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Quarta-feira, 11 de Novembro de 2020 I Série – N.

º 179

DIÁRIO DA REPÚBLICA
ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Preço deste número - Kz: 7.480,00
7RGD D FRUUHVSRQGrQFLD TXHU R¿FLDO TXHU ASSINATURA 2SUHoRGHFDGDOLQKDSXEOLFDGDQRV'LiULRV
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SUMÁRIO Angolano que tutele os bens jurídicos essenciais à


salvaguarda do Estado e dos cidadãos, bem como do desen-
Assembleia Nacional volvimento das instituições;
Lei n.º 38/20: Impondo-se que se adopte um Código Penal adequado
Aprova o Código Penal Angolano. — Revoga o Código Penal de aos princípios e valores fundamentais em que assenta a
1886, os diplomas legais que substituíram qualquer dos seus pre-
ceitos e todas as disposições legais que prevejam ou punam
República de Angola, consagrados na Constituição, aos pro-
factos incriminados pelo presente Código Penal e toda a legis- gressos da ciência do direito penal e às fundamentais linhas
lação que contrarie o Código Penal aprovado pela presente orientadoras da política criminal moderna;
Lei, nomeadamente os artigos 1.º a 6.º e o parágrafo único do
artigo 10.º da Lei n.º 11/75, de 15 de Dezembro, os artigos 4.º,
A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo,
7.º, 12.º a 15.º, 17.º, 19.º, 20.º, 22.º, 23.º, 24.º e 33.º do Decreto ao abrigo das disposições conjugadas das alíneas b), c) e e)
n.º 231/79, de 26 de Julho, a Lei n.º 4/77, de 25 de Fevereiro, a do artigo 164.º da Constituição da República de Angola, a
Lei n.º 23/10, de 3 de Dezembro, o artigo 33.º da Lei n.º 9/81,
de 2 de Novembro, os n.os 1 e 3 do artigo 14.º da Lei n.º 16/91, seguinte:
de 11 de Maio, os artigos 25.º a 28.º da Lei n.º 23/91, de 15 de Junho,
os artigos 1275.º a 1278.º do Código de Processo Civil, aprovado
LEI QUE APROVA
pelo Decreto-Lei n.º 44.129, de 28 de Dezembro de 1961, os artigos
33.º, 34.º, 35.º, 36.º, 38.º, 39.º e 40.º da Lei n.º 3/10, de 29 de Março, e O CÓDIGO PENAL ANGOLANO
a Lei n.º 3/14, de 10 de Fevereiro.
ARTIGO 1.º
Lei n.º 39/20: (Aprovação)
Aprova o Código do Processo Penal Angolano. — Revoga o Código do
Processo Penal de 1929, os diplomas que substituíram qualquer dos É aprovado o Código Penal Angolano, que é parte inte-
seus preceitos e todas as disposições legais que prevejam factos regu- grante da presente Lei.
lados pelo presente Código do Processo Penal e toda a legislação
que contrarie o presente Diploma, nomeadamente o Decreto-Lei ARTIGO 2.º
n.º 26.643, de 28 de Maio de 1939, o Decreto n.º 34.553, de 30 de (Limites das penas)
Abril de 1945, o Decreto 35.007, de 13 de Outubro de 1945, o Decreto-
-Lei n.º 39.672, de 20 de Maio de 1954, o Decreto-Lei n.º 21/71, de 29 1. As penas de prisão estabelecidas em qualquer pre-
de Janeiro, o Decreto-Lei n.º 292/74, de 28 de Junho, o Decreto-Lei
n.º 185/72, de 31 de Maio, a Lei n.º 11/75, de 15 de Dezembro, o ceito penal sempre que tiverem duração mínima inferior ou
Decreto n.º 3/76, de 3 de Fevereiro, a Lei n.º 11/77, de 9 de Abril, máxima superior aos limites previstos no n.º 1 do artigo 44.º
a Lei n.º 11/82, de 7 de Outubro, o Decreto n.º 231/79, de 26 de
Julho, a Lei n.º 20/88, de 31 de Dezembro, a Lei n.º 23/12, de 14 do Código Penal são, respectivamente, aumentadas ou dimi-
de Agosto, a Lei n.º 2/14, de 10 de Fevereiro, e a Lei n.º 25/15, de 18 nuídas para esses limites.
de Setembro. 2. As penas de multa estabelecidas em leis penais com
duração ou quantitativo inferior ou superior aos limites
PtQLPRHPi[LPR¿[DGRVQRQžGRDUWLJRžGR&yGLJR
ASSEMBLEIA NACIONAL Penal são alteradas em conformidade com o disposto no
número anterior.
Lei n.º 38/20 ARTIGO 3.º
de 11 de Novembro (Remissões)
O contexto político, económico, social e cultural da As remissões constantes de outras leis penais para pre-
$QJROD LQGHSHQGHQWH H VREHUDQD H RV GHVD¿RV GD JOREDOL- ceitos do Código Penal anterior consideram-se feitas para as
zação no domínio criminal tornam imperiosa a substituição disposições correspondentes do Código Penal aprovado pela
do Código Penal Português de 1886 por um Código Penal presente Lei.
5444 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 472.º 2. É revogada toda a legislação que contrarie o presente


(Fraude nos pagamentos electrónicos)
Diploma, nomeadamente:
Quem viciar ou clonar meio de pagamento electrónico a) Decreto-Lei n.º 26.643, de 28 de Maio de 1939 —
SDUDFDXVDUSUHMXt]RDRXWUHPHVHEHQH¿FLDURXEHQH¿FLDU Da Reforma Prisional;
terceiro, é punido com pena de prisão até 2 anos ou multa b) Decreto n.º 34.553, de 30 de Abril de 1945
até 240 dias. — Regula a Organização dos Tribunais de Exe-
ARTIGO 473.º cução das Penas;
([SORUDomRHWUi¿FRLOtFLWRGHPLQHUDLV c) Decreto-Lei n.º 35.007, de 13 de Outubro de 1945
1. Sem prejuízo do disposto em legislação especial, — Aplicável a Angola, com emendas, pela Por-
constitui crime, punível com prisão até 5 anos, a prospec- taria n.º 17.076, de 20 de Março de 1959;
ção, pesquisa, exploração, extracção, compra, venda, dação d) Decreto-Lei n.º 39.672, de 20 de Maio de 1954
em pagamento, de metais ou de pedras preciosas não trans- ² 5HJXOD $VSHFWRV (VSHFt¿FRV GRV $XWRV GH
formadas, sem a competente licença ou autorização. Notícia, da Prisão Preventiva e do Exercício da
2. A actividade de prospecção, pesquisa e avaliação, Acção Cível em Conjunto com a Acção Penal;
H[SORUDomR H WUi¿FR LOtFLWR GH PLQHUDLV HVWUDWpJLFRV DVVLP e) Decreto-Lei n.º 21/71, de 29 de Janeiro — Dis-
como a simples posse ou mera detenção ilícitas, extracção ciplina o Depósito das Quantias em Dinheiro
ou furto é punível, nos termos da legislação mineira. Apreendidas e dos Objectos e Quantias não
O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Reclamados, Apreendidos em Sede do Processo
Penal;
Dias dos Santos.
f) Decreto-Lei n.º 292/74, de 28 de Junho — Impõe
O Presidente da República, -ඈඞඈ 0ൺඇඎൾඅ *ඈඇඡൺඅඏൾඌ
ao Ministério Público a Obrigação de Executar
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DV,QGHPQL]Do}HV$UELWUDGDV2¿FLRVDPHQWHDRV
Ofendidos, Sempre que estes não Constituírem
Lei n.º 39/20 Advogado no Processo;
de 11 de Novembro
g) Decreto-Lei n.º 185/72, de 31 de Maio — Altera os
Considerando os valores e os princípios consagrados Preceitos do Código do Processo Penal Respei-
na Constituição da República de Angola, bem como os tantes à Prisão Preventiva, Liberdade Provisória
progressos da ciência do direito penal e as grandes linhas e Execução das Penas;
orientadoras da política criminal moderna; h) Lei n.º 11/75, de 15 de Dezembro — Da Disciplina
Tendo em vista a realização de uma justiça penal célere e do Processo Produtivo;
H¿FD]DOLQKDGDFRPDQHFHVVLGDGHGHDVVHJXUDURH[HUFtFLR i) Decreto n.º 3/76, de 3 de Fevereiro — Regulamento
dos direitos, liberdades e garantias fundamentais; da Lei n.º 11/75, de 15 de Dezembro — Da Dis-
Impondo-se a introdução na Ordem Jurídica Angolana ciplina do Processo Produtivo;
de um Código do Processo Penal que proporcione harmo- j) Lei n.º 11/77, de 11 de Maio — Institui a Interven-
nização com o novo Código Penal Angolano e concilie, ção dos Assessores Populares nos Tribunais;
igualmente, as necessidades da prática judiciária com as exi- k) Lei n.º 11/82, de 7 de Outubro — Institui a Partici-
gências de fundamentação sólida do Direito; pação Popular na Administração da Justiça;
A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, l) Decreto n.º 231/79, de 26 de Julho — Disciplina o
nos termos da alínea e) do artigo 164.º da Constituição da Trânsito Automóvel;
República, a seguinte: m) Lei n.º 20/88, de 31 de Dezembro — Do Ajus-
tamento das Leis Processuais Civil e Penal ao
6LVWHPD8QL¿FDGRGH-XVWLoD
LEI QUE APROVA O CÓDIGO
n) Lei n.º 23/12, de 14 de Agosto — Altera o artigo
DO PROCESSO PENAL ANGOLANO
56.º do Código do Processo Penal;
ARTIGO 1.º o) Lei n.º 2/14, de 10 de Fevereiro — Lei Reguladora
(Aprovação) das Revistas, Buscas e Apreensões;
É aprovado o Código do Processo Penal Angolano, anexo p) Lei n.º 25/15, de 18 de Setembro — Lei das Medi-
à presente Lei que dela é parte integrante. das Cautelares em Processo Penal.
ARTIGO 2.º ARTIGO 3.º
(Revogação) (Remissões)

1. É revogado o Código do Processo Penal de 1929, os As remissões constantes de outras leis processuais penais
diplomas que substituíram qualquer dos seus preceitos e para preceitos do Código do Processo Penal ora revogado,
todas as disposições legais que prevejam factos regulados consideram-se feitas para as disposições correspondentes do
pelo presente Código do Processo Penal. Código do Processo Penal aprovado pela presente Lei.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5445

ARTIGO 4.º 2. Na falta de norma de direito processual penal regu-


(Transição)
ladora de caso análogo ou não sendo possível a analogia,
1. O Ministério Público cessa o exercício das competên- pode recorrer-se às normas de direito processual civil que
cias atribuídas aos juízes de garantia pelo Código aprovado se harmonizem com o processo penal e, não as havendo, aos
pela presente Lei, logo que estes entrem em funções. princípios gerais de processo penal.
2. Cabe ao Conselho Superior da Magistratura Judicial, 3. Na falta de princípios gerais do processo penal, o caso
criar condições para a entrada em funções dos juízes de omisso é regulado nos termos da Lei Geral, na medida em
garantia, no âmbito das suas competências. que a aplicação de regras e princípios gerais de direito não
3. A Unidade de Referência Processual equivale à implique o enfraquecimento da posição do arguido no pro-
Unidade de Correcção Fiscal. cesso ou a diminuição dos seus direitos processuais.
ARTIGO 5.º ARTIGO 4.º
(Dúvidas e omissões) (Aplicação da Lei Processual Penal no tempo)
As dúvidas e as omissões resultantes da interpretação e 1. A Lei Processual Penal é de aplicação imediata, man-
da aplicação da presente Lei são resolvidas pela Assembleia tendo os actos praticados no domínio da lei anterior à sua
Nacional. inteira validade.
2. A Lei Processual Penal não se aplica aos processos que
ARTIGO 6.º
(Entrada em vigor)
tiveram início na vigência da lei anterior, se a sua aplicação
imediata determinar:
A presente Lei entra em vigor 90 dias após a data da sua a) O agravamento da situação processual do arguido,
publicação. em particular, a diminuição dos seus direitos de
Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, defesa;
aos 22 de Julho de 2020. b) A contradição ou quebra de harmonia e de unidade
O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da entre os actos do processo regulados pela lei
Piedade Dias dos Santos. anterior e os regulados pela lei vigente.
Promulgada aos 6 de Novembro de 2020. ARTIGO 5.º
(Aplicação da Lei Processual Penal no espaço)
Publique-se.
1. A Lei Processual Penal é aplicável em todo o territó-
O Presidente da República, -ඈඞඈ 0ൺඇඎൾඅ *ඈඇඡൺඅඏൾඌ
rio nacional.
/ඈඎඋൾඇඡඈ
2. Fora do território nacional, a Lei Processual Penal só
pDSOLFiYHOQRVOLPLWHVGH¿QLGRVSHORGLUHLWRLQWHUQDFLRQDOH
CÓDIGO DO PROCESSO PENAL ANGOLANO pelos acordos, tratados e convenções internacionais de que
Angola é Parte.
PARTE I ARTIGO 6.º
Disposições Gerais ,QGHSHQGrQFLDGDDFomRSHQDOHVX¿FLrQFLDGR3URFHVVR3HQDO
1. A acção penal é independente de qualquer outra e, no
TÍTULO I
respectivo processo, pode ser resolvida qualquer questão
Disposições Preliminares
não penal que interesse à decisão da causa penal.
ARTIGO 1.º 2. A jurisdição penal que conheça de questão não penal,
(Necessidade do processo penal e juiz legal)
nos termos da última parte do número anterior, aplica o
Só podem ser aplicadas penas e medidas de segurança direito substantivo regulador da relação jurídica controver-
no âmbito de um processo penal e por um Tribunal compe- tida que dessa questão seja objecto.
WHQWHQRVWHUPRVGHOHLDQWHULRUjYHUL¿FDomRGRVUHVSHFWLYRV ARTIGO 7.º
pressupostos. (Questões prejudiciais)
ARTIGO 2.º 1. Quando, para se conhecer da existência de um crime,
(Legalidade e aplicação subsidiária)
seja necessário julgar uma questão que não tenha natureza
1. O processo é regulado pelas disposições do presente penal e não possa ser convenientemente decidida pela juris-
Código, sem prejuízo de processos da mesma natureza dição penal, pode o juiz ordenar a suspensão do processo
serem regidos por lei especial. para se intentar a acção correspondente no Tribunal mate-
2. As disposições do Código do Processo Penal são, sub- rialmente competente para a julgar.
sidiariamente, aplicáveis aos processos a que se refere a 2. Presume-se que a questão prejudicial a que se refere o
última parte do número anterior. número anterior não pode ser convenientemente decidida no
ARTIGO 3.º Processo Penal, quando:
(Interpretação e integração das lacunas) a) Incida sobre o estado civil das pessoas;
1. É permitida a interpretação extensiva das disposições b) Seja de difícil solução e não recaia sobre factos
do Código do Processo Penal e a sua aplicação por analogia. cuja prova a Lei Civil limite.
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3. A suspensão é requerida pelo Ministério Público, pelo 2. A colaboração a que se refere o número anterior tem
assistente ou pelo arguido, depois da acusação ou do reque- prioridade relativamente a qualquer outro serviço.
rimento para abertura de instrução contraditória ou ordenada SECÇÃO II
R¿FLRVDPHQWHSHORMXL] Competência
4. A suspensão não prejudica a realização das diligên-
SUBSECÇÃO I
cias de produção de prova em curso ou que se revestirem de Competência Material e Funcional
carácter urgente.
5. O prazo de suspensão é marcado pelo juiz, que pode ARTIGO 11.º
prorrogá-lo por períodos sucessivos até ao máximo de 2 anos, (Determinação da competência)

sempre que fundadamente entender que a demora na deci- A competência material e funcional dos Tribunais e dos
são da questão prejudicial não é imputável ao arguido ou ao juízes é regulada pelas leis de organização judiciária e pelos
assistente. preceitos do presente Código.
6. Ao ordenar a suspensão do processo, deve o juiz pro- ARTIGO 12.º
ceder ao reexame das medidas de coacção a que o arguido (Competência dos juízes)
está sujeito, podendo, sem prejuízo das disposições legais Compete ao juiz:
em vigor e dos princípios aplicáveis, substituí-las por outra a) Exercer, na fase de instrução preparatória, todas as
ou outras medidas menos gravosas. funções que lhe são atribuídas pelas disposições
7. Compete ao Ministério Público junto do Tribunal onde do presente Código;
correr a questão prejudicial promover o andamento, o mais b) Proceder à instrução contraditória com os mesmos
célere possível, do processo e manter o juiz penal informado poderes de direcção, de organização dos traba-
sobre a respectiva tramitação. lhos e disciplinares conferidos ao juiz na fase de
ARTIGO 8.º julgamento;
(Cessação da suspensão do Processo Penal) c) Proferir despacho de pronúncia ou de não pronún-
A suspensão do processo principal cessa, retomando o cia do arguido ou despachos equivalentes.
juiz penal a competência para decidir a questão prejudicial, d) Dirigir a fase de julgamento e proferir a sentença;
quando: e) Apreciar e decidir sobre o pedido de «habeas cor-
a) A acção correspondente à questão prejudicial não pus»;
for intentada no Tribunal competente, no prazo f) Praticar quaisquer outros actos permitidos ou
de 45 dias; impostos por lei.
b) O prazo de suspensão não for prorrogado; ARTIGO 13.º
c) O prazo máximo de suspensão a que se refere o (Determinação da pena aplicável)
n.º 5 do artigo anterior, se esgotar sem a questão Sempre que, para se estabelecer a competência do Tribu-
ter sido decidida. nal, tenha de se considerar a pena aplicável ao agente do crime,
TÍTULO II deve ter-se em conta todos os factores, causas ou circunstân-
Sujeitos Processuais cias susceptíveis de elevar o respectivo limite máximo.
SUBSECÇÃO II
CAPÍTULO I Competência Territorial
O Juiz e os Tribunais ARTIGO 14.º
SECÇÃO I (Regras gerais)
Jurisdição 1. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, é com-
ARTIGO 9.º
petente para conhecer de um crime material, o Tribunal em
(Jurisdição penal) cuja área se produziu o resultado típico.
2. Em caso de crime em que a morte de pessoa seja ele-
1. Só os Tribunais Judiciais Criminais e respectivos
mento constitutivo, é competente o Tribunal em cuja área
juízes podem, sem prejuízo da jurisdição criminal espe-
o agente actuou ou, em caso de omissão, devia ter actuado.
cial concedida aos Tribunais Militares, conhecer de causas
3. Nos crimes formais, de mera actividade ou de pura
penais e aplicar penas e medidas de segurança.
omissão, é competente o Tribunal em cuja área tiver ocor-
2. Na Administração da Justiça Penal, os Tribunais e os
rido a acção ou omissão típicas.
juízes obedecem exclusivamente à Constituição, à Lei e aos
4. Para conhecer dos crimes que se consumam por actos
princípios do Processo Penal.
sucessivos ou reiterados ou por actos susceptíveis de se
ARTIGO 10.º prolongar no tempo, é competente o Tribunal em cuja área
(Dever de colaboração)
se praticou o último acto de execução ou em que cessou a
1. As autoridades e os funcionários públicos estão consumação.
sujeitos ao dever de prestar aos tribunais e às autoridades 5. Se o crime não chegou a consumar-se ou em caso de
judiciárias, em geral, a devida colaboração por eles solici- acto preparatório punível, é competente o Tribunal em cuja
tada no exercício das funções de administração da Justiça área se tiver praticado o último acto de execução ou de pre-
Penal. paração, respectivamente.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5447

ARTIGO 15.º ARTIGO 19.º


(Crimes cometidos a bordo de navio ou de aeronave) (Casos de conexão de crimes)
1. É competente para conhecer dos crimes cometidos Há conexão, quando o mesmo agente:
a bordo de navio angolano o Tribunal da área do porto ou a) Pratica vários crimes através da mesma acção ou
do território angolano para onde o agente se dirigir ou onde omissão;
desembarcar. b) Pratica vários crimes na condição de uns serem
2. Se o agente não se dirigir para território angolano ou causa ou efeito de outros ou de uns se destina-
QHOHQmRGHVHPEDUFDURXVH¿]HUSDUWHGDWULSXODomRGRQDYLR rem a continuar ou a ocultar os outros;
é competente o Tribunal da área de matrícula do navio.
c) Comete vários crimes fora do condicionalismo
3. O disposto nos números anteriores é aplicável, com
estabelecido no número anterior e o juiz deci-
as necessárias adaptações, aos crimes cometidos a bordo de
dir nos termos do disposto nos n.os 3 e 4 do
aeronave angolana.
artigo 22.º
4. Se, no caso dos n.os 2 e 3, o navio ou a aeronave não
estiverem matriculados em Angola, é competente o Tribunal ARTIGO 20.º
(Outros casos de conexão)
da área que, em primeiro lugar, tomar conhecimento do
crime. Há, do mesmo modo, conexão, quando vários agentes:
5. O disposto no número anterior aplica-se a qualquer a) Cometerem o mesmo crime em comparticipação;
outro caso não previsto no presente artigo. b) Cometerem crimes reciprocamente, no mesmo
ARTIGO 16.º lugar ou ocasião;
(Dúvidas sobre o lugar e desconhecimento do lugar do crime) c) Cometerem vários crimes em comparticipação,
1. Se o crime tiver sido cometido nos limites de mais do desde que o sejam no mesmo lugar ou ocasião
que uma área judicial e houver dúvida acerca do lugar em ou uns sejam causa ou efeito dos outros ou uns
que o agente o cometeu, é competente para dele conhecer o se destinem a continuar ou a ocultar os outros;
Tribunal de qualquer das áreas. d) Cometerem vários crimes em comparticipação
2. No caso do número anterior, prefere o Tribunal da área fora do condicionalismo estabelecido na alínea
em que primeiro tenha havido conhecimento da prática do anterior e o juiz decidir nos termos do disposto
crime. nos n.os 3 e 4 do artigo 22.º
3. Desconhecendo-se o lugar do cometimento do crime,
ARTIGO 21.º
é competente o Tribunal da área em que, de tal crime, pri- (Competência em razão da conexão)
meiro se tiver tomado conhecimento.
1. Nos casos da conexão de processos, é competente para
ARTIGO 17.º conhecer de todos:
(Crime cometido no estrangeiro)
a) O Tribunal competente para o crime punível com
1. Para conhecer dos crimes cometidos no estrangeiro
pena mais grave;
que devam ser julgados pelos Tribunais Angolanos, é com-
b) Se os crimes forem puníveis com penas de igual
petente o Tribunal da área onde o agente for encontrado ou o
gravidade, o Tribunal a cuja ordem o arguido
Tribunal do seu domicílio.
estiver preso ou, havendo vários arguidos pre-
2. Se, até à instauração do processo, o arguido não for
encontrado e não for conhecido o seu domicílio, a compe- sos, aquele à ordem de quem estiver o maior
tência é atribuída ao Tribunal da área onde primeiro se tiver número de arguidos;
conhecimento da prática do crime. c) Se não houver arguidos presos ou o seu número
3. Se o crime só em parte tiver sido cometido no estran- for igual, o Tribunal da área onde primeiro tiver
geiro, é competente o Tribunal da área do território nacional havido conhecimento de qualquer dos crimes.
onde foi praticado o último acto relevante para os termos dos 2. Quando nos casos do número anterior, os Tribunais
artigos 14.º e 16.º forem de diferente hierarquia, é competente para conhe-
SUBSECÇÃO III cer de todos os processos, o Tribunal de hierarquia superior
Competência por Conexão competente para qualquer deles.
ARTIGO 18.º ARTIGO 22.º
(Pluralidade e unidade de processo) (Formação de um único processo)

1. Por cada crime cometido é, sem prejuízo do disposto 1. Para os crimes conexos, é organizado um único
no número seguinte, instaurado um processo criminal. processo.
2. Os agentes de um ou vários crimes são julgados num 2. Se já tiverem sido instaurados vários processos, pro-
mesmo processo nos casos de conexão regulados nos artigos cede-se à apensação dos restantes àquele que disser respeito
seguintes ou sempre que tenham sido cometidos vários cri- ao crime que determinou a competência do Tribunal, nos ter-
mes da competência do mesmo Tribunal. mos dos artigos anteriores.
5448 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. Nos casos estabelecidos na alínea c) do artigo 19.º e na b) Comprometerem gravemente a liberdade de deter-
alínea d) do artigo 20.º, a conexão só é relevante quando, em minação dos sujeitos e participantes processuais;
relação a todos ou a alguns crimes cometidos, o juiz deci- c) 'HWHUPLQDUHP UHFHLR MXVWL¿FDGR GH SHULJR UHOH-
dir, em despacho fundamentado, que são úteis e vantajosos à vante para segurança e a ordem públicas.
instrução dos crimes no mesmo processo e o julgamento do 2. A competência deve ser atribuída a um Tribunal da
agente ou agentes pelo mesmo Tribunal. mesma espécie e hierarquia do Tribunal afectado pelas
4. O despacho a que se refere o n.º 3 é, na fase judicial, ocorrências referidas no número anterior, o mais próximo
SURIHULGR R¿FLRVDPHQWH RX D UHTXHULPHQWR GR 0LQLVWpULR possível deste e onde se preveja que incidentes de seme-
lhante natureza não ocorram.
Público, do assistente ou do arguido, pelo juiz do Tribunal
3. O pedido de desaforamento é dirigido pelo juiz do
competente para conhecer do crime que determinou a cone-
Tribunal afectado pelas ocorrências perturbadoras, pelo
xão, nos termos do artigo 21.º, ou pelo magistrado judicial Ministério Público, pelo arguido, pelo assistente ou pelas
competente nas fases anteriores. partes civis à Câmara ou Secção Criminal competente do
ARTIGO 23.º Tribunal imediatamente superior e deve ser acompanhado
(Processos excluídos das regras da conexão) dos elementos de prova necessários para a decisão.
Não haverá conexão entre os processos crimes regulados 4. O pedido, autuado por apenso, só tem efeito suspen-
neste Código e os processos que sejam da competência de: sivo se a Câmara competente lho atribuir, podendo, em tal
a) Tribunais Militares; caso, o Tribunal afectado pelas ocorrências praticar actos
processuais urgentes.
b) Sala da Família, Menores e Sucessões, em matéria
5. Se o pedido for deferido, o Tribunal a quem a com-
de protecção de menores e de prevenção crimi- petência for atribuída decide em que medida os actos
nal. processuais praticados mantêm os seus efeitos ou devem ser
ARTIGO 24.º repetidos.
(Separação de processos) 6. São aplicáveis com as necessárias adaptações as dis-
2 MXL] SRGH SRU GHVSDFKR IXQGDPHQWDGR RUGHQDU R¿- posições do artigo 34.º
ciosamente ou a requerimento do Ministério Público, do SUBSECÇÃO V
Declaração de Incompetência
arguido ou do lesado o julgamento em separado de um ou
mais dos processos conexos, quando a separação: ARTIGO 27.º
a) For necessária para não prolongar a prisão preven- (Arguição de incompetência e decisão)

tiva de qualquer dos arguidos ou para realizar 1. A incompetência do Tribunal pode ser deduzida pelo
outros interesses atendíveis do Estado, de qual- Ministério Público, pelo arguido, pelo assistente ou pela
parte civil e declarada em qualquer altura do processo até
quer dos arguidos ou dos ofendidos;
WUDQVLWDUHPMXOJDGRDGHFLVmR¿QDOQHODSURIHULGD
b) Puder evitar o retardamento excessivo do julga- 2. O Tribunal pode, sem prejuízo do disposto no número
mento de qualquer dos arguidos. VHJXLQWHUHFRQKHFrODHGHFODUiODR¿FLRVDPHQWH
ARTIGO 25.º 3. A incompetência territorial só pode ser deduzida, reco-
(Manutenção da competência) nhecida e declarada até ao início da audiência para debate
A competência por conexão mantém-se: contraditório, em caso de abertura de instrução contraditória
a) Mesmo quando o arguido ou arguidos sejam absol- ou, não tendo ela lugar, da audiência de julgamento.
4. O processo é arquivado se se entender que os Tribunais
vidos pelo crime ou crimes que a determinaram
Angolanos não são competentes.
ou a respectiva responsabilidade criminal se
ARTIGO 28.º
tenha extinguido antes do julgamento; (Efeito da declaração de incompetência)
b) Relativamente aos processos separados, nos ter-
1. Declarada a incompetência, o processo é remetido ao
mos do artigo anterior. Tribunal competente, sem prejuízo de o Tribunal declarado
SUBSECÇÃO IV incompetente ordenar a prática de actos processuais consi-
Deslocação de Competência
derados urgentes.
ARTIGO 26.º 2. O Tribunal declarado competente pode, sem pre-
(Atribuição extraordinária de competência) juízo do disposto no artigo seguinte, anular os actos que não
1. A competência pode, depois de designado dia para jul- teriam sido praticados se, perante ele, tivesse de início cor-
gamento, ser retirada do Tribunal competente e atribuída rido o processo e mandar repetir os que achar necessário.
a outro Tribunal quando ocorrências locais gravemente ARTIGO 29.º
perturbadoras do normal andamento do processo e da rea- (Não aceitação da competência)
lização da justiça: 1. Se o Tribunal declarado competente não aceitar a
a),PSHGLUHPRXGL¿FXOWDUHPGHIRUPDVpULDRH[HUFt- competência, deve proceder de harmonia com o disposto no
cio da justiça pelo Tribunal competente; artigo 33.º
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5449

2. Se, por despacho fundamentado do respectivo juiz, se SECÇÃO III


Impedimentos e Suspeição do Juiz
entender que nem o Tribunal declarado competente nem o
Tribunal que se declarou incompetente podem julgar a causa SUBSECÇÃO I
e que é outro o Tribunal competente, para ele deve o pro- Impedimentos
cesso ser remetido, nos termos do artigo anterior. ARTIGO 35.º
SUBSECÇÃO VI (Impedimentos derivados das relações do juiz
&RQÀLWRVGH&RPSHWrQFLD com os outros sujeitos processuais)

ARTIGO 30.º Nenhum juiz pode ser titular de um Processo Penal,


(VSpFLHVGHFRQÀLWRV quando:
 +i FRQÀLWR SRVLWLYR GH FRPSHWrQFLDV TXDQGR HP a) For ou tiver sido ofendido com a faculdade de se
qualquer fase do processo, dois ou mais Tribunais se con- constituir assistente ou parte civil;
siderarem competentes para conhecer do mesmo crime e b) For ou tiver sido cônjuge ou representante legal
julgar o respectivo agente. do arguido ou de pessoa que possa constituir-se
+iFRQÀLWRQHJDWLYRTXDQGRQDVPHVPDVFLUFXQVWkQ- assistente ou parte civil ou com alguma dessas
cias, dois ou mais Tribunais se considerarem incompetentes. pessoas viver ou tiver vivido em situação aná-
ARTIGO 31.º loga à dos cônjuges;
&HVVDomRGRFRQÀLWR
c) For ele ou o seu cônjuge ou pessoa que com ele
2FRQÀLWRSRVLWLYRFHVVDTXDQGRVyXPGRV7ULEXQDLV viver em situação análoga à dos cônjuges, ascen-
HPFRQÀLWRFRQWLQXDUDGHFODUDUVHFRPSHWHQWH dente, descendente, parente até ao 3.º grau, tutor
2FRQÀLWRQHJDWLYRFHVVDORJRTXHXPGRV7ULEXQDLV
ou curador, adoptante ou adoptado do arguido,
se declarar competente.
do ofendido ou de pessoa que puder constituir-se
ARTIGO 32.º
7ULEXQDOFRPSHWHQWHSDUDUHVROYHURFRQÀLWR
DVVLVWHQWHRXSDUWHFLYLORXIRUD¿PGHOHVDWpDR
referido grau;
2FRQÀLWRpUHVROYLGRSRUGHFLVmRGR7ULEXQDOGHPHQRU
d) Exercer ou ter exercido no mesmo processo a fun-
hierarquia com jurisdição sobre todos os Tribunais em
FRQÀLWR ção de juiz, o cônjuge ou pessoa com quem viva
em situação análoga à dos cônjuges ou parente
ARTIGO 33.º
3URFHGLPHQWRGHUHVROXomRGRFRQÀLWR,QLFLDWLYD RXD¿PDWpDRž*UDX
1. O juiz do Tribunal deve, logo que se aperceba da ARTIGO 36.º
(Impedimento derivado de participação no processo)
H[LVWrQFLD GR FRQÀLWR GiOR D FRQKHFHU DR 7ULEXQDO FRP-
petente, nos termos do artigo 32.º, remetendo-lhe cópia dos Nenhum juiz pode intervir em julgamento, recurso ou
elementos necessários à sua resolução, nomeadamente, das revisão num processo em que tiver:
GHFLV}HV H SRVLo}HV FRQÀLWXDQWHV FRP LQGLFDomR SUHFLVD a) Intervindo como representante do Ministério
sobre o Ministério Público, o assistente e o arguido e respec- Público, membro de órgão de polícia criminal,
tivos advogados dos dois últimos. perito, testemunha, defensor ou advogado do
$ UHVROXomR GR FRQÀLWR SRGH WDPEpP VHU UHTXHULGD assistente ou da parte civil;
ao Tribunal competente, nos termos do artigo 32.º, pelo b) Procedido a interrogatório do arguido;
arguido, juntando ao requerimento a cópia e as indicações c) Presidido à instrução contraditória;
que se refere o n.º 1. d) Proferido despacho de pronúncia ou de não pro-
 6XVFLWDGD D UHVROXomR GR FRQÀLWR GH LQFRPSHWrQFLD
núncia ou despacho a rejeitar a acusação ou a
e até este ser resolvido apenas é permitida a realização de
ordenar que os autos sejam conclusos ao juiz da
actos processuais urgentes.
causa para ser designado dia para julgamento;
ARTIGO 34.º
3URFHGLPHQWRGHUHVROXomRGHFRQÀLWRV7HUPRVXOWHULRUHV e) Participado em julgamento, decisão de recurso ou
revisão anteriores;
1. Recebidos os elementos a que se referem os n.os 1 e
2 do artigo anterior, o Tribunal competente para resolver o f) ,QWHUYLQGR QDV IXQo}HV GH ¿VFDOL]DomR MXGLFLDO GH
FRQÀLWRPDQGDQRWL¿FDURVVXMHLWRVTXHVREUHHOHDLQGDQmR garantias em instrução preparatória.
se tiverem pronunciado para o fazerem, no prazo de 8 dias, ARTIGO 37.º
(Oferecimento do juiz como testemunha)
juntando os elementos de prova que possuírem.
3URIHULGDDGHFLVmRVREUHRFRQÀLWRTXHQmRpSDVVt- 1. Se o juiz for indicado no processo como testemunha
YHOGHUHFXUVRpHODQRWL¿FDGDDRV7ULEXQDLVHPFRQÀLWRDR e declarar, por despacho e sob compromisso de honra, que
Ministério Público junto deles, ao advogado do assistente e WHPFRQKHFLPHQWRGHIDFWRVTXHSRGHPLQÀXLUQDGHFLVmRGD
ao arguido e seu advogado. causa, considera-se impedido.
5450 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Caso contrário, não é inquirido como testemunha, 3. Se não houver quem legalmente possa substituir o
mantendo-se intacta a sua capacidade para intervir no impedido, o substituto é designado pelo juiz presidente do
processo. respectivo Tribunal.
ARTIGO 38.º SUBSECÇÃO II
(Declaração de impedimento) Suspeição e Recusa
1. O juiz que se dê conta de estar impedido nos termos ARTIGO 43.º
dos artigos anteriores deve declará-lo sem demora, por des- (Fundamentos de suspeição)
pacho, no processo. Constitui fundamento de suspeição de um juiz a existên-
2. A declaração de impedimento pode ser requerida pelo
cia de motivo sério e grave susceptível de pôr em causa a
Ministério Público, pelo arguido, pelo assistente ou pela
sua imparcialidade, nomeadamente, a intervenção em outros
parte civil, logo que sejam admitidos a intervir no processo.
processos ou em fases ou actos do mesmo processo, fora dos
3. O requerimento é acompanhado dos elementos de
casos abrangidos pelo artigo 35.º
prova de que o requerente dispuser.
4. O juiz a quem for oposto o impedimento deve profe- ARTIGO 44.º
(Legitimidade para deduzir a suspeição)
rir despacho no prazo de 5 dias e nele dizer se o reconhece
ou não. 1. Têm legitimidade para suspeitar do juiz e para o
5. A falta de resposta no prazo indicado no número ante- recusar o Ministério Público, o arguido, o assistente ou a
rior equivale ao reconhecimento de impedimento. parte civil.
ARTIGO 39.º 2. O juiz não pode, sem prejuízo do disposto no artigo 46.º,
(Efeitos do impedimento) GHFODUDUVHYROXQWiULDHR¿FLRVDPHQWHVXVSHLWR
1. Os actos praticados por um juiz declarado ou reconhe- 3. A suspeição é deduzida por requerimento, acompa-
cido como impedido são nulos, salvo o disposto no número nhado da prova de que o requerente dispuser.
seguinte. ARTIGO 45.º
2. Mantêm-se válidos os actos praticados por um juiz (Processamento)
impedido, sempre que desses actos não resultar prejuízo 1. O requerimento a opor a suspeição só é admissível até
para a justa decisão da causa, quando não puderem ser repe- ao início do debate contraditório realizado na fase da instru-
tidos ou quando a repetição for processualmente irrelevante.
ção contraditória, até ao início da audiência de julgamento
ARTIGO 40.º em primeira instância ou até ao início da conferência, em
(Recurso)
fase de recurso.
1. O despacho em que o juiz reconhece o impedimento 2. Se for oposta em momento posterior, a suspeição só
é irrecorrível.
é, sem prejuízo do disposto no número seguinte, admissível
2. Do despacho do juiz que não reconhecer o impedi-
quando os factos alegados que a fundamentam tiverem sido
mento pode recorrer para o Tribunal imediatamente superior
praticados ou conhecidos do requerente depois do início do
o Ministério Público, o arguido, o assistente e a parte civil.
3. Se o recurso for oposto a juiz do Tribunal Supremo, é debate contraditório ou da audiência de julgamento.
julgado pela Câmara competente do mesmo Tribunal, sem a 3. Depois de proferido o despacho de pronúncia ou de
presença do juiz contra quem o impedimento foi deduzido. não pronúncia ou despachos equivalentes, ou de proferida a
4. O recurso tem efeito suspensivo, mas o juiz contra sentença, a oposição de suspeição ao juiz, não é permitida.
quem foi deduzido o impedimento pode praticar os actos 4. O juiz a quem for oposta a suspeição deve proferir
processuais urgentes. despacho, no prazo de 8 dias, e nele declarar se a reconhece
ARTIGO 41.º ou não.
(Termos posteriores) 5. O despacho do juiz a reconhecer a suspeição que lhe
Declarado ou reconhecido o impedimento, o juiz impe- foi oposta não é passível de recurso.
dido remete imediatamente o processo ao juiz que, nos 6. Aplica-se ao recurso do despacho do juiz que não
termos da lei em vigor, o substituir. reconhecer a suspeição que lhe foi oposta o disposto nos
ARTIGO 42.º
n.os 2, 3 e 4 do artigo 40.º com as necessárias adaptações.
(Extensão do regime de impedimentos) ARTIGO 46.º
(Fundamentos objectivos de suspeição)
1. As disposições da presente secção são aplicáveis, com
as necessárias adaptações, aos peritos, intérpretes e funcio- 6HXPMXL]HQWHQGHUTXHVHYHUL¿FDPIDFWRVTXHSRV-
nários de justiça. sam constituir fundamento de recusa, nos termos do artigo 43.º
2. A declaração de impedimento ou o requerimento para H JHUDU GHVFRQ¿DQoD VREUH D VXD LPSDUFLDOLGDGH SRGH SRU
que seja declarado são dirigidos ao magistrado judicial com- despacho, declará-los e dá-los a conhecer, mandando noti-
petente perante quem corre o processo em que o incidente ¿FDUR0LQLVWpULR3~EOLFRRDUJXLGRRDVVLVWHQWHHDSDUWH
for levantado e são por eles apreciados e imediatamente civil para, no prazo de 8 dias deduzirem, querendo, contra si,
decididos, sem submissão a formalismo especial. a correspondente suspeição.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5451

2. Se a suspeição for deduzida e oposta ao juiz com fun- 2. Considera-se feita ao Ministério Público a queixa enca-
damento nos factos descritos no despacho a que se refere minhada a uma entidade que esteja obrigada a transmitir-lhe.
o número anterior, considera-se a suspeição reconhecida e 3. A queixa pode ser feita pelo respectivo titular, por
declarada. mandatário judicial ou por mandatário não judicial com
3. Se a suspeição não for oposta no prazo estabelecido, poderes especiais.
nenhum incidente pode ser deduzido com fundamento nos
4. O disposto nos números anteriores é também aplicável
PHVPRVIDFWRVSHORVVXMHLWRVSURFHVVXDLVQRWL¿FDGRVSDUDRV
quando o procedimento criminal depender da participação
efeitos deste artigo.
de certas autoridades.
ARTIGO 47.º
(Disposições aplicáveis) ARTIGO 51.º
(Legitimidade nos crimes particulares)
Aplica-se às suspeições, com as necessárias adaptações o
1. Quando o procedimento criminal depender de acusação
disposto para os impedimentos nos artigos 41.º e 42.º
do ofendido ou de outra pessoa, é necessário que o ofendido
CAPÍTULO II ou essa pessoa se queixe, se constitua assistente e deduza
O Ministério Público, os Órgãos de Polícia Criminal acusação particular.
e o Assistente 2. A queixa não tem seguimento, se a pessoa que a fez
SECÇÃO I não declarar que se quer constituir assistente, não sendo o
O Ministério Público processo instruído enquanto não requerer a respectiva cons-
ARTIGO 48.º
tituição e como tal não for constituída.
(Atribuições do Ministério Público) 3. O Ministério Público procede às diligências neces-
1. Compete ao Ministério Público, enquanto autoridade sárias à descoberta da verdade e à instrução do processo,
judiciária, participar na descoberta da verdade e na realiza- podendo deduzir acusação, participar nas fases seguintes,
ção da justiça penal, determinando-se na sua actuação por em todos os actos processuais em que intervier o assistente e
critérios de estrita objectividade e legalidade. recorrer das decisões judiciais.
2. Compete em especial ao Ministério Público: 4. É aplicável à queixa a que se refere este artigo o pre-
a) Promover o Processo Penal, recebendo denúncias ceituado n.º 3 do artigo anterior.
e ordenando a abertura da correspondente ins- ARTIGO 52.º
(Legitimidade no concurso de infracções penais)
WUXomRVHIRUFDVRGLVVREHPFRPR¿VFDOL]DUD
legalidade de todos os actos processuais; 1. Havendo concurso de infracções, o Ministério Público
b) Dirigir e realizar a instrução preparatória; promove o processo por aquelas infracções para que tiver
legitimidade, caso o procedimento criminal pela infracção
c) Exercer, nos termos das disposições do presente
mais grave não dependa de queixa ou de acusação particular,
Código, a acção penal, deduzindo a acusação
procedendo, de igual modo, se as infracções forem de igual
contra o arguido e defendendo-a na instrução
gravidade.
contraditória e no julgamento, ou abster-se de
2. Se a infracção pela qual o Ministério Público tiver
acusar, ordenando o arquivamento do processo;
legitimidade for de menor gravidade, os titulares do direito
d) Interpor recursos em defesa da legalidade, ainda
GH TXHL[D RX GH DFXVDomR SDUWLFXODU VmR QRWL¿FDGRV SDUD
que no interesse do arguido;
declararem, no prazo de 5 dias, se querem ou não usar de
e) Promover a execução das penas e das medidas de tal direito.
segurança velando para que os respectivos pra- 3. Se os titulares do direito de queixa ou de acusação
zos não sejam excedidos; particular nada declararem ou declararem que não desejam
f) Exercer outras atribuições que lhe sejam conferidas apresentar queixa, o Ministério Público promove o pro-
por lei. cesso pelas infracções para cujo procedimento criminal tiver
ARTIGO 49.º legitimidade.
(Promoção do Processo Penal. Legitimidade do Ministério Público)
4. Se os titulares do direito de queixa declararem que pre-
Sem prejuízo das limitações estabelecidas nos artigos 50.º tendem apresentá-la, considera-se esta apresentada, devendo
e 51.º, o Ministério Público adquire legitimidade para pro- o Ministério Público proceder de acordo com o disposto no
mover o Processo Penal logo que tiver notícia do crime, por número anterior.
FRQKHFLPHQWRR¿FLRVRSRUGHQ~QFLDRXDWUDYpVGHDXWRGH 5. O Ministério Público procede do mesmo modo
notícia levantado por entidade competente. quando, sendo o crime particular, o titular da acusação não
ARTIGO 50.º declarar na queixa que se quer constituir assistente e não
/HJLWLPLGDGHQRVFULPHVVHPLS~EOLFRV requerer a respectiva constituição, no prazo de 5 dias.
1. Quando o procedimento criminal depender de queixa, 6. O presente artigo é aplicável aos casos em que o
o Ministério Público só o pode promover depois de aquela procedimento criminal depender da participação de certas
ser efectuada pela pessoa com legitimidade para se queixar. autoridades.
5452 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 53.º d) Ordenar a apreensão de objectos relacionados com


(Desistência da queixa ou da acusação particular)
a infracção penal cometida, nos termos do pre-
1. Nos processos em que a legitimidade do Ministério sente Código;
Público depender de queixa ou de acusação particular do e) 2UGHQDU D GHWHQomR IRUD GR ÀDJUDQWH GHOLWR QRV
ofendido ou de outra pessoa, nos termos dos artigos 50.º termos do n.º 3 do artigo 254.º
e 51.º, a intervenção do Ministério Público termina com 3. Os actos a que se referem as alíneas b), d) e e) do
a homologação da desistência da queixa ou da acusação número anterior devem ser comunicados ao Ministério
particular. Público, no prazo máximo de 24 horas.
2. A homologação da desistência compete à autoridade 4. Os Órgãos de Polícia Criminal actuam no processo
judiciária que dirigir a fase do processo em que ela ocorrer. sob direcção do Ministério Público, sem prejuízo da sua
3. Antes de a homologar, deve a autoridade judiciária autonomia técnica e operacional.
FRPSHWHQWH D TXH VH UHIHUH R Q~PHUR DQWHULRU QRWL¿FDU R ARTIGO 56.º
arguido para, no prazo de 5 dias, declarar se a ela se opõe, ÏUJmRVGH3ROtFLD&ULPLQDOGHFRPSHWrQFLDJHQpULFDHHVSHFt¿FD
entendendo-se como não oposição a falta de declaração. 1. São Órgãos de Polícia Criminal de competência gené-
6HRDUJXLGRQmRIRUSHVVRDOPHQWHQRWL¿FDGRSRUVHU rica os serviços competentes de investigação criminal e a
GHVFRQKHFLGRRVHXSDUDGHLURpQRWL¿FDGRSRUHGLWDLV Polícia Nacional.
ARTIGO 54.º 2. São Órgãos de Polícia Criminal de competência espe-
(Impedimentos e suspeição) Ft¿FD DTXHOHV D TXHP D OHL WHQKD FRQIHULGR RX YHQKD D
1. Aplicam-se ao Ministério Público, com as necessárias conferir tal estatuto.
adaptações, as disposições estabelecidas para os juízes nos ARTIGO 57.º
artigos 35.º a 47.º, sem prejuízo do disposto nos números (Medidas especiais de Polícia Criminal)

seguintes. 1. Os Órgãos de Polícia Criminal utilizam as medidas de


 $ GHFODUDomR R¿FLRVD GH LPSHGLPHQWR RX R UHTXH- polícia para cumprimento das tarefas a si acometidas por lei
rimento para que o magistrado do Ministério Público seja H GH¿QLGDV SHOD DXWRULGDGH MXGLFLiULD SRGHQGR LPSRU UHV-
declarado impedido, tal como o requerimento a recusá-lo, trições ou recorrer a meios coercivos quando tal se mostre
são dirigidos ao respectivo superior hierárquico, que decide adequado e necessário, dentro dos limites legais.
DWtWXORGH¿QLWLYRHVHPREHGLrQFLDDIRUPDOLVPRHVSHFLDO 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, podem
3. Quando o magistrado do Ministério Público for o os Órgãos de Polícia Criminal proceder à vigilância de pes-
Procurador Geral da República, compete à Câmara com- soas, edifícios e estabelecimentos, destinada a prevenir ou
petente do Tribunal Supremo apreciar a declaração ou os combater a prática de crimes.
requerimentos. SECÇÃO III
Assistentes
4. A entidade competente para decidir, nos termos dos
números anteriores, designa o substituto do magistrado ARTIGO 58.º
(Noção de assistente)
impedido.
SECÇÃO II
1. Os assistentes são, no Processo Penal, auxiliares do
Os Órgãos de Polícia Criminal Ministério Público.
2. Os assistentes subordinam, sem prejuízo das excep-
ARTIGO 55.º
(Órgãos de Polícia Criminal)
ções estabelecidas por lei, a sua actuação no processo à
actividade do Ministério Público.
1. Compete aos Órgãos de Polícia Criminal assistir e
ARTIGO 59.º
coadjuvar o Ministério Público no exercício das funções 4XHPSRGHFRQVWLWXLUVHDVVLVWHQWHQRSURFHVVR
TXHGHVHPSHQKDPQDUHDOL]DomRGRV¿QVGRSURFHVVRHQD
1. Podem constituir-se assistentes no processo:
Administração da Justiça Penal, procedendo, nomeada- a) Os ofendidos, considerados como tais os titulares
mente, à investigação das infracções penais e à instrução dos interesses especialmente protegidos pela
dos processos. norma incriminadora;
2. Compete, em especial, aos Órgãos de Polícia Criminal: b) As pessoas de cuja queixa ou acusação particular
a) Proceder aos interrogatórios do arguido em liber- depender o procedimento criminal;
dade e aos interrogatórios subsequentes do c) O cônjuge sobrevivo do ofendido falecido sem
arguido preso, nos termos do presente Código; ter renunciado ao direito de queixa ou a pessoa
que com ele vivia em situação análoga a dos
b) Ordenar revistas e buscas, nos termos do presente
cônjuges, assim como os seus descendentes
Código; e adoptados, ascendentes ou adoptantes e os
c) Acompanhar as buscas autorizadas pela autoridade irmãos e seus descendentes, se não tiverem
judiciária competente; comparticipado no crime;
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5453

d) O representante legal de ofendido menor de 16 anos b) Deduzir acusação independente da acusação do


e, na sua falta, as pessoas enumeradas na alínea Ministério Público;
anterior, segundo a ordem nela estabelecida e c) Requerer a abertura de instrução contraditória e
com as necessárias adaptações, que não tenham intervir nas respectivas diligências;
participado no crime; d) Participar na fase do julgamento e interpor recur-
e) Qualquer pessoa nos crimes contra a paz e a sos das decisões do juiz com as quais não se
humanidade, nos crimes ambientais e contra o
conformar, mesmo desacompanhado do Minis-
património público;
tério Público.
f) As pessoas a quem outra lei atribuir esse direito.
2. Se mais de uma das pessoas, de entre as mencionadas CAPÍTULO III
nas alíneas c) e d) do número anterior, requerer a constitui- Arguido e Defensor
ção de assistente, a prioridade deve ser concedida àquela que
SECÇÃO I
primeiramente a tiver requerido.
Arguido
ARTIGO 60.º
(Constituição de assistente. Procedimento) ARTIGO 63.º
(Aquisição da qualidade processual de arguido)
1. A constituição de assistente pode ser requerida ao
magistrado do Ministério Público, na fase de instrução prepa- 1. Assume a qualidade de arguido num Processo Penal
ratória, ou ao juiz, nas restantes fases do processo, até 5 dias todo aquele sobre quem recai forte suspeita de que tenha
antes da audiência do julgamento. SUDWLFDGRXPFULPHVX¿FLHQWHPHQWHFRPSURYDGR
2. Junto o duplicado da guia de depósito da taxa de jus- 2. Assume imediata e automaticamente a posição proces-
WLoD GHYLGD R MXL] GHFLGH GH¿QLWLYDPHQWH SRU GHVSDFKR
sual de arguido a pessoa contra quem foi deduzida acusação
admitindo ou não o requerente como assistente, mandando
ou requerida instrução contraditória.
ORJRQRWL¿FDUGDGHFLVmRR0LQLVWpULR3~EOLFRHRDUJXLGR
3. Na fase de instrução preparatória, a constituição de 3. Assume igualmente a posição de arguido quem, como
assistente e os incidentes a que der lugar podem correr em tal, for constituído nos termos dos artigos 64.º e 65.º
procedimento separado, com junção dos elementos necessá- 4. A qualidade de arguido mantém-se durante todo o
rios à decisão. decurso do processo.
4. Só depois de o requerente ser admitido como assis- 5. É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 4
tente, e junto o duplicado da guia de depósito da taxa de do artigo seguinte, com as devidas adaptações.
justiça devida, pode em tal qualidade intervir no processo,
ARTIGO 64.º
que tem de aceitar no estado em que o encontrar. (Constituição de arguido)
ARTIGO 61.º
(Representação judiciária do assistente) 1. É obrigatória a constituição de arguido:
1. Os assistentes são obrigatoriamente representados no a) Logo que, em instrução preparatória, aberta contra
processo por advogado, podendo fazer-se acompanhar por pessoa determinada, esta prestar declarações
ele nas diligências em que tenham de intervir. perante o magistrado do Ministério Público ou
2. No caso de haver vários assistentes, todos são repre- Órgão de Polícia Criminal;
sentados pelo mesmo advogado e, não havendo acordo b) Quando tenha de ser aplicada a alguém uma
quanto à escolha, decide o magistrado competente, nos ter-
medida de coacção ou de garantia patrimonial;
mos do artigo 60.º, n.º 1.
3. O disposto no número anterior não se aplica no caso c) Em caso de detenção de qualquer pessoa, nos ter-
de haver incompatibilidade de interesses. mos dos artigos 250.º e seguintes;
4. Não se aplica, do mesmo modo, quando ao arguido d) Sempre que, sendo levantado auto de notícia em
forem imputados vários crimes, caso em que a pessoa, ou que se considere como agente de um crime deter-
grupo de pessoas, a quem a lei permitir a constituição de minada pessoa, o auto lhe tiver sido comunicado
assistente por cada um dos crimes cometidos pode consti- e a notícia não for manifestamente infundada.
tuir advogado.
2. A constituição de arguido, nos termos do presente
5. Nenhum assistente pode ser representado por mais de
um advogado. artigo, só se considera realizada com:
a) A comunicação, oral ou escrita, feita pelo magis-
ARTIGO 62.º
(Atribuições do assistente) trado do Ministério Público ou Órgão de Polícia
Além de colaborar em geral com o Ministério Público e Criminal, conforme o caso, à pessoa visada em
o auxiliar na sua actuação processual, compete em especial qualquer uma das situações previstas no número
ao assistente: anterior, de que, a partir daquele momento, passa
a) Intervir na instrução preparatória, oferecendo a ter no processo a posição de arguido; e,
provas e requerendo as diligências que entender b) A indicação dos direitos e deveres que competem
necessárias; a essa pessoa, nos termos dos artigos 67.º e 68.º
5454 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. A entidade que proceder à comunicação e indicação a g) Intervir nas fases de instrução preparatória e con-
que se referem o número anterior deve entregar ao arguido traditória, oferecendo provas e requerendo as
QRWDHVFULWDHPTXHVHSURFHGHjLGHQWL¿FDomRGRSURFHVVRH diligências que reputar necessárias;
GRGHIHQVRUTXHOKHWHQKDVLGRQRPHDGRHHPTXHVHUH¿UDP h) Impugnar, mediante reclamação ou recurso, nos
os factos ou o crime que lhe são imputados. termos da lei, as decisões que lhe forem desfa-
4. As declarações prestadas no processo por qualquer voráveis.
pessoa, antes de ter sido constituída como arguido, não 2. A comunicação do arguido, em privado, com o seu
podem ser utilizadas como meio de prova contra ela. defensor, a que se refere a alínea f) do número anterior, pode
ARTIGO 65.º fazer-se, quando razões de segurança o determinarem, à
&RQVWLWXLomRGHDUJXLGRR¿FLRVDPHQWHHDUHTXHULPHQWRGHVXVSHLWR vista de um encarregado de vigilância, mas de tal forma que
1. Se, em qualquer acto de inquirição ou de declarações este não possa ouvi-los.
de pessoa que não é arguido, surgir fundada suspeita de que ARTIGO 68.º
ela cometeu um crime, a entidade que preside ao acto deve (Deveres processuais do arguido em especial)

suspendê-lo de imediato e proceder à comunicação e à indi- São, entre outros, deveres processuais do arguido:
cação a que se referem as alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo a) Comparecer perante o juiz, o Ministério Público
anterior. ou os Órgãos de Polícia Criminal quando, para
2. A pessoa que se der conta de que é objecto de suspeita tanto, tiver sido convocado, nos termos legais;
de ter cometido um crime e de que estão a ser efectuadas b) Responder com verdade às perguntas sobre a sua
diligências destinadas a imputar-lho tem o direito de reque- identidade e sobre os seus antecedentes crimi-
rer e exigir a sua constituição como arguido e de, nessa nais;
posição processual, passar a ser ouvida. c) Submeter-se às diligências de prova e às medidas
3. No caso referido no número anterior, o requerente
de coacção e garantia patrimonial ordenadas
considera-se constituído arguido desde a data do despacho a
pela entidade competente, nos termos da lei;
deferir o requerimento ou daquela em que for ouvido como
d) Não perturbar a instrução e o normal desenvolvi-
arguido.
4. É correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 3 mento do processo.
e 4 do artigo 64.º SECÇÃO II
Defensor
ARTIGO 66.º
(Direitos e deveres processuais do arguido) ARTIGO 69.º
(Defensor constituído ou nomeado)
Ao arguido é, em geral, garantido, desde que adquire tal
posição, o exercício, nos termos da lei, dos direitos atribuí- 1. O arguido pode constituir advogado em qualquer
dos e dos deveres impostos pela Lei Reguladora do Processo altura do processo.
Penal. 2. Se o arguido constituir mais de um advogado para o
ARTIGO 67.º GHIHQGHUDVQRWL¿FDo}HVVmRIHLWDVjTXHOHTXHHPSULPHLUR
(Direitos do arguido em especial) lugar, tiver sido indicado no acto de constituição.
1. São, entre outros, direitos processuais do arguido: 3. Quando, nos casos em que a lei determinar que a assis-
a) Estar presente nos actos processuais que directa- tência do arguido por advogado é obrigatória, ele não tiver
mente lhe disserem respeito; advogado constituído e, no acto, não o constituir ou ainda
b) Ser ouvido pelo magistrado competente quando se, tendo advogado constituído, este não puder ser convo-
este tenha de tomar decisões que pessoalmente cado ou se, devidamente convocado, não comparecer, o juiz
o possam afectar; ou o magistrado do Ministério Público ou o Órgão de Polícia
c) Ser informado, pelas autoridades judiciárias ou Criminal que a ele presidir, nomeia-lhe um defensor.
pelo Órgão de Polícia Criminal perante quem 4. A nomeação a que se refere o número anterior deve
seja obrigado a comparecer, dos direitos que a recair em defensor público ou, não sendo possível, em
lei lhe concede; advogado, advogado estagiário, licenciado em direito ou
d) Não responder às perguntas que lhe forem feitas estudante de direito ou, na sua falta, em pessoa idónea.
quer sobre os factos que lhe forem imputados 5. Na fase de instrução preparatória não pode nunca
quer sobre o conteúdo das declarações que ser nomeado defensor do arguido agente ou funcionário do
acerca deles prestar; organismo onde corre o processo e se realiza o acto.
e) Escolher defensor ou pedir ao magistrado compe- ARTIGO 70.º
(Regime aplicável ao defensor nomeado)
tente que lho nomeie;
f) Ser assistido pelo seu defensor em todos os actos $QRPHDomRGHGHIHQVRUpQRWL¿FDGDDRDUJXLGRHDR
processuais em que participar e, se estiver defensor, sempre que não estiverem presentes no acto em
detido, o de comunicar-se em privado com ele; que a nomeação é feita.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5455

2. O defensor nomeado pode ser dispensado do patro- ARTIGO 74.º


(Substituição de defensor)
cínio, se alegar causa justa e a entidade que o nomeou a
reconhecer, ou ser substituído por outro, com o mesmo fun- 1. Se o defensor, relativamente a acto em que a assis-
damento, a requerimento do arguido. tência ao arguido é obrigatória, não comparecer, se ausentar
3. O defensor nomeado para um acto processual man- antes de o acto terminar ou recusar ou abandonar a defesa, é
imediatamente substituído por outro defensor.
tém-se para os actos subsequentes do processo, enquanto
2. Se, no caso do número anterior, a nomeação imediata
não for substituído por outro ou por defensor constituído
não for possível ou se se revelar inconveniente, pode a reali-
pelo arguido. zação do acto ser interrompida ou, se isso for absolutamente
4. O exercício de funções do defensor nomeado é remu- necessário, adiado o acto ou a audiência, por um período não
nerado nos termos da lei. superior a oito dias.
ARTIGO 71.º 3. Quando o defensor for substituído durante o debate
(Assistência obrigatória do defensor) instrutório ou durante a audiência, pode o juiz autorizar que
1. É obrigatória a assistência do defensor: os actos sejam interrompidos para que o novo defensor exa-
a) Em todos os interrogatórios de arguido detido ou mine o processo e conferencie com o arguido.
preso; CAPÍTULO IV
b) No debate instrutório e na audiência de julgamento, Responsabilidade Civil
em 1.ª instância ou em recurso;
ARTIGO 75.º
c) Em todo e qualquer acto processual em que inter- (Princípio da adesão)
vier arguido surdo, mudo, surdo-mudo ou cego,
O pedido de indemnização por danos resultantes da
menor de 18 anos ou sempre que, em relação
prática de um crime é deduzido no Processo Penal corres-
ao arguido, se colocar a questão de saber se é pondente, só o podendo ser em acção civil intentada no
inimputável ou tem a imputabilidade diminuída; Tribunal Cível competente nos casos declarados na lei.
d) Nos demais casos determinados por lei.
ARTIGO 76.º
2. Deduzida a acusação sem o arguido tenha advogado (Princípio da opção ou da alternatividade)
constituído ou defensor nomeado, o Ministério Público pro- 1. O pedido de indemnização por danos resultantes da
move e o juiz procede à respectiva nomeação, logo que o prática de um crime pode ser formulado em acção intentada
processo lhe seja concluso. no Tribunal Cível competente, quando:
3. O juiz deve igualmente, no despacho que admitir o a) A acusação não for deduzida no prazo de um ano a
recurso, nomear defensor ao arguido que não tiver advogado contar da notícia do crime ou o Processo Penal
constituído ou defensor, público ou nomeado. instaurado estiver sem andamento durante o
4. Fora dos casos previstos no número anterior, deve mesmo período de tempo;
R 7ULEXQDO R¿FLRVDPHQWH RX D UHTXHULPHQWR GR DUJXLGR b) O processo tiver sido arquivado, suspenso provi-
nomear defensor, sempre que as circunstâncias do caso con- soriamente ou declarado extinto, nos termos do
creto revelarem a necessidade de o arguido ser assistido. presente Código, antes do trânsito em julgado da
sentença nela proferida;
ARTIGO 72.º
(Assistência a mais de um arguido)
c) O procedimento depender de queixa ou de acusa-
ção particular;
1. O defensor pode, no mesmo processo, prestar assistên- d) O pedido for formulado contra o arguido e,
cia jurídica a mais do que um arguido, sempre que a defesa simultaneamente, contra outras pessoas com
de um não for incompatível com a defesa do outro ou outros. responsabilidade meramente civil, nos termos
2. Quando um ou mais arguidos tiverem constituído do artigo 78.º, n.º 2;
advogado e os outros não, o juiz pode nomear, de entre os e) O pedido for formulado contra pessoas com
advogados constituídos, um ou mais para prestarem assis- responsabilidade meramente civil e estas cha-
tência àqueles que a não tiverem, salvo se as respectivas marem o arguido à demanda, nos termos da Lei
defesas forem incompatíveis. Reguladora do Processo Civil;
f) O Tribunal remeter as partes para o Tribunal Civil,
ARTIGO 73.º
(Direitos do defensor) nos termos do n.º 2 do artigo 77.º;
g) O lesado não tiver sido informado da faculdade
1. O defensor exerce no processo, além dos direitos pró-
de proceder ao pedido de indemnização no Pro-
prios que lhe são atribuídos no presente Código, todos os FHVVR3HQDORXQmRWLYHUVLGRQRWL¿FDGRSDUDD
que são, por lei, atribuídos ao arguido, à excepção dos que fazer, nos termos dos artigos 80.º, n.º 1, e 82.º,
este tiver de exercer pessoalmente. n.º 2, respectivamente;
2. Os actos praticados pelo defensor não produzem efei- h) À data da acusação, não houver, serem desconhe-
tos, sempre que, antes da decisão que sobre tais actos recair, cidos ou não estiverem determinados em toda
o arguido declarar que se opõe a eles e não lhes reconhece a sua extensão danos resultantes da prática do
valor. crime.
5456 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Quando o procedimento criminal pelo crime cometido lhes causou, indicando-lhes as formalidades estabelecidas,
depender de queixa ou de acusação particular, a instauração nomeadamente, nos artigos 81.º e 82.º
da acção no Tribunal Cível competente, pelos titulares do 2. Qualquer lesado, informado ou não, nos termos do
direito de queixa ou de acusação particular, tem o valor de número anterior, pode declarar, até ao encerramento da fase
renúncia a esse direito, no caso de a acção ser proposta antes de instrução preparatória, o seu propósito de formular, no
da instauração do Processo Penal ou de desistência, no caso Processo Penal, pedido de indemnização.
de a acção ter sido proposta depois. 3. A declaração não obedece a formalismos especiais e,
ARTIGO 77.º sendo feita verbalmente, é reduzida a auto.
(Outros casos de pedido em separado)
ARTIGO 81.º
1. O pedido de indemnização é sempre formulado em (Representação)
acção proposta no Tribunal Cível competente, quando: 1. A representação do lesado por advogado no pedido de
a) O julgamento for efectuado em processo sumário; indemnização formulado no Processo Penal é obrigatória,
b) O Processo Penal correr perante Tribunal Militar. nos mesmos termos em que o seria se o pedido fosse formu-
27ULEXQDOSRGHR¿FLDOPHQWHRXDUHTXHULPHQWRGDV lado em separado na jurisdição civil.
partes, remeter estas para os Tribunais Cíveis, sempre que 2. Os demandados e os intervenientes são sempre repre-
as questões levantadas pelo pedido de indemnização for- sentados por advogado.
mulado não lhe permitirem tomar uma decisão correcta ou 3. O Ministério Público pode formular o pedido de
forem susceptíveis de produzir incidentes que possam retar- indemnização em nome do Estado e das outras pessoas que,
dar, de forma intolerável, o andamento do Processo Penal. por lei, lhe caiba representar.
ARTIGO 78.º
ARTIGO 82.º
(Legitimidade)
(Pedido)
1. O pedido de indemnização é deduzido pelo lesado, 1. O pedido é formulado na acusação ou em requeri-
sem necessidade de se constituir assistente, e mesmo que mento articulado dentro do prazo para aquela ser deduzida,
não tenha a faculdade de se constituir assistente.
sempre que for apresentado pelo Ministério Público ou pelo
2. O pedido é formulado contra o arguido ou contra as
assistente.
pessoas com responsabilidade meramente civil ou contra
2. O lesado que tiver manifestado o propósito de dedu-
uns e outros simultaneamente.
zir pedido de indemnização, nos termos do artigo 80.º, n.º 2,
3. Considera-se lesado qualquer pessoa que tenha sofrido
p QRWL¿FDGR GD DFXVDomR RX QD VXD IDOWD GR 'HVSDFKR GH
danos ocasionados pela prática do crime.
Pronúncia, se houver lugar a ele, para, no prazo de 15 dias,
4. O lesado não interfere, salvo se for assistente, em maté-
formular pedido em requerimento deduzido por artigos.
ULDHVSHFL¿FDPHQWHSHQDOUHVWULQJLQGRVHDVXDDFWXDomRj
3. O lesado que não tiver manifestado o propósito de for-
defesa e à prova do pedido de indemnização que formulou,
PXODUSHGLGRGHLQGHPQL]DomRRXQmRWLYHUVLGRQRWL¿FDGR
competindo-lhe, nessa medida e com as devidas adaptações,
para o fazer, nos termos do número anterior, pode deduzi-lo
os direitos que a lei confere aos assistentes.
pela mesma forma até 15 dias depois de o arguido ser noti-
ARTIGO 79.º
(Intervenção de pessoas com responsabilidade meramente civil) ¿FDGRGDDFXVDomRRXQmRDWHQGRKDYLGRGR'HVSDFKRGH
Pronúncia.
1. As pessoas com responsabilidade meramente civil
4. O pedido é acompanhado de tantos exemplares quanto
podem intervir voluntariamente no Processo Penal ou ser
os demandados e mais um, para arquivo no Cartório do
chamadas à demanda pelo arguido.
Tribunal.
2. As pessoas que intervierem voluntariamente no pro-
cesso não podem praticar actos que o arguido tenha perdido ARTIGO 83.º
(Contestação)
o direito de praticar.
3. Os intervenientes, tal como os demandados ou os cha- 1. A pessoa contra a qual for formulado o pedido de
mados à demanda, têm posição processual semelhante à do LQGHPQL]DomRFLYLOQRVWHUPRVGRDUWLJRDQWHULRUpQRWL¿-
arguido no que diz respeito às questões relativas ao pedido cado para contestar, querendo, no prazo de 20 dias.
de indemnização deduzido pelo lesado, mas é independente 2. A contestação é deduzida por artigos.
a defesa de cada um deles. $IDOWDGHFRQWHVWDomRQmRLPSOLFDDFRQ¿VVmRGRVIDF-
ARTIGO 80.º tos alegados no requerimento inicial.
(Informações a prestar ao lesado) ARTIGO 84.º
1. As autoridades judiciárias e os Órgãos de Polícia (Prova)

Criminal devem, a partir do primeiro acto em que eles 1. A prova é junta, indicada ou requerida com os
tenham intervenção, informar os lesados da faculdade que articulados.
a lei lhes concede de deduzirem, no Processo Penal, pedido 2. O número de testemunhas não pode ser superior
de indemnização pelos danos materiais e morais que o crime a 8 por cada um dos requerentes.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5457

ARTIGO 85.º ARTIGO 91.º


(Julgamento) (Caso julgado)

O lesado, os demandados e os intervenientes não são A decisão penal, condenatória ou absolutória, que conhe-
obrigados a comparecer na audiência de julgamento, salvo cer do pedido de indemnização deduzido no Processo Penal
se tiverem de ser ouvidos em declarações a cuja prestação constitui caso julgado nos mesmos termos e com os mesmos
não puderem furtar-se. efeitos do caso julgado das decisões proferidas em processo
ARTIGO 86.º
civil.
(Desistência e renúncia ao pedido) ARTIGO 92.º
(Execução da decisão condenatória)
O lesado pode, em qualquer fase do processo, desistir do
direito de indemnização civil ou requerer que o seu objecto 1. A execução da decisão que, no Processo Penal, con-
seja reconvertido, nos termos permitidos por lei, ou renun- denar em indemnização por danos resultantes do crime
ciar a ele. cometido é requerida perante o Tribunal Cível competente.
2. Serve de título executivo a certidão da decisão penal
ARTIGO 87.º
(Liquidação da indemnização em execução de sentença) condenatória transitada em julgado.
4XDQGRQmRGLVSXVHUGHHOHPHQWRVEDVWDQWHVSDUD¿[DU ARTIGO 93.º
([HFXomRUHTXHULGDR¿FLRVDPHQWHSHOR0LQLVWpULR3~EOLFR
a indemnização, o Tribunal pode condenar no que vier a ser
liquidado em execução de sentença em acção cível. 1. Sempre que, no caso previsto no artigo 89.º, o titu-
27ULEXQDOSRGHR¿FLRVDPHQWHRXDUHTXHULPHQWRGDV lar da indemnização arbitrada não estiver representado no
processo por advogado, deve o magistrado do Ministério
partes, estabelecer uma indemnização provisória por conta
3~EOLFRMXQWRGR7ULEXQDOTXHDDUELWURXYHUL¿FDUVHRUHV-
GDLQGHPQL]DomRGH¿QLWLYDTXHYLHUDVHUOLTXLGDGDQDH[H-
pectivo pagamento se encontra ou não efectuado.
cução da sentença.
2. Para efeitos do disposto do número anterior, ao sexa-
ARTIGO 88.º
gésimo dia contado a partir da data do trânsito em julgado
(Remessa das partes para o Tribunal Cível)
da decisão condenatória, o escrivão dá vista no processo ao
Quando, no pedido de indemnização civil formulado no magistrado referido no número anterior.
Processo Penal, forem levantadas questões que tornem difí- 6HSHORH[DPHGRSURFHVVRVHYHUL¿FDUTXHDLQGHP-
cil ou impeçam uma decisão rigorosa ou forem de molde a nização não se encontra paga, o magistrado do Ministério
retardar, de forma intolerável, o Processo Penal, o Tribunal 3~EOLFRPDQGDQRWL¿FDURXDYLVDURGHYHGRUSDUDTXHHOHQR
SRGHR¿FLRVDPHQWHRXDUHTXHULPHQWRGDVSDUWHVUHPHWHU prazo de 30 dias, faça prova do pagamento ou do depósito à
estas para os Tribunais Civis. ordem do Tribunal do montante da indemnização.
ARTIGO 89.º 4. Decorrido o prazo estabelecido no número anterior
,QGHPQL]DomRR¿FLRVDHPFDVRGHFRQGHQDomR sem se mostrarem efectuados os pagamentos ou o depósito
1. Sempre que não tiver sido deduzido pedido civil de do montante da indemnização, o Ministério Público pro-
indemnização, quer no Processo Penal, quer em separado, move no Tribunal competente a correspondente execução.
nos termos dos artigos 75.º a 77.º, o Tribunal pode, em caso 5. O montante da indemnização ou parte dela que se con-
de condenação, arbitrar a favor dos lesados uma quantia, a seguir obter com a execução é entregue ao respectivo titular,
título de indemnização, pelos prejuízos resultantes do crime sem encargos ou impostos, salvo o imposto de selo.
cometido pelo condenado.
TÍTULO III
2. O Tribunal, ao determinar a quantia a arbitrar a título
Actos Processuais
de indemnização, deve garantir o funcionamento do prin-
cípio do contraditório e ter em consideração, além dos CAPÍTULO I
elementos fornecidos pelo processo, as exigências de pro- Princípios e Regras Gerais
tecção da vítima.
ARTIGO 94.º
3. É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 1 (Disciplina dos actos processuais)
do artigo 87.º 1. Compete às autoridades ou funcionários de justiça,
4. A quantia arbitrada deve ser levada em conta na acção que a eles presidirem ou que os dirigirem, manter a ordem
que conhecer do pedido de indemnização que, nos termos da nos actos processuais e tomar as medidas necessárias con-
lei, vier a ser intentada no foro cível. tra aquele que perturbar os respectivos trabalhos, podendo
ARTIGO 90.º obrigá-lo a sair do lugar onde o acto está a decorrer.
(Prosseguimento da acção penal em caso de amnistia)
2. Quando o acto for presidido pelo juiz, este pode orde-
Em caso de amnistia, a acção penal pode, a requerimento nar a detenção do perturbador que tenha de intervir ou voltar
do lesado ou do Ministério Público, prosseguir os seus a intervir no mesmo acto ou naquele que se lhe seguir, e tiver
trâmites, unicamente, para efeitos de determinação da res- de realizar-se no mesmo dia, enquanto a sua presença for jul-
ponsabilidade civil do arguido. gada necessária.
5458 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. Se o perturbador praticar qualquer infracção penal, a ARTIGO 97.º


(Segredo de justiça)
entidade que presidir ao acto levanta ou manda levantar auto
de notícia e, consoante o caso, detém-no ou manda detê-lo. 1. O processo está sujeito a segredo de justiça até ser
4. As autoridades judiciárias podem, se isso se tornar proferido Despacho de Pronúncia ou, não tendo havido
necessário para a realização do acto, requisitar o auxílio da instrução contraditória, Despacho que designar dia para
IRUoDS~EOLFDTXHHPWDOFDVR¿FDVXEPHWLGDDRVHXSRGHU julgamento.
de direcção. 2. O segredo de justiça determina a proibição de:
5. Se a entidade que presidir ao acto não for uma autori- a) Aqueles que não tiverem o direito ou dever de estar
dade judiciária, deve requisitar o auxílio da força pública por presentes, assistirem aos actos praticados no
via da autoridade judiciária competente. processo ou de tomarem conhecimento do seu
ARTIGO 95.º conteúdo;
(Publicidade) b) As pessoas, ao mesmo vinculadas, divulgarem a
1. O Processo Penal é público, sob pena de nulidade, a realização de actos processuais ou aquilo que
partir do Despacho de Pronúncia ou, não tendo havido ins- neles tiver ocorrido.
trução contraditória, do Despacho que designar dia para ARTIGO 98.º
julgamento. (Pessoas obrigadas a segredo de justiça)
2. A publicidade determina, em princípio, o direito de: 1. Estão sujeitos a segredo de justiça as autoridades judi-
a) Assistência aos actos processuais realizados no ciárias, os membros dos Órgãos de Polícia Criminal, os
processo; sujeitos e os simples participantes processuais e, em geral,
b) A divulgação dos actos processuais pelos meios de todas as pessoas que, a qualquer título e por qualquer forma
comunicação social; tomarem conhecimento de elementos do processo protegi-
c) A consulta do processo e a possibilidade de obten- dos por segredo de justiça.
ção de certidões, cópias ou extractos de qualquer 2. A violação do segredo de justiça pelas pessoas a elas
peça ou elemento que dele faça parte. sujeitas é punida nos termos da Lei Penal.
3. A publicidade não abrange os dados, peças e elemen- ARTIGO 99.º
tos relativos à reserva da vida privada que não constituírem (Divulgação de elementos do processo cobertos por segredo de justiça)
PHLRGHSURYDFDEHQGRDRMXL]HVSHFL¿FiORVSRUGHVSDFKR 1. A autoridade judiciária competente pode, através de
e ordenar a sua destruição ou a respectiva entrega à pessoa a despacho fundamentado, ordenar ou permitir que o conteúdo
que disserem respeito. de um acto processual ou de documento sujeitos a segredo
ARTIGO 96.º de justiça sejam dados a conhecer a determinadas pessoas,
(Assistência do público a actos processuais) quando tal conhecimento não puser em causa a investiga-
1. Qualquer pessoa pode assistir aos actos processuais omRGRVIDFWRVHVHD¿JXUDUFRQYHQLHQWHDRHVFODUHFLPHQWR
declarados públicos por lei, com as restrições dos números da verdade ou indispensável ao exercício de direitos de
seguintes. que sejam titulares essas pessoas, limitando-se ao mínimo
 2 MXL] SRGH R¿FLRVDPHQWH RX D UHTXHULPHQWR GR necessário.
Ministério Público, do assistente ou do arguido, limitar ou 2. As pessoas a quem seja dado a conhecer o teor de
proibir o acesso do público a um acto processual quando, face acto processual ou de documento sujeitos a segredo de jus-
às circunstâncias do caso, for de recear que a publicidade: WLoDQRVWHUPRVGRQ~PHURDQWHULRU¿FDPDGVWULWRVDHVVH
a) Ofenda gravemente a dignidade e os sentimentos segredo.
das pessoas; 3. O segredo de justiça não impede que, a requerimento
b) Perturbe a normal realização do acto. de pessoas publicamente postas em causa ou para garantir
3. O acesso do público à audiência de julgamento é a tranquilidade pública e a segurança de pessoas e bens, a
sempre limitado nos casos de crimes contra a liberdade e a autoridade judiciária competente preste esclarecimentos
autodeterminação sexuais. públicos, sempre que estes forem necessários ao restabeleci-
4. O juiz pode impedir a assistência a acto processual de mento da verdade e não prejudicarem a investigação.
acesso público a menores de 16 anos e a pessoas que possam ARTIGO 100.º
pôr em risco a disciplina do acto. (Outras limitações ao segredo de justiça)

5. As restrições à liberdade estabelecidas no n.º 3 não 1. A autoridade judiciária competente pode autorizar a
incluem a leitura da sentença. passagem de certidão do teor de qualquer documento ou
6. Nos casos referidos nos n.os 2 e 3, apenas assistem ao acto submetidos ao regime de segredo de justiça, quando a
acto as pessoas nele chamadas a intervir bem como aque- certidão for necessária à instrução de processos de natureza
ODV TXH R MXL] DXWRUL]DU SRU UD]}HV GH RUGHP SUR¿VVLRQDO criminal ou à instrução de processo disciplinar de natureza
FLHQWt¿FD DFDGpPLFD RX RXWUDV TXH FRQVLGHUDU LJXDOPHQWH pública, assim como à formulação e instrução de pedido de
atendíveis. indemnização civil.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5459

2. Pode a mesma autoridade, em processo relativo a 2. O Ministério Público pode indeferir o pedido, sempre
acidente ocasionado por veículo de circulação terrestre, que entender que a pretensão do requerente pode prejudicar
autorizar a passagem de certidão do teor: a investigação dos factos objecto do processo, o apuramento
a) De acto ou documento em segredo de justiça para da verdade ou os direitos dos participantes processuais ou
efeitos de pedido de indemnização a formular, das vítimas.
nos termos do artigo 76.º, n.º 1, alínea a); 3. Se o requerimento for deferido, os sujeitos ou parti-
b) Do auto de notícia do acidente lavrado por enti- cipantes processuais a que alude o n.º 1 podem consultar as
dade policial, para efeitos de composição fotocópias do processo ou os elementos a que desejam ter
extrajudicial do litígio, quando uma das entida- acesso, na secretaria, onde, para esse efeito, são depositadas.
des interessadas seja seguradora para quem tiver 4. Findos os prazos de instrução preparatória, a consulta
sido transferida a responsabilidade. é livre para o arguido, o assistente e o ofendido, salvo o dis-
ARTIGO 101.º posto no número seguinte.
(Divulgação de actos pela comunicação social) 5. No caso previsto no número anterior, o magistrado
1. Os meios de comunicação social podem, dentro dos judicial competente pode determinar, a requerimento do
limites da lei, proceder à cobertura dos actos processuais que Ministério Público, que a consulta livre do processo seja
não se encontrem sujeitos a segredo de justiça e à divulgação protelada, por um período máximo de 2 meses, prorrogá-
circunstanciada do respectivo teor. vel por uma só vez, por prazo indispensável à conclusão das
2. Não é, porém, permitida: investigações, sempre que se tratar de crimes de terrorismo,
a) A reprodução de peças processuais ou de docu- organização terrorista, crimes contra a vida, a integridade
mentos juntos ao processo, antes de ser proferida física e a liberdade das pessoas, puníveis com pena de prisão
sentença em 1.ª instância, salvo se forem obtidas superior a 5 anos, ou de criminalidade organizada.
PHGLDQWHFHUWLGmRVROLFLWDGDFRPPHQomRGR¿P ARTIGO 103.º
a que se destinam e expressamente autorizadas (Consulta do processo e obtenção de certidões por outras pessoas)

pela autoridade judiciária competente na fase do 1. Qualquer pessoa que tenha e alegue interesse legítimo
processo em que ocorrer a divulgação; pode requerer a consulta de processos que não se encontrem
b) O registo de imagens, a tomada de som e a res- em segredo de justiça e a passagem de cópias, extractos ou
pectiva transmissão referente a qualquer acto certidões das peças ou elementos que os compõem.
processual, nomeadamente à audiência de julga- 2. O requerimento é dirigido ao juiz, que decide por
mento, salvo se forem autorizados pelo juiz e a despacho.
pessoa a que a imagem e o som se referem não 3. A autorização para a consulta do processo ou para a
se opuser; passagem de cópia, extracto ou certidão é dada na condição
c) A publicação da identidade das vítimas dos crimes de o requerente não divulgar os actos processuais ou a repro-
contra a liberdade e a autodeterminação sexual, dução dos seus termos, através dos meios de comunicação
a honra e a reserva da vida privada, excepto se social, quando tal divulgação for proibida.
o crime tiver sido praticado através de órgão de
ARTIGO 104.º
comunicação social ou se a vítima expressa- (Juramento)
mente consentir na revelação da identidade.
1. As testemunhas, os peritos e os intérpretes são obriga-
3. Não é autorizada, antes de tomada qualquer decisão
sobre a publicidade da audiência, a divulgação de actos dos a prestar juramento perante as autoridades judiciárias ou
anteriores à sua realização, quando tiverem sido coloca- o Órgão de Polícia Criminal competentes.
dos a coberto do segredo de justiça, nos termos do n.º 2 do 2. As testemunhas prestam juramento do seguinte modo:
artigo 96.º «Juro pela minha honra dizer a verdade e só a verdade».
4. Não é, do mesmo modo, permitida a publicação de 3. Os peritos e os intérpretes prestam juramento do
conversas ou comunicações interceptadas no âmbito do pro- VHJXLQWH PRGR ©-XUR SHOD PLQKD KRQUD GHVHPSHQKDU ¿HO-
cesso, salvo se não estiverem sujeitas a segredo de justiça e, PHQWHDVIXQo}HVTXHPHVmRFRQ¿DGDVª
ao mesmo tempo, os respectivos intervenientes autorizarem 4. A recusa a prestar juramento equivale à recusa a depor
a publicação. ou a exercer as funções.
ARTIGO 102.º 5. As entidades competentes para recolherem o juramento
(Consulta do processo e obtenção de certidões devem, antes de ele ser prestado, informar os participantes
por sujeitos ou participantes processuais) processuais que o vão prestar das consequências de um jura-
1. Durante a fase de instrução preparatória, o arguido, o mento falso ou da recusa em prestá-lo.
assistente, o ofendido, o lesado e as entidades com respon- 6. O juramento, uma vez prestado, não necessita de ser
sabilidade meramente civil podem requerer: renovado na mesma fase do processo.
a) A consulta do processo e dos elementos que o 7. Não prestam juramento:
formam; a) Os menores de 16 anos;
b) As respectivas cópias, certidões ou extractos. b) O arguido;
5460 DIÁRIO DA REPÚBLICA

c) O assistente e as partes civis; 6. Os intérpretes nomeados ao surdo, mudo ou surdo-


d) Os declarantes; PXGR¿FDPVXMHLWRVDVHJUHGRGHMXVWLoDDSOLFDQGRVHOKHV
e) Os peritos e os intérpretes que forem funcionários também correspondentes o disposto no n.º 8 do artigo
públicos e intervierem no exercício das suas anterior.
funções. ARTIGO 107.º
(Forma dos actos processuais escritos)
CAPÍTULO II
Forma dos Actos Processuais 1. Os actos processuais escritos, incluindo as certidões,
devem ser redigidos em letra perfeitamente legível, não
ARTIGO 105.º
contendo entrelinhas, rasuras ou emendas que não sejam res-
(Língua dos actos e nomeação de intérprete)
salvadas e devendo os espaços em branco ser inutilizados.
1. A língua utilizada nos actos processuais é o português.
2. Podem na redacção dos actos ser utilizados meios
2. As pessoas que intervêm no processo e não falam ou
mecânicos ou digitais de escrita, processadores de texto
não compreendem bem o português podem, porém, expri-
ou fazer-se, sendo caso disso, uso de fotocópias, desde
mir-se na respectiva língua materna ou em outra que falem
ou compreendem. que, antes da assinatura, se mencione o facto de o texto ter
3. No caso previsto no número anterior, é nomeado, sem VLGRLQWHJUDOPHQWHUHYLVWRHVHLGHQWL¿TXHDHQWLGDGHTXHR
encargos para a pessoa que não falar a língua portuguesa ou elaborou.
não a compreender bem, um intérprete idóneo. 3. Podem igualmente utilizar-se fórmulas antecipada-
4. É, do mesmo modo, nomeado intérprete para traduzir mente impressas ou carimbos com espaços em branco que
documentos exarados em língua que não seja a portuguesa, são preenchidos ou completados e, depois de prontos, rubri-
desacompanhados de tradução autenticada. cados e assinados, mediante, nomeadamente, assinatura
5. O intérprete é nomeado pela autoridade judiciária ou electrónica, por quem possa e deva fazê-lo.
de polícia criminal que presidir o acto ou a fase em que a 4. Quando o documento for manifestamente ilegível,
nomeação ocorrer. qualquer participante processual interessado pode solicitar
6. O intérprete está sujeito ao segredo de justiça e tam- que dele seja feita transcrição mecânica, digital ou equiva-
bém não pode revelar as conversas entre o arguido e o seu
lente, sem encargos para si.
GHIHQVRUVRESHQDGHYLRODomRGHVHJUHGRSUR¿VVLRQDO
eSHUPLWLGDDXWLOL]DomRGHDEUHYLDWXUDVFRPVLJQL¿-
7. Aplicam-se aos intérpretes as disposições dos arti-
cado inequívoco, tal como o uso de algarismos para indicar
gos 194.º e 207.º
datas e números, salvo no que respeita a penas, a valores de
8. A inobservância do disposto nos n.os 1 a 3 determina a
nulidade do acto. indemnização e a quaisquer outros elementos cuja certeza
for necessário preservar, os quais devem ser mencionados
ARTIGO 106.º
'HFODUDo}HVGHVXUGRPXGRHVXUGRPXGR sempre por extenso.
1. Nas declarações de surdo, mudo ou surdo-mudo 6. Deve ser indicado o lugar da prática do acto, sendo
devem ser observadas as seguintes regras: obrigatória a menção ao dia, mês e ano em que ocorrer
a) Ao surdo formulam-se as perguntas por escrito, e, mesmo, a hora em que se iniciar e em que se concluir,
respondendo ele oralmente; quando o acto privar ou restringir a liberdade das pessoas ou
b) Ao mudo formulam-se perguntas oralmente, res- afectar qualquer outro dos seus direitos fundamentais.
pondendo ele por escrito; ARTIGO 108.º
c) Ao surdo-mudo formulam-se as perguntas por (Assinatura)
escrito, respondendo, ele também por escrito.
1. O auto escrito a que tiver de reduzir-se um acto
2. Se o surdo, mudo, ou surdo-mudo não souber ler ou
escrever, a autoridade judiciária ou de polícia criminal que processual, mesmo quando interrompido para continuar
presidir o acto nomeia-lhe intérprete idóneo. posteriormente, é, depois de lido, assinado por quem a ele
3. Quando as declarações tiverem de ser prestadas em presidir, pelos respectivos participantes e pelo funcionário
audiência, pode o Tribunal nomear, desde logo, intérprete de justiça que o redigir, sendo as folhas não assinadas rubri-
idóneo, independentemente de o surdo, o mudo ou o surdo- cadas por todos.
-mudo saber ler e escrever. 2. Se as pessoas indicadas no número anterior não pude-
4. A nomeação a que se referem os n.os 2 e 3 deve recair rem ou se recusarem a assinar, deve mencionar-se no auto
sobre pessoa que entenda a língua gestual ou a leitura global
quer a impossibilidade quer a recusa quer, ainda, os motivos
ou, não a havendo, sobre pessoas próximas do surdo, mudo
alegados pelo recusante ou pelas pessoas impossibilitadas
ou surdo-mudo, habituadas a conviver com eles.
5. O disposto nos números anteriores é igualmente apli- de o fazer.
cável aos requerimentos orais, à prestação de juramento e a 3. As assinaturas e as rubricas devem ser feitas pelo pró-
qualquer indicação ou advertência, feitas ao surdo, mudo ou prio punho, sendo proibido, para assinar, o uso de chancelas
surdo-mudo. ou de qualquer outro meio de reprodução.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5461

ARTIGO 109.º 4. Os requerimentos de interveniente no processo que


(Oralidade dos actos)
não seja arguido pode ser assinado pelo próprio requerente,
1. Salvo se a lei estabelecer forma diferente, os depoi- quando não tiver advogado constituído ou quando, tendo-
mentos e as declarações são prestados oralmente, não sendo, -o, o advogado não puder assiná-lo e o requerimento tiver
sem prejuízo do disposto no número seguinte, permitida, por objectivo a prática de acto processual sujeito a prazo de
em sua substituição, a leitura de textos escritos previamente
caducidade.
elaborados.
5. Os requerimentos orais, quando forem permitidos por
2. A entidade que presidir o acto pode, porém, autori-
lei, são consignados no auto.
zar que o depoente ou o declarante se sirva, como auxiliares
da memória, de apontamentos escritos, mencionando-se no ARTIGO 112.º
(Auto)
auto essa utilização.
3. No caso do número anterior, a entidade que presidir o 1. Os actos processuais são documentados através de um
acto deve tomar as medidas necessárias em defesa da espon- auto, salvo se, por lei, de outro modo for estabelecido.
taneidade dos depoimentos e das declarações, podendo 2. O auto é um instrumento em que se dá fé dos termos
ordenar que o depoente ou o declarante mostrem os apon- em que os actos processuais de forma oral se desenrolaram,
tamentos de que se serviram e esclareçam se foram eles, ou do teor dos requerimentos nele apresentados, das promoções
não, que espontaneamente os redigiram ou se foram orien- efectuadas, das declarações prestadas e das decisões orais
tados e por quem. tomadas, a que tiver assistido a entidade que o redigir.
4. As sentenças e despachos proferidos oralmente são 3. O auto relativo ao debate em instrução contraditória e
consignados no auto. à audiência de julgamento chama-se acta.
5. O disposto no presente artigo não prejudica a aplica- 4. O auto pode ser redigido em forma integral ou em
ção dos preceitos legais que autorizem ou proíbam a leitura forma resumida, por súmula.
de textos em audiência. 5. No caso de ser arguida a desconformidade entre o que
ARTIGO 110.º consta do auto e o que na realidade ocorreu, deve a arguição
(Actos decisórios) VHUFRQVLJQDGDFRPDLQGLFDomRGDVUHFWL¿FDo}HVSUHWHQGL-
1. Os actos decisórios dos juízes assumem a forma de: das, após o que, ouvidos os intervenientes interessados que
a) Despacho, quando conhecem de questões interlo- estiverem presentes, a entidade que preside ao acto profere
cutórias ou puserem termo ao processo, fora do GHFLVmR GH¿QLWLYD PDQWHQGR RX PRGL¿FDQGR D UHGDFomR
caso previsto nas alíneas seguintes; inicial.
b) 6HQWHQoD TXDQGR FRQKHFHP D ¿QDO GR REMHFWR
ARTIGO 113.º
do processo e forem proferidos por um Tribunal (Auto por súmula)
singular;
1. Quando os actos processuais a documentar se revis-
c)$FyUGmRTXDQGRFRQKHFHPD¿QDOGRREMHFWRGR
tam de simplicidade ou de pequena relevância, o juiz ou o
processo e forem proferidos por um Tribunal
Colegial. Ministério Público que a eles presidir pode autorizar que o
2. O Ministério Público toma decisões através de auto seja redigido por súmula.
despachos. 2. Se o auto for redigido por súmula, a autoridade que
3. Os actos decisórios referidos nos números anteriores presidir ao acto deve procurar que a súmula corresponda, no
obedecem aos requisitos formais dos actos escritos ou orais, fundamental, ao que nele se tiver passado.
conforme o caso. ARTIGO 114.º
4. Os actos decisórios são sempre fundamentados, indi- (Conteúdo do auto)
FDQGRVH DV UD]}HV GH IDFWR H GH GLUHLWR TXH MXVWL¿FDP D 1. Além dos requisitos de forma previstos para os actos
decisão. escritos, o auto deve conter:
ARTIGO 111.º a) $ LGHQWL¿FDomR GDV SHVVRDV TXH LQWHUYLHUDP QR
(Exposições, memoriais e requerimentos)
acto;
1. O arguido e os restantes intervenientes processuais
b) As causas, quando conhecidas, da ausência das
podem, em qualquer fase, apresentar exposições, memoriais
pessoas convocadas para o acto;
ou requerimentos, desde que eles se mantenham no âmbito
c)$GHVFULomRHVSHFL¿FDGDHULJRURVDGRHVVHQFLDOVH
GRREMHFWRGRSURFHVVRRXTXHWHQKDPSRU¿QDOLGDGHVDOYD-
tiver passado no acto processual, nomeadamente,
guardar os seus direitos fundamentais.
2. As exposições, os memoriais e os requerimentos do da intervenção de cada um dos participantes, das
arguido são assinados por si ou pelo seu defensor. declarações prestadas, do modo como o foram e
3. As exposições e os memoriais dos restantes inter- das circunstâncias em que o foram, dos documen-
venientes no processo, são assinados pelo respectivo tos apresentados e dos resultados obtidos;
advogado, se o tiverem constituído, ou pelos requerentes, d) A descrição de qualquer ocorrência relevante para a
no caso contrário. apreciação da prova ou da regularidade do acto.
5462 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Os factos descritos num auto fazem fé em juízo, nos $ UHIRUPD p RUGHQDGD SHOR MXL] R¿FLRVDPHQWH RX D
termos do artigo 190.º, salvo se a sua autencidade ou veraci- requerimento do Ministério Público, do arguido, do assis-
dade for posta em causa. tente ou da parte civil.
ARTIGO 115.º 3. Na fase de instrução preparatória, a reforma é ordenada
(Redacção do auto) SHOR 0LQLVWpULR 3~EOLFR R¿FLRVDPHQWH RX D UHTXHULPHQWR
1. O auto é redigido pelo funcionário de justiça ou de do arguido, do assistente ou da parte civil.
polícia criminal, conforme o caso, sob a direcção e controlo 4. A reforma segue os termos previstos na lei reguladora
da autoridade que presidir o acto. GRSURFHVVRFLYLOFRPDVPRGL¿FDo}HVGDVDOtQHDVVHJXLQWHV
2. Se o auto for redigido com o uso de meios mecânicos a) Na fase judicial, na conferência intervêm o Minis-
ou digitais de escrita, a entidade que presidir o acto pode tério Público, o arguido, o assistente e a parte
autorizar que técnicos estranhos ao serviço prestem apoio ao civil;
funcionário encarregado da sua redacção. b) O acordo obtido, que é transcrito no auto, só supre
3. No caso do número anterior, o técnico deve ser infor- o processo em matéria civil, sendo meramente
PDGRGHTXH¿FDVHHVVHIRURFDVRVXMHLWRDRVHJUHGRGH informativo em matéria penal.
justiça.
CAPÍTULO III
ARTIGO 116.º Tempo da Prática dos Actos Processuais
(Registo e transcrição)
ARTIGO 119.º
1. Quando forem utilizados meios técnicos de registo (Momento da prática de actos processuais)
diferentes da escrita comum, nomeadamente, meios este-
1. Os actos processuais praticam-se, em regra, nos dias
QRJUi¿FRV HVWHUHRWtSLFRV JUDYDo}HV PDJQHWRIyQLFDV RX
úteis, às horas normais de expediente dos serviços de justiça
audiovisuais, o funcionário que deles se tiver socorrido ou,
e fora do período de férias judiciais.
na sua falta ou impossibilidade, pessoa idónea procede à
2. Podem ser praticados fora das horas de expediente e,
transcrição das declarações no prazo mais curto possível, mesmo, aos sábados, domingos, feriados e dias de tolerân-
GHYHQGRDHQWLGDGHTXHSUHVLGLUDRDFWRFHUWL¿FDUVHDQWHV cia de ponto:
de assinar, da perfeita conformidade daquela transcrição. a) Os actos processuais relativos a arguidos detidos
$VIROKDVHVWHQRJUDIDGDVDV¿WDVHVWHUHRWLSDGDVRXDV ou presos ou indispensáveis à garantia da liber-
gravações são apensas ao auto juntamente com a transcrição
dade das pessoas;
ou, não sendo a apensação possível, devidamente guardadas
b) Os actos relativos a processos sumários;
GHSRLVGHVHODGDVQXPHUDGDVHLGHQWL¿FDGDVFRPRSURFHVVR
c) Quaisquer outros actos em relação aos quais, por
a que se referem.
razões de necessidade urgente, a autoridade
ARTIGO 117.º judiciária competente considerar que devem
(Peças processuais perdidas, extraviadas ou destruídas)
realizar-se aos sábados, domingos, feriados e
1. Se o original da sentença ou de outra peça processual dias de tolerância de ponto ou dentro das férias
for, por qualquer razão, destruído, total ou parcialmente, ou
judiciais.
se extraviar e não for possível recuperá-lo, qualquer cópia 3. Os actos de instrução preparatória ou de instrução
autêntica tem o valor de original. contraditória, quando esta for requerida pelo arguido, bem
 2 7ULEXQDO R¿FLRVDPHQWH RX D UHTXHULPHQWR GR como os relativos à audiência de julgamento, podem iniciar-
Ministério Público, do assistente ou da parte civil, pode -se ou prosseguir durante as férias judiciais se, por despacho
ordenar, por despacho, que a pessoa ou entidade que deti- fundamentado, a autoridade judiciária competente conside-
ver cópia autêntica a entregue na secretaria do Tribunal, sem rar que há vantagens em que assim seja.
SUHMXt]RGRGLUHLWRFRPTXH¿FDGHREWHUDWtWXORJUDWXLWR 4. Podem, do mesmo modo, praticar-se em férias
outra cópia autêntica. judiciais e fora dos dias úteis decisões das autoridades judi-
3. Na posse da cópia autêntica, a secretaria coloca-a no ciárias e actos de mero expediente, sempre que isso se torne
lugar em que devia estar o original. necessário.
4. Se não for possível actuar de harmonia com os núme- ARTIGO 120.º
ros anteriores, procede-se à sua reforma nos termos do artigo (Momento em que não se efectua o interrogatório)
seguinte. 1. O interrogatório do arguido não pode ser efectuado,
ARTIGO 118.º sob pena de nulidade, entre as 0 e as 7 horas, salvo quando,
(Reforma de auto perdido, extraviado ou destruído) em acto seguido à detenção, o arguido o solicitar ou quando
1. A reforma de auto perdido, extraviado ou destruído se tratar de criminalidade violenta, altamente organizada,
tem lugar no Tribunal da 1.ª instância em que o processo cor- crimes de terrorismo, organização terrorista, e houver fun-
reu ou deva correr, ainda que se tenha perdido, extraviado ou dada suspeita da prática eminente de crime susceptível de
destruído no Tribunal de recurso. pôr em risco a vida ou integridade física das pessoas.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5463

2. O interrogatório do arguido tem a duração máxima de ARTIGO 124.º


(Prática do acto fora de prazo)
4 horas, só podendo ser retomado uma só vez, em cada dia,
depois de um intervalo de 2 horas e com o mesmo limite de 1. O decurso do prazo concedido para a prática de um
duração. Tratando-se de criminalidade complexa, os perío- acto processual extingue o direito de o praticar.
dos de duração máxima do interrogatório são acrescidos de 2. O acto pode, porém, ser praticado fora do prazo, em
1 hora. caso de justo impedimento.
3. São nulas, não podendo ser utilizadas como prova, as 3. Independentemente de justo impedimento, o acto
declarações prestadas para além dos limites previstos nos pode, ainda, ser praticado no primeiro dia útil seguinte ao
n.os 1 e 2 deste artigo. termo do prazo contra o depósito do valor de uma multa
equivalente à 500 Unidades de Referência Processual.
ARTIGO 121.º
(Contagem dos prazos) ARTIGO 125.º
(Justo impedimento)
1. Os prazos processuais são contínuos e começam a cor-
rer independentemente de qualquer formalidade. 1. Considera-se justo impedimento, para o efeito do dis-
posto no n.º 2 do artigo anterior, o facto não imputável ao
 2V SUD]RV SURFHVVXDLV VmR ¿[DGRV HP KRUDV GLDV
interveniente processual, que o impediu de praticar, dentro
meses e anos, segundo o calendário em vigor.
do prazo, o acto processual.
3. O prazo que terminar num sábado, domingo, dia de
2. Quem alegar justo impedimento deve, no prazo de
feriado, de tolerância de ponto ou em período de férias judi-
cinco dias a contar da data em que ele cessou, requerer à
ciais é transferido para o primeiro dia útil seguinte.
autoridade judiciária que dirigir a fase do processo a que o
2SUD]R¿[DGRHPVHPDQDVPHVHVRXDQRVDFRQWDU acto diz respeito que o admita a praticar o acto fora de prazo,
de certa data, termina às 24 horas do dia que corresponder, indicando no requerimento a prova de que dispuser.
dentro da última semana, mês ou ano, a essa data e se, no 3. Ouvidos os restantes sujeitos processuais e, se for
~OWLPRPrVQmRKRXYHUGLDFRUUHVSRQGHQWHRSUD]R¿QGDQR necessário, produzida a prova oferecida, a autoridade judi-
último dia desse mês. ciária referida no número anterior deve proceder, se for
5. Na contagem do prazo não se inclui o dia nem a hora, possível e sendo caso disso, à renovação dos actos a que o
salvo se o prazo for de horas, em que ocorrer o evento a par- requerente tinha o direito de assistir.
tir do qual o prazo começa a correr.
6. O prazo para fazer uma declaração, entregar um docu- CAPÍTULO IV
mento ou praticar qualquer outro acto na secretaria de um 1RWL¿FDomRH&RPXQLFDomR(QWUH6HUYLoRV
VHUYLoRGHMXVWLoD¿QGDQRPRPHQWRHPTXHQRVWHUPRVGD de Justiça e Outras Entidades
lei ou de regulamento, aquela fechar ao público. SECÇÃO I
7. Correm mesmo em férias os prazos para a prática dos 1RWL¿FDomR
actos referidos nos n.os 2 e 3 do artigo 119.º
ARTIGO 126.º
ARTIGO 122.º 2EMHFWLYRVGDQRWL¿FDomR
(Prazo para a prática de actos e passagem de mandados)
$ QRWL¿FDomR p R PHLR KDELWXDO GH FRPXQLFDomR GH
1. Salvo disposição legal que disponha diferentemente, actos processuais e utiliza-se para:
o prazo para a prática de um acto processual é de oito dias. a) Ordenar a comparência de pessoas perante os ser-
2. O prazo para os funcionários de justiça lavrarem os viços de justiça;
termos do processo e passarem os mandados é, sem prejuízo b) Convocar alguém para participar num acto proces-
do disposto no número seguinte ou de prazo diferente esta- sual;
belecido no presente Código, de dois dias. c) Dar a conhecer o conteúdo de um acto processual
3. Os funcionários de justiça lavram os termos e pas- ou de uma decisão proferida no processo.
sam os mandados imediatamente e com prevalência sobre $ QRWL¿FDomR p IXQomR H UHVSRQVDELOLGDGH GD VHFUH-
qualquer outro serviço no caso de haver arguidos detidos ou WDULDDWtWXORR¿FLRVRRXHPYLUWXGHGHGHVSDFKRSURIHULGR
SUHVRVHRSUD]R¿[DGRQRQ~PHURDQWHULRUSRGHUDIHFWDUR por autoridade judiciária ou de polícia criminal, podendo
tempo de privação da liberdade. ser executada por funcionário de justiça ou agente adminis-
trativo, de serviço postal ou de polícia, nomeadamente de
ARTIGO 123.º
(Renúncia ao decurso do prazo) polícia criminal, designados e credenciados para esse efeito.
1. A pessoa ou entidade em benefício da qual um prazo ARTIGO 127.º
)RUPDVGHQRWL¿FDomR
foi estabelecido pode, mediante requerimento dirigido à
autoridade judiciária que dirigir a fase do processo a que o $QRWL¿FDomRID]VH
acto disser respeito, renunciar ao respectivo prazo. a)1DSUySULDSHVVRDGRQRWL¿FDQGRQROXJDUHPTXH
2. Quando o prazo for estabelecido em benefício de mais for encontrado;
de uma pessoa ou entidade, todos eles devem requerer a b) Por via postal, através de carta registada com
renúncia, em conjunto ou separadamente. aviso de recepção se, no lugar do destino, hou-
3. Os requerimentos referidos nos números anteriores ver distribuição regular de correspondência ao
devem ser despachados no prazo máximo de 24 horas. domicílio;
5464 DIÁRIO DA REPÚBLICA

c) Por qualquer meio idóneo destinado a dar conheci- 3. A comunicação por meio electrónico ou outro meio
mento de um facto, designadamente, por carta ou similar de comunicação à distância, prevista na alínea c) do
aviso protocolados ou entregues contra recibo ou Qž  GR DUWLJR ž Vy YDOH FRPR QRWL¿FDomR GHVGH TXH
meio, eléctrico ou electrónico, de comunicação possa fazer-se a prova da sua recepção pelo advogado ou por
à distância, desde que, neste último caso, possa um empregado do seu escritório.
ID]HUVHSURYDGDUHFHSomRSHORQRWL¿FDQGR ARTIGO 129.º
1RWL¿FDomRDR0LQLVWpULR3~EOLFR
d) Mediante editais e anúncios.
 &RQVLGHUDVH SHVVRDO D QRWL¿FDomR IHLWD HP SHVVRD $VQRWL¿FDo}HVDR0LQLVWpULR3~EOLFRVmRHIHFWXDGDVSRU
residente na área de competência territorial do Tribunal que termo no processo.
D RUGHQD GLIHUHQWH GR QRWL¿FDQGR TXH HVWH LQGLFDU SDUD R ARTIGO 130.º
HIHLWRGHUHFHEHUDVQRWL¿FDo}HVTXHOKHIRUHPGLULJLGDV (Convocação para actos processuais)

 $V QRWL¿FDo}HV DR DUJXLGR DR DVVLVWHQWH H jV SDU- 1. Para convocar uma pessoa a comparecer em acto pro-
tes civis, quando não tenham de ser feitas ao próprio, cessual, que não seja o arguido, pode ser utilizado qualquer
podem efectuar-se na pessoa do defensor ou de advogado meio idóneo destinado a dar conhecimento de um facto,
constituído. nomeadamente o telefone, lavrando-se cota no auto e indi-
4. A acusação, o pedido de indemnização, os despachos cando-se o meio utilizado.
2. A convocação pode fazer-se por telefone, com o
de pronúncia ou de não pronúncia, a sentença e os despachos
PHVPRYDORUGDQRWL¿FDomRVHPSUHTXH
que designarem dia para julgamento e ordenarem a aplicação
a)+RXYHUXUJrQFLDMXVWL¿FDGDQDFRQYRFDomR
de medidas de coacção e garantia patrimonial são pessoal-
b)$FRQYRFDomRWHOHIyQLFDIRUFRQ¿UPDGDSRVWHULRU-
PHQWH QRWL¿FDGRV WDQWR DR DUJXLGR DR DVVLVWHQWH H j SDUWH PHQWHSRUTXDOTXHUPHLRHVFULWRRXRQRWL¿FDQGR
civil como ao respectivo defensor ou advogado constituído. ¿]HUDFRQWUDSURYDGHTXHVHWUDWDGHWHOHIRQHPD
5. No caso previsto no número anterior, o prazo para a ¿GHGLJQRHR¿FLDO
prática do acto processual consequente conta-se a partir da 3. Para efeitos da última parte da alínea b) do número
~OWLPD QRWL¿FDomR R PHVPR VH SDVVDQGR TXDQGR KRXYHU anterior, quem proceder à comunicação deve fornecer ao
YiULRVDUJXLGRVRXDVVLVWHQWHVQRWL¿FDGRV QRWL¿FDQGRQRWDGRVHXQRPHHGDTXDOLGDGHHPTXHRFRQ-
$ QRWL¿FDomR p DFRPSDQKDGD GH WUDQVPLVVmR FySLD YRFDGDQDWXUH]DH¿PGRDFWRSDUDRTXDOpFRQYRFDGRGR
ou resumo do teor do despacho ou mandado que a ordenou, número do terminal telefónico que está a utilizar e de que a
sempre que, com ela, se: FRQYRFDomRWHOHIyQLFDUHFHELGDSHORQRWL¿FDQGRRXSRUSHV-
a)&RPXQLFDURLQtFLRRXR¿PGRSUD]ROHJDOPHQWH VRDTXHFRPHOHUHVLGLUWHPRYDORUGHQRWL¿FDomR
estabelecido, com a cominação de caducidade; 4. Da convocação telefónica lavra-se a devida cota no
b) Convocar alguém para interrogatório, para decla- processo, com a menção do dia e da hora em que ocorreu, do
QRPHHGHRXWURVHOHPHQWRVLGHQWL¿FDGRUHVGDSHVVRDTXHD
rações ou para participar em debate instrutório
recebeu e de que foi feita a contra-prova daquela convoca-
ou em audiência de julgamento;
omRRXTXHIRLFRQ¿UPDGDSRUTXDOTXHUPHLRHVFULWR
c) Convocar pessoa que, tendo antes sido convocada 5. Se a pessoa convocada por telefone se encontrar fora
sem cominação, não comparecer; da Comarca ou do País, deve ser feita observação na cota.
d) Convocar arguido para lhe ser aplicada medida de
ARTIGO 131.º
coacção ou de garantia patrimonial. 1RWL¿FDomRSRUYLDSRVWDO
7. As comunicações feitas a quem estiver presente num 4XDQGRDQRWL¿FDomRIRUIHLWDSRUYLDSRVWDOQRURVWR
acto processual, pela entidade que presidir a esse acto, têm GRHQYHORSHGHYHLQGLFDUVHR¿PGDQRWL¿FDomRHLGHQWL¿-
RYDORUGHQRWL¿FDomRVH¿FDUHPFRQVLJQDGDVQRUHVSHFWLYR car-se o Tribunal ou o serviço que a ordenou, assim como o
auto. processo a que disser respeito.
ARTIGO 128.º 2. O aviso de recepção é assinado pelo destinatário ou
1RWL¿FDomRDDGYRJDGR
por uma pessoa que residir ou trabalhar na morada indicada
 $V QRWL¿FDo}HV D DGYRJDGR SRGHP VHU IHLWDV SHV- e receber o envelope, os quais devem ser, na ocasião, devi-
soalmente no Tribunal ou outro serviço de justiça ou em GDPHQWHLGHQWL¿FDGRV
qualquer lugar em que for encontrado. 3. No caso de:
$QRWL¿FDomRWDPEpPSRGHVHUIHLWD a) O destinatário se recusar a assinar o aviso de
a) No respectivo escritório, na pessoa de um empre- recepção, o funcionário dos correios entrega-lhe
gado, se dele o advogado estiver ausente; a carta e lavra nota do incidente;
b)3RUFRPXQLFDomRWHOHIyQLFDSDUDRV¿QVHQRVWHU- b) O destinatário se recusar a receber a carta, o fun-
mos do artigo 130.º; cionário dos correios lavra nota do incidente e
c) Por qualquer outro dos meios previstos no devolve-a com a nota ao Tribunal ou serviço que
artigo 127.º a remeteu;
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5465

c) O destinatário não ser encontrado, a carta é entre- ARTIGO 134.º


(Requisição da força pública)
gue à pessoa que com ele viver ou trabalhar,
lavrando o funcionário dos correios nota dessa 1. O funcionário de justiça pode, para efectuar uma
circunstância. QRWL¿FDomRRXFXPSULUXPPDQGDGRVROLFLWDURDX[tOLRHD
colaboração das forças da ordem e requisitar, se necessário,
4. Se, no caso da alínea c) do número anterior, a pessoa
a intervenção da força pública à autoridade mais próxima
nele referida se recusar a assinar o aviso de recepção ou a
GRORFDORQGHDQRWL¿FDomRGHYHVHUHIHFWXDGDHRPDQGDGR
receber a carta, o funcionário dos correios procede como,
cumprido.
correspondentemente, se estabelece nas alíneas a) e b) do
6HDLQGDDVVLPQmRWLYHUFRQVHJXLGRHIHFWXDUDQRWL¿-
mesmo número.
cação ou cumprir o mandado, o funcionário de justiça redige
5. Se não for possível, por qualquer razão, proceder de
DXWRHPTXHGHYHHVSHFL¿FDUDVGLOLJrQFLDVDTXHSURFHGHX
harmonia com os n.os 3 e 4, os serviços dos correios lavram
transmitindo-o, no mais curto período de tempo possível, à
nota das ocorrências e devolvem a carta, com a nota, ao HQWLGDGHTXHWLYHURUGHQDGRDQRWL¿FDomRRXRPDQGDGR
Tribunal ou serviço que a remeteu.
ARTIGO 135.º
6. Os factos referidos a coberto dos n.os 3 e 4 valem, para )DOWDLQMXVWL¿FDGDGHFRPSDUrQFLD
WRGRVRVHIHLWRVFRPRDFWRGHQRWL¿FDomR
 4XHP GHYLGDPHQWH QRWL¿FDGR QmR FRPSDUHFHU QR
1RFDVRGRQžDOtQHDVD HE DQRWL¿FDomRFRQVL- GLDKRUDHORFDOGHVLJQDGRVHQmRMXVWL¿FDUDIDOWDQRVWHU-
dera-se feita na data em que foi assinado o aviso de recepção PRV GR DUWLJRVHJXLQWHp FRQGHQDGR QXPD TXDQWLDD ¿[DU
e, no caso do n.º 3, alínea c) e do n.º 4, 3 dias depois de o entre 204 e 1022 Unidades de Referência Processual.
aviso de recepção ter sido assinado ou de as notas terem sido 2. O juiz pode, sem prejuízo de multa aplicada ao faltoso,
lavradas. ordenar a sua detenção pelo tempo necessário à realização
8. Têm o mesmo valor da carta registada com aviso de GDGLOLJrQFLDVHR¿PGDPHVPDRMXVWL¿FDUHFRQGHQiORD
recepção a carta ou aviso protocolados ou entregues, contra pagar as despesas causadas pela não comparência.
UHFLERjSHVVRDDQRWL¿FDUSHORVIXQFLRQiULRVRXDJHQWHVD 3. Se a falta ocorrer na fase de instrução preparatória,
que se refere o n.º 2 do artigo 126.º pode o Ministério Público ordenar que o faltoso compareça
9. Aplica-se, correspondentemente, à carta ou aviso pro- aos autos, sob custódia, o tempo necessário para o cumpri-
tocolados ou entregues contra recibo o disposto nos n.os 3 a 6. mento da diligência.
ARTIGO 132.º  6H IRU DFHLWH D MXVWL¿FDomR ¿FD VHP HIHLWR D FRQGH
1RWL¿FDomRHPFDVRVHVSHFLDLV nação.
$QRWL¿FDomRGHSHVVRDSUHVDpUHTXLVLWDGDDRGLUHFWRU 5. Se a falta for do Ministério Público ou de advogado,
do estabelecimento prisional e efectuada pelo funcionário é logo dada a conhecer ao superior hierárquico ou à Ordem
TXHHOHGHVLJQDUQDSHVVRDGRQRWL¿FDQGR dos Advogados de Angola, respectivamente.
$QRWL¿FDomRDIXQFLRQiULRS~EOLFRRXDDJHQWHDGPL- ARTIGO 136.º
-XVWL¿FDomRGDIDOWDGHFRPSDUrQFLD
nistrativo pode fazer-se por qualquer dos meios estabelecidos
no artigo 127.º ou por requisição ao respectivo serviço, não 1. A falta de comparência a acto para que se tiver sido
QHFHVVLWDQGRSRUpPDFRPSDUrQFLDGRQRWL¿FDGRGHDXWRUL- QRWL¿FDGR RX FRQYRFDGR GHYH FRQVLGHUDUVH MXVWL¿FDGD
zação do respectivo superior hierárquico. quando for determinada por facto que impediu o faltoso de
comparecer e não possa ser-lhe imputado.
3. Salvo se for requisitado, deve o funcionário ou agente
$MXVWL¿FDomRpUHTXHULGDDWpGLDVDSDUWLUGDIDOWD
DGPLQLVWUDWLYR QRWL¿FDGR GDU LPHGLDWR FRQKHFLPHQWR GD
3. A prova deve, na medida do possível, acompanhar o
QRWL¿FDomRDRVHXVXSHULRUHDSUHVHQWDUOKHSRVWHULRUPHQWH
requerimento ou nele ser indicada, não podendo ser arrola-
documento comprovativo da comparência ao acto ou no ser-
das mais de 3 testemunhas.
viço que a ordenou.
6HIRUGRHQoDDUD]mRDOHJDGDGHYHRIDOWRVRMXVWL¿FDU
ARTIGO 133.º DIDOWDFRPFRPSURYDWLYRPpGLFRHPTXHVHMDPHVSHFL¿FD-
1RWL¿FDomRHGLWDO
das as razões que o impossibilitaram de comparecer ao acto
$ QRWL¿FDomR HGLWDO QRV FDVRV HP TXH D OHL D GHWHU- processual e se declare a duração previsível da doença gera-
PLQDFRQVLVWHQDD¿[DomRGHXPHGLWDOjSRUWDGR7ULEXQDOH dora do impedimento.
de outro à porta da última residência conhecida do arguido. 5. Em caso de dúvida, o magistrado competente pode
$QRWL¿FDomRSRGHVHUFRPSOHPHQWDGDFRPDQ~QFLRV ordenar a comparência do médico que passou o comprova-
publicados em dois dias seguidos, em um dos jornais de maior tivo médico ou a comprovação deste por outro médico.
circulação na localidade da última residência conhecida do 6. Se não for possível ao faltoso obter comprovativo
arguido, quando a lei o determinar ou quando se entender médico, a doença pode ser comprovada por qualquer outro
que a publicação dos anúncios é útil ou conveniente. meio admissível por lei.
5466 DIÁRIO DA REPÚBLICA

SECÇÃO II e) A violação das regras de competência do Tribunal,


Comunicação entre Serviços de Justiça e outras Entidades
sem prejuízo do disposto no artigo 28.º;
ARTIGO 137.º f) O emprego do processo sumário, fora dos casos em
(Formas de comunicação)
que a lei o permitir;
Os serviços de justiça comunicam entre si e com outras g) A não realização de actos legalmente obrigatórios
entidades, através de: na instrução preparatória ou contraditória, e a
a) Mandado, quando se ordenar a prática de um acto omissão posterior de diligências essenciais à
processual a uma entidade com um âmbito de
descoberta da verdade.
funções situado na área de competência territo-
2. A não realização dos actos a que se refere a alínea g)
rial da entidade que deu a ordem;
do número anterior só determina a nulidade se os actos ainda
b) Carta precatória, quando se solicitar a prática de
puderem praticar-se ou se a sua prática ainda for susceptível
um acto processual fora dos limites referidos na
de aproveitar à descoberta da verdade.
alínea anterior, mas em território nacional;
c) Carta rogatória, quando se solicitar a prática de um ARTIGO 141.º
(Nulidades sanáveis)
acto processual em território estrangeiro;
d) Ofício, telegrama, telefone, telex, telecópia, 1. As nulidades não referidas no artigo anterior são
correio electrónico ou qualquer outro meio de arguíveis, por iniciativa dos interessados e regulam-se pelas
telecomunicações, quando estiver em causa um disposições do presente artigo e do artigo seguinte.
SHGLGRGHQRWL¿FDomRRXTXDOTXHURXWURWLSRGH 2. Além das prescritas em outras disposições legais, cons-
transmissão de mensagens. tituem nulidades dependentes da arguição dos interessados:
a) O emprego de uma forma de processo, quando a
CAPÍTULO V lei ordenar o emprego de outra, salvo quando se
Nulidades
tratar da prevista na alínea f) do artigo anterior;
ARTIGO 138.º b)$DXVrQFLDSRUIDOWDGHQRWL¿FDomRGRDVVLVWHQWH
(Formas de invalidade dos actos processuais)
e da parte civil, quando a presença deles for
A menos que sejam juridicamente inexistentes, os actos obrigatória;
processuais praticados em violação ou sem observância da c) A falta de nomeação de intérprete, quando a lei a
Lei Processual Penal que os regula são nulos ou irregulares.
impuser.
ARTIGO 139.º 3. As nulidades a que se refere o número anterior, têm de
(Princípio da legalidade das nulidades processuais)
ser arguidas:
1. Os actos processuais a que se refere o artigo anterior a) Se o interessado estiver presente na realização do
só são nulos quando a lei expressamente os cominar com a
acto ferido de nulidade, antes que ele termine;
nulidade.
b) Quando se tratar da nulidade estabelecida na alínea
2. Quando a lei não prescrever a nulidade, os actos pra-
b) do número anterior, no prazo de 5 dias a partir
ticados sem observância das disposições da Lei Processual
GDQRWL¿FDomRGRGHVSDFKRTXHGHVLJQDUGLDSDUD
Penal são irregulares.
3. As disposições do presente capítulo não prejudicam as audiência de julgamento;
relativas às proibições de prova a que se refere o artigo 146.º c) Quando se tratar de nulidades cometidas nas fase
de instrução contraditória, até ser encerrado
ARTIGO 140.º
(Nulidades insanáveis) o debate a que se refere o artigo 341.º ou, não
1. Sem prejuízo dos actos que, em outras disposições tendo havido instrução contraditória, no prazo
legais, forem cominados do mesmo modo, são nulidades GHGLDVDSDUWLUGDQRWL¿FDomRGRGHVSDFKRTXH
insanáveis: tiver declarado encerrada a instrução preparató-
a) A falta do número legal de juízes ou a violação das ria;
normas que regulam a constituição do Tribunal; d) No início da audiência, nas formas de processo
b) A ausência do Ministério Público, do arguido e do especial.
seu defensor, nos actos em que, por lei, a sua
ARTIGO 142.º
presença for obrigatória; (Sanação das nulidades)
c) A promoção do Processo Penal por pessoa ou enti-
dade diferente do Ministério Público, nos casos $V QXOLGDGHV D TXH VH UHIHUH R DUWLJR DQWHULRU ¿FDP
em que essa promoção legalmente lhe competir; sanadas com o decurso dos prazos referidos no n.º 3 do
d) A falta de instrução preparatória, quando a lei não mesmo artigo ou sempre que, antes de eles decorrerem, os
a dispensar, e a falta de instrução contraditória, interessados expressamente:
sempre que tiver sido requerida nas condições e a) Renunciarem ao direito de as arguir;
nos termos estabelecidos por lei; b) Aceitarem os efeitos do acto anulável.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5467

$VQXOLGDGHV¿FDPLJXDOPHQWHVDQDGDVQRFDVRGHR 2. Constituem objecto da actividade probatória os factos


interessado ter tirado proveito da faculdade que o acto anu- juridicamente relevantes para:
OiYHOWLQKDSRU¿PJDUDQWLU a) Averiguar da existência ou não de uma infracção
3. A nulidade da alínea c) do n.º 2 do artigo anterior con- penal e da punibilidade ou não do respectivo
sidera-se sanada quando, depois de nomeado intérprete, a agente;
b) Determinar a pena ou medida de segurança que lhe
pessoa ouvida nos autos declarar, por seu intermédio, que
sejam aplicáveis;
UDWL¿FDRSURFHVVDGR c) Declarar, havendo lugar a ela, a responsabilidade
$V QXOLGDGHV UHVXOWDQWHV GH IDOWD RX YtFLR GH QRWL¿- civil do arguido conexo com a sua responsabili-
FDomR RX GH FRQYRFDomR SDUD XP DFWR SURFHVVXDO ¿FDP dade criminal.
sanadas se o interessado comparecer ao acto ou renunciar, ARTIGO 146.º
sendo caso disso, ao direito de comparecer. (Princípio da liberdade e legalidade da prova)
1RFDVRGRQ~PHURDQWHULRUDVDQDomRQmRVHYHUL¿FD 1. Em Processo Penal, a prova é feita por qualquer meio
se o interessado comparecer exclusivamente para arguir a não proibido por lei.
nulidade. 2. São proibidos os meios de prova obtidos mediante
ARTIGO 143.º
ofensa à integridade física ou moral das pessoas.
(Efeitos da declaração de nulidade) 3. Considera-se que ofendem a integridade física ou
moral das pessoas, as provas obtidas, ainda que com o seu
1. As nulidades, depois de declaradas, tornam nulo o acto
consentimento, através, nomeadamente, de:
HP TXH VH YHUL¿FDUHP DVVLP FRPR RV DFWRV FRQVHTXHQWHV a) Tortura, coacção física ou moral, ofensas corpo-
por elas afectados. rais, maus-tratos, hipnose, produção de estados
2. A decisão que declarar a nulidade de um acto proces- crepusculares e administração ou utilização
VXDOGHYHHVSHFL¿FDURVTXHQRVWHUPRVGD~OWLPDSDUWHGR de meios, de qualquer natureza, susceptíveis
número anterior, considerar igualmente nulos, ordenando, de retirar, reduzir ou perturbar a liberdade e a
sempre que isso seja possível e necessário, a sua repetição. capacidade de memória, vontade, avaliação ou
3. As despesas com a repetição dos actos nulos são decisão;
suportadas pelo arguido, assistente ou parte civil que tiver b) Uso de detectores de mentiras ou de meios enga-
nosos ou cruéis;
causado a nulidade.
c) Utilização da força, fora dos casos e dos limites
4. O juiz deve, na decisão a que se refere o n.º 2, apro-
legais;
veitar todos os actos que puderem ser subtraídos ao efeito d) Ameaças com medidas ou promessas de vantagens
da nulidade. legalmente inadmissíveis.
5. O juiz pode julgar suprida qualquer nulidade, conside- 4. As provas obtidas nos termos dos n.os 2 e 3 são nulas.
rando-a irrelevante, sempre que estimar que o acto, apesar 5. O disposto no número anterior é aplicável às provas
de nulo, não impede o apuramento da verdade nem a justa obtidas com intromissão na vida privada, no domicílio, na
decisão da causa penal. correspondência e nas telecomunicações, salvo se houver
consentimento do respectivo titular.
ARTIGO 144.º
(Irregularidades) 6. Sempre que o uso de meios proibidos a que se refere o
presente artigo constituir crime, as provas com eles obtidas
1. As irregularidades só determinam a invalidade do acto só podem ser usadas com o objectivo de proceder criminal-
a que se referem e a dos actos subsequentes por elas afec- mente contra o agente do crime cometido.
tados quando forem arguidas pelos interessados no próprio
ARTIGO 147.º
acto, se a ele assistirem, ou, não estando presentes, no prazo (Princípio da livre apreciação da prova)
GHGLDVDSDUWLUGDTXHOHHPTXHWLYHUHPVLGRQRWL¿FDGRV A prova é apreciada de acordo com as regras da expe-
para qualquer termo do processo ou em que intervierem em riência comum e a livre convicção da entidade competente
acto nele praticado. para proceder à sua apreciação, salvo nos casos em que a lei
2. Aplica-se correspondentemente o disposto no n.º 5 do dispuser de outra forma.
artigo anterior.
CAPÍTULO II
TÍTULO IV Meios de Prova
Prova SECÇÃO I
Prova Testemunhal
CAPÍTULO I
ARTIGO 148.º
Disposições Gerais (Capacidade para testemunhar e dever de testemunhar)
ARTIGO 145.º 1. Todas as pessoas não incluídas no número seguinte e
(Fim e objecto da prova) no artigo 149.º que possam contribuir para a descoberta da
$YHUL¿FDomRGDYHUGDGHGRVIDFWRVTXHIXQGDPHQWDP verdade, são inquiridas no processo como testemunhas, só
a responsabilidade penal do arguido faz-se através da prova. podendo recusar-se nos casos estabelecidos na lei.
5468 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Não possuem capacidade para testemunhar, não sendo 4. As entidades a que se referem os n.os 2 e 3 podem,
admitidos a depor, os interditos por anomalia psíquica. no âmbito das averiguações a que procederem e antes da
3. Sempre que se mostrar necessário, para avaliar correc- decisão que tomarem, solicitar informações e o parecer do
tamente a credibilidade do respectivo depoimento, proceder RUJDQLVPRUHSUHVHQWDWLYRGDSUR¿VVmRH[HUFLGDSHODSHVVRD
jYHUL¿FDomRGDDSWLGmRItVLFDRXPHQWDOGHXPDWHVWHPXQKD TXHLQYRFDURVHJUHGRSUR¿VVLRQDORXVHQGRHODIXQFLRQiULD
deve a autoridade judiciária competente ordenar as diligên- do respectivo superior hierárquico com poderes de direcção.
cias e os exames necessários. ARTIGO 152.º
4. As diligências e os exames ordenados antes do depoi- 'HSRLPHQWRFRPTXHEUDGHVHJUHGRSUR¿VVLRQDO
mento não impedem que este seja imediatamente prestado, 1. Se, no caso do artigo anterior, resultar das averiguações
ressalvados os casos permitidos por lei. TXHDHVFXVDpOHJtWLPDSRGHRMXL]DLQGDDVVLPR¿FLRVD-
ARTIGO 149.º mente ou a requerimento do Ministério Público, do arguido
(Pessoas impedidas de depor) ou do assistente, solicitar ao Tribunal superior que ordene
1. Estão impedidos de ser ouvidos como testemunhas: D SUHVWDomR GR GHSRLPHQWR FRP TXHEUD GR VHJUHGR SUR¿V-
a) O arguido e os co-arguidos no mesmo processo ou VLRQDOVHPSUHTXHDTXHEUDVHMXVWL¿TXHWHQGRHPFRQWDR
em processos conexos, enquanto se mantiver a princípio da prevalência do interesse preponderante, desig-
conexão; nadamente a natureza imprescindível do depoimento para a
b) Os assistentes, a partir do momento da sua cons- descoberta da verdade, a excepcional gravidade do crime e a
tituição;
necessidade imperiosa de protecção de bens jurídicos.
c) As partes civis;
2. Nas fases preliminares de instrução, a quebra do
d) Os peritos, em relação a perícias em que tiveram
intervenção. VHJUHGRSUR¿VVLRQDOpVROLFLWDGDDR7ULEXQDOGD&RPDUFDH
2. As pessoas que não podem depor nos termos do por ele decidida.
número anterior prestam declarações. 3. Se o incidente for suscitado na Câmara Criminal do
Tribunal Supremo, a prestação do depoimento com quebra
ARTIGO 150.º
3HVVRDVTXHSRGHPUHFXVDUVHDGHSRU GHVHJUHGRSUR¿VVLRQDOpGHFLGLGDSHORSOHQiULRGHMXt]HVGD
1. Podem recusar-se a depor como testemunhas: mesma Câmara.
a) 2V DVFHQGHQWHV GHVFHQGHQWHV LUPmRV D¿QV DWp 4. É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 4
ao segundo grau, adoptantes ou adoptados e o do artigo anterior.
cônjuge do arguido; ARTIGO 153.º
(Segredo religioso)
b) Aquele que tiver sido cônjuge do arguido ou que
conviver ou tiver convivido em condições aná- O disposto do artigo 151.º é aplicável, com as devidas
logas às dos cônjuges relativamente a factos DGDSWDo}HVDRVPLQLVWURVGHUHOLJLmRRXFRQ¿VVmRUHOLJLRVD
ocorridos na constância do casamento ou da R¿FLDOPHQWHUHFRQKHFLGDVVXEPHWLGRVDRVHJUHGRVHJXQGR
coabitação. DVUHJUDVGDUHOLJLmRRXFRQ¿VVmRFRQVLGHUDGDV
2. As pessoas referidas no número anterior devem, sob ARTIGO 154.º
(Segredo de Estado)
pena de nulidade e antes de começarem a depor, ser informa-
das, pela entidade competente para as ouvir, do direito que a 1. São abrangidos pelo segredo de Estado todos os factos
lei lhes concede de se recusarem a depor. cuja revelação for susceptível de criar perigo ou causar dano
para a segurança interna ou externa do Estado angolano ou
ARTIGO 151.º
6HJUHGRSUR¿VVLRQDO para a defesa da ordem constitucional.
2. Nenhuma testemunha pode ser inquirida por factos
1. Os advogados, médicos, jornalistas, membros de ins-
constitutivos de segredo de Estado.
tituições de crédito, funcionários e todas as pessoas a quem
3. A testemunha que invocar, para reserva de testemu-
D OHL SHUPLWLU RX LPSXVHU D JXDUGD GH VHJUHGR SUR¿VVLRQDO
nho, o segredo de Estado, deve oferecer prova, ainda que de
podem escusar-se a depor sobre os factos de que tomarem modo reservado:
FRQKHFLPHQWRSRUYLUWXGHGDVXDSUR¿VVmRRXIXQomR a) Das razões e fundamentos objectivos que legi-
2. Quando houver dúvidas fundadas sobre a legitimidade WLPDP D FODVVL¿FDomR GR IDFWR FRPR WDO j OX]
de recusa, a autoridade judiciária perante quem a escusa das disposições respectivas da lei que regula o
for declarada procede às averiguações necessárias, orde- segredo de estado;
nando, se concluir que a escusa é ilegítima, a prestação do b)'RQtYHOGHFODVVL¿FDomRGHVHJXUDQoDQDFLRQDOGR
depoimento. segredo invocado;
3. Se, no caso do número anterior, o incidente de escusa c)'DHQWLGDGHTXHSURFHGHXjUHVSHFWLYDFODVVL¿FD-
for levantado na fase de instrução preparatória, a autori- ção de segurança nacional.
dade judiciária competente para proceder às averiguações é 4. O segredo de estado invocado por qualquer testemu-
o Ministério Público e, para ordenar a prestação de depoi- QKD GHYH VHU FRQ¿UPDGR DWUDYpV GD HQWLGDGH FRPSHWHQWH
mento, é o magistrado judicial competente. SDUDDUHVSHFWLYDFODVVL¿FDomRGHVHJXUDQoDQDFLRQDOREVHU-
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5469

YDGRVDHVSHFLDOLGDGHHRQtYHOGHFODVVL¿FDomRQRSUD]RGH 4. O disposto nos números anteriores é aplicável ao caso


GLDVGHFRUULGRRTXDOVHPRVHJUHGRVHUFRQ¿UPDGRD em que o depoimento resulta da leitura de documento produ-
testemunha é obrigada a depor. zido por pessoa diversa da testemunha inquirida.
&RQ¿UPDGRRVHJUHGRGHHVWDGRHQmRKDYHQGROXJDUj 5. Não pode, do mesmo modo, ser utilizado, como meio
UHVSHFWLYDGHVFODVVL¿FDomRDDXWRULGDGHMXGLFLDOFRPSHWHQWH de prova, o depoimento indirecto, quando a testemunha:
é credenciada, nos termos da lei, para o acesso à informação a) Se recusar ou não estiver em condições de indicar
RXDRPDWHULDOFODVVL¿FDGRVHPSUHTXHWDOVHPRVWUDULQGLV- a pessoa ou a fonte através da qual ou de quem
pensável ao esclarecimento da verdade material. tomou conhecimento dos factos que relatou;
6. A autoridade credenciada está sujeita aos deveres e b) Se limitar a reproduzir vozes ou rumores públicos.
REULJDo}HV GR UHJLPH HVSHFt¿FR GR FUHGHQFLDPHQWR j OX] ARTIGO 158.º
das disposições respectivas da lei que regula o segredo de (Manifestação de convicções ou juízos pessoais)
estado. A manifestação, pelas testemunhas, de convicções ou
 $ LQIRUPDomR RX PDWHULDO FODVVL¿FDGR FXMR DFHVVR juízos pessoais sobre factos ou sua interpretação só é admis-
é assegurado pela credenciação referida nos números sível quando:
anteriores, só deve ter utilidade no processo quando for a) For impossível desligá-la do seu depoimento sobre
imprescindível para o apuramento da responsabilidade penal factos concretos;
e de modo a que a sua utilização não perigue a preservação b) Decorrer de qualquer ciência, técnica ou arte;
do segredo de estado. c) Tiver lugar em audiência de julgamento.
ARTIGO 155.º ARTIGO 159.º
(Formas de depoimento) (Deveres das testemunhas)
1. O depoimento pode ser directo ou indirecto. 1. São deveres das testemunhas:
2. O depoimento directo é o que incide sobre factos de a) Apresentar-se na hora e local designados, às
que a testemunha tem conhecimento pessoal através dos autoridades que, nos termos da lei, as tiverem
seus próprios sentidos. QRWL¿FDGR RX FRQYRFDGR PDQWHQGRVH j VXD
3. Depoimento indirecto é o que resulta do que a teste- disposição enquanto não forem dispensadas;
munha ouviu dizer de outras pessoas. b) Prestar juramento;
ARTIGO 156.º c) Acatar as indicações que lhe forem dadas sobre o
(Depoimento directo e limites) modo de prestar o depoimento;
1. A testemunha é inquirida sobre os factos que, consti- d) Responder com verdade às perguntas que lhes
tuindo objecto da prova, conheça directamente. forem feitas.
2. Sem prejuízo dos casos em que a lei expressamente 2. A testemunha menor de 16 anos não presta juramento.
estabelece o contrário, antes da audiência de julgamento, as 3. A testemunha não é obrigada a responder às perguntas,
testemunhas só são inquiridas acerca do carácter e persona- sempre que alegar que as respostas podem fazê-la incorrer
lidade do arguido, da sua conduta anterior, da sua situação em responsabilidade penal.
económica e de outras condições pessoais relevantes, quando ARTIGO 160.º
a inquirição for indispensável para: (Direitos das testemunhas)
a) A prova de elementos constitutivos do crime, em 1. São direitos das testemunhas:
particular, a culpa; a) Ditar para a acta o depoimento que prestarem;
b) A aplicação de medidas de segurança ou de garan- b) Serem indemnizadas pelas despesas a que o depoi-
tia patrimonial. mento as obrigou e pelos prejuízos que ele lhes
ARTIGO 157.º causou;
(Depoimento indirecto) c) Serem tratadas com correcção pelos Órgãos
1. Se o depoimento resultar do que a testemunha tiver de Polícia Criminal, autoridades judiciárias,
ouvido dizer de outras pessoas, podem estas ser chamadas advogados, funcionários de justiça e agentes e
a depor. funcionários dos Órgãos de Polícia Criminal;
2. Se as pessoas a que se refere o número anterior não d) Serem especialmente protegidas pelo estado contra
forem chamadas a depor, o depoimento indirecto produzido as ameaças e intimidações de que forem vítimas,
pela testemunha não pode ser utilizado como meio de prova. em particular, nos casos de criminalidade vio-
3. O disposto no número anterior não se aplica em lenta ou organizada.
caso de morte ou de anomalia psíquica das pessoas referi- 2. A indemnização a que se refere a alínea b) do número
das nos números anteriores ou por ser impossível ou difícil anterior entra em regra de custas, mas só é arbitrada se, na
encontrá-las. altura em que prestar depoimento, a testemunha a pedir.
5470 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. Se a testemunha não quiser ou não puder ditar para 5. Os depoimentos, quando reduzidos a escrito, são lidos
a acta o seu depoimento ou o ditar de forma incorrecta, é antes de assinados pelo depoente e pelas demais pessoas que
redigido pela entidade que presidir ao acto, devendo sê-lo o devam fazer, mencionando-se o facto no respectivo acto
FRP¿GHOLGDGHWUDQVFUHYHQGRVHVHPSUHTXHIRUSRVVtYHO HSRGHQGRDWHVWHPXQKDPRGL¿FiORVTXDQGRQmRIRUHODD
as expressões que ela usou. redigi-los.
ARTIGO 161.º 6. Na fase de instrução preparatória, os depoimentos são
(Imunidade e prerrogativas) sempre escritos.
1. Aplicam-se em Processo Penal as imunidades e prerro- SECÇÃO II
Prova por Declarações
gativas estabelecidas na lei ou em convenções internacionais
quanto ao dever de testemunhar e ao modo e local de presta- ARTIGO 165.º
ção dos depoimentos. (Disposições gerais)

2. As imunidades e prerrogativas a que se refere o 1. O arguido presta declarações em inteira liberdade,


número anterior não prejudicam a realização do contraditó- sem algemas ou outro dispositivo ou objecto que impeça ou
rio que, no caso, seja legalmente admissível. limite os seus movimentos, mesmo estando detido ou preso,
ARTIGO 162.º salvo se houver sério perigo de fuga ou de prática de actos
(Recusa a depor e depoimento falso) de violência.
1. Quando a testemunha se recusa a depor fora dos casos 2. As declarações prestadas com violação do disposto no
em que, nos termos dos artigos anteriores, o pode fazer, é número anterior não valem como meio de prova contra o
advertida da responsabilidade penal em que incorre e se, arguido.
mesmo assim, persistir em não prestar depoimento, é pro- 3. O arguido não presta juramento.
cessado criminalmente. ARTIGO 166.º
(Modo de interrogar o arguido)
2. O mesmo deve suceder quando a testemunha se recusar
a prestar o juramento a que seja obrigada ou prestar depoi- 1. O interrogatório é feito pela autoridade judiciária,
mento falso. podendo delegar essa competência ao Órgão de Polícia
Criminal competente.
ARTIGO 163.º
(Regras gerais da inquirição)
2. Ao arguido é perguntado, preliminarmente, pelo seu
QRPH¿OLDomRQDWXUDOLGDGHGDWDGRQDVFLPHQWRHVWDGRFLYLO
1. O depoimento é um acto estritamente pessoal que não SUR¿VVmR RX RFXSDomR ORFDO GH WUDEDOKR H UHVLGrQFLD VH Mi
pode ser prestado através de procurador. HVWHYH SUHVR RX UHVSRQGHX HP MXt]R H HP FDVR D¿UPDWLYR
2. É proibido fazer às testemunhas perguntas suges- quando e porquê e se foi ou não condenado e por que cri-
tivas, ardilosas, impertinentes ou qualquer outra capaz de mes, podendo ser-lhe exigida a apresentação de documento
perturbar e prejudicar a espontaneidade e objectividade das YiOLGRGHLGHQWL¿FDomRHVHQGRDGYHUWLGRTXHDHVWDVSHUJXQ-
respostas. tas é obrigado a responder e a fazê-lo com verdade, sob pena
ARTIGO 164.º de incorrer em responsabilidade criminal.
(Modo de prestar o depoimento) 3. Em seguida, o arguido é esclarecido pela entidade que
$WHVWHPXQKDpHPSULPHLUROXJDULGHQWL¿FDGDHSHU- o está a interrogar de que não é obrigado, nos termos da
guntada sobre as suas relações de parentesco ou outras com alínea d) do artigo 67.º, a responder às perguntas sobre os
o arguido, o ofendido, o assistente, as partes civis e outras factos constitutivos da infracção penal que lhe são imputa-
testemunhas, assim como sobre quaisquer circunstâncias dos e sobre o conteúdo das declarações que acerca deles vier
a prestar.
que se mostrem relevantes para avaliar a credibilidade do
4. É proibido fazer ao arguido perguntas sugestivas, cap-
depoimento.
ciosas ou outras susceptíveis de enfraquecerem o seu direito
2. Salvo nos casos em que não houver lugar a ele, depois
de responder ou não responder, nos termos do número
de prestar juramento, a testemunha é perguntada acerca de
anterior.
todos os factos relevantes para a determinação, nos termos 5. As perguntas são feitas de modo a que o arguido não
legais, da responsabilidade penal do arguido. responda precipitadamente, devendo ser reformuladas ou
3. Podem ser mostradas às testemunhas, se isso se mos- formuladas de novo, sempre que pareça que não as com-
trar conveniente, quaisquer peças do processo, documentos preendeu ou sempre que ele o solicite, registando-se na acta,
que a ele respeitem e os instrumentos do crime ou quaisquer em tal caso, somente a resposta à pergunta reformulada ou
outros objectos apreendidos nos autos. repetida.
4. Se a testemunha apresentar, ao ser ouvida, documen- 6. O arguido pode ditar as suas respostas, mas, se não o
tos ou outros objectos que possam servir de prova contra ou ¿]HURXQmRR¿]HUFRUUHFWDPHQWHVmRGLWDGDVSHODHQWLGDGH
a favor do arguido, deve fazer-se a menção dessa apresen- que preside ao acto, mantendo-se, tanto quanto possível, as
tação ou ser eles guardados pela forma legalmente devida, expressões usadas pelo arguido, por forma a que cada pala-
quando não forem juntos ao processo. vra possa ser bem compreendida por ele.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5471

7. O auto é lido ao arguido antes de encerrado o interro-  3DUD RV HIHLWRV GD SDUWH ¿QDO GR Q~PHUR DQWHULRU
JDWyULR FRQVLJQDQGRVH H[SUHVVDPHQWH VH HOH R UDWL¿FD RX devem as autoridades à responsabilidade de quem se encon-
que alterações, em seu entender, devem ser-lhe introduzidas. tra o detido facilitar o contacto deste último com os seus
8. Aplicam-se ao interrogatório do arguido as disposições familiares.
dos n.os 3 e 4 do artigo 164.º que regula o modo de as teste- 5. Na falta de advogado constituído ou se o advogado
munhas prestarem depoimento, com as devidas adaptações. constituído não puder ser convocado ou se, convocado, não
ARTIGO 167.º comparecer em tempo útil, é nomeado ao arguido detido um
3URYLGrQFLDVDWRPDUHPFDVRGHFRQ¿VVmR defensor público, ou, na sua falta, defensor, nomeado, de
1. Se o arguido confessar os factos constitutivos da preferência, entre advogados, advogados estagiários, licen-
infracção que lhe são imputados, é perguntado acerca das ciados ou estudantes de direito ou qualquer pessoa idónea.
circunstâncias de lugar, tempo e modo como a cometeu e 6. Havendo fundado receio de que o prazo de 48 horas a
quaisquer outras consideradas relevantes para avaliação da TXHVHUHIHUHRQžVHMDLQVX¿FLHQWHSDUDDSUHVHQWDURGHWLGR
sua responsabilidade penal e determinação da pena que deva perante o juiz de garantias da comarca competente para o
ser-lhe aplicada. respectivo processo, o primeiro interrogatório é feito pelo
2. Se o arguido confessar os factos, mas alegar circuns- juiz de garantias da área em que a detenção ocorreu.
tâncias susceptíveis de excluir a ilicitude dos que lhe são ARTIGO 170.º
imputados ou a sua culpabilidade, deve ser perguntado (Modo de interrogar o arguido detido)

sobre elas e sobre as provas pertinentes que possuir ou qui- 1. O arguido detido a que se refere o artigo anterior é
ser indicar. interrogado de acordo com as disposições dos artigos 165.º
3. Os documentos oferecidos pelo arguido para prova das a 168.º, com as alterações dos números seguintes.
circunstâncias referidas no número anterior são juntos ao 2. O arguido detido deve ser informado:
processo, produzindo-se a restante prova, nomeadamente, a a) Dos direitos que a Lei Processual Penal lhe concede,
testemunhal, se isso for considerado necessário ou útil ao nomeadamente, no artigo 67.º, explicando-lhos,
esclarecimento da verdade. se for necessário;
ARTIGO 168.º b) Dos motivos da detenção;
(Providências a tomar quando o arguido negar os factos) c) Dos factos que concretamente lhe são imputados
1. Se o arguido negar os factos que lhe são imputados, e das circunstâncias em que teriam ocorrido, se
é perguntado sobre as circunstâncias ou provas que possam forem conhecidas;
opor-se às que fundamentam a imputação. d) Da prova existente nos autos que fundamenta a
2. Se o arguido negar factos relatados em outras decla- imputação.
rações ou em depoimentos já produzidos no processo, tais 3. A informação sobre a prova a que se refere a alínea d)
declarações ou depoimentos podem ser levados ao seu do número anterior só é prestada quando se entender que
conhecimento e lidos perante ele, ordenando-se a devida QmRS}HHPFDXVDDVLQYHVWLJDo}HVQmRFULDGL¿FXOGDGHVj
acareação, nos termos dos artigos 174.º e 175.º, se ela for descoberta da verdade e não coloca em perigo a vida, a inte-
possível e se mostrar necessária e conveniente. gridade ou a liberdade dos participantes processuais e, em
ARTIGO 169.º particular, da vítima da infracção cometida.
(Primeiro interrogatório judicial de arguido detido) 4. Ao Ministério Público e ao defensor é vedada qual-
1. O arguido detido que não deva ser julgado em processo quer interferência no decorrer do interrogatório, mas podem
sumário é presente ao juiz de garantias para ser interrogado, arguir nulidades, fazer pedidos de esclarecimento relativa-
mediante promoção do Ministério Público, no próprio dia PHQWHjVUHVSRVWDVHQR¿PUHTXHUHUDRMXL]GHJDUDQWLDV
RX KDYHQGR MXVWL¿FDGD LPSRVVLELOLGDGH QR SUD]R Pi[LPR que formule ao arguido detido as perguntas que acharem
de 48 horas, após a detenção, com a indicação dos motivos relevantes para o esclarecimento da verdade.
da detenção e das provas que a fundamentam. 1RFDVRGDSDUWH¿QDOGRQ~PHURDQWHULRUFDEHDRMXL]
2. O interrogatório é efectuado exclusivamente pelo de garantias decidir se as perguntas são ou não relevantes.
juiz de garantias e na presença do Ministério Público e 6. Sempre que as condições técnicas o permitem, o
do advogado constituído, se o detido o tiver, caso em que interrogatório do arguido pode ser efectuado através de
deve ser convocado, por qualquer meio, para assistir àquela registo áudio ou audiovisual, devendo, neste caso ser con-
diligência. signados no auto o início e o termo da gravação de cada
3. O advogado pode ser constituído verbalmente pelo declaração.
detido, consignando-se, em tal caso, a constituição por ARTIGO 171.º
termo nos autos, ou pelos seus ascendentes, descendentes (Interrogatório subsequente de arguido preso)

ou outros parentes até ao 6.º Grau da linha colateral e res- 1. O interrogatório de arguido preso não compreendido
SHFWLYRVD¿QV nos artigos 169.º e 170.º faz-se nos termos do artigo anterior.
5472 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. O interrogatório é feito, na fase de instrução prepa-  (P FDVR GH FRQ¿UPDomR D PHVPD HQWLGDGH PDQGD
ratória, pelo Ministério Público, e nas fases seguintes, pelo colocá-los frente a frente e pede-lhes para reciprocamente
magistrado judicial competente. questionarem e impugnarem as declarações ou depoimentos
3. Na fase de instrução preparatória, os interrogatórios que prestaram, fazendo-lhes ainda as perguntas que achar
subsequentes podem ser feitos pela autoridade de polícia cri- convenientes ao apuramento da verdade.
minal, sempre que a competência para a instrução lhe seja SECÇÃO IV
delegada. Prova por Reconhecimento
4. No interrogatório é obrigatória a presença de advo-
ARTIGO 176.º
JDGRRXGHIHQVRUR¿FLRVR (Forma)
ARTIGO 172.º
(Interrogatório de arguido em liberdade)
1. O reconhecimento efectuado nas fases de instrução
preparatória e contraditória, está sujeito ao formalismo da
1. Aplica-se ao interrogatório de arguido que não se
presente secção.
encontre preso o disposto no artigo anterior.
2. O reconhecimento que não obedecer aos preceitos
2. Além de comunicar com o arguido e de o aconselhar,
da presente secção não tem valor como meio de prova, não
ao advogado são conferidos os poderes de intervenção con-
podendo ser apreciado pelo Tribunal.
signados no n.º 4 do artigo 170.º
ARTIGO 177.º
ARTIGO 173.º
(Reconhecimento por descrição de pessoa)
(Declarações do assistente, das partes civis e dos peritos)
1. A autoridade judiciária competente pode ordenar, 1. Se houver necessidade de reconhecer uma pessoa por
VHPSUH TXH R HQWHQGHU FRQYHQLHQWH R¿FLRVDPHQWH RX D intermédio de outra, solicita-se a esta que a descreva com
requerimento, que se tomem declarações aos assistentes, às todos os pormenores de que se lembrar, esclarecendo se já a
partes civis e aos peritos. tinha visto antes, quando e em que condições, ou se já antes
2. A prestação de declarações a que se refere o número lhe tinha sido descrita ou indicada e por quem.
anterior pode ser igualmente requerida pelos próprios assis-  (P FRPSOHPHQWR GD GHVFULomR TXH ¿]HU H GDV LQGL-
tentes e partes civis. cações que fornecer pode a mesma pessoa ser interrogada
3. As declarações são prestadas de acordo com as dis- sobre outras circunstâncias ou particularidades que possam
posições que regulam a prestação da prova testemunhal, GDURXUHWLUDUFUpGLWRjLGHQWL¿FDomR
com as devidas adaptações e com ressalva daquelas que, por ARTIGO 178.º
natureza ou por força de outra disposição legal, não pude- (Reconhecimento físico e directo de uma pessoa)
rem aplicar-se. 1. No caso de, com a forma usada, descrita no artigo
4. Os assistentes e as partes civis não prestam juramento, DQWHULRUQmRVHWHUFRQVHJXLGRXPDLGHQWL¿FDomRVDWLVIDWy-
PDV¿FDPDGVWULWRVDRGHYHUGHGL]HUDYHUGDGHLQFRUUHQGR ria, procede-se do seguinte modo:
em responsabilidade penal, se faltarem a ela. a) Para o caso de aí se encontrar, a pessoa chamada
2VSHULWRVSUHVWDPGHFODUDo}HVSDUDRV¿QVGDDOtQHDD  DSURFHGHUjLGHQWL¿FDomRpDIDVWDGDGRORFDOGR
do artigo 199.º
reconhecimento;
SECÇÃO III
b) A seguir, a pessoa que é preciso reconhecer e se
Prova por Acareação
deve apresentar, sendo possível, nas condições
ARTIGO 174.º
em que foi vista pela pessoa que irá proceder ao
3UHVVXSRVWRVH¿QVGDDFDUHDomR
reconhecimento, é colocada ao lado de outras
1. Quando entre declarações ou entre depoimentos, entre
com aspecto físico parecido, nomeadamente, na
si, ou entre declarações por um lado, e depoimentos, por
maneira de vestir.
RXWUR SUHVWDGRV QRV DXWRV VH YHUL¿FDU DOJXPD FRQWUDGL-
ção, pode, com o propósito de a eliminar, ser ordenada uma c) &KDPDVH ¿QDOPHQWH D SHVVRD LQFXPELGD GH
acareação entre os autores das declarações ou depoimentos SURFHGHU j LGHQWL¿FDomR H SHUJXQWDVHOKH VH
contraditórios. reconhece alguma das pessoas presentes e qual
2. A acareação só é ordenada no caso de se entender que pFDVRDUHVSRVWDVHMDD¿UPDWLYD
ela é necessária ou útil ao esclarecimento da verdade. 2. Se houver razões para crer que a pessoa chamada a
ARTIGO 175.º SURFHGHU j LGHQWL¿FDomR VH PRVWUD LQLELGD RX UHFHRVD SRU
(Procedimento) temer, nomeadamente, represálias ou vinganças mais tarde,
 $ DFDUHDomR p RUGHQDGD R¿FLRVDPHQWH RX D UHTXH deve o reconhecimento fazer-se para que ela não seja vista
rimento. SHORLGHQWL¿FDQGR
2. A entidade que presidir à acareação manda ler, perante 3. As pessoas que intervierem no processo de reco-
os acareados, as declarações ou depoimentos que prestaram nhecimento previsto no n.º 1 são, se nisso consentirem,
HSHUJXQWDOKHVVHRVFRQ¿UPDPRXVHRVDOWHUDP IRWRJUDIDGDVVHQGRDVIRWRJUD¿DVMXQWDVDRDXWR
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5473

 2 UHFRQKHFLPHQWR DWUDYpV GH IRWRJUD¿DV ¿OPHV 2. O despacho que ordenar a reconstituição deve indi-
ou gravações sonoras só vale como meio de prova se for car resumidamente o que, com ela, se pretende, o dia, hora
seguido de reconhecimento efectuado, nos termos dos e local da diligência, a forma como se efectua, os meios de
números anteriores. a efectuar e a nomeação de perito, quando for necessário.
5. No contexto do reconhecimento, só podem ser juntas 3. Na reconstituição podem ser usados meios audiovi-
DRSURFHVVRDVIRWRJUD¿DV¿OPHVRXJUDYDo}HVGHSHVVRDV suais, evitando-se tanto quanto possível, a sua publicidade.
que não tiverem sido reconhecidas, com o consentimento SECÇÃO VI
destas. Prova por Documentos
ARTIGO 179.º ARTIGO 184.º
(Reconhecimento de objectos) (Admissibilidade)
1. Se houver necessidade de proceder ao reconheci- 1. É admissível a prova documental.
mento de objectos relacionados com o crime, procede-se de 2. Considera-se documento, todo o instrumento como tal
harmonia com o disposto no artigo 177.º, com as devidas GH¿QLGRSHODOHLSHQDO
adaptações. 3. Não tem valor de prova o documento que contiver
2. No caso de a diligência efectuada não ser conclusiva, declaração anónima, salvo se ele próprio for objecto ou ele-
ao objecto que se quer reconhecer juntam-se outros objectos mento constitutivo de um crime.
com as mesmas características e aspecto semelhante e per-
ARTIGO 185.º
gunta-se à pessoa chamada a reconhecê-lo se, entre todos, o (Junção)
LGHQWL¿FDRXQmRSHGLQGRVHOKHTXHLGHQWL¿TXHTXDOpVHD
 2V GRFXPHQWRV VmR MXQWRV R¿FLRVDPHQWH RX D
UHVSRVWDIRUD¿UPDWLYD
requerimento.
ARTIGO 180.º
(Reconhecimento por mais de uma pessoa ou de várias pessoas ou
2. Os documentos devem ser apresentados até ao encer-
objectos) ramento das fases de instrução, salvo se o apresentante
1. Se houver necessidade de reconhecer a mesma pes- provar que só teve conhecimento deles em momento pos-
soa ou o mesmo objecto por várias pessoas, cada uma dessas terior ou que não lhe foi possível, por qualquer outra razão,
pessoas o deve fazer separadamente, procedendo-se de fazê-lo antes, caso em que a junção pode ser feita até ao
modo a impedir que elas comuniquem entre si. encerramento da audiência de discussão e julgamento.
2. Se houver necessidade de a mesma pessoa reconhecer  6H WDO SURYD QmR VH ¿]HU D MXQomR HP DXGLrQFLD Vy
várias pessoas ou vários objectos, o reconhecimento faz-se pode ser admitida se o juiz da causa, depois de analisar os
separadamente para cada pessoa ou objecto. documentos, entender, por despacho, que eles são essenciais
3. São aplicáveis ao reconhecimento de pessoas os pre- à descoberta da verdade e à realização da justiça material.
ceitos dos artigos 177.º e 178.º e ao reconhecimento de 4. No caso do número anterior, o juiz pode condenar o
objectos os preceitos ao artigo 179.º apresentante, pela apresentação tardia, em multa de valor
ARTIGO 181.º nunca inferior a 250 Unidades de Referência Processual
(Auto de reconhecimento) nem superior a 1000 Unidades de Referência Processual.
Do reconhecimento e de tudo o que nele se passar lavra- ARTIGO 186.º
-se auto, nos termos dos artigos 112.º e 114.º (Junção de pareceres)

SECÇÃO V Os pareceres podem juntar-se até à fase dos vistos, e


Prova por Reconstituição desde logo, com as alegações de recurso, sempre que a jun-
ARTIGO 182.º ção se tornar necessária em virtude da sentença proferida em
(Reconstituição) primeira instância.
1. A reconstituição de um facto consiste numa encena- ARTIGO 187.º
omRTXHWHPSRU¿PUHSURGX]LUFRPD¿GHOLGDGHSRVVtYHO (Tradução, decifração e transcrição de documentos)

DVFLUFXQVWkQFLDVHFRQGLo}HVHPTXHVHD¿UPDRXVHVXS}H 1. Se o documento estiver escrito em língua estrangeira


ter o facto sido realizado e repetir o modo da sua realização. ou em uma das línguas nacionais, ordena-se a sua tradução
2. A reconstituição só é admissível em caso de neces- SDUDDOtQJXDR¿FLDOQRPHDQGRVHLQWpUSUHWHQRVWHUPRVGR
sidade de se determinar se um facto relevante poderia ter artigo 105.º
ocorrido de certa maneira e de essa determinação não poder  6H D OHWUD GR GRFXPHQWR IRU LOHJtYHO RX GL¿FLOPHQWH
fazer-se de outro modo, nomeadamente, através de simples OHJtYHOTXHPRDSUHVHQWDUpQRWL¿FDGRSDUDMXQWDUWUDQVFUL-
exame. ção que esclareça a escrita nele utilizada, podendo recorrer-se
ARTIGO 183.º à peritagem, quando a transcrição não for convincente.
(Modo de proceder) 3. Se, no documento, se utilizar escrita em cifra, deve
 $ UHFRQVWLWXLomR p RUGHQDGD R¿FLRVDPHQWH RX D esta ser decifrada por intermédio de perito nomeado para
requerimento. esse efeito.
5474 DIÁRIO DA REPÚBLICA

4. Se o documento for um registo de som considerado veniente, por peritos nomeados entre os inscritos em listas
relevante para a decisão da causa, deve ordenar-se que existentes no Tribunal ou, na sua falta ou indisponibilidade
seja transcrito nos autos, podendo o Ministério Público, o do nomeado, por pessoa idónea e de reconhecida competên-
arguido, o assistente e as partes civis requerer a conferência, cia na matéria de que se trata.
na sua presença, da respectiva transcrição. 2. A perícia pode ser realizada e desempenhada por dois
ARTIGO 188.º ou mais peritos sempre que se revestir de especial com-
(Valor probatório das reproduções mecânicas) plexidade ou importar conhecimentos de mais do que uma
$V UHSURGXo}HV IRWRJUi¿FDV FLQHPDWRJUi¿FDV RX REWL- disciplina.
das por processo electrónico só têm valor como prova dos ARTIGO 194.º
factos ou coisas que reproduzem, se não forem obtidas de (Quem não pode exercer funções de perito)
forma ilícita. 1. O perito é obrigado a desempenhar as funções para
ARTIGO 189.º que foi nomeado, sem prejuízo do disposto nos artigos 42.º
(Reprodução mecânica dos documentos) e 47.º sobre impedimentos e suspeições.
Quando não puder juntar-se ao processo ou nele man- 2. O perito pode, porém, pedir escusa, alegando a falta de
ter o original de qualquer documento, mas unicamente a sua conhecimentos especializados para proceder à perícia ou de
reprodução mecânica, esta tem o mesmo valor probatório meios e condições para a sua realização.
TXH R RULJLQDOVH FRP HOHWLYHU VLGR GHYLGDPHQWHLGHQWL¿-
3. O perito pode, por sua vez, ser recusado pelo
cada nesse ou noutro processo ou por outra forma regulada
Ministério Público, quando não for ele a ordenar a peri-
por lei.
tagem, ou pelo arguido, assistente ou partes civis, com o
ARTIGO 190.º
(Valor probatório dos documentos autênticos ou autenticados) mesmo fundamento.
4. O pedido de escusa ou de recusa a que se referem os
Os factos constantes de documentos autênticos ou auten-
Q~PHURVDQWHULRUHVGHYHLPHGLDWDHGH¿QLWLYDPHQWHVHUGHFL-
ticados consideram-se provados enquanto a autenticidade do
dido, depois de ouvido o perito, quando se considerar a sua
documento ou a veracidade do seu conteúdo não forem pos-
audição necessária.
tos em causa mediante a arguição de falsidade, nos termos
do artigo seguinte. ARTIGO 195.º
(Despacho a ordenar a perícia)
ARTIGO 191.º
(Falsidade do documento) 1. A perícia é ordenada pela autoridade judiciária ou
 2 7ULEXQDO SRGH R¿FLRVDPHQWH RX D UHTXHULPHQWR ÏUJmRGH3ROtFLD&ULPLQDOFRPSHWHQWHR¿FLRVDPHQWHRXD
declarar na sentença que um documento junto aos autos requerimento das partes.
é falso, podendo, para tanto, se o julgar necessário e, sem 2. O despacho que ordenar a perícia deve:
retardamento sensível do processo, ordenar que se efectuem a) Indicar o seu objecto, o estabelecimento, laborató-
as diligências necessárias à admissão e produção da prova. ULRRXVHUYLoRR¿FLDORXRQRPHGRVSHULWRVTXH
2. Da parte da sentença que declarar falso um documento, a vão fazer e, sendo possível, o dia, a hora e o
pode recorrer-se autonomamente, nos termos em que poderá local da sua realização;
recorrer-se da parte restante da mesma sentença. b) Ordenar a comparência das pessoas empenhadas
1RFDVRGRQžRXVHPSUHTXHR7ULEXQDO¿FDUFRP na perícia, assim como as diligências necessá-
fundadas suspeitas de que um documento é falso, deve reme- rias à sua execução.
ter cópia, para os devidos efeitos, ao Ministério Público. 3. Quando a perícia incidir sobre características físicas
SECÇÃO VII ou psíquicas de pessoa que nela não tenha consentido, o des-
Prova Pericial pacho a que se refere o n.º 1 é sempre da competência do juiz
ARTIGO 192.º que, ao ordená-la, deve ter em consideração tanto a neces-
(Quando tem lugar) sidade da perícia como o direito à integridade pessoal e à
1. A prova pericial tem lugar sempre que o real conheci- reserva da intimidade da vida privada da pessoa sobre quem
mento dos factos ou a sua apreciação exigirem competências incidir.
HVDEHUHVFLHQWt¿FRVWpFQLFRVRXDUWtVWLFRVSDUWLFXODUHVTXH 4. Havendo o consentimento do titular nas situações pre-
se presume não estarem ao alcance dos julgadores. vistas no número anterior é aplicável o disposto no n.º 1.
2. O perito deve limitar-se ao exame das questões cientí- 2GHVSDFKRpQRWL¿FDGRDR0LQLVWpULR3~EOLFRTXDQGR
¿FDVWpFQLFDVRXDUWtVWLFDVHDGDUSDUHFHUVREUHHODV não for ele a ordenar a perícia, ao arguido, ao assistente e às
ARTIGO 193.º partes civis, com uma antecedência de, pelo menos, 3 dias
(Quem realiza a perícia) relativamente à data da sua realização.
1. A perícia é realizada em estabelecimento, laboratório 6. Exceptuam-se do disposto no número anterior casos
RXVHUYLoRR¿FLDODSURSULDGRVRXTXDQGRRVQmRKRXYHURX em que a perícia:
o recurso a eles não for, por outra razão, possível ou con- a) For urgente;
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5475

b) Tiver lugar na fase de instrução preparatória e a 4. O disposto na primeira parte do número anterior não
autoridade judiciária que a ordenar tiver razões obsta a que os peritos apresentem um único relatório com
para crer que o conhecimento tanto da realização as opiniões vencedoras e as opiniões vencidas, desde que
de perícia como do seu resultado pelo arguido, os autores destas últimas expliquem, fundamentando-as, as
pelo assistente ou pelas partes civis é susceptí- razões do seu voto.
YHOGHS{UHPULVFRDV¿QDOLGDGHVGDTXHODIDVH ARTIGO 198.º
(Substituição do perito)
processual;
c) Tendo lugar na fase referida na alínea anterior, 1. O perito pode ser substituído pela autoridade judiciária
for cometida a estabelecimento, laboratório ou TXHRQRPHRXTXDQGRVHPMXVWL¿FDomRSRUHODDFHLWHQmR
DSUHVHQWDURUHODWyULRQRSUD]R¿[DGRRXTXDQGRGHVHPSH-
VHUYLoRR¿FLDO
nhar de forma negligente o exercício das suas funções.
d) Se revestir de particular simplicidade. $GHFLVmRGDDXWRULGDGHMXGLFLiULDpGH¿QLWLYD
ARTIGO 196.º 3. Efectuada a substituição, o perito substituído é noti-
(Modo de proceder à perícia)
¿FDGR SDUD FRPSDUHFHU SHUDQWH D DXWRULGDGH MXGLFLiULD
1. Os peritos, salvo os abrangidos pelo disposto na e expor as razões por que não cumpriu com diligência as
alínea a) do n.º 7 do artigo 104.º, depois de prestarem jura- suas obrigações, condenando-o ao pagamento de uma multa
mento, podem requerer que se formulem quesitos, quando a nunca inferior a 300 Unidades de Referência Processual
necessidade ou a complexidade da perícia os exigir e a auto- nem superior a 1000 Unidades de Referência Processual, se
ridade judiciária que lhes tomou o juramento não os tiver considerar que a violação dos seus deveres é grosseira.
IRUPXODGRR¿FLRVDPHQWH 4. O perito é, do mesmo modo, substituído quando for
declarado impedido ou em caso de aceitação de pedido de
2. Nas fases de instrução contraditória e na fase de jul-
escusa ou recusa, nos termos legais.
gamento, os quesitos também podem ser formulados a
ARTIGO 199.º
requerimento do Ministério Público, do arguido, dos assis-
(Esclarecimento dos peritos e nova perícia)
tentes e das partes civis.
3. A autoridade judiciária assiste aos exames periciais, Sempre que isso seja necessário ao apuramento da ver-
sempre que lhe for possível e o entender conveniente. dade, a autoridade judiciária competente pode, em qualquer
4. O arguido e o assistente podem ser autorizados pela fase do processo, ordenar e os representantes da acusação,
autoridade judiciária competente a assistir à perícia, se a sua da defesa e das partes civis requererem:
presença for compatível com a realização dos exames peri- a) A convocação dos peritos para prestarem esclareci-
ciais e não for susceptível de ofender o pudor. mentos complementares;
5. Se os peritos o requererem, podem, em caso de b) A realização de nova perícia ou a renovação ou
necessidade, ser praticadas diligências e a eles prestados prossecução de perícia anterior a cargo de outro
esclarecimentos ou mostrados actos processuais já realiza- ou outros peritos.
dos e documentos juntos ao processo. ARTIGO 200.º
6. Os factos e os elementos que os peritos conheceram no 3HUtFLDVPpGLFROHJDLVHSVLTXLiWULFDV

exercício das suas funções só podem ser utilizados no con- 1. As perícias médico-legais são feitas por médicos legis-
WH[WRGRREMHFWRHGDV¿QDOLGDGHVGDSHUtFLD tas ou, não os havendo, por outro médico com capacidade
ARTIGO 197.º de o fazer.
(Relatório pericial) 2. As perícias psiquiátricas são feitas por médicos psi-
1. Concluída a perícia, os peritos se estiverem em con- quiatras ou por clínicas médicas de tal especialidade.
dições de o fazer, elaboram logo a seguir, relatório com as 3. Não existindo médicos psiquiatras nem clínicas psi-
respostas às questões colocadas e as conclusões, que devem quiátricas na área do Tribunal competente, a perícia pode ser
ser fundamentadas, a que chegaram, podendo a autori- feita por médico psiquiatra ou clínica psiquiátrica existente
dade judiciária, o Ministério Público, quando não for ele a na área de outro Tribunal, aonde a pessoa que a ela se deva
ordenar a perícia, o arguido, o assistente e as partes civis, submeter é para esse efeito conduzida.
se estiverem presentes, pedir-lhes os esclarecimentos que $SHUtFLDSVLTXLiWULFDSRGHVHURUGHQDGDR¿FLRVDPHQWH
entenderem. pela autoridade judiciária competente ou a requerimento
2. O relatório elaborado nas condições do número ante- do arguido, do cônjuge ou de pessoa com que ele viva em
rior pode ser ditado para o competente auto. condições análogas às dos cônjuges, dos descendentes ou
3. Se o relatório não puder ser imediatamente elaborado adoptados, ascendentes ou adoptantes ou, na falta deles, dos
ou ditado, nos termos dos números anteriores, é marcado aos irmãos e seus descendentes.
peritos um prazo não superior a 45 dias, para que o elabo- ARTIGO 201.º
rem e apresentem, podendo tal prazo, em casos de particular (Autópsia e reconhecimento do cadáver)
complexidade, ser prorrogado, a requerimento dos peritos, 1. A autópsia é sempre precedida do reconhecimento do
por outros 45 dias. cadáver.
5476 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Se o cadáver não for logo reconhecido, a autópsia 4. Se os documentos se encontrarem em poder de par-
só se realiza passadas 24 horas, espaço de tempo durante o ticulares que não sejam o cônjuge ou pessoa que com ele
qual o cadáver se mantém exposto em estabelecimento apro- viva em condições análogas às dos cônjuges, ascendentes ou
priado ou, mesmo, em lugar público, caso a exposição não DGRSWDQWHVGHVFHQGHQWHVRXDGRSWDGRVHFRODWHUDLVRXD¿QV
coloque em perigo a saúde ou ordem pública ou, no caso de até ao terceiro grau da linha colateral do arguido, pode orde-
o exame ser urgente, para que possa aparecer alguém que o nar-se que sejam apresentados, sob pena de desobediência.
reconheça. 5. Quando não houver escrito com o qual possa com-
3. Quando o cadáver não for reconhecido, deve, sendo parar-se a letra objecto da perícia, a pessoa a quem for
possível, fotografar-se e descrever-se, no respectivo auto, as DWULEXtGD p SHVVRDOPHQWH QRWL¿FDGD SDUD HVFUHYHU QD SUH-
SDUWLFXODULGDGHVFDSD]HVGHRLGHQWL¿FDUHPVyGHSRLVGLVVR sença dos peritos, as palavras que eles lhe ditarem.
se procedendo à autópsia.
ARTIGO 205.º
4. Se não houver médico na área do Tribunal em que o (Perícia sobre a personalidade)
cadáver se encontra ou não for possível aos médicos pro-
1. Se for necessário proceder à avaliação da personali-
ceder à autópsia, a autoridade judiciária competente pode
QRPHDU FRPR SHULWR XP SUR¿VVLRQDO GD VD~GH FRP KDELOL- dade e perigosidade do arguido, para efeitos, nomeadamente,
tações adequadas para proceder ao exame e à descrição dos da decisão sobre a revogação da prisão preventiva e da deter-
sinais de morte e das lesões externas que o cadáver apresente. minação do seu grau de culpa e da pena a aplicar-lhe, pode
ser ordenada uma perícia sobre as suas características psí-
ARTIGO 202.º
(Perícias nas ofensas à integridade física) quicas, alheias a causas patológicas, e sobre o seu grau de
1. Nos crimes contra a integridade física, os peritos des- ressocialização.
crevem as lesões e indicam as causas e os instrumentos que 2. A perícia sobre a personalidade a que se refere este
as produziram e a duração da doença ou impossibilidade artigo pode ser cometida a serviços de reinserção social ou,
para o trabalho que determinaram. não sendo possível ou conveniente o recurso a esses servi-
 6H QmR IRU SRVVtYHO ¿[DU GHVGH ORJR D GXUDomR GD ços, a peritos ou serviços especializados em criminologia,
doença ou da impossibilidade para o trabalho, indica-se psicologia, sociologia ou, mesmo, psiquiatria.
a sua duração mínima previsível, procedendo-se a novo 3. É reservado ao arguido, oposição aos resultados,
H[DPH¿QGRRSUD]RPtQLPRLQGLFDGR mediante contraprova.
3. O novo exame deve realizar-se antes de concluídas ARTIGO 206.º
as fases preliminares do processo e nele indicar os peritos, (Destruição de objectos)
além da duração ainda previsível da doença ou impossibili- 1. Quando, para fazer o exame pericial, os peritos tive-
dade para o trabalho, a duração já comprovada, com base na rem necessidade de alterar ou destruir qualquer objecto,
qual pode ser deduzida a acusação. devem pedir a necessária autorização à autoridade judiciária
4. A alteração do tempo de doença ou de impossibilidade que ordenou a perícia.
para o trabalho, em virtude de exames posteriores que se
6HDDXWRUL]DomRIRUFRQFHGLGDWHPGH¿FDUQRVDXWRV
tornem necessários, permite alterações da acusação e da pro-
a descrição exacta do objecto e, se possível, a respectiva
núncia, se a elas tiver havido lugar.
IRWRJUD¿D
ARTIGO 203.º
3. Tratando-se de documento, ao processo é junta foto-
(Legislação especial)
FySLDFRPDFHUWL¿FDomRGHTXHIRLFRQIHULGDFRPRRULJLQDO
As normas da presente secção relativas a perícias médico-
destruído.
-legais, nomeadamente, autópsias, perícias psiquiátricas, de
ARTIGO 207.º
índole sexual e análises de vísceras ou outros órgãos ou pro-
(Remuneração dos peritos)
dutos humanos não prejudicam a aplicação das disposições
das leis e regulamentos que especialmente as regulem. 1. Se a peritagem for feita por estabelecimento ou perito
QmRR¿FLDLVDUHPXQHUDomRpIHLWDVHJXQGRWDEHODDSURYDGD
ARTIGO 204.º
(Perícia para reconhecimento de letra) pelo titular do departamento ministerial responsável pela
1. Na perícia para reconhecimento de letra, os peritos justiça ou, na sua falta, por referência aos honorários cor-
confrontam-na com outra que se saiba pertencer à pessoa a rentes pagos por serviços do mesmo género e da mesma
quem é atribuída. importância dos que foram prestados.
2. A letra é, desde logo, considerada pertencente à pessoa  $ UHPXQHUDomR GRV SHULWRV p ¿[DGD QRV WHUPRV GR
a quem é atribuída, se esta a reconhecer como sua. número anterior, pela autoridade judiciária que ordenar a
3. Para se proceder ao confronto a que se refere o n.º 1, perícia.
podem ser requisitados quaisquer documentos a arquivos ou 3. Em caso de substituição de perito, pode a autoridade
outros serviços públicos, procedendo-se nesses serviços à judiciária competente determinar que não haja lugar à renu-
perícia, se os documentos não puderem sair de lá. meração do substituído.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5477

'RGHVSDFKRTXH¿[DURPRQWDQWHGDUHQXPHUDomRH 2. Compete aos Órgãos de Polícia Criminal, mesmo


do que decidir nos termos do número anterior cabe recurso depois da intervenção da autoridade judiciária, garantir a
ou reclamação hierárquica, conforme o caso. segurança de novos meios de prova de que vier a ter conhe-
cimento, fazendo a imediata comunicação do facto àquela
TÍTULO V autoridade judiciária.
Meios de Obtenção de Prova ARTIGO 211.º
,GHQWL¿FDomRGHSHVVRDVVXVSHLWDV
CAPÍTULO I 1. Os Órgãos de Polícia Criminal podem, em lugares
Medidas de Prevenção e Protecção da Prova acessíveis ao público ou sujeitos a vigilância policial, identi-
ARTIGO 208.º ¿FDUTXDOTXHUSHVVRDVREUHTXHPUHFDLDIXQGDGDVXVSHLWDGH
(Medidas de natureza preventiva) que praticou uma infracção penal.
 $QWHV GH SURFHGHUHP D LGHQWL¿FDomR RV ÏUJmRV GH
1. Compete a qualquer autoridade ou agente de autoridade
Polícia Criminal devem provar a sua qualidade, comunicar
ou a funcionário de órgão judiciário que tiver conhecimento
DRVXVSHLWRDVFLUFXQVWkQFLDVTXHMXVWL¿FDPDVXDLGHQWL¿FD-
da prática de uma infracção penal tomar as medidas neces- omRHLQGLFDURVPHLRVSRUTXHHVWHVHSRGHLGHQWL¿FDU
sárias para evitar que os vestígios da prática do facto ilícito, 6HDSHVVRDVXVSHLWDVHUHFXVDUDLGHQWL¿FDUVHRXQmR
nomeadamente, o meio utilizado para o praticar, desapare- puder fazê-lo no local, é conduzida ao posto policial mais
çam ou se alterem antes de serem examinados ou recolhidos, próximo.
proibindo, sendo caso disso, o trânsito de pessoas ou a sua 6HDSHVVRDVXVSHLWDQmRWLYHUPHLRVGHVHLGHQWL¿FDU
saída do local ou que se pratiquem actos susceptíveis de pre- deve ser-lhe permitido e facilitado o contacto, nomeadamente
judicar a prova. telefónico, com os seus familiares ou com outras pessoas
TXHFRQKHoDHVHMDPGDVXDFRQ¿DQoD
2. A partir da chegada ao local da autoridade judiciária
1mRKDYHQGRRXWUDIRUPDGHDLGHQWL¿FDUSRGHDSHV-
ou de polícia criminal competente, as diligências de natureza
VRDVXVSHLWDVHUIRWRJUDIDGD¿OPDGDRXVXEPHWLGDDSURYD
preventiva a que se refere o número anterior prosseguem sob de reconhecimento, mecânica, digital ou outra que preserve
a sua direcção. a sua dignidade.
3. Se os vestígios tiverem desaparecido ou tiverem sido 6. A pessoa suspeita não pode, nas diligências de identi-
alterados, deve descrever-se o estado das pessoas, lugares ou ¿FDomRVHUUHWLGDSRUPDLVGHKRUDV
coisas em que possam ter existido, procurando-se reconsti- 7. A pessoa suspeita tem o direito de contactar com um
tui-los e descrevendo-se os factores e circunstâncias do seu advogado, devendo o Órgão de Polícia Criminal facilitar
desaparecimento ou alteração. esse contacto e permitir que o advogado contactado assista
jVGLOLJrQFLDVGHLGHQWL¿FDomR
ARTIGO 209.º $V GLOLJrQFLDV GH LGHQWL¿FDomR VmR UHGX]LGDV D DXWR
(Imposições às pessoas presentes no local)
e este transmitido, desde logo, à autoridade judiciária
As entidades a que se refere o artigo anterior podem deter- competente.
minar que as pessoas ou algumas delas presentes no local
em que ocorrer a infracção não se afastem, obrigando-as, CAPÍTULO II
Revistas e Buscas
com o auxílio da força pública se for necessário, a mante-
rem-se nele até o exame do local se concluir ou enquanto ARTIGO 212.º
(Pressupostos)
a sua presença for indispensável para a recolha de informa-
o}HVTXHIDFLOLWHPDLGHQWL¿FDomRGRDJHQWHGRFULPHHDVXD 1. Sempre que haja suspeita com fundamento bastante
reconstituição. para crer que alguém oculta na sua pessoa objectos rela-
cionados com a prática de um crime ou que possam servir
ARTIGO 210.º
(Medidas urgentes de prova) para a respectiva prova, é-lhe ordenada revista, reservando a
mesma a sua intimidade e dignidade.
1. Mesmo antes de a competência para a investigação do
2. Sempre que haja suspeita com fundamento bastante
facto e a instrução do processo lhes ser deferida, compete
para crer que algum dos objectos referidos no número ante-
aos Órgãos de Polícia Criminal:
rior ou que uma pessoa que deva ser presa ou detida nos
a) Ordenar exame aos vestígios da infracção penal
termos da lei se encontram em lugar não acessível ao público
cometida e garantir que as coisas e lugares em é ordenada uma busca mediante mandado.
que foram ou possam ser encontrados se mante-
ARTIGO 213.º
nham incólumes; (Quem ordena ou autoriza e preside às revistas e buscas)
b) Colher informações que possam conduzir à identi- 1. Na fase da instrução preparatória, as revistas e as bus-
¿FDomRGRVDJHQWHVGRFULPH cas são, sem prejuízo do disposto no artigo 214.º, ordenadas
c) Praticar quaisquer outros actos ou diligências ou autorizadas por despacho do magistrado do Ministério
necessárias e urgentes para recolher, preservar e Público competente e, nas restantes fases, pelo juiz que as
garantir a prova. dirigir.
5478 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. As buscas em escritório de advogado, consultório 2. Para os efeitos do disposto na alínea a) do número


médico e outros estabelecimentos de saúde, estações de anterior, é razoável recear que a demora na realização da
correios e serviços de telecomunicações ou, ainda, em ban- GLOLJrQFLDIUXVWUHDVVXDV¿QDOLGDGHVQRVFDVRVHPTXH
cos e estabelecimentos bancários são sempre ordenadas ou a) Houver fortes indícios de eminente destruição ou
DXWRUL]DGDVSRUGHVSDFKRGHXPMXL]R¿FLRVDPHQWHRXSRU perda da prova ou de fuga de pessoa que deva ser
promoção do Ministério Público ou a requerimento do assis- detida ou presa e ao crime corresponder pena de
tente ou do arguido. prisão superior, no seu limite máximo, a 3 anos;
3. As autoridades judiciárias ordenam: b) Se se tratar de crime violento ou organizado,
a) Revistas em pessoas obrigadas ou autorizadas a punível com pena de prisão superior, no seu
participar em actos processuais ou a que possam limite máximo, a 8 anos e existirem indícios de
e queiram, sendo o caso, assistir ou, ainda, em eminente cometimento de crime grave contra a
pessoas que, nos termos da lei, tenham de ser liberdade, a vida ou integridade física de qual-
conduzidas a esquadras, postos ou instalações da quer pessoa.
polícia se, em qualquer um destes casos, hou- 3. Nos casos a que se referem os n.os 1 e 2, quem orde-
ver razões para suspeitar que são portadoras de nar a diligência deve, no prazo de 24 horas, comunicar a sua
armas de fogo ou outras que possam ser usadas UHDOL]DomRjDXWRULGDGHMXGLFLiULDFRPSHWHQWHD¿PGHTXH
no cometimento de crimes; ela a valide.
b) Revistas em pessoas suspeitas, em pessoas deti- 4. Aplica-se às autoridades de polícia criminal o disposto
GDVIRUDGHÀDJUDQWHGHOLWRHHPSHVVRDVTXHVH do n.º 3 do artigo anterior.
encontrarem no lugar em que se proceder a uma
ARTIGO 215.º
busca, em caso de receio de fuga eminente; (Auto de revista e de busca)
c) Buscas no lugar em que se encontrarem pessoas
1. Da revista ou da busca é sempre lavrado auto, que
suspeitas, que não seja casa habitada ou suas
deve ser assinado pela entidade que presidiu à diligência,
dependências fechadas, no mesmo caso da alí-
pelas pessoas que nela participaram e pelo funcionário que
nea anterior.
o redigiu.
4. As revistas e as buscas são, na fase de instrução prepa-
'RDXWRGHYHPFRQVWDUDLGHQWL¿FDomRGDGLOLJrQFLD
ratória e sem prejuízo do disposto no artigo 214.º, presididas
a do órgão ou entidade que presidiu à sua realização e a das
pelo magistrado do Ministério Público competente, que
pessoas que nela participaram, a indicação do lugar e da
pode delegar a direcção nos Órgãos de Polícia Criminal.
hora em que teve lugar e a descrição da forma como foi rea-
5. As buscas em escritório de advogado, consultório
lizada, dos resultados obtidos e de tudo o mais considerado
médico ou outros estabelecimentos de saúde são presidi-
relevante que, durante ela, tiver ocorrido.
das pessoalmente pelo magistrado do Ministério Público, na
ARTIGO 216.º
fase de instrução preparatória e pelo juiz que as ordenar, nas
(Formalidades das revistas)
fases subsequentes.
1. As revistas devem preservar a dignidade pessoal do
6. Nas fases posteriores à instrução preparatória, as
revistado e, sempre que possível, não ofender o seu pudor.
revistas e as buscas são, sem prejuízo do disposto no número
2. Nas revistas susceptíveis de ofender o pudor, as pes-
anterior, presididas pelo juiz ou por autoridade de polícia
soas a elas sujeitas devem ser prevenidas de que podem
criminal em quem ele delegar.
ID]HUVH DFRPSDQKDU GH XPD SHVVRD GD VXD FRQ¿DQoD TXH
ARTIGO 214.º
(Revistas e buscas urgentes)
esteja presente ou possa apresentar-se sem demora, para
assistir à diligência.
1. As autoridades de polícia criminal podem, sem autori-
3. Para os efeitos do número anterior, considera-se a
zação, proceder a revistas e buscas, sempre que:
apresentação demorada, sempre que seja de recear a pos-
a) Em caso de urgência, ocorrido em período em que
VLELOLGDGHGHHODIUXVWUDUDV¿QDOLGDGHVGDGLOLJrQFLDRXGH
os serviços públicos se encontrarem encerrados
causar prejuízo processual relevante.
ou durante a ausência ou impedimento da auto- 4. À pessoa submetida a uma revista deve, antes da dili-
ridade judiciária competente ou, ainda, em altura gência se efectuar, ser entregue cópia do despacho que a
em que for difícil contactá-la, se possa razoavel- ordenou, de onde conste a indicação expressa de que pode,
PHQWHUHFHDUTXHDGHPRUDIUXVWUHDV¿QDOLGDGHV no caso do n.º 2, fazer-se acompanhar de pessoa da sua
da diligência; FRQ¿DQoD
b) Houver consentimento da pessoa que tem a dispo- 5. É dispensada a entrega da cópia do despacho, quando
nibilidade do lugar objecto da busca; se tratar das revistas estabelecidas no artigo 213.º, n.º 3 e
c)6HYHUL¿TXHLPLQrQFLDRXRFRUUrQFLDGHXPFULPH artigo 214.º, n.º 1, alíneas a) e c), devendo, em tais casos, a
ou a pessoa submetida à revista tiver sido detida indicação por escrito a que se refere o n.º 4 deste artigo ser
HPÀDJUDQWHGHOLWR substituída por simples aviso verbal.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5479

ARTIGO 217.º ARTIGO 220.º


(Formalidades das buscas) (Buscas domiciliárias)

1. Antes de a busca se iniciar, é entregue à pessoa que 1. Em casa habitada ou suas dependências fechadas, a
tiver a posse do lugar onde vai realizar-se uma cópia do des- busca efectua-se de dia, salvo se a pessoa em poder de quem
pacho que a ordenou. a casa se encontrar consentir que se faça de noite.
2. Na cópia do despacho deve dizer-se expressamente 2. Para os efeitos do disposto no presente artigo, dia é o
que à busca pode assistir a pessoa que estiver na posse do período que vai das 6 às 18 horas.
lugar e que ela pode ainda fazer-se acompanhar de outra 3. A busca pode, excepcionalmente, ser feita de noite,
SHVVRDGDVXDFRQ¿DQoDTXHHVWHMDQRORFDORXSRVVDDSUH- em caso de:
sentar-se sem demora. a) Crime violento ou organizado punível com pena
3. Para os efeitos do disposto no número anterior, consi- de prisão cujo limite máximo seja superior
dera-se a apresentação demorada, sempre que seja de recear a 5 anos;
DSRVVLELOLGDGHGHHODIUXVWUDUDV¿QDOLGDGHVGDGLOLJrQFLDRX b) Flagrante delito por crime punível com pena de
de causar outro prejuízo processual relevante. prisão com limite máximo superior a 3 anos.
4. Não se encontrando presente a pessoa que tiver a posse 4. No caso do número anterior, a busca é pessoalmente
do lugar, a cópia do despacho que a ordenou pode, sempre presidida pelo magistrado do Ministério Público competente.
que possível, ser entregue a um parente, vizinho, porteiro do 5. Iniciada a busca de dia, pode prolongar-se pela noite
prédio ou qualquer outra pessoa que seja encontrada no local a dentro.
e possa recebê-la, pessoas que, em tais casos, são autoriza- 1DVFDVDVVXMHLWDVj¿VFDOL]DomRHVSHFLDOGDSROtFLDDV
das a assistir à diligência. buscas podem fazer-se a qualquer hora.
5. A autoridade que presidir à busca pode proibir que as ARTIGO 221.º
pessoas que se encontrem no lugar onde a diligência se rea- (Busca em escritório de advogado, consultório médico
liza, ou alguma delas, se afastem, recorrendo, se necessário, ou em estabelecimento de saúde)

à força pública. 1. O Ministério Público ou o juiz que preside à busca


6. Quando a busca é presidida pelo juiz, além das pes- deve, sem prejuízo do disposto n.º 3, avisar daquela
soas referidas nos n.os 2 e 4, podem assistir à diligência o diligência:
Ministério Público, o assistente, se o houver, o arguido e a) O Presidente do Conselho Provincial da Ordem
o seu defensor, para esse efeito devendo ser devidamente dos Advogados, em caso de busca em escritório
QRWL¿FDGRV de advogado;
7. O disposto na última parte do número anterior não b) O Presidente do Conselho Provincial da Ordem
se aplica às buscas a que se refere a alínea c) do n.º 3 do dos Médicos, em caso de busca em consultório
artigo 213.º PpGLFR RX HP HVWDEHOHFLPHQWR QmR R¿FLDO GH
8. Deve proceder-se à busca de forma a preservar a inte- saúde;
gridade, a ordem e a disposição dos objectos encontrados no c) O director do respectivo estabelecimento, em caso
lugar e a deixar este, na medida do possível, num estado de GHEXVFDHPHVWDEHOHFLPHQWRR¿FLDOGHVD~GH
arrumação semelhante ao que existia antes de a busca se ter 2. As entidades avisadas nos termos do número anterior
iniciado. podem assistir às buscas ou delegar essa faculdade.
ARTIGO 218.º  2 0LQLVWpULR 3~EOLFR RX R MXL] SRGH R¿FLRVDPHQWH
(Recusa de entrada no lugar da busca) mediante promoção do Ministério Público ou a requerimento
No caso de, em qualquer lugar onde deva ser realizada do assistente, decidir não avisar previamente as entidades
a busca, não ser autorizada a entrada, a entidade que àquela referidas no n.º 2, sempre que estiver na posse de elementos
presidir deve adoptar as providências necessárias para que que o levem a crer que o aviso prévio é susceptível de pôr
ela se efectue, podendo, se isso for julgado aconselhável, em risco o êxito da busca, caso em que deve avisá-las antes
requisitar a força pública para garantir o bom êxito da dili- do início da diligência.
gência, incorrendo os opositores na pena de desobediência, 4. As entidades a que se refere o n.º 1, mesmo quando
conforme os casos. avisadas, nos termos do número anterior, têm o direito de
ARTIGO 219.º comparecer ou fazer-se representar nas diligências de busca
(Providências de natureza cautelar) já iniciadas.
Se for ordenada uma busca e esta, por qualquer motivo, ARTIGO 222.º
não puder, desde logo, realizar-se, a entidade que a ela pre- (Buscas em repartição ou serviços públicos)
sidir deve tomar as medidas adequadas na parte exterior do 1. Às buscas a efectuar em repartições ou serviços públi-
edifício e suas dependências para deles não sair nenhum cos, nomeadamente, de correios e telecomunicações, podem
objecto ou pessoa sem ser revistada, até a diligência se assistir, querendo, o responsável dos serviços ou quem legal-
efectuar. mente o substitua.
5480 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. No caso de serem colocados obstáculos à realização 6. Os objectos apreendidos são juntos ao processo ou,
da busca, a autoridade que a ela presidir deve, sem prejuízo TXDQGRDMXQomRQmRVHMDSRVVtYHOFRQ¿DGRVD¿HOGHSRVLWi-
da responsabilidade criminal e disciplinar em que possa rio ou guardados nas instalações do órgão à responsabilidade
incorrer quem a ela se opõe, em vez de cumprir desde logo o de quem o processo se encontrar.
disposto no artigo 218.º, solicitar primeiramente ao superior 7. Qualquer interessado pode impugnar perante o juiz a
hierárquico do responsável da repartição ou do serviço que decisão que ordenou, autorizou ou validou uma apreensão.
tome as medidas necessárias para que os obstáculos sejam ARTIGO 225.º
removidos e a diligência se realize sem demora. (Auto de apreensão)
1. Da apreensão é sempre lavrado um auto do qual deve
CAPÍTULO III constar a descrição da forma como decorreu a diligência,
Apreensões assim como o número, a qualidade, a quantidade, a natureza
ARTIGO 223.º e as características dos objectos apreendidos.
(Objectos susceptíveis de apreensão) 2. O auto de apreensão é assinado pela entidade que
Podem ser apreendidos os objectos que: presidiu à diligência e pelas demais pessoas que estive-
ram presentes que o puderem e quiserem fazer e elaborado
a) Tenham servido de meio à execução do crime;
em duplicado, para que uma das vias possa ser entregue ao
b) Constituam o produto do crime; arguido ou a pessoa que tenha assistido à apreensão.
c) Representem bens ou valores adquiridos com o 3. Se não for possível mencionar, desde logo, o número,
produto do crime; a qualidade, a quantidade e a natureza dos objectos apreen-
d) Representem preço ou recompensa recebidos pelo didos, devem ser embalados e as embalagens fechadas e
agente como contrapartida do cometimento do seladas.
crime; 4. Tratando-se de documentos que devam ser imediata-
mente juntos ao processo, são rubricados pela entidade que
e) Tenham sido deixados pelo agente no local do
presidiu à diligência e pelas demais pessoas presentes.
crime; 5. Se as rubricas forem susceptíveis de causar prejuízo
f) Possam servir de meio de prova da prática do crime. aos documentos ou se estes tiverem de ser examinados, não
ARTIGO 224.º se rubricam, tomando-se as precauções necessárias para
(Competência e formalidades) que o exame e os resultados que dele se esperam não sejam
1. Compete, em geral, ao Ministério Público, na instru- prejudicados.
ção preparatória, ordenar, autorizar ou validar, por despacho ARTIGO 226.º
(Apreensão em serviços de correios e telecomunicações)
fundamentado, a apreensão de qualquer dos objectos men-
cionados no artigo anterior, salvo a de correspondência, 1. A apreensão de cartas, encomendas, valores, telegra-
nomeadamente, em estação ou serviço de correios e tele- mas ou qualquer outra espécie de correspondência, mesmo
em instalação ou estação de correios e telecomunicações, é
comunicações e a de objectos encontrados em escritório de
autorizada, na fase de instrução preparatória, ou ordenada,
advogado, consultório médico, estabelecimentos de saúde,
nas fases seguintes, pelo juiz, sempre que:
bancos e estabelecimentos bancários, que é sempre orde- a) A correspondência seja remetida pelo arguido ou a
nada ou autorizada pelo juiz. ele destinada.
2. Nas fases seguintes do processo, a competência para b) Tenha relação com crime a que corresponda pena
ordenar a apreensão é do juiz. de prisão, com máximo superior a 3 anos;
3. As autoridades de polícia criminal podem, sem pre- c) A apreensão se revista de grande interesse para a
MXt]R GD FRPSHWrQFLD HVSHFt¿FD DWULEXtGD DR MXL] QD IDVH prova do crime ou para a descoberta da verdade.
de instrução preparatória, proceder à apreensão de objectos 2. Não pode, sob pena de nulidade, ser interceptada e
encontrados: apreendida correspondência trocada entre o arguido e o seu
defensor, salvo se disser respeito a crime de que este seja
a) No decurso das revistas que efectuarem e das bus-
arguido.
cas a que procederem; 3. O juiz que autorizou ou ordenou a apreensão é o
b) Nos casos de urgência ou de perigo resultante da primeiro a conhecer o conteúdo da correspondência encon-
demora na recolha da prova. trada, validando-a, desde que não contenda com direitos e
4. As apreensões a que se refere o número anterior estão garantias do visado.
sujeitas a validação da autoridade judiciária competente ARTIGO 227.º
para as ordenar ou autorizar, sob pena de nulidade, pelo (Apreensão em repartições ou serviço público)
que devem, para tal efeito, ser-lhe comunicadas, no prazo 1. O responsável de uma repartição ou de um serviço
de 2 dias. público só se pode opor à apreensão de documentos ou
5. Se o dono ou possuidor dos objectos apreendidos objectos que neles se encontrem e sobre os quais tenha poder
estiver presente no momento da apreensão, é-lhe dado RXGLVSRQLELOLGDGHLQYRFDQGRSRUHVFULWRVLJLORSUR¿VVLR-
conhecimento da decisão que a ordenou ou autorizou. nal ou segredo de estado.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5481

 6HQGR LQYRFDGR VLJLOR SUR¿VVLRQDO R PDJLVWUDGR 4. Na fase de instrução preparatória, o magistrado do
competente que autorizou ou ordenou a apreensão, depois Ministério Público que a presidir pode, provisoriamente,
de analisar as razões invocadas e de realizar as diligências determinar o acesso, a restrição de acesso, o bloqueio ou a
que achar necessárias, decide por despacho fundamentado limitação de operações ou o congelamento de contas bancá-
se é legítima ou não a oposição e, caso o não seja, ordena a rias pertencentes ou não ao arguido, quando houver razões
apreensão, não podendo o responsável da repartição ou do para crer que estão relacionados com a prática de um crime
serviço opor-se a ela, sob pena de incorrer nas penas dos cri- e sejam importantes para a descoberta da verdade ou para a
PHVGHGHVREHGLrQFLDTXDOL¿FDGDRXUHVLVWrQFLDFRQIRUPH prova ou haja fundado risco de dissipação de activos de inte-
for o caso. resse para o processo.
3. Sendo invocado segredo de estado, o magistrado com- ARTIGO 230.º
(Cópias e certidões)
petente solicita, nos termos do n.º 4 do artigo 154.º, para
TXHRUHIHULGRVHJUHGRVHMDFRQ¿UPDGRQRSUD]RGHGLDV Aos autos são juntos os originais dos documentos
GHFRUULGRVRVTXDLVQDIDOWDGHFRQ¿UPDomRDDSUHHQVmRp apreendidos, mas se estes se mostrarem indispensáveis aos
efectuada. serviços a que se destinam, deles podem ser extraídas cer-
4. O disposto n.º 2 é aplicável à apreensão de documen- tidões integrais, cópias ou fotocópias, devolvendo-se os
tos ou objectos que estejam em poder ou na disponibilidade originais a quem detinha a sua posse legítima, fazendo-se na
GHTXDOTXHUSHVVRDVXMHLWDDVLJLORSUR¿VVLRQDO cópia e na certidão menção expressa da apreensão.
5. Se forem apreendidos documentos ou livros indis- ARTIGO 231.º
(Aposição e levantamento de selos)
pensáveis aos serviços das respectivas repartições, a sua
retenção deve ser reduzida ao mínimo de tempo necessário 1. Os objectos apreendidos são selados, sempre que
para o seu exame. possível.
6. No caso referido no número anterior, a autoridade judi- 2. Ao levantamento dos selos assistem, sendo possível,
as mesmas pessoas que estiveram presente na sua aposição,
ciária, na instrução preparatória, o magistrado do Ministério
DVTXDLVGHYHPYHUL¿FDUVHRVPHVPRVQmRIRUDPYLRODGRV
Publico, e, nas restantes fases, o juiz, podem autorizar a pas-
nem foi feita qualquer alteração nos objectos apreendidos.
sagem de certidões dos documentos ou livros, sempre que
isso seja necessário. ARTIGO 232.º
(Destino dos objectos apreendidos)
ARTIGO 228.º
(Apreensão em escritório de advogado, consultório médico ou em
1. Os objectos apreendidos que não possam ser juntos
estabelecimentos de saúde) DR SURFHVVR H QmR VHMDP FRQ¿DGRV D ¿HO GHSRVLWiULR VmR
1. À apreensão em escritório de advogado, consultório guardados em lugar adequado, ao cuidado do funcionário
médico ou em estabelecimentos de saúde são aplicáveis, responsável pelo processo.
2. A apreensão mantém-se até ao julgamento da causa,
com as devidas adaptações, as disposições do artigo 221.º,
a menos que tenha sido proferido, pelo Ministério Público
na parte correspondente, e do n.º 3 do artigo 225.º
RXSHORMXL]GHVSDFKRTXHSRQKDGH¿QLWLYDPHQWHWHUPRDR
2. Não é permitida, sob pena de nulidade, a apreensão de
processo ou que considere os objectos apreendidos desne-
GRFXPHQWRVDEUDQJLGRVSHORVLJLORSUR¿VVLRQDODPHQRVTXH
cessários para efeito de prova.
tais documentos sejam objecto ou elemento de um crime.
ARTIGO 233.º
ARTIGO 229.º (Objectos deterioráveis, perecíveis, perigosos ou sem valor)
(Apreensão em estabelecimento bancário)
1. Compete ao magistrado do Ministério Público, na
1. Por ordem, ou com autorização do juiz, ser apreen- IDVH GH LQVWUXomR SUHSDUDWyULD R¿FLRVDPHQWH RX VRE SUR-
didos documentos, títulos, valores, quantias e quaisquer posta da entidade que procede à instrução, ordenar a venda,
objectos depositados em bancos ou outros estabelecimentos D DIHFWDomR D XPD ¿QDOLGDGH VRFLDOPHQWH ~WLO RX PHVPR
bancários, mesmo que não pertençam ao arguido ou este- a destruição de coisas ou objectos deterioráveis, perecíveis,
jam em nome de outra pessoa, quando houver razões para perigosos ou sem valor que tenham sido apreendidos.
crer que estão relacionados com a prática de um crime e se 2. Nas fases seguintes, a venda, afectação ou destruição
são determinadas pelo juiz à ordem de quem o processo se
revistam de grande relevância para a descoberta da verdade
encontrar, ouvido o Ministério Público, o assistente, se o
ou para a prova.
houver, e o arguido ou o seu defensor.
2. Para os efeitos do número anterior, os documentos, 3. Pode também o juiz ordenar medidas de reparação e
títulos, valores, quantias ou objectos a apreender são exa- manutenção dos objectos apreendidos se o seu valor, estado
minados pessoalmente pelo magistrado competente, com HQDWXUH]DRMXVWL¿FDUHP
auxílio, se necessário, de elementos do Órgão de Polícia 4. O produto apurado com a venda dos objectos apreen-
&ULPLQDOHSRUDVVHVVRUHVRXWpFQLFRVTXDOL¿FDGRV didos, depois de pagas as despesas com a sua guarda,
 7RGDV DV SHVVRDV TXH LQWHUYLHUHP QR H[DPH ¿FDP reparação, conservação e venda é depositado a favor do
VXMHLWDVDRVLJLORSUR¿VVLRQDO Estado.
5482 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 234.º CAPÍTULO IV


(Restituição de objectos apreendidos) Exames
1. Os objectos ou valores apreendidos são restituídos a ARTIGO 238.º
quem de direito, logo que transitem em julgado a sentença (Disposição geral)
ou despacho de não pronúncia ou equivalente ou quando se Sempre que for necessário observar, apurar ou recolher
entenda que a apreensão se tornou desnecessária à prova do indícios deixados pelo cometimento de uma infracção penal,
crime. relativos ao modo como foi cometida, ao lugar em que ocor-
2. Os objectos ou valores apreendidos que não possam reu e à averiguação das pessoas que a cometeram, ordena-se
ser declarados perdidos a favor do Estado são restituídos um exame.
por despacho fundamentado do magistrado do Ministério ARTIGO 239.º
(Exame em pessoas)
Público, na fase de instrução preparatória, e do juiz, nas
outras fases. 1. A pessoa que se recusar a ser submetida a qualquer
3. Os objectos utilizados como meio de realização do exame ordenado nos termos legais pode ser compelida a
fazê-lo por decisão da autoridade judiciária competente.
crime só não são declarados perdidos a favor do Estado,
2. Os exames podem ser ordenados por Órgão de Polícia
mostrando-se que pertencem a terceiros inteiramente alheios
Criminal, quando para o efeito delegado.
ao cometimento do crime, a quem, em tal caso, devem ser 3. Os exames susceptíveis de ofender a integridade, a
restituídos. reserva da intimidade ou o pudor das pessoas, são sempre
4. As pessoas com direito à restituição dos objectos ou ordenados por um juiz competente, quando indispensáveis
YDORUHV DSUHHQGLGRV VmR QRWL¿FDGDV SDUD RV OHYDQWDUHP QR para a instrução, excepto nos casos de urgência ou de con-
SUD]RGHGLDVFRPDDGYHUWrQFLDGHTXHVHQmRR¿]H- sentimento do ofendido, casos em que o Ministério Público
rem dentro de tal prazo, os perdem a favor do Estado. os pode ordenar.
6HQmRIRUSRVVtYHOSURFHGHUjQRWL¿FDomRRVEHQVRX 4. Os exames devem ser efectuados com respeito pela
dignidade da pessoa a examinar e, na medida do possível,
valores não reclamados no prazo de um ano, a contar da data
pelos seus sentimentos de pudor.
do despacho a que se refere o n.º 2 são, do mesmo modo,
5. Aos exames susceptíveis de ofender o pudor só assis-
perdidos a favor do Estado, procedendo-se, em relação a tem a pessoa nomeada para proceder a ele e a autoridade
eles, em conformidade com o disposto no artigo anterior, judiciária competente, podendo o examinando fazer-se
com as necessárias adaptações. DFRPSDQKDUGHSHVVRDGDVXDFRQ¿DQoDSDUDRTXHGHYHVHU
ARTIGO 235.º previamente informado de que tem essa faculdade.
(Destino das armas e munições) 6. O exame realiza-se sem a presença da pessoa de
1. A apreensão de armas e munições é provisória, FRQ¿DQoDLQGLFDGDSHORH[DPLQDGRVHHODQmRSXGHUFRPSD-
recer imediatamente e a demora no exame colocar em perigo
devendo as mesmas ser, imediatamente, entregues, mediante
a recolha da prova e a descoberta da verdade.
termo, à Polícia Nacional para registar em livro próprio e
ARTIGO 240.º
guardá-las. (Exame de lugares e coisas)
2. No caso de serem declaradas perdidas a favor do
Sempre que for ordenado exame de um lugar e de objec-
Estado, a entrega referida no número anterior torna-se tos, deve ser previamente entregue ao suspeito ou arguido
GH¿QLWLYD ou à pessoa que tiver a posse ou a disponibilidade do lugar
ARTIGO 236.º ou do objecto uma cópia do despacho que legitimamente o
(Destino dos veículos apreendidos) ordenar.
1. Os veículos apreendidos são, sem prejuízo do que se
CAPÍTULO V
dispuser em legislação especial, guardados à ordem da enti- Escutas Telefónicas
dade que ordenou a apreensão e entregues aos órgãos de
ARTIGO 241.º
Polícia Criminal da área do Tribunal competente. (Pressupostos e admissibilidade)
2. As viaturas e os veículos motorizados publicitados e
1. Durante a fase de instrução preparatória, são
não reclamados após um ano da apreensão são alienados em
admissíveis a escuta e a gravação de conversas ou comu-
leilões e o produto da venda mantém-se à ordem do processo QLFDo}HVHOHFWUyQLFDVGHVGHTXHVHYHUL¿TXHPRVVHJXLQWHV
DWpGHFLVmR¿QDO pressupostos:
ARTIGO 237.º a) Serem a escuta e a gravação electrónica autoriza-
(Artigos com interesse para o Estado)
das pela autoridade judicial competente;
Os objectos e papéis com interesse para o Estado decla- b) Serem a escuta e a gravação indispensáveis para a
rados perdidos a favor deste são guardados e conservados descoberta da verdade ou tornar-se a prova, sem
pelos Tribunais ou por entidades por si designadas. elas, impossível ou muito difícil de obter;
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5483

c) Tratar-se de crimes de: 3. No caso do número anterior, a autorização concedida


i.3URGXomRHWUi¿FRLOtFLWRVGHHVWXSHIDFLHQWHV deve ser comunicada, no prazo máximo de 3 dias, ao magis-
ii. Contrabando; trado judicial competente do processo.
iii./HQRFtQLRHWUi¿FRVH[XDOGHSHVVRDVDEXVR 4. Só podem ser submetidas a escuta e gravação as con-
sexual de menores e lenocínio de menores; versas e comunicações electrónicas que envolvam o suspeito
iv. Sequestro, rapto e tomada de reféns; ou arguido, seja qual for o equipamento electrónico utili-
v. )DOVL¿FDomR GH PRHGD SDVVDJHP GH PRHGD zado, assim como as pessoas em relação às quais haja fortes
IDOVDRXIDOVL¿FDGDFLUFXODomRQmRDXWRUL]DGD razões para crer que recebem comunicações vindas de sus-
GHPRHGDIDEULFRHIDOVL¿FDomRGHWtWXORVGH peitos ou arguidos, que a eles se destinem ou que utilizam
crédito e respectiva utilização; os seus telefones.
vi. Perigo comum, puníveis com pena de prisão 5. Podem, do mesmo modo, ser submetidas a escuta e
superior, no seu limite máximo, a 5 anos; gravação as conversas ou comunicações feitas através equi-
vii. Associação criminosa e organização pamentos de comunicação electrónica utilizados pela vítima,
terrorista; se esta expressamente as autorizar.
viii. Contra a paz e a comunidade internacional; 6. Não podem ser autorizadas a escuta e a gravação das
ix. Contra a segurança do Estado, puníveis conversas ou comunicações telefónicas entre o arguido e o
com pena de prisão superior, no seu limite seu defensor, salvo se, no processo, existirem indícios de
máximo, a 5 anos; comparticipação criminosa do último.
x. Injúria, ameaça, coacção, perturbação e 7. A proibição estabelecida no número anterior aplica-se
devassa da vida privada, utilizando equipa- às conversas ou comunicações electrónicas entre o arguido e
mentos de comunicação electrónica;
SHVVRDVREULJDGDVDVHJUHGRSUR¿VVLRQDO
xi.7Ui¿FRGHSHVVRDVHyUJmRV
8. A autorização a que se refere o presente artigo é válida
xii. Corrupção;
por um período de 3 meses renovável por períodos com a
xiii. Branqueamento de capitais;
mesma duração, por despacho do magistrado judicial com-
xiv. Natureza cibernética.
petente e a requerimento do Ministério Público, enquanto
2. O disposto no número anterior é igualmente aplicável
se mantiverem os pressupostos exigidos pelo artigo anterior.
a todos os crimes puníveis com pena de prisão superior, no
ARTIGO 243.º
seu limite máximo, a 5 anos e à criminalidade transnacional
(Modo de efectuar as escutas e gravações. Competência)
organizada.
3. A gravação de conversas ou comunicações telefónicas 1. Compete ao Órgão de Polícia Criminal, sob a direcção
pode ser utilizada em qualquer outro processo, já instaurado do Ministério Público, efectuar as escutas e a gravação das
ou a instaurar, desde que ela seja indispensável à prova de conversas ou comunicações electrónicas a que se referem os
qualquer dos crimes mencionados nos n.os 1 e 2 e se tratar de artigos anteriores.
conversas ou comunicações entre pessoas referidas nos 2. Da escuta e gravação são elaborados o respectivo auto
n.os 4 e 5 do artigo seguinte. e um relatório, no qual devem ser indicadas as passagens
4. Os suportes técnicos das conversas ou comunica- susceptíveis de servir como meio de prova, resumidamente
ções electrónicas e os despachos que autorizam as escutas GHVFULWRRUHVSHFWLYRFRQWH~GRHMXVWL¿FDGDDVXDLPSRUWkQ-
e gravações são, no caso do número anterior, juntos, por cia para a descoberta da verdade.
despacho do respectivo magistrado judicial competente, ao 3. Os autos e relatórios são elaborados de 15 em 15 dias,
processo em que vão ser utilizados como meio de prova, a partir do envio da primeira escuta e gravação, e levados
extraindo-se, para tal efeito, quando for necessário, cópias ao conhecimento do Ministério Público, que os apresenta ao
dos referidos suportes. magistrado judicial competente, no prazo máximo de 48 horas,
ARTIGO 242.º se não contender com direitos e garantias fundamentais do
(Autorização) visado, além dos limites da autorização concedidas.
1. As escutas e gravações de conversas e comunicações 4. O Órgão de Polícia Criminal pode, logo que tome
electrónicas são autorizadas por despacho fundamentado conhecimento do conteúdo das conversas ou comunicações
do magistrado judicial competente, a requerimento do telefónicas, praticar os actos urgentes necessários para acau-
Ministério Público. telar e garantir os meios de prova.
2. Pode, no entanto, a autorização ser requerida ao 5. O magistrado judicial competente pode requisitar a
magistrado judicial competente do lugar onde a escuta e a coadjuvação de elementos de Órgãos de Polícia Criminal
gravação se pretendem efectuar ou ao magistrado judicial SDUD VH FHUWL¿FDU GR FRQWH~GR H VHQWLGR GDV FRQYHUVDV RX
competente em que tem a sede a entidade encarregada da comunicações, assim como nomear intérprete, sendo caso
investigação criminal. disso.
5484 DIÁRIO DA REPÚBLICA

6. Na fase de instrução preparatória, o Ministério Público se referem os n.os 4 e 7 do artigo 242.º ou cuja publicidade
pode requerer e o magistrado judicial competente ordenar possa afectar gravemente direitos, liberdades e garantias.
que se transcrevem as conversas e comunicações relevantes 2. No caso do número anterior, todos os intervenientes
capazes de fundamentar a aplicação de medidas de coacção nas escutas e gravações, na elaboração de autos e relatórios
e de garantia patrimonial, com ressalva do termo de identi- e na destruição dos suportes técnicos ou que do respectivo
dade e residência. FRQWH~GRWLYHUHPFRQKHFLPHQWR¿FDPVXMHLWRVDRGHYHUGH
ARTIGO 244.º segredo, incorrendo em responsabilidade penal se divulga-
(Exame dos suportes técnicos das escutas e gravações) rem as respectivas conversas ou comunicações.
1. Concluída a fase de instrução preparatória, o assis- 3. Os suportes técnicos das conversas ou comunicações
tente e o arguido podem examinar os suportes técnicos das não transcritas para servirem como meio de prova e não des-
conversas ou comunicações e obter, à sua custa, cópia dos truídas, nos termos do n.º 1, são guardadas em envelope
trechos que pretendam transcrever e juntar aos autos, assim lacrado, à ordem do Tribunal e destruídas depois do trânsito
como cópia dos relatórios a que se referem os n.os 2 e 3 do em julgado da decisão que puser termo ao processo.
artigo anterior, desde que as requeiram até ao termo dos pra- 4. Os suportes técnicos utilizados como meio de prova
zos previstos para o primeiro requerer a abertura de instrução são, após o trânsito em julgado da decisão que puser termo
contraditória ou para o segundo apresentara sua contestação. ao processo, guardados em envelope lacrado, junto ao
2. As pessoas cujas conversas ou comunicações tiverem processo, só podendo ser utilizados em caso de recurso
sido escutadas e transcritas podem também examinar os res- extraordinário.
pectivos suportes técnicos até ao encerramento da audiência 5. A destruição dos suportes técnicos é feita na presença
de julgamento. do juiz que a ordenar, dela se lavrando o respectivo auto.
3. O Tribunal pode proceder à audição das gravações não ARTIGO 247.º
(Extensão do regime)
destruídas, nos termos do n.º 1 do artigo 246.º, para deter-
minar a correcção das transcrições efectuadas ou a junção O disposto no presente capítulo é correspondentemente
de novas transcrições quando o entender necessário à desco- aplicável às comunicações transmitidas à distância através
berta da verdade e à justa decisão da causa. de qualquer outro meio técnico análogo ou outras formas
ARTIGO 245.º
de transmissão de dados por via telemática, ainda que estes
(Valor probatório das conversas ou comunicações electrónicas) se encontrem guardadas em suporte digital, assim como
1. Só valem como prova, conversas ou comunicações à gravação de conversas ou comunicações entre pessoas
electrónicas que: presentes.
a) O Ministério Público indicar como meio de prova, TÍTULO VI
VHP SUHMXt]R GD SDUWH ¿QDO GR Qž  GR DUWLJR Medidas Processuais de Natureza Cautelar
anterior;
b) O arguido transcrever, a partir das cópias a que CAPÍTULO I
se refere o n.º 1 do artigo anterior, e juntar ao Disposições Gerais e Preliminares
requerimento para abertura de instrução contra- ARTIGO 248.º
ditória ou à sua contestação; (Enumeração das medidas cautelares)

c) O assistente transcrever, a partir das cópias que São medidas processuais de natureza cautelar:
obtiver, nos termos do n.º 1 do mesmo artigo a) A detenção;
e juntar ao processo no prazo previsto para b) As medidas de coacção pessoal;
requerer a instrução contraditória, mesmo que c) As medidas de garantia patrimonial.
não a requeira ou não tenha legitimidade para ARTIGO 249.º
a requerer. (Condições gerais de aplicação da detenção e das medidas de coacção)

2. Não valem como meio de prova, conversas ou 1. A detenção pressupõe a existência de fortes indícios
comunicações electrónicas gravadas e transcritas sem o de que a pessoa detida tenha praticado uma infracção penal
cumprimento dos requisitos e formalidades estabelecidos no punível com pena de privação de liberdade e determina a
presente capítulo. constituição dessa pessoa em arguido, se ela não possuir já
ARTIGO 246.º essa qualidade processual.
(Destino dos documentos e suportes técnicos 2. A aplicação das medidas de coacção pessoal depende
irrelevantes ou não utilizados) da prévia constituição em arguido da pessoa a quem foram
1. O magistrado judicial competente deve, logo na fase aplicadas e, com ressalva do termo de identidade e resi-
de instrução preparatória, ordenar a destruição dos supor- dência, da existência de fortes indícios da prática de crime
tes técnicos e relatórios que disserem respeito a conversas punível com pena de prisão superior, no seu limite máximo,
ou comunicações em que não intervirem as pessoas a que a 1 ano.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5485

CAPÍTULO II 4. Se a prisão tiver sido efectuada por qualquer cidadão,


Detenção devem os detidos ser entregues imediatamente à autoridade
ARTIGO 250.º ou agente de autoridade que for encontrado mais próximo
&RQFHLWRH¿QDOLGDGHVGDGHWHQomR do local, procedendo-se à apresentação ao magistrado do
1. A detenção é um acto processual de privação precária Ministério Público.
da liberdade por tempo nunca superior a 48 horas, praticado 5. Quando o exercício da acção penal depender de queixa
e apenas permitido com o propósito de: de certas pessoas, a detenção só se mantém se o titular do
a)6XEPHWHURGHWLGRHPÀDJUDQWHGHOLWRDMXOJDPHQWR respectivo direito vier a exercê-lo em acto a ele seguido,
sumário; devendo, neste caso, a autoridade competente levantar ou
b) Apresentar perante o magistrado judicial com- PDQGDUOHYDQWDUDXWRHPTXHDTXHL[D¿TXHFRQVLJQDGD
petente para o primeiro interrogatório ou para 6. Se o procedimento criminal depender da acusação
aplicação, alteração ou substituição de medida SDUWLFXODUQmRKiOXJDUDGHWHQomRHPÀDJUDQWHGHOLWRPDV
de coacção, pessoa em relação à qual haja, em DSHQDVjLGHQWL¿FDomRGRLQIUDFWRU
processo contra si instaurado, indícios de ter ARTIGO 252.º
1RomRGHÀDJUDQWHGHOLWR
cometido um crime;
c) Garantir a presença, imediata ou no mais curto &RQVLGHUDVHÀDJUDQWHGHOLWRWRGRRIDFWRSXQtYHOTXH
prazo possível e sem ultrapassar as 24 horas, do se está a cometer ou que se acabou de cometer.
detido perante a autoridade judiciária ou Órgão  5HSXWDVH WDPEpP FRPR ÀDJUDQWH GHOLWR R FDVR HP
de Polícia Criminal, em acto processual; que o infractor é, logo a seguir à prática da infracção, perse-
d) $VVHJXUDU D QRWL¿FDomR GD VHQWHQoD FRQGHQDWy- guido por qualquer pessoa ou encontrado, a seguir à prática
da infracção, com objectos ou sinais que mostrem clara-
ria de arguido julgado sem estar presente na
mente que a cometeu ou nela participou.
audiência de julgamento nos casos permitidos
 1RV FULPHV SHUPDQHQWHV Vy Ki ÀDJUDQWH GHOLWR
pelo presente Código ou a execução de pena de
enquanto se mantiverem sinais que mostrem claramente que
prisão ou de medida de segurança privativa de
o crime está a ser cometido e o agente está nele a participar.
liberdade.
ARTIGO 253.º
2. Em caso de detenção para aplicação de medida de coac-
(Entrada no lugar do cometimento do crime)
ção privativa de liberdade, é obrigatório o interrogatório do
detido, nos termos do artigo 258.º, sem prejuízo de audição 7UDWDQGRVHGHÀDJUDQWHGHOLWRGHFULPHSXQtYHOFRP
sumária pelo Ministério Público, para aferir da necessidade pena de prisão superior, no seu limite máximo, a 1 ano, a
ou não de requerer a aplicação de alguma medida de coação entrada, de dia, no lugar em que o facto está a ser come-
pessoal da competência do juiz. tido ou acabou de se cometer ou no lugar em que o infractor
3. Após o interrogatório preliminar, o Ministério Público, se acolheu, ainda que não seja acessível ao público ou se
se não libertar o detido, ordena que este seja presente ao juiz trate de casa habitada ou suas dependências fechadas, é, sem
de garantia, nos termos dos artigos 169.º e 170.º prejuízo do disposto no número seguinte, permitido sem
4. Contra os que infringirem as disposições anteriores qualquer formalidade.
é instaurado, imediatamente, processo-crime, independente- 2. Se, no caso do número anterior, houver oposição à
mente de queixa do ofendido. entrada, pelo dono da casa ou lugar, e o captor não for nem
ARTIGO 251.º
autoridade judiciária nem elemento da polícia, deve aquele
'HWHQomRHPÀDJUDQWHGHOLWR limitar-se a chamar qualquer uma destas entidades e a aguar-
 (P ÀDJUDQWH GHOLWR SRU FULPH SXQtYHO FRP SHQD GH dar a sua chegada ou a saída do infractor.
prisão, com ou sem multa, qualquer autoridade judiciária ou 3. De noite, a entrada é permitida se o captor for autori-
entidade policial deve e qualquer cidadão pode proceder à dade judiciária ou entidade policial e ao crime corresponder
detenção, se nenhuma daquelas entidades estiver presente pena de prisão com máximo superior, no seu limite máximo,
ou puder ser chamada em tempo útil. a 3 anos.
2. Se a detenção for efectuada por autoridade judiciária, ARTIGO 254.º
'HWHQomRIRUDGHÀDJUDQWHGHOLWR
levantado o correspondente auto de notícia e sem prejuízo
do disposto nos n.os 5 e 6 do presente artigo e no artigo 257.º,  )RUD GH ÀDJUDQWH GHOLWR D GHWHQomR Vy p SHUPLWLGD
n.º 1, esta apresenta o detido perante o Ministério Público quando houver razões fundadas para crer que a pessoa a
junto do Tribunal competente para o respectivo julgamento deter não se apresentaria voluntária e espontaneamente
sumário. SHUDQWHDDXWRULGDGHMXGLFLiULDQRSUD]RTXHOKHIRVVH¿[DGR
3. Se a detenção for efectuada por entidade policial, esta 2. A detenção a que se refere o número anterior é
lavra, do mesmo modo, o auto de notícia e apresenta o detido efectuada por mandado do Ministério Público na fase de ins-
ao Ministério Público, nos termos do número anterior. trução preparatória e pelo juiz nas restantes fases.
5486 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. As Autoridades de Polícia Criminal podem, também, 5. É instaurado procedimento penal, nos termos pre-
RUGHQDUDGHWHQomRIRUDGHÀDJUDQWHGHOLWRTXDQGRFXPXOD- YLVWRV QD OHJLVODomR YLJHQWH FRQWUD R FDSWRU TXH FHUWL¿FDU
WLYDPHQWHVHYHUL¿FDUHPRVVHJXLQWHVUHTXLVLWRV falsamente a impossibilidade de cumprimento do mandado.
a) Ser o crime doloso e punível com pena de prisão, ARTIGO 257.º
superior, no seu limite máximo, a 3 anos; (Incomunicabilidade do detido)
b) Haver fortes indícios com fundamento bastante 1. O detido não deve comunicar-se com pessoa alguma
para crer que a pessoa a deter se prepara para antes do primeiro interrogatório, salvo com o seu Advogado.
fugir à acção da justiça; e, Poderá ainda comunicar-se com algum familiar para comu-
c) Não ser possível, considerada a urgência e o perigo nicar da sua prisão e sobre o local para que seja conduzido,
na demora, esperar pela intervenção do magis- bem como da pretensão de constituição de mandatário.
trado competente. 2. Enquanto durar a instrução preparatória, o magistrado
4. No caso previsto no número anterior, o detido deve ser do Ministério Público pode, mediante despacho fundamen-
presente pelo Ministério Público ao juiz de garantias dentro tado, proibir a comunicação do arguido com certas pessoas
das 48 horas após à detenção, com termo de apresentação ou condicioná-la, se tal se mostrar indispensável para evitar
que contém os motivos da detenção e as provas que a funda- tentativas de perturbação da instrução do processo.
mentam, sob pena de o detido ser imediatamente restituído 3. A violação do disposto no n.º 1 é punida como crime
à liberdade. de desobediência, nos termos da lei.
ARTIGO 255.º ARTIGO 258.º
(Requisitos dos mandados de detenção) (Primeiro interrogatório judicial de arguido detido)
1. Os mandados de detenção são passados em triplicado O primeiro interrogatório judicial de arguido detido, que
e devem conter, sob pena de nulidade: não deva ser julgado em processo sumário, é feito nos ter-
a) $ LGHQWL¿FDomR GD SHVVRD D GHWHU FRP PHQomR mos dos artigos 169.º e 170.º
do nome e, se possível, a residência e mais ARTIGO 259.º
HOHPHQWRVTXHSRVVDPLGHQWL¿FiODHIDFLOLWDUD (Termos subsequentes)
detenção; 1. Findo o interrogatório e encerradas as diligências e o
b)$LGHQWL¿FDomRHDDVVLQDWXUDGDDXWRULGDGHMXGL- auto, o juiz de garantias:
ciária ou de Polícia Criminal competente; a)6HFRQVLGHUDUYHUL¿FDGRVRVSUHVVXSRVWRVGHIDFWR
c) A indicação do facto que motivou a detenção e das e de direito que motivaram a detenção, valida-a e
circunstâncias que legalmente a fundamentam. aplica a medida de coacção que ao caso couber;
2. No caso previsto na alínea d) do n.º 1 do artigo 250.º, o
b)6HQmRFRQVLGHUDUYHUL¿FDGRVHVVHVSUHVVXSRVWRV
mandado deve conter ainda a indicação da infracção come-
restitui o detido à liberdade.
tida, a pena ou medida de segurança aplicada e a sentença
2. O juiz de garantias deve sempre fundamentar a deci-
que a decretou.
são que tomar.
3. Ao detido é exibido o mandado de detenção e entregue
uma das cópias. CAPÍTULO III
ARTIGO 256.º Medidas de Coacção Pessoal e de Garantia Patrimonial
(Exequibilidade dos mandados de detenção)
ARTIGO 260.º
1. Os mandados de detenção são exequíveis em todo o (Enumeração das medidas)
WHUULWyULRQDFLRQDOHVmRH[HFXWDGRVSRUR¿FLDLVGHGLOLJrQFLD 1. São medidas de coacção pessoal:
RXSRUTXHPDVXDYH]¿]HU a) O termo de identidade e residência:
2. A execução dos mandados pode também ser solicitada
b) A obrigação de apresentação periódica às autori-
aos órgãos da polícia ou às autoridades militares, no caso de
dades:
a pessoa a deter ser militar, podendo, para esse efeito, ser
c) A proibição ou obrigação de permanência em
passados ou extrair-se deles, por cópia autenticada, tantos
determinados locais e proibição de contactos
exemplares quantos os necessários.
3. Quem proceder à detenção deve passar, no exemplar com determinadas pessoas;
do mandado que tiver de ser junto ao processo, certidão d) A caução;
mencionando o dia, hora e local em que a efectuou, assim e) A interdição de saída do País;
como a entrega de cópia do mandado ao detido. f) A prisão preventiva domiciliária;
4. Quando não tenha sido possível efectuar a detenção, g) A prisão preventiva.
deve quem dela for encarregado elaborar certidão indicando 2. São medidas de garantia patrimonial:
os motivos por que não a efectuou e entregar os mandados a a) A caução económica;
quem a ordenou. b) O arresto preventivo.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5487

ARTIGO 261.º b) A indicação dos indícios recolhidos no processo


(Princípio da legalidade)
que comprovem os factos imputados, sempre
As medidas de coacção e de garantia patrimonial são que essa indicação não possa pôr em risco o
exclusivamente as enumeradas no presente Código e só elas
êxito da investigação ou a integridade física e a
e a detenção podem, em função de exigências processuais de
vida dos participantes processuais ou da vítima
natureza cautelar, limitar a liberdade das pessoas.
do crime;
ARTIGO 262.º
(Princípios da necessidade, adequação, proporcionalidade c) $ TXDOL¿FDomR MXUtGLFD GRV IDFWRV LPSXWDGRV DR
e subsidiariedade) arguido;
1. As medidas de coacção e de garantia patrimonial a d) A referência aos factos concretos que preenchem
aplicar pelo magistrado do Ministério Público ou pelo juiz, os pressupostos da aplicação da medida, nomea-
nos termos do presente Código, devem ser as necessárias e
damente, os indicados no n.º 1 do artigo 263.º
adequadas às exigências do caso concreto e proporcionais à
gravidade da infracção. ARTIGO 266.º
2. As medidas de coacção mais gravosas para o arguido (Violação das obrigações impostas)
só devem, sem prejuízo do disposto quanto à cumulação, ser 1. Se o arguido violar as obrigações que lhe foram impos-
DSOLFDGDVVHHPFRQFUHWRQmRIRUHPVX¿FLHQWHVRXDGHTXD- tas por uma medida de coacção, o magistrado do Ministério
das as menos gravosas. Público ou juiz de garantias na fase de instrução prepara-
ARTIGO 263.º tória, ou o juiz da causa, nas fases subsequentes, pode,
(Pressupostos de aplicação das medidas de coacção)
considerando a gravidade do crime que lhe é imputado, bem
1. Nenhuma medida de coacção, à excepção do termo de como os motivos que determinaram a violação, impor-lhe
identidade e residência, podem ser aplicadas se, no momento
outra ou outras medidas adequadas ao caso.
GDVXDDSOLFDomRVHQmRYHUL¿FDU
2. Quando o arguido infringir a obrigação de permanên-
a) Fuga ou perigo de fuga;
cia na habitação imposta pela medida de prisão domiciliária
b) Perigo real de perturbação da instrução do processo
e as impostas por medidas que cumulativamente lhe tenham
no que respeita, nomeadamente, à aquisição,
conservação e integridade da prova; sido aplicadas, pode o magistrado judicial competente sub-
c) Perigo, em função da natureza, das circunstâncias metê-lo a prisão preventiva.
do crime e da personalidade do arguido, da 3. O magistrado competente pode usar da faculdade
continuação por este da actividade criminosa ou prevista no n.º 1 quando o arguido caucionado faltar, pela
de perturbação grave da ordem e tranquilidade primeira vez, a um acto processual para que tenha sido devi-
públicas. GDPHQWHQRWL¿FDGRPDVVHVHPMXVWL¿FDomRYROWDUDIDOWDU
2. Nenhuma medida de coacção e de garantia patrimo- ou a não cumprir obrigações inerentes às medidas impos-
nial deve ser aplicada, havendo fundadas razões para crer na tas nos termos do n.º 1, o magistrado judicial competente
existência de causas de extinção da responsabilidade crimi- sujeita-o, do mesmo modo, a prisão preventiva, se entender
nal do arguido. TXHHVWD~OWLPDPHGLGDpD~QLFDH¿FD]
ARTIGO 264.º ARTIGO 267.º
(Despacho de aplicação das medidas de coacção) (Revogação e substituição das medidas de coacção)
1. As medidas de coacção pessoal são aplicadas por des- 1. As medidas de coacção aplicadas devem ser revogadas
pacho do magistrado do Ministério Público ou do juiz de pelo magistrado do Ministério Público ou pelo juiz, quando
garantias, na fase de instrução preparatória, e por despacho
YHUL¿FDUTXH
do juiz da causa, ouvido o Ministério Público, nas restan-
a) Não foram aplicadas nas circunstâncias em que a
tes fases.
lei permite a sua aplicação;
2GHVSDFKRpQRWL¿FDGRDRDUJXLGRFRPDDGYHUWrQFLD
das consequências do incumprimento das obrigações que lhe b)$VFLUFXQVWkQFLDVGHL[DUDPGHDVMXVWL¿FDU
VmRLPSRVWDVHWUDWDQGRVHGHSULVmRSUHYHQWLYDQRWL¿FDGR 2. A revogação não impede que uma medida revogada
também ao seu defensor ou aos parentes que ele indicar. VHMDGHQRYRLPSRVWDVHDVFLUFXQVWkQFLDVTXHDMXVWL¿FDP
ARTIGO 265.º
voltarem a ocorrer, mas, em tal caso, deve ser respeitada a
(Requisitos do despacho) unidade do prazo legal, que se conta como se a medida não
O despacho que aplicar medida de coacção pessoal, à tivesse sido interrompida.
excepção do termo de identidade e residência, ou de garantia 3. Quando as circunstâncias se alterarem, de modo a que
patrimonial deve conter, sob pena de nulidade: uma medida de coacção se torne excessiva, pode o magis-
a) A descrição sumária dos factos imputados ao trado competente substituí-la por outra menos gravosa para
arguido, com as circunstâncias, em particular, de o arguido ou determinar uma forma menos gravosa de a
tempo, lugar e modo que forem conhecidas; executar.
5488 DIÁRIO DA REPÚBLICA

4. A revogação e a substituição são requeridas pelo c) De que o incumprimento das obrigações estabe-
DUJXLGR H RUGHQDGDV R¿FLRVDPHQWH SHOR PDJLVWUDGR GR lecidas nas alíneas anteriores não impede que o
Ministério Público ou pelo juiz de garantias, na fase de ins- SURFHVVRSURVVLJDHIHFWXDQGRVHDVQRWL¿FDo}HV
trução preparatória, ou ainda pelo juiz da causa, nas demais por editais e anúncios.
fases do processo. 6. Se o arguido residir fora ou for residir para fora da
ARTIGO 268.º circunscrição judicial onde o processo correr os respectivos
(Extinção das medidas de coacção) trâmites, deve indicar pessoa residente nesta última para que
1. As medidas de coacção aplicadas ao arguido extin- QD UHVSHFWLYD UHVLGrQFLD SRVVD UHFHEHU DV QRWL¿FDo}HV TXH
guem-se com: lhe são destinadas.
a) A sua substituição por outra medida; 7. O termo de identidade e residência é cumulável com
b) O decurso do respectivo prazo legal; qualquer outra medida de coacção pessoal.
c) O despacho que ordenar o arquivamento do pro-
SECÇÃO II
FHVVRRXTXHHVWH¿TXHDDJXDUGDUSURGXomRGH Apresentação Periódica às Autoridades
melhor prova;
d) O despacho de não pronúncia ou o que rejeitar a ARTIGO 270.º
(Obrigação de apresentação periódica)
acusação;
e) A sentença absolutória, mesmo havendo recurso; 1. Quando ao crime imputado ao arguido for aplicá-
f) O trânsito em julgado da sentença condenatória, vel pena de prisão com limite máximo superior a 1 ano, o
salvo o disposto no n.º 3. magistrado do Ministério Público ou o juiz pode impor-
2. A sentença condenatória extingue imediatamente -lhe a obrigação de se apresentar periodicamente a uma
as medidas de prisão preventiva e de prisão domiciliária, Autoridade Judiciária, de Polícia Criminal ou a uma estru-
mesmo sendo interposto recurso, quando a pena aplicada tura policial, em dia e hora pré-estabelecidos, devendo, na
não for superior à duração daquelas. determinação daquela autoridade e no pré-estabelecimento
3. Se o arguido for condenado em prisão, a caução só se dos dias e horas de apresentação ter-se na devida conta as
extingue com o início da execução daquela pena. H[LJrQFLDVSUR¿VVLRQDLVGRDUJXLGRHRORFDOHPTXHUHVLGH
CAPÍTULO IV $HQWLGDGHDTXHPRDUJXLGR¿FDUFRPDREULJDomRGH
Medidas de Coacção Pessoal se apresentar deve, no prazo de 10 dias a contar da sua veri-
¿FDomRFRPXQLFDUDVIDOWDVGHDSUHVHQWDomRTXHRDUJXLGR
SECÇÃO I
Termo de Identidade e Residência
QmRMXVWL¿FDU
3. A obrigação de apresentação periódica é cumulável
ARTIGO 269.º
com qualquer outra medida de coacção com ela compatível.
(Prestação do termo de identidade e residência)
4. A medida de coacção prevista no presente artigo
1. Findo o interrogatório do detido, se o processo tiver de
extingue-se decorridos os prazos de prisão preventiva esta-
continuar, o magistrado do Ministério Público ou o juiz deve
belecidos no artigo 283.º
sujeitá-lo a termo de identidade e residência.
2. O termo deve também ser imposto pelo juiz, pelo SECÇÃO III
Proibição ou Obrigação de Permanência e Proibição de Contactos
Ministério Público e pelas Autoridades de Polícia Criminal,
sempre que interrogarem alguém como arguido. ARTIGO 271.º
3. No termo, o arguido faz prova da sua identidade e (Aplicação da medida)
declara a sua residência, o seu local de trabalho ou outro 1. Quando ao crime imputado ao arguido for aplicável
GRPLFtOLRjVXDHVFROKDRQGHSRVVDVHUQRWL¿FDGR pena de prisão superior, no seu limite máximo, a 1 ano, o
4. A identidade considera-se provada se for conhecida magistrado do Ministério Público ou o juiz pode impor-lhe,
do juiz, do magistrado do Ministério Público ou de qualquer separada ou cumulativamente:
funcionário de justiça, pela exibição do bilhete de identidade a) A proibição de permanência na área de certa loca-
ou de documento de igual força ou por intermédio de pessoa lidade e, dentro dela, em determinados meios
idónea que declare conhecer o arguido.
ou locais, nomeadamente na residência onde
5. Do termo deve constar que foi dado conhecimento ao
foi cometido o crime contra as pessoas de que
arguido:
a) Da obrigação de comparecer perante a autoridade tenham sido vítimas o cônjuge do arguido, ou
competente e de se manter à sua disposição pessoa que com ele viva em situação análoga à
sempre que a lei o obrigar ou para isso for devi- dos cônjuges, e menores a seu cargo.
GDPHQWHQRWL¿FDGR b) A proibição de contactar com certas pessoas;
b) Da obrigação de não mudar de residência nem dela c) A obrigação de não se ausentar, sem autorização,
se ausentar por mais de cinco dias sem comuni- da localidade onde reside, salvo para lugares
car a nova residência ou o lugar onde possa ser pré-estabelecidos, nomeadamente para localida-
encontrado; des em que trabalhe ou estude.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5489

2. A medida de coacção prevista no presente artigo extin- SECÇÃO V


Interdição de Saída do País
gue-se com o decurso dos prazos estabelecidos para a prisão
preventiva no artigo 283.º ARTIGO 276.º
(Aplicação da medida)
SECÇÃO IV
Caução 1. Quando ao crime imputado ao arguido for aplicá-
vel pena de prisão com limite máximo superior a 3 anos,
ARTIGO 272.º
o juiz pode impor-lhe a proibição de saída do País, sem
(Obrigação de prestar caução)
autorização.
1. Se o crime imputado ao arguido for punível com pena 2. A autorização para sair do País a que se refere o
de prisão superior, no seu limite máximo, a 1 ano, o magis- número anterior é concedida pelo juiz para impor medidas
trado do Ministério Público ou o juiz pode impor-lhe a de coacção processual.
prestação de caução. 3. O magistrado competente que aplicar a interdição de
2. Na determinação do montante da caução, deve o saída do País deve comunicar às autoridades migratórias.
PDJLVWUDGR FRPSHWHQWH WHU HP FRQVLGHUDomR RV ¿QV TXH D 4. Se o arguido for titular de passaporte ou outro
medida se destina a acautelar, a gravidade do crime, o dano documento com igual força normalmente usados para
por este causado e a condição económica e social do arguido. sair do País, o mesmo deve ser apreendido, permane-
3. Se o arguido não puder prestar a caução que lhe foi cendo apenso ao processo enquanto durar a medida.
¿[DGD RX WLYHU JUDQGH GL¿FXOGDGH HP SUHVWiOD SRGH R 5. Os prazos de duração da medida de interdição de saída
PDJLVWUDGR FRPSHWHQWH R¿FLRVDPHQWH RX D UHTXHULPHQWR do País são os estabelecidos no artigo 283.º para a prisão
preventiva.
substituí-la por qualquer outra das medidas de coacção apli-
SECÇÃO VI
cáveis, nos termos do presente Código.
Prisão Preventiva Domiciliária
4. A obrigação de prestar caução pode ser imposta em
ARTIGO 277.º
cumulação com qualquer outra medida, à excepção da prisão
(Aplicação da medida)
domiciliária e da prisão preventiva.
1. Quando, no caso concreto, considerar inadequadas ou
ARTIGO 273.º LQVX¿FLHQWHV DV PHGLGDV GH FRDFomR UHIHULGDV QRV DUWLJRV
(Modos e meios de prestação)
anteriores, o magistrado judicial competente pode impor ao
1. A caução pode ser prestada por depósito, penhor, hipo- arguido a medida de prisão domiciliária, desde que ao crime
WHFD ¿DQoD RX ¿DQoD EDQFiULD QRV WHUPRV FRQFUHWDPHQWH seja aplicável pena de prisão com limite máximo superior a
admitidos pelo magistrado competente. 3 anos.
2. A prisão domiciliária obriga o arguido a permanecer
2. O magistrado competente pode autorizar o arguido
na habitação em que resida, não podendo se ausentar dela
que já tenha prestado caução por um dos meios estabeleci- sem autorização.
dos no número anterior a substituí-la por qualquer um dos 3. A prisão domiciliária pode ser cumprida em instituição
outros. de saúde ou de solidariedade social, se o magistrado judi-
3. A caução é processada por apenso. cial, face às circunstâncias de vida e de saúde do arguido, o
autorizar.
ARTIGO 274.º
5HIRUoRRXPRGL¿FDomRGDFDXomR 4. A prisão domiciliária é cumulável com a proibição de
contactar, por qualquer meio, com determinadas pessoas.
1. Se depois de prestada a caução, forem conhecidas ou $¿VFDOL]DomRHRFRQWURORGRFXPSULPHQWRGDVREUL-
VREUHYLHUHPFLUFXQVWkQFLDVTXHDWRUQHPLQVX¿FLHQWHRXTXH gações do arguido durante a prisão domiciliária podem
GHWHUPLQHP PRGL¿FDo}HV QR PRGR GH D SUHVWDU R PDJLV- fazer-se por qualquer meio não proibido por lei, nomeada-
trado competente pode impor o seu reforço ou que seja mente, autoridade policial e meios electrónicos de controlo
alterada a prestação. à distância.
2. Se, no caso do número anterior, o arguido não puder ARTIGO 278.º
(Prazos de duração da prisão domiciliária)
satisfazer as exigências impostas pelo magistrado compe-
tente, aplica-se o disposto n.º 3 do artigo 272.º 1. Os prazos de duração de prisão domiciliária são, cor-
respondentemente, os estabelecidos para a prisão preventiva
ARTIGO 275.º
no artigo 283.º
(Quebra de caução)
2. Extinta a medida de prisão domiciliária, cessam ime-
1. A caução considera-se quebrada, quando o arguido, diatamente as restrições à liberdade individual impostas ao
VHPMXVWL¿FDomRIDOWDUDXPDFWRSURFHVVXDODTXHGHYDFRP- arguido.
parecer ou não cumprir as obrigações derivadas de medida 3. Quando a causa da extinção tiver sido o decurso do
de coacção que lhe tenham sido cumulativamente impostas. prazo de duração, o magistrado competente pode impor uma
2. Quebrada a caução, o seu valor reverte para o Estado, ou mais das medidas previstas nos artigos 270.º, 271.º, 272.º
sem prejuízo do disposto no artigo 266.º e 276.º
5490 DIÁRIO DA REPÚBLICA

SECÇÃO VII 2. Em caso de suspensão, aplica-se, com as devidas


Prisão Preventiva
adaptações, o disposto nos n.os 2 e 3 do artigo anterior.
ARTIGO 279.º ARTIGO 282.º
(Aplicação da medida) (Reexame dos pressupostos da prisão preventiva)
1. Quando, no caso concreto, considerar inadequadas ou 1. Os pressupostos de aplicação da prisão preventiva
LQVX¿FLHQWHVDVPHGLGDVGHFRDFomRHVWDEHOHFLGDVQRVDUWL- GHYHP VHU REULJDWyULD H R¿FLRVDPHQWH UHH[DPLQDGRV VRE
gos antecedentes e o crime for doloso, punível com prisão pena de irregularidade processual, nas seguintes situações:
superior, no seu limite máximo, a 3 anos e existirem fortes a) Quando for recebida a acusação ou proferido o
indícios da sua prática pelo arguido, o magistrado judi- despacho de pronúncia;
FLDO FRPSHWHQWH SRGH R¿FLRVDPHQWH RX VRE SURPRomR GR b) Quando for proferida decisão que conheça do
Ministério Público, impor-lhe a medida de prisão preventiva. objecto do processo e não determine a extinção
2. No despacho em que o magistrado judicial competente da prisão preventiva.
impuser a prisão preventiva deve, obrigatoriamente, indi- 2. O dever de reexame compete ao magistrado judicial
FDUDVUD]}HVSRUTXHFRQVLGHUHLQDGHTXDGDVRXVX¿FLHQWHV competente.
3. Concluído o reexame, o magistrado judicial com-
outras medidas de coacção pessoal.
petente decide se a prisão preventiva deve ser mantida,
3. A prisão preventiva é obrigatória:
revogada ou substituída por outra medida.
a) Nos crimes de genocídio e contra a humanidade;
ARTIGO 283.º
b) Nos crimes de organização terrorista, terrorismo e
(Prazos máximos de prisão preventiva)
¿QDQFLDPHQWRGRWHUURULVPR
1. A prisão preventiva cessa quando, desde o seu início,
4. É ilegal a prisão preventiva destinada a obter indícios
decorrerem:
de que o arguido cometeu o crime que lhe é imputado.
a) 4 meses sem acusação do arguido;
ARTIGO 280.º b) 6 meses sem o arguido ser pronunciado;
(Inaplicabilidade da medida de prisão preventiva)
c) 12 meses, até à condenação em primeira instância;
1. A prisão preventiva não pode ser imposta: d) 18 meses, sem haver condenação com trânsito em
a) À pessoa portadora de doença grave e que decla- julgado.
radamente torne incompatível a privação da sua 2. Os prazos estabelecidos no número anterior são alar-
liberdade; gados, respectivamente, para 6, 8, 14 e 20 meses, quando se
b) À mulher grávida com mais de 6 meses de gesta- tratar de crime punível com pena de prisão superior, no seu
ção ou até 3 meses depois do parto; limite máximo, a 5 anos e o processo se revestir de especial
c) A quem tiver mais de 70 anos de idade, sempre complexidade, em função do número de arguidos e ofen-
que o seu estado de saúde comprovadamente didos, do carácter violento ou organizado do crime e do
desaconselhe a privação de liberdade; particular circunstancialismo em que foi cometido.
d) À pessoa que estiver a tratar de cônjuge, ascen- 3. Os prazos de prisão preventiva previstos no n.º 1, só
GHQWH GHVFHQGHQWH RX D¿P QRV PHVPRV JUDXV podem ser alargados por despacho do juiz de garantias, a
que esteja doente, quando o tratamento prestado requerimento do Ministério Público, durante a instrução
comprovadamente se considere indispensável; SUHSDUDWyULDRXR¿FLRVDPHQWHSHORMXL]GDFDXVDQDVIDVHV
e) No dia em que tenha falecido o cônjuge ou qual- seguintes, devendo tanto o requerimento quanto o despacho
quer ascendente, descendente ou colaterais até do juiz ser devidamente fundamentado.
DRžJUDXHD¿PQRVPHVPRVJUDXVHQRVGLDV 4. Sendo o Processo Penal suspenso para julgamento
imediatos; de questão prejudicial ou havendo recurso para o Tribunal
2. No caso da alínea d), a inaplicabilidade cessa com a Constitucional, o prazo é acrescido de 4 meses.
cura do familiar doente ou com o decurso de um período de 5. Os prazos estabelecidos nos números anteriores são
60 dias, no máximo. suspensos durante o internamento hospitalar do arguido,
3. Em todos os casos referidos no n.º 1 pode o magis- sempre que a presença deste seja necessária à continuação
trado judicial competente, enquanto subsistir a situação de da investigação.
inaplicabilidade, substituir, por despacho fundamentado, a 6. O tempo de detenção e o de prisão domiciliária cum-
prisão preventiva por prisão preventiva domiciliária e sujei- pridos pelo arguido contam para efeito de determinação do
tar cumulativamente o arguido a outras medidas de coacção prazo decorrido, como tempo de prisão preventiva.
com elas compatíveis. ARTIGO 284.º
ARTIGO 281.º (Restituição à liberdade do arguido sujeito à prisão preventiva)
(Suspensão da execução da medida de prisão preventiva) 1. Extinta a prisão preventiva ou esgotadas as razões
1. O magistrado judicial competente pode suspender que a fundamentaram, o arguido é imediatamente restituído
a execução da medida de prisão preventiva aplicada ao à liberdade, a menos que deva continuar preventivamente
arguido sempre que sobrevier qualquer das situações descri- preso por virtude de outro processo, à ordem do qual deve
tas no n.º 1 do artigo anterior. ser mantido.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5491

2. Quando a prisão preventiva se extinguir por se terem FLDQWHVGHVGHTXHXPDYH]¿[DGDDFDXomRHFRQyPLFDHVWH


esgotado os prazos estabelecidos no artigo anterior, o magis- não a preste no prazo de 8 dias.
trado judicial competente pode impor ao arguido qualquer 2. O arresto preventivo é autuado e segue os trâmites
uma ou mais de uma das medidas de coacção previstas nos estabelecidos pela lei do processo civil, mas a oposição ao
artigos 270.º,271.º, 272.º e 276.º arresto decretado nunca tem efeito suspensivo e o requerente
3. Sempre que estiverem esgotadas as razões que funda- ¿FDGLVSHQVDGRGHID]HUSURYDGRIXQGDGRUHFHLRGHSHUGDRX
mentaram a prisão preventiva, deve o arguido ser posto em diminuição relevantes das garantias de pagamento, quando,
liberdade. ¿[DGDSHORMXL]DFDXomRHFRQyPLFDQmRIRUSUHVWDGD
3. Quando houver controvérsia sobre a propriedade dos
CAPÍTULO V
bens arrestados, o juiz deve remeter a decisão para a jurisdi-
Medidas de Garantia Patrimonial
ção civil, mantendo-se, entretanto, o arresto, nos termos em
ARTIGO 285.º que foi decretado, até a referida jurisdição decidir a questão.
(Caução económica)  /RJR TXH D FDXomR HFRQyPLFD ¿[DGD SHOR MXL] VHMD
1. Havendo fundado receio de falta ou diminuição rele- prestada, o arresto é revogado.
vantes das garantias de pagamento da multa, quer se trate
de pena principal, de pena de substituição ou resultado de CAPÍTULO VI
conversão de outras penas, das custas do processo ou de Impugnação das Medidas Cautelares
qualquer outra dívida ao estado relacionada com o crime, ARTIGO 287.º
o magistrado do Ministério Público deve requerer que o (Fiscalização das garantias)
arguido preste caução económica, indicando no requeri- 1. A decisão do magistrado do Ministério Público que
mento o valor, os termos e as modalidades em que ela deve aplicar, mantiver ou substituir uma medida de coacção é sus-
ser prestada. FHSWtYHO GH ¿VFDOL]DomR SRU PDJLVWUDGR MXGLFLDO PHGLDQWH
2. O mesmo pode fazer o lesado relativamente ao arguido requerimento do arguido ou seu advogado.
ou ao civilmente responsável, se tiver fundado receio de 2. O requerimento é dirigido ao magistrado judicial com-
falta ou diminuição relevantes das garantias do pagamento petente, para efeito de decisão no prazo máximo de oito dias
da indemnização ou de outras obrigações derivadas do crime úteis, a contar da data de recepção do processo.
de que seja credor. 3. É irrecorrível a decisão sobre a impugnação.
 $ FDXomR SUHVWDGD SDUD RV ¿QV LQGLFDGRV QR Qž  4. A impugnação feita nos termos do n.º 1 não suspende
requerida pelo Ministério Público, pode aproveitar ao a execução da medida aplicada.
lesado, tal como a caução económica requerida pelo lesado 5. Tratando-se de pessoa que goze de foro especial,
a impugnação deve ser apresentada ao Juiz Presidente do
pode aproveitar ao estado.
Tribunal competente para a julgar.
4. A caução económica e a caução carcerária como
'DGHFLVmRMXGLFLDOTXHDSOLFDUPDQWLYHUPRGL¿FDU
medida de coacção pessoal mantêm-se distintas e autóno-
substituir, recusar, revogar ou declarar extinta uma medida
PDVVXEVLVWLQGRDSULPHLUDDWpGHFLVmR¿QDODEVROXWyULDRX
cautelar cabe recurso que é tramitado em separado, com
sendo condenatória, até que se extingam as obrigações que subida imediata e com efeito meramente devolutivo, cuja
ela se destina a garantir. decisão deve ser proferida no prazo de 10 dias, contados da
5. Pelo valor da caução económica arbitrada requerida data de entrada na Secretaria do Tribunal competente.
pelo Ministério Público são pagas, em caso de condenação,
ARTIGO 288.º
sucessivamente, as custas do processo e outras obrigações («Habeas Corpus»)
para com a justiça e, só depois, as indemnizações e outras
Contra a detenção ou prisão ilegais pode ser requerida
dívidas para com o lesado.
6. Pelo valor da caução económica requerida pelo lesado a providência de «habeas corpus», nos termos previstos no
são pagas, em caso de condenação, sucessivamente, a indem- presente Código.
nização e outras obrigações pecuniárias do arguido derivado CAPÍTULO VII
do crime, a crédito do lesado, e, só depois, a multa, as custas Imunidades
do processo e outras obrigações para com a justiça.
7. Se a caução económica for requerida pelo Ministério ARTIGO 289.º
(Âmbito de aplicação das imunidades)
Público e pelo lesado, o valor é, depois de paga a multa, pro-
porcionalmente rateado, se não chegar para satisfazer todas 1. Os deputados não podem ser detidos ou presos sem
autorização a conceder pela Assembleia Nacional ou, fora
as obrigações pecuniárias do arguido, declaradas na decisão
do período normal de funcionamento desta, pela Comissão
condenatória.
3HUPDQHQWH H[FHSWR HP ÀDJUDQWH GHOLWR SRU FULPH GRORVR
ARTIGO 286.º punível com pena de prisão superior a dois anos, devendo
(Arresto preventivo)
neste caso a detenção ser imediatamente comunicada ao
1. O juiz pode, a requerimento do Ministério Público ou Presidente da Assembleia Nacional, através do Procurador
do lesado, decretar arresto preventivo dos bens do arguido Geral da República e ser presente à Câmara Criminal do
ou do civilmente responsável, mesmo sendo estes comer- Tribunal Supremo para interrogatório e decisão.
5492 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Nos demais casos, após instauração de processo cri- 3. A competência para decidir a petição de «habeas corpus»
minal contra um Deputado e uma vez acusado, emitido é do Juiz Presidente do Tribunal competente para apreciação
o despacho de pronúncia ou equivalente, o Plenário da dos factos criminais que são imputados ao detido ou preso.
Assembleia Nacional deve deliberar sobre a suspensão do 4. O «habeas corpus» pode ser requerido com base num
deputado e retirada de imunidades, para efeitos de prosse- dos seguintes fundamentos:
guimento do processo. a) Ser a prisão ou detenção efectuada sem mandado
3. Para efeitos do número anterior, o Juiz Presidente do da autoridade competente;
b) Estar excedido o prazo para entrega do arguido
Tribunal Supremo deve remeter cópia do despacho de pro-
detido ou preso preventivamente ao magistrado
núncia ou equivalente à Assembleia Nacional.
competente para a validação da detenção ou
4. Os Ministros de Estado, Ministros, Secretários de
prisão preventiva;
Estado, Vice-Ministros e entidades equiparadas só podem
c) Manter-se a privação da liberdade para além dos
ser detidos ou presos depois de culpa formada quando a SUD]RV¿[DGRVSHODOHLRXSRUGHFLVmRMXGLFLDO
infracção seja punível com pena de prisão superior a dois d) Manter-se a privação da liberdade fora dos locais
DQRVH[FHSWRHPÀDJUDQWHGHOLWRSRUFULPHGRORVRSXQtYHO para este efeito autorizados por lei;
com pena de prisão superior a dois anos, devendo neste caso e) Ter sido a privação da liberdade ordenada ou efec-
o detido ou preso ser apresentado de imediato ao Procurador tuada por entidade incompetente;
Geral da República e ser presente à Câmara Criminal do f) Haver violação dos pressupostos e das condições
Tribunal Supremo para interrogatório e decisão. da aplicação da prisão preventiva.
2V2¿FLDLV*HQHUDLVGDV)RUoDV$UPDGDV$QJRODQDV 5. A petição de «habeas corpus» é apresentada por meio
e Comissários da Polícia Nacional no activo só podem ser de requerimento, cujos duplicados devem ser entregues na
detidos ou presos depois de culpa formada quando a infrac- secretaria do Tribunal competente, devendo dela constar:
ção seja punível com pena de prisão superior a dois anos, a)$LGHQWL¿FDomRGRGHWLGRRXSUHVR
H[FHSWRHPÀDJUDQWHGHOLWRSRUFULPHGRORVRSXQtYHOFRP b) A entidade que ordenou a detenção ou prisão ou à
pena de prisão superior a dois anos, devendo neste caso o ordem de quem se encontra detido ou preso;
detido ou preso ser apresentado de imediato ao Procurador c) A data da captura;
d) O local da detenção ou prisão;
Geral da República e ser presente à Câmara Criminal do
e) Os motivos da detenção ou prisão;
Tribunal Supremo para interrogatório e decisão.
f) Os fundamentos da ilegalidade da detenção ou
6. Os Magistrados Judiciais e do Ministério Público
prisão.
só podem ser detidos ou presos depois de culpa formada 6. Tem legitimidade para requerer o habeas corpus o
quando a infracção seja punível com pena de prisão superior detido ou preso, ou qualquer cidadão no gozo dos seus direi-
DGRLVDQRVH[FHSWRHPFDVRGHÀDJUDQWHGHOLWRSRUFULPH tos civis e políticos, a pedido ou no interesse daquele.
doloso punível com a mesma pena, devendo neste caso o 7. Caso a detenção ou prisão tenha sido ordenada pelo
detido ou preso a ser apresentado de imediato ao Procurador Juiz Presidente do Tribunal competente, cabe ao presidente
Geral da República e ser presente ao Tribunal competente do Tribunal imediatamente superior decidir a petição de
para interrogatório e decisão. «habeas corpus».
ARTIGO 291.º
TÍTULO VII (Procedimento)
Medidas Processuais de Defesa da Liberdade Individual
1. Autuado o original da petição de habeas corpus, o juiz
CAPÍTULO I competente, se o requerimento não for indeferido liminar-
«Habeas Corpus» em Virtude de Detenção mente por manifesta falta de fundamento:
ou Prisão Ilegal a) Ordena, pela via mais rápida e simples que tiver
à sua disposição, nomeadamente por via tele-
ARTIGO 290.º fónica, à autoridade, agente da autoridade ou
(Fundamentos) entidade pública que tiver o detido à sua guarda
1. O «habeas corpus» é uma providência extraordinária ou disposição para, sob pena de desobediência
e expedita destinada a assegurar de forma especial o direito TXDOL¿FDGDOKRDSUHVHQWDULPHGLDWDPHQWH
à liberdade constitucionalmente garantido, e que visa rea- b) Envia, num prazo não superior a vinte e quatro
gir de modo imediato e urgente contra o abuso de poder em horas, o duplicado à entidade responsável pela
privação da liberdade ou à entidade à ordem
virtude de detenção ou prisão, efectiva e actual, ferida de
de quem o detido ou preso se encontra, para
ilegalidade, por qualquer dos fundamentos mencionados no que informe, por escrito, no prazo máximo de
n.º 4. 48 horas, em que circunstâncias a prisão foi
2. Em caso de privação ilegal da liberdade, pode ser efectuada e em que condições ela se mantém,
requerida providência de «habeas corpus», nos termos das juntando, se for caso disso, a respectiva prova
disposições seguintes, em favor da pessoa detida ou presa. documental.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5493

2. O pedido de informação pode ser feito por qualquer 5. A decisão sobre a providência de «habeas corpus»
meio de comunicação, sem prejuízo do disposto na alínea b) deve ser tomada num prazo nunca superior a cinco dias
do número anterior. úteis, contados da data da entrada da petição na Secretaria
3. Caso a entidade responsável pela privação da liber- do Tribunal competente.
dade responder à informação que o detido ou o preso foi
ARTIGO 293.º
libertado ou entregue ao magistrado competente para validar (Responsabilidade disciplinar, civil e penal)
a prisão preventiva, a providência suspende-se, extinguindo- As autoridades responsáveis pela prisão que não cum-
VHORJRTXHVHFRQ¿UPHWDOIDFWRVHPSUHMXt]RGHHYHQWXDO prirem as ordens que lhes forem dadas pelo Presidente do
averiguação da responsabilidade criminal do responsável Tribunal em que tiver tramitado a providência de «habeas
pela detenção ou prisão ilegal. corpusª RX QmR R ¿]HUHPGHQWUR GRV SUD]RV LQFRUUHPHP
4. A falta de resposta à solicitação de informação men- responsabilidade disciplinar e civil e nas penas aplicáveis ao
cionada na alínea b) do n.º 1 do presente artigo, faz incorrer FULPHGHGHVREHGLrQFLDTXDOL¿FDGD
o faltoso na prática do crime de desobediência, nos termos ARTIGO 294.º
(Recurso)
previstos na lei penal.
'DGHFLVmRTXHLQGH¿UDRSHGLGRGH©habeas corpus»
6HRMXL]QmRWLYHUHOHPHQWRVVX¿FLHQWHVSDUDGHFLGLU cabe recurso para o Juiz Presidente do Tribunal imediata-
pode convocar o Ministério Público e o defensor consti- mente superior, o qual decide em última instância.
tuído, se o houver, ou o defensor para o efeito nomeado, no 2. O recurso, com os seus fundamentos, é interposto
caso contrário, para uma sessão de esclarecimentos e infor- mediante requerimento na Secretaria do Tribunal que tenha
mações com o objectivo de colher os elementos necessários proferido a decisão de indeferimento de «habeas corpus» e
à decisão sobre o pedido formulado pelo requerente. deve subir no prazo de quarenta e oito horas, contado da data
da entrada do requerimento na secretaria.
6. Aberta a sessão, o juiz ouve, em primeiro lugar, o
3. A decisão do recurso é tomada, ouvido o Ministério
detido e o seu advogado ou o defensor para o efeito nomeado, Público, no prazo de cinco dias úteis, contados da data da
no caso contrário, assim como o Ministério Público, se esti- sua recepção na Secretaria do Tribunal.
verem presentes, e, logo em seguida, a autoridade, agente de ARTIGO 295.º
autoridade ou entidade pública referidas nos números ante- (Reclamação contra despacho que não admitiu o recurso)
riores, após o que decide, indeferindo o pedido ou repondo a 1. Caso o juiz competente obste à interposição do recurso
legalidade, nos termos do artigo seguinte. ou este não suba nos prazos mencionados no n.º 3 do artigo
ARTIGO 292.º
anterior, o interessado pode reclamar ao Juiz Presidente do
(Decisão do juiz) Tribunal, imediatamente superior do indeferimento ou reten-
ção do recurso, no prazo de cinco dias.
6HRMXL]FRQVLGHUDUTXHQmRVHYHUL¿FDQHQKXPGRV
2. Da reclamação deve ser dado conhecimento ao juiz
fundamentos da ilegalidade da detenção ou prisão enumera- recorrido.
dos no n.º 4 do artigo 290.º, indefere o pedido, declarando a
privação de liberdade legal e conforme à lei. CAPÍTULO II
Indemnização em Virtude de Privação Ilegal
2. Se o juiz indeferir o requerimento por manifesta falta
RX,QMXVWL¿FDGDGD/LEHUGDGH
GHIXQGDPHQWRGHYHFRQGHQDURUHTXHUHQWHHPPXOWDD¿[DU
ARTIGO 296.º
entre 50 e 400 Unidades de Referência Processual.
(Fundamentos de indemnização)
3. Caso a entidade a quem foi solicitada a informação,
1. Quem for detido ou preso ilegalmente pelas razões
QRVWHUPRVGRDUWLJRDQWHULRUFRQ¿UPDUTXHDSULVmRVHPDQ-
estabelecidas no n.º 4 do artigo 290.º e na situação de deten-
tém ou deixar de prestar a informação no prazo legal, o juiz ção e prisão manifestamente ilegais for mantido, pode
competente, ouvido o Ministério Público, aprecia e decide a requerer ao Tribunal competente que o estado o indemnize
petição de «habeas corpus». pelos danos sofridos.
4. Na decisão que tomar, o juiz competente pode: 2. Fora do disposto no número anterior, o direito à indem-
a) Indeferir o pedido por falta de fundamento; nização só existe:
b) Declarar a prisão ilegal e ordenar a restituição do a) Em caso de erro grosseiro na apreciação dos pres-
supostos do facto que motivaram a privação da
preso à liberdade;
liberdade;
c) Ordenar que a prisão se mantenha mas em outro
b) Se vier a provar-se que o arguido não cometeu o
HVWDEHOHFLPHQWR RX TXH R SUHVR ¿TXH j RUGHP facto que lhe foi imputado ou que o cometeu
do Tribunal competente e aí seja apresentado, no em circunstâncias de exclusão de ilicitude ou de
prazo máximo de vinte e quatro horas. culpa.
5494 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. Cessa para o estado o dever de indemnização quando TÍTULO II


o arguido tiver concorrido, por dolo ou negligência, para o Tramitação do Processo Comum em Primeira Instância
erro grosseiro a que se refere a alínea a) do número anterior
ou para o erro de apreciação que conduziu à privação da sua CAPÍTULO I
liberdade, no caso da alínea b) do número anterior. Fase da Instrução Preparatória

ARTIGO 297.º SECÇÃO I


(Legitimidade para pedir indemnização e prazo para o fazer) Disposições Gerais

1. O pedido de indemnização deve ser deduzido pelo ARTIGO 302.º


interessado no prazo de um ano, a contar da data em que (Fins e âmbito da instrução preparatória)
WUDQVLWRXHPMXOJDGRDGHFLVmR¿QDOVREUHDLOHJDOLGDGHGD 1. Na fase da instrução preparatória realizam-se as dili-
privação de liberdade, proferida no processo respectivo. gências para se apurar se foi ou não praticada uma infracção
2. Em caso de morte da pessoa com direito à indemni- penal e, no caso de o ter sido, descobrir os seus agentes e
zação, este transmite-se, salvo tendo havido renúncia, ao a respectiva responsabilidade penal, recolhendo-se os perti-
cônjuge meeiro, se este for o caso, e aos herdeiros, segundo nentes elementos de prova, em ordem a formular acusação
a ordem de sucessão da lei civil. ou a arquivar o processo.
ARTIGO 298.º 2. Sem prejuízo do que se encontrar especialmente pre-
(Direito de regresso)
visto para os crimes semi-públicos e particulares e para o
1. Paga a indemnização, o estado tem direito de regresso julgamento em processo sumário, a notícia de uma infracção
sobre a autoridade, agente de autoridade ou entidade pública penal dá sempre lugar à abertura da instrução preparatória.
responsável pelas situações de detenção e prisão ilegais, em
ARTIGO 303.º
particular, as indicadas no artigo 293.º (Notícia de infracção)
2. Havendo mais de um responsável, cada um responde
A notícia de que foi cometida uma infracção penal pode
proporcionalmente à sua participação nos danos causados à
VHUREWLGDGLUHFWDPHQWHSRUFRQKHFLPHQWRR¿FLRVRSRULQWHU-
pessoa ilegal ou injustamente privada da sua liberdade.
médio dos órgãos de polícia, por denúncia ou por queixa.
PARTE II ARTIGO 304.º
Formas de Processo e Tramitação do Processo (Auto de notícia)

1. Sempre que qualquer autoridade judiciária ou órgão


TÍTULO I
de polícia presenciar ou tiver conhecimento de um crime
Formas do Processo
público, levanta ou manda levantar auto de notícia.
ARTIGO 299.º 2. No auto devem descrever-se e mencionar-se:
(Enumeração)
a) Os factos constitutivos da infracção penal presen-
1. O Processo Penal pode ter a forma de processo comum
ciados pelas entidades a que se refere o número
ou de processo especial.
anterior ou que forem delas conhecidos;
2. O processo comum é o que se utiliza, quando a lei não
b) O dia, a hora, o local e as circunstâncias em que a
estabelecer expressamente uma forma especial.
infracção terá sido cometida;
ARTIGO 300.º
(Formas de processo especial) c)7XGRRTXHVHWLYHUDYHULJXDGRDFHUFDGDLGHQWL¿-
cação dos agentes da infracção e dos respectivos
Os processos especiais são:
a) O processo sumário; ofendidos, assim como dos meios de prova já
b) O processo de contravenção; obtidos;
c) O processo abreviado; d) $ LGHQWL¿FDomR GH TXHP OHYDQWRX RX PDQGRX
d) O processo para crimes julgados em 1.ª instância levantar o auto de notícia.
pelo Tribunal Supremo. 3. O auto de notícia deve ser assinado pela entidade que
ARTIGO 301.º o levantou ou mandou levantar, podendo sê-lo também pelo
(Determinação da forma de processo em função da pena) agente da infracção e pelas testemunhas que a presenciaram
Se a forma de processo depender da pena aplicável, e assistiram à elaboração do auto.
deve atender-se, na sua determinação, ao máximo da res- 4. Tratando-se de um caso de conexão de infracções
pectiva penalidade, tendo em atenção as formas especiais penais, pode para todas elas levantar-se um único auto de
GRIDFWRSXQtYHODVFLUFXQVWkQFLDVTXHRTXDOL¿FDPHDDWH- notícia.
nuação especial da pena, nos casos em que esta for imposta 2DXWRGHQRWtFLD¿FDVXMHLWRjVQRUPDVJHUDLVGHDSUH-
por lei. ciação da prova estabelecidas no presente Código.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5495

ARTIGO 305.º 5. Se a lei lhe conferir essa faculdade, o denunciante


(Denúncia obrigatória)
pode declarar, na denúncia, que quer constituir-se assistente.
1. As autoridades policiais e agentes de polícia são obri- 6. Se o crime denunciado for particular, a declaração
gados a denunciar as infracções penais que presenciarem ou a que se refere o número anterior é obrigatória, devendo,
de que tomarem conhecimento. em tal caso, a autoridade judiciária ou o Órgão de Polícia
2. São, do mesmo modo, obrigados a denunciar as infrac- Criminal que recebeu a denúncia, se esta for verbal, advertir
ções penais de que tomarem conhecimento no exercício das o denunciante de que é obrigado a constituir-se assistente no
VXDVIXQo}HVRVIXQFLRQiULRVS~EOLFRVWDOFRPRRVGH¿QHR processo, esclarecendo-o sobre os procedimentos que deve
artigo 376.º do Código Penal. seguir.
3. Se a obrigação de denunciar recair sobre mais de uma
7. A denúncia anónima só pode dar lugar à instauração de
pessoa, basta a apresentação de denúncia por uma delas,
procedimento criminal quando:
¿FDQGRSRUHVVHIDFWRGHVREULJDGDVDVUHVWDQWHV
a) For criminosa e, ela própria, objecto de procedi-
4. Se a denúncia se referir a crime semi-público ou
mento criminal;
particular e for feita pelo ofendido ou por quem tiver legiti-
midade, assume a forma de queixa e só determina a abertura b) Dela puderem retirar-se indícios da prática do
de instrução preparatória se for apresentada dentro do prazo crime anonimamente denunciado.
legal. 8. A denúncia anónima que não der lugar a procedimento
criminal deve ser destruída.
ARTIGO 306.º
(Denúncia facultativa) ARTIGO 308.º
(Instauração de procedimento criminal)
1. Qualquer pessoa que tiver conhecimento da prática de
uma infracção penal pode denunciá-la ao Ministério Público 1. O Ministério Público e os Órgãos de Polícia Criminal
ou à um órgão de polícia. podem registar e autuar as denúncias recebidas.
2. A denúncia feita a entidade diferente das referidas no 2. Os processos registados e autuados pelos Órgãos de
número anterior deve ser transmitida a estas, no mais curto Polícia Criminal devem ser remetidos ao Ministério Público
prazo possível. no prazo de 10 dias para que este, mediante a sua aprecia-
3. Se o procedimento criminal depender da queixa ou omRFRQ¿UPHDLQVWDXUDomRGRSURFHGLPHQWRFULPLQDOHOKH
de acusação particular, na denúncia feita pelo ofendido ou FRQ¿UDQ~PHUR~QLFR
por quem tiver legitimidade, deve este manifestar, expres- ARTIGO 309.º
samente, a vontade de que contra o agente da infracção seja (Direcção da instrução preparatória)
instaurado procedimento criminal. 1. A direcção da instrução preparatória é atribuída ao
ARTIGO 307.º Ministério Público, titular da acção penal, coadjuvado, nos
(Forma e conteúdo da denúncia)
termos do artigo 55.º, pelos Órgãos de Polícia Criminal.
1. A denúncia pode ser feita verbalmente ou por escrito 2. Os Órgãos de Polícia Criminal instruem os correspon-
e, sem prejuízo do disposto no artigo 304.º, não obedece a dentes processos sob direcção do Ministério Público.
formalidades especiais. 3. O Ministério Público pode, por iniciativa própria, rea-
2. A denúncia verbal é reduzida a auto, este assinado por lizar diligências complementares de prova, quando entender
quem a receber e pelo denunciante, o qual deve ser previa- necessário ou conveniente, e avocar qualquer processo em
PHQWHLGHQWL¿FDGRVDOYRVHQmRSXGHUDVVLQDURXVHUHFXVDU curso nos Órgãos de Polícia Criminal.
a fazê-lo, devendo nestes casos a autoridade ou o funcio-
ARTIGO 310.º
nário que o redigiu ou mandou redigir declarar no auto a (Competência)
impossibilidade ou a recusa e os motivos invocados pelo
A competência do magistrado do Ministério Público para
denunciante.
dirigir a instrução preparatória, bem como os critérios para
3. Na denúncia por escrito, na falta de reconhecimento
GHFLGLUVREUHRVFRQÀLWRVGHFRPSHWrQFLDVmRUHJXODGRVHP
notarial ou não sendo subscrito por advogado, a assinatura
lei própria.
do denunciante pode ser reconhecida por confronto com a
aposta no bilhete de identidade ou documento com igual ARTIGO 311.º
(Provas admissíveis)
valor.
4. A denúncia deve conter, na medida do possível, a 1. Na instrução preparatória é admitida toda e qualquer
exposição dos factos constitutivos da infracção penal, das prova não proibida por lei, podendo ser ouvidas, sem limite
circunstâncias relevantes em que foi cometida, a indicação determinado, as testemunhas que forem necessárias.
dos alegados agente ou agentes ou de elementos que possam 2. O arguido e o assistente podem, até ser encerrada a ins-
FRQWULEXLUSDUDDVXDLGHQWL¿FDomRDLGHQWLGDGHGRRIHQGLGR trução preparatória, oferecer testemunhas, juntar documentos
sendo conhecido, e os nomes e residências das testemunhas, e requerer qualquer outra diligência de prova, sem prejuízo
se o denunciante as tiver. do disposto do número seguinte.
5496 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. As diligências de prova requeridas pelo arguido ou ARTIGO 313.º


(Actos a praticar pelo juiz de garantias)
pelo assistente só podem ser indeferidas por despacho do
Ministério Público com o fundamento de que não são neces- 1. Durante a fase de instrução preparatória, cabe ao juiz
sárias à instrução do processo e apenas servem para protelar de garantias do Tribunal territorialmente competente:
o encerramento da instrução preparatória. a) Aplicar medidas de coacção;
4. As diligências de prova são efectuadas pela ordem que b) Apreciar as reclamações suscitadas dos actos do
a entidade que a elas presidir achar mais conveniente, tendo Ministério Público que apliquem medidas caute-
HPDWHQomRRV¿QVGHVWDIDVHGRSURFHVVR lares em instrução preparatória;
SECÇÃO II c) Proceder ao primeiro interrogatório judicial de
Actos de Instrução Preparatória arguido detido;
ARTIGO 312.º
d) Ordenar buscas nos estabelecimentos referidos no
(Actos do Ministério Público) n.º 2 do artigo 213.º;
1. O Ministério Público, assistido pelos Órgãos de e) Admitir como assistente no processo as pessoas
Polícia Criminal, realiza, ordena as diligências e pratica os que, nos termos da lei, o requererem e tiverem
DFWRVQHFHVViULRVjUHDOL]DomRGRV¿QVGDLQVWUXomRSUHSDUD- legitimidade;
WyULDR¿FLRVDPHQWHRXDUHTXHULPHQWR f) Ordenar a apreensão dos objectos processualmente
2. Compete, em especial, ao Ministério Público: relevantes encontrados nas buscas a que se
a) Proceder ao interrogatório preliminar do detido, refere a alínea d);
aos interrogatórios subsequentes de arguidos g) Praticar os actos a que se refere o artigo 135.º que
presos e interrogatórios de arguidos em liber- UHJXOD DV IDOWDV LQMXVWL¿FDGDV GRV SDUWLFLSDQWHV
dade; processuais;
b) Aplicar medidas de coacção, alterá-las ou revogá- h) Ordenar e proceder à prestação antecipada de
ODV PHGLDQWH D ¿VFDOL]DomR GR MXL] VDOYR depoimentos ou declarações;
tratando-se de prisão preventiva, prisão preven- i) Ordenar ou praticar qualquer outro acto que a lei
tiva domiciliária ou interdição de saída do País. determinar ou que, pela sua natureza, só possa
c) Ordenar ou autorizar as revistas e buscas sempre ser ordenado ou praticado por quem for titular
que essa competência não pertença ao juiz; de poder jurisdicional.
d) Recolher o juramento das testemunhas, peritos e 2. É juiz de garantias, para efeitos do presente Código, o
juiz nomeado ou designado para praticar os actos previstos
interpretes;
no número anterior.
e) Validar as revistas e buscas efectuadas, nos termos
3. Nas comarcas em que não existir juiz de garantias ou
legais, pelas autoridades de polícia criminal sem
quando o nomeado ou designado estiver impedido, os actos
a sua prévia autorização;
referidos no n.º 1 do presente artigo são praticados pelo
f) Presidir às revistas e buscas que ordenar ou auto-
juiz do Tribunal territorialmente competente para julgar o
rizar; arguido, salvo os actos estabelecidos nas alíneas a), c) e d),
g) Presidir às buscas autorizadas pelo juiz; que são deferidos ao juiz de garantias da Comarca mais pró-
h) Praticar os actos a que se refere o artigo 135.º que xima da mesma província judicial.
UHJXOD DV IDOWDV LQMXVWL¿FDGDV GRV SDUWLFLSDQWHV 4. Para os efeitos das alíneas d) e f) do número anterior,
processuais; os objectos encontrados durante as buscas, são presentes ao
i) Ordenar, autorizar ou validar a apreensão de juiz que, depois de os examinar, ordena, conforme for o caso,
objectos relacionados com a infracção penal a sua apreensão e junção ao processo ou a sua restituição.
cometida, sempre que a mesma não competir ARTIGO 314.º
exclusivamente ao juiz; (Actos a autorizar pelo juiz de garantias)

j) 2UGHQDU D GHWHQomR IRUD GH ÀDJUDQWH GHOLWR QRV Compete ainda ao magistrado judicial competente,
casos em que for admissível a prisão preventiva, durante a fase de instrução preparatória, autorizar:
sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 254.º; a) Peritagens ou exames susceptíveis de ofender a
k) Praticar, ordenar ou autorizar qualquer outro acto integridade, a reserva da intimidade ou o pudor
ou diligência que a lei determinar. das pessoas;
3. Salvo o disposto nas alíneas c), e), g), i) e j), o b) Escutas telefónicas e actos com eles relacionados,
Ministério Público pode, por despacho de natureza genérica, nos termos dos artigos 241.º e seguintes;
delegar nas autoridades de polícia criminal a realização dos c) Qualquer outro acto, nos casos em que a lei deter-
actos de instrução preparatória. minar que seja o juiz a conceder a autorização.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5497

ARTIGO 315.º 8. Os depoimentos ou declarações antecipadas, nos ter-


(Iniciativa)
mos do presente artigo, são tidos em consideração como
1. O magistrado judicial competente ordena ou auto- elemento de prova na instrução contraditória e no jul-
riza os actos mencionados nas alíneas c) e seguintes do gamento, mesmo que as pessoas que os prestaram não
n.º 1 do artigo 313.º e no artigo 314.º, respectivamente, por estiverem presentes.
requisição do Ministério Público ou, em caso de urgência ou
ARTIGO 318.º
de perigo de demora, da autoridade de polícia criminal com- (Modo de convocar os participantes processuais)
petente, do arguido ou do assistente, conforme o caso.
2. O requerimento do Ministério Público ou da auto- 1. As pessoas são convocadas para comparecerem a
ridade de polícia criminal não está sujeito a formalidade actos de instrução preparatória, pelos meios estabeleci-
especial. dos nos artigos 127.º e seguintes ou através de mandados
3. O magistrado judicial competente decide, deferindo ou de comparência, com antecedência mínima de três dias da
indeferindo o requerimento, de acordo com as informações realização do acto, salvo em casos de urgência devidamente
prestadas ou com os elementos juntos, no prazo máximo de fundamentada, caso em que ao chamado deve sempre ser
24 horas. concedido o tempo indispensável para se apresentar no dia,
4. O juiz pode dispensar a apresentação dos autos de ins- hora e local designados.
trução preparatória.  1D FRQYRFDomR GHYH LGHQWL¿FDUVH D SHVVRD FRQYR-
ARTIGO 316.º cada e indicar-se a qualidade processual em que é chamada.
(Impedimento) 3. Se a convocação for feita pelo Ministério Público ou
O magistrado judicial competente que praticar o acto por autoridade de polícia criminal, devem ser indicadas as
UHIHULGRQDVDOtQHDVD E HF GRQžGRDUWLJRž¿FD sanções em que incorre a pessoa convocada, se faltar injusti-
impedido de intervir como juiz na fase de julgamento. ¿FDGDPHQWHDSOLFDQGRVHRGLVSRVWRQRVQos 1 e 2 do artigo
ARTIGO 317.º 135.º
(Prestação antecipada de depoimentos e declarações) ARTIGO 319.º
1. É permitida, na instrução preparatória, a prestação &HUWL¿FDGRGRUHJLVWRFULPLQDO
antecipada de depoimentos e declarações, quando: O Ministério Público deve, no decurso da instrução pre-
a) Em caso de doença grave ou de saída de Angola paratória e antes de ela ser encerrada, requisitar e mandar
para o estrangeiro de testemunhas ou declarantes
MXQWDUDRVDXWRVRFHUWL¿FDGRGHUHJLVWRFULPLQDOGRDUJXLGR
for seriamente de recear que tais factos os impe-
e as certidões que achar necessárias para determinar a com-
çam de ser ouvidos em julgamento;
b) A testemunha ou declarante for vítima de crime de petência do Tribunal.
WUi¿FR GH SHVVRDV RX FRQWUD D OLEHUGDGH H DXWR ARTIGO 320.º
determinação sexual. (Redução a escrito das diligências)
2. A prestação antecipada de depoimentos ou declara- As diligências de prova realizadas na instrução prepa-
ções é requerida ao juiz de garantias pelo Ministério Público, ratória são reduzidas a auto, salvo se o Ministério Público,
arguido, assistente ou partes civis. face à sua simplicidade, entender que não é necessário.
3. Nos crimes contra a liberdade e autodeterminação
SECÇÃO III
sexual de menor, a prestação antecipada de depoimento ou Encerramento da Instrução Preparatória
a tomada de declarações da vítima são obrigatórias salvo se,
na altura, ela já for maior. ARTIGO 321.º
4. O juiz de garantias, no despacho em que deferir o (Duração da instrução preparatória)
requerimento a que se refere o n.º 2, manda que sejam noti- 1. A fase de instrução preparatória deve ser encerrada e
¿FDGRV R 0LQLVWpULR 3~EOLFR R DUJXLGR R VHX GHIHQVRU H ¿QGDU QRV SUD]RV Pi[LPRV GH  PHVHV VH KRXYHU DUJXLGR
os advogados do assistente e das partes civis do dia, hora preso, e de 24 meses, se não o houver.
e local da prestação antecipada dos depoimentos ou das 2. O prazo de 6 meses, a que se refere o número anterior,
declarações.
é elevado para 10 meses nos casos a que se refere o n.º 2 do
5. Só a comparência do Ministério Público, a do defensor
artigo 283.º
e a da testemunha ou declarante são obrigatórias.
6. A inquirição ou tomada de declarações é feita pelo 3. Os prazos a que se referem os números anteriores con-
MXL]SRGHQGRQR¿PR0LQLVWpULR3~EOLFRRVDGYRJDGRV tam-se a partir do dia em que o processo passou a correr
do assistente e das partes civis e o defensor formular as per- contra pessoa determinada ou daquele em tiver ocorrido a
guntas adicionais que entenderem. constituição de arguido.
7. A antecipação dos depoimentos ou declarações não 4. Havendo recurso para o Tribunal Constitucional, sus-
prejudica a prestação de novos depoimentos ou de novas pensão do processo para julgamento de questão prejudicial
declarações em audiência, sempre que ela for possível e não ou suspensão dos prazos em consequência de internamento
for desaconselhada por motivos de saúde física ou psíquica hospitalar do arguido, aplica-se o disposto nos n.os 4 e 5 do
da testemunha ou declarante. artigo 283.º
5498 DIÁRIO DA REPÚBLICA

5. O magistrado do Ministério Público deve comunicar ARTIGO 325.º


(Arquivamento em caso de dispensa de pena)
ao seu superior hierárquico a violação dos prazos estabeleci-
dos no presente artigo. 1. Se a lei penal estabelecer para o crime indiciado a pos-
6. O Procurador Geral da República deve, em caso de sibilidade da dispensa de pena, o Ministério Público pode
violação dos prazos, adoptar as medidas que entender con- RUGHQDU R DUTXLYDPHQWR GR SURFHVVR GHVGH TXH VH YHUL¿-
venientes, podendo, nomeadamente, determinar a avocação quem os pressupostos daquela dispensa e com ele concordar
GRSURFHVVRSHOR0LQLVWpULR3~EOLFRH¿[DUSUD]RSDUDDUHD- o magistrado judicial competente.
lização das diligências em falta.  3DUD RV HIHLWRV GD SDUWH ¿QDO GR Q~PHUR DQWHULRU R
Ministério Público solicita ao magistrado judicial compe-
ARTIGO 322.º
(Arquivamento dos autos) tente que manifeste o seu acordo relativamente à decisão de
arquivar o processo.
1. Encerrada a instrução preparatória, o Ministério
3. Se o magistrado judicial competente discordar do
Público ordena, por despacho fundamentado, o arquiva-
arquivamento, aplica-se com as devidas adaptações, o dis-
mento dos respectivos autos, quando:
posto no n.º 2 do artigo 323.º
a) Existir prova bastante de que não há crime, de que 4. O despacho do arquivamento do Ministério Público,
o arguido não o cometeu ou de que o procedi- depois de obtida a concordância do magistrado judicial com-
mento criminal se extinguiu ou não é legalmente petente, não pode ser impugnado.
admissível; ARTIGO 326.º
b)1mRVHWLYHUSURGX]LGRSURYDVX¿FLHQWHGDH[LVWrQ- (Suspensão provisória do processo)
cia do crime ou de quem o cometeu. 1. Quando o crime for punível com pena de prisão
2GHVSDFKRGHDUTXLYDPHQWRpQRWL¿FDGRDRDUJXLGR não superior a 5 anos ou com pena diferente da de prisão,
ao assistente, ao denunciante com a faculdade de se consti- R 0LQLVWpULR 3~EOLFR R¿FLRVDPHQWH RX D UHTXHULPHQWR GR
tuir assistente e às pessoas que manifestaram o propósito de arguido ou do assistente, pode propor ao magistrado judi-
formular pedido civil de indemnização, nos termos do artigo cial competente a suspensão provisória do processo por
80.º, n.º 2, e ao respectivo defensor ou advogado constituído. um período de 2 anos, no mínimo, a 5 anos, no máximo,
ARTIGO 323.º mediante a imposição ao arguido de injunções ou regras de
(Reclamação e intervenção hierárquica) conduta.
1. O assistente que não tiver requerido a abertura de ins- 2. O processo só pode ser provisoriamente suspenso, se
trução contraditória e o denunciante com a faculdade de se VHYHUL¿FDUHPFXPXODWLYDPHQWHRVVHJXLQWHVSUHVVXSRVWRV
constituir assistente podem reclamar do despacho de arqui- a) Concordar com a suspensão o arguido, o assistente
vamento para o superior hierárquico do magistrado do e o ofendido que não se tiver constituído assis-
Ministério Público que o proferiu, desde que o façam no tente;
SUD]RGHGLDVDFRQWDUGDGDWDGDUHVSHFWLYDQRWL¿FDomR b) Não ter o arguido antecedentes criminais;
2. Se a reclamação for deferida e o despacho de arqui- c) Não haver lugar à medida de segurança de inter-
vamento revogado, pode ser ordenado que o Ministério namento;
Público deduza acusação ou que as diligências de investiga- d) Ter o arguido agido com grau de culpa pouco ele-
ção e instrução prossigam, indicando-se, neste caso, quais as vado;
que devem ser realizadas e em que prazo. e) Ser de prever que o cumprimento das injunções ou
3. As decisões a que se refere o número anterior podem, regras de conduta constituam resposta bastante
QR SUD]R HVWDEHOHFLGR QR Qž  VHU WRPDGDV R¿FLRVDPHQWH às exigências de prevenção que o caso revelar.
pelo superior hierárquico do magistrado do Ministério 3. Podem ser impostas ao arguido, separada ou cumula-
Público que ordenou o arquivamento dos autos. tivamente, entre outras, as seguintes injunções e regras de
ARTIGO 324.º conduta:
(Reabertura dos autos) a) Indemnizar o lesado;
1. Se não houver reclamação ou se ela for indeferida e b) Dar ao lesado satisfação moral adequada;
QmRWLYHUVLGRWRPDGDQHQKXPDGHFLVmRR¿FLRVDQRVWHUPRV c) Entregar a instituições de solidariedade social uma
do n.º 3 do artigo anterior, a instrução preparatória só pode contribuição monetária;
VHUUHDEHUWDR¿FLRVDPHQWHRXDUHTXHULPHQWRVHVXUJLUHP d) Efectuar prestação de serviço de interesse público;
novos elementos de prova que tornem improcedentes os fun- e)1mRH[HUFHUGHWHUPLQDGDVSUR¿VV}HV
damentos alegados pelo Ministério Público no despacho de f) Não frequentar certos meios ou lugares;
arquivamento. g) Não conviver com certas pessoas;
2. Se o Ministério Público recusar a reabertura requerida, h) Submeter-se a certos tratamentos;
pode o interessado reclamar do despacho proferido para o i) Desfazer-se de objectos capazes de facilitar a prá-
respectivo superior hierárquico. tica de crimes.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5499

4. Não podem ser impostas injunções e regras de con- c) A narração precisa e articulada dos factos que
duta que possam ofender a dignidade do arguido ou que não constituem a infracção penal e fundamentam a
sejam razoáveis. aplicação ao arguido de uma pena ou medida
5. Para controlarem o cumprimento das injunções e de segurança, incluindo, na medida do possível,
regras de conduta impostas ao arguido podem o magistrado as circunstâncias de tempo e lugar em que foi
judicial competente e o Ministério Público recorrer ao apoio praticada, a motivação do agente, o grau de par-
das autoridades, da sociedade civil e dos serviços de rein- ticipação que nela teve e quaisquer outras com
serção social. relevância para a determinação da sua culpa e da
6. O despacho de suspensão provisória do processo que medida da pena a aplicar-lhe;
for proferido em conformidade com o disposto no n.º 1 não d) A indicação dos preceitos legais aplicáveis;
é impugnável. e) A indicação dos meios de prova que fundamentam
ARTIGO 327.º a imputação dos factos referidos na alínea c) e de
(Efeitos da suspensão provisória) outros que quiser produzir ou requerer, nomea-
1. Os prazos de prescrição não correm durante o período damente, testemunhas ou peritos para serem
de suspensão. ouvidos em julgamento;
2. Se o arguido cumprir as injunções e regras de conduta, f) A data e a assinatura do acusador.
o Ministério Público arquiva o processo, o qual não pode ser 2. Em caso de conexão de processos, é deduzida uma só
reaberto. acusação.
3. A suspensão termina e o processo prossegue, não 3. A acusação é comunicada ao arguido, ao assistente,
havendo lugar à restituição do que tiver sido prestado, ao denunciante com a faculdade de se constituir assistente,
quando: às pessoas que tenham manifestado o propósito de deduzir
pedido de indemnização, nos termos do n.º 2 do artigo 80.º,
a) O arguido não cumprir as injunções e regras de
assim como ao respectivo defensor ou advogado.
conduta que lhe foram impostas;
4. As comunicações ao arguido, ao seu defensor ou advo-
b) O arguido, durante o prazo de suspensão, cometer
JDGRHDRDGYRJDGRGRDVVLVWHQWHVmRIHLWDVSRUQRWL¿FDomR
crime doloso pelo qual possa vir a ser conde- pessoal, podendo as restantes sê-lo por qualquer dos outros
nado. meios previstos nos artigos 127.º e seguintes.
4. Não obstante o disposto na alínea a) do número 5. As testemunhas indicadas, nos termos da alínea e) do
anterior, as quantias recebidas pelo lesado a título de indem- Qž  GHYHP VHU GHYLGDPHQWH LGHQWL¿FDGDV H QmR SRGHP
nização são descontadas no montante que, a esse mesmo ultrapassar o número de 20, salvo se, tratando-se do crime
título, o arguido vier a ser condenado a pagar na sentença nos casos previstos no n.º 2 do artigo 283.º ou de processo
¿QDO de excepcional complexidade, a audição de maior número
SECÇÃO IV de testemunhas for necessária para se descobrir a verdade.
A Acusação ARTIGO 330.º
(Acusação de assistente)
ARTIGO 328.º
(Acusação pública) 1. O assistente pode deduzir acusação no prazo de 8
6HGDLQVWUXomRSUHSDUDWyULDUHVXOWDUHPLQGtFLRVVX¿- GLDV D FRQWDU GDTXHOH HP TXH IRU QRWL¿FDGR GD DFXVDomR
cientes da existência da infracção penal e de que quem a do Ministério Público, pelos factos constantes da acusação
cometeu foi o arguido e o processo não tiver sido arquivado pública, por parte desses factos ou por outros factos que não
ou suspenso, nos termos dos artigos 325.º e 326.º, respecti- importem a sua alteração substancial.
vamente, o Ministério Público deduz, no prazo de 10 dias, 2. O assistente pode limitar-se a aderir à acusação do
Ministério Público, mas se optar por não o fazer, deduz a
acusação contra ele.
sua acusação, nos termos do artigo anterior, com a alteração
2. Os indícios são, para os efeitos do número anterior,
do número seguinte.
VX¿FLHQWHV VH FULDUHP XPD UD]RiYHO SUREDELOLGDGH GH DR
3. O assistente só pode indicar meios de prova, nomea-
arguido vir a ser aplicada, em julgamento, uma pena ou uma
damente testemunhas, que não tenham sido já indicados na
medida de segurança.
acusação do Ministério Público.
ARTIGO 329.º
ARTIGO 331.º
(Requisitos de acusação)
(Acusação particular)
1. A acusação deve conter, sob pena de nulidade: 1. Quando o procedimento criminal depender de acu-
a)$LGHQWL¿FDomRGRDFXVDGRU sação particular, concluída a instrução preparatória, o
b) 2 QRPH GR DFXVDGR D VXD SUR¿VVmR H PRUDGD 0LQLVWpULR 3~EOLFR PDQGD QRWL¿FDU R DVVLVWHQWH SDUD TXH
se forem conhecidos, ou outras indicações que deduza contra o arguido, querendo, no prazo de 8 dias, acu-
SHUPLWDPLGHQWL¿FiOR sação particular.
5500 DIÁRIO DA REPÚBLICA

 1R GHVSDFKR TXH RUGHQDU D QRWL¿FDomR GHYH R c) Os factos que o requerente pretende que sejam
Ministério Público emitir, face à prova indiciária produzida, considerados e as provas que, para esse efeito,
a sua opinião sobre a existência ou não do crime e sobre a apresenta ou cuja produção requeira.
probabilidade de, no primeiro caso, o arguido o ter cometido. 3. Não pode ser requerida a inquirição de mais de 20
3. É aplicável à acusação particular o disposto nos n.os 1 testemunhas.
e 5 do artigo 329.º, mas o máximo de testemunhas é limi- 4. Havendo vários arguidos ou assistentes, se o prazo
tado a 10. para requerer a instrução contraditória terminar em dias
4. O Ministério Público pode, nos cinco dias posteriores diferentes, o requerimento pode ser apresentado por todos
à apresentação da acusação particular, aderir a esta, acusar ou por cada um deles até ao termo do prazo que tiver come-
pelos mesmos factos, por parte deles ou por outros que não çado a correr em último lugar.
determinem uma alteração substancial da acusação. 5. O requerimento só pode ser rejeitado se for extem-
5. A acusação particular e a do Ministério Público, se porâneo, se o juiz for incompetente ou se a abertura da
D KRXYHU VmR QRWL¿FDGDV DR DUJXLGR H DR VHX GHIHQVRU RX instrução contraditória for inadmissível.
advogado constituído. 6. Se o requerimento for deferido, o juiz nomeia defensor
6. Se o assistente não deduzir acusação, o Ministério ao arguido que ainda não tiver constituído advogado.
Público arquiva o processo. 7. O despacho do juiz que deferir o requerimento para a
DEHUWXUDGDLQVWUXomRFRQWUDGLWyULDpQRWL¿FDGRDR0LQLVWpULR
CAPÍTULO II
Público, ao arguido e seu defensor e ao assistente e seu
Fase da Instrução Contraditória
advogado.
SECÇÃO I
ARTIGO 334.º
Disposições Gerais
(Direcção da instrução contraditória)
ARTIGO 332.º 1. A instrução contraditória é presidida pelo magistrado
/HJLWLPLGDGH¿QVHkPELWRGDLQVWUXomRFRQWUDGLWyULD
judicial competente segundo as regras de competências apli-
$LQVWUXomRFRQWUDGLWyULDWHPSRU¿PREWHUXPDGHFL- cáveis ao Tribunal.
VmRMXGLFLDOTXHFRQ¿UPHRXLQ¿UPHRPpULWRGDDFXVDomR 2. O magistrado judicial competente deve tomar em con-
ou do despacho de arquivamento, com vista a submeter o sideração as indicações constantes do requerimento para a
arguido a julgamento ou a arquivar o processo. abertura da instrução contraditória, mas não está sujeito a
2. A instrução contraditória é facultativa. elas, devendo, na descoberta da verdade, investigar os factos
3. Não há instrução contraditória nos processos espe- e proceder com autonomia e independência, podendo orde-
ciais e no caso de arquivamento do processo pelos motivos QDUR¿FLRVDPHQWHDUHDOL]DomRGDVGLOLJrQFLDVTXHHQWHQGHU
indicados no artigo 326.º, se o arguido tiver cumprido as necessárias.
injunções. 3DUDHIHLWRVGDSDUWH¿QDOGRQ~PHURDQWHULRURPDJLV-
4. A abertura da instrução contraditória pode ser trado judicial competente pode ser assistido pelos Órgãos de
requerida: Polícia Criminal.
a) Pelo arguido, em relação a factos deduzidos na acu-
ARTIGO 335.º
sação pelo Ministério Público ou pelo assistente, (Conteúdo e natureza da instrução contraditória)
em caso de crime cujo procedimento dependa de 1. A instrução contraditória é dominada pelos princípios
acusação particular; da oralidade e da contraditoriedade e nela podem participar
b) Pelo assistente, em relação a factos pelos quais o Ministério Público, o arguido e o seu defensor, o assistente
o Ministério Público não deduziu acusação, e o seu advogado.
nos casos em que o procedimento criminal não 2. Não podem participar na instrução contraditória as
depender de acusação particular. partes civis.
ARTIGO 333.º 3. A instrução contraditória é constituída pelos actos
(Princípio da instrução)
de investigação e instrução que o juiz entender necessários
1. A abertura da instrução contraditória pode ser reque- SDUDDUHDOL]DomRGDVXD¿QDOLGDGHSRUXPDDXGLrQFLDFRP
rida no prazo de 10 dias, a contar daquele em que ocorrer a debate oral e contraditório entre as partes envolvidas no pro-
QRWL¿FDomRGDDFXVDomRRXGRGHVSDFKRGHDUTXLYDPHQWR cesso e por uma decisão do juiz que a ela presidir.
2. O requerimento deve indicar: 4. As entidades a que se refere o n.º 1 podem assistir
a) As razões de facto e de direito que levam o reque- aos actos de instrução requeridos por qualquer delas e fazer
rente a discordar da formulação da acusação ou pedidos de esclarecimento ou requerer que sejam formula-
do despacho de arquivamento; das às testemunhas e declarantes as perguntas que acharem
b) Os factos ou meios de prova que não foram leva- relevantes para a descoberta da verdade, devendo, para esse
dos em conta na fase de instrução preparatória; HIHLWRVHUQRWL¿FDGRVGRGLDKRUDHORFDOGDVXDUHDOL]DomR
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5501

SECÇÃO II SECÇÃO III


Actos de Instrução Contraditória Audiência Preliminar Contraditória

ARTIGO 336.º ARTIGO 341.º


(Actos exclusivos do juiz e actos que pode delegar) (Designação da data da audiência)
1. O magistrado judicial competente pratica todos os 1. Quando não forem requeridas ou, nos termos do n.º 2
DFWRVQHFHVViULRVjUHDOL]DomRGR¿PGDLQVWUXomRFRQWUDGL- do artigo 334.º, ordenados actos de instrução contraditória,
tória, nos termos do n.º 1 do artigo 332.º limitando-se a discordância de quem requereu a sua aber-
2. O magistrado judicial competente pode delegar tura à apreciação dos factos ou a outras questões de direito,
nos Órgãos de Polícia Criminal a realização de actos de o magistrado judicial competente ordena, desde logo, uma
investigação e de instrução, desde que não se trate do inter-
audiência preliminar para debate oral e contraditório entre
rogatório do arguido ou de inquirição de testemunhas ou que
as partes.
não sejam, por força da lei, da sua competência exclusiva,
2. Quando houver lugar a actos de instrução, estes rea-
nomeadamente, os indicados no n.º 1 do artigo 313.º e no
artigo 314.º lizam-se em primeiro lugar e só depois o juiz designa, por
despacho, o dia, hora e local da audiência preliminar, no
ARTIGO 337.º
(Ordem dos actos e sua repetição) prazo máximo de 5 dias a partir daquele em que se realizar
1. Os actos de instrução contraditória realizam-se pela o último acto e com precedência a qualquer outro serviço,
ordem que o juiz entender conveniente à descoberta da sempre que houver arguidos presos ou quando existir receio
verdade. de que a fase de instrução contraditória não possa concluir-
2. O juiz deve indeferir por despacho o requerimento -se dentro do prazo legal.
relativo aos actos que considerar irrelevantes para a instru- 3. O despacho a que se refere o número anterior é noti-
ção do processo ou que apenas sirvam para protelar o seu ¿FDGRDR0LQLVWpULR3~EOLFRDRDUJXLGRHVHXGHIHQVRUDR
andamento, praticando ou ordenando apenas os que consi- assistente e seu advogado e aos participantes processuais
derar úteis ao apuramento da verdade. cuja presença o juiz entender necessária, com antecedência
3. O despacho a que se refere o número anterior é irre- de, pelo menos, 5 dias a contar da data designada para a rea-
corrível, dele cabendo somente reclamação. lização da audiência.
4. Não é permitida, na fase de instrução contraditória,
ARTIGO 342.º
a repetição de actos e diligências de prova já praticadas na (Finalidade da audiência)
fase de instrução preparatória, salvo no caso de não terem
$DXGLrQFLDFRQWUDGLWyULDWHPSRU¿QDOLGDGHSHUPLWLU
sido observadas as formalidades legais ou de a repetição se
que o Ministério Público, o assistente e o arguido discu-
D¿JXUDULQGLVSHQViYHOjUHDOL]DomRGR¿PGRSURFHVVR
tam, perante o magistrado judicial competente, se durante o
ARTIGO 338.º
(Provas admissíveis) decurso das fases de instrução preparatória e contraditória se
DSXUDUDPLQGtFLRVGHIDFWRTXHMXVWL¿TXHPRXQmRDVXEPLV-
1. São permitidas em instrução contraditória todas as
são do arguido a julgamento.
provas que não forem proibidas por lei, sem prejuízo do dis-
2. A discussão a que se refere o número anterior assume
posto no n.º 3 do presente artigo.
a forma de debate oral e contraditório.
2. O magistrado judicial competente interroga o arguido
sempre que este solicitar ou quando julgar necessário. ARTIGO 343.º
(Factos supervenientes)
3. Não é admitida na instrução contraditória a inquiri-
ção de testemunhas sobre o carácter e personalidade do 1. Se, após a designação da data para a realização da
arguido, a sua conduta anterior, a sua situação económica e audiência contraditória ou mesmo durante ela, surgirem
outras condições pessoais relevantes a que se refere o n.º 2 factos novos com interesse para a descoberta da verdade,
do artigo 156.º o juiz ordena a realização dos actos de instrução que achar
ARTIGO 339.º necessários.
(Prestação antecipada de depoimentos e declarações) 2. Os actos a que se refere o número anterior são pro-
O juiz pode, na fase de instrução contraditória, proceder, cessados nos termos e com as formalidades estabelecidas na
R¿FLRVDPHQWH RX D UHTXHULPHQWR j LQTXLULomR GH WHVWHPX- secção II do presente capítulo.
QKDVHjWRPDGDGHGHFODUDo}HVQRVWHUPRVHFRPRV¿QV ARTIGO 344.º
assinalados no artigo 317.º (Adiamento da audiência)

ARTIGO 340.º 1. A audiência só pode ser adiada por justo impedimento


(Autos de instrução) de o arguido a ela comparecer ou por outra forte razão que
As diligências de prova realizadas na instrução contra- torne absolutamente impossível realizá-la.
ditória são reduzidas a auto e a este juntos os requerimentos 2. Em caso de renúncia do arguido ao direito de estar
apresentados e os documentos com interesse para a aprecia- presente a audiência não pode, porém, ser adiada com fun-
ção da causa. damento na sua falta.
5502 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. Se a audiência for adiada, o juiz designa, desde logo, ração for substancial, para organizar a sua defesa e indicar
QRYDGDWDD¿[DUHQWUHRVpWLPRHRGpFLPRTXLQWRGLDSRV- ou requerer novas provas, interrompendo-se ou adiando-se,
WHULRUHV LQFOXVLYH QRWL¿FDQGR DV SHVVRDV SUHVHQWHV HP conforme o caso, a audiência.
DXGLrQFLD H PDQGDQGR QRWL¿FDU DV DXVHQWHV VH D VXD SUH- 5. Se a alteração determinar a incompetência do
sença continuar a ser necessária. magistrado judicial, o processo é remetido ao magistrado
4. Se o arguido faltar na segunda data designada ou competente para a instrução.
YHUL¿FDQGRVHDKLSyWHVHSUHYLVWDQRQžRDUJXLGRpUHSUH- 6. No caso do n.º 2, vale como denúncia a comunicação
da alteração ao Ministério Público.
sentado pelo seu advogado, se o tiver, ou pelo defensor
7. A alteração dos factos é substancial quando tiver por
R¿FLRVR
efeito a imputação ao arguido de crime diverso daquele que
ARTIGO 345.º lhe foi imputado ou a agravação dos limites mínimo ou
(Organização e disciplina da audiência)
máximo da sanção aplicável.
1. A organização, disciplina da audiência e a direcção 8. É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 4,
dos trabalhos cabe ao magistrado judicial competente, com VHPSUHTXHRMXL]DOWHUDUDTXDOL¿FDomRMXUtGLFDGRVIDFWRV
os poderes correspondentes ao atribuído ao juiz na audiên- descritos na acusação ou no requerimento para a abertura de
cia de julgamento. instrução contraditória.
2. A audiência não obedece a formalidades especiais, ARTIGO 347.º
(Continuidade da audiência)
assegurando, todavia, o juiz, o contraditório na produção da
prova e a possibilidade de o arguido ou o seu defensor se 1. Aplica-se à audiência preliminar contraditória o dis-
pronunciarem sobre ela em último lugar. posto no artigo 345.º
3. Concluída a produção da prova suplementar apresen- 2. O juiz pode interromper a audiência sempre que, no
tada, o juiz concede mais uma vez a palavra ao Ministério seu decurso, entender que é indispensável praticar actos
Público, ao advogado do assistente e ao defensor do arguido novos de instrução que não possam realizar-se na própria
para eles, querendo, alegarem, brevemente e em síntese, o audiência.
TXH EHP HQWHQGHUHP VREUH D VX¿FLrQFLD RX LQVX¿FLrQFLD ARTIGO 348.º
dos indícios apurados e sobre as questões de direito de que (Acta)

depender o sentido da decisão a tomar pelo juiz. 1. De tudo o que se passar na audiência preliminar con-
4. É permitido replicar às alegações por uma só vez, traditória é lavrada acta que, contendo os requisitos do artigo
salvo para o defensor que é, se pedir a palavra, o último a 114.º pode, no que respeita às declarações orais, ser redigida
falar. por súmula, sendo correspondentemente aplicável o dis-
ARTIGO 346.º posto no n.º 2 do artigo 113.º
(Alteração dos factos) 2. A acta é assinada pelo juiz, Ministério Público, fun-
1. Se, da instrução ou dos debates em audiência contra- cionário que a lavrou, assistente e pelo defensor do arguido.
ditória, resultar alteração dos factos descritos na acusação SECÇÃO IV
Encerramento da Instrução Contraditória
do Ministério Público ou do assistente ou no requerimento,
subscrito por este, para a abertura de instrução, procede-se ARTIGO 349.º
nos termos dos números seguintes. (Prazos de duração da instrução contraditória)
2. Se a alteração for substancial e os factos novos indi- 1. A instrução contraditória deve ser encerrada nos pra-
ciados pela instrução e pelos debates forem diferentes dos zos máximos de 2 meses, havendo arguidos presos, ou de
alegados na acusação ou no requerimento para a abertura da 4 meses, não os havendo, contados da data de entrada do
instrução e constituírem, no caso de virem a ser provados, requerimento para a abertura da instrução.
um crime autónomo sem ligação relevante com o imputado 2. Os prazos estabelecidos no número anterior são ele-
ao arguido, o Ministério Público determina a abertura, para vados, respectivamente, para 3 meses e 6 meses, quando a
eles, de instrução preparatória. instrução disser respeito aos crimes puníveis com pena de
3. Se a alteração for substancial, mas os factos novos prisão superior, no seu limite máximo, a 8 anos.
indiciados, apesar de diferentes, constituírem uma infracção ARTIGO 350.º
em relação penalmente relevante com a que resulta dos fac- (Decisão do magistrado judicial competente)
tos alegados na acusação ou descritos no requerimento para, 1. Encerrada a audiência, o juiz, se estiver em condições
abertura da instrução contraditória, podem ser tomados em de o fazer, pronuncia-se sobre o requerimento para a aber-
consideração pelo magistrado judicial competente na ela- tura da instrução contraditória, caso em que a decisão pode
boração do despacho de pronúncia, desde que se cumpra o ser, desde logo ditada para a acta.
disposto no número seguinte. 2. O juiz pode suspender provisoriamente o processo
4. No caso dos números anteriores, o juiz ouve o arguido nos termos do artigo 326.º, depois de obtida a opinião con-
sobre os factos novos e concede-lhe prazo, não superior a 5 cordante do Ministério Público, do assistente e do próprio
dias, se a alteração não for substancial, ou a 10 dias se a alte- arguido.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5503

3. Se, encerrada a audiência, o juiz não estiver em con- for colectivo, nos termos do artigo 356.º e do artigo 386.º,
dições de, no momento, decidir, ordena que o processo lhe respectivamente.
VHMDFRQFOXVRD¿PGHSURIHULUGHFLVmRQRSUD]RPi[LPRGH ARTIGO 354.º
10 dias. (Recurso)
4. A decisão é sempre tomada em relação a todos os 1. O despacho de pronúncia é irrecorrível, mesmo na
arguidos, mesmo que só um deles tenha requerido a aber- parte em que apreciar nulidades e outras questões prévias
tura da instrução. ou incidentais, desde que não seja agravada a medida de
5. No caso previsto no n.º 1, o juiz pode fundamentar a coacção.
decisão remetendo para as razões de facto e de direito enun- 2. O disposto no n.º 1 não prejudica o estabelecido no
ciadas na acusação ou no requerimento para a abertura da n.º 3 do artigo anterior.
instrução.
CAPÍTULO III
ARTIGO 351.º
1RWL¿FDomRGDGHFLVmR Fase do Julgamento
1. No caso do n.º 1 do artigo anterior, consideram-se SECÇÃO I
QRWL¿FDGRVGDGHFLVmRWRGRVRVSUHVHQWHVQDDXGLrQFLD Actos Preparatórios da Audiência de Julgamento

1RFDVRGRQžGRDUWLJRDQWHULRUVmRQRWL¿FDGRVGD ARTIGO 355.º


decisão o Ministério Público, o arguido o seu defensor, o (Remessa do processo ao Tribunal)
advogado do assistente e o lesado que tiver manifestado o 1. O despacho de pronúncia e a acusação, nos casos em
propósito de deduzir pedido cível de indemnização, quando que não tiver sido requerida e aberta instrução contraditó-
se tiver constituído assistente. ria, determinam a remessa imediata do processo ao Tribunal
ARTIGO 352.º competente para o julgamento.
(Despacho de pronúncia ou de não pronúncia) 2. Quando não tiver havido instrução contraditória, pode
1. Se no decurso da instrução contraditória, forem reco- o juiz:
OKLGRVLQGtFLRVVX¿FLHQWHVGDH[LVWrQFLDGRVSUHVVXSRVWRVGH a) Receber a acusação nos termos em que o acusador
que depende a aplicação ao arguido de uma pena ou de uma a formulou;
medida de segurança, o juiz, por despacho fundamentado, b) Rejeitá-la, se considerar que ela, de forma mani-
pronuncia-o pelos factos indiciariamente provados contra festa, não tem fundamento;
ele. c) Rejeitar a acusação do assistente, quando ela altere
2. No despacho de pronúncia deve o juiz começar por substancialmente os factos objecto da acusação
decidir das nulidades e outras questões prévias ou inciden- do Ministério Público, de harmonia com o dis-
tais de que deva e possa conhecer. posto no n.º 1 do artigo 330.º;
3. É aplicável ao despacho de pronúncia, com as devidas d) Rejeitar a acusação do Ministério Público, quando
adaptações, o disposto no n.º 2 do artigo 328.º e nos n.os 1 e nela se tenha procedido à alteração substancial
2 do artigo 329.º para a acusação pública. dos factos objecto da acusação particular, nos
 6H RV LQGtFLRV QmR IRUHP VX¿FLHQWHV R MXL] SURIHUH termos do disposto no artigo 331.º
despacho, igualmente fundamentado, de não pronúncia. 3. Para os efeitos do disposto na alínea b) do número
5. É correspondentemente aplicável ao despacho de não anterior, deve entender-se que a acusação não tem, de forma
pronúncia o disposto no n.º 1 do artigo 322.º, que regula o manifesta, fundamento, sempre que:
arquivamento dos autos. a)1mRFRQWHQKDDLGHQWL¿FDomRGRDUJXLGR
ARTIGO 353.º b) Os factos narrados e imputados ao arguido não
(Nulidade do despacho de pronúncia) constituam crime;
1. O despacho de pronúncia é nulo na medida e na parte c) As provas em que se sustenta ou as disposições
em que pronunciar o arguido por factos novos que alte- legais não tenham sido mencionadas.
rem substancialmente os factos descritos na acusação do 4. O juiz que tiver presidido à instrução, debate con-
Ministério Público ou do assistente ou no requerimento traditório e pronunciado o arguido não pode intervir no
deste para a abertura da instrução e possam constituir crime respectivo julgamento.
autónomo nos termos do n.º 2 do artigo 346.º ARTIGO 356.º
$QXOLGDGH¿FDVDQDGDVHQmRIRUDUJXLGDQRSUD]RGH (Saneamento do processo)

RLWRGLDVDFRQWDUGDGDWDHPTXHIRUQRWL¿FDGRRGHVSDFKR Recebido o processo no Tribunal competente para o jul-


de pronúncia. gamento, o juiz conhece das nulidades e de quaisquer outras
3. Se for arguida a nulidade do despacho de pronún- questões prévias que obstem à decisão sobre o mérito da
cia nos termos e com os fundamentos do n.º 1 e a arguição causa e de que possa, desde logo, conhecer e manda requi-
for indeferida, a questão da nulidade pode ser reapreciada, VLWDURFHUWL¿FDGRGRUHJLVWRFULPLQDOGRDUJXLGRVHHVWHQmR
a requerimento do arguente, pelo juiz ou pelo Tribunal, se existir nos autos.
5504 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 357.º do Tribunal da sua residência, desde que haja razões para
(Contestação e indicação dos meios de prova)
crer que a sua presença na audiência de julgamento não é
1. Resolvidas as questões a que se refere o artigo ante- fundamental para a descoberta da verdade ou seja de pre-
ULRUKDYHQGRRSURFHVVRGHSURVVHJXLURMXL]¿[DDRDUJXLGR ver que em função da distância, da idade, estado de saúde,
um prazo entre 15 a 20 dias, conforme a gravidade do crime VLWXDomR HFRQyPLFD SUR¿VVmR RX RFXSDomR GD WHVWHPXQKD
e a complexidade da causa, para contestar, querendo, por ou declarante ou de outras circunstâncias igualmente atendí-
escrito, organizar o rol de testemunhas e requerer as demais veis, a respectiva deslocação é praticamente impossível ou
diligências de prova que entender necessárias à sua defesa. capaz de causar prejuízos ou transtornos graves.
2. Se houver vários arguidos, o prazo começa a contar- 2. Para decidir, pode o juiz, para além das circunstâncias
VHDSDUWLUGDGDWDGDQRWL¿FDomRIHLWDDRDUJXLGRQRWL¿FDGR enumeradas no número anterior, tomar em consideração o
em último lugar. facto de a pessoa a inquirir ou a prestar declarações já ter
3. O arguido pode, querendo, apresentar a sua contesta- sido ouvida nas fases de instrução preliminar do processo.
ção, por escrito, no início da audiência de julgamento. 3. Na carta, mandado, ofício ou qualquer dos meios indi-
4. A contestação a que se refere o número anterior é dada cados na alínea d) do artigo 137.º utilizado para solicitar a
a conhecer ao Ministério Público e aos representantes dos inquirição ou a prestação de declarações à distância, devem
assistentes e da parte civil que estiverem presentes. VHULQGLFDGRVRVQRPHVPRUDGDVSUR¿VV}HVHGHPDLVHOH-
$VWHVWHPXQKDVGHYHPVHUGHYLGDPHQWHLGHQWL¿FDGDV PHQWRV GH LGHQWL¿FDomR GDV WHVWHPXQKDV RX GHFODUDQWHV
não podendo o arguido apresentar, por cada crime, número assim como os factos e circunstâncias sobre os que devam
maior do que aquele que a acusação pode produzir, salvo ser ouvidos.
se o processo se revestir de grande complexidade e o juiz 4. A inquirição e a prestação de declarações à distância
entender que a indicação de número superior é imprescindí- podem realizar-se, simultaneamente, com a audiência de
vel à descoberta da verdade. julgamento, sempre que se dispuser de meios de telecomu-
6. A contestação, o rol de testemunhas, a junção de docu- nicação em tempo real.
$ VROLFLWDomR D TXH VH UHIHUH R Qž  p QRWL¿FDGD DR
mentos e o requerimento de outras diligências de prova são
Ministério Público e aos representantes do arguido, do assis-
VHPSUHQRWL¿FDGRVDR0LQLVWpULR3~EOLFRDRDVVLVWHQWHHj
tente e da parte civil.
parte civil.
6. A inquirição e a tomada de declarações à distância
7. Da falta de contestação não resulta qualquer
podem realizar-se com as formalidades aplicáveis à audiên-
cominação.
cia de julgamento, competindo ao juiz a quem as diligências
ARTIGO 358.º foram solicitadas ordenar a comparência das testemunhas
(Alteração da prova oferecida)
e declarantes, receber os juramentos e compromissos de
1. O rol de testemunhas e, em geral, a prova oferecida ou KRQUDSHUJXQWDUjVWHVWHPXQKDVVREUHDVXDLGHQWL¿FDomRDV
requerida dentro do prazo a que se refere o n.º 1 do artigo suas relações pessoais com os intervenientes no processo e o
anterior podem ser adicionados ou alteradas a requerimento seu interesse na causa.
do Ministério Público, do assistente, do arguido ou da parte 7. Os depoimentos e as declarações são reproduzidos em
civil, desde que o adicionamento ou a alteração: auto, integralmente ou por súmula, conforme o juiz decidir,
a) 3RVVDP VHU QRWL¿FDGRV jV SDUWHV TXH QmR RV de acordo com os meios de que o Tribunal dispuser, sem-
requereram, até 3 dias antes da audiência de pre que não se trate de inquirição ou tomada de declarações
julgamento; à distância com recurso a meios de telecomunicação em
b) As testemunhas ou declarantes adicionados possam tempo real.
VHU QRWL¿FDGRV SDUD D DXGLrQFLD GH MXOJDPHQWR ARTIGO 360.º
RXRUHTXHUHQWHVHSURQWL¿TXHDDSUHVHQWiORVQD (Declarações e inquirições no domicílio)

audiência de julgamento. 1. Quando uma testemunha ou um declarante se encon-


2. Não é permitido adicionar ou alterar o rol, oferecendo trarem, por motivo sério, nomeadamente, por doença ou
testemunhas ou declarantes que residam fora da área de invalidez, impossibilitados de comparecerem na audiên-
MXULVGLomRGR7ULEXQDOVDOYRVHTXHPRVRIHUHFHUVHSURQWL¿- cia de julgamento, pode o juiz ordenar, a requerimento ou
car a apresentá-los na audiência de julgamento. R¿FLRVDPHQWH TXH VHMD LQTXLULGD RX SUHVWH GHFODUDo}HV
ARTIGO 359.º no local da sua residência ou onde se encontrar, no dia e
(Pessoas ouvidas à distância) hora designados. Às declarações e inquirições no domicílio
1. Se houver necessidade de inquirir testemunhas ou aplica-se o disposto no n.º 5 do artigo anterior, com as devi-
tomar declarações a pessoas que residirem fora da área de das adaptações.
jurisdição do Tribunal competente para o julgamento pode, 2. Os depoimentos ou declarações prestados são reduzi-
DUHTXHULPHQWRGHTXHPDVRIHUHFHURXR¿FLRVDPHQWHRMXL] dos a auto e nele transcritos integralmente ou por súmula,
da causa solicitar, através do meio estabelecido no artigo 137.º, conforme o juiz decidir, em função dos meios técnicos de
que sejam inquiridas ou prestem declarações perante o juiz que o Tribunal dispuser.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5505

3. A inquirição ou tomada de declarações no domicílio 7. As testemunhas, peritos, consultores técnicos e demais


são processadas com observância das formalidades esta- GHFODUDQWHV GHYHP VHU QRWL¿FDGRV SDUD FRPSDUHFHU QD
belecidas para a audiência de julgamento, à excepção da audiência, pelo menos, 5 dias antes daquele que, para ela,
publicidade. foi designado.
ARTIGO 361.º 8. Do despacho que designa dia para a audiência não há
(Realização de actos urgentes) recurso.
 2 MXL] R¿FLRVDPHQWH RX D UHTXHULPHQWR UHDOL]D RV 9. No despacho deve também, o juiz da causa mandar
actos urgentes ou aqueles cuja demora comportar perigo dar vista do processo a cada um dos restantes juízes, caso o
para a produção ou preservação da prova ou para a desco- Tribunal seja colectivo, por um período variável de 3 a 8 dias,
berta da verdade, nomeadamente, a prestação antecipada de conforme a complexidade do processo.
depoimentos ou declarações nos termos do artigo 317.º, com ARTIGO 363.º
(Exame do processo na secretaria)
as necessárias adaptações.
 $ UHDOL]DomR GH DFWRV XUJHQWHV p QRWL¿FDGD DR 1. Os representantes do arguido e dos assistentes têm,
Ministério Público e aos representantes do arguido, do assis- durante os 8 dias que imediatamente antecedem a audiência,
tente e da parte civil, aplicando-se o disposto no n.º 3 do o direito de examinarem o processo na secretaria, durante as
artigo anterior, com as devidas adaptações. horas de expediente.
2. Nenhum obstáculo pode ser colocado ao exame do
ARTIGO 362.º
(Designação da data da audiência) processo a que se refere o número anterior, pelos represen-
tantes do assistente e do arguido, pelo que, estando os autos
 -XQWD D FRQWHVWDomR H UHTXHULGD D SURYD RX ¿QGR R
conclusos ao juiz ou com vista, deve o respectivo escrivão
prazo para o arguido contestar ou juntar o rol de testemu-
proceder à sua cobrança imediata.
nhas nos termos do artigo 357.º, o juiz designa por despacho 3. Incorre em responsabilidade disciplinar e civil todo
o dia, a hora e o local para a audiência de julgamento. aquele que colocar obstáculos ao exame do processo refe-
2. Em caso de inquirição ou de prestação de declarações rido pelo presente artigo.
à distância, nos termos do artigo 359.º e ressalvada a hipó- 4. Durante o exame, pode ser solicitada extracção de cer-
tese do n.º 4 do mesmo artigo, a designação só tem lugar tidões ou obtenção de cópias dos autos.
depois de recebidos os autos de inquirição ou de declarações SECÇÃO II
correspondentes. Audiência de Julgamento
3. A audiência deve ser marcada para a data nunca ante- SUBSECÇÃO I
rior a 15 dias nem posterior a 30 dias, contados a partir do Disposições Gerais
¿PGRSUD]RDTXHVHUHIHUHRQžRXGDGDWDGDHQWUHJDGD ARTIGO 364.º
contestação e do rol de testemunhas ou, no caso do n.º 2, da (Publicidade)
data da recepção dos autos aí referidos. 1. A audiência é, sob pena de nulidade insanável, pública,
4. Se o arguido se encontrar preso preventivamente, a nos termos do estabelecido nas disposições do artigo 95.º
audiência e a designação da data para a realizar têm prece- que regula a publicidade dos actos processuais em geral.
$QWHVGHRUGHQDUR¿FLRVDPHQWHDH[FOXVmRGDSXEOL-
dência sobre qualquer outro julgamento.
cidade da audiência ou a sua limitação, nos termos legais,
5. O despacho que designar dia para a audiência de jul- deve o juiz ouvir o Ministério Público e os representantes do
gamento deve conter, sob pena de nulidade: arguido e do assistente.
a) A indicação directa ou por simples remissão para a ARTIGO 365.º
pronúncia ou, se não a houver, para a acusação, (Contraditório)
dos factos imputados ao arguido e dos preceitos 1. O Tribunal garante o princípio do contraditório,
legais que se lhes aplicam; devendo, sobre os requerimentos apresentados e as pro-
b) A indicação do dia, da hora e do lugar em que as vas oferecidas por uma das partes, ouvir sempre a outra ou
pessoas convocadas para a audiência devem outras partes.
2. O disposto no número anterior é aplicável a qual-
comparecer;
quer questão ou incidente surgidos durante a audiência,
c) A nomeação de defensor ao arguido, se ele ainda devendo também sobre eles serem ouvidos os respectivos
não o tiver; interessados.
d) A data e a assinatura do juiz. ARTIGO 366.º
6. O despacho, a que deve ser anexada cópia da acusa- (Continuidade e concentração da audiência)
omRRXGDSURQ~QFLDpQRWL¿FDGRDR0LQLVWpULR3~EOLFRDR 1. A audiência de julgamento é, em regra, contínua, não
arguido e respectivo defensor, ao assistente, às partes civis devendo ser interrompida nem adiada até ao seu encerra-
e aos seus representantes, pelo menos, 15 dias antes do dia mento, sem prejuízo do disposto nos artigos 367.º e 368.º,
designado para a audiência. ou em outros preceitos legais.
5506 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. A audiência realiza-se, em princípio, na sala de audiên- 6. Se os depoimentos tiverem sido gravados, o juiz
cias afecta ao serviço do Tribunal competente. RUGHQD R¿FLRVDPHQWH QR FDVR GR Qž  H SRGH RUGHQDU D
 2 GLVSRVWR QD SDUWH ¿QDO GR Q~PHUR DQWHULRU QmR requerimento, no caso do n.º 4, que as gravações voltem a
impede o juiz de ordenar, em despacho fundamentado, que ser ouvidas, ou vistas e ouvidas, em audiência, conforme o
o julgamento se efectue em qualquer outro lugar, em função caso.
do número elevado de arguidos e outros participantes pro- ARTIGO 369.º
cessuais, da necessidade de facilitar a produção da prova ou (Substituição do juiz)
por outro motivo igualmente atendível. Sempre que um juiz que participou num julgamento for
ARTIGO 367.º substituído antes da elaboração da sentença, aplica-se, com
(Interrupção da audiência) as necessárias adaptações, o disposto nos n.os 5 e 6 do artigo
1. São admissíveis as interrupções indispensáveis para anterior.
a alimentação e descanso dos participantes processuais, ARTIGO 370.º
podendo ainda a audiência ser interrompida para continuar (Deveres de conduta das pessoas que assistem à audiência)
até à sua conclusão, nos dias úteis imediatamente seguintes, As pessoas que assistirem à audiência de julgamento
quando o julgamento não puder concluir-se nem no dia do devem manter-se com compostura e respeito e comportar-
seu início nem no do seu reinício. -se de modo a não perturbar o seu normal funcionamento,
2. A interrupção é sempre ordenada por despacho funda- cabendo-lhes em particular:
mentado do juiz. a) Cumprir as determinações relativas à disciplina da
3. A comunicação do juiz, feita em audiência, da hora audiência;
e do dia da continuação dos trabalhos tem o valor de noti- b) Guardar recato e silêncio, não protestando contra
¿FDomR UHODWLYDPHQWH jV SHVVRDV TXH QHOD VH HQFRQWUDUHP as decisões que pessoalmente não aprovem nem
presentes ou que, como tal, devam ser consideradas.
aplaudindo as que sejam do seu agrado;
ARTIGO 368.º c) Não transportar armas aparentes ou ocultas nem
(Adiamento da audiência)
outras coisas, substâncias ou objectos que sejam
1. A audiência pode ser adiada quando:
perigosos, incómodos ou, de qualquer modo,
a))DOWDURX¿FDUDEVROXWDPHQWHLPSRVVLELOLWDGDSHV-
incompatíveis com a dignidade do Tribunal.
soa que não possa, desde logo, ser substituída e
ARTIGO 371.º
cuja presença seja legalmente indispensável ou (Forma de apresentação e deveres de conduta
determinada por decisão do juiz; do arguido em audiência)
b) For absolutamente necessário produzir prova que 1. Estando o arguido preso preventivamente, deve apre-
não seja possível obter enquanto a audiência sentar-se na audiência sem algemas ou outro dispositivo ou
estiver a decorrer; objecto que limite ou impeça os seus movimentos, nos ter-
c) Surgir questão prejudicial, prévia ou incidental, mos do artigo 165.º, com as devidas adaptações.
cuja resolução seja essencial para a boa decisão 2. No caso do número anterior, o uniforme do arguido
da causa e que torne inconveniente a continua- preso só é admissível se este não dispuser de vestuário pró-
ção da audiência. prio compatível com a dignidade do Tribunal.
2. No caso da alínea a) do número anterior, se estiverem 3. Se, durante a audiência, o arguido faltar ao respeito
presentes outras pessoas convocadas para a audiência, pro- devido ao Tribunal, é advertido e, se persistir ou reincidir
cede-se à sua imediata inquirição ou audição, mesmo que nesse comportamento, pode ser mandado recolher a qual-
isso implique a alteração da ordem de produção da prova quer dependência do Tribunal.
estabelecida pelo artigo 389.º 4. No caso previsto no número anterior, o arguido man-
3. Aplicam-se correspondentemente ao adiamento da tém a faculdade de estar presente no último interrogatório
audiência os n.os 2 e 3 do artigo anterior. em audiência e à leitura da sentença, podendo o juiz ordenar
4. Se a audiência for adiada por mais de 30 dias é reto- que regresse à sala de audiências, sempre que repute neces-
mada a partir do último acto processual realizado, podendo o sária a sua presença.
MXL]GHFLGLUR¿FLRVDPHQWHRXDUHTXHULPHQWRVHRVDFWRVMi 5. O arguido afastado da sala de audiências nos termos
praticados oralmente e não gravados por meios técnicos de do presente artigo considera-se presente, sendo representado
som ou de imagem e som devem ser repetidos. pelo seu advogado ou defensor.
5. Se o adiamento ultrapassar os 60 dias, os actos de 6. Se o julgamento for interrompido ou adiado, o juiz
prova oralmente produzida nas audiências anteriores per- GHFLGHR¿FLRVDPHQWHRXDUHTXHULPHQWRVHRDIDVWDPHQWR
dem os seus efeitos e devem ser repetidos, no caso de não da sala deve manter-se ou se deve continuar ou recomeçar a
terem sido gravados. audiência com a presença do arguido.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5507

ARTIGO 372.º 3. No desempenho das funções a que se refere o n.º 1,


(Deveres de conduta dos advogados ou defensores em audiência)
compete ao juiz exercer os poderes e deveres que lhe são
1. São advertidos com urbanidade pelo juiz que preside atribuídos por lei e, em especial:
ao julgamento os advogados ou defensores que, nos seus a) Manter a ordem, tomando as medidas legalmente
requerimentos, interrogatórios, instâncias ou alegações: admissíveis que se mostrarem necessárias ou
a) Se afastarem do respeito devido ao Tribunal, adequadas à cessação dos actos de perturbação
aos representantes da acusação ou devido aos
da audiência e à garantia da segurança de todos
outros advogados ou defensores, ao arguido, às
os intervenientes processuais, requisitando,
testemunhas ou declarantes ou a qualquer outro
nomeadamente, a força pública;
interveniente processual;
b) Limitar a entrada na sala de audiências ou orde-
b) Procurarem, manifesta e abusivamente, protelar o
nar a saída de qualquer pessoa cuja presença
decurso normal dos trabalhos;
não seja necessária e possa colocar em perigo
c) Fizerem comentários ou explanações sobre assun-
a ordem ou a segurança ou que, por razões de
tos alheios ao processo e que de modo algum
higiene, embriaguez, intoxicação provocada
sirvam para esclarecê-lo.
por consumo de estupefacientes ou outra razão
2. Se, depois de advertidos, os advogados ou defensores
persistirem no comportamento descrito no número ante- semelhante possa perturbar a audiência ou ofen-
rior, pode o juiz retirar-lhes a palavra e comunicar o facto à der a dignidade do Tribunal;
Ordem dos Advogados. c)$OWHUDUDRUGHPOHJDOPHQWH¿[DGDSDUDRVDFWRVGH
3. Se for retirada a palavra ao defensor, o juiz nomeia ao produção de prova ou ordenar a comparência
arguido outro defensor. de qualquer pessoa ou a produção de qualquer
4. Se o defensor for advogado constituído, é concedido prova, sempre que o entender necessário para a
ao arguido um prazo de 8 dias para constituir novo advo- descoberta da verdade e a realização da justiça;
gado, interrompendo-se, em tal caso, a audiência, que deve d) Impedir ou não autorizar que se façam perguntas
continuar, sendo possível, no primeiro dia útil seguinte. que a lei proíbe;
5. Se, no prazo a que se refere o número anterior, o e) Conceder palavra ao Ministério Público e à defesa,
arguido não constituir advogado, o juiz nomeia-lhe defensor. a seu requerimento, para que directamente inter-
ARTIGO 373.º roguem o arguido no decurso da audiência de
(Deveres de conduta do Ministério Público)
julgamento;
1. O Ministério Público tem o dever de tratar com res- f) Dirigir e moderar a discussão e proibir, em particu-
peito e urbanidade o juiz, os representantes da defesa, do
lar, os expedientes manifestamente impertinentes
assistente e da parte civil, o arguido, as testemunhas, decla-
ou dilatórios.
rantes e qualquer outro interveniente processual.
4. As decisões respeitantes à disciplina da audiência e à
2. Em caso de violação reiterada dos deveres de conduta
direcção dos trabalhos não obedecem a formalidades espe-
descritos no número anterior pelo magistrado do Ministério
ciais, a não ser as de poderem ser ditadas para a acta da
Público, deve o juiz participá-la, para efeito de procedi-
audiência e de terem de ser tomadas com respeito pelo prin-
mento disciplinar, ao Conselho Superior da Magistratura do
cípio do contraditório, sempre que este não ponha em perigo
Ministério Público.
DH¿FiFLDGDVPHGLGDVDWRPDU
ARTIGO 374.º
(Deveres dos juízes) SUBSECÇÃO II
Actos Introdutórios
1. Aplica-se aos juízes, com as devidas adaptações, o dis-
posto nos n.os 1 e 2 do artigo anterior. ARTIGO 376.º
(Chamada e abertura da audiência)
2. Compete, em particular, aos juízes garantir que aos
advogados e defensores seja concedido, durante a audiência ¬KRUDPDUFDGDSDUDRLQtFLRGDDXGLrQFLDRR¿FLDOGH
de julgamento, o tratamento compatível com a dignidade e a MXVWLoDYHUL¿FDVHHVWmRSUHVHQWHVQR7ULEXQDOR0LQLVWpULR
importância da função que exercem. Público, o arguido e os representantes da defesa, dos
ARTIGO 375.º assistentes e das partes civis e procede, em voz alta e publi-
(Disciplina da audiência) FDPHQWH GHSRLV GH LGHQWL¿FDU R SURFHVVR j FKDPDGD GDV
1. O julgamento é presidido pelo juiz do Tribunal onde o restantes pessoas que nela tiverem de intervir.
processo é julgado, ao qual compete a direcção dos trabalhos 2. À medida que forem respondendo, as pessoas
e a disciplina da audiência. chamadas ocupam o seu lugar na sala a elas destinada, pro-
2. É correspondentemente aplicável o disposto no artigo cedendo-se a uma segunda chamada para aquelas que não
94.º, que regula a disciplina dos actos processuais em geral. responderam à primeira.
5508 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2R¿FLDOGHMXVWLoDGiQRWDYHUEDODRMXL]GHTXHPHVWi 3. Não pode haver mais de um adiamento por falta das


presente e de quem está em falta e, em seguida entra na sala SHVVRDVUHIHULGDVQRQžDLQGDTXHVHYHUL¿TXHRFRQGLFLR-
e declara aberta a audiência. nalismo referido no número anterior.
ARTIGO 377.º ARTIGO 379.º
(Falta do Ministério Público e dos representantes (Presença obrigatória do arguido no julgamento)
da defesa, dos assistentes ou das partes civis) 1. É, sem prejuízo dos artigos seguintes, obrigatória a
1. Se o representante do Ministério Público ou o defen- presença do arguido na audiência de julgamento, devendo
sor público do arguido faltarem à audiência de julgamento, o Tribunal tomar as medidas que sejam necessárias para
o juiz, sob pena de nulidade insanável, substitui o primeiro garantir essa presença.
pelo respectivo substituto legal e o defensor público por 2. Se o arguido se encontrar preso em diferente circuns-
outro defensor público, ou, não o havendo, por advogado crição judicial por, na respectiva área, ter cometido outra
estagiário ou, não o havendo, por pessoa idónea. infracção, o Tribunal requisita-o à entidade à ordem de quem
2. Não podendo os representantes do Ministério Público ele estiver.
ou da defesa serem substituídos nos termos do número 3. O arguido não pode afastar-se da audiência a que tenha
anterior, a audiência pode ser interrompida pelo tempo estri- comparecido, podendo o juiz tomar as medidas que achar
necessárias, nomeadamente a sua detenção.
tamente necessário para proceder à substituição.
 4XDQGR R DUJXLGR ¿FDU LPSRVVLELOLWDGR GH DVVLVWLU j
3. Aos substitutos do magistrado do Ministério Público
audiência por razão que não possa ser-lhe imputada, o juiz
ou do defensor pode, a seu pedido, ser concedido um período
interrompe-a e designa, desde logo, dia e hora para a conti-
GHWHPSRSDUDH[DPLQDUHPRSURFHVVRFDEHQGRDRMXL]¿[DU
nuação dos respectivos trabalhos.
a respectiva duração.
5. Se, no caso do número anterior, o arguido tiver criado
4. Se faltarem o representante do assistente ou das par- a situação que o impossibilita de continuar a intervir na
tes civis, a audiência prossegue sem eles, sendo, no entanto, audiência, pode o juiz decidir a continuação do julgamento
admitidos a intervir no julgamento, logo que comparecerem. sem a sua presença, se já tiver sido interrogado e se a sua
5. Se faltar o representante do assistente em processo presença não for julgada indispensável, sendo, neste caso,
criminal dependente de acusação particular, a audiência representado pelo seu defensor.
pDGLDGDPDVQmRVHQGRDIDOWDMXVWL¿FDGDRXIDOWDQGRHOH ARTIGO 380.º
pela segunda vez, considera-se que o assistente desistiu da (Presença não obrigatória do arguido no julgamento)
acusação. 1. O arguido não é obrigado a comparecer na audiência
6. Se, no caso do número anterior, o arguido se opuser de julgamento quando a infracção de que é acusado não for
à desistência nos termos do n.º 2 do artigo 127.º do Código punível com prisão.
Penal, o julgamento prossegue com o Ministério Público a 2. O disposto no número anterior não obsta a que o juiz
representar a acusação. ordene a comparência do arguido, quando entender que ela
7. O juiz deve comunicar ao respectivo superior hierár- é indispensável à descoberta da verdade e à realização da
quico as faltas ao julgamento do representante do Ministério justiça.
3~EOLFRHj2UGHPGRV$GYRJDGRVDVIDOWDVQmRMXVWL¿FDGDV  4XDQGR QmR IRU SRVVtYHO QRWL¿FDU SHVVRDOPHQWH R
dos advogados e dos advogados estagiários. arguido do despacho que designar dia para o julgamento, a
ARTIGO 378.º
QRWL¿FDomRpIHLWDSRUHGLWDLV
(Falta de testemunhas, peritos, assistentes e partes civis) 4. O edital deve conter o nome, o estado civil e a pro-
¿VVmR GR DUJXLGR D VXD ~OWLPD UHVLGrQFLD FRQKHFLGD H
1. A falta de testemunhas, dos assistentes, peritos ou
quaisquer outros dados, elementos ou sinais conducen-
partes civis não determina, como regra, o adiamento da
WHV j VXD LGHQWL¿FDomR D LQIUDFomR GH TXH IRL DFXVDGR RV
audiência, sendo o assistente e as partes civis que faltarem
preceitos legais aplicáveis e o dia e hora designados para a
representados pelos seus advogados.
audiência de julgamento.
 6H QR HQWDQWR R MXL] R¿FLRVDPHQWH RX D UHTXHUL-
5. Ao processo juntam-se as cópias dos editais, depois
mento, entender e decidir que a presença de qualquer das GHRFDUWyULRFHUWL¿FDUDVGDWDVHRVORFDLVHPTXHHVWLYHUDP
pessoas mencionadas no número anterior é indispensável D¿[DGRV
à descoberta da verdade e à realização da justiça e não for 6. Quando, em razão da complexidade da infracção ou
de prever que se consiga a comparência das pessoas falto- de qualquer outro motivo, o juiz entender necessário, pode
sas com a simples interrupção da audiência, o julgamento RUGHQDU TXH R DUJXLGR VHMD QRWL¿FDGR GR GHVSDFKR TXH
pode ser adiado depois de inquiridas as testemunhas e ouvi- designa o dia para o julgamento por anúncios, nos termos
dos o assistente, os peritos e as partes civis que estiverem do n.º 2 do artigo 133.º, suportando o Cofre Geral de Justiça
presentes, mesmo que a inquirição e a audição obriguem à as respectivas despesas, as quais entram sempre em regra
alteração da ordem da produção da prova. de custas.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5509

1RFDVRGHRDUJXLGRVHUQRWL¿FDGRGRMXOJDPHQWRSRU ARTIGO 385.º


(Suspensão do processo e medidas a aplicar)
editais, o juiz nomeia-lhe defensor.
1. Se, fora dos casos previstos nos artigos 379.º a 382.º,
ARTIGO 381.º
não for possível fazer comparecer o arguido à audiência de
(Dispensa de comparência)
julgamento, suspende-se o processo, que pode, no entanto,
1. Fora do caso previsto no n.º 1 do artigo anterior, o juiz continuar para efeito de julgamento dos arguidos presentes.
SRGHRUGHQDUR¿FLRVDPHQWHRXDUHTXHULPHQWRGRDUJXLGR 2. Em caso de suspensão, as provas que corram o risco
que este seja dispensado de comparecer à audiência de julga- de se perder até ao julgamento ou em relação às quais for
mento nos casos em que, em razão da idade, de doença grave UD]RDYHOPHQWH GH SUHYHU TXH Vy FRP JUDQGHV GL¿FXOGDGHV
de que padeça ou de distância a que resida, a deslocação ao ou transtornos possam ser recolhidas em julgamento, são
antecipadamente produzidas com a presença do Ministério
Tribunal se transforme para ele em sacrifício incomportável
Público e do defensor, podendo também assistir o assistente
ou injusto. e a parte civil.
2. A dispensa de comparecer à audiência de julgamento 3. No caso previsto no n.º 1, pode ser requerido e decre-
não impede que o arguido possa ser ouvido na sua residên- tado, nos termos do artigo 286.º, contra o arguido, arresto
cia, sempre que o Tribunal entender que as suas declarações preventivo e anulados os actos de disposição de bens por ele
são absolutamente necessárias ao apuramento da verdade e praticados após o cometimento do crime, sempre que tais
actos sejam susceptíveis de prejudicar o pagamento de mul-
à realização da justiça.
tas, custas e indemnizações.
3. O arguido deve ser esclarecido de que a dispensa de
ARTIGO 386.º
comparência não lhe retira o direito de, querendo e podendo, (Questões prévias ou incidentais)
estar presente na audiência de julgamento.
1. Antes de se iniciar a produção da prova, pode o Tribunal
'DVGHFLV}HVGRMXL]VmRQRWL¿FDGRVQmRVyRDUJXLGR
conhecer das nulidades e das questões prévias ou incidentais
e o seu defensor como também o Ministério Público e os susceptíveis de impedir o conhecimento do mérito da causa
representantes do assistente e da parte civil. que não tenham até esse momento sido apreciadas e o pos-
ARTIGO 382.º sam ser sem protelamento exagerado dos trabalhos e risco
(Outros casos de julgamento sem a presença do arguido) de interrupção da audiência.
1. O julgamento prossegue como se o arguido estivesse 2. A decisão é proferida oralmente e transcrita na acta.
presente, usando-se a mesma forma, sempre que o arguido, ARTIGO 387.º
depois de ser interrogado, se puser em fuga ou abandonar a (Leitura de peças processuais)

audiência de julgamento. 1. Realizados os actos a que se referem os artigos ante-


2. Se o arguido regressar à audiência ou a qualquer sessão riores, o juiz que preside ao julgamento ordena a retirada
do julgamento antes de ser encerrado, o juiz deve esclarecê- das testemunhas, podendo fazer o mesmo relativamente às
-lo do que se passou na sua ausência. restantes pessoas que devam ser ouvidas, à excepção do
3. No caso previsto no presente artigo, o juiz nomeia ao arguido.
arguido defensor, se ele o não tiver constituído. 2. Em seguida o Ministério Público e o assistente podem
requerer que se proceda à leitura:
ARTIGO 383.º
(Preceitos aplicáveis nos casos dos artigos 379.º,
a) Da acusação e da pronúncia, havendo-a;
n.º 5, 380.º, n.º 1, e 381.º) b) Das conclusões dos exames periciais e documentos
1. Nos casos previstos no n.º 5 do artigo 379.º, n.º 1 do juntos ao processo que reputarem necessários ao
artigo 380.º e no artigo 381.º, o julgamento é, em tudo o que esclarecimento e à decisão da causa.
3. O defensor do arguido pode fazer o mesmo relativa-
não for especialmente previsto, regulado pelos preceitos da
mente à contestação, às conclusões dos exames periciais e
presente secção.
aos documentos.
2. Quando, nos casos a que se refere o número anterior, o
4. Se os representantes da acusação e da defesa nada
arguido não estiver representado por advogado por si cons-
requererem, o juiz que preside ao julgamento procede a uma
tituído, é sempre admissível o recurso limitado à matéria de exposição resumida do objecto do processo.
direito, nomeadamente, à medida da pena aplicada, ainda
SUBSECÇÃO III
que as declarações e depoimentos não estejam transcritos Produção da Prova e Encerramento da Audiência
na acta.
ARTIGO 388.º
ARTIGO 384.º (Princípios gerais)
(Representação do arguido)
27ULEXQDORUGHQDR¿FLRVDPHQWHRXDUHTXHULPHQWR
Nos casos de ausência regulados no n.º 5 do artigo 379.º das partes, a produção de todas as provas legalmente admis-
e nos artigos 380.º, 381.º e 382.º, o arguido é representado síveis que reputar necessárias à descoberta da verdade e à
pelo seu defensor. justa decisão da causa, quer tenham sido indicadas na acu-
5510 DIÁRIO DA REPÚBLICA

sação, no requerimento do assistente para a abertura da 6. Se, nas suas declarações, o arguido relatar factos e
instrução contraditória que tenha conduzido à pronúncia, na tecer considerações irrelevantes para a justa decisão da
contestação ou no rol a que se referem os artigos 357.º e causa, afastando-se do objecto do processo, o juiz adverte-o
358.º, quer a sua produção tenha sido requerida na própria com urbanidade, podendo, em caso de persistência, retirar-
audiência de julgamento. -lhe a palavra.
2. O requerimento é indeferido sempre que o juiz entenda 7. O juiz pode, enquanto decorrer a produção da prova,
que o meio de prova requerido: fazer ao arguido perguntas sobre qualquer facto ou circuns-
a) É legalmente inadmissível, inadequado ou de tância que repute relevante para a descoberta da verdade ou
obtenção impossível ou muito duvidosa; confrontá-lo com os co-arguidos ou outros intervenientes
b) As provas requeridas são irrelevantes ou supér- processuais.
ÀXDV 8. Se responderem vários arguidos podem ser interroga-
dos quer separadamente quer cada um o ser na presença dos
c) O requerimento não passa de expediente mera-
outros, conforme o juiz considerar mais adequado à desco-
mente dilatório.
berta da verdade.
ARTIGO 389.º
9. Se os co-arguidos forem ouvidos em separado, o juiz,
(Ordem da produção da prova)
depois de todos regressarem à sala de audiências, dá-lhes
1. Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 368.º, na conhecimento, sob pena de nulidade, do teor das declarações
alínea c) do n.º 3 do artigo 375.º e no n.º 2 do presente artigo, prestadas na ausência de cada um.
a produção de prova obedece à seguinte ordem:
ARTIGO 391.º
a) Declarações do arguido; &RQ¿VVmRLQWHJUDOHVHPUHVHUYDV
b) Meios de prova indicados pelo Ministério Público; 1. Sempre que o arguido declarar, na contestação, em
c) Meios de prova apresentados pelo assistente; documento escrito antes de ser ouvido ou oralmente, ao
d) Meios de prova apresentados pelo lesado que tiver prestar pela primeira vez declarações em audiência, que
deduzido pedido de indemnização; deseja confessar integralmente os factos que lhe são imputa-
e) Meios de prova indicados pelo arguido; GRVRMXL]SHUJXQWDOKHVHID]WDOFRQ¿VVmRGHOLYUHYRQWDGH
f) Meios de prova indicados pela pessoa contra quem e sem reservas.
tiver sido deduzido pedido de indemnização.  6H D UHVSRVWD IRU D¿UPDWLYD H DR FULPH QmR FRUUHV-
2. Se não for possível ou se de outra forma entender o ponder penalidade superior, no seu limite máximo, a 5 anos
juiz que preside ao julgamento, os declarantes devem ser de prisão, consideram-se provados os factos imputados ao
ouvidos a seguir ao arguido. arguido, limitando-se a produção da prova aos factos repor-
ARTIGO 390.º tados a circunstâncias atenuantes ou à personalidade do
(Interrogatório do arguido) arguido, alegados na contestação.
1. O juiz interroga o arguido pela forma prescrita no $ FRQ¿VVmR LQWHJUDO H VHP UHVHUYDV QmR WrP R YDORU
artigo 166.º, com as necessárias adaptações. estabelecido no número anterior quando:
2. Depois de o interrogar sobre a sua identidade e ante- a) +DYHQGR PDLV GR TXH XP DUJXLGR D FRQ¿VVmR
cedentes criminais, o juiz pergunta ao arguido se, da leitura integral e sem reservas não for feita por todos;
das peças processuais ou da exposição a que se referem os b)27ULEXQDOVXVSHLWDUIXQGDGDPHQWHTXHDFRQ¿VVmR
n.os 2 e 3 do artigo 387.º, compreendeu bem que factos lhe não é livre ou de que o arguido não praticou os
são imputados, esclarecendo-o de novo, se disser que não. factos que lhe são imputados ou houver dúvidas
3. O arguido tem o direito de, em todo o decurso da legítimas sobre a sua imputabilidade.
audiência, prestar declarações a respeito dos factos que lhe ARTIGO 392.º
&RQ¿VVmRSDUFLDORXFRPUHVHUYDV
são imputados, mas não é obrigado a fazê-lo, não podendo
nunca do seu silêncio ou da sua inactividade serem retira- 6HQRFDVRGRDUWLJRDQWHULRUDFRQ¿VVmRGRDUJXLGRIRU
parcial ou com reservas, o Tribunal decide, se:
das ilações que o desfavoreçam e disso e daquele seu direito
a) Os factos não confessados e as reservas feitas são
deve o juiz informá-lo.
LUUHOHYDQWHVHjFRQ¿VVmRGHYHVHUFRQFHGLGRR
4. O juiz ouve o arguido sem interferências, comentá-
valor estabelecido no n.º 2 do artigo anterior;
rios ou opiniões, não tomando qualquer atitude de que possa
b) A produção da prova só deve ter lugar relativa-
ser inferida a existência, contra ele, de juízos antecipados de mente aos factos não confessados ou às reservas
culpabilidade. colocadas pelo arguido, considerando-se os res-
5. O Ministério Público, o defensor e os representantes tantes como provados;
do assistente e da parte civil não podem, do mesmo modo, c) O julgamento deve prosseguir com a produção de
interferir nas declarações do arguido, fazendo comentários prova de todos os factos imputados ao arguido
ou manifestando opiniões, sem prejuízo do disposto no n.º 3 na acusação ou na pronúncia e aos alegados na
do artigo 393.º contestação.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5511

ARTIGO 393.º b) As testemunhas ou os declarantes forem menores


(Quem interroga o arguido)
de 16 anos e houver razões para crer que a sua
1. As perguntas ao arguido e os pedidos de esclareci- audição na presença do arguido pode prejudicá-
mento sobre as declarações por ele prestadas são feitas pelo -los e fazê-los correr riscos de elevada gravidade;
juiz que preside ao julgamento. c)6HYHUL¿FDURFDVRSUHYLVWRQRQžGRDUWLJRž
2. Se o Tribunal for colectivo, cada um dos juízes que que regula a audição do perito chamado a pro-
dele fazem parte pode fazer ao arguido as perguntas neces- nunciar-se sobre o estado psíquico do arguido.
sárias ao apuramento da verdade e aos esclarecimentos a que 2. Salvo na hipótese prevista na alínea c) do número
se refere o n.º 1. anterior, quando o arguido voltar à sala deve, sob pena de
3. O Ministério Público, o advogado do assistente, o nulidade, ser informado pelo juiz do que se passou na sua
defensor e o advogado da parte civil, podem, por esta ordem ausência.
solicitar ao juiz que preside o julgamento que formule ao ARTIGO 397.º
arguido as perguntas e que lhe solicite os esclarecimentos a (Inquirição das testemunhas)
que se referem os números anteriores. 1. Em tudo quanto não se dispuser no presente artigo e
4. Podem, sem prejuízo do disposto nos artigos 401.º e no seguinte, são aplicáveis à prova testemunhal em audiên-
402.º, ser mostradas ao arguido, na altura em que prestar cia de julgamento os preceitos dos artigos 148.º e seguintes
declarações, qualquer pessoa, peça, documento ou objecto que regulam, em geral, aquele meio de prova.
relacionados com o processo. 2. As testemunhas são inquiridas de acordo com a ordem
5. O arguido pode, por sua iniciativa ou aconselhado, pela qual foram indicadas, a menos que haja fundadas razões
recusar-se a responder a qualquer das perguntas que lhe para que o juiz que preside à audiência decida alterá-la.
sejam formuladas, podendo, para o efeito, estabelecer 3. As perguntas às testemunhas sobre a sua identidade
contacto, com brevidade e sem perturbar os trabalhos da HUHODo}HVSHVVRDLVIDPLOLDUHVHSUR¿VVLRQDLVFRPRVLQWHU-
audiência, com o seu defensor, na própria sala de audiên- venientes no processo e sobre o seu interesse na causa são
cias, sem que, por esse facto, possam ser emitidos juízos em feitas pelo juiz que preside à audiência.
seu desfavor. 4. As testemunhas são interrogadas pela parte que as
6. Havendo mais do que um arguido, as declarações indicou e contra-interrogadas pela parte contrária.
prestadas por qualquer deles carecem de valor como meio 5. Quando, no contra-interrogatório, forem levantadas
de prova contra o outro ou outros, nos casos em que este ou questões não abordadas no interrogatório, a parte que indi-
estes se recusaram a responder às perguntas a ele ou a eles cou a testemunha que depôs tem o direito de a reinquirir
formuladas. sobre essas mesmas questões, podendo, em circunstâncias
ARTIGO 394.º
semelhantes, a parte contrária voltar a contra-interrogá-la
(Declarações do assistente e da parte civil) sobre as questões novas levantadas na reinquirição.
Às declarações do assistente e da parte civil são apli- 6. O disposto nos n.os 4 e 5 aplica-se, com as adaptações
cáveis o disposto nos n.os 1 a 4 do artigo anterior, com as devidas, ao defensor do co-arguido.
7. A inquirição das testemunhas com menos de 16 anos
devidas adaptações.
de idade é sempre feita pelo juiz que preside à audiência
ARTIGO 395.º
(Declarações dos peritos)
de julgamento, podendo o Ministério Público, o defensor do
arguido e do co-arguido e os representantes dos assistentes
1. Às declarações dos peritos são aplicáveis o disposto
e partes civis pedir ao juiz que formule à testemunha as per-
nos n.os 1 a 4 do artigo 393.º
guntas que entenderem necessárias.
2. Os peritos podem, com autorização do juiz que preside
8. O juiz pode, no decurso da audiência, fazer às testemu-
ao julgamento, consultar notas, documentos ou elementos nhas as perguntas que reputar necessárias ao esclarecimento
ELEOLRJUi¿FRVDVVLPFRPRVRFRUUHUVHGRVLQVWUXPHQWRVWpF- dos respectivos depoimentos e à justa decisão da causa.
nicos postos à sua disposição.
ARTIGO 398.º
ARTIGO 396.º (Retirada das testemunhas)
(Afastamento do arguido da sala de audiências)
1. As testemunhas só podem retirar-se do Tribunal
1. O juiz que preside o julgamento pode ordenar o afasta- com autorização do juiz que, antes de a conceder, ouve o
mento do arguido da sala de audiências durante a prestação Ministério Público, o defensor do arguido e os representan-
de depoimentos ou declarações do assistente, da parte civil tes dos assistentes e das partes civis.
ou dos peritos, quando: 2. A autorização não é concedida quando seja de pre-
a) Houver razões para crer que a sua presença pode ver que a testemunha possa voltar a ser inquirida ou que a
impedir as testemunhas ou os declarantes de sua presença possa ser necessária ou útil ao apuramento da
serem verdadeiros; verdade.
5512 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. No caso previsto no número anterior, o juiz pode auto- 3. É também permitida a leitura de declarações e
rizar a testemunha a sair da sala de audiências ou até ordenar depoimentos prestados quer perante o juiz quer perante o
a sua saída sempre que entenda que não é conveniente que Ministério Público, sempre que não seja possível fazer
ela assista aos depoimentos de outras testemunhas. comparecer em audiência os declarantes ou depoentes, por
ARTIGO 399.º falecimento, superveniência de doença psíquica ou outro
(Deslocação do Tribunal) motivo atendível e duradouro.
1. O juiz que preside a audiência pode ordenar que o 4. No caso da alínea b) do n.º 2 é ainda permitida a leitura
Tribunal se desloque ao lugar onde tiverem ocorrido factos de declarações e depoimentos prestados perante o Ministério
cuja prova seja essencial à justa decisão da causa. Público e os Órgãos de Polícia Criminal.
2. Para os efeitos do número anterior, compete ao juiz 5. Não é permitida a leitura de depoimento prestado por
que preside a audiência convocar os intervenientes proces- uma testemunha nas fases anteriores ao julgamento, quando
suais cuja presença considere útil ou necessária. ela se recusar a depor em audiência, nos casos e termos per-
ARTIGO 400.º mitidos por lei.
(Valoração das provas) 6. As pessoas, nomeadamente os Órgãos de Polícia
1. Só têm valor probatório, para efeitos de formação da Criminal perante quem foram prestados depoimentos ou
convicção do Tribunal, as provas produzidas ou examinadas tomadas declarações cuja leitura não seja permitida, nos
em audiência. termos do presente artigo, ou que tenham assistido à sua
2. Consideram-se, desde logo, provas produzidas ou exa- prestação ou recolha, não podem depor como testemunhas
minadas em audiência: sobre o conteúdo dos depoimentos prestados ou das decla-
a) Os documentos; rações recolhidas.
b) Os relatórios e autos de exame pericial e declara- 7. Aplica-se à visualização ou audição de actos pro-
ções complementares dos peritos; cessuais o disposto no presente artigo para a leitura dos
c) Os autos de reconhecimento e de reconstituição respectivos autos.
juntos ao processo ou elaborados nas fases de 8. São nulas a leitura, visualização e a audição que, com
instrução preparatória ou contraditória. DUHVSHFWLYDMXVWL¿FDomROHJDOQmRWHQKDPVLGRGRFXPHQWD-
3. Têm o mesmo valor os meios de prova de actos pro- das na acta da audiência.
cessuais cuja leitura, visualização ou audição em audiência ARTIGO 402.º
de julgamento sejam permitidos, nos termos dos artigos (Leitura permitida de declarações do arguido)
seguintes. 1. A pedido do arguido ou com a sua concordância podem
ARTIGO 401.º ser lidas em audiência quaisquer declarações por ele presta-
(Leitura permitida de autos) das nas fases de instrução preparatória ou contraditória.
6ypSHUPLWLGDRXR¿FLRVDPHQWHRUGHQDGDDOHLWXUDGH 2. Fora do caso previsto no número anterior, a leitura em
autos: audiência de declarações do arguido prestadas anteriormente
a) De inquirição ou de declarações à distância, nos só pode ser permitida ou ordenada:
termos do artigo 359.º; a) Quando, tendo sido prestadas perante o juiz, hou-
b) Relativos à prestação antecipada de depoimentos ver divergências entre elas e as prestadas em
ou declarações, nos termos dos artigos 317.º e audiência;
339.º; b) No caso de declarações prestadas pelo arguido
c) De inquirições e declarações no domicílio, nos na sua residência, nos termos do n.º 2 do artigo
termos do artigo 360.º; 381.º
d) De instrução, preparatória e contraditória, que não 3. Aplica-se à visualização e à audição de gravação de
contenham declarações do arguido, do assis- declarações anteriores do arguido o disposto no presente
tente, das partes civis e das testemunhas. artigo para a sua leitura.
2. Fora dos casos referidos no número anterior, é per- 4. São nulas a leitura, visualização e a audição de decla-
mitida a leitura de declarações do assistente, da parte civil rações do arguido, prestadas e gravadas antes da audiência
e de depoimentos das testemunhas prestados perante o juiz, GH MXOJDPHQWR TXH MXQWDPHQWH FRP D GHYLGD MXVWL¿FDomR
quando: OHJDOQmR¿TXHPGRFXPHQWDGDVQDDFWD
a) O Ministério Público, o arguido e o assistente con- ARTIGO 403.º
cordarem com a sua leitura; ou (Exame e perícia sobre o estado psíquico do arguido)
b) Aqueles declarantes ou depoentes declararem em 1. Quando, na audiência, surgirem indícios de que o
audiência que não se recordam de factos sobre arguido é inimputável, o juiz que preside à audiência ordena
os quais já foram ouvidos, na parte e só na parte a comparência de um perito para o examinar e se pronunciar
necessária para estimular a sua memória. sobre o seu estado psíquico.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5513

2. O juiz pode fazer o mesmo, se só for levantada a ques- ARTIGO 406.º


(Último interrogatório do arguido)
tão da imputabilidade diminuída do arguido.
3. Depois de o perito se pronunciar, o juiz, se houver Findas as alegações, o juiz que preside a audiência per-
razões para o fazer, ordena a perícia, podendo requisitá-la gunta ao arguido se tem mais alguma coisa a declarar em sua
a estabelecimento especializado, se o houver e a requisição GHIHVDRXYLQGRRHPWXGRRTXHGLVVHUFRPHVVD¿QDOLGDGH
VHMXVWL¿FDU ARTIGO 407.º
(Alteração substancial dos factos imputados ao arguido)
4. Se o juiz ordenar a perícia, para que ela seja efectuada,
interrompe a audiência ou adia-a, conforme se mostrar 1. O Tribunal não pode tomar em consideração, para
necessário. efeitos de condenação do arguido, qualquer alteração subs-
5. Durante a prestação de declarações, nos termos dos tancial dos factos alegados na acusação ou descritos na
n.os 1 e 2, o juiz ordena o afastamento do arguido da sala, se pronúncia que resulte da produção da prova em julgamento,
tiver razões para crer que a audição do perito na presença sem prejuízo do disposto nos n.os 7 e 8.
do arguido é susceptível de lesar gravemente a integridade $OWHUDomRVXEVWDQFLDOpDGH¿QLGDFRPRWDOQRQžGR
física ou psíquica do deste último. artigo 346.º
ARTIGO 404.º 3. Se o Tribunal entender que da prova produzida na
(Alegações orais) audiência de julgamento resultam indícios da prática pelo
1. Depois de concluída a produção da prova, o juiz arguido de factos novos sem ligação relevante com o crime
que preside a audiência concede a palavra, primeiro, ao que lhe foi imputado na acusação ou na pronúncia e que
Ministério Público e, depois, sucessivamente, aos advo- HVVHV IDFWRV SRGHUmR FRQ¿JXUDU XP FULPH GLYHUVR DXWRQR-
gados dos assistentes e das partes civis e, por último, ao mizável relativamente ao objecto do processo, limita-se
defensor do arguido, para alegarem oralmente, expondo o a comunicá-lo ao Ministério Público, para que ele possa
que entenderem sobre a matéria de facto e de direito que, realizar diligências de instrução preparatória, valendo a
da perspectiva de cada um, resultou da produção da prova comunicação como participação ou denúncia.
produzida. 4. Se a alteração for substancial, mas os factos novos
2. As partes podem, se o desejarem, replicar por uma só indiciados não constituírem um crime autónomo, diverso
vez, sendo o defensor do arguido, sob pena de nulidade, o daquele pelo qual o arguido foi acusado ou pronunciado
~OWLPRDID]rORD¿PGHUHVSRQGHUHPHVySDUDLVVRDRV mas, determinarem, em conjunto com os factos descritos
argumentos da parte contrária que ainda não tenham tido a na acusação ou na pronúncia, uma alteração da respectiva
oportunidade de refutar. TXDOL¿FDomRMXUtGLFDRMXL]RXR7ULEXQDOVHIRUFROHFWLYR
3. As alegações não podem exceder, para cada uma das ordena a suspensão da audiência e concede ao Ministério
partes, mais de uma hora e as réplicas mais de 30 minutos, Público, se o procedimento pelo crime não depender de
salvo autorização, concedida a título excepcional pelo juiz acusação particular, prazo não inferior a 8 nem superior a
que preside a audiência, para que a exposição correspon- 10 dias para reformular a acusação e nela incluir os factos
dente prossiga para além daqueles limites, atenta a natureza QRYRVTXHFRQVLGHUDUVX¿FLHQWHPHQWHLQGLFLDGRV
e a complexidade da causa. 5. Se o Ministério Público, no prazo designado, não
ARTIGO 405.º reformular a acusação, a audiência recomeça e prossegue,
(Suspensão das alegações) com respeito pelo disposto no n.º 1.
1. O juiz que preside a audiência pode, a título excepcio- 6. Se o Ministério Público reformular a acusação, os tra-
nal, autorizar ou ordenar a suspensão das alegações, sempre balhos da audiência de julgamento continuam suspensos,
que, no seu decurso, tomar conhecimento de novos elemen- regendo-se a tramitação processual dos factos novos pelas
tos de prova que considere indispensáveis ao apuramento da normas do processo em vigor correspondentemente aplicá-
verdade. veis, com as alterações das alíneas seguintes:
2. Se a produção da prova superveniente não puder a) O Ministério Público realiza as diligências da
ID]HUVHLPHGLDWDPHQWHRMXL]¿[DRWHPSRQHFHVViULRSDUD instrução preparatória complementares da prova
esse efeito, podendo interromper a audiência ou adiá-la, se indiciária produzida em julgamento que julgar
a interrupção ou o adiamento se revelarem absolutamente necessárias para fundamentar a acusação;
necessários. b) O número de testemunhas relativamente a tais fac-
3. Terminada a produção da prova e reaberta a audiência, tos não pode exceder metade do autorizado pelo
se esse for o caso, o juiz concede às partes mais 30 minutos n.º 5 do artigo 329.º;
para alegarem sobre a matéria de facto e de direito resultante c) No que respeita aos factos novos, só o arguido
da prova superveniente produzida. pode requerer instrução contraditória;
5514 DIÁRIO DA REPÚBLICA

d) Se o juiz, concluída a instrução, rejeitar a acusação 2. Os factos constantes de documentos autênticos ou


pelos factos novos, a audiência recomeça depois autenticados consideram-se provados e sobre eles não
de o processo ser recebido no Tribunal, para há quesitos, a menos que seja levantada a questão da sua
julgamento dos factos imputados ao arguido na falsidade.
anterior acusação ou pronúncia; 3. Os quesitos são lidos e postos a reclamação, podendo
e) Se o juiz receber a acusação pelos factos novos os representantes da acusação, da defesa e das partes civis
ou parte deles, o arguido é pronunciado, em requerer que sejam elaborados outros quesitos ou que os
propostos sejam redigidos ou ordenados de modo diverso.
conjunto, pelos factos novos e pelos que já eram
4. São irrecorríveis as decisões do juiz sobre as recla-
objecto do processo, podendo o arguido refor-
mações a que se refere o número anterior, mas o reclamante
mular, do mesmo modo, a contestação;
SRGHGLVFXWLODVQRUHFXUVRTXHLQWHUSXVHUGDVHQWHQoD¿QDO
f)2GLVSRVWRQDSDUWH¿QDOGDDOtQHDDQWHULRUDSOLFDVH
5. Resolvidas todas as questões suscitadas pela leitura
ao caso de não ter sido requerida instrução con- dos quesitos, o juiz que preside a audiência declara esta
traditória relativamente a qualquer dos factos encerrada e, depois de designar dia e hora para a leitura da
imputados ao arguido; sentença, o Tribunal recolhe-se para deliberar.
g) O Tribunal decide, depois de ouvir o Ministério 6. Salvo o caso de processos de excepcional comple-
Público e os representantes do arguido e do xidade, a sentença deve, sob pena de responsabilidade
assistente, que actos praticados na audiência de disciplinar, ser lida no prazo máximo de 10 dias, a contar da
julgamento anterior não podem ser aproveitados data do encerramento da discussão da causa.
e têm de repetir-se. 7. Sempre que a simplicidade da causa o permitir, pode
7. O Tribunal conhece da reincidência, mesmo que o juiz que preside à audiência interromper esta pelo tempo
não tenha sido alegada na acusação ou referida na pronún- necessário para o Tribunal tomar uma decisão, regressando à
FLDVHPSUHTXHHODHVWHMDGRFXPHQWDGDSHORFHUWL¿FDGRGR sala logo de seguida para proceder à leitura da sentença que
registo criminal ou por certidão de sentença condenatória. tiver sido proferida.
8. No caso previsto no número anterior, o juiz que pre- SUBSECÇÃO IV
sidiu a audiência concede ao arguido oportunidade para se Documentação da Audiência

defender. ARTIGO 410.º


(Acta da audiência)
ARTIGO 408.º
(Alteração não substancial dos factos imputados ao arguido) $DFWDpUHGLJLGDSHORFRPSHWHQWHR¿FLDOGHMXVWLoDGR
1. Se da produção da prova em julgamento resultar uma Tribunal que assiste à audiência.
alteração não substancial dos factos descritos na acusação 2. Da acta devem constar:
ou na pronúncia que, ainda assim, se mostre relevante para a a) O lugar, a data e a hora de abertura e encerramento
justa decisão da causa, o juiz que preside a audiência manda da audiência e das sessões por que se desdobrar,
QRWL¿FDU R DUJXLGR GD DOWHUDomR FRQFHGHQGROKH VH HOH R se for mais do que uma;
requerer, o tempo necessário para preparar a sua defesa. b) O nome do juiz, ou dos juízes, se o Tribunal for
2. Aplica-se o disposto no número anterior sempre que o colectivo, a indicação do juiz que preside à
7ULEXQDOHQWHQGHUDOWHUDUDTXDOL¿FDomRGRVIDFWRVGHVFULWRV audiência, assim como o nome do representante
QDDFXVDomRRXQDSURQ~QFLDVDOYRVHGDQRYDTXDOL¿FDomR do Ministério Público;
resultar a imputação de crime menos gravemente punível. c) $ LGHQWL¿FDomR GR DUJXLGR GR DVVLVWHQWH H GDV
3. O disposto nos números anteriores não determina o partes civis, assim como os nomes do respectivo
adiamento da audiência. advogado ou defensor;
d)$LGHQWL¿FDomRGDVWHVWHPXQKDVGRVSHULWRVHGRV
ARTIGO 409.º
(Quesitos)
intérpretes, se os houver;
e) A indicação das provas produzidas ou discutidas
1. Finda a discussão da causa, o juiz que preside a
em audiência;
audiência elabora, com vista à decisão sobre a matéria de
f) A proibição ou restrição de acesso do público à
facto, quesitos sobre:
audiência, nos termos dos artigos 96.º e 364.º;
a) Os factos constantes da acusação ou da pronúncia; g) Os requerimentos, decisões, protestos verbais e
b) Os factos alegados pela defesa; outros elementos que a lei nela mandar consig-
c) Os factos relevantes que resultem da discussão da nar ou transcrever.
causa que não alterem substancialmente os cons- 3. Se o juiz que presidir a audiência entender que os
tantes da acusação ou da pronúncia; requerimentos e os protestos constituem expedientes dila-
d) O comportamento anterior do arguido e a sua per- tórios, pode decidir que a transcrição se faça depois da
sonalidade. produção da prova.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5515

4. A acta é assinada pelo juiz que presidiu a audiência, 2. Se a decisão tomada sobre as questões a que se refere
Ministério Público, funcionário que a lavrou e pelas partes o número anterior não impedir que se conheça do mérito da
intervenientes. FDXVDFRPSHWHDR7ULEXQDODSXUDUVHVHYHUL¿FDP
5. A acta é lavrada logo a seguir ao encerramento da a) Os elementos constitutivos do crime e se o arguido
audiência, no caso de nela se terem consignado os depoi- o praticou ou nele participou;
mentos e as declarações prestados, ou no mais curto prazo b) Causas de exclusão da ilicitude ou da culpabili-
possível, em caso de transcrição integral de depoimentos e dade;
declarações gravados, de harmonia com o que se dispõe no c) Circunstâncias que desculpem o agente;
artigo seguinte. d) Condições de punibilidade ou de aplicação de
ARTIGO 411.º
medidas de segurança;
(Declarações orais) e) Outros factos ou circunstâncias relevantes para a
1. Não há depoimentos ou declarações escritos, em determinação concreta da pena e da medida de
segurança a aplicar ao arguido;
audiência, sem prejuízo da sua consignação ou transcrição
f) Os pressupostos de que depende a obrigação de
na acta, pela forma e nos casos estabelecidos no presente
indemnizar e a determinação do montante da
artigo.
indemnização.
2. As decisões proferidas oralmente pelo juiz que preside
a audiência são reproduzidas integralmente na acta. ARTIGO 413.º
(Decisão do juiz singular)
3. Antes de interrogar o arguido sobre os factos que lhe
1. Para tomar as decisões a que se refere o número
são imputados, o juiz pergunta ao Ministério Público, ao
DQWHULRURMXL]UHVSRQGHHVSHFL¿FDGDPHQWHDFDGDXPGRV
arguido e aos advogados do arguido, do assistente e da parte
quesitos formulados.
civil se algum deles quer que as declarações sejam consigna-
2. Se, para decidir, se tornar necessário, o juiz pode ela-
das na acta ou nelas transcritas, conforme o caso.
borar quesitos novos, procedendo em relação a eles como se
4. Se o arguido não estiver representado por advogado
estabelece no número anterior.
por ele constituído, deve o juiz preveni-lo, antes de res-
3. O juiz fundamenta as respostas que der com indicação
ponder, das consequências do facto de as declarações e dos
dos meios de prova produzidos ou discutidos em audiência
depoimentos prestados não serem consignados ou transcri-
de julgamento que serviram para formar a sua convicção.
tos na acta.
4. Os quesitos e as respostas são subscritos pelo juiz.
5. Se algum dos intervenientes processuais questionados,
ARTIGO 414.º
QRVWHUPRVGRQžUHVSRQGHUD¿UPDWLYDPHQWHSURFHGHVH (Deliberação do Tribunal colectivo)
em conformidade, consignando-se ou transcrevendo-se as
1. Se o Tribunal for colectivo, todos os juízes que o cons-
declarações ou depoimentos orais na acta, de harmonia com
tituam participam nas deliberações sobre a matéria de facto.
os números seguintes.
2. Preside à discussão e às votações e orienta os trabalhos
6. Quando o Tribunal dispuser de meios técnicos de
respectivos o juiz que presidiu à audiência, o qual exprime
registo diferentes da escrita comum que permitam, nomeada-
a sua opinião em primeiro lugar, seguindo-se os demais, por
mente o registo de som ou de som e imagem, as declarações
ordem decrescente de antiguidade, vencendo as posições
e os depoimentos gravados por intermédio desses meios são que obtiverem a maioria, não podendo nenhum dos juízes
transcritos integralmente na acta. abster-se.
7. Quando o Tribunal apenas dispuser de meios de escrita 3. Aplica-se correspondentemente o disposto nos n.os 2
comum, as declarações e os depoimentos orais prestados são e 3 do artigo anterior.
consignados na acta. 4. Os quesitos e as respectivas respostas são subscritos
8. No caso previsto no número anterior, o juiz que pre- por todos os juízes.
VLGHDDXGLrQFLDGLWDSDUDDDFWDRPDLV¿HOHH[DFWDPHQWH
ARTIGO 415.º
possível, as declarações e os depoimentos prestados oral- (Decisão em matéria de direito)
mente, aplicando-se correspondentemente o disposto no 1. Depois de decidir sobre os factos, nos termos dos arti-
n.º 5 do artigo 112.º, quando for arguida a desconformidade gos anteriores, o Tribunal julga as questões de direito a que
entre o que oralmente foi dito e o que consta na acta. eles derem origem.
SUBSECÇÃO V 2. Se o Tribunal for colectivo, aplicam-se com as devidas
Sentença
adaptações o disposto nos n.os 1 e 2 do artigo anterior.
ARTIGO 412.º ARTIGO 416.º
(Deliberação sobre a matéria de facto) (Sigilo nas votações e decisões)
1. Encerrada a audiência de julgamento, o Tribunal pro- 1. Nenhum juiz pode revelar o que se passar durante as
nuncia-se em primeiro lugar sobre as questões prévias ou discussões, votações e consequentes decisões do Tribunal
incidentais ainda não decididas. colectivo ou manifestar a sua opinião sobre estas últimas,
5516 DIÁRIO DA REPÚBLICA

sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 421.º, que regula 2. Para efeito do disposto no presente Código, considera-
a elaboração e assinatura da sentença. -se condenatória a sentença que tiver decretado dispensa de
2. O disposto no número anterior é extensivo ao funcio- pena.
nário de justiça que tiver assistido às deliberações e decisões 3. As sentenças condenatórias são de cumprimento
do Tribunal ou tomado conhecimento delas. imediato, salvo havendo recurso nos casos de arguido em
3. Aquele que violar o disposto no número anterior liberdade.
incorre em responsabilidade disciplinar e nas penas aplicá- 4. Em caso de recurso da sentença condenatória ou na
veis aos crimes que praticar. previsão dessa hipótese, o Tribunal procede ao reexame
ARTIGO 417.º da situação do arguido, podendo aplicar-lhe medidas de
(Requisitos da sentença) coacção ou alterar as já aplicadas, de acordo com as circuns-
1. A sentença é constituída por relatório, fundamentação WkQFLDVTXHQRPRPHQWRVHYHUL¿FDUHP
e parte dispositiva. ARTIGO 419.º
2. No relatório, procede-se: (Sentença absolutória)

a) ¬ LGHQWL¿FDomR GR DUJXLGR GR DVVLVWHQWH H GDV 1. Na sentença absolutória declaram-se extintas as
partes civis ou, não sendo possível em relação medidas de coacção aplicadas ao arguido e, se ele estiver
ao arguido, às indicações tendentes a obter essa preso preventivamente, ordena-se a sua libertação imediata,
LGHQWL¿FDomR mesmo no caso de ser interposto recurso da sentença.
b) À indicação do crime ou crimes imputados ao 2. É absolutória a sentença quando o crime for cometido
arguido na acusação ou na pronúncia, se houver por inimputável, mas se for decretada medida de segurança
lugar a esta; de internamento, a sentença considera-se condenatória para
c) À indicação dos factos com os quais a parte civil efeito de recurso do arguido e do disposto no n.º 1 do artigo
418.º
fundamenta o pedido de indemnização e o res-
1mRVHDSOLFDDSDUWH¿QDOGRQžVHPSUHTXHRDUJXLGR
pectivo montante; e
tiver de manter-se preso por outro motivo ou no caso de lhe
d) À indicação dos factos alegados na contestação do
ter sido aplicada medida de segurança de internamento.
arguido e das respectivas conclusões.
ARTIGO 420.º
3. Na fundamentação, enunciam-se os factos provados
(Decisão sobre o pedido de indemnização)
e os não provados de harmonia com as respostas dadas aos
1. Na sentença condenatória ou absolutória o Tribunal
quesitos, indicam-se as provas que serviram para formar a
conhece, sem prejuízo do disposto no artigo 89.º, que regula
convicção do Tribunal acompanhadas do respectivo exame
DLQGHPQL]DomRR¿FLRVDHPFDVRGHFRQGHQDomRGRSHGLGR
crítico e expõem-se as razões de facto e de direito que estão
de indemnização civil formulado pelas pessoas lesadas.
na base da decisão.
2. Pode ser condenado o arguido, o responsável mera-
4. Na parte dispositiva, remata-se a sentença, com:
mente civil que tiver intervindo no processo ou ambos,
a) A indicação das disposições legais aplicáveis;
solidariamente, sempre que os pressupostos da responsabili-
b) A decisão condenatória ou absolutória;
dade civil vierem a provar-se e esta seja, consequentemente,
c) A decisão sobre o destino a dar às coisas ou objec-
reconhecida.
tos, apreendidos ou não, relacionados com o
ARTIGO 421.º
crime; (Elaboração e assinatura da sentença)
d) A ordem de remessa de boletins ao registo criminal;
1. A sentença é elaborada e assinada pelo juiz que presi-
e) A condenação em custas, se as houver;
diu à audiência.
f) A data e a assinatura dos juízes que proferiram a
2. Se o Tribunal for colectivo, a sentença é elaborada
sentença. de acordo com as posições que obtiveram a maioria, pelo
ARTIGO 418.º Presidente do Tribunal, salvo se este, em matéria de direito,
(Sentença condenatória)
tiver votado vencido, caso em que a sentença é elaborada
1. Na sentença condenatória, deve proceder-se: pelo juiz mais antigo seguinte.
a) Ao desconto, na pena aplicada e por inteiro, dos 3. No caso do número anterior, a sentença é assinada por
períodos de tempo em que o arguido esteve todos os juízes, podendo aquele que, em matéria de direito,
detido ou privado da sua liberdade por força de votar vencido exprimir o sentido do seu voto e declarar os
medida de coacção que lhe tenha sido aplicada motivos por que assim votou.
ou de pena que não tenha sofrido no estrangeiro; ARTIGO 422.º
b) A indicação, se for possível ou conveniente, do (Leitura da sentença)
início do cumprimento da pena e das razões 1. A sentença é lida em audiência pública pelo juiz que a
da escolha da pena aplicada ou da respectiva elaborou, de acordo com o disposto nos n.os 1 e 2 do artigo
medida. anterior.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5517

2. Pode ser omitido, na leitura, o relatório, mas nunca o 6HKRXYHUUHFXUVRDUHFWL¿FDomRSRGHVHUUHTXHULGDH


elemento dispositivo estabelecido na alínea b) do n.º 4 e os feita até à sua subida ao Tribunal superior e, se o não hou-
fundamentos enumerados no n.º 3, ambos do artigo 417.º ver, a todo o tempo.
3. A leitura da sentença equivale à sua publicação e noti- 4. Depois de o recurso subir, compete ao Tribunal de
¿FDomRDRVVXMHLWRVSURFHVVXDLVSUHVHQWHVRXUHSUHVHQWDGRV 5HFXUVR GHFLGLU VREUH DV UHFWL¿FDo}HV RX DFODUDo}HV GD
ou que como tal devam considerar-se, nos termos da lei, sentença.
salvo no que diz respeito ao arguido que não tenha estado 5. O disposto nos números anteriores vale, do mesmo
presente na audiência de julgamento, nos termos dos arti-
modo, para os despachos judiciais.
gos 379.º n.º 5, 380.º, n.º 1, e 381.º
ARTIGO 426.º
4. A sentença é, no dia em que for lida, depositada, pelo
(Nulidades da sentença)
juiz que presidiu ao julgamento, na secretaria, devendo o
funcionário que a receber passar declaração de depósito, 1. É nula a sentença:
devidamente datada, assinada e autenticada com o carimbo a) Que omitir as menções indicadas no n.º 3 e na alí-
do Tribunal, e entregar cópia aos sujeitos processuais que nea b) do n.º 4, ambos do artigo 417.º;
lha pedirem. b) Que condenar por factos diversos dos alegados
ARTIGO 423.º na acusação e descritos na pronúncia, fora das
(Explicações)
condições e casos previstos no artigo 407.º
1. Se, depois de lida a sentença condenatória, o juiz que 2. As nulidades da sentença são arguidas como funda-
preside o julgamento constatar que o arguido não entendeu
mento de recurso, sendo, neste último, objecto de decisão.
EHPRDOFDQFHGDVHQWHQoDHDVUD]}HVGDPHGLGD¿[DGDj
pena, procede em breves palavras às explicações necessá- TÍTULO III
rias, chamando a atenção do arguido para os efeitos que se Tramitação dos Processos Especiais
esperam da aplicação da pena.
2. Em caso de suspensão da aplicação da pena de pri- CAPÍTULO I
VmR GD DSOLFDomR GH SHQDV GH SULVmR HP ¿QVGHVHPDQD Processo Sumário
de prestação de trabalho a favor da comunidade, de penas
acessórias ou de adiamento da dispensa de pena, previsto ARTIGO 427.º
no n.º 2 do artigo 75.º do Código Penal, as explicações são (Pressupostos)
obrigatórias, devendo o juiz instruir devidamente o arguido 1. São julgadas em processo sumário as pessoas detidas
a respeito das obrigações inerentes e das consequências do HPÀDJUDQWHGHOLWRSRUFULPHSXQtYHOFRPSHQDGHSULVmRQmR
respectivo incumprimento.
superior, no seu limite máximo, a 3 anos, quando a detenção
ARTIGO 424.º
for efectuada por autoridade judiciária ou entidade policial.
(Publicação, na imprensa, da sentença absolutória)
2. Considera-se, igualmente, efectuada por autoridade
1. O Tribunal pode mandar publicar, na imprensa, a
sentença absolutória, se entender que a publicação não é judiciária ou policial a detenção levada a cabo por qualquer
LQFRQYHQLHQWHHVHMXVWL¿FDQRFDVRGHRDUJXLGRDUHTXHUHU outra pessoa, sempre que esta entregar o detido, imediata-
até ao encerramento da audiência de discussão e julgamento. mente, a qualquer das referidas entidades e da entrega se
2. A publicação é feita no jornal escolhido pelo arguido, lavrar o respectivo auto.
sendo as despesas suportadas pelo assistente, se o houver,
ARTIGO 428.º
entrando aquelas em regra de custas. (Disposições aplicáveis)
6HQmRKRXYHUDVVLVWHQWHHVHYHUL¿FDUHPRVSUHVVX-
postos indicados no n.º 1, o Tribunal pode mandar publicar a Ao processo sumário são aplicáveis as disposições do
sentença, desde que o arguido deposite antecipadamente na presente capítulo e, subsidiariamente, as normas que regu-
Secretaria do Tribunal o montante necessário para cobrir a lam o julgamento efectuado em processo comum.
respectiva despesa. ARTIGO 429.º
ARTIGO 425.º (Reenvio para outra forma de processo)
3UHFOXVmRGRSRGHUMXULVGLFLRQDO5HFWL¿FDomRGDVHQWHQoD
O Tribunal ordena a remessa dos autos ao Ministério
1. Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, Público para que sejam processados pela forma legalmente
GHSRLVGHSURIHULGDDVHQWHQoD¿FDHVJRWDGRRSRGHUMXULVGL-
devida, sempre que:
cional do Tribunal relativamente à causa.
a) Concluir que o processo sumário não é, nos termos
eSHUPLWLGRDR7ULEXQDOR¿FLRVDPHQWHRXDUHTXHUL-
da lei, o adequado;
mento, suprir nulidades, nos termos do n.º 5 do artigo 143.º,
UHFWL¿FDUHUURVPDWHULDLVRXRPLVV}HVLQH[DFWLG}HVRXODSVRV b) Os prazos a que se refere o n.º 2 do artigo 432.º não
manifestos, esclarecer dúvidas, obscuridades ou ambiguida- puderem ser respeitados;
des, igualmente manifestas, da sentença e reformá-la quanto c) A causa revelar complexidade incompatível com a
a custas. forma de processo sumário.
5518 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 430.º ARTIGO 433.º


3URYDHQRWL¿FDomR (Audiência de julgamento)

1. A entidade que deteve o arguido ou a quem ele foi 1. A audiência de julgamento deve iniciar-se no dia da
HQWUHJXHQRWL¿FDQRDFWRGDGHWHQomRRXGDHQWUHJDDVWHVWH- apresentação do detido ou, não sendo isso possível, no dia
munhas que presenciaram o crime, em número não superior útil imediato.
a 5, e o ofendido, se o houver e a sua presença for necessária, 2. A audiência pode ser adiada:
para comparecerem na audiência de julgamento. a) Por 5 dias, se o arguido requerer o adiamento para
2. Na mesma ocasião, deve o arguido ser igualmente preparar a sua defesa ou se à audiência faltarem
QRWL¿FDGRGHTXHSRGHDSUHVHQWDUHPMXOJDPHQWRDWpLJXDO testemunhas de acusação ou de defesa de que o
número de testemunhas de defesa. Ministério Público ou o arguido não prescindi-
3. Se as testemunhas de defesa estiverem presentes, são rem;
ORJR QRWL¿FDGDV SDUD VH DSUHVHQWDUHP QR MXOJDPHQWR SHOD b) Por 15 dias, no máximo, por determinação do juiz,
autoridade ou agente da autoridade que deteve o arguido ou R¿FLRVDPHQWHRXDUHTXHULPHQWRSDUDTXHSRV-
a quem este foi entregue. sam realizar-se diligências de prova essenciais à
ARTIGO 431.º descoberta da verdade.
(Apresentação do detido no dia da detenção) 3. Em caso de adiamento, o arguido que não estiver ou
1. Se a detenção ocorrer a horas em que o Tribunal com- QmR¿FDUGHWLGRpLQIRUPDGRHDGYHUWLGRQRVWHUPRVGDVDOt-
petente estiver aberto, o detido é apresentado ao respectivo neas b) e c) do n.º 3 do artigo 431.º
magistrado do Ministério Público, que promove o seu julga- ARTIGO 434.º
(Trâmites da audiência)
mento imediato, se estiverem reunidos os pressupostos do
artigo 427.º 1. O Ministério Público pode promover o julgamento por
2. Se o julgamento não puder realizar-se no mesmo dia, o despacho remissivo para os factos descritos no auto de notí-
magistrado do Ministério Público apresenta o detido ao juiz, cia ou na participação da autoridade ou pessoa que deteve o
arguido ou, ainda, no auto de entrega a que se refere o n.º 2 do
se entender que lhe devem ser aplicadas medidas de coacção
artigo 427.º, podendo, em caso de necessidade, esclarecer
ou de garantia patrimonial.
e completar verbalmente na própria audiência, com trans-
3. Se o julgamento não puder efectuar-se no mesmo dia
crição para a acta, o respectivo teor, sempre que este for
e não for o caso de aplicação das medidas a que se refere o FRQVLGHUDGRREVFXURRXLQVX¿FLHQWH
número anterior, o Ministério Público: 2. O juiz informa o arguido, de forma precisa, os factos
a) Liberta o arguido, depois de o sujeitar a termo de de que vem acusado.
identidade e residência; 3. Se o Ministério Público não estiver presente na audiên-
b) Indica-lhe o dia e a hora a que deve apresentar-se cia, é chamado o magistrado que o substitui.
no Tribunal; 4. A contestação pode ser ditada oralmente para a acta
c) Adverte-o que, se faltar, comete o crime de desobe- e, se for escrita, é lida pelo defensor do arguido, caso ele
diência e incorre na respectiva pena. requeira a leitura.
5. Finda a produção da prova é concedida a palavra,
4. Se, no caso do n.º 2, o arguido for libertado, as indi-
por 30 minutos e por uma só vez, ao Ministério Público,
cações e a advertência a que se referem as alíneas b) e c) do
ao assistente e ao defensor do arguido para dizerem o que
número anterior são feitas pelo juiz.
entenderem por conveniente a favor, respectivamente, da
ARTIGO 432.º acusação e da defesa.
(Apresentação do detido no dia seguinte)
$VHQWHQoDSRGHVHUVLPSOL¿FDGDSURIHULGDRUDOPHQWH
1. Se a detenção ocorrer à hora em que o Tribunal não e ditada para a acta.
estiver aberto ou se, por outro motivo razoável, a apresenta- ARTIGO 435.º
ção não puder fazer-se no dia da detenção, o arguido só não (Recurso)
é libertado se houver razões para crer que ele não se apresen- 1RSURFHVVRVXPiULRVyKiUHFXUVRGDVHQWHQoD¿QDO
tará espontaneamente perante o magistrado do Ministério 2. Dos despachos pode reclamar-se em acta, mas a recla-
Público do Tribunal competente. mação só é apreciada no julgamento do recurso que vier a
2. Não podendo a apresentação fazer-se no dia da ser interposto, nos termos do número anterior.
detenção, o arguido que se mantiver detido é apresentado ARTIGO 436.º
impreterivelmente no dia seguinte. (Assistente e parte civil)
3. O detido só é libertado depois de prestar termo de 1. Em processo sumário, quem para tanto tiver legitimi-
LGHQWLGDGHHUHVLGrQFLDHGHVHUQRWL¿FDGRSDUDVHDSUHVHQ- dade pode requerer, até ao início da audiência de julgamento,
tar ao magistrado do Ministério Público junto do Tribunal ainda que verbalmente, a sua constituição como assistente.
competente para o julgar, com as indicações e a advertência 2. Não é, no processo sumário, permitida a constituição
a que se referem as alíneas b) e c) do n.º 3 do artigo anterior. de parte civil.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5519

CAPÍTULO II GDWDHPTXHIRLQRWL¿FDGRSRGHQGRDLQGDDSUHVHQWiODVQD
Processo de Contravenções audiência de julgamento.
ARTIGO 437.º 5. Se o arguido indicar as testemunhas no acto da noti-
(Âmbito e regime) ¿FDomR R R¿FLDO GH MXVWLoD QRWL¿FDDV SDUD FRPSDUHFHUHP
1. São julgados em processo de contravenções os agentes na audiência de julgamento, sem necessidade de despacho.
GHLQIUDFo}HVFRQWUDYHQFLRQDLVWDOFRPRGH¿QLGDVQDOHJLV- 6. No processo de contravenções, as testemunhas não
lação penal e puníveis somente com pena de multa. podem ser ouvidas por carta ou mandado.
2. Aplicam-se ao processo de contravenções os precei- ARTIGO 441.º
tos do presente capítulo e, subsidiariamente, as disposições (Julgamento)
compatíveis que regulam a forma de processo comum. 1. Se o juiz concluir que a acusação tem fundamento
ARTIGO 438.º bastante, designa, imediatamente, dia para a audiência de
(Competência para a instrução preparatória) julgamento.
1. Salvo o caso previsto no número seguinte, no processo 2. O arguido não é obrigado a comparecer à audiência
de contravenções, a instrução preparatória é da competência de julgamento, salvo se o juiz entender que a sua presença é
das autoridades policiais ou outros Órgãos da Administração indispensável ao esclarecimento da verdade.
Pública, nos termos da lei.
2DUJXLGRpQRWL¿FDGRFRPXPDDQWHFHGrQFLDGHSHOR
2. Em todos os casos de concurso de crime e de contra-
menos, 10 dias, a contar do dia designado para o julgamento.
venção penal, a instrução a que se refere o número anterior
compete à autoridade encarregada da instrução criminal, 1RDFWRGHQRWL¿FDomRGHYHRDUJXLGRVHULQIRUPDGR
cabendo, do mesmo modo, ao juiz competente para conhecer quando esse for o caso, que a sua presença na audiência de
do crime, conhecer, no mesmo processo, das contravenções julgamento é obrigatória.
que com ele concorrerem. 5. Não sendo obrigatória a sua presença e não compa-
3. As testemunhas ouvidas na instrução preparatória não recendo o arguido à audiência, este é representado pelo seu
prestam juramento. defensor, constituído ou nomeado.
4. O arguido pode fazer-se acompanhar em todos os 6. Na falta de advogado constituído, defensor público
actos em que participar pelo advogado por si constituído. ou advogado estagiário disponíveis, pode o juiz nomear ao
ARTIGO 439.º DUJXLGRR¿FLRVDPHQWHRXSRULQGLFDomRGHVWHSHVVRDTXH
(Acusação)
repute idónea para o defender.
1. Concluída a instrução preparatória, a entidade instru-
ARTIGO 442.º
tora elabora uma súmula dos factos que imputa ao arguido (Sentença)
e remete o processo ao Ministério Público junto do Tribunal
É aplicável à sentença o disposto no n.º 6 do artigo 434.º
competente.
ARTIGO 443.º
2. Se o Ministério Público entender que é necessário (Recurso)
realizar diligências complementares de prova, devolve o
 6y Ki UHFXUVR GD VHQWHQoD ¿QDO H GR GHVSDFKR TXH
processo à entidade instrutora, para o efeito.
3. Se o Ministério Público entender que o processo está recebendo a acusação, não designar dia para julgamento.
VX¿FLHQWHPHQWHLQVWUXtGRDSUHVHQWDRDRMXL] 2. É aplicável ao recurso o disposto no n.º 2 do artigo 435.º
4. O acto de apresentação do processo ao juiz equivale, que regula as reclamações feitas em processo sumário.
sem prejuízo do disposto no número seguinte, ao exercício ARTIGO 444.º
(Pagamento voluntário)
da acção penal.
5. O Ministério Público não é obrigado a aceitar a súmula 1. O arguido pode, até ao início da audiência de
dos factos imputados ao arguido, podendo alterá-la no acto julgamento, requerer o pagamento voluntário da multa cor-
de apresentação do processo, desde que o faça por escrito. UHVSRQGHQWHjFRQWUDYHQomRHS{U¿PDRSURFHVVR
ARTIGO 440.º 2. No caso do número anterior, quer a multa aplicável,
(Testemunhas) quer a taxa de justiça devida, são liquidados pelo mínimo.
1. O número de testemunhas de acusação não pode exce-
CAPÍTULO III
der a 3 por cada contravenção. Processo Abreviado
2. As testemunhas de acusação são indicadas pela enti-
dade instrutora do processo ou, na sua falta, pelo Ministério ARTIGO 445.º
(Pressupostos)
Público.
3. O número de testemunhas de defesa não pode exceder 1. A forma de processo abreviado pode ser usada, sem-
o número das que a acusação pode produzir. pre que:
4. O arguido pode indicar as suas testemunhas de defesa a) O crime seja punível com pena de multa ou com
QRDFWRGHQRWL¿FDomRGRGHVSDFKRTXHGHVLJQDGLDSDUDD pena de prisão não superior, no seu limite
audiência de julgamento ou no prazo de 3 dias a contar da máximo, a 5 anos;
5520 DIÁRIO DA REPÚBLICA

b) A existência do crime e a determinação de quem o 6. No caso previsto no número anterior, os autos são
cometeu sejam de fácil comprovação; remetidos ao Ministério Público para prosseguir os seus ter-
c) A acusação seja deduzida no prazo de 45 dias a mos na forma legalmente devida.
contar da data em que o crime tenha sido conhe- 7. O despacho do juiz que, em processo abreviado, rejei-
cido. tar a acusação é irrecorrível.
2. Considera-se, para o efeito disposto no número ante- ARTIGO 448.º
(Designação de dia para julgamento)
rior, que a existência do crime e a determinação de quem o
cometeu são de fácil comprovação, quando: 1. Recebido o processo no Tribunal competente para
a)2DJHQWHIRUGHWLGRHPÀDJUDQWHGHOLWRHQmRIRU julgar o arguido em processo abreviado, o juiz, depois de
aplicável ou não puder ser aplicado o processo cumprir o disposto no artigo 356.º que regula o saneamento
do processo, designa, imediatamente, dia para a audiência
sumário nos termos do artigo 434.º;
de julgamento.
b) A prova for, no essencial, constituída por docu-
2. A audiência de julgamento não deve ser marcada
mentos e puder ser produzida dentro do prazo
para além do prazo de 45 dias, a contar do recebimento do
para deduzir a acusação previsto na alínea c) do
processo.
n.º 1;
ARTIGO 449.º
c) O arguido confessar o crime e não se levantarem (Trâmites da audiência de julgamento)
dúvidas sérias sobre a veracidade dos factos 1. As alegações orais do Ministério Público, do assis-
confessados; tente, das partes civis e do defensor do arguido não podem
d) A prova do crime for, por qualquer outra razão, exceder 30 minutos para cada um deles.
indiciariamente segura. 2. O período de tempo a que se refere o número anterior
ARTIGO 446.º SRGHVHUGLODWDGRSHORMXL]R¿FLRVDPHQWHRXDUHTXHULPHQWR
(Instrução preparatória) em função da complexidade da causa.
No processo abreviado, é dispensada a instrução prepa-  $ VHQWHQoD p SURIHULGD YHUEDOPHQWH QR ¿P GD
ratória ou esta é reduzida a diligências sumárias e céleres de audiência e ditada para a acta, podendo ser proferida
investigação ordenadas pelo Ministério Público, devendo, posteriormente e por escrito, em casos excepcionais e devi-
no entanto, o arguido, sempre que possível, ser ouvido em GDPHQWHMXVWL¿FDGRV
interrogatório. 1RFDVRSUHYLVWRQDSDUWH¿QDOGRQ~PHURDQWHULRUR
juiz designa, para um dos cinco dias seguintes, audiência
ARTIGO 447.º
(Acusação) para leitura da sentença.
5. No mais, aplicam-se subsidiariamente ao julgamento
1. A acusação do Ministério Público deve conter os ele-
em processo abreviado as disposições relativas ao julga-
PHQWRVGHVFULWRVQRQžGRDUWLJRžPDVDLGHQWL¿FDomR
mento em processo comum.
do arguido e a narração dos factos ou da parte deles pode
ARTIGO 450.º
fazer-se por remissão para o auto de notícia ou para a denún-
(Recurso)
cia, conforme for o caso.
1. Em processo abreviado, só há recurso da sentença ou
2. Se o procedimento criminal depender de acusação
de despacho que puser termo ao processo.
particular, o Ministério Público só pode acusar em pro-
2. Dos restantes despachos, as partes podem reclamar,
cesso abreviado depois de o assistente o fazer, nos termos
mas as reclamações só são conhecidas no recurso que inter-
do artigo 331.º
puserem nos termos do número anterior.
3. São correspondentemente aplicáveis à acusação as
disposições do artigo 325.º que regula o arquivamento do CAPÍTULO IV
processo em caso de dispensa da pena, e dos artigos 326.º e Processos Julgados em Primeira Instância
327.º que regulam a suspensão provisória do processo. pelo Tribunal Supremo
4. No processo abreviado não há lugar a instrução con- SECÇÃO I
traditória, devendo a acusação ser presente ao juiz, o qual, Crimes
se não a rejeitar, nos termos dos n.os 2 e 3 do artigo 355.º ARTIGO 451.º
ou de acordo com o disposto no número seguinte, remete (Disposições aplicáveis)
o processo sem demora ao Tribunal competente para o 1.Os processos que tenham por objecto crimes cometi-
julgamento. dos por pessoas cuja competência para julgar, em primeira
5. O juiz pode ainda rejeitar a acusação se entender que instância, é do Tribunal Supremo, são regulados pelas dis-
QmR VH YHUL¿FDP RV SUHVVXSRVWRV GR SURFHVVR DEUHYLDGR posições do presente capítulo e subsidiariamente pelas
estabelecidos no artigo 445.º disposições do processo comum.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5521

2. O disposto no número anterior aplica-se, com as devi- 2. Aplicam-se, com as devidas adaptações, os preceitos
das adaptações, aos processos cuja competência para julgar, constantes do Capítulo III do Título II da Parte II do pre-
em primeira instância, é do Tribunal da Relação. sente Código que regulam o julgamento em 1.ª instância nos
ARTIGO 452.º Tribunais de Comarca.
(Participação criminal e instrução preparatória) 3. Da sentença cabe recurso para o Plenário do Tribunal
1. A participação criminal é dirigida ao Procurador Geral Supremo.
da República, acompanhada dos documentos de prova dis- SECÇÃO II
Contravenções Penais
poníveis pelo participante.
2. A instrução preparatória compete à Procuradoria ARTIGO 458.º
Geral da República e é dirigida pelo Procurador Geral da (Disposições aplicáveis)

República, pelo Vice-Procurador Geral da República ou 1. Se a infracção cometida por pessoa que deva ser jul-
pelo Procurador Geral-Adjunto da República que aquele gada, em 1.ª instância, pelo Tribunal Supremo for uma
magistrado designar. contravenção penal, aplicam-se ao seu julgamento as dis-
ARTIGO 453.º
posições que regulam o processo especial de contravenções,
(Acusação) com as alterações dos números seguintes.
1. Finda a instrução preparatória, o Procurador Geral da 2. Os actos processuais atribuídos ao Ministério Público
são praticados pelo Procurador Geral da República, Vice-
República ou o órgão da Procuradoria Geral da República
-Procurador Geral da República ou Procurador Geral-Adjunto
designado nos termos do artigo anterior, deduz acusação de
da República que aquele designar.
harmonia com o disposto no artigo 328.º
3. O Tribunal é singular e o julgamento é realizado pelo
3DUDRPHVPR¿PpQRWL¿FDGRRDVVLVWHQWH
Juiz da Câmara ou Secção Criminal competente do Tribunal
ARTIGO 454.º
Supremo a quem couber por distribuição.
(Juiz da pronúncia)
4. O recurso é interposto para a Câmara ou Secção
1. Para dirigir a instrução contraditória, receber a acusa- Criminal.
ção e pronunciar ou não o arguido, o Presidente do Tribunal 5. O juiz que julgar a contravenção em 1.ª instância não
Supremo designa por sorteio um dos juízes da respectiva intervém no julgamento de recurso.
Câmara ou Secção Criminal.
2. O juiz designado que praticar no processo qualquer PARTE III
acto próprio das funções de juiz instrutor não pode intervir Recursos
na fase de julgamento.
TÍTULO I
ARTIGO 455.º Recurso Ordinário
(Distribuição)

Pronunciado o arguido ou recebida a acusação, o CAPÍTULO I


processo é distribuído na Câmara ou Secção Criminal com- Disposições Preliminares
petente do Tribunal Supremo, assumindo o juiz a quem ele ARTIGO 459.º
couber a respectiva direcção e disciplina e os dois seguintes (Conceito de recurso ordinário)
a posição de membros do colectivo encarregado de julgar a São ordinários os recursos interpostos para os Tribunais
causa, ainda que o crime não seja punível, em abstracto, com da Relação e para o Tribunal Supremo de decisões não tran-
pena de prisão superior a 5 anos. sitadas em julgado.
ARTIGO 456.º ARTIGO 460.º
(Suspensão de funções e medidas de coacção) (Objecto do recurso)

1. Se o arguido for pronunciado por despacho transitado É permitido recorrer de todas as decisões judiciais que
em julgado ou, não tendo havido instrução contraditória, a não forem excluídas por lei.
acusação for recebida, o juiz desencadeia o procedimento de ARTIGO 461.º
suspensão do arguido das suas funções. (Decisões que não admitem recurso)
2. Após o arguido suspenso das suas funções, o juiz pode Não há recurso:
aplicar as medidas de coacção. a) Dos despachos de mero expediente;
ARTIGO 457.º b) Das decisões de polícia de audiência;
(Vistos, marcação de julgamento e recursos) c) Das decisões que ordenem actos discricionários;
1. Colhidos, por 5 dias, os vistos de cada um dos juízes d) Do despacho que designar dia para audiência em
adjuntos, o juiz a quem o processo foi distribuído designa instrução contraditória ou dia para julgamento;
dia para julgamento. e) Nos demais casos prescritos na lei.
5522 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 462.º e) À questão da culpabilidade;


(Recursos em matéria de indemnização civil)
f) À questão da determinação da sanção e, dentro
Mesmo que a decisão seja irrecorrível em matéria penal, desta, tanto à da determinação da pena como à
pode sempre interpor-se recurso da parte da sentença rela- da medida segurança.
tiva à indemnização civil, na medida em que a lei processual 3. O preceituado na alínea d) do número anterior não pre-
civil o permitir. judica o disposto no artigo 464.º
ARTIGO 463.º 4. A limitação a que se refere o presente artigo não
(Legitimidade e obrigatoriedade para recorrer)
impede que, relativamente a toda a decisão, se retirem as
1. Podem interpor recurso: consequências que decorrem da lei.
a) O Ministério Público de quaisquer decisões, ainda ARTIGO 466.º
que o recurso seja interposto no exclusivo inte- (Recurso subordinado)
resse do arguido; 1. Quando for interposto recurso por uma das partes
b) O arguido, o assistente e a parte civil das decisões civis, a parte contrária pode, no prazo de 20 dias a contar da
contra eles proferidos; QRWL¿FDomRGRGHVSDFKRGRMXL]TXHDGPLWLXRUHFXUVRSULQ-
c) Os participantes processuais a quem seja imposta cipal, interpor recurso subordinado.
uma sanção ou que sejam condenados a pagar 2. Quando a parte que o interpôs desistir do recurso prin-
quaisquer importâncias e, em geral, as pessoas cipal ou o Tribunal não tomar conhecimento dele ou esse
lesadas nos seus direitos por decisões judiciais UHFXUVR ¿FDU VHP HIHLWR R UHFXUVR VXERUGLQDGR ¿FD HP
proferidas no processo. qualquer desses casos, sem efeito também.
2. É obrigatório o recurso, para o Ministério Público, das ARTIGO 467.º
decisões dos Tribunais de 1ª instância ou de outros Tribunais (Reclamação contra o despacho de não admissão do recurso)
actuando como tal, nos casos dos artigos 40.º, n.º 2, e 513.º, Do despacho que não admitir o recurso pode o recor-
n.º 1. rente reclamar por escrito para o Presidente do Tribunal para
3. Não pode interpor recurso quem não tiver interesse o qual foi interposto.
de agir. ARTIGO 468.º
ARTIGO 464.º (Tramitação da reclamação)
(Âmbito do recurso)
1. A reclamação é apresentada na Secretaria do Tribunal
1. Sem prejuízo da faculdade de o limitar, nos termos do recorrido no prazo de 8 dias a contar daquele em que o recla-
artigo seguinte, o recurso abrange todo o conteúdo da deci- PDQWHWLYHUVLGRQRWL¿FDGRGRGHVSDFKRTXHQmRDGPLWLXR
são recorrida. recurso.
2. Ressalvado o caso de ser fundado em motivos estrita- 2. No requerimento, o recorrente deve expor as razões
mente pessoais, o recurso interposto: TXHMXVWL¿FDPDDGPLVVmRGRUHFXUVRHLQGLFDURVHOHPHQWRV
a) Por um dos comparticipantes no crime, aproveita do processo de que precisa para instruir a reclamação.
aos restantes; 3. O juiz que não admitiu o recurso pode sustentar a deci-
b) Pelo arguido, em caso de unidade criminosa, apro- são que tomou antes de fazer subir a reclamação.
veita ao responsável civil; 4. A reclamação deve ser instruída e enviada ao Presidente
c) Pelo responsável civil, aproveita para todos os do Tribunal de recurso, no prazo de 8 dias.
efeitos ao arguido. 5. O disposto nos números anteriores aplica-se, com as
3. O recurso interposto contra um dos arguidos não pre- devidas adaptações, à reclamação fundada na retenção dos
judica, em caso de comparticipação, os restantes arguidos. recursos com subida diferida, contando-se, em tal caso, o
ARTIGO 465.º prazo para reclamar a partir da data em que o recorrente tiver
(Recurso limitado) conhecimento da retenção.
1. O recorrente pode limitar o recurso a uma parte da $GHFLVmRGR3UHVLGHQWHGR7ULEXQDOGHUHFXUVRpGH¿-
decisão, desde que essa parte seja susceptível de ser apre- QLWLYDVHFRQ¿UPDURGHVSDFKRGHQmRDGPLVVmRGRUHFXUVR
ciada e decidida autonomamente. ou a sua retenção, mas não vincula esse Tribunal, no caso de
2. Para efeitos do disposto no número anterior, pode atender a reclamação.
ser apreciada e decidida autonomamente a parte da decisão ARTIGO 469.º
respeitante: (Subida do recurso nos autos ou em separado)
a) À matéria penal; 1. Sobem nos próprios autos os recursos interpostos das
b) À matéria civil; decisões que puserem termo ao processo e os recursos que
c) A cada um dos crimes, em caso de concurso; com eles devam subir.
d) A cada um dos arguidos, em caso de compartici- 2. Sobem em separado os recursos não compreendidos
pação; no número anterior que devam subir imediatamente.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5523

ARTIGO 470.º ARTIGO 472.º


(Subida imediata e subida diferida) (Recursos com efeito devolutivo)
1. Sobem imediatamente os recursos interpostos: Os recursos não compreendidos no artigo anterior têm
a) Das decisões que ponham termo à causa; efeito meramente devolutivo, podendo a decisão recorrida
b) Das decisões posteriores às referidas na alínea ser imediatamente executada.
anterior; ARTIGO 473.º
c) Das decisões que apliquem medidas de coacção (Proibição da «reformatio in pejus»)
ou de garantia patrimonial nos termos deste
1. Quando o recurso de uma decisão condenatória for
Código;
interposto no exclusivo interesse da defesa, quer o seja pelo
d) Das decisões que condenem alguém, nos termos
arguido, pelo Ministério Público ou por ambos, o Tribunal
deste Código, a pagar qualquer quantia;
superior não pode, em prejuízo de qualquer arguido, ainda
e) Do despacho em que o juiz não reconheça o impe-
dimento contra ele deduzido; que não recorrente:
f) Do despacho que recusar ao Ministério Público a) Aplicar pena ou medida de segurança que possa
legitimidade para prossecução do processo; considerar-se mais grave do que aquela que foi
g) Do despacho que não admitir a constituição de aplicada pela decisão recorrida;
assistente ou a intervenção da parte civil; b) Revogar o benefício da suspensão da execução da
h) Do despacho que indeferir o requerimento para pena ou o da sua substituição por outra menos
abertura de instrução contraditória; grave;
i) Do despacho que pronunciar o arguido por factos c) Aplicar qualquer pena acessória não aplicada na
de que não foi acusado referidos no n.º 2 do decisão recorrida;
artigo 346.º d) 0RGL¿FDU GH TXDOTXHU RXWUR PRGR D SHQD RX D
2. Sobem ainda imediatamente os recursos cuja retenção
medida de segurança aplicadas em prejuízo do
os tornaria absolutamente inúteis.
ou dos arguidos.
3. Os recursos que não devam subir imediatamente
sobem e são instruídos e julgados com o recurso que vier a 2. A proibição estabelecida neste artigo não se aplica
ser interposto da decisão que puser termo à causa. TXDQGRR7ULEXQDOVXSHULRUTXDOL¿FDUGLYHUVDPHQWHRVIDF-
WRVTXHUDTXDOL¿FDomRGLJDUHVSHLWRjLQFULPLQDomRTXHUjV
ARTIGO 471.º
(Recursos com efeito suspensivo) FLUFXQVWkQFLDVPRGL¿FDWLYDVGDSHQD
3. Na hipótese prevista no número anterior, o Tribunal
1. Suspendem o processo:
GHYH DQWHV GH GHFLGLU QRWL¿FDU R DUJXLGR R 0LQLVWpULR
a)2VUHFXUVRVLQWHUSRVWRVGDVGHFLV}HV¿QDLVFRQGH-
Público e o assistente para, no prazo de 8 dias, se pronuncia-
natórias, sem prejuízo do disposto nos preceitos
UHPTXHUHQGRVREUHDTXHVWmRGDQRYDTXDOL¿FDomRMXUtGLFD
do presente Código que regulam a extinção das
suscitada no recurso.
medidas de coacção pessoal;
ARTIGO 474.º
b) Os recursos do despacho de pronúncia, nos termos (Desistência do recurso)
do n.º 1 do artigo 354.º
Qualquer recorrente pode, sem prejuízo do disposto no
2. Suspendem apenas os efeitos da decisão recorrida:
número seguinte, desistir do recurso que interpôs, desde que
a) Os recursos interpostos das decisões que con-
o faça até ao momento que o processo é concluso ao relator
denarem alguém ao pagamento de quaisquer
para exame preliminar, nos termos do artigo 483.º
quantias, nos termos do presente Código, sem-
pre que o recorrente proceder ao depósito do CAPÍTULO II
respectivo valor; Tramitação Uniforme do Recurso
b) Os recursos do despacho que julgar quebrada a ARTIGO 475.º
caução; (Interposição e prazos)
c) Os recursos do despacho que ordenar a execução 1. O recurso é, sem prejuízo do disposto no número
da prisão, em caso de não cumprimento de pena seguinte, interposto por requerimento escrito dirigido
não privativa de liberdade que a tiver substi- ao Tribunal que tomou a decisão que o recorrente quer
tuído; impugnar.
d) Os recursos do despacho que considerar sem 2. O recurso pode ser interposto oralmente por simples
efeito, por falta de pagamento de taxa de justiça, declaração na acta, sempre que:
RUHFXUVRGDGHFLVmR¿QDOFRQGHQDWyULD a) A decisão é proferida em audiência;
3. Os recursos previstos no n.º 2 do artigo anterior sus- b) Se tratar de decisão oral consignada em acta.
pendem o processo ou apenas a decisão recorrida conforme, 3. O prazo de interposição é de 20 dias e conta-se da data
UHVSHFWLYDPHQWHGHOHVGHSHQGHURXQmRDYDOLGDGHRXDH¿- HPTXHRLQWHUHVVDGRGHYHUFRQVLGHUDUVHQRWL¿FDGRGDGHFL-
cácia dos actos subsequentes. são objecto do recurso.
5524 DIÁRIO DA REPÚBLICA

4. Se a decisão tiver sido proferida oralmente e consig- ARTIGO 477.º


(Falta de fundamentação)
nada em acta, o prazo conta-se da data em que foi proferida,
se o interessado estiver presente ou como tal dever ser A falta de fundamentação determina que o recurso não
considerado. seja admitido.
5. O requerimento de interposição é obrigatoriamente ARTIGO 478.º
(Recursos retidos)
fundamentado ou motivado, mas, se o recurso tiver sido
interposto por declaração oral, as alegações com a funda- 1. Havendo recursos retidos, o recorrente deve indicar,
mentação ou motivação podem ser apresentadas no prazo na peça em que fundamentar o recurso, em qual ou quais
de 20 dias a contar da data em que foi proferida a decisão. deles continua a ter interesse.
2. Na falta de indicação, entende-se que o recorrente
ARTIGO 476.º
(Fundamentação do recurso) desiste dos recursos retidos.
1. A fundamentação consiste na: ARTIGO 479.º
(Admissão ou rejeição do recurso)
a)([SRVLomRGDVUD]}HVRXPRWLYRVTXHMXVWL¿FDPD
1. Interposto recurso, o processo é concluso ao juiz para
impugnação;
o admitir ou rejeitar, salvo sendo interposto oralmente, nos
b) Síntese, sob a forma de conclusões, das razões ou
termos do n.º 2 do artigo 475.º, caso em que o requerimento
motivos alegados;
de interposição é apreciado antes de terminada a audiên-
c) Formulação do pedido. cia ou a diligência judicial em que a decisão impugnada foi
2. Sempre que a lei não limite o poder de cognição do proferida.
Tribunal superior, o recurso pode ter como fundamento 2. Na hipótese a que se refere o número anterior, a admis-
todas as questões de que, na decisão impugnada, o Tribunal são ou rejeição do recurso é consignada na respectiva acta.
recorrido pudesse conhecer. 6HRMXL]DGPLWLURUHFXUVR¿[DOKHRHIHLWRHRUHJLPH
3. Mesmo nos casos em que a lei limite o poder de cogni- de subida.
ção do Tribunal superior à matéria de direito, o recurso pode  $ GHFLVmR TXH DGPLWLU R UHFXUVR ¿[DU R HIHLWR H R
ter como fundamento: regime de subida não vincula o Tribunal superior compe-
a)$LQVX¿FLrQFLDGDPDWpULDGHIDFWRSURYDGD tente para o julgar.
b) A contradição insanável entre os fundamentos 5. O juiz só pode rejeitar o recurso, se este for interposto
alegados; fora de prazo, a decisão impugnada for irrecorrível, o recor-
c) A contradição insanável entre a fundamentação e a rente não tiver legitimidade ou quando o recurso não estiver
decisão recorrida; fundamentado.
d) O erro notório na apreciação da prova; 6. Do despacho que não admitir o recurso pode o recor-
e) A inobservância de requisitos, cominada com nuli- rente reclamar, nos termos dos artigos 467.º e 468.º
dade que não possa ser sanada nem suprida. ARTIGO 480.º
(Termos subsequentes à admissão do recurso)
4. Para que o Tribunal de recurso possa conhecer dos
vícios a que se refere o número anterior, é necessário que os 1. Admitido o recurso, o requerimento de interposição
mesmos decorram do texto da decisão recorrida, por si só ou ou a fundamentação, nos casos de interposição oral em acta,
em conjugação com as regras da experiência comum. p QRWL¿FDGR DRV UHVWDQWHV VXMHLWRV SURFHVVXDLV DIHFWDGRV
pelo recurso, a quem são entregues as respectivas cópias,
5. Na impugnação da matéria de facto, o recorrente deve
podendo eles responder no prazo de 20 dias, a partir da data
HVSHFL¿FDUFRQFUHWDPHQWH
GDQRWL¿FDomR
a) Os factos que considerar incorrectamente julgados;
 $V UHVSRVWDV VmR GR PHVPR PRGR QRWL¿FDGDV DRV
b) As provas que determinem decisão diferente da
recorrentes e aos sujeitos processuais a quem possam
que foi proferida;
interessar.
c) As provas que devam ser renovadas e sua motiva-
ARTIGO 481.º
ção. (Despacho de sustentação)
6. Na impugnação da matéria de direito, o recorrente 1. O juiz pode, antes de ordenar a remessa do processo ao
deve indicar: Tribunal superior, sustentar ou reparar a decisão recorrida.
a) As normas jurídicas violadas; 2. O disposto no número anterior não se aplica à sentença
b) O sentido em que o Tribunal recorrido as interpre- RXDFyUGmR¿QDO
tou ou aplicou e o sentido em que deviam ter ARTIGO 482.º
sido interpretadas ou aplicadas; (Subida do processo e vista ao Ministério Público)
c) As normas jurídicas que deveriam ser aplicadas 1. Remetido o processo à Câmara ou Secção Criminal
em caso de erro na determinação das normas do Tribunal superior e aí recebido, autuado e distribuído,
aplicáveis. vai logo com vista ao Ministério Público podendo este, no
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5525

prazo de 8 dias, pronunciar-se sobre a sua admissibilidade 2. A vista é simultânea, se o Tribunal, para tanto, dispu-
e o objecto do recurso, salvo no caso de se tratar de acção ser de meios técnicos e a natureza do processo o permitir.
cível conexa com a criminal restrita à indemnização e de não ARTIGO 486.º
lhe caber a representação de qualquer das partes. (Conferência)
2. Se o Ministério Público, na vista, levantar alguma 1. São decididas em conferência as questões levantadas
questão que agrave a posição processual do arguido, deve no exame preliminar pelo relator que o possam ou devam
HVWH VHU QRWL¿FDGR SDUD FRQWUDGL]HU TXHUHQGR D TXHVWmR ser.
levantada no prazo a que se refere o número anterior. 2. O recurso é obrigatoriamente julgado em conferência
ARTIGO 483.º quando:
(Exame preliminar) a) Dever ser rejeitado;
1. Colhido o visto do Ministério Público, o processo é b) Existir causa extintiva do processo;
concluso ao relator para exame preliminar. c)$GHFLVmRUHFRUULGDQmRFRQVWLWXLUGHFLVmR¿QDO
2. No exame preliminar, o relator aprecia, mediante des- d) A questão for exclusivamente de direito e, no
pacho, todas as questões que obstarem ao conhecimento do requerimento de interposição, o recorrente soli-
mérito do recurso, se deve ou não manter-se o efeito que lhe citar que o julgamento seja feito em conferência
foi atribuído, se deve haver lugar à renovação da prova e, em e os sujeitos afectados pela interposição do
FDVRD¿UPDWLYRTXHSHVVRDVGHYHPSDUDHODVHUFRQYRFDGDV recurso não se opuserem.
3. Se a fundamentação do recurso não tiver conclusões 3. A conferência é presidida pelo Presidente da Câmara
ou estas forem obscuras ou incompletas, não permitindo ou Secção Criminal do Tribunal superior.
entender as razões de facto e de direito que o motivaram, o ARTIGO 487.º
relator convida o recorrente a formulá-las, completá-las ou (Rejeição do recurso em conferência)
esclarecê-las, no prazo que lhe assinalar, nunca inferior a 5 1. O recurso é rejeitado quando faltar a fundamentação
dias, sob pena de o recurso ser rejeitado, na totalidade ou RX HOD IRU LQVX¿FLHQWH IRU PDQLIHVWD D UHVSHFWLYD LPSUR-
em parte. FHGrQFLD RX VH VH YHUL¿FDU TXDOTXHU GDV RXWUDV FDXVDV GH
4. O recorrente não pode, na sequência do convite para rejeição aferidas no n.º 5 do artigo 479.º.
formular ou melhorar as conclusões, alterar o âmbito do 2. A rejeição exige unanimidade de votos.
recurso. 3. Em caso de rejeição, o acórdão pode limitar-se a
2GHVSDFKRGRMXL]DTXHVHUHIHUHRQžpQRWL¿FDGR LGHQWL¿FDU R 7ULEXQDO UHFRUULGR R SURFHVVR H RV VXMHLWRV
aos interessados para, no prazo de 10 dias, se pronuncia- processuais, a proferir a decisão, indicando sumariamente
rem, querendo, sobre as questões nele solicitadas e sobre as os respectivos fundamentos e a condenar o recorrente, se
conclusões formuladas ou melhoradas pelo recorrente nos ele não for o Ministério Público, no pagamento da taxa de
termos do n.º 3. justiça.
6. Terminado o prazo para responderem ou juntas as res-
ARTIGO 488.º
postas, o relator elabora, no prazo de 15 dias, projecto de (Julgamento do recurso em audiência contraditória)
acórdão, sempre que: Se o recurso não for julgado em conferência, é-o em
a) Alguma das questões levantadas possa ser decidida audiência contraditória, nos termos dos artigos seguintes e,
em conferência; subsidiariamente, das disposições aplicáveis à audiência de
b) O recurso deva ser decidido em conferência. julgamento em primeira instância, funcionando o Tribunal
ARTIGO 484.º em colectivo.
(Renovação da prova)
ARTIGO 489.º
1. Quando houver registo da prova produzida no Tribunal (Formalidades do julgamento)
UHFRUULGRVHYHUL¿FDUHPRVYtFLRVUHIHULGRVQRQžGRDUWLJR 1. Depois de lhe ser aberta conclusão, o Presidente do
476.º e se entender que a renovação é mais vantajosa que o Tribunal marca a audiência para um dos 20 dias seguintes,
reenvio do processo, o Tribunal superior, se for a relação, indica as pessoas que para ela devem ser convocadas e, se
pode admitir a renovação da prova. for caso disso, manda completar os vistos.
2. A decisão que admitir ou recusar a renovação da prova 2. São sempre convocados para a audiência o Ministério
SURGX]LGDHPSULPHLUDLQVWkQFLDpGH¿QLWLYDH¿[DRVUHVSHF- Público, o defensor, o advogado do assistente e o da parte
tivos termos e extensão. civil.
ARTIGO 485.º 3. Declarada pelo presidente a abertura da audiência,
9LVWDDRVMXt]HVDGMXQWRV o relator introduz os debates com uma exposição sobre o
1. Terminado o exame preliminar e não havendo renova- objecto do recurso, enunciando as questões que o Tribunal
ção da prova, o processo vai com vista aos juízes-adjuntos, entende merecerem exame especial.
acompanhado do projecto de acórdão elaborado pelo relator 4. Depois da exposição do relator, procede-se à renova-
e, a seguir, à conferência, na primeira sessão que tiver lugar. ção da prova sempre que haja lugar a ela.
5526 DIÁRIO DA REPÚBLICA

5. Seguidamente, o presidente dá a palavra para ale- CAPÍTULO III


gações ao Ministério Público e aos representantes dos Recurso Perante os Tribunais da Relação
recorrentes e dos recorridos, por tempo não superior a 30 ARTIGO 495.º
minutos a cada um, podendo este tempo ser prorrogado em (Recursos para os Tribunais da Relação)

caso de especial complexidade. Os recursos das decisões proferidas pelos Tribunais de


6. Não há lugar à réplica, sem prejuízo da concessão da Comarca são interpostos, regra geral, para os Tribunais da
palavra ao defensor, antes do encerramento da audiência, Relação.
por mais 15 minutos, se ele não tiver sido o último a intervir. ARTIGO 496.º
(Poder de julgar)
ARTIGO 490.º
(Adiamento da audiência contraditória)
1. Os Tribunais da Relação julgam de facto e de direito.
2. Não há recurso dos acórdãos dos Tribunais da Relação
1. A falta de pessoas convocadas só determina o adia-
que apliquem pena ou medida de privação da liberdade não
mento da audiência quando o Tribunal considerar a sua superior a 3 anos.
presença necessária à realização da justiça. 3. Também não há recurso, com fundamento em matéria
2. Se não comparecer o defensor e não houver lugar a de facto, dos acórdãos do Tribunal da Relação que apliquem
adiamento, o Tribunal nomeia ao arguido novo defensor. pena ou medida de privação de liberdade não superior a 5
3. A audiência só pode ser adiada uma vez. anos.
ARTIGO 491.º ARTIGO 497.º
(Recomposição do Tribunal) (Composição do Tribunal)

Se não for possível a participação dos juízes que inter- 1. O Tribunal é constituído pelo Presidente da Câmara ou
Secção Criminal, pelo relator e por um juiz-adjunto.
vieram na conferência, são chamados outros juízes,
2. Em princípio, na audiência intervêm os mesmos juízes
designando-se, se for necessário, outro relator ou comple-
que intervieram na conferência e, não sendo isso possível,
tando-se os vistos.
aplica-se o disposto no artigo 488.º
ARTIGO 492.º
ARTIGO 498.º
(Deliberação) (Renovação da prova)
1. Depois de encerrada a audiência, o Tribunal reúne-se 1. É admissível a renovação da prova, nos termos do dis-
para deliberar. posto nos n.os 3 e 4 do artigo 476.º e no artigo 484.º
2. São aplicáveis, com as devidas adaptações, as dis- 2. A renovação da prova é feita em audiência contraditó-
posições sobre deliberação e votação em julgamento em ria, para a qual o arguido tem de ser convocado.
Tribunal colectivo estabelecidos no presente Código, tendo 3. Salvo decisão do Tribunal em sentido contrário, a falta
em atenção as questões objecto do processo. do arguido regularmente convocado não dá lugar ao adia-
mento da audiência.
ARTIGO 493.º
4. É aplicável à audiência de renovação da prova o dis-
(Elaboração do acórdão)
posto nos preceitos que regulam a discussão e julgamento
1. Concluídas a votação e a deliberação, o acórdão é em 1.ª instância, com as devidas adaptações.
elaborado pelo relator ou pelo primeiro juiz que tiver feito
ARTIGO 499.º
vencimento, no caso de o relator votar vencido. 0RGL¿FDomRGDGHFLVmRUHFRUULGD
2. O juiz que votar vencido pode fazer declaração de A decisão do Tribunal de 1.ª instância sobre a matéria de
voto. IDFWRSRGHVHUPRGL¿FDGDQRFDVRGH
ARTIGO 494.º a) O processo conter todos os elementos de prova que
(Reenvio do processo para novo julgamento) lhe serviram de base;
1. Quando não for possível decidir a causa por existi- b) A prova tiver sido impugnada, nos termos do n.º 5
rem os vícios referidos n.º 3 do artigo 476.º, o Tribunal de do artigo 476.º;
recurso determina, quando não houver lugar a renovação da c) A prova tiver sido renovada.
prova, o reenvio do processo ao Tribunal recorrido para que CAPÍTULO IV
nele se proceda a novo julgamento do objecto do processo Recursos Perante o Tribunal Supremo
RXGDVTXHVW}HVHVSHFL¿FDGDVQDGHFLVmR ARTIGO 500.º
2. O novo julgamento deve ser efectuado por Tribunal (Recurso para o Tribunal Supremo)
diferente do recorrido, preferentemente, de categoria e com- 1. Recorre-se para o Tribunal Supremo:
posição idênticas e situado o mais próximo possível do a) Das decisões preferidas, em 1.ª instância, pelos
Tribunal recorrido. Tribunais da Relação;
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5527

b) Das decisões preferidas, em recurso, pelos Tribu- CAPÍTULO II


nais da Relação que não sejam irrecorríveis; Recurso para Uniformização da Jurisprudência
c) Das decisões interlocutórias que tiverem de subir ARTIGO 504.º
com os recursos referidos nas alíneas a) e b); (Fundamento do recurso)
d) Nos recursos especialmente estatuídos na lei. 1. O recurso para uniformização da jurisprudência tem
2. Das decisões proferidas em 1.ª instância pela Câmara
lugar, quando, no domínio da mesma legislação, o Tribunal
ou Secção Criminal do Tribunal Supremo recorre-se para o
Supremo profere um acórdão que, sobre a mesma questão de
respectivo Plenário.
direito, está em oposição com outro acórdão já transitado em
3. No recurso a que se refere o número anterior:
julgado proferido por aquele mesmo Tribunal.
a) As funções do juiz de 1.ª instância são desempe-
2. Este recurso tem igualmente lugar, quando, nas cir-
nhadas pelo relator;
cunstâncias do número anterior, um acórdão de um Tribunal
b) O relator e os juízes-adjuntos do processo julgado
da Relação está em oposição com um acórdão proferido pelo
em 1.ª instância não podem intervir no julga-
mento do recurso nem no julgamento a que se mesmo ou por outro Tribunal da Relação ou pelo Tribunal
refere o n.º 1 do artigo 494.º, no caso de o Plená- Supremo.
rio entender que é necessário renovar a prova e, 3. O disposto no número anterior não se aplica se o
em consequência, ordenar o reenvio do processo acórdão proferido em último lugar puder ser impugnado
à Câmara Criminal; mediante recurso ordinário.
c) Não sendo a questão objecto do recurso decidida 4. O recurso é interposto pelo arguido, pelo Ministério
em conferência, é correspondentemente aplicá- Público ou pelas partes civis para o Plenário da Câmara
vel o disposto nos n.os 1, 2, 4 e 5 do artigo 510.º Criminal do Tribunal Supremo.
ARTIGO 501.º
5. Os acórdãos são, para os efeitos deste capítulo, proferi-
(Poder de julgar) dos no domínio da mesma legislação, quando entre a data de
1. O Tribunal Supremo reaprecia, regra geral, em recurso, XPHDGDWDGRRXWURDOHJLVODomRQmRWLYHUVLGRPRGL¿FDGD
sem prejuízo do disposto nos n.os 3 e 4 do artigo 476.º, a GH PRGR D TXH GLUHFWD RX LQGLUHFWDPHQWH D PRGL¿FDomR
matéria de direito. LQWHU¿UDQDUHVROXomRGDTXHVWmRGHGLUHLWRFRQWURYHUWLGD
2. O Tribunal Supremo conhece da matéria de facto não ARTIGO 505.º
só nos casos realizados nos n.os 3 e 4 do artigo 476.º, como (Interposição do recurso)
nos recursos dos acórdãos dos Tribunais da Relação que 1. O recurso é interposto no prazo de 30 dias a contar do
apliquem penas ou medidas de privação de liberdade supe- trânsito em julgado do acórdão proferido em último lugar.
riores a 5 anos. 2. No requerimento de interposição, o recorrente iden-
3. No Tribunal Supremo não há lugar a renovação da
WL¿FD R DFyUGmR DQWHULRU FRP R TXDO R UHFRUULGR HVWi HP
prova, devendo proceder-se ao reenvio do processo, sempre
oposição e procede à demonstração da oposição que está na
que seja necessário renová-la.
RULJHPGRFRQÀLWRGHMXULVSUXGrQFLD
ARTIGO 502.º
0RGL¿FDomRGDGHFLVmRUHFRUULGD ARTIGO 506.º
(Termos subsequentes)
$GHFLVmRGR7ULEXQDOGD5HODomRSRGHVHUPRGL¿FDGDVH
o processo contiver todos os elementos de prova que a fun- 1. Entregue o requerimento de interposição do recurso na
damentaram ou se a prova tiver sido impugnada nos termos Secretaria, esta faculta o processo aos recorridos, depois de
do n.º 5 do artigo 476.º RVQRWL¿FDUSDUDQRSUD]RGHGLDVDSDUWLUGDQRWL¿FDomR
responderem, querendo, à motivação alegada ou alegarem
TÍTULO II
o que tiverem por conveniente e passa certidão do acórdão
Recursos Extraordinários
UHFRUULGR FHUWL¿FDQGR QHOH QDUUDWLYDPHQWH D GDWD HP TXH
CAPÍTULO I o mesmo requerimento foi apresentado e aquela em que o
Disposições Preliminares DFyUGmRIRLQRWL¿FDGRDRUHFRUUHQWH
2. O processo formado com o requerimento de interpo-
ARTIGO 503.º
(Espécies de recursos extraordinários) sição, a resposta, se a houver, e a certidão, é distribuído no
1. São extraordinários, o recurso para efeitos de unifor- Tribunal Supremo ou a ele remetido, caso o recurso seja
mização da jurisprudência, o recurso de revisão e o recurso LQWHUSRVWR GH DFyUGmR GH XP7ULEXQDO GD 5HODomR ¿FDQGR
de cassação. no processo em que o recurso foi interposto, certidão ou
2. Os recursos extraordinários referidos no número ante- FySLDFHUWL¿FDGDGRUHTXHULPHQWRHGRGHVSDFKRTXHDGPL-
rior são interpostos para o Tribunal Supremo. tiu o recurso.
5528 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 507.º ARTIGO 511.º


(Vista do processo e exame preliminar) (Publicação da decisão)

1. No Tribunal Supremo, é aberta vista por 10 dias ao A resolução é publicada na I Série do Diário da República
Ministério Público, sendo, decorrido esse prazo, concluso ao e remetida, mediante certidão, aos Tribunais da Relação
relator pelo mesmo prazo para exame preliminar. RQGH¿FDUiUHJLVWDGDHPOLYURSUySULR
2UHODWRUSRGHRUGHQDUDQRWL¿FDomRGRUHFRUUHQWHSDUD ARTIGO 512.º
juntar certidão do acórdão com o qual está em oposição o (¿FiFLDGDUHVROXomR
acórdão recorrido.  $ GHFLVmR TXH UHVROYHU R FRQÀLWR GH MXULVSUXGrQFLD
 &RQFOXtGR R H[DPHSUHOLPLQDU GHSRLV GH YHUL¿FDU D WHPH¿FiFLDQRSURFHVVRHPTXHRUHFXUVRIRLLQWHUSRVWRH
admissibilidade e o regime de recurso, assim como a oposi- QRVSURFHVVRVHPTXHRUHFXUVR¿FRXVXVSHQVRQRVWHUPRV
ção dos acórdãos, o relator elabora o projecto de decisão e do n.º 5 do artigo 508.º
remete o processo à vistos legais do Presidente da Câmara 2. Face à decisão tomada, o Tribunal Supremo ou revê o
&ULPLQDOHGRVMXt]HVDGMXQWRVHSRU¿PjSULPHLUDVHVVmR acórdão recorrido ou reenvia o processo.
da conferência que tiver lugar.  $ UHVROXomR TXH UHVROYH R FRQÀLWR GH MXULVSUXGrQ-
4. Os vistos são simultâneos, se o Tribunal dispuser, para cia constitui jurisprudência obrigatória para os Tribunais
tanto, de meios técnicos e a natureza do processo o permitir. Judiciais.
ARTIGO 508.º
ARTIGO 513.º
(Conferência)
5HFXUVRGDVGHFLV}HVSURIHULGDVFRQWUDDMXULVSUXGrQFLD¿[DGD
1. Na conferência, intervêm o Presidente da Câmara
1. O Ministério Público é obrigado a recorrer das decisões
Criminal, o relator e os juízes-adjuntos.
proferidas pelos Tribunais judiciais contra jurisprudência
2. A discussão é dirigida pelo Presidente que, no entanto,
¿[DGDSHOR7ULEXQDO6XSUHPRTXHURIDoDHPUHFXUVRRUGL-
não intervém na votação.
nário quer o interponha nos termos dos números seguintes.
3. Se o Tribunal entender que o recurso é inadmissível
2. É admissível o recurso directo para o Tribunal
ou que não há oposição dos julgados, o recurso é rejeitado.
Supremo de qualquer decisão judicial proferida contra juris-
4. Caso contrário, o processo prossegue os seus termos.
SUXGrQFLDSRUHOH¿[DGDVHPSUHTXHGHVVDGHFLVmRQmRVHMD
5. Se a oposição de julgados já tiver sido reconhecida, os
admissível recurso ordinário.
termos do recurso suspendem-se até ao julgamento daquele
3. O prazo para interpor este recurso é de 30 dias, a con-
em que, em primeiro lugar, se tiver concluído pela oposição.
tar do trânsito em julgado da decisão recorrida.
ARTIGO 509.º
4. O disposto nos n.os 2 e 3 aplica-se igualmente ao
(Alegações do recurso)
arguido, ao assistente e à parte civil, caso possuam legitimi-
6HRUHFXUVRSURVVHJXLUVmRQRWL¿FDGRVRUHFRUUHQWH
dade e tenham interesse no recurso.
e o recorrido para apresentarem, querendo, no prazo de 15
5. Ao recurso previsto no presente artigo são aplicá-
dias, as suas alegações.
veis, com as devidas adaptações, as disposições do presente
2. Nas alegações, recorrentes e recorridos têm de formu-
capítulo.
ODUFRQFOXV}HVHLQGLFDURVHQWLGRGDMXULVSUXGrQFLDD¿[DU
6. Na resolução que tomar, o Tribunal Supremo pode
pelo Tribunal Supremo.
RX OLPLWDUVH D DSOLFDU MXULVSUXGrQFLD ¿[DGD RX SURFHGHU
3. Juntas as alegações ou esgotado o prazo para as juntar,
ao respectivo reexame, sempre que entender que ela está
o relator elabora o projecto do acórdão no prazo máximo de
ultrapassada.
30 dias e remete-o à vistos dos restantes juízes por 15 dias.
4. O visto a que se refere o número anterior é simultâneo. ARTIGO 514.º
(Recursos no interesse da unidade do direito)
5. Terminado o prazo para os vistos, o Presidente do
Tribunal Supremo manda inscrever o processo em tabela. 1. O Procurador Geral da República pode, no interesse
da unidade do direito:
ARTIGO 510.º
(Julgamento) a)'HWHUPLQDUTXHVHMDLQWHUSRVWRUHFXUVRSDUD¿[D-
1. O julgamento é feito em audiência não contraditória ção de jurisprudência, de decisão transitada em
por todos os juízes da Câmara Criminal. julgado há mais de 30 dias;
2. A audiência é presidida pelo Presidente do Tribunal b) Interpor recurso para reexame da resolução do
Supremo que coordena os trabalhos, com voto na decisão. 7ULEXQDO 6XSUHPR TXH ¿[RX MXULVSUXGrQFLD
3. A decisão assume a forma de resolução. VHPSUHTXHHQWHQGDTXHDMXULVSUXGrQFLD¿[DGD
2YRWRGR3UHVLGHQWHGR7ULEXQDO6XSUHPRpTXDOL¿- se encontra ultrapassada.
cado, criando maioria em caso de empate. 2. Nas alegações, o recorrente indica as razões que funda-
5. É proibida a «reformatio in pejus», nos termos do mentam o recurso e, no caso da alínea b) do número anterior,
artigo 473.º RVHQWLGRHPTXHDMXULVSUXGrQFLD¿[DGDGHYHVHUDOWHUDGD
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5529

3. Nos casos previstos no presente artigo, a decisão que d) Em caso de falecimento do condenado, o cônjuge
DOWHUDURX¿[DUDMXULVSUXGrQFLDQmRWHPH¿FiFLDQRSURFHVVR os seus descendentes e adoptados, os ascenden-
em que o recurso tiver sido interposto. tes e adoptantes, os parentes até ao quarto grau
ARTIGO 515.º da linha colateral, os herdeiros com interesse
(Disposições aplicáveis subsidiariamente) legítimo ou pessoa que do condenado tiver, para
Aos recursos previstos no presente capítulo aplicam-se tanto, recebida incumbência expressa.
subsidiariamente as disposições que regulam os recursos ARTIGO 518.º
ordinários. (Apresentação do pedido de revisão)

1. O requerimento a pedir a revisão é apresentado no


CAPÍTULO III
Tribunal que proferiu a sentença que deve ser revista.
Recurso de Revisão
2. O requerimento deve ser motivado, conter a indicação
ARTIGO 516.º da prova e ser acompanhado da certidão da sentença a rever
(Fundamentos e admissibilidade)
e dos demais documentos necessários à instrução.
1. Uma sentença pode ser revista à todo o tempo, quando: ARTIGO 519.º
a) Os factos que serviram de fundamento à conde- (Apensação do processo de revisão)
nação forem inconciliáveis com os dados como A revisão é processada por apenso aos autos em que foi
provados em outra sentença e da oposição entre proferida a decisão que deve ser revista.
eles resultarem graves dúvidas sobre a justiça da ARTIGO 520.º
condenação; (Produção da prova)
b) Outra sentença transitada em julgado tiver con- 1. Se a revisão for requerida com o fundamento previsto
siderado falsos meios de prova com manifesta na alínea c) do n.º 1 do artigo 516.º, o juiz procede às dili-
LQÀXrQFLDQDGHFLVmRREMHFWRGHUHYLVmR gências que considerar indispensáveis para a descoberta da
c) Se descobrirem novos factos ou elementos de prova verdade, reduzindo a escrito os depoimentos ou declarações
que, por si ou combinados com os factos ou pro- ou documentando-os por qualquer forma de reprodução
vas apreciados no processo, sejam susceptíveis integral.
de afastar a condenação ou de fundamentar uma 2. Não podem ser arroladas testemunhas que não
forte redução da pena; tenham sido inquiridas no processo, a menos que o reque-
d) Outra sentença transitada em julgado der como UHQWHMXVWL¿TXHTXHLJQRUDYDDVXDH[LVWrQFLDRXTXHIRVVHP
provado crime cometido por juiz relacionado conhecedoras dos factos ao tempo em que a decisão a rever
com as suas funções no processo; foi proferida ou que, à altura, elas estavam impossibilitadas
de depor.
e) Se descobrir que serviram de fundamento à conde-
ARTIGO 521.º
nação provas proibidas;
(Remessa do processo ao Tribunal Supremo)
f) For declarada pelo Tribunal Constitucional a
Findas as diligências de prova a que se refere o artigo
inconstitucionalidade, com força obrigatória
anterior, o juiz remete o processo, no prazo de 8 dias, ao
geral, de uma norma de conteúdo menos favorá-
Tribunal Supremo, depois de ter lançado a sua informação
vel ao arguido que tenha servido de fundamento
sobre o mérito do pedido de revisão.
à condenação.
ARTIGO 522.º
2. É, para os efeitos do presente artigo, equiparado à sen- (Tramitação do processo no Tribunal Supremo)
WHQoDRGHVSDFKRTXHSXVHU¿PDRSURFHVVR
1. Recebido o processo no Tribunal Supremo e distri-
3. O fundamento da alínea d) do n.º 1 não pode ser uti-
buído, é aberta vista ao Ministério Público por 10 dias,
OL]DGR FRP R ¿P H[FOXVLYR GH FRUULJLU D PHGLGD GD SHQD
sendo, depois, concluso ao relator por 15 dias.
concretamente aplicada.
2. No prazo que lhe é concedido no número anterior, o
4. A revisão é admissível, mesmo que o procedimento
relator elabora o projecto de acórdão e manda o processo à
criminal se encontre extinto ou a pena prescrita ou cumprida.
visto dos restantes juízes.
ARTIGO 517.º 3. A decisão de conceder ou negar a revisão é tomada em
(Legitimidade)
conferência.
Têm legitimidade para requerer a revisão: 4. Se o Tribunal entender que é indispensável proceder a
a) O Ministério Público; mais diligências para o esclarecimento da verdade, ordena-
b) O assistente, das sentenças absolutórias ou dos -as, indicando desde logo o juiz que a elas deve proceder.
despachos de não pronúncia; 5. Realizadas as diligências e remetido, de novo, o pro-
c) Os condenados ou seus defensores, das sentenças cesso ao Tribunal Supremo, este decide sem necessidade de
condenatórias; novos vistos.
5530 DIÁRIO DA REPÚBLICA

6. É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 2 5. Se a revisão for concedida com fundamento na cir-
do artigo 485.º cunstância de os factos que serviram de fundamento à
7. Na conferência, o Tribunal é constituído pelo condenação serem inconciliáveis com os dados como pro-
Presidente da Câmara ou Secção Criminal, que a ele pre- vados, nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 516.º, o
side, pelo relator e por dois juízes-adjuntos. Tribunal Supremo anula a decisão e determina que se pro-
ARTIGO 523.º ceda ao julgamento conjunto de todos os arguidos, indicando,
(Revisão de decisões proferidas em 1.ª instância desde logo, o Tribunal para tanto competente e apensando-
pela Câmara Criminal)
-se, para esse efeito, os respectivos processos, nos termos do
1. Se a decisão objecto da revisão tiver sido proferida
artigo 519.º
pela Câmara ou Secção Criminal do Tribunal Supremo, o
6. Aplica-se à hipótese estabelecida no número anterior,
Plenário de Juízes deste Tribunal julga o recurso de revisão.
2. Na hipótese referida no número anterior, é correspon- o disposto no n.º 3 do presente artigo.
dentemente aplicável o disposto no artigo 520.º, procedendo 7. A anulação da decisão faz cessar a execução das penas
às diligências de prova o juiz da Câmara ou Secção Criminal que nelas foram aplicadas, mas o Tribunal Supremo decide
designado pelo respectivo Presidente. se aos condenados devem ser aplicadas medidas de coacção.
3. Findas as diligências de prova e lançada a informação ARTIGO 526.º
a que se refere o artigo 521.º, o processo, depois de distri- (Indicação de meios de prova)
buído, vai com vista ao Ministério Público por dez dias e 1. Recebido o processo no juízo de revisão, o juiz manda
é concluso, logo de seguida, ao relator para ele, no mesmo
abrir vista do processo ao Ministério Público para, em 5
prazo, elaborar o projecto de acórdão.
4. O juiz que proceder às diligências de prova não entra GLDVLQGLFDUTXHUHQGRPHLRVGHSURYDHSDUDRPHVPR¿P
na distribuição nem no julgamento do recurso. PDQGDQRWL¿FDURDUJXLGRHRDVVLVWHQWH
5. O relator, depois de elaborado o projecto de acórdão, 2. A prova indicada não é admitida, sempre que o juiz
manda abrir vista do processo, também por dez dias, aos entenda que é desnecessária.
restantes juízes e ao Presidente do Tribunal Supremo para 3. Seguidamente, o juiz procede, sendo caso disso, à rea-
designar dia para a audiência e o Plenário deliberar. lização dos actos urgentes de prova nos termos do disposto
6. O voto do Presidente do Tribunal Supremo é no artigo 361.º
TXDOL¿FDGR
ARTIGO 527.º
ARTIGO 524.º (Novo julgamento)
(Recusa da revisão)
1. Praticadas as diligências a que se refere o n.º 3 do
Se for negada a revisão, o requerente é condenado em artigo anterior, é designado dia para julgamento, obser-
FXVWDVHDLQGDQXPDPXOWDTXHSRGHVHU¿[DGDHQWUHXPD vando-se os termos do respectivo processo.
quantia equivalente às custas devidas e o dobro do seu valor, 2. Se a revisão tiver sido autorizada pelos fundamentos
caso o Tribunal considere o pedido manifestamente infun-
previstos das alíneas b) ou d) do n.º 1 do artigo 516.º, não
dado de má-fé ou doloso.
podem intervir no julgamento pessoas condenadas ou, tão
ARTIGO 525.º só, acusadas pelo Ministério Público por factos que tenham
(Autorização da revisão)
WLGRLQÀXrQFLDPDQLIHVWDQDGHFLVmRTXHVHTXHUUHYHU
1. Se o Tribunal Supremo autorizar a revisão, o processo
ARTIGO 528.º
é reenviado ao Tribunal que proferiu a decisão a rever ou, se (Absolvição do arguido no Tribunal de Revisão)
entender que há inconveniente em que esse Tribunal proceda
1. Se o Tribunal de Revisão absolver o arguido, a decisão
à revisão, ao Tribunal que esteja mais próximo dele.
que anteriormente o tinha condenado é anulada, trancado o
2. Se a decisão objecto da revisão tiver sido proferida
respectivo registo criminal e o arguido restituído à situação
em 1.ª instância pela Câmara ou por Secção Criminal do
jurídica anterior à condenação.
Tribunal Supremo, nos termos do disposto no artigo 523.º,
o Plenário pode decidir que procedam à revisão, juízes da $VHQWHQoDTXHDEVROYHURDUJXLGRpD¿[DGDSRUFHU-
Câmara ou Secção Criminal que não intervieram no julga- tidão quer à porta do Tribunal de Comarca da sua última
mento anterior. residência quer à porta do Tribunal que o condenou e publi-
3. Encontrando-se o condenado a cumprir pena de pri- cada em dois números consecutivos de um jornal da sede
são ou medida de segurança de internamento, o Tribunal deste último Tribunal ou, se nela não houver jornais, no jor-
Supremo decide, em função da gravidade das dúvidas nal da localidade mais próxima.
sobre a justiça da condenação, se a execução desta deve ser ARTIGO 529.º
suspensa. (Indemnização)

4. Caso ordene a suspensão ou o condenado não tiver 1. Se o arguido for absolvido, a sentença que o absolver
ainda iniciado o cumprimento da pena, o Tribunal Supremo atribui-lhe uma indemnização pelos danos sofridos, nos ter-
decide igualmente se deve ser-lhe aplicada medida de mos da lei, e ordena que lhe sejam restituídas as quantias
coacção. relativas a custas e multas que tiver pago.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5531

$LQGHPQL]DomRpVXSRUWDGDSHOR(VWDGRTXH¿FDVXE- 4. A decisão é manifestamente injusta, para os efeitos da


-rogado no direito do arguido contra os responsáveis pelos alínea b) do n.º 1, quando a pena aplicada for manifestamente
factos que determinaram a decisão condenatória revista. excessiva e ainda quando a decisão resulte de erro grosseiro
3. A pedido do requerente ou quando não dispuser de ele- cometido pelo Tribunal ao apreciar a prova produzida.
PHQWRVSDUD¿[DURPRQWDQWHGDLQGHPQL]DomRR7ULEXQDO
ARTIGO 536.°
relega a respectiva liquidação para execução de sentença. (Competência para propor ou requerer a cassação)
ARTIGO 530.º
(Sentença condenatória no Tribunal de Revisão) 1. A reapreciação, por via de recurso de cassação das
decisões penais condenatórias transitadas em julgado, pode
1. Se o Tribunal de Revisão condenar o arguido, des-
conta-lhe na pena aplicada o tempo que ele já tiver cumprido. ser proposta pelo Presidente do Tribunal Supremo ou reque-
2. É aplicável, com as devidas adaptações o disposto no rida pelo Procurador Geral da República, Bastonário da
artigo 473.º, que proíbe a «reformatio in pejus». Ordem dos Advogados de Angola e o Provedor de Justiça.
3. Se a decisão revista tiver sido absolutória e o Tribunal 2. Sempre que, em inspecção judicial, a entidade que a
de Revisão condenar o arguido: HODSURFHGHUYHUL¿FDUTXDOTXHUGRVIXQGDPHQWRVLQGLFDGRV
a) Este, se tiver recebido alguma indemnização da no artigo 535.º, deverá levá-lo com a brevidade possível, ao
parte acusadora, é condenado a restituí-la; conhecimento do Presidente do Tribunal Supremo, fazendo
b) Ao assistente são restituídas as custas que tiver acompanhar a comunicação de certidão condenatória e dos
pago. demais elementos que julgue pertinentes e necessários para
ARTIGO 531.º instruir o pedido de cassação.
(Revisão de despacho)
ARTIGO 537.º
Se for concedida a revisão de despacho que tenha posto (Prazo)
termo ao processo, nos termos do n.º 2 do artigo 516.º, o
O recurso de cassação pode ser interposto a todo o tempo.
Tribunal Supremo declara sem efeito, o despacho e ordena o
prosseguimento do processo. ARTIGO 538.º
(Requisitos do pedido)
ARTIGO 532.º
(Novo pedido de revisão) 1. O pedido deve ser deduzido por escrito, fundamentado
Tendo sido negada a revisão ou mantida a decisão e instruído com certidão de teor da decisão, onde conste a
revista, não pode requerer-se nova revisão com o mesmo data em que transitou em julgado.
fundamento. 2. Distribuído o pedido, o relator requisitará imediata-
ARTIGO 533.º mente o respectivo processo, a ele juntando o requerimento
(Prioridade dos actos judiciais)
do Procurador Geral da República ou a proposta do
Quando o condenado a favor de quem foi pedida a revi- Presidente do Tribunal Supremo, conforme for o caso.
são se encontrar privado da sua liberdade, os actos judiciais 3. O Presidente do Tribunal Supremo poderá, em alter-
que devam ser praticados preferem a qualquer outro serviço. nativa, requisitar o processo e nele, cumpridos os termos
CAPÍTULO IV devidos, formular a proposta de anulação.
Recurso de Cassação ARTIGO 539.°
(Admissibilidade do recurso)
ARTIGO 534.°
(Extensão) 1. Autuado e distribuído o recurso, colhido o visto do
As decisões penais condenatórias transitadas em julgado Procurador Geral da República, se não for o requerente e
poderão ser reapreciadas por via de recurso de cassação. o de cada um dos juízes que o compõem, com excepção do
ARTIGO 535.° relator, este levará o processo à sessão do Plenário para que
(Fundamentos)
seja decidida a questão da admissibilidade do recurso.
1. São fundamentos do pedido de cassação: 2. Os vistos são por vinte e quatro horas.
a) A violação grave da lei substantiva ou da lei adjec- 3. O Plenário poderá admitir o recurso imediatamente
tiva; ou ordenar que se realizem as diligências que entender
b) A manifesta injustiça da decisão objecto da cas-
necessárias.
sação.
ARTIGO 540.º
2. A violação da lei substantiva é grave quando a decisão
(Suspensão da execução da decisão impugnada)
objecto do recurso tiver acolhido solução que, claramente,
se oponha aos seus preceitos. 1. Sempre que haja razões para recear que da continuação
3. A violação da lei adjectiva é grave nos casos de da execução da decisão impugnada resultem prejuízos graves
nulidade insanável e insuprível e, em geral, sempre que a e irreparáveis, o relator submeterá a questão à Conferência
violação tenha impedido a justa decisão da causa. com o seu parecer e sem necessidade de vistos.
5532 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Na conferência, poderá o Tribunal suspender a ARTIGO 546.º


(Publicidade em caso de absolvição)
execução da pena e colocar o condenado em liberdade pro-
visória mediante caução ou simples termo de identidade e Sendo o condenado absolvido por via de recurso de cas-
residência. sação, deverá à absolvição ser dada adequada publicidade,
caso o interessado o requeira, dentro do prazo de oito dias, a
ARTIGO 541.º
1RWL¿FDomRGRFRQGHQDGR FRQWDUGDQRWL¿FDomRGDGHFLVmRDEVROXWyULDTXHOKHIRUIHLWD
ARTIGO 547.º
1. Nada obstando a que se tome conhecimento do
(Isenção de custas e selos)
UHFXUVRVHUiSHODYLDPDLVUiSLGDQRWL¿FDGRRFRQGHQDGRH
O recurso de anulação, por via de cassação, está isento
o respectivo defensor constituído ou, não o havendo, aquele
de custas e selos.
TXHRUHODWRUR¿FLRVDPHQWHOKHQRPHDUSDUDVHSURQXQFLDU
no prazo de oito dias, sobre o pedido formulado. PARTE IV
1mRVHQGRSRVVtYHORXWRUQDQGRVHGLItFLOQRWL¿FDUR Execução das Penas e Medidas de Segurança
FRQGHQDGRHRVHXGHIHQVRUFRQVWLWXtGRQRWL¿FDUVHiDSH-
nas o defensor que, para esse efeito, lhe for nomeado. TÍTULO I
Disposições Gerais
ARTIGO 542.º
(Vistos legais) ARTIGO 548.º
(Força executiva das decisões penais)
1. Terminado o prazo para o condenado se pronun-
ciar, dar-se-á vistos do processo ao Procurador Geral da 1. As decisões penais condenatórias transitadas em jul-
República, aos juízes, caso intervenham, pelo prazo de três gado têm força executiva em todo o território nacional, sem
dias. prejuízo do disposto nos tratados e convenções internacio-
nais e nas demais normas de direito internacional em vigor
2. Colhidos os vistos legais, o processo será inscrito em
em Angola.
tabela para julgamento.
2. As decisões penais absolutórias são exequíveis logo
ARTIGO 543.º
que forem proferidas.
(Conhecimento do recurso)
3. Se, em recurso de sentença absolutória, o arguido aca-
1. No caso de provimento do recurso, o Tribunal deverá, bar por ser condenado, o Tribunal pode sujeitá-lo a medida
desde logo, decidir da causa, alterando ou revogando o de coacção adequada, enquanto a sentença que o condenar
acórdão recorrido, sempre que o recurso proceda por vio- não transitar em julgado.
lação grave da lei substantiva ou por manifesta injustiça da
ARTIGO 549.º
decisão. (Inexequibilidade das decisões penais condenatórias)
2. Se a razão de procedência do recurso for a violação 1. Não têm força executiva as decisões penais condena-
grave da lei adjectiva, o Tribunal anulará todo o proces- tórias que:
sado a partir do acto declarado nulo e devolverá o processo a) Não determinarem a pena ou medida de segurança
ao Tribunal que proferiu a sentença anulada, para que com aplicadas;
estrita observância da lei violada, aí retome e prossiga os b) Aplicarem pena ou medida de segurança não pre-
respectivos trâmites. vistas na legislação penal angolana;
c) Não estiverem reduzidas a escrito;
3. O Tribunal de cassação conhecerá de todos os vícios
d) Sendo proferidas por Tribunal estrangeiro, não
enumerados no artigo 516.º de que enferme a decisão recor-
WLYHUHP VLGR UHYLVWDV H FRQ¿UPDGDV QRV FDVRV
rida, nada obstando a que o recurso proceda por fundamento HPTXHDOHLH[LMDDUHYLVmRHFRQ¿UPDomR
diferente do alegado. e) Tiverem sido proferidas por Tribunal sem jurisdi-
ARTIGO 544.º ção penal;
(Processo com vários réus) f) Condenarem pessoa que não foi acusada.
1. Havendo vários réus, o Tribunal conhecerá do recurso 2. No caso de o arguido condenado ter fornecido iden-
tidade falsa, pertencente a outra pessoa ou identidade
em relação a todos, salvo se os fundamentos de procedência
LQVX¿FLHQWH RX LQH[DFWD GHYH R 7ULEXQDO SURFHGHU jV GLOL-
VHYHUL¿FDUHPDSHQDVTXDQWRDXPRXDOJXQVGHOHV
gências necessárias para apurar a sua verdadeira, completa
 1R FDVR GR Q~PHUR DQWHULRU D QRWL¿FDomR D TXH VH RXH[DFWDLGHQWL¿FDomRHUHFWL¿FDUHPFRQIRUPLGDGHDVHQ-
refere o artigo 541.º será feita a todos os réus e aos respec- tença, nos termos do artigo 425.º
tivos defensores. ARTIGO 550.º
ARTIGO 545.º (Competência do Ministério Público na execução)
(Limites à reapreciação)
Compete ao Ministério Público promover a execução das
Em nenhum caso, o Tribunal de cassação ou o Tribunal penas e medidas de segurança, assim como a execução das
inferior que julgue de novo a causa poderá condenar o réu em custas, indemnizações e outras quantias devidas ao Estado
pena superior à aplicada pela decisão condenatória anulada. ou às pessoas que, por lei, estiver encarregado de patrocinar
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5533

no processo, logo que transitar em julgado a decisão conde- 2. Com o requerimento, deve o Procurador Geral da
natória ou que tiver aplicado uma medida de segurança. República juntar os documentos comprovativos.
ARTIGO 551.º 3. O Tribunal Supremo decide, através do Plenário de
(Tribunal da execução) Juízes da Câmara ou Secção Criminal, se a execução da sen-
1. A execução das penas e medidas de segurança é tença deve ser suspensa e se, em tal caso, deve ser aplicada
promovida e processada nos próprios autos no Tribunal ao condenado medida de coacção ou de garantia patrimonial.
competente para a execução. 4. À tramitação do julgamento da questão suscitada pelo
2. Se a causa tiver sido julgada em primeira instân- Procurador Geral da República é aplicável, com as devidas
cia pela Relação ou pelo Tribunal Supremo, a execução é adaptações, o disposto nos artigos 522.º, 523.º e 525.º que
promovida e processada no Tribunal do domicílio do conde- regulam a tramitação do julgamento em processo de revisão.
nado, salvo se este for magistrado judicial ou do Ministério ARTIGO 555.º
(Extinção da execução)
Público em exercício em tal Tribunal, caso em que a execu-
ção passa a correr pelo Tribunal mais próximo. 1. Logo que se mostre cumprida ou, por outro modo,
3. A aplicação da amnistia e do perdão genérico da pena extinta a pena ou medida de segurança, o Tribunal compe-
compete ao Tribunal de 1.ª instância ou ao Tribunal de tente, nos termos dos artigos anteriores, declara extinta a
recurso em que o processo se encontrar, conforme o caso. H[HFXomRHPDQGDQRWL¿FDUDTXHOHDTXHPIRLDSOLFDGDGR
despacho que declarou a extinção e entregar-lhe a respec-
ARTIGO 552.º
(Competência para a execução e questões incidentais) tiva cópia.
2GHVSDFKRGHYHVHULJXDOPHQWHQRWL¿FDGRjVHQWLGD-
1. Compete ao juiz de direito do Tribunal da execução
des que tenham intervindo na execução.
decidir de todas as questões relativas ao início, duração e
ARTIGO 556.º
execução das penas e medidas de segurança. (Contumácia do condenado)
2. Compete ainda ao juiz de direito do Tribunal da execu-
1. No caso de o condenado se esquivar à execução da
omRPRGL¿FDURXVXEVWLWXLUDVSHQDVRXPHGLGDVGHVHJXUDQoD
pena de prisão ou medida de segurança de internamento que
e declarar a extinção da responsabilidade penal e as altera-
lhe foi aplicada, o Tribunal emite imediatamente mandado
ções ou a cessação da perigosidade criminal.
de detenção para os efeitos do disposto na alínea d) do n.º 1
ARTIGO 553.º do artigo 250.º
(Cúmulo jurídico posterior à condenação)
2. Se o condenado em pena de prisão ou a pessoa sub-
1. Para efeitos do disposto no artigo 79.º do Código metida à medida de internamento não for detido no prazo de
Penal que regula o conhecimento superveniente de con- 30 dias, a contar da data da emissão do mandado de deten-
curso de crimes, é competente o juiz do Tribunal da última ção, aplica-se o disposto no n.º 4 do artigo 256.º do presente
condenação. Código.
2. No caso referido no número anterior, a pena única
resultante do concurso é determinada em audiência para TÍTULO II
tanto designada pelo juiz, com a presença obrigatória do Execução das Penas
Ministério Público e do defensor do arguido condenado.
CAPÍTULO I
3. Na falta de advogado constituído, defensor público ou Execução da Pena de Prisão
advogado estagiário, disponíveis, o juiz nomeia ao arguido
ARTIGO 557.º
para o defender, pessoa que repute idónea. (Entrada do condenado no estabelecimento prisional)
2MXL]SRGHR¿FLRVDPHQWHRXDUHTXHULPHQWRUHDOL]DU
O arguido condenado em pena de prisão dá entrada no
as diligências que achar necessárias à sua decisão e ordenar
estabelecimento prisional por mandado do juiz da causa.
a presença do arguido.
ARTIGO 558.º
5. Ao Ministério Público e ao defensor são concedidos
(Comunicação da sentença às entidades empenhadas
PLQXWRVSDUDDOHJDo}HV¿QDLV na execução da pena)
ARTIGO 554.º 1. No prazo de 10 dias, a contar do trânsito em julgado,
(Suspensão da execução da decisão condenatória)
o Ministério Público dá conhecimento da sentença que apli-
1. Se for proferido despacho de pronúncia ou des- cou pena de prisão às entidades que intervêm na execução,
pacho a designar dia para julgamento de magistrado, nomeadamente aos serviços prisionais, remetendo-lhes a
testemunha, perito ou funcionário de justiça por factos sus- respectiva cópia.
FHSWtYHLV GH WHUHP LQÀXHQFLDGR D FRQGHQDomR GR DUJXLGR 2. Nos casos em que ela for admissível, o Ministério
pode o Procurador Geral da República requerer ao Tribunal Público calcula e indica às entidades referidas no número
Supremo que ordene a suspensão da execução da decisão anterior as datas em que, nos termos dos artigos 59.º e 60.º
condenatória até que o processo em que foi proferido qual- do Código Penal, o condenado a cumprir pena de prisão
quer daqueles despachos seja decidido. deve ser colocado em liberdade condicional.
5534 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. No cálculo das datas a que se refere o número anterior, 2. Se o último dia do cumprimento da pena coincidir com
o Ministério Público deve ter em conta o preceituado no n.º 6 um sábado, domingo ou feriado, a restituição à liberdade é
do artigo seguinte. antecipada para o dia imediatamente anterior.
4. A indicação a que se refere o n.º 2 é também feita ao 3. O director do estabelecimento prisional pode, excep-
cionalmente, restituir preso à liberdade dois dias antes do
arguido condenado.
último dia do cumprimento da pena, quando reais necessida-
ARTIGO 559.º des pessoais, sociais ou outras razões igualmente atendíveis,
(Contagem do tempo de prisão)
RMXVWL¿FDUHP
1. A contagem do tempo de prisão faz-se por dias, meses 4. O director do estabelecimento prisional comunica,
ou anos. imediatamente, ao juiz do Tribunal da execução e aos ser-
2. A prisão por dias conta-se, sem prejuízo do que se dis- viços prisionais a restituição à liberdade antecipada, nos
põe no artigo 561.º, que regula o mandado de restituição à termos do número anterior, com a indicação das razões que
liberdade, considerando cada dia de prisão um período de determinaram a sua decisão.
5. O disposto nos n.osHQmRVHDSOLFDjSULVmRHP¿QV-
24 horas.
-de-semana, à prisão subsidiária da pena de multa, quando
3. A prisão por meses conta-se, considerando-se cada
esta não for superior a 15 dias, e sempre que o preso esteja
mês um período de tempo que termina no dia correspon- internado em cela disciplinar.
dente do mês seguinte ou, não o havendo, no último dia do
ARTIGO 562.º
mês. (Comunicações ao Tribunal de execução)
4. A prisão por anos termina dentro do último ano de 1. Os directores dos estabelecimentos prisionais comuni-
contagem, no dia e mês correspondentes ao do seu início cam ao Ministério Público junto do Tribunal da execução da
e, não existindo dia correspondente, no último dia do mês. pena o falecimento dos presos, a sua fuga e qualquer suspen-
5. Se o cumprimento do tempo de prisão for interrom- VmRLQWHUUXSomRRXFDXVDGHPRGL¿FDomRRXH[WLQomRWRWDO
pido, ao dia determinado, nos termos dos números anteriores, ou parcial da pena de prisão, assim como a sua restituição à
acresce o tempo de duração das interrupções. liberdade.
6. Ao tempo de prisão contado, nos termos do presente 2. Se, em caso de fuga, o Tribunal entender que dela
artigo são descontados os períodos de detenção, prisão pre- pode resultar perigo para a vítima, informa-a desse facto
ventiva e prisão preventiva domiciliária cumpridos pelo sem demora.
arguido condenado, em harmonia com o disposto nos arti- ARTIGO 563.º
gos 81.º e 83.º do Código Penal. (Anomalia psíquica posterior)
ARTIGO 560.º Quando, durante a execução da pena, sobrevier ao con-
(Mandado de restituição à liberdade) denado anomalia psíquica que possa produzir os efeitos
1. Os presos são restituídos à liberdade no termo do cum- referidos pelos artigos 116.º e 117.º do Código Penal, o
primento da pena de prisão por mandado do juiz do Tribunal Tribunal da execução ordena:
competente para a execução. a) Uma perícia psiquiátrica, nos termos do artigo
2. Aplica-se o disposto no número anterior, quando a 200.º do presente Código;
pena de prisão que falta cumprir for substituída por liberdade b) Qualquer diligência com interesse para a decisão,
R¿FLRVDPHQWH RX D UHTXHULPHQWR GR 0LQLVWpULR
condicional, de modo que o respectivo período se inicie.
Público, do preso ou do seu defensor.
3. Se a restituição à liberdade for urgente, pode ela ser
ordenada por qualquer meio de comunicação devidamente CAPÍTULO II
comprovado que não ofereça dúvidas legítimas ao responsá- Liberdade Condicional
vel do estabelecimento prisional. ARTIGO 564.º
4. No caso do número anterior, o juiz do Tribunal com- (Formação do processo)
petente remete, logo a seguir, o mandado ao estabelecimento 1. Até 2 meses antes das datas previstas nos artigos 59.º
prisional. e 60.º do Código Penal, os serviços prisionais remetem, para
5. Se, terminado o cumprimento da pena, ou o condenado efeito de concessão de liberdade condicional, ao Tribunal
tiver de ser posto em liberdade condicional, o juiz considerar competente para a execução:
que a restituição à liberdade é susceptível de criar fundado a) Um relatório sobre a forma como decorreu, até
receio de perigo para a pessoa da vítima, comunica à esta àquele momento, a execução da pena de prisão
que tal restituição foi ordenada e quando ocorrerá, dando e sobre o comportamento do preso durante o
conhecimento ao Ministério Público. tempo de prisão decorrido;
ARTIGO 561.º b) Parecer fundamentado do director do estabeleci-
(Momento da restituição à liberdade) mento prisional, onde o condenado cumpre a
1. A restituição à liberdade deve fazer-se na manhã do pena de prisão, sobre a concessão da liberdade
último dia do cumprimento da pena. condicional;
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5535

c) Declaração do preso a dar consentimento à liber- 2. O despacho que revogar a liberdade condicional pode
dade condicional. ser impugnado por via de recurso.
2. O juiz do Tribunal competente para a execução pode, 3. Quando o tempo de prisão a cumprir for superior a 2
R¿FLRVDPHQWH RX D UHTXHULPHQWR GR 0LQLVWpULR 3~EOLFR anos, pode, relativamente a esse período, ser concedida, por
ou do próprio preso, solicitar a qualquer outra entidade, uma vez mais, ao condenado, a liberdade condicional, nos
nomeadamente aos serviços de reinserção social, relatórios, termos dos artigos 564.º e 565.º anteriores, com as devidas
diligências, informações ou pareceres que achar necessários adaptações.
ou relevantes para a decisão a tomar. 4. Para efeitos da determinação do prazo a que se refere o
ARTIGO 565.º número anterior, a prisão a cumprir é acrescida da prisão apli-
(Decisão)
cada pelo crime cometido durante a liberdade condicional.
1. Juntos o relatório e os pareceres aos autos e, quando
for o caso, os relatórios e os pareceres solicitados nos ter- CAPÍTULO III
mos do n.º 2 do artigo anterior ou, tratando-se de diligências, $([HFXomRGD3HQDGH3ULVmRHP)LQVGH6HPDQD
depois de realizadas, o Ministério Público emite, no prazo ARTIGO 568.º
de 8 dias e nos próprios autos, o seu parecer sobre a conces- (Forma de execução)
são da liberdade condicional. 1. A sentença que determine que a pena de prisão apli-
2. Antes de decidir, o juiz ouve o condenado para, na cada ao arguido seja, nos termos do disposto no artigo 46.º
falta da declaração a que se refere a alínea c) do n.º 1 do GR&yGLJR3HQDOFXPSULGDHPSHUtRGRVGH¿PGHVHPDQDp
artigo anterior, obter dele o consentimento exigido por lei, imediatamente enviada aos serviços prisionais, os quais, nos
ouvindo-o também, no caso de a conceder, sobre as regras oito dias seguintes à sua recepção, informam ao Tribunal o
de conduta e as obrigações que lhe irão ser impostas naquela estabelecimento prisional onde, sem prejuízo, tanto quanto
fase da execução da pena.
possível, do disposto no n.º 3 do artigo 46.º do mesmo
3. A decisão que conceder ou negar a liberdade condicio-
diploma legal, a pena deve ser cumprida.
nal é recorrível.
2. A requerimento do arguido condenado ou com o
4. A decisão que conceder a liberdade condicional deve:
seu acordo expresso, pode o juiz autorizar que a pena seja
a) Ser fundamentada;
cumprida em estabelecimento de detenção policial ou de
b) Indicar o período de duração;
outra instituição legalmente autorizada da sede do domi-
c) (VSHFL¿FDU DV UHJUDV GH FRQGXWD H DV REULJDo}HV
cílio do condenado que, para tanto, reúna os requisitos
impostas ao condenado em liberdade condicio-
indispensáveis.
nal;
 'HSRLV GH ¿[DGD D GDWD GR LQtFLR GR FXPSULPHQWR
d)6HUQRWL¿FDGDDRFRQGHQDGRHHQYLDGDSRUFySLD
é entregue ao condenado cópia da sentença condenatória e
aos serviços prisionais, a todas as entidades
uma guia de apresentação no estabelecimento onde a pena
envolvidas na execução e, ainda, àqueles que o
deve ser cumprida.
Tribunal julgar conveniente, nomeadamente a
4. O responsável pelos estabelecimentos a que se refe-
vítima.
rem os n.os  H  GR SUHVHQWH DUWLJR FHUWL¿FD QD JXLD H QR
5. Para efeitos do disposto no n.º 2, deve o condenado
duplicado o dia e a hora de apresentação e remete o dupli-
ser transferido para um estabelecimento prisional situado na
cado ao Tribunal, dentro das 48 horas seguintes.
área de jurisdição do Tribunal competente para conceder a
5. O Tribunal pode determinar que o início do cumpri-
liberdade condicional, se estiver a cumprir a pena de prisão
em estabelecimento prisional fora dela. mento da pena seja adiado, por motivo de saúde ou outras
razões atendíveis, mas nunca por mais de 3 meses.
ARTIGO 566.º
(Falta de cumprimento das obrigações impostas) ARTIGO 569.º
(Faltas e atrasos na apresentação e nas entradas no estabelecimento)
Na falta de cumprimento das regras de conduta ou das
obrigações impostas pela decisão que concedeu a liberdade 1. Se o condenado faltar à apresentação ou entrada no
condicional, aplica-se ao condenado o disposto no artigo estabelecimento em que a pena deve ser ou está a ser cum-
583.º que regula a falta de cumprimento das obrigações prida, o cumprimento da pena restante passa a ter lugar em
impostas em caso de suspensão da execução da pena. regime de prisão contínua, salvo se o Tribunal considerar
ARTIGO 567.º MXVWL¿FDGDVDVIDOWDV
(Revogação da liberdade condicional) 2. Para os efeitos do número anterior, o responsável pelo
1. O despacho que revogar a liberdade condicional é estabelecimento comunica imediatamente a falta ao Tribunal
QRWL¿FDGR FRP FySLD DR FRQGHQDGR DRV VHUYLoRV SULVLR- que, antes de decidir, ouve o condenado.
nais, ao director do estabelecimento prisional e às entidades 6HDIDOWDQmRIRUFRQVLGHUDGDMXVWL¿FDGDVmRSDVVDGRV
envolvidas na sua execução. mandados de captura.
5536 DIÁRIO DA REPÚBLICA

4. Os atrasos nas entradas, inferiores a 4 horas, podem TÍTULO III


VHU MXVWL¿FDGRV SHOR UHVSRQViYHO GR HVWDEHOHFLPHQWR TXH Execução das Penas Não Privativas de Liberdade
para tanto, ouve o condenado antes de decidir.
 2V DWUDVRV QmR MXVWL¿FDGRV RX VXSHULRUHV D  KRUDV CAPÍTULO I
Execução da Pena de Multa
equivalem, para os efeitos do presente artigo, à falta à
entrada no estabelecimento. ARTIGO 571.º
(Prazo de pagamento)
6. As entradas e saídas são registadas no processo indivi-
dual afecto ao condenado. 1. A multa é paga após o trânsito em julgado da sentença
7. Cumprida a pena, o responsável pelo estabelecimento TXHDDSOLFRXHSHORTXDQWLWDWLYRH[DFWRQHOH¿[DGR
comunica ao Tribunal o respectivo cumprimento, não sendo 2. A multa não pode ser acrescida de adicionais.
emitidos mandados de restituição à liberdade. 3. O prazo de pagamento é, sem prejuízo do disposto no
DUWLJRVHJXLQWHGHGLDVDFRQWDUGDQRWL¿FDomRTXHSDUD
CAPÍTULO IV tanto, é feita ao condenado.
A Execução da Pena Relativamente Indeterminada
ARTIGO 572.º
ARTIGO 570.º (Pagamento em prestações)
(Formas de execução) 1. O condenado que não estiver em condições de pagar
1. Nos casos de prorrogação da pena previstos nos artigos a multa de uma só vez pode requerer, no prazo estabelecido
84.º a 89.º do Código Penal, os serviços técnicos prisionais no n.º 3 do artigo anterior, o número de prestações e respec-
elaboram, no prazo de 30 dias a partir da entrada no estabe- tivos prazos, indicando as razões que fundamentam o pedido
lecimento prisional, um plano de readaptação do condenado por si formulado.
que inclua os regimes de trabalho, aprendizagem, tratamento 2. O condenado pode, nas mesmas circunstâncias, reque-
ou desintoxicação adaptados à sua concreta situação pessoal. rer posteriormente a alteração do número e dos prazos das
2. Devem, para tanto, ser recolhidas as informações prestações, desde que a alteração não ultrapasse os mínimos
necessárias e procurar-se, para o mesmo efeito, a colabora- limites impostos pelo n.º 3 do artigo 47.º do Código Penal.
ção do condenado e seus familiares. 3. A alteração tem de ser requerida antes de o conde-
3. O plano de readaptação e as alterações que, no decurso nado se colocar em mora no cumprimento de qualquer das
GD VXD H[HFXomR HOH YLHU D EHQH¿FLDU HP IXQomR GRV SUR- prestações.
gressos do condenado, são sempre submetidos a decisão ou ARTIGO 573.º
homologação do Tribunal e comunicados àquele. (Substituição da multa por dias de trabalho)

4. À liberdade condicional do condenado é correspon- 1. O condenado que desejar que a multa lhe seja subs-
dentemente aplicável o disposto nos artigos 564.º a 567.º tituída por dias de trabalho deve requerer a substituição
5. Até ser cumprida a pena, são remetidos ao Tribunal durante o prazo de pagamento.
2. No requerimento, o condenado indica as habilitações
novos relatórios e pareceres:
OLWHUiULDV RX DFDGpPLFDV H SUR¿VVLRQDLV TXH SRVVXL D VXD
a) Um ano após a decisão que não conceder ao conde-
DFWXDOVLWXDomRSUR¿VVLRQDOHIDPLOLDURWHPSRGHTXHGLVS}H
nado a liberdade condicional; HDVREUDVR¿FLQDVRXHVWDEHOHFLPHQWRVGR(VWDGRGDVSHV-
b) Passados dois anos sobre o reinício do cum- soas colectivas de direito público, as de solidariedade social
primento da pena, em caso de revogação da ou pessoas colectivas de direito privado de utilidade pública
liberdade condicional. em que se dispõe a prestar trabalho.
6. Se não for concedida a liberdade condicional, em cada 3. O Tribunal ordena, sem prejuízo do disposto no n.º 5,
período ulterior de um ano e até dois meses antes de ele se a substituição, sempre que o condenado juntar declaração de
completar devem novos relatórios e pareceres ser elaborados qualquer uma das entidades mencionadas no n.º 2, a aceitar
DSUHVWDomRGHWUDEDOKRHHPTXHVHHVSHFL¿TXHDQDWXUH]D
e remetidos ao Tribunal.
deste, o número de horas a prestar, o local da prestação e
7. Aplica-se correspondentemente à revisão da situação
o respectivo horário se, concomitantemente, os períodos de
do condenado o disposto nos n.os 1, 2, 3, 4 e 6 do artigo trabalho não prejudicarem a jornada normal de trabalho nem
590.º, que regula a revisão e reexame do internado sujeito a excederem, por dia, o permitido segundo o regime de horas
medidas de segurança privativas de liberdade. extraordinárias aplicável.
8. À revogação da liberdade para a prova aplica-se, com 4. No caso de o condenado não juntar a declaração a que
as devidas adaptações, o disposto no artigo 583.º, que regula se refere o número anterior, pode o Tribunal ordenar à res-
o não cumprimento dos deveres e regras de conduta, em pectiva secretaria que proceda, pela via mais expedita, às
caso de suspensão da execução da pena. diligências necessárias junto das entidades indicadas pelo
9. A decisão que revogar a liberdade condicional ou a FRQGHQDGR QR UHTXHULPHQWR QR VHQWLGR GH YHUL¿FDU VH
OLEHUGDGH SDUD D SURYD p QRWL¿FDGD DR FRQGHQDGR VHQGR alguma delas se mostra e declara, por escrito, disponível
remetida cópia ao director do estabelecimento prisional. para aceitar o trabalho oferecido e em que condições.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5537

5. O Tribunal pode, se achar necessário, pedir, antes de ARTIGO 577.º


(Conversão da multa em prisão alternativa)
decidir, esclarecimentos suplementares às entidades dis-
postas a darem trabalho ao condenado e acordar com elas 1. A multa não paga nem substituída por prestação de
IRUPDVHDVSHFWRVHVSHFt¿FRVGDUHVSHFWLYDSUHVWDomR trabalho é convertida em prisão subsidiária, nos termos do
6. Ordenada a substituição e dada a conhecer ao con- artigo 49.º do Código Penal, quando:
denado e à entidade a quem o trabalho vai ser prestado, é a) O condenado não indicar, no prazo de pagamento,
entregue ao primeiro uma guia de apresentação, da qual têm bens susceptíveis de execução e nenhum for
obrigatoriamente de constar: conhecido na sua titularidade pelo Tribunal;
a)$LGHQWL¿FDomRGDHQWLGDGHGDGRUDGRWUDEDOKRGD
b) Instaurada a execução, os bens dados à penhora
pessoa que o vai prestar, a natureza do trabalho
VHUHYHODUHPLQVX¿FLHQWHVSDUDSRUHOHVVHID]HU
e a duração do período diário da prestação assim
pagar a totalidade da multa.
como o número de dias a prestar e o local em que
o trabalho vai ser prestado; 2. Se, depois de convertida a multa em prisão subsidiária,
b) A menção de que a duração do período de trabalho o condenado pagar a multa correspondente ao tempo de pri-
não pode prejudicar a jornada normal de traba- são ainda não cumprido, o juiz revoga, nessa parte, a decisão
lho e a de que este também pode ser prestado aos que converteu a multa em prisão subsidiária e ordena a ime-
sábados, domingos e feriados; diata restituição do condenado à liberdade.
c) A obrigação de a entidade referida na alínea a) 3. Nos casos em que a multa for convertida em prisão
controlar com seriedade a prestação do trabalho, subsidiária podem, ainda, tanto o Ministério Público, como
mediante o preenchimento, além do mais, de o condenado requerer ao juiz a suspensão da prisão subsi-
suporte documental em que se registem as horas diária, pedindo o seu condicionamento ao cumprimento de
de entrada e saída, assim como a de comunicar UHJUDV GH FRQGXWD GH FRQWH~GR HFRQyPLFR H ¿QDQFHLUR H
ao Tribunal as faltas ao trabalho; de deveres e provando que o não pagamento da multa ou o
d) A obrigação de a mesma entidade comunicar ao incumprimento da prestação de trabalho que a tiver substi-
Tribunal o início e o termo da prestação do traba- tuído não é imputável ao último.
lho e de o informar da forma como foi cumprida. 4. O juiz decide depois de produzida a prova e de ouvir
ARTIGO 574.º o Ministério Público, quando não for este a requerer a
(Fiscalização da prestação do trabalho)
suspensão.
O Tribunal encarrega a secretaria ou a uma entidade 5. Se o condenado não cumprir as regras de conduta e os
pública de o manter devidamente informado sobre a forma deveres que lhe foram impostos, o juiz revoga a suspensão e
como o trabalho está a ser prestado e como a entidade dadora ordena a execução da prisão subsidiária.
do trabalho cumpre a obrigação a que se refere a alínea c) do
n.º 6 do artigo anterior. CAPÍTULO II
ARTIGO 575.º Execução da Pena de Prestação de Trabalho
(Decisão do juiz sobre o cumprimento da prestação do trabalho) a Favor da Comunidade
1. O juiz do Tribunal de execução só considera o tra- ARTIGO 578.º
balho prestado e a pena de multa cumprida, no todo ou em (Prestação de trabalho a favor da comunidade)
parte, depois de analisar as informações recebidas nos ter- 1. O cumprimento da pena de prestação de trabalho a
mos da alínea c) do n.º 6 do artigo 573.º e do artigo 574.º,
favor da comunidade assenta num plano de execução elabo-
ouvindo o condenado, sempre que tais informações lhe
sejam desfavoráveis. rado pelos serviços de reinserção social.
2. Se o juiz indeferir o pedido de substituição da multa 2. Transitada em julgado a sentença que condenou o
por prestação de trabalho ou não considerar a prestação arguido a prestar trabalho a favor da comunidade, o Tribunal
cumprida, no todo ou em parte, o prazo do pagamento da comunica, por cópia, aos serviços de reinserção social, para
PXOWDRXGRTXHGHOD¿FDUSRUSDJDUpGHGLDVDFRQWDUGD que estes elaborem o plano de execução.
QRWL¿FDomRGDUHVSHFWLYDGHFLVmR 3. Com a cópia da sentença, o Tribunal indica aos ser-
ARTIGO 576.º viços de reinserção social as habilitações literárias ou
(Execução nos bens do condenado)
DFDGpPLFDVHSUR¿VVLRQDLVGRFRQGHQDGRDVXDDFWXDOVLWXD-
1. Se a multa ou alguma das suas prestações não for paga
omR SUR¿VVLRQDO H IDPLOLDU R WHPSR GH TXH VHP SUHMXt]R
no prazo legal, o Ministério Público promove a sua execu-
ção nos bens do condenado, se a este forem conhecidos bens da jornada normal de trabalho, ele dispõe e as preferências
VX¿FLHQWHVHGHVHPEDUDoDGRVRXVHHOHRVLQGLFDUQRSUD]R que manifestou, se esse for o caso, sobre o género de traba-
de pagamento. lho a prestar ao Estado e outras pessoas colectivas de direito
2. A forma a seguir é a de execução por custas. público ou a pessoas colectivas de solidariedade social.
5538 DIÁRIO DA REPÚBLICA

$SURYDGRSHOR7ULEXQDORSODQRGHH[HFXomRHQRWL¿- 3. No caso do número anterior e sempre que for neces-


cada a sua aprovação à entidade a quem o trabalho vai ser sária a presença dos pais do condenado, de outros membros
prestado e aos serviços de reinserção social, estes colocam da sua família ou outras pessoas, o juiz designa, desde logo,
o condenado no posto de trabalho, no prazo máximo de 30 dia para a audiência a que se refere o n.º 5 do artigo 58.º do
GLDVDFRQWDUGDQRWL¿FDomR Código Penal.
ARTIGO 579.º
CAPÍTULO IV
(Suspensão, revogação, alteração e substituição
da prestação de trabalho) Suspensão da Execução da Pena
1. Os serviços de reinserção social comunicam ao ARTIGO 581.º
(Alteração dos deveres e regras de conduta)
Tribunal os factos indicados no n.º 1 do artigo 57.º do Código
Penal susceptíveis de determinar a suspensão provisória da 1. O juiz pode alterar os deveres e as regras de conduta
prestação do trabalho, o qual procede à sua apreciação e, se impostas na sentença ao condenado, como condição da sus-
não solicitar esclarecimentos adicionais, decide em confor- pensão da execução da pena, nos termos dos artigos 51.º,
midade nos 8 dias seguintes, dando a conhecer a decisão ao 52.º e alínea c) do artigo 53.º do Código Penal, sempre que
condenado, à entidade dadora do trabalho e aos serviços de QRSURFHVVRVH¿]HUSURYDGHFLUFXQVWkQFLDVVXSHUYHQLHQWHV
reinserção social. ou daquelas de que o Tribunal apenas posteriormente vier a
2. Finda a prestação do trabalho, os serviços de rein- ter conhecimento susceptíveis de determinarem a alteração.
serção social enviam ao Tribunal um relatório com o seu 2. A alteração é ordenada por despacho.
parecer sobre a forma como o trabalho foi prestado, comuni- 3. O despacho só é proferido depois de ouvido o conde-
cando, do mesmo modo, ao Tribunal a ocorrência, durante o nado e obtido parecer do Ministério Público.
tempo da prestação, de factos que possam conduzir à revo- ARTIGO 582.º
JDomRH[WLQomRRXPRGL¿FDomRGDSUHVWDomRGHWUDEDOKR (Obrigação de apresentação e sujeição a tratamento)

 1R FDVR GD SDUWH ¿QDO GR Q~PHUR DQWHULRU RV VHUYL- 1. Se for imposta ao condenado a apresentação periódica
ços de reinserção social fornecem, desde logo, os elementos perante o Tribunal, as apresentações são todas elas anotadas
QHFHVViULRV SDUD R 7ULEXQDO PRGL¿FDU D SUHVWDomR GR WUD- por cota no processo.
balho, acompanhados do seu parecer sobre as alterações a 2. Se o juiz impuser que a apresentação se faça à outra
introduzir. HQWLGDGHHVWDpGHYLGDPHQWHQRWL¿FDGDGRIDFWR
4. O juiz ordena a audição do condenado, sempre que os 3. A entidade referida no número anterior deve, com
factos relatados ou comunicados pelos serviços de reinser- a periodicidade que lhe for designada, manter o Tribunal
ção social possam desfavorecê-lo ou conduzir à revogação informado da regularidade das apresentações ou, sendo esse
da prestação de trabalho, permitindo, sempre, o contraditó- o caso, cumprir com o disposto no n.º 1 do artigo 583.º
rio e a produção correspondente de prova e decidindo depois 4. Se o Tribunal decidir que o condenado, nas condições
de obtido o parecer do Ministério Público. do n.º 3 do artigo 52.º do Código Penal, se submeta a trata-
(PFDVRGHVLPSOHVPRGL¿FDomRGDSUHVWDomRGHWUD- mento médico ou cura em instituição adequada durante o
balho, o Tribunal dispensa a produção de prova e a audição período de suspensão, emite, para esse efeito, o correspon-
do condenado, sempre que este der o seu acordo às modi- dente mandado.
¿FDo}HV SURSRVWDV SHORV VHUYLoRV GH UHLQVHUomR VRFLDO 5. Os responsáveis pela instituição devem manter o
proferindo a sua decisão depois de ouvido o Ministério Tribunal informado sobre a evolução do tratamento ou cura
Público. e comunicar-lhe o seu termo, podendo aquela instituição
6. Para os efeitos do disposto no n.º 5 do artigo 57.º do sugerir as medidas que considerar mais adequada ao respec-
Código Penal, pode o Tribunal, depois de cumpridos dois tivo resultado.
terços da pena, pedir aos serviços de reinserção social que ARTIGO 583.º
(Não cumprimento dos deveres e regras de conduta)
informem sobre a forma como está a ser prestado o trabalho.
1. As autoridades ou serviços empenhados no cum-
CAPÍTULO III primento dos deveres e regras de conduta impostos ao
Execução da Pena de Admoestação
condenado, nomeadamente a entidade a que se refere o n.º 2
ARTIGO 580.º do artigo anterior, devem, para os efeitos do disposto nos
(Admoestação) artigos 51.º, n.º 3, 52.º, n.º 3, 53.º e 54.º do Código Penal,
1. A admoestação é proferida em seguida à leitura de sen- comunicar ao Tribunal o incumprimento daqueles deveres e
tença, em caso de renúncia ao recurso. regras de conduta.
2. Se o Ministério Público, o arguido e o assistente não 2. O Tribunal toma, por despacho, a decisão que ao
renunciarem ao recurso, a admoestação só é proferida depois caso couber, depois de ouvir o condenado e após parecer do
de a sentença condenatória transitar em julgado. Ministério Público.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5539

3. Se o condenado a quem tiver sido suspensa a execu- 3. A licença de condução pode também ser entregue em
ção da pena cometer, durante o período da suspensão, crime qualquer posto policial que, no mais curto período de tempo
pelo qual vier a ser condenado, o Tribunal que o condenou possível, a deve remeter à secretaria do Tribunal.
comunica imediatamente, para os efeitos da alínea b) do 4. Na falta de entrega da licença, nos termos dos n.os 2 e
n.º 1, e do n.º 2 do artigo 54.º, a que alude o n.º 1, ao Tribunal 3, o Tribunal ordena a sua apreensão.
da execução, remetendo-lhe cópia da sentença condenatória. 5. A licença de condução só é entregue ao seu titular
4. Se, posteriormente ao despacho que declarou sem depois de decorrido o tempo de proibição de conduzir.
HIHLWR D VXVSHQVmR GD H[HFXomR GD SHQD VH YHUL¿FDU TXH R 6. Se a licença de condução tiver sido emitida em país
FRQGHQDGRTXHGHODEHQH¿FLRXFRPHWHXGXUDQWHRSHUtRGR estrangeiro, depois de entregue ou apreendida é reme-
de suspensão, crime pelo qual foi condenado, que revele que tida ao serviço competente de viação e trânsito que anota a
proibição.
DV¿QDOLGDGHVTXHGHWHUPLQDUDPDVXVSHQVmRQmRSXGHUDP
7. Se não for entregue ou não for possível a apreensão
por meio dela, ser alcançadas, aquele despacho é livremente
e consequente anotação, a secretaria do Tribunal comunica,
revogável, cumprindo-se o disposto no n.º 2 do artigo 54.º
por intermédio do serviço competente de viação e trânsito,
do Código Penal.
a aplicação da pena acessória de proibição de conduzir veí-
TÍTULO IV culos motorizados ao organismo que emitiu a licença de
Execução das Penas Acessórias condução.
ARTIGO 586.º
ARTIGO 584.º
(Execução da pena de expulsão do território nacional)
(Suspensão e proibição)
1. A sentença que decretar a pena acessória de expulsão
1. A decisão que aplicar a pena acessória de proibição
GRWHUULWyULRQDFLRQDOGHYHHVSHFL¿FDU
ou suspensão de exercício de funções públicas é dada a
a) Os fundamentos da expulsão;
conhecer ao responsável do serviço ou organismo de que o b) O prazo para a execução da expulsão;
condenado depender. c) O prazo de interdição de entrada no território ango-
2. A decisão que aplicar a pena acessória de suspensão ou lano, nunca inferior a cinco anos;
proibição de actividade que depender de título público ou de d) O País para onde o cidadão estrangeiro deve ser
autorização ou homologação de autoridade pública é dada expulso.
DFRQKHFHUDRRUJDQLVPRSUR¿VVLRQDOHPTXHRFRQGHQDGR 2. O Ministério Público remete, no prazo de 5 dias a con-
estiver inscrito ou à entidade competente para a autorização tar do trânsito em julgado, cópia da sentença que aplicou a
ou homologação, conforme o caso. pena acessória de expulsão do território nacional:
3. O Tribunal pode ordenar a apreensão dos documentos a) Aos serviços prisionais ou equiparados que tenham
o condenado sob custódia, para a competente
TXHWLWXODUHPDSUR¿VVmRRXDFWLYLGDGHH[HUFLGDSHORWHPSR
remessa do condenado ao Centro de Trânsito de
que durar a proibição.
Estrangeiros Ilegais, observado o prazo a que se
4. O Tribunal comunica aos serviços competentes de
refere a alínea b) do número anterior;
recenseamento eleitoral em que o condenado se encontrar b) Ao Serviço de Migração e Estrangeiros, para a
inscrito ou dever inscrever-se, a sua incapacidade eleitoral. abertura do processo de execução;
5. O Tribunal comunica à conservatória do registo civil c) Aos serviços de segurança e ordem interna com-
onde estiver lavrado o registo de nascimento do condenado, petentes para a inscrição do expulsando na lista
a incapacidade deste para exercer o poder paternal, a tutela, nacional de pessoas indesejáveis;
a curatela ou a administração de bens. d) Às autoridades competentes do país para onde o
6. O Tribunal ordena, para além do disposto nos núme- cidadão estrangeiro vai ser expulso.
ros anteriores, as providências que se mostrarem necessárias 3. Decretada a pena acessória de expulsão, o juiz de exe-
para se executar a pena acessória. cução de penas ordena a sua execução logo que cumpridos:
a) Metade da pena, nos casos de condenação em pena
ARTIGO 585.º
igual ou inferior a cinco anos de prisão;
(Proibição de conduzir)
b) Dois terços da pena, nos casos de condenação em
1. O Tribunal comunica ao serviço competente de viação pena superior a cinco anos de prisão.
e trânsito a pena acessória de proibição de conduzir veículos 4. O juiz de execução de penas pode, sob proposta fun-
motorizados aplicada ao condenado. damentada do director do estabelecimento prisional, e sem
2. O condenado na pena acessória de proibição de condu- oposição do condenado, decidir a antecipação da execução
zir veículos motorizados entrega na secretaria do Tribunal, da pena acessória de expulsão logo que cumprido um terço
no prazo de 10 dias a contar do trânsito em julgado da sen- da pena, nos casos de condenação em pena igual ou inferior
tença, a licença de condução, no caso de esta não se encontrar a cinco anos de prisão e desde que esteja assegurado o cum-
já apreendida no processo. primento do remanescente da pena no País de destino.
5540 DIÁRIO DA REPÚBLICA

5. A pena acessória de expulsão pode ser executada ainda ARTIGO 589.º


(Processo individual)
que o condenado se encontre em liberdade condicional.
6. Cabe aos serviços competentes, em coordenação com 1. O estabelecimento em que é cumprida a medida de
as autoridades policiais, a execução da sentença de expulsão internamento organiza um processo individual, onde devem
proferida pelos Tribunais. ser registados ou a que devem ser juntos todos os elementos
7. Os processos de expulsão são de carácter urgente e e comunicações recebidos do Tribunal, as cópias dos relató-
tem prioridade sobre os demais. rios de avaliação a que se refere o número seguinte e todos
8. Aplica-se, para efeitos de despesas de execução da os dados úteis à mesma avaliação.
pena acessória de expulsão do território nacional, o disposto 2. Sempre que o Tribunal o solicitar e, obrigatoriamente,
em lei. de ano a ano, o estabelecimento a que se refere o número
9. O cidadão estrangeiro condenado na pena de expulsão anterior remete ao Tribunal que o decretou o internamento
é mantido no Centro de Trânsito de Estrangeiros Ilegais até um relatório de avaliação dos resultados da medida que o
a sua saída do território nacional. internamento teve sobre a perigosidade.
10. O trânsito em julgado da sentença que decretar a 3. O processo individual acompanha o internado, se este
expulsão do território nacional obriga à inscrição do conde- for transferido para outro estabelecimento.
nado em lista nacional de pessoas indesejáveis. ARTIGO 590.º
11. Em tudo quanto não esteja especialmente previsto (Revisão e reexame do internado)
no presente Código, observa-se o disposto no artigo 68.º do 1. Até dois meses antes da data estimada para a revisão
Código Penal e os termos do processo de expulsão previsto obrigatória da situação do internado a que se refere o n.º 2 do
no regime jurídico dos estrangeiros em Angola, com as devi- artigo 103.º do Código Penal, o Tribunal ordena:
das adaptações. a) Perícia psiquiátrica ou exame sobre a personali-
TÍTULO V dade do internado, devendo o relatório ser-lhe
Execução de Medidas de Segurança remetido dentro do prazo de 30 dias, a contar
da data em que a perícia ou exame forem efec-
CAPÍTULO I tuados;
Execução de Medidas de Segurança b) As diligências que entender úteis para a decisão
Privativas de Liberdade DWRPDURUGHQDGDVR¿FLRVDPHQWHRXDUHTXHUL-
ARTIGO 587.º mento do Ministério Público, do internado ou do
(Internamento) seu defensor.
2LQtFLRHR¿PGRLQWHUQDPHQWRVmRRUGHQDGRVSHOR 2. A perícia obrigatória ou o exame sobre a personalidade
Tribunal através de mandado do respectivo juiz. deve realizar-se, na medida do possível, no estabelecimento
2. A decisão que ordenar o internamento indica o tipo em que se encontrar o internado.
de estabelecimento onde deve ser cumprido e, quando for o 3. À revisão obrigatória a que se refere o n.º 2 do artigo
caso, a respectiva duração, máxima e mínima. 103.º do Código Penal devem estar presentes e ser ouvidos o
ARTIGO 588.º Ministério Público, o internado e o seu defensor.
(Comunicação da sentença) 4. A presença do internado é dispensada se, em razão do
1. O Ministério Público envia, no prazo de 5 dias a seu estado de saúde, a audição se tornar inútil ou não puder
contar do trânsito em julgado, aos serviços prisionais e de realizar-se.
reinserção social e ao estabelecimento de cura, tratamento 5. É aplicável, com as devidas adaptações, o disposto nos
ou segurança em que o internamento vai ter lugar, cópia da n.os 1, 2, 3 e 4 do presente artigo à decisão sobre a pror-
sentença que aplicou a medida de segurança privativa de rogação do internamento prevista no n.º 3 do artigo 102.º
liberdade. do Código Penal e ao reexame previsto no artigo 106.º do
2. O Ministério Público informa as entidades a que se mesmo diploma.
refere o número anterior das: 6. O Tribunal pode aplicar, com as devidas adaptações, o
a) Datas estimadas para a revisão da situação do disposto nos n.os 1, 3 e 4 do presente artigo à revisão que for
internado; requerida, assim como solicitar aos serviços de reinserção
b) Alterações que ela vier a sofrer e das medidas que, social o relatório a que se refere o n.º 2.
em consequência, vierem a ser tomadas, nos ARTIGO 591.º
termos dos artigos 103.º e seguintes do Código (Revogação da liberdade para prova)

Penal. 1. À revogação da liberdade para prova, prevista no


3. Em caso de recurso da decisão que tiver aplicado a artigo 105.º do Código Penal, é correspondentemente aplicá-
medida de segurança de internamento a um arguido preso, o vel o disposto no artigo 583.º do presente Código que regula
Ministério Público envia, com a cópia da decisão, a informa- o não cumprimento dos deveres e regras de conduta na sus-
ção de que dela foi interposto recurso. pensão da execução da pena.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5541

2. São aplicáveis, com as devidas adaptações, as dispo- 3. O Tribunal que decretar a medida de cassação de
sições dos n.os 2 a 6 do artigo 573.º do presente Código que licença de porte de arma de fogo ou a de interdição de con-
regula a substituição da multa por prestação de trabalho. cessão de licença de porte de arma dá conhecimento da
$QWHVGDGHFLVmRWRPDGDGHDFRUGRFRPDSDUWH¿QDO cassação ou da interdição à entidade competente para o
licenciamento, advertindo-a de que ao agente sujeito a essas
do n.º 6 do artigo 109.º do Código Penal é sempre ouvido o
medidas não podem ser passadas quaisquer licenças de porte
defensor. de arma durante o respectivo período de vigência e prorro-
ARTIGO 592.º gações que ocorrerem.
(Outras disposições aplicáveis) 4. A medida de cassação de licença de porte de arma de
À medida de segurança de internamento são corres- fogo implica a obrigação de o agente a ela sujeita a entregar
pondentemente aplicáveis as disposições dos artigos 559.º, QDVHFUHWDULDGR7ULEXQDOQRSUD]RTXHRMXL]¿[DUVHQmR
tiver já sido apreendida e junta aos autos.
560.º, 561.º e 562.º que regulam, respectivamente, a con-
5. A prorrogação do período de vigência das medidas
tagem do tempo de prisão, o mandado de restituição à de segurança não privativas da liberdade e o reexame das
liberdade, o momento em que deve ser feita essa restituição circunstâncias que as determinaram, só podem ser decidi-
e as comunicações a fazer ao Tribunal. das depois de ouvidos o Ministério Público, o defensor e os
agentes a quem forem impostas, se, em relação a estes, o seu
CAPÍTULO II estado não tornar a diligência inútil ou desnecessária.
Execução da Pena e da Medida de Segurança
Privativa de Liberdade TÍTULO VI
Execução e Destino do Produto dos Bens Executados
ARTIGO 593.º
(Execução da pena de prisão e de medida de segurança ARTIGO 595.º
de internamento) (Lei aplicável)

1. Quando o arguido tiver sido condenado numa pena e A execução de bens em Processo Penal rege-se pelo
numa medida de segurança, ambas privativas da liberdade, e Código de Custas Judiciais e, subsidiariamente, pelo Código
DPHGLGDGHLQWHUQDPHQWRFKHJDUDR¿PDQWHVGHGHFRUUHUR de Processo Civil, em tudo quanto não estiver previsto no
presente Código.
tempo correspondente a metade da pena que lhe foi aplicada,
ARTIGO 596.º
nos termos dos n.os 2 e 3 do artigo 109.º do Código Penal,
(Ordem de pagamento)
o requerimento para que o Tribunal substitua o tempo de
Com o produto dos bens executados efectuam-se os
prisão necessária para perfazer aquela metade e poder colo-
pagamentos em dívida pela ordem seguinte:
car o agente em liberdade condicional deve ser apresentada
a) As multas;
60 dias antes da data calculada para a revisão obrigatória
b) As taxas de justiça;
ou, se ela for requerida por outra causa, no requerimento de
c) Os encargos liquidados a favor do Estado e do
revisão, nos termos do disposto no artigo 103.º do mesmo
Cofre Geral de Justiça;
diploma legal.
d) Os restantes encargos;
2. Se a prestação de trabalho não for revogada, o Tribunal
e) As indemnizações.
coloca o condenado em liberdade condicional, se ele der o
seu consentimento a esta pena de substituição, conforme se TÍTULO VII
dispõe no n.º 1 do artigo 59.º do Código Penal. Execução das Penas Acessórias Aplicáveis
3. Aplicam-se subsidiariamente as disposições pertinen- às Pessoas Colectivas
tes dos artigos 573.º e 574.º ARTIGO 597.º
(Publicidade da decisão condenatória)
CAPÍTULO III
1. Decorridos 8 dias sobre o trânsito em julgado da
Execução das Medidas de Segurança
sentença que determina a aplicação da pena acessória de
não Privativa de Liberdade
publicidade da decisão condenatória, o Tribunal deve proce-
ARTIGO 594.º der, mediante despacho:
(Formas de execução) a)¬D¿[DomRGHHGLWDOSUHYLVWRQRVWHUPRVHSDUDRV
1. Aplica-se, com as devidas adaptações, à execução da efeitos do n.º 2 do artigo 93.º do Código Penal;
medida de interdição de actividades o disposto nos n.os 2 e b) À determinação do meio de comunicação social
3 do artigo 584.º que regula a execução da pena acessória para a publicação;
de proibição ou suspensão de exercício de funções públicas. c) À determinação dos outros meios ou mecanismos
2. Aplica-se, com as necessárias adaptações, à execução julgados mais adequados à cautela dos efeitos
das medidas de segurança de cassação de licença de condu- subjacentes à condenação;
ção o disposto no artigo 585.º que regula a medida acessória d) À determinação das custas decorrentes da execu-
de proibição de conduzir veículos motorizados. ção da pena acessória.
5542 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. O despacho a que se refere o número anterior é ime- 2. O Tribunal de execução despacha imediatamente para
GLDWDPHQWH QRWL¿FDGR DR FRQGHQDGR H FRPXQLFDGR DRV RLQtFLRGHH[HFXomRGDSHQDDFHVVyULDQRWL¿FDQGRRFRQGH-
serviços responsáveis ou indicados para a execução da pena. nado e as demais partes interessadas na execução.
3. A publicidade da sentença condenatória é executada 3. No despacho a que se refere o número anterior o
QRSHUtRGRGHGLDVDFRQWDUGDQRWL¿FDomRGRGHVSDFKRD 7ULEXQDOSURFHGHjGHWHUPLQDomRGRVPHLRVGH¿VFDOL]DomR
que se refere o n.º 2, por conta do condenado e pelos meios do cumprimento da pena, aplicando-se com as necessárias
GH¿QLGRVQRGHVSDFKR adaptações o disposto nos n.os 2 e 3 do artigo anterior.
4. A execução da pena acessória de publicidade da 4. O Tribunal deve ainda determinar, por despacho:
sentença condenatória não depende da execução da pena a) A publicação da proibição no próprio estabeleci-
principal. mento comercial ou industrial ou no local de
ARTIGO 598.º exercício da actividade, por forma bem visível
(Injunção Judiciária) ao público, sempre que tal se mostrar útil ou
1. Ocorrido o trânsito em julgado da sentença que deter- QHFHVViULRDRFXPSULPHQWRRXj¿VFDOL]DomRGD
PLQH D DGRSomR GH SURYLGrQFLDV HVSHFt¿FDV GH FHVVDomR proibição;
da actividade ilícita ou das suas consequências, o pro- b) A obrigação de prestação necessária da informação
cesso é remetido à sala de execução da pena para efeitos de sobre a proibição aos clientes ou contraentes da
¿VFDOL]DomR
pessoa colectiva em questão, sempre que tal se
2. Feita a remessa do processo, o Tribunal procede ime-
mostrar útil ou necessário ao cumprimento ou
diatamente, por despacho, à determinação dos meios que se
PRVWUHPPHOKRUDGHTXDGRVD¿VFDOL]DomRGRFXPSULPHQWR j ¿VFDOL]DomR GD SURLELomR LQIRUPDomR H QmR
da pena acessória. atentar contra o exercício de actividades que
3. O Tribunal pode, nomeadamente: escapam ao âmbito da proibição;
a) Solicitar a remessa do comprovativo de cumpri- c) A comunicação do facto aos serviços responsáveis
mento da providência ordenada; pelo licenciamento da actividade interdita, para
b) Determinar, à expensas do condenado, a avaliação efeito de registo no cadastro e consequente sus-
pericial do cumprimento da pena, nos casos em pensão da licença para o exercício da actividade.
que esta se mostre necessária;
5. Decorrido o período de execução da pena, o Tribunal
c) Determinar a remessa periódica de relatórios de
elabora um relatório, podendo, para o efeito, solicitar a rea-
cumprimento da providência, durante o período
lização de diligências comprovativas do cumprimento da
em que a execução perdure;
d) Determinar, à expensas do condenado, a adjudica- mesma, sendo aplicável o disposto nos n.os 4, 5 e 6 do artigo
omRGHXPSHULWRSDUDD¿VFDOL]DomRSUHVHQFLDO anterior.
ou regular do cumprimento da providência, 6. As custas de execução da pena acessória correm por
durante o período em que a execução perdure; conta do condenado.
e) Determinar a adopção de outros procedimentos de ARTIGO 600.º
¿VFDOL]DomRDGPLVVtYHLVSRUOHL (Privação do direito a subsídios, subvenções ou incentivos)
 'HFRUULGR R SHUtRGR ¿[DGR SDUD D H[HFXomR GD SUR- 1. A decisão que determine a privação do direito a sub-
YLGrQFLD QRV WHUPRV GH¿QLGRV SHOD VHQWHQoD R 7ULEXQDO sídios, subvenções ou incentivos outorgados pelo Estado e
HODERUDXPUHODWyULR¿QDOGHH[HFXomRGDSHQDDFHVVyULDR GHPDLV SHVVRDV FROHFWLYDV S~EOLFDV p QRWL¿FDGD DRV VHUYL-
qual é autuado ao processo de execução da pena principal.
oRVGDDGPLQLVWUDomR¿QDQFHLUD¿VFDOHDGXDQHLUDGR(VWDGR
2UHODWyULRGHYHHVSHFL¿FDUFRPFODUH]DRMXt]RVREUHR
imediatamente após o trânsito em julgado da sentença, para
cumprimento ou incumprimento da pena acessória, podendo
efeitos de execução.
circunscrever, sendo caso disso, os vários relatórios periódi-
cos de cumprimento da providência cuja execução se protele 6HPSUHMXt]RGDQHFHVVLGDGHGHQRWL¿FDomRGRVVHUYL-
no tempo. oRVFHQWUDLVGHDGPLQLVWUDomR¿QDQFHLUD¿VFDOHDGXDQHLUD
6. Ao incumprimento das providências a que se refere o do estado, o Tribunal pode privilegiar a comunicação do
n.º 1, atestado em sede do relatório a que se refere o número facto aos serviços locais respectivos e outros que se mos-
anterior, aplica-se o disposto no artigo 341.º do Código Penal, trem necessários para acautelar o efeito útil da decisão.
sem prejuízo de outras disposições legalmente aplicáveis. 3. O Tribunal pode ainda determinar, por despacho:
ARTIGO 599.º a) A publicação da privação mediante o meio de
(Proibição de celebração de contratos) comunicação que se mostrar útil ou necessário
1. Ocorrido o trânsito em julgado da sentença que deter- DRFXPSULPHQWRRXj¿VFDOL]DomRGDSURLELomR
mine a proibição de celebração de determinado tipo de b) A obrigação de prestação necessária da informação
contratos, ou da celebração de contratos com determinadas sobre a privação nos procedimentos negociais
entidades, o processo é remetido à sala de execução de penas realizados com o estado e demais pessoas colec-
SDUDHIHLWRVGH¿VFDOL]DomR tivas públicas.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5543

4. Ao incumprimento sentença a que se refere o n.º 1 c) A comunicação do facto aos serviços responsáveis
aplica-se o disposto no artigo 341.º do Código Penal, sem pelo licenciamento da actividade interdita, para
prejuízo de outras disposições legalmente aplicáveis. efeito de registo do facto no cadastro e conse-
ARTIGO 601.º quente revogação da licença para o exercício da
(Interdição do exercício de actividades) actividade;
1. Ocorrido o trânsito em julgado da sentença que deter- d) A publicidade da interdição mediante o recurso
mine para a pessoa colectiva condenada a inibição do a um meio de comunicação que se mostre útil
exercício de determinadas actividades, o processo é reme- ou necessário ao conhecimento da mesma pelos
tido ao Tribunal de execução para efeitos de execução e destinatários da actividade interdita, bem como
¿VFDOL]DomRGDSHQD DRFXPSULPHQWRRXj¿VFDOL]DomRGDSURLELomR
2. A sala de execução da pena despacha imediatamente 6. Decorrido o período de execução da pena, o Tribunal
elabora um relatório sobre o cumprimento da mesma, sendo
SDUD R LQtFLR GH H[HFXomR GD SHQD DFHVVyULD QRWL¿FDQGR
aplicável o disposto nos n.os 4, 5 e 6 do artigo 598.º
o condenado e as demais partes interessadas na execução,
7. Declarado o cumprimento da pena acessória de caracter
nomeadamente:
provisório, o facto é comunicado aos serviços responsáveis
a) Os serviços competentes do registo comercial ou pelo registo e licenciamento da actividade interdita para o
outro, para efeitos de consideração registal do levantamento dos incidentes suspensivos do exercício da
facto, se determinado por lei e sempre que a actividade que tiverem sido realizados.
LQWHUGLomRIRUGH¿QLWLYDjOX]GRQžGRDUWLJR 8. A pessoa colectiva contra quem seja decretada a inter-
99.º do Código Penal; GLomR GH¿QLWLYD GR H[HUFtFLR GH DFWLYLGDGH H TXH WHQKD
b) Os serviços responsáveis pelo licenciamento da interesse na reabilitação deve, em recurso do despacho que
actividade interdita, para efeito de consideração determina o início da execução, manifestar o interesse na
no cadastro e consequente suspensão ou revo- avaliação periódica do cumprimento da pena acessória.
gação da licença para o exercício da actividade; 9. A admissibilidade do recurso a que se refere o número
anterior é decidida no prazo de 5 dias, sendo o respectivo
c)2VVHUYLoRVGH¿VFDOL]DomRGRVHFWRUGHDFWLYLGDGH
despacho junto ao processo de execução da pena acessória.
para os devidos efeitos;
10. Diferida a solicitação, o Tribunal subordina a pessoa
3. O Tribunal de execução deve, no despacho a que se
colectiva à remessa de relatórios periódicos, sendo aplicável
UHIHUHRQ~PHURDQWHULRUHWUDWDQGRVHGHLQWHUGLomRGH¿QL- com as necessárias adaptações o disposto nos n.os 4, 5 e 6 do
WLYD GR H[HUFtFLR GD DFWLYLGDGH SURPRYHU R¿FLRVDPHQWH D artigo 599.º
alteração obrigatória do pacto social, estatuto, instrumentos 11. As custas de execução da pena acessória correm por
equiparados e/ou conexos com estes, com vista a supressão conta do condenado.
da actividade interdita do objecto social da pessoa colectiva. ARTIGO 602.º
4. No despacho a que se refere o número anterior o (Reabilitação da pessoa colectiva ou entidade equiparada)

Tribunal pode proceder à determinação de outros meios de 1. O pedido para a reabilitação da pessoa colectiva ou
¿VFDOL]DomRGRFXPSULPHQWRGDSHQDDSOLFDQGRVHFRPDV HQWLGDGHHTXLSDUDGDGH¿QLWLYDPHQWHLQWHUGLWDGHYHVHUGLUL-
necessárias adaptações o disposto nos n.os 2 e 3 do artigo 598.º gido ao Tribunal que a condenou.
5. O Tribunal pode ainda determinar, por despacho: 2. O requerimento para a reabilitação da pessoa colec-
tiva ou entidade equiparada deve, sem prejuízo de outros
a) A publicação da interdição no próprio estabele-
HOHPHQWRVHVSHFL¿FDPHQWHFRQWHU
cimento comercial ou industrial ou no local de
a)$HVSHFL¿FDomRGDVHQWHQoDFRQGHQDWyULD
exercício da actividade, por forma bem visível
b) A prova do cumprimento integral da pena princi-
ao público, sempre que tal se mostrar útil ou
pal;
QHFHVViULRDRFXPSULPHQWRRXj¿VFDOL]DomRGD
c) A prova do decurso necessário de 5 anos sob o
proibição;
cumprimento integral da pena principal;
b) A obrigação de prestação necessária da informação d) O relatório periódico de cumprimento da pena
sobre a proibição aos clientes ou contraentes da acessória, emitido pelo Tribunal de execução;
pessoa colectiva em questão, sempre que tal se e) A fundamentação do pedido de reabilitação;
PRVWUDUH¿FD]RXQHFHVViULRDRFXPSULPHQWRRX f) A declaração de compromisso sobre o não cometi-
j ¿VFDOL]DomR GD SURLELomR LQIRUPDomR H QmR mento dos crimes que motivaram a condenação.
atentar contra o exercício de actividades que 2UHTXHULPHQWRpQRWL¿FDGRjVSDUWHVLQWHUHVVDGDVDV
escapam ao âmbito da proibição; quais podem deduzir oposição no período de 15 dias.
5544 DIÁRIO DA REPÚBLICA

4. A tramitação da reabilitação segue os termos previstos a) Os serviços competentes do registo comercial ou


no presente Código para o recurso de revisão. outro, para efeitos de consideração registal do
$GHFLVmRTXHGH¿UDRSHGLGRGHUHDELOLWDomRpFRPXQL- facto, se tal for determinado por lei;
cada aos serviços responsáveis pelo registo e licenciamento b) Os serviços responsáveis pelo licenciamento do
da actividade interdita, para efeito de levantamento dos inci- estabelecimento interdito, para efeito de registo
dentes proibitivos do exercício da actividade. no cadastro e revogação da licença para o exer-
ARTIGO 603.º cício da actividade;
(Encerramento provisório de estabelecimento)
c)2VVHUYLoRVGH¿VFDOL]DomRGRVHFWRUGHDFWLYLGDGH
1. Ocorrido o trânsito em julgado da sentença que deter- SDUD GLOLJHQFLDU R¿FLRVDPHQWH R FXPSULPHQWR
mine o encerramento provisório de um estabelecimento, de da pena;
alguns estabelecimentos ou de todos os estabelecimentos
d) Demais serviços.
afectos à determinada pessoa colectiva, o processo é reme-
2. O Tribunal ordena, igualmente, a publicação da deci-
tido ao Tribunal de execução para efeitos de execução e
VmR GH HQFHUUDPHQWR GH¿QLWLYR QRV ORFDLV GH DFHVVR DR
¿VFDOL]DomRGDSHQD
estabelecimento ou estabelecimentos encerrados.
2. O Tribunal de execução despacha imediatamente
3. A pessoa colectiva condenada na pena de encerra-
SDUD R LQtFLR GH H[HFXomR GD SHQD DFHVVyULD QRWL¿FDQGR
PHQWRGH¿QLWLYRGRHVWDEHOHFLPHQWRHTXHWHQKDLQWHUHVVHQD
o condenado e as demais partes interessadas na execução,
reabilitação deve, em recurso do despacho a que se refere o
nomeadamente:
n.º 1, manifestar o interesse na avaliação periódica do cum-
a) Os serviços competentes do registo comercial ou
primento da pena acessória, sendo aplicável o disposto nos
outro, para efeitos de consideração registal do
n.os 9 e 10 do artigo 601.º
facto, se tal for determinado por lei;
4. A pessoa colectiva interessada interpõe o compe-
b) Os serviços responsáveis pelo licenciamento do
tente pedido de reabilitação ao Tribunal responsável pela
estabelecimento interdito, para efeito de registo
condenação.
no cadastro e consequente suspensão da licença
5. O requerimento para a reabilitação da pessoa colectiva
para o exercício da actividade;
GHYH VHP SUHMXt]R GH RXWURV HOHPHQWRV HVSHFL¿FDPHQWH
c)2VVHUYLoRVGH¿VFDOL]DomRGRVHFWRUGHDFWLYLGDGH
conter:
SDUD GLOLJHQFLDU R¿FLRVDPHQWH R FXPSULPHQWR
a)$LGHQWL¿FDomRGDVHQWHQoDFRQGHQDWyULD
da pena.
b) A prova do cumprimento integral da pena principal;
3. O Tribunal pode ainda determinar, por despacho, a
c) A prova do decurso necessário de 5 anos sob o
publicação da decisão de encerramento nos locais de acesso
cumprimento integral da pena principal;
ao estabelecimento ou estabelecimentos encerrados.
$SOLFDVHSDUDHIHLWRVGH¿VFDOL]DomRGRFXPSULPHQWR d) O relatório periódico de cumprimento da pena
da medida o disposto nos n.os 2 e 3 do artigo 598.º do pre- acessória, emitido pelo Tribunal de execução,
sente Código. nos termos do n.º 3;
5. Aplica-se, com as devidas adaptações, o disposto nos e) A fundamentação do pedido de reabilitação;
n.os 4, 5 e 6 do artigo 598.º f) A declaração de compromisso sobre o não cometi-
6. Declarado o cumprimento da pena acessória de caracter mento dos crimes que motivaram a condenação.
provisório, o facto é comunicado aos serviços responsáveis 2UHTXHULPHQWRpQRWL¿FDGRjVSDUWHVLQWHUHVVDGDVDV
pelo registo e licenciamento do estabelecimento temporaria- quais podem deduzir oposição no período de 15 dias.
mente encerrado para o levantamento da proibição. 7. A tramitação da reabilitação segue os termos previstos
7. As custas de execução da pena acessória, se as houver, no presente Código para o recurso de revisão.
correm por conta do condenado. $GHFLVmRTXHGH¿UDRSHGLGRGHUHDELOLWDomRpFRPXQL-
ARTIGO 604.º cada aos serviços responsáveis pelo registo e licenciamento
(QFHUUDPHQWRGH¿QLWLYRHUHDELOLWDomR da actividade interdita, para efeito de levantamento da
1. A decisão com trânsito em julgado que determine proibição.
R HQFHUUDPHQWR GH¿QLWLYR GR HVWDEHOHFLPHQWR DIHFWR j O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da
GHWHUPLQDGDSHVVRDFROHFWLYDpPDQGDGDQRWL¿FDULPHGLDWD- Piedade Dias dos Santos.
mente, por despacho do Tribunal competente para execução O Presidente da República, -ඈඞඈ 0ൺඇඎൾඅ *ඈඇඡൺඅඏൾඌ
ao condenado e às partes interessadas, nomeadamente: /ඈඎඋൾඇඡඈ

O. E. 1456 - 11/179 - 150 ex. - I.N.-E.P. - 2020

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