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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ______ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE ____________ – ____.

BELTRANA DE JESUS, brasileira, viúva, do lar, portadora da cédula de identidade nº


0000000-1, inscrita no CPF/MF. Nº 001.002.003-4, residente e domiciliada nesta
cidade, na Rua Marias das Fofoqueiras, nº 24, nesta Comarca, por seu procurador que
esta subscreve (Doc. Anexo), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência
propor o presente AÇÃO DE SONEGADOS PELO RITO ORDINÁRIO em face de
ZEZINHO DE JESUS, brasileiro, casado, agricultor, portador cédula de identidade nº
0000000-2, inscrito no CPF/MF. Nº 002.003.004-5, residente e domiciliado na Rua João
Briguento, 171, Vila das Cobras, nesta Comarca, o que faz pelos fatos e fundamentos a
seguir expostos: I - DOS FATOS Conforme Certidão de Óbito anexa, na data de 01 de
setembro de 2013, a Sra. SICRANA DE JESUS, veio a falecer de Insuficiência
Cardíaca.

A Sra. SICRANA DE JESUS era casada com o Sr. JOÃO DE JESUS sob o regime de
Comunhão Universal de bens (Doc. Anexo), e mãe da requerente, do requerido e de
MARIA DE JESUS.

A falecida antes de vir a óbito, ficou internada desde o dia 06 de agosto até 01 de
setembro, ambos de 2013 (Doc. Anexo).

Conforme se verifica, a requerente é uma das 03 (três) herdeiras da falecida, além do


cônjuge-meeiro.

O requerido figura como inventariante dos bens deixados pelo falecimento da Sra.
SICRANA DE JESUS, inventário este já terminado e realizado extrajudicialmente junto
ao Cartório de Notas, nesta Comarca (Docs. Anexas).

No mesmo Cartório de Notas, antes da feitura e termino do inventario extrajudicial, foi


localizado um testamento da falecida SICRANA DE JESUS, este posteriormente aberto
e homologado judicialmente na 1ª Vara Cível desta Comarca, processo nº XXXX.
XXXXX. XX. X. XXX1 (Docs. Anexos).

Chegou ao conhecimento da requerente que o requerido, na qualidade inventariante,


num ato arbitrário e ilegal, em total desrespeito ao espólio, não trouxe para o inventário
a existência de importante e robusto dinheiro depositados em diversas aplicações
financeiras e contas-correntes, estas em varias instituições bancárias.

Além disto, outra suspeita é a não inclusão por parte do inventariante no Inventário
Extrajudicial já finalizado, de bens móveis como Tratores, Maquinário Agrícola,
Veículos automotores e animais, estes cabeças de gado.

Face estas sérias suspeitas de haverem bens sonegados pelo inventariante Sr. ZEZINHO
DE JESUS, os quais não foram partilhados quando do inventario extrajudicial, a
requerente propôs Ação de Prestação de Contas, esta teve seu tramite na 1ª Vara Cível
desta Comarca, processo nºXXXX. XXXXX. XX. X. XX21, foi Indeferida de plano a
inicial por falta de interesse de agir, na modalidade adequação/necessidade (Docs.
Anexos), pois, na visão e entendimento deste Ilustre Magistrado, a medida adequada
seria a INTERPELAÇÃO JUDICIAL, que deveria anteceder a Ação de Prestação de
Contas.

Ocorre que diante estas sérias suspeitas de haverem bens sonegados pelo inventariante
Sr. ZEZINHO DE JESUS, os quais não foram partilhados quando do inventario
extrajudicial, a requerente em atenção à decisão do Juízo da 1ª Vara Cível desta, propôs
a INTERPELAÇÃO JUDICIAL, processo este de nº XXXX. XXXXX. XX. X. XX28,
que teve seu tramite na 3ª Vara Cível desta Comarca, desejando que o inventariante,
este na qualidade de administrador do espolio, viesse a informar, responder a perguntas
e indagações sobre todos os bens imóveis, móveis, depósitos bancários, aplicações
financeiras e outros, que pertenciam unicamente e conjuntamente à falecida SICRANA
DE JESUS.

Em sua resposta a INTERPELAÇÃO JUDICIAL, o Sr. ZEZINHO DE JESUS, acabou


sendo sagaz e obscuro e deixou de responder de maneira objetiva, convincente e com
provas, sobre os bens não incluídos no Inventario Extrajudicial.

A resposta única do interpelado Sr ZEZINHO DE JESUS, face todas as indagações e


perguntas acabaram sendo: O inventário foi efetivado de forma amigável e à
Interpelante não foi omitida nenhuma informação.

Diante a NEGATIVA PRÁTICA de informações a serem prestadas pelo inventariante


sobre possíveis bens sonegados, a requerente não tem outra alternativa, senão a
propositura da presente ação de bens sonegados pelo rito ordinário, para que, o Poder
Judiciário venha esclarecer esta questão, que infelizmente acabou por esfacelar esta
família.

Assim, que judicialmente haja a expedição de ofícios, via Bacenjud, para pesquisa das
aplicações bancarias e financeiras, como conta-corrente, conta-poupança e outras mais,
que sejam em nome da falecida Sra. SICRANA DE JESUS, CPF/MF. Nº 001.002.003-
4, bem como, de seu esposo, a qual era casada por comunhão universal de bens, o Sr.
JOÃO DE JESUS, CPF n. 003.004.005-6, do período de 03 (Três) meses antes do
falecimento da Sra. Beatriz, no caso, dia 02 de junho de 2013 até os dias atuais.

Quanto aos bens imóveis, seja oficiado o INCRA e o Cartorio de Registro de Imóveis
desta Comarca, para que ambos façam uma pesquisa e forneçam dados sobre a
existência de propriedades rurais em nome de SICRANA DE JESUS, CPF/MF. Nº
001.002.003-4 e JOÃO DE JESUS, CPF n. 003.004.005-6, do período de 03 (Três)
meses antes do falecimento da Sra. Sicrana, no caso, dia 02 de junho de 2013 até os dias
atuais.

Com relação aos bens moveis que seriam os veiculos automotores, seja oficiado o
Detran/__ para que faça uma pesquisa e forneça dados sobre a existência de veículos
automotores em nome de SICRANA DE JESUS, CPF/MF. Nº 001.002.003-4 e JOÃO
DE JESUS, CPF n. 003.004.005-6, do período de 03 (Três) meses antes do falecimento
da Sra. Sicrana, no caso, dia 02 de junho de 2013 até os dias atuais.

Por fim, que seja oficiado a Casa da Agricultura local, para que esta pesquise e forneça
dados sobre a existência de animais bovinos e caprinos, em nome de SICRANA DE
JESUS, CPF/MF. Nº 001.002.003-4 e JOÃO DE JESUS, CPF n. 003.004.005-6, do
período de 03 (Três) meses antes do falecimento da Sra. Sicrana, no caso, dia 02 de
junho de 2013 até os dias atuais.

II – DO DIREITO

Assim sendo, para resguardar direitos, no caso, a possibilidade de existência de bens


imóveis, móveis, depósitos bancários, aplicações financeiras e outros, que pertenciam
unicamente e conjuntamente à falecida SICRANA DE JESUS, respeitosamente, nos
termos dos artigo 1.992 do Código Civil Brasileiro, utiliza-se da presente.

Dispõe o artigo 1.992 do Código Civil Brasileiro que:

"O herdeiro que sonegar bens da herança, não os descrevendo no inventário, quando
estejam em seu poder, ou, com o seu conhecimento, no de outrem, ou que omitir na
colação, a que os deva levar, ou o que deixar de restituí-los, perderá o direito que sobre
eles lhe cabia."

Por sua vez, dispõe o artigo 1.995: "Se não se restituírem os bens sonegados, por não os
ter o sonegador em seu poder, pagará ele a importância dos valores, que ocultou, mais
as perdas e danos."

É o caso dos autos. O requerido sonegou e pretende que esses bens ou aplicações
financeiras não sejam trazidos à colação para o efeito de partilha, motivo pelo qual a
requerente saiu imensamente prejudicada, recebendo quase nada no inventário da finada
Sra. Beatriz.

Ação de sonegados é, pois, a que compete a qualquer herdeiro, ou credor da herança,


contra o inventariante, que dolosamente não deu a inventário bens da herança, ou contra
o herdeiro, que omitiu na colação, a que os devia levar, ou deixou de os restituir, a fim
de ser condenado a restituí-los com os seus rendimentos, e a perder o direito que sobre
eles tinha. (Cfr. VAMPRÉ, vol. 3, § 299).

Além de terem direito nesses bens e aplicações financeiras tem a requerente direito às
rendas proporcionadas por eles durante o tempo em que eles permaneceram,
irregularmente, em poder do requerido, pois a Constituição Federal garante, no inciso
XXX do art. 5º o direito de herança e aberta a sucessão o domínio e a posse da herança
transmitem-se, a todos os herdeiros, ao teor do artigo 1784 do Código Civil Brasileiro:
"Artigo 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, os herdeiros
legítimos e testamentários."

E nem poderia ser de modo diferente, sob pena de ocorrer o que está ocorrendo no caso
dos autos, pois a herdeira, ora requerente, teve a infelicidade de não ter recebido
totalmente seus direitos hereditários, no caso, ficou bens sonegados pelo requerido que
não foram partilhados, que corresponderiam a robusto dinheiro depositados em diversas
aplicações financeiras e contas-correntes, estas em varias instituições bancárias.

Além disto, outra suspeita é a não inclusão por parte do inventariante no Inventário
Extrajudicial já finalizado, de bens móveis como Tratores, Maquinário Agrícola,
Veículos automotores e animais, estes cabeças de gado.
Daí, necessário se faz, após a resposta única do interpelado e requerido Sr. ZEZINHO
DE JESUS, face todas as indagações e perguntas na interpelação judicial, de que o
“inventário foi efetivado de forma amigável e à Interpelante não foi omitida
nenhuma informação”, que requerer judicialmente a expedição de ofícios, via
Bacenjud, INCRA, Cartório de Registro de Imóveis desta Comarca, Detran/__ e Casa
da Agricultura local para que faça uma pesquisa e forneça dados sobre a existência de
aplicações financeiras, imóveis, veículos automotores e animais em nome de SICRANA
DE JESUS, CPF/MF. Nº 001.002.003-4 e JOÃO DE JESUS, CPF n. 003.004.005-6, do
período de 03 (Três) meses antes do falecimento da Sra. Beatriz, no caso, dia 02 de
junho de 2013 até os dias atuais.

III - DOS PEDIDOS

FACE AO EXPOSTO, propõem a requerente a presente AÇÃO DE SONEGADOS,


pelo rito ORDINÁRIO contra o ZEZINHO DE JESUS, para que seja julgada
procedente, para que ele na qualidade de inventariante, venha os bens sonegados à
serem apurados nesta presente, e que foram omitidos no inventario, sejam restituídos
com seus rendimentos, a se calcular em execução de sentença na forma dos artigos 402
a 404 do código Civil, perdendo o requerido o direito que sobre esses bens tinham, nos
precisos termos do artigo 1.992 do Código Civil Brasileiro ou alternadamente, caso
assim não entenda, em determinar apenas a restituição proporcional dos bens sonegados
que pelos quinhões caiba à requerente e a outra herdeira, uma vez que essa decisão
depende da propositura desta ação, não podendo ser decididos no bojo do inventario
extrajudicial.

Ainda requer:

a) a condenação do requerido ao pagamento das custas processuais e honorários


advocatícios, estes na base usual de 20% sobre o valor da condenação;

b) a citação do requerido, através de carta AR, com fundamento nos artigos 221 e
seguintes do Código de Processo Civil, para que conteste, querendo a presente ação, no
prazo legal, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato;

c) a expedição de ofícios aos órgão do Bacenjud, INCRA, Cartório de Registro de


Imóveis local, Detran/__ e Casa da Agricultura local para que faça uma pesquisa e
forneça dados sobre a existência de aplicações financeiras, imóveis, veículos
automotores e animais em nome de SICRANA DE JESUS, CPF/MF. Nº 001.002.003-4
e JOÃO DE JESUS, CPF n. 003.004.005-6, do período de 03 (Três) meses antes do
falecimento da Sra. Sicrana, no caso, dia 02 de junho de 2013 até os dias atuais;

d) a produção de todas as provas em direito permitidas, notadamente: depoimento


pessoal do requerido, pena de confesso; inquirição de testemunhas; juntada de novos
documentos; perícia, em execução de sentença, para apuração dos prejuízos que
sofreram com as atitudes de má-fé do requerido, retroativo desde a data do falecimento
da autora da herança;

e) por último, a distribuição da presente a esse MM. Juízo, em face da tramitação da


Interpelação Judicial nº XXXX. XXXXX. XX. X. XX28, promovida pela requerente
face o requerido.
Dá-se à presente o valor de R$ _________.

Nestes Termos,

PEDE DEFERIMENTO.

São João da Boa Vista – SP, 26 de julho de 2014.

___________________________________

CAIO ENRICO FRANCO DE OLIVEIRA

OAB/SP nº 185.862

AÇÃO DE SONEGADOS
Fundamento:
Arts. 1.992 a 1.996 do Código Civil, 621 e 669, I, do CPC.
Finalidade:
Proceder-se à denúncia da existência de bens sonegados.
Procedimento:
Ordinário.
Legitimidade:
Parte prejudicada com a sonegação de bens, seja em inventário, seja
em separa
-
ção do casal. No caso de bens sonegados em inventário o herdeiro
pode ajuizar
a ação em benefício próprio e dos demais.
Oportunidade:
Com referência à ação de sonegados pela omissão de bens em
inventário, tal
alegação só será cabível depois de encerrada a descrição dos bens,
com a decla
-
ração do inventariante de não existirem outros bens a inventariar
(CPC, art. 994
e Código Civil, art. 1.996). É causa de remoção do inventariante a
sonegação,
ocultação ou desvio de bens do espólio (CPC, art. 995, VI).
Foro competente:
Foro do domicílio do réu (CPC, art. 94) ou do juízo onde tramita o
inventário,
sendo o caso.
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Comarca
de ....................................................
(nome, qualificação, endereço e n.º do CPF), por seu advogado infra-
assinado, com escritório si
-
tuado nesta cidade, à rua ......, onde recebe intimações e avisos, vêm, à
presença de V. Exa., na forma
dos arts. 1.992 a 1.996 do Código Civil e arts. 994 e 1.040, I, do
Código de Processo Civil, promover
a presente
AÇÃO DE SONEGADOS
contra (nome, qualificação e endereço), em vista das seguintes
razões de fato e de direito:
1. Os suplicantes são herdeiros de ........ cujo inventário se processa
perante este MM. Juízo, Proc. n.º ....
2. O suplicado, por sua vez, figura como inventariante dos bens,
conforme termo de compromisso
constante dos autos de inventário.
3. Em vista de tal compromisso, tem o suplicado como inventariante,
certas obrigações que se encon
-
tram elencadas no art. 991 do Código de
Processo Civil, ficando, ainda, a seu cargo, a prestação das
primeiras e últimas declarações.
4. O inciso IV do art. 993 do CPC, determina que o inventariante fará
as primeiras declarações apre
-
sentando relação completa e individualizada de todos os bens do
espólio. As últimas declarações do
inventariante (CPC, art. 1.011), tem por fim emendar, aditar ou
complementar as primeiras declarações,
descrevendo-se em tal oportunidade, bens que porventura não
tivessem sido descritos nas primeiras
declarações.
5. No caso em espécie, prestadas as últimas declarações, o
inventariante deixou de citar os seguintes
bens ........, sonegando-os aos autos de inventário.
6. O art. 1.992 do Código Civil, autorizam a presente ação, face à
sonegação comprovada de bens
pertencentes ao espólio que não vieram para os autos.
7. WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO, Curso de Direito
Civil, Ed. Saraiva, p. 285, ensina que:
Se o inventariante omite, intencionalmente, ou não descreve qualquer bem ou
valor, assim
desfalcando o ativo do espólio; se o herdeiro não indica bens em seu poder, ou
detidos por
terceira pessoa, ou se nega a conferi-los, em obediência às disposições legais,
pratica sone
-
gação, sujeitando-se às penas previstas nos arts. 1.780 e 1.781 do Código
Civil.
8. A sonegação de bens ocorre quando efetuada pelo inventariante,
declara
ção de inexistirem bens à
serem partilhados (CPC, art. 994), isto é, quando efetuadas as últimas
declarações.
9. Para SÍLVIO RODRIGUES, Direito das Sucessões, Ed. Saraiva,
vol. 7, p. 305:
Quanto ao inventariante, o art. 1.784 do Código Civil fixa um termo, a partir
do qual se
caracteriza sua malícia. Ela se mostra indisfarçável após a descrição dos bens,
com a de
-
claração, feita pelo inventariante, de não existirem outros bens por inventariar.
Esse é o
momento das últimas declarações.
10. A vista do exposto, demonstrada a sonegação de bens por parte do
suplicado, propõe-se a presente
ação, requerendo seja o mesmo citado para contestar, querendo, os
termos da presente ação, sob pena
de revelia, acompanhando-a até final decisão, quando a presente
haverá de ser julgada procedente,
aplicando-se as sanções do art. 1.992 do Código Civil, com a remoção
do inventariante e condenação
do suplicado nos efeitos da sucumbência.
11. Protesta-se por provar o alegado por todos os meios de provas
admitidas pelo direito.
12. Dá-se à causa o valor de .......... (valor dos bens sonegados).
Pede deferimento.
(local e data)
(assinatura e n.º da OAB do advogado)

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