Possui uma visão garantista englobando na elaboração da lei penal. Sua principal finalidade é tratar a pessoa com dignidade para terem seus direitos e garantias.
• O direito penal do inimigo: o termo direito
penal do inimigo, foi criado pelo alemão Gunther
Jacobs em 1985. É um modelo teórico de política criminal que estabelece a necessidade de separar da sociedade, excluindo das garantias e direitos fundamentais aqueles que o estado considera como inimigos.
O garantismo penal- Luigi ferrajoli
Luigi Ferrajoli, jurista e professor italiano, foi o grande responsável pela criação da teoria garantista que prevê o respeito as garantias penais e processuais. o autor, a partir de heranças do Movimento iluminista, levantou um vasto e durável debate sobre a importância da proteção das garantias do cidadão e utilizou o campo penal para demonstrar a tensão existente entre liberdades e poder. A expressão garantismo foi introduzida no meio jurídico no contexto italiano dos anos 1970. Nesse sentido, o garantismo seria sinônimo de “Estado Constitucional de Direito” Com efeito, a chamada “teoria geral do garantismo”
O garantismo vem do verbo “garantir” e significa assegurar ou tutelar algo. No caso da teoria, o objeto sob o qual recai essa proteção são os direitos da pessoa humana, como: direito à vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. Dessa forma, o garantismo pode ser entendido, segundo a teoria de Ferrajoli, como uma corrente jurídica que prega o respeito máximo aos direitos fundamentais e às garantias processuais, a fim de coibir arbitrariedades judiciais e assim, proteger os indivíduos e os réus. Com isso ela passa a exigir uma interpretação (e aplicação) das normas conforme a Constituição. A teoria serve como instrumento de proteção dos direitos fundamentais e contra penas arbitrárias, e que busca, ao mesmo tempo, minimizar a violência na sociedade. Deve-se entender aqui que a violência considerada pode ser: a criminal, que se manifesta por meio da prática de crimes em sociedade A institucional, praticada em instituições prestadoras de serviços públicos como nas delegacias ou no judiciário; e a dos aparatos repressivos, quando instrumentos são criados para conter, deter e punir os indivíduos. De modo geral, a preocupação é com a contenção da violência, seja a advinda dos particulares, seja a produzida pelo próprio Estado. O estado possui o “poder” e utiliza-se do uso legítimo da força pois pode restringir legalmente e, em casos de excessos, ameaçar (tirar) a liberdade dos indivíduos. o garantismo penal está comprometido em assegurar os direitos dos indivíduos e controlar o poder de punir do Estado. Por esse motivo, ele também possui pressupostos essenciais: as garantias penais e processuais. As garantias penais são princípios do próprio direito penal que afetam a configuração legal dos delitos e tendem a reduzir a esfera de atuação do Poder Legislativo naquilo que ele pode sancionar como crime e imputar determinada pena. Algumas dessas são: • taxatividade: isso significa que não basta existir uma lei que defina uma conduta como crime, tal norma incriminadora deve ser clara e compreensível, permitindo aos indivíduos a real consciência acerca da conduta punível; • materialidade: isso significa que para constar a existência de um delito deve existir elementos físicos que comprovem a ação ou omissão do indivíduo e atestem a lesão; • legalidade: isso significa que não há crime sem lei anterior que o estabeleça; • princípio da ultima ratio: isso significa que o direito penal só deve atuar quando os outros meios de resolução dos conflitos falharem. As garantias processuais afetam a comprovação judicial do fato punível (crime) e procuram reduzir ao máximo o arbítrio de quem deve desempenhar a função de punir. Veja algumas delas: • presunção de inocência: isso significa que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; • contraditoriedade: isso significa que todo acusado terá o direito de resposta contra a acusação que lhe foi feita, utilizando, para tanto, todos os meios de defesa admitidos; • paridade de armas: isso significa que a igualdade de oportunidades deve ser garantida a ambas as partes em um processo; • in dubio pro reo: isso significa que, em casos de incerteza quanto à materialidade ou à autoria de um crime, há o benefício da dúvida ao réu ocasionando em sua absolvição; • ônus da prova: isso significa que a pessoa responsável por uma determinada afirmação é também aquela que deve oferecer as provas necessárias para sustentá-la; • publicidade: isso significa que os processos são públicos e a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social assim o exigirem; • juiz natural: isso significa que ninguém será sentenciado senão por autoridade competente, representando a garantia de um órgão julgador técnico e isento, com competência estabelecida na própria Constituição e nas leis de organização judiciária de cada Estado; • devido processo legal: isso significa que todos possuem o direito a um processo com todas as etapas previstas em lei e todas as garantias constitucionais; • O garantismo no Brasil O movimento garantista teve um índice maior na metade da década de 1980 e culminou na criação da constituição federal de 1988 também conhecida como constituição cidadã. Os dez axiomas do Garantismo Penal
Em sua obra clássica Direito e Razão , Luigi Ferrajoli elenca dez axiomas, que são valores, princípios garantidores de direitos mínimos do acusado que devem nortear tanto o Processo Penal quanto o Direito Penal. Tais axiomas não apenas servem para legitimar a punição, mas sobretudo são condicionantes para a existência da punição, uma vez que o poder de punir não pode ser ilimitado, devendo seu exercício ser limitado por regras claras Tais axiomas teriam sido idealizados ainda nos sistemas jusnaturalistas, mas incorporadas às constituições e codificações dos ordenamentos modernos, em maior ou menor grau. Cada axioma tutela um valores, como igualdade, liberdade pessoal contra arbitrariedades, direitos e liberdades políticas, certeza jurídica, controle público das intervenções punitiva, etc... São 10 os axiomas propostos por Ferrajoli:
• A1) Nulla poena sine crimine (Não há pena sem crime) Princípio da retributividadeou da consequencialidade da pena em relação ao delito
• A2) Nullum crimen sine lege (Não há crime sem lei) Princípio da legalidade, no sentido lato ou no sentido estrito
• A3) Nulla lex (poenalis) sine necessitate (Não há lei penal sem necessidade) Princípio da necessidade ou da economia do direito penal
• A4) Nulla necessitas sine injuria(Não há necessidade sem ofensa a bem jurídico) Princípio da lesividade ou ofensividade do evento
• A5) Nulla injuria sine actione (Não há ofensa ao bem jurídico sem ação) Princípio da materialidade ou da exterioridade da ação
• A6) Nulla actio sine culpa (Não há ação sem culpa) Princípio da culpabilidade ou da responsabilidade pessoal
• A7) Nulla culpa sine judicio ( Não há culpa sem processo) Princípio da jurisdicionalidade no sentido lato ou estrito
• A8) Nulla judicium sine accustone(Não há processo sem acusação) Princípio acusatório ou da separação ente o juiz e a acusação
• A9) Nulla accusatio sine probatione(Não há acusação sem prova) Princípio do ônus da prova ou da verificação
• A10) Nulla probatio sine defensione • Princípio do contraditório ou da defesa ou da falseabilidade.
Seguir os axiomas a risca é a receita do garantismo para o legítimo e bom exercício do Direito Penal, podendo haver discussão sobre o significado e alcance de cada um desses axiomas, destacando, ainda, que apenas sua positivação não é o suficiente, devendo seu respeito ser absoluto, tanto por outras leis quanto pela prática jurídica que muitas vezes abre mão de formalidades de maneira temerária.
Direito penal do inimigo
O termo Direito Penal do Inimigo é relativamente recente. Ele foi cunhado pelo jurista alemão Gunther Jakobs, em 1985. reconhecido mundo afora como um dos maiores criminalistas da atualidade, foi o responsável pela criação, em meados dos anos 80, do que hoje se conhece como direito penal do inimigo. É uma teoria de direito penal que, adorada por uns e odiada por tantos outros, se consolidou como questão de discussão obrigatória na academia.
Origem do Direito Penal do Inimigo O Direito Penal do Inimigo surgiu na Alemanha, com as idéias de Gunther Jakobs, professor de Filosofia do Direito e Direito Penal na renomada Universidade de Bonn. O termo original é Feindstrafrecht, que se opõe conceitualmente a Bürgerstrafrecht, o Direito Penal do Cidadão. O alemão é também responsável pela a criação do funcionalismo radical, corrente que outorga vultoso valor à norma como única maneira de proteção social. Para Jakobs, apenas a rigorosa e recorrente aplicação da lei é capaz de estabelecer na vida em comum as condutas esperadas por parte de seus indivíduos.
Conceito de Direito Penal do Inimigo
O conceito de Direito Penal do Inimigo significa que pessoas “inimigas da sociedade” não recebem as mesmas garantias, remédios e benefícios concedidos pelo Direito Penal àqueles considerados cidadãos. Alguns exemplos de inimigos seriam os terroristas e os membros de grupos do crime organizado e máfias. Jacobs defende, portanto, uma espécie de despersonalização daqueles indivíduos que apresentam potencial diferente de periculosidade para a sociedade. Eles não são privados de todos os seus direitos mas, em certos aspectos, são desprovidos dos mesmos direitos que um verdadeiro cidadão usufrui. Esse conceito apoia-se em três pilares: • A sanção referenciada não no ato já cometido, mas no ato futuro; • A sanção desproporcional em relação ao delito ou ao seu potencial lesivo; • A legislação específica para estes indivíduos considerados “inimigos da sociedade”.
Também há mais dois pontos essenciais dessa teoria:
• Flexibilização ou eliminação de certas garantias do Processo Penal para determinados tipos penais; • Criação de tipos penais e sanções vagas, para dar mais liberdade ao poder judiciário na aplicação da lei.
O Direito Penal do Inimigo é uma alternativa para prevenir a ocorrência de certos crimes, com uma exacerbação do caráter punitivo da Justiça. É uma teoria que vai justamente na direção oposta de outras tendências, como a justiça restaurativa. Por esse motivo, ele encontra algum apoio da sociedade, especialmente quando existe um clima de insegurança. Ele pode ser observado mais claramente nos ordenamentos jurídicos de países como a Espanha e os EUA.
Direito Penal do Inimigo no ordenamento jurídico
brasileiro
Nota-se uma influência do Direito Penal do Inimigo
sobre o ordenamento jurídico brasileiro. Percebemos essa tendência tanto no Código Penal quanto em leis esparsas, como a Lei de Drogas, a Lei de Crimes Ambientais e o Estatuto do Desarmamento. Um exemplo do Direito Penal do Inimigo no ordenamento jurídico do Brasil esteja no Código de Processo Penal. No art. 312 do CPP, autoriza-se a prisão preventiva, com a intenção de manter a ordem e garantir que a lei penal seja aplicada através do processo. No Código Penal, outro exemplo é o artigo 288, que tipifica a formação de quadrilhas. Neste artigo, aplica-se uma sanção ao que é mero preparativo – ou seja, pune-se antes de um ato criminal ser cometido de fato.
Nas leis esparsas, temos o exemplo do artigo 33,
§1º, I da Lei de Drogas, que comina sanção a vários atos envolvendo matéria-prima que pode ser usada na fabricação de drogas. Mais uma vez, pune-se antes do ato, já que o tipo não envolve drogas, mas apenas matéria-prima que talvez leve à sua produção.
Quem é o inimigo?
Para Jakobs, o inimigo é aquele que desafia as
convenções da sociedade estabelecidas. dessa forma, ameaça a estrutura estatal buscando a sua destruição. Por não respeitar os regramentos próprios do estado democrático, esse indivíduo não faz jus aos direitos e garantias fundamentais aplicáveis aos cidadãos. O inimigo não é simplesmente o criminoso habitual ou aquele que pratica pequenos e médios delitos, mas sim aquele que abdicou totalmente dos preceitos da vida em sociedade, vinculando-se a organizações criminosas e/ou terroristas, pondo em risco as convenções da coletividade.
O que é a teoria do direito penal do inimigo?
Desde o início, impõe-se ao inimigo a perda dos seus direitos
por não restar enquadrado como cidadão. Tira-se as garantias processuais de ampla defesa, duplo grau de jurisdição, e sendo viável nesse modelo até práticas de tortura para se obter os fins condenatórios ou anteceder eventuais atos terroristas.
Exemplo prático de uso do direito penal do inimigo
O USA PATRIOT Act é uma lei antiterrorista que, com
inspiração no modelo de Jakobs, impunha exatamente essas restrições de direitos e legalizou inclusive a tortura, talvez o mais grave abuso de liberdades civis na história Estados Unidos. O ponto de atenção sobre esse tipo de lei é que geralmente é abarcada por um viés populista, respaldada no medo da população diante da ineficiência do estado em propiciar uma efetiva política de combate ao crime. Movimentos assim podem acontecer gradativamente ou de maneira abrupta, como diante de ataques terroristas, por exemplo. O problema maior é que uma vez concedida tal prerrogativa ao estado, de modo ilimitado e sem mecanismos de controle, fica inviável exercer a cidadania em sua plenitude. O que se viu posteriormente é que a lei americana abriu as portas para que o governo violasse as liberdades de todos fundamentando em qualquer ilação mínima que chegasse ao seu conhecimento. Os resultados dessa guerra só o tempo trará as reais respostas.
Direito penal do inimigo no Brasil
Exatamente como está posta em sua concepção
original, a teoria do direito penal do inimigo é totalmente incompatível com o ordenamento jurídico brasileiro. Os direitos e garantias direcionados aos indivíduos como um todo estão previstos em cláusulas pétreas da Constituição Federal e por tal não podem ser sequer objetos de deliberação de emenda. teoria do direito penal do inimigo busca, a sua maneira, uma solução para a ineficiência estatal no combate e repressão aos crimes. Contudo, ela aposta em uma separação conceitual dos membros da sociedade entre os “cidadãos” e os “inimigos” que, após a superação de algumas etapas evolutivas no contexto criminoso, perderiam o status de sujeitos de direitos perante os demais. Os inimigos, por sua vez, ao perder seus direitos e garantias, poderiam sofrer uma aplicação mais célere e rigorosa da lei, com tratamento rígido especificamente aplicado aos seus casos. • A teoria do direito penal do inimigo busca, a sua maneira, uma solução para a ineficiência estatal no combate e repressão aos crimes. Contudo, ela aposta em uma separação conceitual dos membros da sociedade entre os “cidadãos” e os “inimigos” que, após a superação de algumas etapas evolutivas no contexto criminoso, perderiam o status de sujeitos de direitos perante os demais. Os inimigos, por sua vez, ao perder seus direitos e garantias, poderiam sofrer uma aplicação mais célere e rigorosa da lei, com tratamento rígido especificamente aplicado aos seus casos. o direito penal do inimigo é totalmente antagônico ao garantismo penal, se mostrando incompatível com essencialmente todos os ordenamentos jurídicos modernos, onde cada vez mais se privilegiam as liberdades individuais em detrimento do estado absoluto.
Conclusão: Na minha opinião a lei deve ser aplicado conforme o tipo de crime As duas teorias de fato regem por diferentes opiniões a teoria do garantismo penal ajuda o “bandido” já a do direito do penal do inimigo o condena com duras penas. Então na minha opinião o direito penal do inimigo prevalece pois todos nós temos livre Arbítrio para suas escolhas então “fez tem que pagar” ……….
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