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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA

SEÇÃO JUDICIÁRIA FEDERAL DA COMARCA DE TEÓFILO OTONI – MINAS


GERAIS

Distribuição por dependência ao processo nº 0003531-34.2017.4.01.3816

MAURÍCIO JOSÉ DE ALMEIDA SILVA, brasileiro, casado, Veterano da Polícia


Militar do Estado de Minas Gerais, portador da cédula de identidade nº M-
6.572.309 – SSP/MG e inscrito no CPF/MF sob o nº 811.466.986-15 (doc. 01) e
NÁDIA CRISTINA FERREIRA DE ALMEIDA, brasileira, casada, Servidora
Pública do Estado de Minas Gerais, portadora da cédula de identidade n° MG
11.524.894, SSP/MG, ambos residentes à Rua ___, nº ___, ___, Teófilo
Otoni/MG, CEP ___, com e-mail ........, vêm, respeitosamente, perante V. Exa.,
pelos advogados abaixo assinados e regularmente constituídos, conforme
instrumento procuratório anexado (doc. 02), estabelecidos profissionalmente à
Rua ___, nº ___, sala ___, ___, _____/___, CEP ___, onde recebe intimações
e notificações, com e-mail ___, opor os presentes

EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

em face da UNIÃO FEDERAL – FAZENDA NACIONAL - PGFN, pessoa jurídica


de direito público, inscrita no CNPJ 00394460/0216-53, com endereço
eletrônico desconhecido pelos Excipientes, devidamente qualificada nos autos,

1. DOS FATOS
Os Excipientes foram surpreendidos por intimações da Justiça Federal, Seção
Judiciária de Minas Gerais, postadas em 20/05/2021, dando conta de
impedimento na Matrícula n° 14.452, do imóvel descrito como Lote 13-A, de
formato retangular, constituído por parte do Lote 13, da Quadra 10, situado à
Rua Joaquim Ananias de Toledo, determinado pelo MM. Juiz de Direito da Vara
Federal da Seção Judiciária Federal de Teófilo Otoni/MG.

O imóvel ora descrito foi adquirido por compra pelos Excipientes em


07/08/2018, mediante negociação direta com os executados Victor Ramos
Chaves e Priscila Macedo Lima Chaves (ambos qualificados nos autos da
execução fiscal supra).

1.1 DAS INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O PROCESSO

Consta dos autos que os Executados Victor, Felipe Ramos Chaves e


Klifarma Drogaria Ltda – ME, são devedores da Receita Federal, mediante
Certidão de Dívida Ativa emitida em 07/07/2016.
Consta também que a Exequente/Credora União Federal, tentou, ao longo
do processo, fornecer o paradeiro dos executados para fins de serem
citados dos presentes autos, o que foi frustrado.

Consta, finalmente, que os executados foram citados por edital, daí a


tentativa de bloqueio de bens em constas bancárias, e por fim, a pesquisa
de bens imóveis, na qual foi encontrada o bem imóvel pertencente aos
Excipientes, outrora pertencente aos executados Victor e sua esposa
Priscila, donde veio o impedimento lançado na matrícula do referido bem.

2. DA RESPONSABILIDADE DIRETA DOS EXECUTADOS

Com relação à responsabilidade material dos Executados Victor e outros em


relação à União Federal, os ora Excipientes estão convictos de que razão
assiste ao Ente Público de buscar o recebimento dos tributos não pagos.

Mas, vai restar demonstrado que os Excipientes são terceiros de boa-fé e que
não participaram de nenhum conluio com os executados, até porque não os
conheciam, aliás nem residentes na cidade de Teófilo Otoni eram à época da
aquisição do bem em comento.

Veja que os executados sequer foram encontrados pela exequente União


Federal. Foram, e estão sendo citados ou intimados via Edital. Não tiveram, até
o momento, interesse em resolver a situação junto ao Ente público.

2.1 DA BOA FÉ NA REALIZAÇÃO DA COMPRA DO IMÓVEL

Os Excipientes, como pessoas públicas que são, se cercaram de todos os


cuidados no momento da aquisição do imóvel objeto da constrição judicial.
Esta boa-fé objetiva será demonstrada através de documentos públicos,
juntados por ocasião da aquisição do imóvel, a saber:

1) CERTIDÃO DO IMÓVEL EXPEDIDA PELO CARTÓRIO DE 2º OFÍCIO


DA COMARCA DE TEÓFILO OTONI/MG, datada de 18/07/2018, na
qual consta a transmissão do imóvel desde sua origem até o executado
VICTOR e sua esposa PRISCILA, que estes emitiram CÉDULA DE
CRÉDITO IMOBILIÁRIO nº 1.4444.0215332-7, a favor da Caixa
Econômica Federal. Consta da certidão que o imóvel foi adquirido por
R$ 110.000,00 (cento e dez mil reais), sendo que R$ 11.000,00 (onze
mil reais) foram recursos próprios de Victor e Priscila e outros R$
99.000,00 (noventa e nove mil reais) foram recursos do Sistema
Financeiro de Habitação, com alienação fiduciária a favor da Caixa. Veja
que os R$ 99.000,00 seriam pagos em 420 (quatrocentos e vinte)
meses.

2) O negócio, aquisição do imóvel, foi feito em 18/02/2013, e da data da


aquisição do imóvel pelo executado Victor até a data da venda do
imóvel aos Excipientes, haviam sido pagas 65 (sessenta e cinco)
parcelas de um total de 420 (quatrocentos e vinte) parcelas, ou seja
3) O que se deduz é que a Exequente, União Federal, contristou um bem
que não havia sido pago em sua totalidade pelo Executado. Na data de
expedição da Certidão de Dívida Ativa, 07/07/2016, em desfavor do
executado Victor Ramos Chaves, Felipe Ramos Chaves e Klifarma
Drogaria Ltda ME, da dívida total que pendia sobre o imóvel ora
impedido, havia sido pagas apenas 65 (sessenta e cinco) parcelas do
imóvel.

4) Conforme recibo de pagamento (Doc...) originário da conta corrente


00556-3, Agência 4067, Banco Itaú, foi o Embargante Maurício José de
Almeida Silva, que quitou o boleto referente a dívida com a CAIXA, no
importe de R$ 91.788,12 (noventa e um mil, setecentos e oitenta e oito
reais e doze centavos), liberando a hipoteca que recaía sobre o imóvel.
Veja que nenhum valor em dinheiro foi entregue ao executado Victor,
mas pago diretamente à CAIXA.

5) O valor restante, referente ao imóvel, no importe de R$ 37.000,00 (trinta


e sete mil reais) foi pago mediante Comprovante de Solicitação – TED C
(doc.....) na conta corrente 002175-X, Agência 5909, Banco do Brasil, de
titularidade de Mário Cesar Mendes Lima, portador do CPF
597.872.106-82. Veja que a origem do pagamento é a conta do
Embargante Maurício, qual seja, conta corrente 00556-3, Agência 4067,
Banco Itaú. À época da negociação, foi a conta apontada pelo
executado Victor para receber o valor R$ 37.000,00.

6) Toda a operação monetária envolvendo a aquisição do imóvel pelo


Embargante e ora contristado pela União, foi feita via instituições
bancárias, quais sejam CAIXA, Banco Itaú e Banco do Brasil S/A.

7) É oportuno afirmar que na data de alienação do bem pelo Executado


Victor, em negociação com os Excipientes Maurício e Nádia, apenas
16,0% (dezesseis por cento) do bem havia sido quitado. Se levar em
consideração a data em que a Certidão de Dívida Ativa foi lançada
contra o executado Victor, isso em 07/07/2016, apenas 41 (quarenta e
uma) parcelas do imóvel haviam sido quitadas, o que corresponde a
menos de 10,0% (dez por cento) do bem.

8) Assim, em nenhum momento, agiram os Excipientes Maurício e Nádia


com volição para lesar a União e a ninguém, senão vejamos os passos
seguidos para a aquisição do imóvel:

1º. Buscou a certidão de inteiro teor do imóvel (doc....), da qual não


consta nenhuma restrição pendente.

2º. Retirou as certidões negativas a respeito de dívidas que poderiam


pender sobre o imóvel (Doc....).

3º. Fez buscas cartorárias sobre a pessoa do executado Victor e sua


esposa Priscila, a saber: Certidão Negativa de Débitos Relativos a
Tributos Federais e a Dívida Ativa da União, referente à Priscila Macedo
Lima Chaves (Doc....), nada sendo encontrado.

4° Retirou Certidão de Inteiro Teor sobre o imóvel, verificando-se desde


a origem do imóvel (advindo de um desmembramento) até o momento
da alienação, que nenhuma pendência recaía sobre o bem (doc......).

3. DA LAVRATURA DA ESCRITURA PÚBLICA

No ato da lavratura da escritura pública, a notaria, Tabeliã de Notas


Substituta Eulélia Garcez Porto Gomes, conforme recortes abaixo, retirados
da Escritura do Imóvel, assim firmou:

Recorte 1.

Recorte 2.
Veja que nenhuma restrição pendia sobre o imóvel, conforme atestou e
firmou o serviço notarial. Diante de da solidez e idoneidade firmada pelo
próprio serviço cartorário, os Excipientes Maurício e Nádia fizeram a
aquisição.

Aqui ressaltamos o zelo e cuidado dos Excipientes em buscarem todas as


informações sobre o bem e seus proprietários. Ou seja, o que mais
poderiam fazer para adquirirem o bem? Ademais, a hipoteca que pendia
sobre o imóvel tinha como credora a CAIXA, que detinha ainda mais de
90,0% (noventa por cento) do bem, quando o houve a inscrição do
executado Victor na dívida ativa e expedição da CDA em desfavor do
mesmo.

4. DA AUSÊNCIA DE DOCUMENTO QUE COMPROVA A EXPEDIÇÃO


DA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA CONTRA O EXECUTADO

Não obstante a existência da Certidão de Dívida Ativa em desfavor do


executado Victor, não se viu nos autos nenhum documento que
comprova ter sido o mesmo comunicado formalmente de que houve a
inscrição do mesmo na dívida ativa.

Ainda que a presunção de fraude é juris et de jure, não importando


a data do fato gerador, ou do lançamento, ou da propositura da
execução fiscal, a inscrição do crédito em dívida ativa, pressupõe
presunção absoluta de fraude quando os atos de alienação ou
oneração, ou mesmo seu começo, caso ocorreram após o crédito
tributário ter sido regularmente inscrito em dívida ativa. Mas,
atualmente, segundo a nova redação do art. 185, do CTN, a
comunicação formal da inscrição é medida necessária e
imprescindível. Veja a lição de Ricardo Alexandre:
"Se no passado era necessária a ciência oficial do
processo de execução (citação), hoje deve ser
considerada indispensável comunicação formal da
inscrição em dívida ativa. Comprovada a ciência, a
presunção será de natureza absoluta, não se
aceitando qualquer prova em sentido contrário"
(ALEXANDRE, 2007, p. 456).

Então, a ciência formal da inscrição é medida que se impõe. Aqui já não


se fala sobre a citação em processo de execução fiscal, mas, ainda na
fase administrativa, a comunicação formal do devedor tributário.

Posto isto, seja chamado o feito à ordem para que se cumpra a fase
anterior do processo de execução fiscal, para que ao executado Victor
seja dado conhecimento formal do débito fiscal. O fato, falta de
conhecimento formal, foi determinante para que o negócio que redundou
na alienação do imóvel com os excipientes Maurício e Nádia, fosse feito.

Por via de consequência, seja retirado o impedimento sobre o bem


pertencente aos excipientes.

5. DA MÁ-FÉ DA MEEIRA DO EXECUTADO EM NÃO OPOR EMBARGOS


DE TERCEIRO PARA GARANTIA DA MEAÇÃO

É de trazer a lume que a Srª Priscila Macedo Lima Chaves, não exerceu o
direito de defender sua meação, considerando que, no momento da
alienação do imóvel já sustentava o status de casada com o executado
Victor, em comunhão parcial de bens, conforme consta da Certidão de
Casamento (fl.......).

O ato de deixar de exercer o seu direito de meação, somente fez prejudicar


os Excipientes Maurício e Nádia. Veja que o pagamento do valor da
negociação foi feito a credor hipotecário, CAIXA, em cuja hipoteca constava
como coobrigados devedores a Srª Priscila e o executado Victor.

Disto isto, sejam reservados os 50,0% (cinquenta por cento) dos direitos de
meação da esposa do executado Victor, e que seja a Srª Priscila Macedo
Lima Chaves, citada dos presentes embargos, para que se manifeste sobre
a sua corresponsabilidade pelo prejuízo causado aos Excipientes Maurício
e Nádia, decorrentes de sua omissão em não defender os seus direitos em
juízo, mesmo intimada da constrição do bem.

É oportuno ressaltar, que na cédula hipotecária resgatada junto à CAIXA,


figurava como corresponsáveis pela dívida sobre o imóvel, a Srª Priscila e o
executado Victor.

Dessa forma, diante da penhora determinada nos autos da Execução Fiscal


nº___, que deixou indisponível o imóvel do qual os Excipientes são
proprietários, só restou aos mesmos opor os presentes embargos de
terceiro para terem o seu direito reconhecido por este Juízo, qual seja a
liberação do imóvel ora contristado.

Senão, garantir os legítimos 50,0% (cinquenta por cento) dos valores pagos
pertencentes à esposa do executado Victor, que não figura como
responsável pelo débito fiscal, já que seu nome não consta como
corresponsável por atos de gestão ou como sócia da empresa Klifarma, de
cujos atos adveio a dívida fiscal.

6. DO DIREITO

As normas legais, segundo o direito pátrio, deve ser cumpridas na íntegra


para a garantia de um processo justo. Para isso, o contraditório e a ampla
defesa, deve ser garantido em todo o iter processual.

O artigo 185 do Código Tributário Nacional, com a nova redação que foi
dada pela Lei Complementar ........, não deixou margem paras que
houvesse discussão acerca da alienação de um bem particular, quando se
trata pessoa que é devedora de dívida fiscal para com a União.
Mesmo assim, para a aplicação integral do dispositivo legal CTN,184, é
necessário requisito mínimo, qual seja, a comunicação formal do
lançamento da dívida fiscal e expedição da Certidão de Dívida Ativa.

Tal requisito, como já dito anteriormente, não se viu nos autos. Quando a
CDA foi lançada contra o executado Victor, não houve a comunicação
formal, o que impediu o devedor de ter conhecimento, de que já havia,
contra a sua pessoa, o lançamento de dívida fiscal, ainda que ela existisse
no meio administrativo da Receita Federal.

Ora, não havia como o executado Victor saber Já havia lançamento da


CDA sem a comunicação formal da Receita Federal.

Ignorante que estava em relação à dívida fiscal, fez a negociação com os


excipientes Nádia e Maurício, que de boa-fé, adquiriam o bem imóvel,
Nota-se que o bem já era objeto de garantia na Caixa Econômica Federal,
que anteriormente havia garantido a compra do imóvel. Os excipientes
efetuaram o pagamento à Caixa, detentora do título em garantia, para ter
direito à liberação do bem, e garantirem a compra do imóvel (objeto da
constrição).

Pois bem, se a Exequente, Receita Federal, tivesse adotado as cautelas


administrativas legais, dentre elas, a formal comunicação ao Executado
Victor, sobre a CDA emitida contra o mesmo, o negócio, alienação do bem
com os excipientes, não teria sido feito.

E se fosse a Caixa Econômica Federal a credora principal e garantidora da


compra do bem, ainda restando mais de 75,0% (setenta e cinco por cento)
da dívida para ser paga, ainda assim a União estaria neste momento
executando a dívida? Alegando que o bem seria para garantir o pagamento
da dívida fiscal.
À vista de tais argumentos, vemos a quebra e a violação do devido
processo legal, tanto nas esferas administrativa, como judicial, da presente
ação de execução fiscal.

O que se viu nos autos, desde a distribuição da execução sem a devida


comunicação formal dos executados sobre a CDA, ainda na fase
administrativa, até as tentativas frustradas de citação dos executados, na
fase processual, redundando na citação por edital (que desde sua
publicação 04/12/2018, até sua afixação no hall da Seção Judiciária de
Teófilo Otoni, 29/04/2019, levou mais de cento e quinze dias), foi uma série
de ilegalidades e que devem ser corrigidas, seja pela inafastabilidade do
controle judicial (art. 5º, XXXV, CF/88), o respeito ao devido processo legal
(art. 5º, LIV, CF/88), e a garantia da ampla defesa e o contraditório (art. 5º,
LV, CF/88).

Portanto, chamar o feito à ordem e saneá-lo, afastando as irregularidades


formais, é medida que se impõe, para a garantia da justiça plena nos
presentes autos.

7. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requerem os Excipientes à V. Exa. que admita a presente
exceção de pre-executividade para o fim de:

1. Receber e processar a mesma nos autos da Execução Fiscal nº ___, em


que a Exequente é a Fazenda Nacional e os Executados são ....................;
2. Nos termos do art. 678 do Código de Processo Civil, como norma
complementar do CTN, determinar a suspensão da medida constritiva sobre
o bem litigioso objeto da presente exceção, bem como a manutenção da
posse e propriedade livre e desembaraçada aos excipientes;
3. Efetuar a intimação da Fazenda Nacional, ora excepcionada e já
representada nos autos da supracitada Execução Fiscal por seu Procurador,
para, querendo, impugnar no prazo legal, a presente exceção;
4. Chamar o feito à ordem para corrigir o iter processual, procedendo-se a
retroação dos atos, exigindo-se da credora União Federal, a comprovação
dos atos de comunicação ao executado Victor da expedição de CDA;
5. Que sejam, ao final, julgada procedente a exceção de pré-executividade,
declarando-se insubsistente a penhora sobre o imóvel, retirando da
matrícula ..... o impedimento junto ao Cartório de Registro de Imóveis da
Comarca de Teófilo Otoni, com o seu respectivo cancelamento, através da
expedição do competente mandado com tal finalidade;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito,


principalmente documental que fica desde já requerido, ainda que não
especificado.
Declaram os advogados dos Excipientes serem autênticas todas as cópias
neste ato juntadas, podendo exibir as originais em audiência oportuna, em
caso de impugnação.

Nestes termos, pede deferimento.

Teófilo Otoni, ___ de ___ de 2022.

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