: NÃO CABIMENTO. RECURSO E


REMESSA OFICIAL NÃO PROVIDOS.

1. A presente ação de consignação em pagamento foi ajuizada com o escopo de se proceder ao depósito
de quantia relacionada a contribuições ao SAT sem a incidência de multa de ofício, na medida em que a
exigibilidade da exação foi suspensa por força de mandado de segurança.

2. A consignação em pagamento em matéria tributária é admitida somente nas hipóteses taxativamente


previstas nos incisos do caput do artigo 164 do Código Tributário Nacional. O caso dos autos subsume-se
à hipótese do inciso I, na medida em que a apelante condiciona o recebimento dos valores devidos pela
parte autora ao pagamento de multa moratória. A multa moratória nada mais é do que penalidade, que
visa a desestimular o atraso no recolhimento do tributo.

3. O artigo 63, caput e §2º da Lei nº 9.430/1996 prevê que, quando da suspensão da exigibilidade do
crédito tributário na forma do artigo 151 do Código Tributário Nacional, é vedado o lançamento de multa
de ofício, assim como a cobrança da multa moratória pelo Fisco.

4. Suspensa a exigibilidade do crédito tributário por força de mandado de segurança, não incide a multa
de ofício, nos termos do § 2º do artigo 63 da Lei nº 9.430/1996. Precedente.

5. Incabível o acolhimento da tese de que o artigo 63 da Lei nº 9.430/1996 não seria aplicável às
contribuições previdenciárias, mas tão somente aos impostos. Em primeiro lugar, porque a referida Lei
expressamente dispõe sobre as contribuições para a Seguridade Social. Não bastasse, com a promulgação
da Constituição da República de 1988, as contribuições sociais, incluídas nesse conceito as destinadas ao
custeio da Seguridade Social, foram reinseridas no âmbito do Sistema Tributário Nacional, não havendo
dissídio quanto ao ponto.

6. Considerando que o recurso foi interposto sob a égide do CPC/1973 e, nos termos do Enunciado
Administrativo nº 7, elaborado pelo Superior Tribunal de Justiça para orientar a comunidade jurídica
acerca da questão do direito intertemporal, tratando-se de recurso interposto contra decisão publicada
anteriormente a 18/03/2016, não é possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na
forma do artigo 85, § 11, do CPC/2015.

7. Apelação e remessa oficial não providas.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1718248 / SP 0012122-83.2005.4.03.6100

6.7 Contribuição previdenciária. Prazo prescricional. Sumula vinculante 8. Ilegal o prazo de 10


anos, por necessitar de lei complementar. O prazo prescricional é de 5 anos, nos termos do artigo 173,
inciso I, do CTN

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TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. CONTRIBUIÇÃO SOBRE OBRA DE CONSTRUÇÃO


CIVIL. DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE N. 8. INCONSTITUCIONALIDADE DOS ARTIGOS 45 E 46 DA LEI
8.2012/1991. PRAZO QUINQUENAL. HONORÁRIOS RECURSAIS: NÃO CABIMENTO. RECURSO E REMESSA
OFICIAL NÃO PROVIDOS.

1. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, as contribuições sociais, incluídas nesse conceito as
destinadas ao custeio da Seguridade Social, foram reinseridas no âmbito do Sistema Tributário Nacional. Assim, a
decadência e a prescrição dessas contribuições voltaram a seguir o regramento do Código Tributário Nacional.

2. Embora editado como lei ordinária (Lei nº 5.172/66), o Código Tributário Nacional foi recepcionado pela
Constituição Federal de 1988 com força de lei complementar, nos termos do artigo 146, III, da Carta, que reserva
a essa espécie normativa as normas gerais de direito tributário, inclusive no que se refere à prescrição e
decadência.

3. Nos termos do artigo 173, inciso I, do CTN, o direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário, que se
dá pelo lançamento (artigo 142), extingue-se em 5 (cinco) anos, contados "do primeiro dia do exercício seguinte
àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado".

4. No caso de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, em que ocorre o pagamento do tributo pelo
sujeito passivo, incide a norma do artigo 150, caput e seu § 4º, considerando-se homologado o autolançamento
por ato expresso da autoridade administrativa, ou pela homologação tácita, após cinco anos a contar da
ocorrência do fato gerador.

5. No caso dos autos, em que não houve o pagamento, aplica-se, portanto, a norma do artigo 173, inciso I, do
CTN. A partir de então, inicia-se o curso do prazo prescricional previsto no artigo 174 do CTN, que estabelece que
"a ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 5 (cinco) anos, contados da data da sua constituição
definitiva". Precedentes.

6. O prazo decadencial para a contribuição referente às competências de 01/1993 a 11/1993 iniciou-se em


01/01/1994 e findou-se em 31/12/1998. Já o prazo decadencial para a contribuição referente à competência de
12/1993iniciou-se em 01/01/1995 e findou-se em 31/12/1999. Como os Autos de Infração datam de 13/05/2003,
encontram-se acobertados pelo instituto da decadência no que se refere ao exercício de 1993.

7. Considerando que o recurso foi interposto sob a égide do CPC/1973 e, nos termos do Enunciado Administrativo
nº 7, elaborado pelo Superior Tribunal de Justiça para orientar a comunidade jurídica acerca da questão do direito
intertemporal, tratando-se de recurso interposto contra decisão publicada anteriormente a 18/03/2016, não é
possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do artigo 85, § 11, do CPC/2015.

8. Apelação e remessa oficial não providas.

ApReeNec - APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA - 1233355 / SP 0024188-32.2004.4.03.6100

6.8 Contribuição previdenciária. Base de cálculo. A receita bruta, como base de cálculos da
contribuição previdenciária patronal apenas tornou-se facultativa após a Lei nº. 13.161/2015
TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA PATRONAL. BASE DE CÁLCULO. LEI 12.546/2011.

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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Julgados desembargador HÉLIO NOGUEIRA

Período: 01/01/2017 a 31/01/2018

1. A alteração na base imponível da contribuição previdenciária patronal - da folha de salários (art. 22, I e III, da
Lei n° 8.212/1991) para a receita bruta de sociedades empresárias de dados setores (MP nº 540/2011; Leis nº
12.546/2011, 12.715/2012, 12.794/2013, 12.844/2013) - apenas tornou-se facultativa a partir da Lei nº
13.161/2015.

2. Apelação não provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2138726 / SP 0012688-51.2013.4.03.6100, 05/09/2017

6.9 Contribuição social. Lei Ordinária. LC nº 84/96, em competência residual da União, instituiu a
contribuição sobre a remuneração dos autônomos, empresários e avulsos. A contribuição social sobre
a remuneração é constitucional. A EC nº 20/98 alargou a base de cálculo das contribuições para o
financiamento da Seguridade Social. A Lei nº 9.876/99 previu que a Contribuição está sujeita à alíquota
de 20%. Lei ordinária x lei complementar - A partir da EC nº 20/98, a matéria disciplinada na LC 84/96
tornou-se passível de regulação por meio de Lei Ordinária.
TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PRO-
LABORE. LC 84/96. REVOGAÇÃO. LEI Nº 9.876/99. MAJORAÇÃO DA ALÍQUOTA. REVOGAÇÃO DE LEI
COMPLEMENTAR POR LEI ORDINÁRIA. POSSIBILIDADE. EC Nº 20/98. JULGAMENTO RE 228.321/RS.

1. Lei Complementar nº 84/96, no exercício da competência residual da União (art. 154, I, da CF), nos termos do
artigo 195, § 4º da Constituição Federal, instituiu a cobrança da contribuição sobre a remuneração dos
autônomos, empresários e avulsos, anteriormente julgada inconstitucional pelo STF, na medida em que foi
instituída pela Lei Ordinária n. 7.789/89 quando não havia respaldo constitucional para tanto.

2. O Plenário do C. Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE 228.321-RS, reconheceu a


constitucionalidade da contribuição social, a cargo das empresas e pessoas jurídicas, inclusive cooperativas,
incidente sobre a remuneração ou retribuição pagas ou creditadas aos segurados empresários, trabalhadores
autônomos, avulsos e demais pessoas físicas, objeto do artigo 1º, I, da Lei Complementar nº 84/96, por entender
que não se aplica às contribuições sociais novas a segunda parte do inciso I do artigo 154 da Carta Magna.

3. Com o advento da Emenda Constitucional nº 20/98 foi possível o alargamento da base de cálculo das
contribuições destinadas ao financiamento da Seguridade Social, por meio da alínea "a", do inciso I, do artigo 195,
da Constituição Federal. A Lei nº 9.876/99, revogou a LC nº 84/96 e alterou dispositivos da Lei nº 8.212/91, dentre
os quais o inciso I, do artigo 22, prevendo que a Contribuição devida pela Empresa, destinada à Seguridade
Social, está sujeita à alíquota de 20% (vinte por cento), anteriormente prevista em 15%, nos termos da LC 84/96.

4. A partir das alterações da Emenda Constitucional nº 20/98, a matéria disciplinada na LC 84/96 tornou-se
passível de regulação por meio de Lei Ordinária. Quanto ao pedido de compensação. Considerando a
fundamentação acima exposta, resta prejudicada sua análise diante da improcedência do pedido.

5. Apelação improvida.

AMS - APELAÇÃO CÍVEL - 287774 / SP 0029526-50.2005.4.03.6100, 05/09/2017

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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6.10 Crédito rural. CDA. Prazo prescricional. Atualização. A CDA goza da presunção de liquidez e
certeza. O Superior Tribunal de Justiça já assentou ser vintenário o prazo prescricional aplicável para a
cobrança de crédito rural. Os créditos rurais originários de operações financeiras alongadas ou
renegociadas, cedidos à União Federal por força da Medida Provisória 2.196-3/2001, estão abarcados no
conceito de Dívida Ativa da União, não importando a natureza. Capitalização de juros - Admite-se em
crédito rural.
PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL - CÉDULA DE CRÉDITO RURAL - CRÉDITO
ORIGINÁRIO DE OPERAÇÕES FINANCEIRAS, CEDIDOS À UNIÃO - MP Nº 2.196-3/2001 - DÍVIDA ATIVA DA
UNIÃO - CERCEAMENTO DE DEFESA, PRESCRIÇÃO E NULIDADE DA CDA E EXCESSO DE EXECUÇÃO -
INOCORRÊNCIA. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS - LEGALIDADE - APLICAÇÃO DE PARADIGMA OBRIGATÓRIO.
SENTENÇA MANTIDA.

1. A CDA goza da presunção de liquidez e certeza (artigo 3º, parágrafo único, da Lei nº 6.830/80), cujo ônus de
desconstituição pertence ao executado, de que não se desincumbiu no caso dos autos.

2. A certidão de dívida inscrita que embasa a execução encontra-se formalmente perfeita, dela constando todos os
requisitos previstos no art. 2°, §§5° e 6°, da Lei n° 6.830/1980.

3. Os créditos ora sob discussão, conquanto originários de contratos de mútuo bancário passíveis de execução
pura e simples, restaram alongados ou renegociados, com fundamento na Lei 9.138/1995, e transferidos à União
Federal pela MP 2.196-3/2001, assumindo, por força de lei, natureza de dívida ativa não tributária, a possibilitar
sua exigência via procedimento especial de execução fiscal.

4. O Superior Tribunal de Justiça já assentou ser vintenário o prazo prescricional aplicável para a cobrança de
crédito rural adquirido pela UNIÃO, por meio de julgamento pela sistemática dos recursos repetitivos.

5. O Superior Tribunal de Justiça também firmou entendimento, em sede de recurso representativo de


controvérsia, de que os créditos rurais originários de operações financeiras alongadas ou renegociadas, nos
termos da Lei nº 9.138/95, cedidos à União Federal por força da Medida Provisória 2.196-3/2001, estão abarcados
no conceito de Dívida Ativa da União para efeitos de execução fiscal, não importando a natureza pública ou
privada dos créditos em si: REsp 1123539/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
09/12/2009, DJe 01/02/2010.

5. No tocante aos requisitos formais do título executivo e regularidade da execução proposta, tem reiteradamente
decidido a jurisprudência, diante de CDA, tal qual a que instruiu a execução fiscal, que inexiste nulidade, em
detrimento da presunção de sua liquidez e certeza, uma vez que nele constam os elementos exigidos legalmente
para a identificação do crédito executado (qualificação do sujeito passivo, origem e natureza do crédito,
competência - período base, data do vencimento e da inscrição, número do procedimento administrativo, forma de
constituição e notificação, "quantum debeatur", termo inicial dos encargos e respectiva legislação reguladora, etc.),
sendo integralmente válida e eficaz a CDA, em face do art. 202, do CTN, e art. 2º e parágrafos, da LEF, para
efeito de viabilizar a execução intentada.

6. A Súmula nº 93 do E. STJ admite a capitalização de juros em se tratando de crédito rural .

7. Apelação desprovida.

AC - APELAÇÃO CÍVEL - 1972616 / SP 0015751-90.2014.4.03.9999, 22/08/2017

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6.11 Encargo legal de 20% x honorários. Inscrição em Dívida Ativa. Legitimidade. A legitimidade
do encargo de 20% do Decreto-lei nº 1.025 /69 foi assentada na Súmula nº 168 TFR. Tratando-se de
execução ajuizada posteriormente à vigência da Lei nº 11.457/2007, há incidência do encargo do Decreto-
Lei nº 1.025/69, o qual, como já inclui honorários, não permite nova condenação de honorários.
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. ENCARGO DO DL 1.025/69. LEGALIDADE E
CONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA 168 DO TFR. EXECUÇÃO FISCAL PROPOSTA APÓS A EDIÇÃO DA LEI
Nº 11.457/2007. ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS. DESCABIMENTO. SENTENÇA REFORMADA.

1. A legitimidade do encargo de 20% previsto no Decreto-lei nº 1.025 /69 já foi assentada na Súmula nº 168 do
extinto Tribunal Federal de Recursos, entendimento este reafirmado pelo Superior Tribunal de Justiça, em recurso
repetitivo (REsp 1143320/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 12/05/2010, DJe 21/05/2010). O
Supremo Tribunal Federal considera tal matéria de índole infraconstitucional (RE 894027 AgR, Relatora: Min.
ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 30/06/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-157 DIVULG 10-08-
2015 PUBLIC 12-08-2015).

2. Tratando-se de execução de contribuições ajuizada posteriormente à vigência da Lei nº 11.457/2007, há


incidência do encargo previsto no Decreto-Lei nº 1.025 /69 no crédito discutido, sendo de rigor a exclusão dos
honorários advocatícios arbitrados na sentença recorrida. Paradigma obrigatório.

3. Apelação provida para excluir a condenação em honorários advocatícios.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2246451 / SP 0032298-50.2013.4.03.6182, 22/08/2017

6.12 Contribuição previdenciária. Restituição. Prova de repercussão econômica. Sendo indevido o


principal (tributo), o acessório também o será. É válida a aplicação do prazo prescricional de cinco anos
apenas para as ações ajuizadas após 09/06/2005. O prazo prescricional para obter a
restituição/compensação é de cinco anos a contar da homologação. A União tem o prazo de 5 anos para
homologar. A partir daí, o contribuinte teria cinco anos para pleitear o direito de restituir e/ou compensar.
A Lei nº 8.212/1991 limitava a compensação à transferência do encargo financeiro. Mas o artigo 166
CTN refere-se a tributos indiretos, diversamente das contribuições previdenciárias. Assim, a prova da
não repercussão econômica é automática nas contribuições previdenciárias.

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. ANULAÇÃO DE NOTIFICAÇÃO PARA PAGAMENTO.


DÉBITO RELATIVO À COBRANÇA ACESSÓRIA. EXIGIBILIDADE DO PRINCIPAL: NÃO DEMONSTRADA.
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO: AFASTADA. COMPENSAÇÃO:
POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS RECURSAIS: NÃO CABIMENTO. RECURSO NÃO PROVIDO.

1. A apelante insurge-se contra a anulação integral da NPP nº 32.016.912-02, ao argumento de que as diferenças
cobradas teriam sido calculadas sobre o total das contribuições pagas em atraso pela autora, o que importaria não
só em diferenças sobre a indevida contribuição incidente sobre o pró-labore, mas também sobre as demais
exações reportadas pela autora na inicial - SAT e Terceiros - as quais permanecem exigíveis.
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2. Se as empresas estão desobrigadas do pagamento da contribuição sobre a remuneração de autônomos e


administradores com base no artigo 3º, inciso I, da Lei nº 7.787/1989, também estariam desobrigadas de
quaisquer encargos incidentes sobre essa contribuição. Em outras palavras, se o principal for indevido, o
acessório, objeto da NPP nº 32.016.912-02, também será.

3. É incontroverso, pelo conteúdo das razões de apelação, que a NPP nº 32.016.912-02 compreende diferenças
oriundas do pagamento de contribuições indevidas, o que implicaria a inexigibilidade de, pelo menos, uma parte
do débito cobrado. Por outro lado, em postura contraditória com aquela sustentada na peça recursal, a própria
apelante passa a defender serem os fatos geradores das contribuições relativas às competências de 06/1993 e
07/1993 indiferentes para a validade da NPP, além de expressamente afirmar que "a União não reúne condições
de informar os seus fatos geradores, já que as contribuições foram apuradas pela própria Autora".

4. Ante a impossibilidade de se aferir com exatidão a que montante do débito correspondem as quantias
indevidas, porquanto relacionadas à exação declarada inconstitucional, é de ser mantida a r. sentença no que
tange à anulação integral da NPP nº 32.016.912-02.

5. O Supremo Tribunal Federal, em julgamento representativo de controvérsia, nos termos do artigo 543-B do
CPC - Código de Processo Civil de 1973, reconheceu a inconstitucionalidade do artigo 4º, segunda parte, da Lei
Complementar nº 118/2005, considerando válida a aplicação do novo prazo prescricional de cinco anos apenas
para as ações ajuizadas após 09/06/2005, decorrido o prazo da vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias.
Precedente.

6. Com base no entendimento consagrado pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, cuja aplicação
restou mantida para as ações ajuizadas até 09/06/2005, o prazo prescricional para obter a restituição e/ou
compensação da contribuição recolhida indevidamente é de cinco anos a contar da homologação expressa ou
tácita. Por consequência, a União teria o prazo de cinco anos para homologar o lançamento, a contar da data do
fato imponível. A partir daí, o contribuinte teria cinco anos para pleitear o direito de restituir e/ou compensar o
débito indevidamente recolhido. Conclui-se, pois, "que os primeiros cinco anos marcam o prazo decadencial para
o fisco (CTN, art. 150, § 4º), seguido do qüinqüênio prescricional, para o contribuinte".

7. Ao tempo do ajuizamento da ação, o § 1º do artigo 89 da Lei nº 8.212/1991 estabelecia uma espécie de


limitação à compensação do indébito de contribuições previdenciárias, na medida em que buscava aplicar a essa
modalidade de restituição a forma específica do artigo 166 do Código Tributário Nacional, obstando a
compensação quando restar provado que houve, pela natureza do tributo a ser restituído, a transferência do
encargo financeiro.

8. O artigo 166 do Código Tributário Nacional refere-se claramente a tributos indiretos, os quais, pela sua
natureza, comportam a transferência do ônus econômico. No entanto, as contribuições previdenciárias constituem
tributos diretos. Desse modo, no caso das contribuições previdenciárias, a prova da não repercussão econômica é
automática, já que, por sua própria natureza, não comportam a translação do encargo financeiro. Precedentes.

9. No caso dos autos, a r. sentença limitou-se a declarar o direito à compensação, "cabendo às requerentes, por
iniciativa própria, promoverem o lançamento da contribuição previdenciária devida (na verdade, mera escrituração
contábil), sujeitando-se, posteriormente, à homologação ou ao lançamento de ofício de eventuais diferenças
apuradas". Superada a questão do direito à compensação, conclui-se que qualquer inconsistência havida entre o
montante compensado pela autora e o que entende o devido o Fisco ultrapassa os limites objetivos da presente
demanda.

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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10. Considerando que o recurso foi interposto sob a égide do CPC/1973 e, nos termos do Enunciado
Administrativo nº 7, elaborado pelo Superior Tribunal de Justiça para orientar a comunidade jurídica acerca da
questão do direito intertemporal, tratando-se de recurso interposto contra decisão publicada anteriormente a
18/03/2016, não é possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do artigo 85, § 11, do
CPC/2015.

11. Apelação não provida.

ApReeNec - APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA - 1213228 / SP 0607903-75.1996.4.03.6105, 22/08/2017

6.13 Associações sem fins lucrativos. Apresentação dos livros fiscais. CDA. As associações sem fins
lucrativos já eram equiparadas às empresas para fins previdenciários. Ao deixar de apresentar aos fiscais
todos os documentos e livros, sujeita-se à imposição da multa. CDA e atributos administrativos – A
CDA goza da presunção de liquidez e certeza, cujo ônus de desconstituição pertence ao executado.
TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. EQUIPARAÇÃO DE
ASSOCIAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS À EMPRESA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA EXISTENTE ANTES DA LEI
9.876/99. HIGIDEZ DA CDA NÃO AFASTADA. EXIGÊNCIA DEVIDA. SENTENÇA REFORMADA. INVERSÃO
DOS ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA.

1. Nos termos do § único do art. 15 da Lei nº 8.212/91, as associações sem fins lucrativos já eram equiparadas às
empresas para fins previdenciários, estando também sujeitas às prescrições do art. 32, II e III da Lei 8.212/91.

2. Portanto, ao deixar de apresentar aos fiscais todos os documentos e livros relacionados com o tributo
fiscalizado, sujeitou-se à imposição da multa por infração ao § 2º, art. 33 da Lei 8.212/91.

3. A CDA goza da presunção de liquidez e certeza (artigo 3º, parágrafo único, da Lei nº 6.830/80), cujo ônus de
desconstituição pertence ao executado, de que não se desincumbiu no caso dos autos.

4. Apelação provida.

AC - APELAÇÃO CÍVEL - 1941478 / SP 0003856-35.2014.4.03.9999, 05/09/2017

6.14 Lançamento. Constituição definitiva. Efeitos. Inaptidão da empresa e notificação. O


contribuinte deve ser notificado para que se constitua o lançamento fiscal. Somente após o trânsito em
julgado da decisão administrativa é que ocorre o aperfeiçoamento do lançamento. Passa a se revestir do
atributo de exigibilidade, vez que esgotado o recurso como causa suspensiva. A inaptidão da empresa não
afasta, por si, a exigência de notificação.
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO.
AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO AO CONTRIBUINTE DO RESULTADO DA IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA.
NULIDADE DA CDA. CERCEAMENTO DE DEFESA. SENTENÇA MANTIDA.

1. O contribuinte não foi intimado do resultado da impugnação administrativa ofertada, pelo que é de ser tido por
nulo o lançamento realizado por ausência de regular notificação para a oposição de eventual recurso.

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2. A constituição do crédito tributário só ocorre validamente quando o contribuinte é notificado do lançamento, ou,
como no caso dos autos, da decisão administrativa que julgou sua manifestação de inconformidade, em
observância aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, corolários do devido processo legal,
seja em processo judicial, seja em procedimento administrativo.

3. Somente após o trânsito em julgado da decisão administrativa é que ocorre o aperfeiçoamento do lançamento
do crédito tributário, que passa a se revestir do atributo de exigibilidade, quando poderá ser cobrado mediante
execução forçada.- A inscrição do débito em dívida ativa tem como pressuposto a existência de crédito tributário
que tenha sido objeto de exame pela autoridade fiscal competente.

4. A alegada inaptidão da empresa nos cadastros da exequente não é causa para afastar a nulidade do
procedimento administrativo de constituição do crédito, até porque, como visto, a embargante logrou contrarrazoar
o recurso interposto pela União, estando regularmente representada neste autos.

5. Considerando a existência de vício anterior à própria inscrição, porquanto não aperfeiçoado o lançamento com
decisão definitiva na seara administrativa, tem-se, em decorrência, por insubsistente a CDA que instrui o feito
executivo, por ausência dos requisitos de certeza, liquidez e exigibilidade.

6. Remessa necessária não conhecida. Apelação desprovida.

ApReeNec - APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA - 1644603 / SP 0043927-36.2004.4.03.6182, 05/09/2017

6.15 FGTS. Requisitos para saque. Levantamento de depósitos de FGTS para o pagamento de
prestações de financiamento habitacional. O fundista deve demonstrar: (a) três anos de vinculação ao
FGTS; (b) ser o imóvel destinado à sua moradia; e (c) não ser proprietário de outro imóvel na localidade
em outro financiamento. Uma vez liberados os recursos, e sendo incontroverso seu emprego para a
quitação do financiamento, não há escusa para a conduta da CEF de obstar o cancelamento da hipoteca.
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. FGTS. LEVANTAMENTO DE VALORES DEPOSITADOS EM
CONTA VINCULADA PARA QUITAÇÃO DE FINANCIAMENTO HABITACIONAL: POSSIBILIDADE.
VERIFICAÇÃO DOS REQUISITOS EXIGIDOS PARA O SAQUE: ÔNUS DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA.
LIBERAÇÃO DOS RECURSOS E EFETIVA QUITAÇÃO DO FINANCIAMENTO. LEVANTAMENTO DA
HIPOTECA. HONORÁRIOS RECURSAIS: NÃO CABIMENTO. RECURSO NÃO PROVIDO.

1. O Superior Tribunal de Justiça pacificou seu entendimento no sentido de que é possível o levantamento dos
valores depositados em conta vinculada do FGTS para o pagamento de prestações em atraso de financiamento
habitacional, ainda que contraído fora do Sistema Financeiro da Habitação. Precedentes.

2. Para tanto, o fundista deve demonstrar, diretamente à CEF, a implementação dos requisitos exigidos para o
saque, na forma da Lei nº 8.036/1990: (a) três anos de vinculação ao FGTS; (b) ser o imóvel destinado à sua
moradia; e (c) não ser proprietário de outro imóvel na localidade da aquisição nem mutuário do SFH em outro
financiamento. Precedentes.

3. No caso dos autos, a CEF alega que o autor não teria comprovado o cumprimento dos requisitos exigidos,
mormente o de que o imóvel seria destinado à sua moradia. Todavia, a apelante reconhece ter atendido ao pedido
de liberação do saldo da conta vinculada do autor, em 26/03/2002, para o fim de quitar o financiamento. A

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documentação juntada aos autos, por sua vez, demonstra que, entre 1999 e 2001, a CEF estava ciente das
mudanças de endereço do autor.

4. Cabia à apelante a verificação dos requisitos para liberação do saldo da conta vinculada, no ato do
requerimento. Uma vez liberados os recursos, e sendo incontroverso seu emprego para a quitação do
financiamento, não há escusa para a conduta da CEF de obstar o cancelamento da hipoteca.

5. Considerando que o recurso foi interposto sob a égide do CPC/1973 e, nos termos do Enunciado Administrativo
nº 7, elaborado pelo Superior Tribunal de Justiça para orientar a comunidade jurídica acerca da questão do direito
intertemporal, tratando-se de recurso interposto contra decisão publicada anteriormente a 18/03/2016, não é
possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do artigo 85, § 11, do CPC/2015.

6. Apelação não provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1396511 / MS 0003819-26.2004.4.03.6000, 22/08/2017

6.16 FGTS. Redirecionamento da execução. No tocante à possibilidade de redirecionamento com


base em dívida ativa de natureza não tributária, cabe destacar, que, conforme a Súmula 353 do STJ,: "As
disposições do Código Tributário Nacional não se aplicam às contribuições para o FGTS". Assim, não há
falar, na espécie, em responsabilidade com base no art. 135 do CTN. No entanto, ela pode ter por base
outros ordenamentos legais, devendo, entretanto, haver início de prova de excesso de mandato ou
violação à lei ou ao contrato social, ou, ainda, quando caracterizada a dissolução irregular da empresa.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE INCLUSÃO DE SÓCIO NO POLO PASSIVO
DA LIDE. EXECUÇÃO FISCAL DO FGTS. INDÍCIOS DE DISSOLUÇÃO IRREGULAR. APLICAÇÃO DA SÚMULA
N. 435 DO STJ. AGRAVO PROVIDO.

1. Quanto ao redirecionamento da execução. No tocante à possibilidade de redirecionamento com base em dívida


ativa de natureza não tributária, cabe destacar, inicialmente, que, conforme a Súmula 353 do STJ: "As disposições
do Código Tributário Nacional não se aplicam às contribuições para o FGTS".

2. Assim, não há falar, na espécie, em responsabilidade com base no art. 135 do CTN. Nesse sentido, os
seguintes precedentes do STJ: 2ª Turma, AgRg no AREsp 186.570/RJ, Rel. Ministra ELIANA CALMON, julgado
em 15/08/2013, DJe 22/08/2013.

3. No entanto, em que pese não seja possível a responsabilização com fulcro no CTN, por não ter o FGTS
natureza tributária, ela pode ter por base outros ordenamentos legais, em especial o art. 10 do Decreto 3.708/19 e
os arts. 344 e 345 do Código Comercial, para os fatos anteriores à vigência do Código Civil de 2002, e, após a
entrada em vigor do novo diploma civil, com base nos seus arts. 1080 e 1016, este último combinado com o 1.053,
e no art. 1.103, devendo, entretanto, haver início de prova de excesso de mandato ou violação à lei ou ao contrato
social, ou, ainda, quando caracterizada a dissolução irregular da empresa, tudo como vêm entendendo o STJ e
esta Corte: REsp. 821832/RS Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ 08/03/2007, p. 185, AgRg no Ag 1265124/SP, Rel.
Min. LUIZ FUX, DJE 25/05/2010, TRF3, 1ª Turma, AI 00075784320104030000, Rel. Des. Fed. JOHONSOM DI
SALVO, e-DJF3 Judicial 1 de 29/06/2012, TRF3, 4ª T, AI 200803000139795; Relatora Desembargadora Federal
ALDA BASTO, julgado em 02/07/2009, 5ª T, AC 89030312961 Relatora Desembargadora Federal RAMZA
TARTUCE, julgado em 02/02/2009.

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4. No caso, há fortes indícios nos autos originários de que a empresa encerrou suas atividades de forma irregular
sem deixar bens, conforme evidencia certidão do Oficial de Justiça acostada às fls. 37/38 deste recurso.

Nesse sentido: AgRg no AREsp 175.282/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, DJE 29/06/2012.

5. Assim, tendo em vista que os sócios atuavam na gerência da sociedade devedora e não foram localizados bens
da empresa (fls. 38/39), devem ser incluídos no polo passivo da execução, sem prejuízo de, posteriormente, em
embargos à execução se aferir devidamente sua responsabilidade, conforme a jurisprudência consolidada pelo
STJ na súmula 435, de teor seguinte: "Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar
no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução
fiscal para o sócio-gerente".

6. Agravo de instrumento provido para determinar a inclusão dos Willian Garcia Gagliano e Neber Garcia Gagliano
no polo passivo da lide, mantendo o sócio João Carlos Gagliano Neto nos autos da Execução Fiscal
2001.61.08.009460-5, em trâmite perante MM. Juízo Federal da 3ª Vara de Bauru/SP.

AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 327876 / SP 0007491-58.2008.4.03.0000, 22/08/2017

6.17 Parcelamento da Lei nº. 10.522/2002. Leilão já efetuado. Necessidade de adesão pessoal, sob o
crivo discricionário da Administração.
TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. PARCELAMENTO. HASTA JÁ DESIGNADA. NEGATIVA DE
ADESÃO. MÉRITO ADMINISTRATIVO.

1. A concessão de parcelamento fiscal, nos termos do art. 10 da Lei nº 10.522/2002, está adstrita ao juízo de
conveniência e oportunidade da autoridade fazendária, objetivando o resguardo do interesse público.

2. A Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 15/2009 dispõe em seu art. 33, §3º, que, em casos de leilão já designado, o
contribuinte deverá efetuar seu requerimento de adesão pessoalmente - ou seja, vedada a forma eletrônica -,
ressaltada a possibilidade de indeferimento do pedido.

3. Preeminência da discricionariedade administrativa, que, no caso dos autos, não se mostra despropositada em
sua denegação, considerando-se que a execução fiscal respectiva já se prolonga há diversos anos e o devedor
jamais mostrou interesse no adimplemento, até as vésperas da realização da praça.

4. Apelação não provida.

AMS - APELAÇÃO CÍVEL - 361887 / SP 0003494-14.2015.4.03.6114, 05/09/2017

6.18 Certidão da Dívida Ativa – CDA. Atributos. Crédito rural. Prazo prescricional. A CDA goza da
presunção de liquidez e certeza, cujo ônus de desconstituição pertence ao executado. É vintenário o prazo
prescricional para a cobrança de crédito rural adquirido pela UNIÃO. Os créditos rurais estão abarcados
no conceito de D.A.U. para efeitos de execução fiscal, não importando a natureza. A CDA goza de
presunção de sua liquidez e certeza.

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grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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Julgados desembargador HÉLIO NOGUEIRA

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PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL - CÉDULA DE CRÉDITO RURAL - CRÉDITO


ORIGINÁRIO DE OPERAÇÕES FINANCEIRAS, CEDIDOS À UNIÃO - MP Nº 2.196-3/2001 - DÍVIDA ATIVA DA
UNIÃO - CERCEAMENTO DE DEFESA, PRESCRIÇÃO E NULIDADE DA CDA E EXCESSO DE EXECUÇÃO -
INOCORRÊNCIA. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS - LEGALIDADE - APLICAÇÃO DE PARADIGMA OBRIGATÓRIO.
SENTENÇA MANTIDA.

1. A CDA goza da presunção de liquidez e certeza (artigo 3º, parágrafo único, da Lei nº 6.830/80), cujo ônus de
desconstituição pertence ao executado, de que não se desincumbiu no caso dos autos.

2. A certidão de dívida inscrita que embasa a execução encontra-se formalmente perfeita, dela constando todos os
requisitos previstos no art. 2°, §§5° e 6°, da Lei n° 6.830/1980.

3. Os créditos ora sob discussão, conquanto originários de contratos de mútuo bancário passíveis de execução
pura e simples, restaram alongados ou renegociados, com fundamento na Lei 9.138/1995, e transferidos à União
Federal pela MP 2.196-3/2001, assumindo, por força de lei, natureza de dívida ativa não tributária, a possibilitar
sua exigência via procedimento especial de execução fiscal.

4. O Superior Tribunal de Justiça já assentou ser vintenário o prazo prescricional aplicável para a cobrança de
crédito rural adquirido pela UNIÃO, por meio de julgamento pela sistemática dos recursos repetitivos.

5. O Superior Tribunal de Justiça também firmou entendimento, em sede de recurso representativo de


controvérsia, de que os créditos rurais originários de operações financeiras alongadas ou renegociadas, nos
termos da Lei nº 9.138/95, cedidos à União Federal por força da Medida Provisória 2.196-3/2001, estão abarcados
no conceito de Dívida Ativa da União para efeitos de execução fiscal, não importando a natureza pública ou
privada dos créditos em si: REsp 1123539/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
09/12/2009, DJe 01/02/2010.

5. No tocante aos requisitos formais do título executivo e regularidade da execução proposta, tem reiteradamente
decidido a jurisprudência, diante de CDA, tal qual a que instruiu a execução fiscal, que inexiste nulidade, em
detrimento da presunção de sua liquidez e certeza, uma vez que nele constam os elementos exigidos legalmente
para a identificação do crédito executado (qualificação do sujeito passivo, origem e natureza do crédito,
competência - período base, data do vencimento e da inscrição, número do procedimento administrativo, forma de
constituição e notificação, "quantum debeatur", termo inicial dos encargos e respectiva legislação reguladora, etc.),
sendo integralmente válida e eficaz a CDA, em face do art. 202, do CTN, e art. 2º e parágrafos, da LEF, para
efeito de viabilizar a execução intentada.

6. Apelação desprovida.

AC - APELAÇÃO CÍVEL - 2016765 / MS 0007882-84.2010.4.03.6000, 05/09/2017

6.19 Compensação tributária. Limite e vigência. O indébito pode ser objeto de compensação com
parcelas vencidas posteriormente ao pagamento, relativas a tributo de mesma espécie e destinação
constitucional, o que ainda permanece válido. A Lei Complementar n. 104, de 11/01/2001, vedou a
compensação de tributo objeto de contestação judicial, antes do trânsito em julgado da respectiva
sentença. A legislação de regência da compensação é a em vigor na data em que for efetivado o encontro
de contas.

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TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.


EXERCENTE DE MANDATO ELETIVO. COMPENSAÇÃO ACIMA DE 30%. POSSIBILIDADE. RECURSO NÃO
PROVIDO.

1. Da Compensação. O indébito pode ser objeto de compensação com parcelas vencidas posteriormente ao
pagamento, relativas a tributo de mesma espécie e destinação constitucional, conforme previsto nos arts. 66 da
Lei n. 8.383/91, 39 da Lei n. 9.250/95 e 89 da Lei n. 8.212/91. A compensação nos moldes acima permanece
válida mesmo após a criação da Receita Federal do Brasil, pois o parágrafo único do art. 26 da Lei n.
11.457/2007, exclui o indébito relativo às contribuições sobre a remuneração do regime de compensação do art.
74 da Lei n. 9.430/96. Nesse sentido: AgRg no REsp 1426898/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 08/04/2014, DJe 18/06/2014.

2. A nova redação dada ao art. 89 da Lei n. 8.212/91 pela Lei n. 11.941/2009 não revogou o disposto no art. 26 da
Lei n. 11.457/2007. Apenas estabeleceu que cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil regulamentar as
hipóteses de restituição ou compensação das contribuições sociais previstas nas alíneas "a", "b" e "c" do
parágrafo único do art. 11 da Lei n. 8.212/91, das contribuições instituídas a título de substituição e das
contribuições devidas a terceiros. Em momento algum permitiu a aplicação do regime de compensação do art. 74
da Lei n. 9.430/96.

Nesse sentido: AgRg no REsp 1267060/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
18/10/2011, DJe 24/10/2011.

3. Cumpre observar, ainda, que a Lei Complementar n. 104, de 11/01/2001, introduziu no CTN o art. 170-A,
vedando a compensação, mediante aproveitamento, de tributo objeto de contestação judicial, antes do trânsito em
julgado da respectiva sentença. Confira-se, pois, o entendimento firmado pela Corte Superior, na sistemática do
recurso repetitivo: STJ; 2ª Turma; AgRg no REsp 1299470/MT; Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJE 23/03/2012.

4. Considerando que a legislação de regência da compensação é a que está em vigor na data em que for
efetivado o encontro de contas, conclui-se que os limites anteriormente previstos no § 3° art. 89 da Lei nº 8.212,
de 24/07/1991 (revogado pela Lei 11.941/2009), não são mais aplicáveis, visto que, nos termos deste julgado, a
compensação ocorrerá somente a partir do trânsito em julgado. Nesse sentido: AgRg no REsp 920.338/SP, Rel.
Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/10/2007, DJ 26/10/2007, p. 352).

5. Quanto aos honorários. Sem honorários, a teor das Súmulas 512/STF e 105/STJ, bem como do disposto no art.
25 da Lei n. 12.016/2009. Custas ex lege.

6. Recurso de apelação não provido.

AMS - APELAÇÃO CÍVEL - 297310 / SP 0007661-13.2006.4.03.6107, 05/09/2017

6.20 Suspensão de exigibilidade. Art. 151 do CTN. Hipóteses taxativas. Recurso administrativo. O
artigo 151 do Código Tributário Nacional é taxativo quanto às hipóteses de suspensão da exigibilidade do
crédito tributário. Conceito de recurso administrativo é o que a legislação permitir como tal.
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. CERTIDÃO DE REGULARIDADE FISCAL. INEXISTÊNCIA DE HIPÓTESE
DO ART. 151 DO CTN.

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1 - A sentença proferida nos autos do Processo nº 2000.61.00.010707-5, em que se concedeu inicialmente a


segurança, foi reformada por este Tribunal, entendendo-se lídima a exação contestada.

2 - Cabe ressaltar que o rol contido no artigo 151 do Código Tributário Nacional é taxativo quanto às hipóteses de
suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Conforme o dispositivo, conquanto haja a suspensão da
exigibilidade quando há depósito integral ou concessão de medida liminar, o mero fato de a discussão do tributo
estar em via judicial não é causa suspensiva.

3 - Quanto às alegadas impugnações administrativas, protocoladas após a presente impetração, mister ressaltar
que o dispositivo supramencionado estabelece que as impugnações apenas têm efeito suspensivo se o mesmo é
previsto nas leis reguladores do processo administrativo. Estabelece o artigo 61 da Lei 9.784/99 que, em regra,
não têm efeito suspensivo. Ainda, as razões apresentadas pela impetrante em suas impugnações são exatamente
no sentido de que a sentença nos autos do mandado de segurança nº 2000.61.00.010707-5 permaneceria válida,
o que já foi afastado.

4 - Inexistindo fundamentos hábeis a alterar a decisão monocrática, nega-se provimento ao agravo interno.

6.21 Execução fiscal. Recuperação judicial. Juízo universal. O deferimento da recuperação judicial
não suspende a execução fiscal, embora os atos de alienação devam a cargo do juízo universal.
AMS - AP PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. ATOS DE CONSTRIÇÃO PATRIMONIAL. JUÍZO UNIVERSAL. EFEITO SUSPENSIVO AO
RECURSO. REQUISITOS LEGAIS PRESENTES. MANUTENÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA. AGRAVO NÃO
PROVIDO.

1. O deferimento da recuperação judicial não suspende a execução fiscal, embora os atos de alienação de bens
da empresa, em especial daqueles que podem comprometer a sua viabilidade econômica e o cumprimento do
plano de recuperação, devem ficar a cargo do juízo universal.

2. Agravo interno não provido. ELAÇÃO CÍVEL - 335714 / SP 0012490-82.2011.4.03.6100, 05/09/2017

AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 593633 / SP 0000567-16.2017.4.03.0000, 05/09/2017

6.22 Contribuições parafiscais e Sistema S. Parcelas laborais. Não incide contribuição


previdenciária sobre os primeiros 15 dias de afastamento do empregado afastado por doença, sobre o
terço constitucional de férias e sobre as férias indenizadas. Incide, contudo, sobre as férias gozadas (não
indenizadas). As mesmas conclusões valem quanto às contribuições destinadas a terceiros (FNDE,
INCRA e SISTEMA 'S'), uma vez que a base de cálculo destas também é a folha de salários.
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO LEGAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
PATRONAL E DESTINADA A TERCEIROS. MANUTENÇÃO DA DECISÃO IMPUGNADA. RECURSO
IMPROVIDO.

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1- Não incide contribuição previdenciária patronal sobre o pagamento dos primeiros quinze dias de afastamento
do trabalho por incapacidade, aviso prévio indenizado e o terço constitucional de férias gozadas ou indenizadas. O
STJ pacificou o entendimento, no REsp. n. 1230957/RS, em julgamento sujeito ao regime do art. 543-C do CPC.

2- Não incide a contribuição previdenciária sobre as férias indenizadas, nos termos do art. 28, § 9º, "d", da Lei n.
8.212/91. Permanece, no entanto, exigível a contribuição quanto às férias não indenizadas (gozadas), que
possuem caráter salarial.

3- Sendo eliminada do ordenamento jurídico a alínea "b" do § 8º do art. 28, vetada quando houve a conversão da
MP n. 1.596-14 na Lei n. 9528/97, é induvidoso que o abono de férias, nos termos dos arts. 143 e 144 da CLT,
não integra o salário-de-contribuição.

4- As conclusões referentes às contribuições previdenciárias também se aplicam às contribuições sociais


destinadas a terceiros (FNDE, INCRA e SISTEMA 'S'), uma vez que a base de cálculo destas também é a folha de
salários.

5- Para a utilização do agravo previsto no CPC, art. 557, § 1º, é necessário o enfrentamento da fundamentação da
decisão agravada. As razões recursais não contrapõem tal fundamento a ponto de demonstrar o desacerto da
decisão recorrida, limitando-se a reproduzir argumento visando à rediscussão da matéria nela contida.

6- Inexistindo fundamentos hábeis a alterar a decisão monocrática, o agravo legal deve ser improvido.

AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 549850 / SP 0001871-21.2015.4.03.0000, 05/09/2017

6.23 Contribuição previdenciária. Sociedade limitada. Sócios. Responsabilidade limitada ao capital


integralizado. Os sócios das empresas por cotas de responsabilidade limitada não respondem
pessoalmente pelos débitos da sociedade junto à Seguridade Social.
PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. OBRIGAÇÕES
JUNTO À SEGURIDADE SOCIAL. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS. INCLUSÃO NO POLO PASSIVO.
IMPOSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO.

1. Em julgamento de Recurso Especial submetido ao regime do art. 543-C do Código de Processo Civil c/c a
Resolução n. 8/2008-STJ, a Seção asseverou que os sócios das empresas por cotas de responsabilidade limitada
não respondem pessoalmente pelos débitos da sociedade junto à Seguridade Social, em conformidade com a
decisão do STF que declarou a inconstitucionalidade do art. 13 da Lei n. 8.620/1993, posteriormente revogado
pelo art. 79, VII, da Lei n. 11.941/2009. Precedentes citados do STF: RE 562.276-PR; do STJ: REsp 717.717-SP,
DJ 8/5/2006; REsp 833.977-RS, DJ 30/6/2006, e REsp 796.613-RS, DJ 26/5/2006. Precedentes.

2. Fica prejudicada a questão da prescrição, muito embora reste patente sua ocorrência em relação ao co-
executado, considerando que o pedido de citação do mesmo deu-se em 09/11/05 (fls. 115/116) e a citação do
executado deu-se em 1994.

3. Estando o recurso em confronto com a jurisprudência firmada na Corte Superior e nesta Corte Regional, deve
ser negado seguimento.

4. Agravo interno improvido.

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grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 388588 / SP 0037175-91.2009.4.03.0000, 05/09/2017

6.24 Exceção de pré-executividade x embargos à execução. Sócio responsável. O STJ assentou que
não cabe exceção de pré-executividade em execução fiscal de sócio responsável. Como se trata de matéria
de prova, deve aviar embargos à execução.
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL.
REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL. SÓCIO. EXCEÇÃO PRÉ-EXECUTIVIDADE. MANUTENÇÃO
DA DECISÃO RECORRIDA. AGRAVO NÃO PROVIDO.

1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça em julgamento representativo de controvérsia, assentou que


não cabe exceção de pré-executividade em execução fiscal promovida contra sócio que figura como responsável
na Certidão de Dívida Ativa - CDA

2. Agravo interno não provido.

AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 594707 / SP 0001855-96.2017.4.03.0000, 05/09/2017

6.25 FGTS. Prescrição. Juros remuneratórios e progressivos. Situações jurídicas distintas. Correção
do saldo fundiário. A prescrição é trintenária das contribuições para o Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS) [o STF tem entendimento diverso]. Os juros remuneratórios sobre saldos do FGTS são de
trato sucessivo. Mas há que se distinguir situações jurídicas distintas: (1) daqueles que fizeram a opção
pelo regime do FGTS sob a égide da redação originária da Lei nº 5.107/1966, que têm direito à taxa
progressiva; (2) daqueles que fizeram a opção posteriormente - não têm direito aos juros progressivos; e
(3) daqueles que fizeram a opção retroativa pelo regime do FGTS, com fundamento na Lei nº 5.958/1973
- estes também fazem jus à taxa progressiva. A partir de março de 1990, o índice de correção monetária
aplicável aos saldos das contas vinculadas do FGTS, é o IPC (84,32%). Após a vigência do Código
Civil de 2002, aplica-se a taxa SELIC, desde a citação, vedada sua cumulação com qualquer outro
índice de atualização monetária, sem prejuízo da aplicação dos juros remuneratórios.
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVOS LEGAIS. TRIBUTÁRIO. FGTS. CONTA VINCULADA. ÍNDICES
APLICÁVEIS. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. CORREÇÃO DO SALDO. JUROS PROGRESSIVOS.
RECURSOS NÃO PROVIDOS.

1. A prescrição trintenária das contribuições para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é
entendimento pacífico no Supremo Tribunal Federal, a partir do julgamento do RE 100.249-SP (DJ 01.07.1988,
p.16.903), e mantido após a promulgação da Constituição de 1988 (RE 116.735-SP, Relator Ministro Francisco
Rezek, julg. em 10.03.1989, DJ 07.04.1989, p. 4.912). No mesmo sentido, o Superior Tribunal de Justiça editou a
Súmula nº 210: "a ação de cobrança das contribuições para o FGTS prescreve em trinta (30) anos". Esse mesmo
prazo prescricional deve, por coerência lógica, ser aplicado ao caso dos autos, em que titulares das contas
vinculadas pleiteiam valores que entendem deveriam ter sido a elas creditados.

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Período: 01/01/2017 a 31/01/2018

2. O crédito de juros remuneratórios sobre saldos do FGTS é obrigação de trato sucessivo, que se renova a cada
mês. O direito à percepção dos juros progressivos não é constituído pelo provimento jurisdicional; pelo contrário,
preexiste à demanda e é apenas reconhecido nesta, razão pela qual a prescrição somente atinge sua
exteriorização pecuniária, jamais o próprio fundo de direito. Assim, há que se reconhecer a prescrição em relação
às parcelas vencidas há mais de 30 (trinta) anos a contar da propositura da demanda. Precedentes.

3. Quanto aos juros progressivos, há situações jurídicas distintas: (1) daqueles que fizeram a opção pelo regime
do FGTS sob a égide da redação originária da Lei nº 5.107/1966 empregados que estavam durante sua vigência,
e têm direito à taxa progressiva; (2) daqueles que fizeram a opção pelo FGTS posteriormente à vigência das Leis
nº 5.705/1971 (e posteriores 7.839/1989 ou 8.036/1990), sem qualquer retroação, e não têm direito aos juros
progressivos; e (3) daqueles que fizeram a opção retroativa pelo regime do FGTS, com fundamento na Lei nº
5.958/1973, ou seja, estavam empregados antes da vigência da Lei n° 5.705/1971, mas que ainda não haviam
exercido tal opção - e estes também fazem jus à taxa progressiva.

4. No caso, considerando-se as parcelas prescritas e não havendo comprovação de opção ao regime do FGTS na
vigência da Lei nº 5.107/1966 ou de opção retroativa nos termos da Lei nº 5.958/1973, a parte autora não faz jus
ao regime de juros progressivos.

5. Segundo o § 1º do artigo 3º do Decreto º 3.913/2001, os titulares de contas vinculadas ao FGTS podem


formalizar o acordo disposto na LC 110/2001 através de meios magnéticos ou eletrônicos, inclusive mediante
teleprocessamento. No caso, os subsídios apresentados pela Caixa Econômica Federal são inequívocos e
suficientes para comprovar a adesão ao acordo previsto na Lei Complementar nº 110/2001, bem como o efetivo
pagamento e os saques referentes às parcelas do acordo firmado, não sendo necessário qualquer suporte
material adicional para que se repute válida a transação. Precedentes.

6. Em relação ao mês de março de 1990, prevalece entendimento sedimentado do Superior Tribunal de Justiça,
no sentido de que o índice de correção monetária aplicável aos saldos das contas vinculadas do FGTS, nesse
período, em decorrência do expurgo inflacionário ocorrido na implantação do Plano Collor I, é o IPC (84,32%).
Deverá incidir, no caso concreto, o índice de 84,32% (IPC), a ser aplicado sobre os saldos existentes em março de
1990, deduzidos dos valores efetivamente creditados à conta vinculada, conforme deverão ser apurados em
liquidação.

7. Tratando-se de ação ajuizada após o início da vigência do Código Civil de 2002, aplicar-se-á a taxa SELIC,
desde a citação, vedada sua cumulação com qualquer outro índice de atualização monetária (Recurso Especial
Repetitivo nº 1.102.552/CE), sem prejuízo da aplicação dos juros remuneratórios.

8. Inexistindo fundamentos hábeis a alterar a decisão monocrática, nega-se provimento aos agravos legais.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1746274 / SP 0003113-87.2011.4.03.6100, 05/09/2017

6.26 Compensação tributária. Natureza e momento de alegação. Exame pelo juiz. Embargos à
execução. Ônus da prova. É viável a alegação de compensação tributária em embargos à execução fiscal.
Apenas é possível o exame da compensação pelo juiz em algumas circunstâncias específicas, como nas
hipóteses em que exsugir claramente a liquidez e a certeza do débito tido por compensável, contagem do
prazo prescricional, a fixação de critérios materiais e temporais para a incidência de juros e correção
monetária, etc. Isso porque se trata de atividade privativa da Administração. O ato administrativo goza de
Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

89
GRUPO DE ESTUDOS TRF3, 2018

Julgados desembargador HÉLIO NOGUEIRA

Período: 01/01/2017 a 31/01/2018

presunção de legitimidade, de tal sorte que cabe ao executado demonstrar a iliquidez. É vedada
homologação judicial de compensação tributária. Pagamento dos depósitos diretamente aos
empregados - desde o advento da Lei nº 9.491/97, é vedado ao empregador realizar.
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. FGTS. COMPENSAÇÃO DE PAGAMENTOS
REALIZADOS EM ACORDOS PERANTE A JUSTIÇA DO TRABALHO ABATIDOS DO CRÉDITO.
IMPOSSIBILIDADE. ART. 16, §3º DA LEF. PARADIGMA OBRIGATÓRIO. HIGIDEZ DA CDA. VEDAÇÃO DE
PAGAMENTO DIRETO AO EMPREGADO.

1. Embora viável a alegação de compensação tributária anteriormente realizada pelo contribuinte como matéria de
defesa em embargos à execução fiscal, mister que esta tenha sido concluída anteriormente ao ajuizamento da
execução fiscal, mediante regular procedimento administrativo com a observância da legislação de regência, nos
termos da jurisprudência do STJ, assentada pelo regime de que tratava o artigo 543-C, do CPC/1973: REsp
1008343/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2009, DJe 01/02/2010).

2. Assim, possível o exame da compensação na espécie, em algumas circunstâncias específicas, como nas
hipóteses em que exsugir claramente a liquidez e a certeza do débito tido por compensável, capaz de atestar que
o crédito inscrito em dívida ativa foi efetivamente compensado pelo encontro de contas, desconstituindo o título
executivo à falta de pressupostos de exigibilidade.

3. É atividade privativa da Administração fiscalizar a regularidade da compensação realizada pelo contribuinte com
vistas à extinção do crédito, procedendo ou não à sua homologação. Destarte, ao reconhecer o direito à
compensação, descabe ao Poder Judiciário substituir-se à Administração, cuja atividade fica adstrita ao exame de
questões controvertidas no que pertine à contagem do prazo prescricional, a fixação de critérios materiais e
temporais para a incidência de juros e correção monetária, etc.

4. Sendo ato administrativo enunciativo promanado de autoridade adstrita ao princípio da legalidade (art. 37, CF),
goza a CDA de presunção de legitimidade, de tal sorte que cabe ao executado demonstrar a iliquidez da mesma.

5. É vedada a pretensão de obter homologação judicial de compensação realizada em sede de embargos à


execução fiscal ou mesmo de perquirição para apuração de crédito líquido e certo passível de ser compensado, ex
vi do artigo 16, §3º da Lei nº 6.830/80

6. No tocante à alegação de pagamento, ressalte-se que desde o advento da Lei nº 9.491/97, que deu nova
redação ao art. 18 da Lei 8.036/90, é vedado ao empregador realizar o pagamento dos depósitos diretamente aos
empregados, devendo, necessariamente, os valores serem veiculados às respectivas contas e todos os supostos
acordos que a apelante invoca seriam posteriores à tal alteração legislativa.

7. Remessa necessária não conhecida. Apelação prejudicada.

8. Sentença reformada, ex officio, para julgar improcedentes os embargos à execução, nos termos do art. 927, III
do NCPC.

ApReeNec - APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA - 1957922 / SP 0038271-98.2004.4.03.6182, 05/09/2017

6.27 Contribuição social destinada ao fundo FGTS (LC 110/2001). Compensação e natureza.
Mandado de segurança. O reconhecimento do direito à compensação pode ser objeto de mandado de

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grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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segurança, o que é inconfundível com os seus posteriores efeitos administrativos, vide Súmula STJ 213.
A contribuição social da LC 110/2001 tem natureza tributária e permanente. A finalidade da contribuição
social da LC110/2001 não se esgota nos expurgos inflacionários, mas também serve a desincentivar a
despedida sem justa causa. O art. 10, I, do ADCT foi respeitado, vez que limitou a multa de FGTS a 40%
dos depósitos tão-somente até o advento de norma.
TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL GERAL. ART. 1º DA LC 110/2001.
INDETERMIÇÃO TEMPORAL DA EXAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE REVOGAÇÃO. FINALIDADES: APORTE DE
RECURSOS AO FUNDO E IMPORTANTE MECANISMO EXTRAFISCAL DE COIBIÇÃO À DEPEDIDA SEM
JUSTA CAUSA. EFETIVAÇÃO DE DIREITOS SOCIAIS CONSTITUCIONALMENTE GARANTIDOS.
PREEMINÊNCIA DA MENS LEGIS SOBRE A MENS LEGISLATORIS. RATIO LEGIS AUTÔNOMA DE
EVENTUAL OCCASIO LEGIS. VETO DO PLC 200/2012 MANTIDO. CONSTITUCIONALIDADE DA
CONTRIBUIÇÃO JÁ DECLARADA PELO STF.

1. O reconhecimento do direito à compensação, nos termos do art. 66 da Lei n. 8.383/91, pode ser objeto de
mandado de segurança, o que é inconfundível com os seus posteriores efeitos administrativos.

2. O STJ, inclusive, já pacificou sua jurisprudência favoravelmente à utilização do mandado de segurança até
mesmo para discutir questão tributária atinente à compensação de tributos. É o que se depreende do teor da
Súmula 213: "O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação
tributária".

3 - A contribuição instituída pelo art. 1º da Lei Complementar nº 110/2001, diversamente da do art. 2º, foi instituída
por tempo indeterminado. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou
revogue.

4 - A finalidade da exação se encontra em seu art. 3º, §1º, qual seja o aporte de recursos ao Fundo.

5 - Com efeito, diversamente do sustentado, o telos jurídico do diploma não está adstrito exclusivamente aos
expurgos inflacionários de planos econômicos, servindo de importante mecanismo extrafiscal de coibição à
despedida sem justa causa (arts. 1º, IV; 7º, I, CF), consoante pode se dessumir da própria exposição de motivos
levantada pela parte autora.

6 - Nessa senda, o art. 10, I, do ADCT limitou a indenização indigitada a 40% dos depósitos tão-somente até o
advento de norma complementar; embora pendente esta - no sentido de diploma mais global -, esta, no viés de
medida protetiva, consubstancia-se exatamente a Lei Complementar nº 110/2001.

7 - Na verdade, não só inexiste revogação como o Projeto de Lei Complementar nº 200/2012, que objetivava
exatamente estabelecer prazo para a extinção da contribuição, foi vetado pela Presidenta da República, veto este
que foi mantido pelo Congresso Nacional em Sessão de setembro de 2013, o que reafirma a indeterminação
temporal da exação e que mesmo a mens legislatoris não imputa à exação caráter precário.

8 - Outrossim, o art. 13 da LC nº 101/2001 expressamente consigna que as receitas recolhidas são destinadas
integralmente ao Fundo, não havendo alegar seu desvirtuamento, ressaltando-se que o FGTS, considerado na
globalidade de seus valores, constitui um fundo social dirigido a viabilizar financeiramente a execução de
programas de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana, ex vi do disposto nos artigos 6º, IV,
VI e VII; 7º, III, da Lei nº 8.036/90.

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9 - Tampouco há alegar inconstitucionalidade superveniente pelo advento da EC nº 33/2001, que incluiu


disposições no art. 149, porquanto quando do julgamento da ADI 2556/DF, 13/06/2012, tal alteração promovida
pelo Poder Constituinte derivado reformador já era então vigente, e foi utilizado exatamente o art. 149 para
legitimar a validade da contribuição.

10 - Apelação e remessa oficial parcialmente providas.

AMS - APELAÇÃO CÍVEL - 369275 / SP 0008951-96.2016.4.03.6112, 05/09/2017

6.28 Redirecionamento aos sócios. Ausente estabelecimento no endereço da sociedade, presume-se a


dissolução irregular, apta a redirecionar a execução fiscal aos sócios.
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL.
REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL. DISSOLUÇÃO IRREGULAR. MANUTENÇÃO DA DECISÃO
RECORRIDA. AGRAVO NÃO PROVIDO.

1. A certidão de fl. 217, lavrada em 10/02/2016, por Oficial de Justiça, atesta que a pessoa jurídica executada não
está mais em funcionamento no endereço declarado ao Fisco, uma vez que se encontra inativa e que não dispõe
de outros bens além daqueles que já foram penhorados.

2. Havendo elementos que permitam presumir irregularmente dissolvida a empresa executada, justifica-se a
inclusão dos sócios administradores no polo passivo da execução fiscal, ressalvando-lhes o direito de defesa pela
via adequada.

3. Agravo interno não provido.

AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 594615 / SP 0001834-23.2017.4.03.0000

6.29 Redirecionamento ao sócio. Impossibilidade de responsabilização do sócio que não exercia


poderes de administração da sociedade.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO. REDIRECIONAMENTO. SÓCIO. DISSOLUÇÃO IRREGULAR.
ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE. RECURSO PROVIDO.

1. Impossibilidade de responsabilização do sócio que não exercia poderes de administração da sociedade.

2. Agravo de instrumento provido.

AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 590901 / SP 0020526-07.2016.4.03.0000, 05/09/2017

6.30 Execução fiscal. Princípio da Especialidade. O STJ firmou posicionamento no sentido de que,
em atenção ao princípio da especialidade da Lei de Execução Fiscal, a redação do então artigo 736 do
Código de Processo Civil/1973 (artigo 914 do Novo Código de Processo Civil), no qual se dispensa a

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garantia como condição da ação de embargos, não se aplica às execuções fiscais diante da presença de
dispositivo específico (artigo 16, § 1º da Lei nº 6.830/80)
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. REJEIÇÃO LIMINAR POR
AUSÊNCIA DE GARANTIA. PRESCRIÇÃO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO
CONSTITUCIONAL DA AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. MANUTENÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA.

1 - A Primeira Seção do STJ, ao apreciar o REsp nº 1.272.827/PE (submetido à sistemática prevista no artigo 543-
C do Código de Processo Civil/1973), firmou posicionamento no sentido de que, em atenção ao princípio da
especialidade da Lei de Execução Fiscal, a nova redação do artigo 736 do Código de Processo Civil/1973 (artigo
914 do Novo Código de Processo Civil), artigo que dispensa a garantia como condicionante dos embargos, não se
aplica às execuções fiscais diante da presença de dispositivo específico, qual seja o artigo 16, § 1º da Lei nº
6.830/80, que exige expressamente a garantia para a apresentação dos embargos à execução fiscal

2. Incabível o exame da prescrição e demais alegações na espécie, porque deduzidos em embargos à execução
fiscal que não ultrapassaram o juízo de admissibilidade, devendo ser tidos por inexistentes.

3. Não se verifica violação ao princípio da ampla defesa pois, tratando-se de matéria de ordem pública, eventual
ocorrência da prescrição poderá ser examinada na execução fiscal a qualquer tempo, sendo despicienda a
interposição de embargos para essa finalidade.

4. Agravo interno desprovido.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2124119 / SP 0013291-31.2007.4.03.6102, 05/09/2017

6.31 Execução fiscal. Citação do espólio. Necessidade para cobrança da exação. O redirecionamento
da execução fiscal contra o Espólio só é admitido quando o falecimento do contribuinte ocorrer depois de
ele ter sido devidamente citado nos autos da ação executiva.
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE VÍCIOS NO ACÓRDÃO. REDISCUSSÃO
DA MATÉRIA. IMPOSSIBILIDADE. PREQUESTIONAMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Ação de Execução Fiscal do FGTS ajuizada pelo IAPAS, atualmente sucedido pela União, contra Derek e Drech
Ltda., objetivando o recebimento da quantia de CR$ 158.346.90 (cento e cinquenta e oito mil, trezentos e quarenta
e seis cruzeiros e noventa centavos), relativo ao período da dívida de 12/1967, 09/1972 a 08/1973. A MM. Juíza
Federal determinou a citação da empresa em 31/01/1983. Após a longa instrução processual a União requereu no
dia 12/01/2006 o redirecionamento da Execução Fiscal contra o herdeiro de Paulo Derek, Sr. Antonio Carlos
Salinos Derek, (fls. 186/187), cujo pleito foi indeferido à fl. 191 deste instrumento.

2. A questão posta cinge-se à possibilidade de redirecionamento de execução fiscal para o Espólio de Paulo
Derek.

2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que o redirecionamento da


execução fiscal contra o Espólio só é admitido quando o falecimento do contribuinte ocorrer depois de ele ter sido
devidamente citado nos autos da ação executiva. STJ, AgRg no REsp 1345801/PR, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 09/04/2013, DJe 15/04/2013, REsp 1410253/SE, Rel. Ministra
ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/11/2013, DJe 20/11/2013 e REsp 1.222.561/RS, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/04/2011, DJe 25/05/2011.
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3. A empresa foi citada por meio de Aviso de Recebimento em 11/04/1983 (fl. 29) e indicou bens à penhora (fls.
31, 56/57), mas no dia 06/08/1999 o Oficial de Justiça na tentativa de realizar penhora constatou que: "... a
referida máquina já não existe mais pois foi se estragando ao longo do tempo e ficando obsoleta, motivo pelo qual
foi vendia como sucata", fl. 62 deste instrumento.

4. A exequente somente no dia 25/08/2006 informou o falecimento do sócio Paulo Derek no dia 04/06/2000 (fls.
177 e 186) e pleiteou o redirecionamento da execução fiscal. O redirecionamento contra o Espólio só é admitido
quando o falecimento do contribuinte ocorrer depois de ele ter sido devidamente citado nos autos da execução
fiscal, o que não é o caso dos autos, já que o devedor apontado pela Fazenda Pública faleceu durante o
andamento da execução fiscal, consequentemente, sem a efetiva citação pessoal para responder pelos créditos
tributários.

5. A intenção de rediscutir a matéria e obter novo julgamento pela Turma não encontra nos embargos de
declaração a via processual adequada, já que é cabível tal recurso quando na decisão prolatada houver
obscuridade, contradição, ou omissão, conforme artigo 535, I e II, do CPC ou, por construção jurisprudencial, erro
material, inocorrentes na espécie.

7. Cumpre observar que, nos termos do artigo 1025 do Novo Código de Processo Civil, a interposição dos
embargos de declaração implica, tacitamente, no pré-questionamento da matéria, sendo desnecessária a sua
expressa menção.

8. Os demais argumentos aduzidos nos recursos dos quais foram tirados os presentes embargos de declaração
não têm o condão de modificar, nem mesmo em tese, o acórdão combatido, de vez que aqueles de maior
relevância à elucidação do julgado foram devidamente apreciados (artigo 1022, parágrafo único, inciso II, do
CPC/2015).

9. Saliento que não há de se confundir fundamentação concisa com a ausência dela, não se exigindo do juiz a
análise pormenorizada de cada uma das argumentações lançadas pelas partes, podendo ele limitar-se àquelas de
relevância ao deslinde da causa, atendendo, assim, ao princípio basilar insculpido no artigo 93, inciso IX, da
Constituição Federal. Nesse sentido a Corte Suprema já pacificou o tema, ao apreciar o AI nº 791.292, em sede
de repercussão geral, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes, em julgamento do Plenário em 23.06.2010.

10. Embargos de declaração rejeitados.

AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 425048 / SP 0035993-36.2010.4.03.0000

6.32 Embargos à execução fiscal. Pluralidade de devedores. Início do prazo. Nos termos do art. 16,
III da LEF, o prazo para a oposição de embargos à execução fiscal é de 30 dias, contados da data da
intimação da penhora ao executado. Tratando-se de pluralidade de devedores, o prazo de embargos é
autônomo para cada um dos litisconsortes passivos e inicia-se com a respectiva intimação da penhora,
sendo irrelevante a titularidade do bem penhorado.
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. INTEMPESTIVIDADE. PLURALIDADE DE
DEVEDORES. PRAZO AUTÔNOMO. SENTENÇA REFORMADA

1. Nos termos do art. 16, III da LEF, o prazo para a oposição de embargos à execução fiscal é de 30 dias,
contados da data da intimação da penhora ao executado.

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2. Do exame da execução fiscal, restou incontroverso que em 21.10.1999 foi efetivada a penhora no rosto dos
autos falimentares conforme fl. 98. Entretanto, o ora embargante Jean Paul Victor Gautier foi citado/intimado em
27.05.2009 via carta precatória (fls. 220 dos autos da execução fiscal).

3. Tratando-se de pluralidade de devedores, o prazo de embargos é autônomo para cada um dos litisconsortes
passivos e inicia-se com a respectiva intimação da penhora, sendo irrelevante a titularidade do bem penhorado, na
medida em que todos os coexecutados têm interesse em atacar o título executivo. Precedentes do STJ e desta
Corte Regional.

4. Assim, no caso dos autos, embora a devedora principal não embargado a execução, não haverá prejuízo para a
eventual defesa pela via de embargos para os demais coexecutados, se e quando intimados da penhora.

5. Compulsando os autos do feito executivo, observa-se que a citação/intimação do coexecutado Jean Louis
Chapelle restou infrutífera (fls. 222), tendo este interposto os presentes embargos em 25.06.2009, sendo assim,
deu-se por citado nesta data.

6. Dispõe o artigo 239 do novo CPC (artigo 214 do antigo CPC): "Para a validade do processo é indispensável a
citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência
liminar do pedido. § 1º O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da
citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução.".

7. Dispõem os artigos 238 e 239, ambos do Novo CPC: "Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o
executado ou o interessado para integrar a relação processual. Para a validade do processo é indispensável a
citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência
liminar do pedido".

8. No caso dos autos, houve o comparecimento espontâneo do coexecutado Jean Louis Chapelle para suprir
eventual ausência de citação, na forma do artigo 214, § 1º, do antigo CPC, atual artigo 239, § 1º, do Novo CPC.
Precedentes.

9. Como se vê, tendo o embargante Jean Paul Victor Gautier sido citado/intimado em 27.05.2009 e a interposição
dos presentes embargos em 25.06.2009, quando não ultrapassado o prazo legal, bem como, o comparecimento
espontâneo do embargante Jean Louis Chapelle nos presentes autos, assim, é de se reconhecer a tempestividade
dos presentes embargos à execução fiscal.

10. Apelação provida para reformar a sentença recorrida e determinar o retorno dos autos ao Juízo de origem para
que o feito tenha regular prosseguimento.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1619264 / SP 0007463-32.2009.4.03.6119, 05/09/2017

6.33 Certidão de Dívida Ativa. Protesto. Lei 12.767/2012. Credor público x privado. A Certidão da
Dívida Ativa é considerada título executivo extrajudicial, dotada de liquidez e certeza, conferindo
publicidade à inscrição da dívida ativa. Anteriormente à vigência da Lei 12.767/2012, havia consolidado
o entendimento no sentido de não ser cabível o protesto de CDA. Havendo expressa previsão legal no
artigo 1º da Lei 9.492/1997, pode haver protesto da CDA. O protesto não se reveste de meio coercitivo de

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cobrança do tributo, mas sim, constitui-se em seu próprio meio de cobrança, pela via extrajudicial. O
credor público não pode estar em situação menos favorável que o credor privado.
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. PROTESTO DE CDA PELO CARTÓRIO DE
PROTESTO DE LETRAS E TÍTULOS APÓS A VIGÊNCIA DA LEI 12.767/2012. POSSIBILIDADE. RECURSO
PROVIDO DA UNIÃO.

1. A Certidão da Dívida Ativa é considerada título executivo extrajudicial, dotada de liquidez e certeza, conferindo
publicidade à inscrição da dívida ativa, nos termos dos artigos 585, inciso VII, do CPC - Código de Processo Civil
e artigo 204 do CTN - Código Tributário Nacional.

2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, anteriormente à vigência da Lei 12.767/2012, havia


consolidado o entendimento no sentido de não ser cabível o protesto de CDA.

3. Anteriormente à edição da Lei 12.767/2012 não era admissível o protesto de CDA, posto não se tratar de título
de crédito nem tampouco haver previsão legal, na Lei nº 9.492/1997, que regulamenta os serviços concernentes
ao protesto de títulos e outros documentos, ou em legislação específica, da possibilidade de protesto.

4. O artigo 1º da Lei 9.492/1997, em seu parágrafo único, passou a dispor que "incluem-se entre os títulos sujeitos
a protesto as certidões de dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das
respectivas autarquias e fundações públicas." Havendo expressa previsão legal, resta superado o entendimento
jurisprudencial anterior, no sentido da desnecessidade de protesto da CDA.

5. Não há plausibilidade jurídica na arguição de inconstitucionalidade do aludido dispositivo legal. O protesto não
se reveste de meio coercitivo de cobrança do tributo, mas sim, constitui-se em seu próprio meio de cobrança, pela
via extrajudicial.

6. A afirmação implicaria em dizer que o credor público está em situação menos favorável que o credor privado,
que pode protestar o seu título (ainda que a dívida líquida e plenamente exigível seja passível de cobrança pela
via da execução por quantia certa), prática esta, diga-se, amplamente difundida no âmbito dos negócios privados,
como meio extrajudicial de cobrança do crédito, anteriormente ao ajuizamento da execução.

7. Não há plausibilidade na alegação de coerção impingida ao devedor, quanto à submissão ao rito atual da Lei do
Protesto, o qual, a rigor, não privilegia somente a Fazenda Pública na cobrança da dívida fiscal, mas também a
qualquer credor privado que tem à disposição via extrajudicial destinada à recuperação de seu crédito.
Precedentes.

ApReeNec - APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA - 1991668 / SP 0007768-25.2013.4.03.6103, 05/09/2017

6.34 Parcelamento. Período que antecede à homologação. Entre o requerimento inicial do


parcelamento da Lei 11.941/2009 e a indicação dos débitos que seriam incluídos no regime, há expressa
determinação de suspensão de exigibilidade do crédito tributário. São legítimas as contribuições para o
SEBRAE e INCRA. Não há proibição de uso de outras bases de cálculo, além do faturamento, receita
bruta, valor da operação ou valor aduaneiro. É cabível a condenação em honorários de sucumbência em
Exceção de Pré-Executividade quando for acolhida para extinguir total ou parcialmente a execução, em
homenagem aos princípios da causalidade e da sucumbência.

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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GRUPO DE ESTUDOS TRF3, 2018

Julgados desembargador HÉLIO NOGUEIRA

Período: 01/01/2017 a 31/01/2018

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. EXCEÇÃO DE PRÉ-


EXECUTIVIDADE. DECADÊNCIA. PRESCRIÇÃO. CONTRIBUIÇÃO AO INCRA. HONORÁRIOS. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, à luz do art. 127 da Lei 12.249/2010, entre o requerimento
inicial do parcelamento da Lei 11.941/2009 e a indicação dos débitos que seriam incluídos no regime, há expressa
determinação de suspensão de exigibilidade do crédito tributário.

2. Consolidada a jurisprudência, firme no sentido da exigibilidade da contribuição destinada ao SEBRAE e ao


INCRA; inclusive após o advento da EC 33/2001, em face do que, na atualidade, prescreve o artigo 149, § 2º, III,
a, da Constituição Federal, que apenas previu faculdades ao legislador, e não a proibição de uso de outras bases
de cálculo, além do faturamento, receita bruta, valor da operação ou valor aduaneiro

3. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de ser cabível a fixação de honorários de
sucumbência quando a Exceção de Pré-Executividade for acolhida para extinguir total ou parcialmente a
execução, em homenagem aos princípios da causalidade e da sucumbência

3. Agravo de instrumento parcialmente provido.

AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 584278 / SP 0012405-87.2016.4.03.0000

6.35 Parcelamento. REFIS e PAES. Direito intertemporal. Novatio legis in pejus. Irretroatividade. O
PAES (Lei nº 10.666/2003) veda o parcelamento das contribuições dos empregados descontadas e não
recolhidas. Tratando-se de lei tributária nova mais gravosa ao contribuinte, incabível a retroatividade, de
sorte que os débitos de contribuições dos empregados consolidados no REFIS até o advento da Lei nº
10.666/2003 podem ser incluídos no PAES
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. PAES. DÉBITO ORIUNDO DE CONTRIBUIÇÕES DOS
EMPREGADOS DESCONTADAS E NÃO RECOLHIDAS CONSOLIDADO NO REFIS ANTERIORMENTE À
VIGÊNCIA DA LEI 10.666/2003. IRRETROATIVIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA MAIS GRAVOSA AO
CONTRIBUINTE. INCLUSÃO NO PAES: POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS RECURSAIS: NÃO CABIMENTO.
RECURSO E REMESSA OFICIAL NÃO PROVIDOS.

1. A Lei nº 9.964/2000, aplicável ao REFIS, permitia a inclusão das contribuições devidas pelo empregado e
retidas pelo empregador na consolidação dos débitos. Por seu turno, o artigo 2º da Lei nº 10.684/2003 não obsta a
que os valores regularmente incluídos no REFIS, independentemente de sua natureza, possam ser incorporados
ao PAES.

2. O artigo 5º da Lei nº 10.684/2003 igualmente não veda a inclusão da categoria de débitos em comento no
PAES. Embora refira-se apenas a contribuições patronais, o dispositivo deve ser interpretado conjuntamente com
o § 1º do artigo 1º da lei instituidora do PAES, que admite a inclusão de débitos anteriormente parcelados e ainda
não quitados.

3. O parcelamento das dívidas oriundas de contribuições dos empregados descontadas e não recolhidas somente
foi vedado a partir da vigência da Lei nº 10.666/2003.

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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GRUPO DE ESTUDOS TRF3, 2018

Julgados desembargador HÉLIO NOGUEIRA

Período: 01/01/2017 a 31/01/2018

4. Tratando-se de lei tributária nova, mais gravosa ao contribuinte, incabível sua retroatividade, de sorte que os
débitos de contribuições dos empregados consolidados no REFIS até o advento da Lei nº 10.666/2003 podem ser
incluídos no PAES. Precedentes.

5. Considerando que o recurso foi interposto sob a égide do CPC/1973 e, nos termos do Enunciado Administrativo
nº 7, elaborado pelo Superior Tribunal de Justiça para orientar a comunidade jurídica acerca da questão do direito
intertemporal, tratando-se de recurso interposto contra decisão publicada anteriormente a 18/03/2016, não é
possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do artigo 85, § 11, do CPC/2015.

6. Apelação e remessa oficial não providas.

ApReeNec - APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA - 1213448 / SP 0000882-64.2005.4.03.6111

6.36 Instituições beneficentes. Imunidade de contribuições sociais. Lei ordinária x lei


complementar. A imunidade das instituições, nos moldes do art. 195, § 7º, CF/88, foi validamente
regulamentada pelo artigo 55 da Lei nº 8.212/1991 (antes de sua revogação pela Lei nº 12.101/2009), não
se aplicando ao caso o artigo 14 do Código Tributário Nacional, que trata, expressamente, de impostos. A
lei ordinária é válida para a regulamentação de aspectos procedimentais relativos às entidades
beneficentes, dentre os quais aspectos se compreende a certificação de entidade beneficente - CEBAS.
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. IMUNIDADE OUTORGADA ÀS INSTITUIÇÕES DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL. REGULAMENTAÇÃO DO ART. 195, § 7º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PELA LEI
8.212/1991: VALIDADE. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS: NÃO DEMONSTRADO.
HONORÁRIOS RECURSAIS: NÃO CABIMENTO. RECURSO NÃO PROVIDO.

1. A imunidade outorgada pelo constituinte às instituições de assistência social justifica-se pelo fato de essas
entidades desenvolverem verdadeira atividade de auxílio ao Poder Público na consecução dessa dificultosa
atribuição. O texto constitucional, para tanto, prevê a necessidade de cumprimento dos requisitos estabelecidos
em lei.

2. A imunidade prevista no texto constitucional foi validamente regulamentada no artigo 55 da Lei nº 8.212/1991,
antes de sua revogação pela Lei nº 12.101/2009, não se aplicando às contribuições para o custeio da Seguridade
Social o artigo 14 do Código Tributário Nacional, que trata expressamente de impostos. Precedentes.

3. O artigo 195, § 7º, da Constituição Federal foi validamente disciplinado no âmbito infraconstitucional pelo artigo
55 da Lei nº 8.212/1991, que prescreveu um rol de exigências para o gozo da "isenção" das contribuições
patronais contempladas nos artigos 22 e 23 da Lei de Custeio.

4. Recentemente, o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu, por maioria, no julgamento da ADIn 2028/DF,
realizado em 02/03/2017, pelo afastamento da inconstitucionalidade formal do artigo 55, inciso II, da Lei nº
8.212/1991, reafirmando o entendimento já consolidado em sua jurisprudência, segundo o qual a lei ordinária é
válida para a regulamentação de aspectos procedimentais relativos às entidades candidatas ao reconhecimento
da imunidade instituída pelo § 7º do artigo 195 da Constituição da República, dentre os quais se compreende a
certificação. Precedente.

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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5. No caso dos autos, a apelante afirma que os requisitos dos incisos do artigo 55 da Lei nº 8.212/1991 não teriam
sido integralmente cumpridos, na medida em que o Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos não teria sido
fornecido pelo CNAS.

6. A instituição autora logrou demonstrar ser portadora do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência
Social - CEBAS, com validade de 25/09/2001 a 24/09/2004. Demonstrou, igualmente, que requereu a renovação
do referido Certificado antes da expiração de sua validade, sendo a tempestividade do requerimento atestada pelo
CNAS.

7. Não há, nos autos, nenhuma explicação para o fato de o requerimento de renovação do CEBAS da autora não
ter sido apreciado. Ressalte-se que o CEBAS não foi negado à autora; apenas seu pedido tempestivo de
renovação deixou de ser apreciado pelo órgão competente, por razões que escapam à compreensão deste Juízo,
já que não foram apresentadas.

8. Não tendo a ré demonstrado o efetivo descumprimento dos requisitos legais, a instituição autora faz jus à
imunidade outorgada pelo § 7º do artigo 195 da Constituição da República.

9. Considerando que o recurso foi interposto sob a égide do CPC/1973 e, nos termos do Enunciado Administrativo
nº 7, elaborado pelo Superior Tribunal de Justiça para orientar a comunidade jurídica acerca da questão do direito
intertemporal, tratando-se de recurso interposto contra decisão publicada anteriormente a 18/03/2016, não é
possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do artigo 85, § 11, do CPC/2015.

10. Apelação não provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1232444 / SP 0007441-46.2005.4.03.6108

6.37 Contribuição previdenciária. Produtor rural pessoa física. O Supremo Tribunal Federal apenas
reconheceu a invalidade da exação do art. 25 da Lei nº 8.212/1991, no que tange ao produtor pessoa física
empregador e, expressamente, ressalvou lei posterior que tivesse fundamento de validade na Emenda
Constitucional nº 20/1998.
TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DO PRODUTOR RURAL
PESSOA FÍSICA. LEI 10.256/2001. CONSTITUCIONALIDADE.

1. O Supremo Tribunal Federal, nos REs 363.852 e 596.177, reconheceu a invalidade da exação do art. 25 da Lei
nº 8.212/1991 apenas no que tange ao produtor pessoa física que fosse empregador, e expressamente ressalvou-
se lei posterior que tivesse fundamento de validade na Emenda Constitucional nº 20/1998.

2. A Lei nº 10.256/2001, que deu nova redação ao dispositivo, foi considerada constitucional pelo Pretório Excelso,
em sede de repercussão geral (RE 718.874).

3. Apelação não provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 366357 / SP 0000151-91.2016.4.03.6108

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6.38 Contribuições sociais. Natureza jurídica. Recepção do CTN. Lançamento por homologação.
Prazo prescricional. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, as contribuições sociais foram
alçadas à natureza tributária. Assim, a decadência e a prescrição dessas contribuições devem seguir o
regramento do Código Tributário Nacional. Embora editado como lei ordinária (Lei nº 5.172/66), o
Código Tributário Nacional foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 com força de lei
complementar. O direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário pelo lançamento extingue-se
em 5 (cinco) anos, contados "do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia
ter sido efetuado". No caso de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, considera-se
homologado o autolançamento por ato expresso da autoridade administrativa, ou pela homologação tácita,
após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador.
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL. DECADÊNCIA.
SÚMULA VINCULANTE N. 8. INCONSTITUCIONALIDADE DOS ARTIGOS 45 E 46 DA LEI 8.2012/1991. PRAZO
QUINQUENAL. HONORÁRIOS RECURSAIS: NÃO CABIMENTO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, as contribuições sociais, incluídas nesse conceito as
destinadas ao custeio da Seguridade Social, foram reinseridas no âmbito do Sistema Tributário Nacional. Assim, a
decadência e a prescrição dessas contribuições voltaram a seguir o regramento do Código Tributário Nacional.

2. Embora editado como lei ordinária (Lei nº 5.172/66), o Código Tributário Nacional foi recepcionado pela
Constituição Federal de 1988 com força de lei complementar, nos termos do artigo 146, III, da Carta, que reserva
a essa espécie normativa as normas gerais de direito tributário, inclusive no que se refere à prescrição e
decadência.

3. Nos termos do artigo 173, inciso I, do CTN, o direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário, que se
dá pelo lançamento (artigo 142), extingue-se em 5 (cinco) anos, contados "do primeiro dia do exercício seguinte
àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado".

4. No caso de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, em que ocorre o pagamento do tributo pelo
sujeito passivo, incide a norma do artigo 150, caput e seu § 4º, considerando-se homologado o autolançamento
por ato expresso da autoridade administrativa, ou pela homologação tácita, após cinco anos a contar da
ocorrência do fato gerador.

5. No caso dos autos, em que não houve o pagamento, aplica-se, portanto, a norma do artigo 173, inciso I, do
CTN. A partir de então, inicia-se o curso do prazo prescricional previsto no artigo 174 do CTN, que estabelece que
"a ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 5 (cinco) anos, contados da data da sua constituição
definitiva". Precedentes.

6. Como o lançamento foi efetuado em 28/10/2004, consumada está a decadência das contribuições relativas às
competências de 06/1996 a 04/1998, mas não das contribuições relativas às competências de 13/2002 a 09/2004.

7. Considerando que o recurso foi interposto sob a égide do CPC/1973 e, nos termos do Enunciado Administrativo
nº 7, elaborado pelo Superior Tribunal de Justiça para orientar a comunidade jurídica acerca da questão do direito
intertemporal, tratando-se de recurso interposto contra decisão publicada anteriormente a 18/03/2016, não é
possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do artigo 85, § 11, do CPC/2015.

8. Apelação parcialmente provida.

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Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1168128 / SP 0034160-26.2004.4.03.6100, 05/09/2017

6.39 Contribuição social para o FGTS. A contribuição prevista no art. 1º da LC 110/2001 destina-se
ao reforço das contas de FGTS. Tem natureza tributária e vigência indeterminada, devendo viger até que
outra lei a modifique. Legitimidade do MTE e da PGFN, sem prejuízo de delegação de cobrança pela
CEF (NFLD – Notificação Fiscal de Lançamento de Débitos).
TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL GERAL. ART. 1º DA LC 110/2001.
INDETERMIÇÃO TEMPORAL DA EXAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE REVOGAÇÃO. FINALIDADES: APORTE DE
RECURSOS AO FUNDO E IMPORTANTE MECANISMO EXTRAFISCAL DE COIBIÇÃO À DEPEDIDA SEM
JUSTA CAUSA. EFETIVAÇÃO DE DIREITOS SOCIAIS CONSTITUCIONALMENTE GARANTIDOS.
PREEMINÊNCIA DA MENS LEGIS SOBRE A MENS LEGISLATORIS. RATIO LEGIS AUTÔNOMA DE
EVENTUAL OCCASIO LEGIS. VETO DO PLC 200/2012 MANTIDO. CONSTITUCIONALIDADE DA
CONTRIBUIÇÃO JÁ DECLARADA PELO STF.

1 - A legitimidade para fiscalizar o recolhimento das contribuições ao FGTS, efetuar as respectivas cobranças e
exigir os créditos tributários é do Ministério do Trabalho e da Procuradoria da Fazenda Nacional, ainda que seja
permitido celebrar convênio para tanto.

2 - A contribuição instituída pelo art. 1º da Lei Complementar nº 110/2001, diversamente da do art. 2º, foi instituída
por tempo indeterminado. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou
revogue.

3 - A finalidade da exação se encontra em seu art. 3º, §1º, qual seja o aporte de recursos ao Fundo.

4 - Com efeito, diversamente do sustentado, o telos jurídico do diploma não está adstrito exclusivamente aos
expurgos inflacionários de planos econômicos, servindo de importante mecanismo extrafiscal de coibição à
despedida sem justa causa.

5 - Nessa senda, o art. 10, I, do ADCT limitou a indenização indigitada a 40% dos depósitos tão-somente até o
advento de norma complementar; embora pendente esta - no sentido de diploma mais global -, esta, no viés de
medida protetiva, consubstancia-se exatamente a Lei Complementar nº 110/2001.

6 - Na verdade, não só inexiste revogação como o Projeto de Lei Complementar nº 200/2012, que objetivava
exatamente estabelecer prazo para a extinção da contribuição, foi vetado pela Presidenta da República, veto este
que foi mantido pelo Congresso Nacional em Sessão de setembro de 2013, o que reafirma a indeterminação
temporal da exação e que mesmo a mens legislatoris não imputa à exação caráter precário.

7 - Outrossim, o art. 13 da LC nº 110/2001 expressamente consigna que as receitas recolhidas são destinadas
integralmente ao Fundo, não havendo alegar seu desvirtuamento, ressaltando-se que o FGTS, considerado na
globalidade de seus valores, constitui um fundo social dirigido a viabilizar financeiramente a execução de
programas de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana, ex vi do disposto nos artigos 6º, IV,
VI e VII; 7º, III, da Lei nº 8.036/90.

8 - Tampouco há alegar inconstitucionalidade superveniente pelo advento da EC nº 33/2001, que incluiu


disposições no art. 149, porquanto quando do julgamento da ADI 2556/DF, 13/06/2012, tal alteração promovida

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pelo Poder Constituinte derivado reformador já era então vigente, e foi utilizado exatamente o art. 149 para
legitimar a validade da contribuição.

9 - Preliminar acolhida. No mérito, apelação não provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 369584 / SP 0022369-40.2016.4.03.6100

6.40 Contribuição do FUNRURAL. Base de cálculo como receita bruta. No período de 03/97 a
01/98 é inconstitucional. Nova Lei n. 10.256/2001, com lastro na Emenda Constitucional n. 20/98 que
permitiu a instituição sobre essa materialidade.
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. CONTRIBUIÇÃO AO FUNRURAL.
PERÍODO DE 03/97 A 01/98. LEIS 8.540/92 E 9.528/97. INCONSTITUCIONALIDADE. EC 20/1998. SENTENÇA
REFORMADA.

1. O STF, no RE n. 363.852/MG, representativo da controvérsia da repercussão geral, declarou a


inconstitucionalidade das Leis ns. 8.540/92 e 9.528/97, que deram nova redação aos arts. 12, V e VII, 25, I e II, e
30, IV, da Lei nº 8.212/91, até que legislação nova, arrimada na EC n. 20/98, institua a contribuição, desobrigando
a retenção e recolhimento da contribuição social ou o recolhimento por subrrogação sobre a 'receita bruta
proveniente da comercialização da produção rural' de empregadores, pessoas naturais.

2. Essa orientação restou mantida por ocasião do julgamento do RE n. 596.177/RS, julgado sob o regime da
repercussão geral, nos termos do art. 543-B do CPC.

3. Com arrimo na alteração promovida pela Emenda Constitucional n. 20/98, foi editada a Lei n. 10.256/2001, que
deu nova redação ao caput do art. 25 da Lei n. 8.212/91, substituindo as contribuições devidas pelo empregador
rural pessoa natural incidente sobre a folha de salários e pelo segurado especial pela contribuição social incidente
sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural.

4. Após a promulgação da EC n. 20/98, não se pode mais falar em violação à isonomia ou de necessidade de lei
complementar, posto que o empregador rural não contribui mais sobre a folha de salários, contribuição esta
substituída pelo valor da receita proveniente da comercialização da sua produção, fonte de custeio trazida pela
emenda constitucional anteriormente citada, o que afasta a aplicação do disposto no §4º do artigo 195, conquanto
observado o princípio da anterioridade nonagesimal. Precedentes.

5. No caso, trata-se de cobrança da contribuição previdenciária relativa ao período de 03/1997 a 01/1998


anteriores, portanto, à promulgação da EC 20/1998 sendo, pois, indevida a exação.

5. Apelação provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2045377 / SP 0007665-96.2015.4.03.9999

6.41 Redirecionamento execução fiscal. Grupo econômico. Prescrição e responsabilidade. Tratando-


se de responsabilidade empresarial por grupo econômico de fato, para efeito de prescrição, não basta o
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decurso do prazo quinquenal entre a citação da executada originária e o pedido de redirecionamento,


sendo imprescindível que se caracterize a inércia da exequente.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE.
REDIRECIONAMENTO. FORMAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO DE FATO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
EXECUTÓRIA. AGRAVO PROVIDO.

1. Tratando-se de responsabilidade empresarial por grupo econômico de fato a prescrição não se verifica apenas
pelo decurso do prazo quinquenal entre a citação da executada originária e o pedido de redirecionamento, sendo
imprescindível que se caracterize a inércia da exequente, existindo elementos aptos a apontar a existência de um
grupo econômico de fato com confusão patrimonial entre as empresas relacionadas.

2. Mesmo que se adote como termo a quo para o pedido de redirecionamento da execução das empresas a data
do Relatório da fiscalização do INSS, a prescrição não se operou, haja vista a existência de parcelamento da
dívida fiscal, impeditivo do Fisco prosseguir na cobrança e que é causa interruptiva da prescrição, sendo que, no
momento em que é interrompida também o é em relação aos devedores solidários.

3. Agravo Interno não provido.

4. Agravo de instrumento provido.

AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 575833 / SP 0002240-78.2016.4.03.0000

6.42 Parcelamento tributário. Natureza e direito do administrado. As condições do parcelamento


são definidas pela Administração. Não há direito a parcelamento sem observância a essas condições. Não
pode o Poder Judiciário conceder benefício tributário em dissonância com as normas aplicáveis, sob pena
de ofensa aos princípios da isonomia, da impessoalidade, da reserva legal, e da separação dos poderes.
TRIBUTÁRIO. PARCELAMENTO FISCAL. DESCUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO
À ADESÃO.

1. O art. 3º da Lei nº 11.940/2009 prevê requisitos específicos para os débitos que tivessem sido objeto de
parcelamento anterior, inclusive avenças realizadas no âmbito do INSS, anteriormente ao advento da "Super
Receita".

2. O art. 1º, §3º, do diploma dispõe que os requisitos e as condições para adesão seriam estabelecidos em ato
conjunto do Procurador-Geral da Fazenda Nacional e do Secretário da Receita Federal do Brasil.

3. A Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 06 de 22 de julho de 2009 estabeleceu em seu art. 4º que os requisitos
específicos se aplicavam "mesmo que tenha havido rescisão ou exclusão dos respectivos programas ou
parcelamentos".

4. A recorrida, não obstante, inseriu o débito nº 55.785.830-5, já objeto de parcelamento anterior, na modalidade
comum.

5. Ressalte-se desmazelo da impetrante, porquanto a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 02, de 3 de fevereiro de


2011, permitiu que, no prazo de 1º a 31 de março de 2011, os contribuintes retificassem as modalidades de
parcelamento (art. 1º, I, "b").
Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
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6. O direito não tutela a desídia (dormientibus non succurrit jus), estando a adesão a parcelamento fiscal adstrita à
legislação de regência (art. 150, §6º, da CF; art. 111, I e art. 155-A do CTN), não podendo o Poder Judiciário
conceder benefício tributário em dissonância com as normas aplicáveis, sob pena de ofensa aos princípios da
isonomia, da impessoalidade, da reserva legal, e da separação dos poderes.

7. Apelação não provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 346011 / SP 0021161-60.2012.4.03.6100

6.43 Parcelamento. Confissão de dívida. Extinção de ação anulatória. Confissão para aderir mas sem
desistência processual. O Superior Tribunal de Justiça assentou entendimento de que se deve julgar
extinto o processo sem julgamento de mérito quando há confissão de dívida por adesão a parcelamento.
Tratando-se de débito confessado sem pedido de desistência processual, há carência de ação por ausência
de interesse processual.
PROCESSO CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. ADESÃO A PARCELAMENTO. CONFISSÃO DO
DÉBITO. CARÊNCIA DE AÇÃO. SENTENÇA ANULADA. EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO EX
OFFICIO. APELAÇÃO PREJUDICADA.

1. O Superior Tribunal de Justiça assentou entendimento, em recurso representativo de controvérsia, que a


sentença terminativa é decorrência necessária da confissão de dívida operacionalizada por adesão a
parcelamento (REsp 1124420/MG, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 29/02/2012, DJe 14/03/2012).

2. Tratando-se de débito confessado e ausente pedido de desistência dos embargante, o embargante é carecedor
de ação por ausência de interesse processual, sendo devida a extinção do feito sem julgamento do mérito,
anulando-se a sentença recorrida.

3. Sentença anulada. Apelação prejudicada.

4. Extinção do feito, ex officio e sem apreciação do mérito, nos termos do art. 485, VI do NCPC.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2216877 / SP 0001578-56.2017.4.03.9999, 17/10/2017

6.44 Contribuição social de entidades beneficentes. Imunidade. Lei ordinária x lei complementar.
A concessão da imunidade das entidades beneficentes, prevista no artigo 195, §7º, da Carta Magna, deve
observar as regras então vigentes, contidas no art. 55 da Lei nº 8212/91, ressalvadas as disposições
introduzidas pela Lei nº 9.732/98 e com as observações da ADIN nº 2028-5, que declarou
inconstitucionais as exigências feitas por meio de lei ordinária que não se referissem à mera
fiscalização/controle (atuação passiva do contribuinte).
APELAÇÃO CÍVEL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. IMUNIDADE
TRIBUTÁRIA. ART. 55 DA LEI Nº 8.212/91. REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS. CEBAS. AUSÊNCIA.
APELO PROVIDO. RECURSO ADESIVO PREJUDICADO.

Material de grupo de estudos para o concurso de juiz federal do TRF3. O uso é privativo dos participantes do
grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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GRUPO DE ESTUDOS TRF3, 2018

Julgados desembargador HÉLIO NOGUEIRA

Período: 01/01/2017 a 31/01/2018

1. A concessão da imunidade prevista no artigo 195, §7º, da Carta Magna deve observar, na oportunidade de sua
vigência, os requisitos contidos no art. 55 da Lei nº 8212/91, ressalvadas as disposições introduzidas pela Lei nº
9.732/98 (ADIN nº 2028-5).

2. Não há provas de que a instituição executada, entidade civil sem fins lucrativos, preencheu, à época do período
da dívida exequenda (01/1997 a 03/2004), todos os requisitos previstos pela legislação federal.

3. Embora reconhecida como instituição de utilidade pública federal e municipal e registrada no CNAS, não
apresentou Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social - CEBAS ou Certificado de Entidade de Fins
Filantrópicos, emitido pelo Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS, coetâneo ao período da dívida
executada, documento indispensável e exigido, à época, pelo art. 55, II da Lei nº 8.212/91. Precedentes STJ e
TRF3

4. Não apresentado Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social - CEBAS, não há como conferir a
executada o benefício da imunidade. De rigor o prosseguimento da execução.

5. Apelação provida e Recurso Adesivo prejudicado.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1858491 / SP 0014806-40.2013.4.03.9999, DATA:26/10/2017

6.45 Seguro Acidente do Trabalho - SAT. Atividade preponderante e graus de risco. Não utilização
do CNIS. A regulamentação da Lei de Custeio sempre tomou como critério para a definição da atividade
preponderante da empresa o número de segurados empregados e trabalhadores avulsos por
estabelecimento. Cabe ao julgador aferir a eventual incompatibilidade do enquadramento imposto em
relação à atividade preponderante da empresa nos graus de risco leve, médio e grave. Os dados técnicos
do CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais), de per se, não podem ser considerados números
absolutos, porque o número de empregados afastados por auxílio-doença, pode não ter nenhuma ligação
com as condições do ambiente de trabalho.
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. CONTRIBUIÇÃO AO SAT. CONCEITOS DE
"ATIVIDADE PREPONDERANTE" E "GRAU DE RISCO". INCOMPATIBILIDADE DOS PADRÕES FIXADOS NO
REGULAMENTO COM A ATIVIDADE PREPONDERANTE DA EMPRESA. REBAIXAMENTO DO GRAU DE
RISCO PELO JULGADOR: POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS RECURSAIS: NÃO CABIMENTO. RECURSO
PROVIDO.

1. A contribuição ao SAT, prevista no inciso II do artigo 22 da Lei nº 8.212/1991, prevê a incidência de três
alíquotas distintas, variáveis em função do grau de risco de acidentes do trabalho na atividade preponderante da
empresa. Precedente.

2. A regulamentação da Lei de Custeio sempre tomou como critério para a definição da atividade preponderante
da empresa o número de segurados empregados e trabalhadores avulsos. Sob o regime do Decreto nº
3.048/1999, fixou-se o cômputo do número de empregados na empresa. Todavia, firmou-se entendimento
jurisprudencial no sentido de que o regulamento pode considerar, apenas, o número de empregados por
estabelecimento, sendo ilegítima a determinação da atividade preponderante a partir do número total de
empregados da empresa. Precedente.

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grupo. Proibida a comercialização e o repasse gratuito, salvo autorização dos participantes.

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3. Embora devam ser considerados os segurados empregados de um mesmo estabelecimento, não se mostra
razoável a exclusão dos empregados que não executem atividades de produção, na medida em que o objetivo da
contribuição ao SAT é estimular a redução do risco de acidentes. A se considerarem apenas os empregados que
exercem atividades relacionadas à produção, o grau de risco seria inveridicamente mais elevado, resultando na
ilegítima majoração da alíquota da contribuição.

4. Definida a atividade preponderante com base no número de segurados empregados por estabelecimento, cabia
à empresa, nos termos do § 5º do artigo 202 do Decreto nº 3.048/1999, o enquadramento dessa atividade no grau
de risco "leve, "médio", ou "grave", segundo os padrões fixados pelo próprio regulamento.

5. Cabe ao julgador, em cada caso concreto, aferir a eventual incompatibilidade do enquadramento imposto pelo
respectivo Decreto em relação à atividade preponderante da empresa nos graus de risco leve, médio e grave. Não
se olvide que o § 3º do artigo 22 da Lei nº 8.212/1991, ao estabelecer que devem ser consideradas "estatísticas
de acidentes do trabalho, apuradas em inspeção", remete à adição de dados técnicos para a concretização do
grau de risco de uma determinada atividade. Precedente.

6. Os dados técnicos do CNIS levados em conta pelo decisum não podem ser considerados em números
absolutos. O número de empregados afastados por auxílio-doença, por exemplo, pode não ter nenhuma ligação
com as condições do ambiente de trabalho. Por isso, sem que haja um discriminativo detalhado indicando quais
afastamentos por auxílio-doença foram causados diretamente pela atividade profissional, referidos dados não
podem ser levados em conta para se chegar à conclusão de que a parte autora submete-se à alíquota do SAT
correspondente ao grau de risco grave.

7. Outrossim, o número apontado nas planilhas do CNIS relativo a afastamentos por acidente de trabalho não é
nada expressivo considerado o período de cinco anos a que as planilhas se referem, face ao número total de
empregados de cada condomínio. Ainda que assim não fosse, deve-se considerar que os acidentes de trajeto
também são classificados como acidentes de trabalho. A documentação trazida pela União, contudo, não os
discrimina, o que seria relevante para o caso, já que afastamentos em decorrência de acidentes de trajeto não
guardam relação com os riscos da atividade preponderante da empresa.

8. O laudo pericial não poderia ser rechaçado apenas com base nos dados trazidos pela ré, os quais, aliás,
reportam-se a apenas um dos condomínios apelantes. E a conclusão do perito, seja para o Condomínio do
Conjunto Comercial Petrus/Iguatemi (Shopping Market Place) seja para o Condomínio Shopping Center Iguatemi,
aponta para a inexistência de atividades sujeitas a riscos de acidentes graves.

9. Em ambos os condomínios, o número de empregados em setores administrativos supera o de empregados em


setores cuja atividade guarda alguma periculosidade ou insalubridade inerente à sua natureza (manutenção
elétrica, por exemplo), não se justificando o enquadramento dos apelantes na alíquota mais elevada.

10. Considerando que o recurso foi interposto sob a égide do CPC/1973 e, nos termos do Enunciado
Administrativo nº 7, elaborado pelo Superior Tribunal de Justiça para orientar a comunidade jurídica acerca da
questão do direito intertemporal, tratando-se de recurso interposto contra decisão publicada anteriormente a
18/03/2016, não é possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do artigo 85, § 11, do
CPC/2015.

11. Apelação provida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1516812 / SP 0000097-77.2001.4.03.6100

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6.46 Redirecionamento da execução fiscal. Desnecessidade de incidente de desconsideração. O


redirecionamento da execução fiscal não necessita do incidente de desconsideração de personalidade
jurídica previsto no novel CPC. Não há confundir levantamento do véu corporativo - lifting the corporate
veil/disregard of legal entity (art. 50 do CC; art. 790, VI, CPC) - com imputação de responsabilidade
pessoal ou solidária por lei especial.
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. REDIRECIONAMENTO. ART. 133 CPC.

1. O redirecionamento da execução fiscal prescinde do incidente de desconsideração de personalidade jurídica


previsto no novel CPC.

2. Não há confundir levantamento do véu corporativo - lifting the corporate veil/disregard of legal entity (art. 50 do
CC; art. 790, VI, CPC) - com imputação de responsabilidade pessoal ou solidária por lei especial (art. 790, II, CPC;
art. 135, III, CTN; art. 30, IX, da Lei nº 8.212/1991; art. 4º, §2º, da Lei nº 6.830/1980 c/c o art. 10 do Decreto nº
3.708/1919 e art. 158 da Lei nº 6.404/1976; Súmula nº 435/STJ).

3. Ainda, a Lei nº 6.830/1980 possui disciplina própria para a defesa do executado (arts 4º, VI; 8º; 16), tendo o
diploma adjetivo civil apenas aplicação subsidiária, no que não for incompatível com a Lei de Execuções Fiscais
(art. 1º): lex posterior generalis non derogat priori specialis (art. 2º, §2º, da LINDB).

4. Agravo de instrumento provido.

AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 592266 / SP 0021824-34.2016.4.03.0000, 25/07/2017

7 DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

7.1 Benefícios. Pedido. Princípio tempus regit actum. A legislação aplicável é aquela vigente ao
tempo do óbito, dado que em termos de benefícios, quer sejam oriundos do Regime Geral da Previdência
Social, quer sejam oriundos do regime do funcionalismo civil ou militar.
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. MILITAR. PEDIDO DE PENSÃO. EX-COMBATENTE. LEI 8059/90. LEI
VIGENTE À DATA DO ÓBITO DO INSTITUIDOR. NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
ESTABELECIDOS NA LEI DE REGÊNCIA. CONVIVÊNCIA EM UNIÃO ESTÁVEL NÃO DEMONSTRADA.
APELAÇÃO DA UNIÃO PROVIDA. REEXAME NECESSÁRIO PROVIDO. APELAÇÃO DA AUTORA
PREJUDICADA.

1. Reexame Necessário e Apelações interpostas pela União e pela autora contra sentença que julgou procedente
o pedido inicial "para condenar a União a implantar, em favor de Francisca Alexandre de Lima, pensão por morte
de ex-combatente, oriunda do benefício instituído por Waldemar Freire de Moura, desde a data do requerimento
administrativo (30/10/2009)".

2. A legislação aplicável é aquela vigente ao tempo do óbito, dado que em termos de benefícios, quer sejam
oriundos do Regime Geral da Previdência Social, quer sejam oriundos do regime do funcionalismo civil ou militar,
aplica-se o princípio tempus regit actum.

3. O óbito de Waldemar Freires de Moura, militar ex-combatente, ocorreu em 06.10.2009. Dessa forma, aplicam-
se as disposições insertas na Lei nº 8.059/90 no tocante ao pedido de pensão.
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4. A autora, para fazer jus à pensão, deve comprovar o status de companheira do militar ex-combatente,
considerando ser a união estável a motivação firmada na exordial para o pleito do benefício, preenchendo assim
os requisitos estabelecidos na legislação de regência à época do falecimento do instituidor da pensão.

5. A ruptura da convivência em união estável é incontroversa nos autos, tendo a autora informado na exordial que
"(...) de fato houve uma separação momentânea em 2007, mas que durou pouco, pois em pouco tempo o de cujus
voltou a morar com a requerente, e permaneceu com a mesma até o momento de sua morte" (fls. 03).

6. O pedido administrativo de pensão restou denegado ao fundamento de que inexistia convivência entre a autora
e o Sr. Waldemar na data do falecimento deste, porque a requerente recebia pensão alimentícia até o momento
do óbito, consoante acordado na ação de alimentos.

7. Do confronto da prova documental e da prova testemunhal, conclui-se que a separação do casal perdurou até o
falecimento do Sr. Waldemar, não demonstrada a reconciliação de Francisca Alexandre de Lima e Waldemar
Freire de Moura, porquanto, frise-se, a autora continuou a perceber pensão alimentícia requerida judicialmente por
ela em razão da ruptura da união estável; o falecimento do autor ocorreu na cidade de São Vicente, onde este
residida, isto é, em domicílio diverso do declarado pela autora como sendo o do casal; a certidão de óbito nada
menciona sobre a convivência em união estável, indicando apenas que o Sr. Waldemar era viúvo de Aracy Freires
de Moura; o declarante da certidão de óbito é o neto do Sr. Waldemar, de nome Cristiano Rodrigues Moura, a
reforçar a ideia de que o falecimento se deu quando o militar estava afastado da convivência com a autora, o que
é confirmado pela testemunha Arnaldo, que relatou "estar Waldemar passando uns dias na casa do neto;" "(...) por
algumas semanas, duas ou três".

8. Apelação da União provida. Reexame Necessário provido. Apelação da autora prejudicada.

ApReeNec - APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA - 1745222 / SP 0002725-12.2010.4.03.6104

7.2 Previdenciário. Liminar. Devolução do valor recebido na via provisória. A Primeira Seção do
STJ, no julgamento do REsp 1.401.560/MT, realizado sob o rito dos recursos repetitivos (art. 543-C, do
Código de Processo Civil e Resolução STJ 8/2008), estabeleceu que, na hipótese de pagamento por força
de provimentos judiciais liminares, ainda que em se tratando de verbas decorrentes de benefícios
previdenciários, não pode o beneficiário alegar boa-fé para não devolver os valores recebidos, tendo em
vista a precariedade da medida concessiva.
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO. SERVIDOR. PRECEDENTE MANDADO DE
SEGURANÇA DECISIVO PELA CARGA HORÁRIA DE QUARENTA HORAS. PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO PARA A COBRANÇA DE REMUNERAÇÃO PAGA A MAIOR, DURANTE O CUMPRIMENTO
DA CARGA HORÁRIA DE TRINTA HORAS. AJUIZAMENTO DE AÇÃO VISANDO A INEXIGIBILIDADE DA
DEVOLUÇÃO. AUSÊNCIA DE NULIDADES NO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. VERBA SALARIAL PAGA
MEDIANTE CONCESSÃO DE TUTELA ANTECIPADA. REFORMA DA DECISÃO PROVISÓRIA. RESTITUIÇÃO
DOS VALORES: NECESSIDADE. APELAÇÃO DESPROVIDA.

1. Apelação interposta pela autora contra sentença que julgou improcedentes os pedidos de nulidade do
procedimento administrativo nº 35443.000381/2012, e de declaração de inexigibilidade dos valores cobrados,
referentes à diferença de jornada de trabalho, para o cargo de analista do seguro social perante o INSS, de trinta
para quarenta horas semanais, com fundamento no artigo 487, I, CPC/2015.

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2. É perceptível a completa submissão do procedimento administrativo ao devido processo legal, e fiel execução
dos princípios do contraditório e da ampla defesa, tendo a servidora acesso a toda informação pertinente e
oportunidade de oposição às decisões proferidas.

3. O atraso na apreciação de recursos não acarreta a nulidade do procedimento administrativo.

4. A alegação de que não houve apreciação dos Embargos Declaração opostos (na esfera administrativa) é
absurda, bastando a leitura interessada da documentação trazida pela servidora na inicial deste feito para inferir a
decisão de rejeição dos embargos.

5. A afirmação de que não tomou ciência do resultado do recurso administrativo choca-se com os documentos
instrutórios da exordial.

6. O descontentamento ou o desacerto com o montante apurado não tem o condão de anular o procedimento
administrativo.

7. Decidido judicialmente (no mandando de segurança), com trânsito em julgado, que a carga horária da apelante
é de quarenta horas, e tendo o poder público efetuado a remuneração correspondente a quarenta horas, mas
houve a prestação de trinta horas, a apelante está, indubitavelmente, aquinhoando-se de dinheiro público sem a
imprescindível contraprestação.

8. Tratando-se a medida liminar (no mandado de segurança) de provimento jurisdicional de caráter provisório,
aquele que recebe verbas dos cofres públicos com base em tal título judicial sabe da fragilidade e provisoriedade
da tutela concedida.

9. O art. 273, §2º, do CPC/1973 (atual art. 300, §3º do CPC/2015) é inequívoco ao imputar como pressuposto da
antecipação da tutela a reversibilidade da medida, pois sua característica inerente é a provisoriedade (§4º), de tal
sorte que não há alegar boa-fé da parte quando do seu cassar.

10. A Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.401.560/MT, realizado sob o rito dos recursos repetitivos
(art. 543-C, do Código de Processo Civil e Resolução STJ 8/2008), estabeleceu que, na hipótese de pagamento
por força de provimentos judiciais liminares, ainda que em se tratando de verbas decorrentes de benefícios
previdenciários, não pode o beneficiário alegar boa-fé para não devolver os valores recebidos, tendo em vista a
precariedade da medida concessiva, e, por conseguinte, a impossibilidade de se presumir a definitividade do
pagamento.

11. Apelação desprovida.

Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2198267 / SP 0003757-58.2015.4.03.6110, DATA:26/10/2017

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