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Quarta-feira, 11 de Novembro de 2020 I Série – N.

º 179

DIÁRIO DA REPÚBLICA
ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Preço deste número - Kz: 7.480,00
7RGD D FRUUHVSRQGrQFLD TXHU R¿FLDO TXHU ASSINATURA 2SUHoRGHFDGDOLQKDSXEOLFDGDQRV'LiULRV
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©,PSUHQVDª $VpULH        .] GD,PSUHQVD1DFLRQDO(3

SUMÁRIO Angolano que tutele os bens jurídicos essenciais à


salvaguarda do Estado e dos cidadãos, bem como do desen-
Assembleia Nacional volvimento das instituições;
Lei n.º 38/20: Impondo-se que se adopte um Código Penal adequado
Aprova o Código Penal Angolano. — Revoga o Código Penal de aos princípios e valores fundamentais em que assenta a
1886, os diplomas legais que substituíram qualquer dos seus pre-
ceitos e todas as disposições legais que prevejam ou punam
República de Angola, consagrados na Constituição, aos pro-
factos incriminados pelo presente Código Penal e toda a legis- gressos da ciência do direito penal e às fundamentais linhas
lação que contrarie o Código Penal aprovado pela presente orientadoras da política criminal moderna;
Lei, nomeadamente os artigos 1.º a 6.º e o parágrafo único do
artigo 10.º da Lei n.º 11/75, de 15 de Dezembro, os artigos 4.º,
A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo,
7.º, 12.º a 15.º, 17.º, 19.º, 20.º, 22.º, 23.º, 24.º e 33.º do Decreto ao abrigo das disposições conjugadas das alíneas b), c) e e)
n.º 231/79, de 26 de Julho, a Lei n.º 4/77, de 25 de Fevereiro, a do artigo 164.º da Constituição da República de Angola, a
Lei n.º 23/10, de 3 de Dezembro, o artigo 33.º da Lei n.º 9/81,
de 2 de Novembro, os n.os 1 e 3 do artigo 14.º da Lei n.º 16/91, seguinte:
de 11 de Maio, os artigos 25.º a 28.º da Lei n.º 23/91, de 15 de Junho,
os artigos 1275.º a 1278.º do Código de Processo Civil, aprovado
LEI QUE APROVA
pelo Decreto-Lei n.º 44.129, de 28 de Dezembro de 1961, os artigos
33.º, 34.º, 35.º, 36.º, 38.º, 39.º e 40.º da Lei n.º 3/10, de 29 de Março, e O CÓDIGO PENAL ANGOLANO
a Lei n.º 3/14, de 10 de Fevereiro.
ARTIGO 1.º
Lei n.º 39/20: (Aprovação)
Aprova o Código do Processo Penal Angolano. — Revoga o Código do
Processo Penal de 1929, os diplomas que substituíram qualquer dos É aprovado o Código Penal Angolano, que é parte inte-
seus preceitos e todas as disposições legais que prevejam factos regu- grante da presente Lei.
lados pelo presente Código do Processo Penal e toda a legislação
que contrarie o presente Diploma, nomeadamente o Decreto-Lei ARTIGO 2.º
n.º 26.643, de 28 de Maio de 1939, o Decreto n.º 34.553, de 30 de (Limites das penas)
Abril de 1945, o Decreto 35.007, de 13 de Outubro de 1945, o Decreto-
-Lei n.º 39.672, de 20 de Maio de 1954, o Decreto-Lei n.º 21/71, de 29 1. As penas de prisão estabelecidas em qualquer pre-
de Janeiro, o Decreto-Lei n.º 292/74, de 28 de Junho, o Decreto-Lei
n.º 185/72, de 31 de Maio, a Lei n.º 11/75, de 15 de Dezembro, o ceito penal sempre que tiverem duração mínima inferior ou
Decreto n.º 3/76, de 3 de Fevereiro, a Lei n.º 11/77, de 9 de Abril, máxima superior aos limites previstos no n.º 1 do artigo 44.º
a Lei n.º 11/82, de 7 de Outubro, o Decreto n.º 231/79, de 26 de
Julho, a Lei n.º 20/88, de 31 de Dezembro, a Lei n.º 23/12, de 14 do Código Penal são, respectivamente, aumentadas ou dimi-
de Agosto, a Lei n.º 2/14, de 10 de Fevereiro, e a Lei n.º 25/15, de 18 nuídas para esses limites.
de Setembro. 2. As penas de multa estabelecidas em leis penais com
duração ou quantitativo inferior ou superior aos limites
PtQLPRHPi[LPR¿[DGRVQRQžGRDUWLJRžGR&yGLJR
ASSEMBLEIA NACIONAL Penal são alteradas em conformidade com o disposto no
número anterior.
Lei n.º 38/20 ARTIGO 3.º
de 11 de Novembro (Remissões)
O contexto político, económico, social e cultural da As remissões constantes de outras leis penais para pre-
$QJROD LQGHSHQGHQWH H VREHUDQD H RV GHVD¿RV GD JOREDOL- ceitos do Código Penal anterior consideram-se feitas para as
zação no domínio criminal tornam imperiosa a substituição disposições correspondentes do Código Penal aprovado pela
do Código Penal Português de 1886 por um Código Penal presente Lei.
5370 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 4.º b) Os artigos 4.º, 7.º, 12.º a 15.º, 17.º, 19.º, 20.º, 22.º,
(Regime transitório)
23.º, 24.º e 33.º do Decreto n.º 231/79, de 26 de
1. Enquanto se mantiverem em vigor normas penais
Julho — que Disciplina o Trânsito Automóvel;
incriminadoras que prevejam penalidades mistas de prisão e
multa, soma-se sempre a multa directamente aplicada à que c) A Lei n.º 4/77, de 25 de Fevereiro — Lei sobre a
resulta da substituição da prisão por multa. Prevenção e Repressão do Crime de Mercena-
2. No caso do número anterior, é aplicável à multa única rismo;
o disposto no artigo 49.º do Código Penal. d) A Lei n.º 23/10, de 3 de Dezembro — Lei dos Cri-
3. A Unidade de Referência Processual equivale à Unidade mes Contra a Segurança do Estado;
de Correcção Fiscal.
e) O artigo 33.º da Lei n.º 9/81, de 2 de Novembro —
ARTIGO 5.º
(Responsabilidade penal juvenil)
Lei da Justiça Laboral;
1. Enquanto não forem criados os estabelecimentos de f) Os n. os 1 e 3 do artigo 14.º da Lei n.º 16/91,
recuperação, de educação e de formação previstos na alí- de 11 de Maio — Lei dos Direitos de Reunião e
nea c) do n.º 3 do artigo 17.º do Código Penal, considera-se Manifestação;
o seguinte:
g) Os artigos 25.º a 28.º da Lei n.º 23/91, de 15 de
a) As penas de privação de liberdade aplicadas a
menores de 16 a 18 anos são cumpridas nos Junho — Lei da Greve;
estabelecimentos penitenciários exclusivamente h) Os artigos 1275.º a 1278.º do Código de Processo
destinados aos jovens delinquentes; Civil, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 44.129,
b) Na falta de estabelecimentos penitenciários exclu-
de 28 de Dezembro de 1961, e tornado exten-
sivamente destinados a jovens delinquentes,
as penas de privação de liberdade aplicadas a sivo a Angola pela Portaria n.º 19.395, de 30 de
menores são cumpridas em secções autónomas Junho de 1962;
de outros estabelecimentos penitenciários, i) Os artigos 73.º, 74.º, 75.º e 76.º da Lei n.º 7/06,
separadas por forma a evitar qualquer contacto
de 15 de Maio — Lei de Imprensa;
com condenados adultos, e dotados de pessoal
capacitado para as tarefas de prevenção criminal j) Os artigos 33.º, 34.º, 35.º, 36.º, 38.º, 39.º e 40.º da
e da recuperação social. Lei n.º 3/10, de 29 de Março — Lei da Probidade
2. Na instauração, instrução e julgamento de crimes Pública;
cometidos por menores, o Tribunal competente toma em
k) Os artigos 61.º a 65.º da Lei n.º 34/11, de 12 de
consideração a Lei do Julgado de Menores que regula a apli-
cação de medidas de prevenção criminal, com as adaptações Dezembro — Lei do Combate ao Branquea-
indispensáveis ao apuramento da responsabilidade penal do mento de Capitais; e
menor, podendo o juiz dispensar os actos processuais que l) A Lei n.º 3/14, de 10 de Fevereiro — Lei sobre a
entender desnecessários ou praticar outros, regulados pela
Criminalização das Infracções Subjacentes ao
Lei Processual Penal Comum, que reputar imprescindíveis à
UHDOL]DomRGR¿PGRSURFHVVR Branqueamento de Capitais.
3. O registo criminal de menores de 18 anos de idade é ARTIGO 7.º
FRQ¿GHQFLDOHGRVUHVSHFWLYRVFHUWL¿FDGRVGHYHVHUH[FOXtGD (Contravenções)
qualquer menção à condenação ou outro acto processual res- 1. Mantêm-se em vigor as normas de direito substantivo
peitante a crimes por eles cometidos, salvo quando forem
relativas às contravenções.
UHTXLVLWDGRV SDUD ¿QV GH LQVWUXomR SURFHVVXDO SRU PDJLV-
trado judicial ou do Ministério Público. 2. As contravenções a que sejam aplicáveis, alternativa
ou cumulativamente, penas de prisão e multa passam a ser
ARTIGO 6.º
(Revogação da legislação) puníveis apenas com multa.
1. São revogados o Código Penal de 1886, os diplomas ARTIGO 8.º
(Dúvidas e omissões)
legais que substituíram qualquer dos seus preceitos e todas
as disposições legais que prevejam ou punam factos incrimi- As dúvidas e as omissões resultantes da interpretação e
nados pelo presente Código Penal. da aplicação da presente Lei são resolvidas pela Assembleia
2. É revogada toda a legislação que contrarie o Código Nacional.
Penal aprovado pela presente Lei, nomeadamente: ARTIGO 9.º
a) Os artigos 1.º a 6.º e o parágrafo único do artigo 10.º (Entrada em vigor)

da Lei n.º 11/75, de 15 de Dezembro — Lei da A presente Lei entra em vigor noventa dias após a data
Disciplina do Processo Produtivo; da sua publicação.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5371

Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, ARTIGO 4.º


(Aplicação da lei no espaço)
4 de Novembro de 2020.
O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da A Lei Penal Angolana é aplicável a factos total ou par-
Piedade Dias dos Santos. cialmente praticados em território angolano ou a bordo de
Promulgada aos 6 de Novembro de 2020. navios ou aeronaves de matrícula ou sob pavilhão angola-
Publique-se. nos, independentemente da nacionalidade do agente, salvo
convenção ou tratado internacional em contrário.
O Presidente da República, -ඈඞඈ 0ൺඇඎൾඅ *ඈඇඡൺඅඏൾඌ
/ඈඎඋൾඇඡඈ ARTIGO 5.º
(Aplicação da Lei Penal Angolana
a factos ocorridos fora do território nacional)
CÓDIGO PENAL ANGOLANO 1. Salvo convenção ou tratado internacional em contrá-
LIVRO I rio, a Lei Penal Angolana é aplicável a factos cometidos fora
Parte Geral do território angolano, quando:
a) Constituírem os crimes previstos nos artigos 256.º
TÍTULO I
a 264.º, 296.º, 297.º, 310.º a 319.º, 329.º a 332.º,
Lei Criminal
336.º e 469.º;
CAPÍTULO ÚNICO b) Constituírem os crimes previstos nos artigos 377.º
Princípios Gerais
a 382.º, 384.º a 389.º, desde que o agente seja
ARTIGO 1.º
(Princípio da legalidade)
encontrado em Angola e não possa ser extradi-
tado;
1. Só pode ser punido criminalmente o facto descrito e
declarado passível de pena por lei anterior ao momento da c) Forem cometidos contra pessoas colectivas ou
sua prática. cidadãos angolanos, desde que o agente viva
2. Só pode ser aplicada medida de segurança a estados de habitualmente em Angola e aqui seja encon-
SHULJRVLGDGHFXMRVSUHVVXSRVWRVHVWHMDP¿[DGRVHPOHLDQWH- trado;
ULRUjVXDYHUL¿FDomR d) Forem cometidos por angolanos ou pessoas colec-
3. Não é permitido o recurso à analogia nem à interpre-
tivas angolanas, ou por estrangeiros ou pessoas
WDomR H[WHQVLYD SDUD TXDOL¿FDU XP IDFWR FRPR FULPH SDUD
GH¿QLUXPHVWDGRGHSHULJRVLGDGHRXSDUDGHWHUPLQDUDSHQD colectivas estrangeiras contra pessoas colectivas
ou a medida de segurança que lhes correspondem. ou cidadãos angolanos, desde que:
ARTIGO 2.º
i. Os factos sejam igualmente puníveis pela lei
(Aplicação no tempo) do lugar em que foram cometidos;
1. As penas e as medidas de segurança são determinadas ii. Constituam crime que segundo a lei angolana
SHODOHLYLJHQWHDRWHPSRGDSUiWLFDGRIDFWRRXGDYHUL¿FD- admita extradição, mas esta não possa ser
ção dos pressupostos de que dependem. concedida;
2. Sem prejuízo do disposto no n.º 4, sempre que as iii.2DJHQWHVHMDHQFRQWUDGRRXWHQKDVHGH¿OLDO
disposições penais vigentes no momento da prática do ou sucursal em Angola.
facto forem diferentes das estabelecidas em leis posterio-
e) Constituírem crimes que, por convenção ou tratado
res, aplica-se o regime que concretamente se mostrar mais
internacional, o Estado Angolano se tenha obri-
favorável ao agente. Se tiver havido condenação, ainda que
transitada em julgado, cessam a execução e os seus efeitos gado a julgar.
penais logo que a parte da pena que se encontrar cumprida 2. O disposto no número anterior só tem aplicação
atinja o limite máximo da pena prevista na lei posterior. quando o agente não tiver sido julgado no país em que
3. Quando o facto deixar de ser crime por força de lei cometeu o crime ou se, posteriormente, se tiver subtraído ao
posterior, a sentença condenatória, ainda que transitada em cumprimento, total ou parcial, da sanção em que tenha sido
julgado, não se executa ou, se já tiver começado a ser execu- condenado.
tada, cessa imediatamente a execução e todos os seus efeitos. 3. Salvo tratado ou convenção internacional em contrá-
4. O facto praticado durante a vigência de uma lei que
rio, a Lei Penal Angolana é aplicável a factos praticados no
vigore apenas por um período determinado ou para vigorar
durante um período de emergência é julgado nos termos des- estrangeiro por funcionários das organizações internacio-
sas leis, salvo se lei posterior dispuser de forma diferente. nais de direito público de que Angola seja Parte, desde que
ARTIGO 3.º o agente seja cidadão nacional e a extradição não possa ser
(Momento da prática do facto) concedida.
O facto considera-se praticado no momento em que o 4. A Lei Penal Angolana é ainda aplicável a factos pra-
agente actuou ou, no caso de omissão, no momento em que ticados fora do território nacional, nos termos previstos
devia ter actuado, independentemente do momento em que em tratado ou convenção internacional de que Angola seja
RUHVXOWDGRWtSLFRVHWHQKDYHUL¿FDGR Parte.
5372 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 6.º 4. Quando a lei determinar a responsabilização de pes-


(Lugar da prática do facto) soas colectivas enquanto tais, deve entender-se que se trata
O facto considera-se praticado tanto no lugar em que, de pessoas colectivas ou de meras associações de facto.
total ou parcialmente o agente actuou, e sob qualquer forma 5. A responsabilidade penal das pessoas colectivas e
de comparticipação, ou, no caso de omissão, deveria ter equiparadas não exclui a responsabilidade individual dos res-
actuado, como naquele em que o resultado típico se tiver pectivos agentes nem depende da responsabilização destes.
6. A responsabilidade penal das pessoas colectivas e
YHUL¿FDGR
equiparadas é excluída quando o agente tiver actuado con-
ARTIGO 7.º tra ordens ou instruções expressas da entidade competente
(Aplicação subsidiária do Código Penal)
para o efeito.
As normas do presente Código aplicam-se aos fac- 7. A transmissão, a cisão e a fusão não determinam a
tos puníveis por legislação especial, salvo disposição em extinção da responsabilidade penal das pessoas colectivas,
contrário. respondendo pela prática do crime:
a) A pessoa colectiva ou equiparada em que a trans-
TÍTULO II missão ou a fusão tiver sido efectivada;
Facto Punível b) As pessoas colectivas ou equiparadas que resulta-
ram da cisão.
CAPÍTULO I 8. Se as multas ou indemnizações forem aplicadas a uma
Pressupostos da Punição entidade sem personalidade jurídica, responde por elas o
SDWULPyQLRFRPXPHQDVXDIDOWDRXLQVX¿FLrQFLDVROLGDULD-
ARTIGO 8.º
(Acção e omissão)
mente, o património de cada um dos respectivos membros,
sócios, associados ou integrantes.
1. Quando um tipo legal compreender um certo resul-
ARTIGO 10.º
tado, o facto abrange tanto a acção adequada a produzi-lo (Actuação em nome de outrem)
como a omissão da acção adequada a evitá-lo.
É punido quem actua como titular de órgãos de um ente
3RUpPDYHUL¿FDomRGHXPUHVXOWDGRSRURPLVVmRVy
colectivo ou em representação legal ou voluntária de outrem,
é punível quando, segundo o sentido do texto da Lei, a pro- ainda que não concorram nele, mas sim na pessoa em nome
dução por omissão equivaler à produção por acção e sobre o da qual actua, as qualidades ou relações requeridas pelo tipo
omitente recair um dever jurídico que pessoalmente o obri- legal de crime.
gue a evitar esse resultado.
ARTIGO 11.º
3. O dever jurídico de actuar referido no número ante- (Imputação subjectiva)
ULRUH[LVWHVHPSUHTXHVHYHUL¿TXHXPDREULJDomROHJDORX Só é punível o facto praticado com dolo ou, nos casos
contratual de actuar, ou quando o omitente tiver criado uma especialmente previstos na Lei, com negligência.
situação de perigo para o bem jurídico por força de uma
ARTIGO 12.º
acção ou omissão precedente. (Dolo)
4. No caso do crime ter sido cometido por omissão, a 1. Age com dolo, sob a forma de intenção, quem, repre-
pena pode ser especialmente atenuada. sentando um facto que preenche um tipo de crime, actuar
ARTIGO 9.º com intenção de o praticar.
(Responsabilidade penal das pessoas colectivas)
2. Age com dolo, sob a forma de dolo necessário, quem
1. As pessoas colectivas, com excepção do Estado e das representar a realização de um facto que preenche um tipo
organizações internacionais de direito público, são susceptí- de crime como consequência necessária da sua conduta.
veis de responsabilidade criminal. 3. Age com dolo, sob a forma de dolo eventual, quem
2. As pessoas colectivas e equiparadas, ainda que irre- representar a realização de um facto que preenche um tipo
gularmente constituídas, são responsáveis pelas infracções de crime como consequência possível da sua conduta e, ape-
cometidas em seu nome, por sua conta e no seu interesse, ou sar disso, actuar conformando-se com aquela realização.
em seu benefício, a título individual ou no desempenho de ARTIGO 13.º
funções, pelos seus órgãos, representantes, ou por pessoas (Negligência)
que nela detenham uma posição de liderança. Age com negligência quem, por não proceder com o cui-
3. As pessoas colectivas referidas no número anterior dado a que, segundo as circunstâncias, está obrigado e de
são ainda responsáveis por crimes cometidos em seu nome, que é capaz:
por sua conta e no seu interesse, ou em seu benefício, por a) Representar como possível a realização de um
pessoas singulares que actuem sob a autoridade das pessoas facto que preenche um tipo de crime e actuar
referidas no número anterior, sempre que o crime se tenha sem se conformar com aquela realização;
tornado possível em virtude de uma violação dolosa dos b) Não chegar sequer a representar a possibilidade de
deveres de vigilância ou controlo que às últimas incumbem. realização desse facto.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5373

ARTIGO 14.º 4. Aos delinquentes adultos com menos de 21 anos deve


(Erro sobre as circunstâncias do facto)
ser especialmente atenuada a pena, nos termos do artigo 73.º,
1. O erro sobre elementos, de facto ou de direito, de um salvo se fortes razões de defesa social e prevenção criminal
tipo de crime exclui o dolo. desaconselharem tal atenuação.
2. O preceituado no número anterior abrange o erro ARTIGO 18.º
sobre um estado de coisas que, a existir, excluiria a ilicitude (Inimputabilidade em razão de anomalia psíquica)
do facto. 1. É inimputável quem, por força de anomalia psíquica,
3. Fica ressalvada a punibilidade da negligência, nos ter- for incapaz, no momento da prática do facto, de avaliar a
mos dos artigos 11.º e 13.º ilicitude deste ou de se determinar de acordo com essa
ARTIGO 15.º avaliação.
(Erro sobre a ilicitude) 2. A imputabilidade não é excluída quando a anomalia
1. Age sem culpa quem actua sem consciência da ilici- psíquica tiver sido provocada pelo agente com a intenção de
tude do facto, se o erro lhe não for censurável. praticar o facto.
2. Tem os mesmos efeitos do erro sobre a ilicitude, o erro 3. O Tribunal pode atenuar especialmente a pena quando
sobre um estado de coisas que, a existir, afastaria a culpabi- o agente, por força de uma anomalia psíquica grave no
lidade do agente. momento da prática do facto, tiver sensivelmente diminuída
3. Se em qualquer dos casos previstos nos números ante- a capacidade para avaliar a ilicitude deste ou para se deter-
riores, o erro for censurável, o agente é punido com a pena minar de acordo com essa a avaliação.
aplicável ao crime doloso respectivo, a qual pode ser espe-
CAPÍTULO II
cialmente atenuada. Formas Especiais do Facto Punível
4. O erro é censurável quando, face às circunstâncias, for
ARTIGO 19.º
razoável exigir do agente outro comportamento.
(Actos preparatórios)
ARTIGO 16.º
(Agravação da pena pelo resultado)
1. São actos preparatórios os actos externos destinados
a facilitar ou a preparar a execução do facto, mas que não
Quando a pena aplicável a um facto for agravada em
constituam ainda começo de execução nos termos do artigo
IXQomRGDYHUL¿FDomRGHXPUHVXOWDGRDDJUDYDomRpVHP-
seguinte.
pre condicionada pela possibilidade de imputação daquele
2. Os actos preparatórios não são puníveis, salvo dispo-
resultado ao agente, pelo menos, a título de negligência.
sição em contrário.
ARTIGO 17.º
ARTIGO 20.º
(Imputabilidade em razão da idade)
(Tentativa)
1. A imputabilidade penal adquire-se, sem prejuízo do 1. Há tentativa quando o agente praticar, com dolo,
disposto nos números seguintes, aos 16 anos de idade. actos de execução de um crime, sem que este chegue a
2. Os menores abaixo de 16 anos estão sujeitos à jurisdi- consumar-se.
ção dos Tribunais de Menores e, em relação a eles, só podem 2. São actos de execução:
ser tomadas medidas de assistência, de educação ou de cor- a) Os que preencherem um elemento constitutivo de
recção previstas em legislação especial. um tipo de crime;
3. A aplicação de penas aos menores com idade com- b) Os que forem idóneos à produção do resultado
preendida entre os 16 e os 18 anos deve reger-se pelos
típico;
seguintes princípios e normas fundamentais:
c) Os que, segundo a experiência comum e salvo cir-
a) Os limites, máximo e mínimo, das penalidades
cunstâncias imprevisíveis, forem de natureza a
estabelecidas na Lei Penal devem ser reduzidos fazer esperar que se lhe sigam actos das espécies
em dois terços, para os menores com idade com- indicadas nas alíneas anteriores.
preendida entre os 16 e os 18 anos, à data do
ARTIGO 21.º
facto; (Punibilidade da tentativa)
b) Em caso algum, a pena de privação da liberdade 1. Salvo disposição em contrário, a tentativa só é punível
SRGHVHU¿[DGDHPPHGLGDVXSHULRUDDQRVVH se ao crime consumado respectivo corresponder pena supe-
o menor tiver idade compreendida entre os 16 e rior a 3 anos de prisão.
os 18 anos, à data do facto; 2. A tentativa é punível com a pena aplicável ao crime
c) Os menores cumprem as penas de privação de consumado, especialmente atenuada.
liberdade, sempre que possível, em estabeleci- 3. A tentativa não é punível quando for manifesta:
mentos próprios de recuperação, de educação a) A ineptidão do meio empregado pelo agente;
e de formação e, em nenhuma hipótese, junta- b) A inexistência do objecto essencial à consumação
mente com os detidos ou presos adultos. do crime.
5374 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 22.º ARTIGO 28.º


(Desistência) (Concurso de crimes)

1. A tentativa não é punível quando o agente, volunta- 1. O número de crimes determina-se pelo número de
riamente, desistir de prosseguir na execução do crime ou tipos de crime efectivamente preenchidos, ou pelo número
de vezes que o mesmo tipo de crime for realizado pela con-
impedir a consumação ou ainda quando, não obstante a con-
duta do agente.
VXPDomRLPSHGLUDYHUL¿FDomRGRUHVXOWDGRTXHDOHLTXHU 2. Não há concurso de crimes quando o facto é, no todo
evitar. RXHPSDUWHTXDOL¿FDGRFRPRFULPHSRUPDLVGHXPDQRUPD
 4XDQGR D FRQVXPDomR RX YHUL¿FDomR GR UHVXOWDGR penal incriminadora.
forem impedidos por circunstância independente da conduta 3. Na hipótese referida no número anterior:
do desistente, a tentativa não é punível se ele se esforçar a) Havendo entre as normas incriminadoras uma
seriamente por evitar uma ou outra. relação de especialidade, aplica-se a norma
incriminadora especial;
ARTIGO 23.º b) Nos restantes casos, aplica-se a norma incrimina-
(Desistência em caso de comparticipação)
dora que estabelecer pena mais grave.
Se vários agentes comparticiparem no facto, não é ARTIGO 29.º
punível a tentativa daquele que voluntariamente impedir a (Crime continuado)
FRQVXPDomRRXDYHUL¿FDomRGRUHVXOWDGRQHPDGHTXHP 1. Constitui um só crime continuado a realização plú-
se esforçar seriamente por impedir uma e outra, ainda que os rima do mesmo tipo de crime ou de vários tipos de crime que
outros comparticipantes prossigam na execução do crime ou fundamentalmente ofendam o mesmo bem jurídico, execu-
tada por forma essencialmente homogénea e no quadro da
o consumam.
solicitação de uma situação exterior que diminua considera-
ARTIGO 24.º velmente a culpa do agente.
(Autoria)
2. O disposto no número anterior não abrange os crimes
É punível como autor quem: praticados contra bens eminentemente pessoais, salvo se o
a) Executar o facto, por si mesmo; ofendido for o mesmo.
b) Executar o facto, utilizando como instrumento CAPÍTULO III
outra pessoa; Causas que Excluem a Ilicitude
c) Tomar parte directa na sua execução, por acordo ou
ARTIGO 30.º
juntamente com outro ou outros; (Exclusão da ilicitude)
d) Determinar, dolosamente, outra pessoa à prática 1. O facto não é punível quando a sua ilicitude for
do facto, desde que haja execução ou começo excluída pela ordem jurídica considerada na sua totalidade.
de execução. 2. Não é ilícito o facto praticado nos seguintes casos:
a) Em legítima defesa;
ARTIGO 25.º
b) No exercício de um direito;
(Cumplicidade)
c) No cumprimento de um dever imposto por lei ou
1. É punível como cúmplice quem, fora dos casos previs- por ordem legítima de autoridade;
tos no artigo anterior, prestar, directa e dolosamente, auxílio d) Com o consentimento do titular do interesse jurí-
material ou moral à prática por outrem de um facto doloso. dico lesado.
 e DSOLFiYHO DR F~PSOLFH D SHQD ¿[DGD SDUD R DXWRU ARTIGO 31.º
(Legítima defesa)
especialmente atenuada.
ARTIGO 26.º
1. Constitui legítima defesa o facto praticado como meio
(Ilicitude na comparticipação) necessário para repelir a agressão actual e ilícita de interes-
ses juridicamente protegidos do agente ou de terceiro.
1. As qualidades ou as relações especiais do agente, de
2. Se houver excesso dos meios empregados em legítima
FXMDYHUL¿FDomRGHSHQGHUDLOLFLWXGHGRIDFWRFRPXQLFDPVH
defesa o facto é ilícito, mas a pena pode ser especialmente
aos demais comparticipantes para efeito de determinação da
atenuada.
pena que lhes é aplicável, salvo se outra for a intenção da lei
ARTIGO 32.º
ou coisa diferente resultar da natureza do crime. (Estado de necessidade)
2. A comunicação referida no número anterior não se Não é ilícito o facto praticado como meio adequado
YHUL¿FDGRF~PSOLFHSDUDRDXWRU para afastar um perigo actual que ameace interesses juri-
ARTIGO 27.º dicamente protegidos do agente ou de terceiro, quando se
(Culpa na comparticipação) YHUL¿TXHPRVVHJXLQWHVUHTXLVLWRV
Cada comparticipante é punido segundo a sua culpa, a) Não ter sido voluntariamente criada pelo agente a
independentemente da punição ou grau de culpa dos outros situação de perigo, salvo tratando-se de proteger
comparticipantes. o interesse de terceiro;
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5375

b) Haver sensível superioridade do interesse a salva- ARTIGO 37.º


(Estado de necessidade desculpante)
JXDUGDUUHODWLYDPHQWHDRLQWHUHVVHVDFUL¿FDGR
1. Age sem culpa quem praticar um facto ilícito ade-
c) Ser razoável impor ao lesado o sacrifício do seu
quado a afastar um perigo actual, não removível de outro
interesse em atenção à natureza ou ao valor do
modo, que ameace a vida, a integridade física, a honra ou a
interesse ameaçado. liberdade do agente ou de terceiro, quando não for razoável
ARTIGO 33.º exigir dele, segundo as circunstâncias do caso, comporta-
&RQÀLWRGHGHYHUHV mento diferente.
1mRpLOtFLWRRIDFWRGHTXHPHPFDVRGHFRQÀLWRQR 2. Se o perigo ameaçar interesses jurídicos diferentes dos
cumprimento de deveres jurídicos ou de ordens legítimas UHIHULGRV QR Q~PHUR DQWHULRU H VH YHUL¿FDUHP RV UHVWDQWHV
GDDXWRULGDGHVDWLV¿]HURGHYHURXRUGHPGHYDORULJXDORX pressupostos ali mencionados, pode a pena ser especial-
mente atenuada.
VXSHULRUDRGHYHURXRUGHPTXHVDFUL¿FD
ARTIGO 38.º
2. O dever de obediência a ordem de superior hierár- &RQÀLWRGHGHYHUHVGHVFXOSDQWHV
quico a subordinado cessa quando o cumprimento da ordem
$JHVHPFXOSDTXHPHPFDVRGHFRQÀLWRGHGHYHUHV
conduzir à prática de qualquer crime. cumprir um dever de menor valor e, em consequência desse
ARTIGO 34.º cumprimento, praticar um facto ilícito, sempre que, face às
(Consentimento do ofendido) circunstâncias do caso, não for razoável exigir do agente
1. Além dos casos especialmente previstos na lei, o con- outro comportamento.
sentimento do ofendido exclui a ilicitude do facto quando 2. O disposto no número anterior aplica-se a quem pra-
se referir a interesses livremente disponíveis e o acto não ticar um facto ilícito por ter cumprido uma ordem do seu
VXSHULRUKLHUiUTXLFRVHPSUHTXHVHYHUL¿FDURFRQGLFLRQD-
for contrário aos bons costumes e à dignidade da pessoa
lismo nele descrito.
humana.
2. O consentimento pode ser expresso por qualquer meio TÍTULO III
que traduza uma vontade séria, livre e esclarecida do titular Consequências Jurídicas do Facto
do interesse juridicamente protegido e pode ser livremente
CAPÍTULO I
revogado até à execução do facto. Disposições Preliminares
2FRQVHQWLPHQWRVypH¿FD]VHIRUSUHVWDGRSRUTXHP
ARTIGO 39.º
tiver mais de 16 anos e possuir o discernimento necessário (Sanções)
para avaliar o seu sentido e alcance no momento em que o As sanções do Código Penal são as estabelecidas nos
presta. números seguintes do presente artigo.
4. Se o consentimento não for conhecido do agente, este 1. Penas principais:
é punível com a pena aplicável à tentativa. a) Prisão;
ARTIGO 35.º b) Multa.
(Consentimento presumido) 2. Penas de substituição:
1. Há consentimento presumido quando a situação em a) Multa;
b)3ULVmRHP¿QVGHVHPDQD
que o agente actua permitir, razoavelmente, supor que o titu-
c) Prestação de trabalho a favor da comunidade;
ODU GR LQWHUHVVH MXULGLFDPHQWH SURWHJLGR WHULD H¿FD]PHQWH
d) Suspensão da execução da pena de prisão;
consentido no facto, se conhecesse as circunstâncias em que
e) Admoestação.
este foi praticado.
3. Penas acessórias:
2. O consentimento presumido é equiparado ao consen- a) Proibição de exercício de função;
timento. b) Suspensão de exercício de função;
CAPÍTULO IV c) Proibição de conduzir veículos motorizados;
Causas que Excluem a Culpa d) Expulsão do território nacional.
4. Medidas de Segurança:
ARTIGO 36.º a) Internamento;
(Excesso de legítima defesa desculpante)
b) Suspensão da execução do internamento;
Age sem culpa quem exceder os meios empregues em c) Interdição de actividades;
legítima defesa, sempre que o excesso resultar de perturba- d) Cassação da licença de condução de veículos
ção, medo ou susto não censuráveis. motorizados;
5376 DIÁRIO DA REPÚBLICA

e) Interdição da concessão de licença de condução de d) Proibição de celebrar certos contratos ou de os


veículos motorizados; celebrar com determinadas entidades;
f) Cassação de licença de porte de arma; e) Privação do direito a subsídios, subvenções ou
g) Interdição de concessão de licença de porte de incentivos;
arma. f) Perda dos lucros ilícitos obtidos com a actividade
ARTIGO 40.º criminosa;
(Finalidades das penas e das medidas de segurança) g) Perda dos bens adquiridos com os lucros ilícitos da
1. A aplicação de penas e de medidas de segurança visa actividade criminosa;
a protecção de bens jurídicos essenciais à subsistência da h) Interdição do exercício de actividade;
comunidade e a reintegração do agente na sociedade. i) Encerramento de estabelecimento.
2. A execução da pena de prisão deve orientar-se no sen- 3. As penas acessórias previstas no n.º 2 podem ser apli-
tido da reintegração do recluso na sociedade, preparando-o cadas cumulativamente.
para conduzir a sua vida de modo socialmente responsável, 4. As penas aplicáveis a entes colectivos devem ser
sem cometer crimes. GH¿QLGDV WHQGR HP FRQWD D VXD QDWXUH]D MXUtGLFD DV VXDV
3. A execução da pena de prisão serve também a defesa HVSHFL¿FLGDGHV R WLSR GH DFWLYLGDGH TXH GHVHQYROYHP H D
da sociedade, prevenindo o cometimento de crimes. sua dimensão económica e social.
4. Os condenados a quem sejam aplicadas pena ou
medida de segurança privativas da liberdade mantêm a titu- CAPÍTULO II
laridade dos direitos fundamentais, salvas as limitações Penas Principais e de Substituição
inerentes ao sentido da condenação e às exigências próprias SECÇÃO I
da respectiva execução. Penas de Prisão e de Multa
5. A execução da pena de prisão e da medida de segu- ARTIGO 44.º
rança de internamento é regulada em legislação própria, na (Duração da pena de prisão)
TXDOVmR¿[DGRVRVGHYHUHVHRVGLUHLWRVGRVFRQGHQDGRV 1. A pena de prisão tem, em regra, a duração mínima de
ARTIGO 41.º 3 meses e a duração máxima de 25 anos.
(Regras gerais) 2. Em caso algum, ainda que por efeito de reincidência,
1. Não pode haver pena de morte nem penas ou medidas de concurso de crimes ou de prorrogação da pena, pode esta
de segurança privativas da liberdade com carácter perpétuo exceder o limite máximo de 35 anos.
RXGHGXUDomRLOLPLWDGDRXLQGH¿QLGD 3. A contagem dos prazos da pena de prisão é feita
2. A aplicação de penas ou medidas de segurança não segundo os critérios estabelecidos na lei processual penal e,
pode, em caso algum, servir para submeter o condenado a na sua falta, na Lei Civil.
tortura ou tratamentos cruéis, degradantes ou desumanos. ARTIGO 45.º
3. As penas são insusceptíveis de transmissão. (Substituição da prisão por multa)
ARTIGO 42.º 1. A prisão aplicada em medida não superior a 6 meses é
(Pressupostos e limites das penas e das medidas de segurança) substituída por igual número de dias de multa ou por outra
1. A culpa é pressuposto irrenunciável de aplicação de pena não privativa da liberdade aplicável, excepto se a exe-
qualquer pena. cução da prisão for exigida pela necessidade de prevenir o
2. Em caso algum a pena pode ultrapassar a medida da cometimento de futuros crimes, sendo correspondentemente
culpa. aplicável o disposto no artigo 47.º
3. A perigosidade criminal é pressuposto irrenunciável 2. Se a multa não for paga, o condenado cumpre a pena
da aplicação de qualquer medida de segurança. de prisão aplicada na sentença sendo correspondentemente
4. A medida de segurança só pode ser aplicada se for pro- aplicável o disposto no n.º 3 do artigo 49.º
porcional à gravidade do facto e à perigosidade do agente. ARTIGO 46.º
ARTIGO 43.º 3ULVmRHP¿QVGHVHPDQD
(Penas aplicáveis às pessoas colectivas)
1. O Tribunal pode, em caso de prisão aplicada em
1. São aplicáveis às pessoas colectivas e entidades equi- medida não superior a 5 meses, que não tenha sido substi-
paradas as penas de admoestação, multa ou dissolução. tuída por multa, nos termos do artigo anterior, determinar,
2. Pelos mesmos crimes podem ser aplicadas às pes- com a anuência do condenado, que a pena seja cumprida em
soas colectivas e entidades equiparadas as seguintes penas SHUtRGRV GH ¿PGHVHPDQD VHPSUH TXH HQWHQGHU TXH HVWD
acessórias: IRUPDGHFXPSULPHQWRUHDOL]DGHIRUPDDGHTXDGDRV¿QVGD
a) Publicidade da decisão condenatória transitada em punição.
julgado;  &DGD SHUtRGR GH ¿PGHVHPDQD FRP D GXUDomR
b) Caução de boa conduta; mínima de 36 horas e a duração máxima de 48 horas, equi-
c) Injunção judiciária; vale ao cumprimento de 5 dias da pena de prisão aplicada.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5377

$SULVmRHP¿QVGHVHPDQDpFXPSULGDQRHVWDEHOH- 3. Se o condenado provar que a razão do não pagamento


cimento prisional mais próximo do domicílio do condenado da multa não lhe é imputável, pode a execução da prisão sub-
ou, com o acordo deste, em qualquer outro estabelecimento, sidiária ser suspensa por um período de 1 a 3 anos, desde que
policial ou de outra natureza. a suspensão seja subordinada ao cumprimento de deveres ou
4. Se o condenado não comparecer no estabeleci- regras de conduta adequadas, sem conteúdo económico ou
mento referido no número anterior para cumprir a pena, ¿QDQFHLUR6HRVGHYHUHVRXDVUHJUDVGHFRQGXWDQmRIRUHP
VHP MXVWL¿FDomR DFHLWH SHOR 7ULEXQDO RX GHOH VH DXVHQWDU cumpridos, executa-se a prisão subsidiária e, se o forem, a
VHP DXWRUL]DomR GR 7ULEXQDO R UHJLPH GH SULVmR HP ¿QV- pena é declarada extinta.
-de-semana pode ser revogado, passando o condenado a 4. O disposto nos n.os 1 e 2 é correspondentemente
cumprir a pena em regime de prisão contínua. aplicável ao caso em que o condenado culposamente não
6HRUHJLPHGHSULVmRHP¿QVGHVHPDQDIRUUHYRJDGR cumpra os dias de trabalho pelos quais, a seu pedido, a multa
são descontados na pena aplicada todos os períodos já cum- foi substituída e, se o incumprimento não lhe for imputá-
SULGRVjUD]mRGHGLDVGHSULVmRSRUFDGD¿PGHVHPDQD vel, é correspondentemente aplicável o disposto no número
ARTIGO 47.º anterior.
(Pena de multa)
SECÇÃO II
$SHQDGHPXOWDp¿[DGDHPGLDVGHDFRUGRFRPRV Suspensão da Execução da Prisão
critérios estabelecidos no n.º 1 do artigo 70.º, sendo, em ARTIGO 50.º
regra, o limite mínimo de 10 dias e o máximo de 360. (Pressupostos e duração)
2. Cada dia de multa corresponde a uma quantia entre 1. O Tribunal pode suspender a execução da prisão
75 Unidades de Referência Processual e 750 Unidades de aplicada em medida não superior a 3 anos se, atendendo
5HIHUrQFLD 3URFHVVXDO TXH R 7ULEXQDO ¿[D HP IXQomR GD
à personalidade do agente, às condições da sua vida, à sua
VLWXDomR HFRQyPLFD H ¿QDQFHLUD GR FRQGHQDGR H GRV VHXV
conduta anterior e posterior ao crime e às circunstâncias
encargos pessoais.
deste, concluir que a censura do facto e a ameaça da prisão
6HPSUHTXHDVLWXDomRHFRQyPLFDH¿QDQFHLUDGRFRQ-
UHDOL]DUDPGHIRUPDDGHTXDGDHVX¿FLHQWHDV¿QDOLGDGHVGD
GHQDGRRMXVWL¿FDUR7ULEXQDOSRGHDXWRUL]DURSDJDPHQWR
punição.
em prestações, não podendo a última ir além dos 2 anos sub-
2. O Tribunal, se o julgar conveniente e adequado à rea-
sequentes à data do trânsito em julgado da condenação.
OL]DomR GDV ¿QDOLGDGHV GD SXQLomR VXERUGLQD D VXVSHQVmR
4. Dentro dos limites referidos no número anterior e
da execução da prisão, nos termos dos artigos seguintes,
TXDQGRPRWLYRVVXSHUYHQLHQWHVRMXVWL¿FDUHPRVSUD]RVGH
ao cumprimento de deveres ou à observância de regras de
pagamento inicialmente estabelecidos podem ser alterados.
conduta.
5. A falta de pagamento de uma das prestações importa o
3. Os deveres e as regras de conduta podem ser impostos
vencimento de todas.
cumulativamente.
ARTIGO 48.º
(Substituição da multa por trabalho)
$ GHFLVmR FRQGHQDWyULD HVSHFL¿FD VHPSUH RV IXQGD-
mentos da suspensão e das suas condições.
1. A requerimento do condenado, pode o Tribunal orde-
2SHUtRGRGHVXVSHQVmRp¿[DGRHQWUHHDQRVDFRQ-
QDU TXH D SHQD GH PXOWD ¿[DGD VHMD WRWDO RX SDUFLDOPHQWH
tar da data do trânsito em julgado da decisão condenatória.
substituída por dias de trabalho a prestar ao Estado ou outras
6. Salvo disposição legal em contrário, os crimes de
pessoas colectivas de direito público, ou ainda à institui-
abuso e agressão sexual não admitem suspensão da execu-
ções particulares de solidariedade social, quando concluir
ção da pena.
que esta forma de cumprimento realiza de forma adequada e
VX¿FLHQWHDV¿QDOLGDGHVGDSXQLomR ARTIGO 51.º
(Deveres)
2. É correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 1,
3 e 4 do artigo 56.º 1. A suspensão da execução da prisão pode ser subordi-
nada ao cumprimento de deveres impostos ao condenado e
ARTIGO 49.º
(Conversão da multa não paga em prisão subsidiária) destinados a reparar o mal do crime, nomeadamente:
a) Pagar dentro de certo prazo, no todo ou na parte que
1. Se a multa, que não tenha sido substituída por traba-
lho, não for paga voluntária ou coercivamente, é convertida o Tribunal considerar possível, a indemnização
em prisão subsidiária pelo tempo correspondente reduzido a devida ao lesado, ou garantir o seu pagamento
dois terços, ainda que o crime não seja punível com prisão, por meio de caução idónea;
não se aplicando, para o efeito, o limite mínimo dos dias de b) Dar ao lesado satisfação moral adequada;
prisão constante do n.º 1 do artigo 44.º c) Entregar a instituições, públicas ou privadas, de
2. O condenado pode a todo o tempo evitar, total ou par- solidariedade social ou ao Estado uma contribui-
cialmente, a execução da prisão subsidiária, pagando, no ção monetária ou prestação em espécie de valor
todo ou em parte, a multa a que foi condenado. equivalente.
5378 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Os deveres impostos não podem em caso algum repre- 2. A revogação determina o cumprimento da pena de pri-
sentar para o condenado obrigações cujo cumprimento não VmR¿[DGDQDVHQWHQoDVHPTXHRFRQGHQDGRSRVVDH[LJLUD
seja razoavelmente de lhe exigir. restituição de prestações que haja efectuado.
 2V GHYHUHV LPSRVWRV SRGHP VHU PRGL¿FDGRV DWp DR ARTIGO 55.º
termo do período de suspensão sempre que ocorrerem cir- (Extinção da pena)
cunstâncias relevantes supervenientes ou de que o Tribunal 1. A pena é declarada extinta se, decorrido o período da
só posteriormente tiver tido conhecimento. sua suspensão, não houver motivos que possam conduzir à
ARTIGO 52.º sua revogação.
(Regras de conduta) 6H¿QGRRSHUtRGRGDVXVSHQVmRVHHQFRQWUDUSHQGHQWH
1. O Tribunal pode impor ao condenado o cumprimento, o processo por crime que possa determinar a sua revogação
pelo tempo de duração da suspensão, de regras de conduta ou incidente por falta de cumprimento dos deveres ou das
destinadas a facilitar a sua reintegração na sociedade. regras de conduta, a pena só é declarada extinta quando o
2. O Tribunal pode impor ao condenado o seguinte: SURFHVVRRXRLQFLGHQWH¿QGDUHPHQmRKRXYHUOXJDUjUHYR-
a)1mRH[HUFHUGHWHUPLQDGDVSUR¿VV}HV gação ou à prorrogação do período de suspensão.
b) Não frequentar certos meios ou lugares;
SECÇÃO III
c) Não residir em certos lugares ou regiões; Prestação de Trabalho a Favor da Comunidade e Admoestação
d) Não acompanhar, alojar ou receber determinadas
pessoas; ARTIGO 56.º
(Prestação de trabalho a favor da comunidade)
e) Não contactar nem se aproximar da vítima;
f) Não frequentar certas associações ou não participar 1. Se ao agente for aplicada pena de prisão em medida
em determinadas reuniões; não superior a 1 ano, o Tribunal substitui essa pena por
g) Não ter em seu poder objectos capazes de facilitar prestação de trabalho a favor da comunidade sempre que
a prática de crimes; concluir que, por este meio, se realizam de forma adequada
h) Apresentação periódica perante o Tribunal ou auto- HVX¿FLHQWHDV¿QDOLGDGHVGDSXQLomR
ridade judiciária indicada por este. 2. A prestação de trabalho a favor da comunidade con-
3. O Tribunal pode ainda, obtido o consentimento pré- siste na prestação de serviços gratuitos ao Estado, a outras
vio do condenado, determinar a sujeição deste a tratamento pessoas colectivas de direito público, ou ainda, a instituições
médico ou a cura em instituição adequada. particulares de solidariedade social.
4. É correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 2 $SUHVWDomRGHWUDEDOKRp¿[DGDHQWUHHKRUDV
e 3 do artigo anterior. podendo aquela ser cumprida em dias úteis, aos sábados,
ARTIGO 53.º domingos e feriados.
(Falta de cumprimento das condições da suspensão)
4. A duração dos períodos de trabalho não pode prejudicar
Se durante o período da suspensão, o condenado, culpo- a jornada normal de trabalho, nem exceder, por dia, o permi-
samente, deixar de cumprir qualquer dos deveres ou regras tido segundo o regime de horas extraordinárias aplicável.
de conduta impostos, pode o Tribunal:
ARTIGO 57.º
a) Fazer uma advertência; (Suspensão, revogação, extinção e substituição)
b) Exigir garantias de cumprimento das obrigações
1. A prestação de trabalho a favor da comunidade pode
que condicionam a suspensão;
c) Impor novos deveres ou regras de conduta, ou ser suspensa por motivo grave de ordem médica, familiar,
introduzir exigências acrescidas no plano de SUR¿VVLRQDO VRFLDO RX RXWUD QmR SRGHQGR QR HQWDQWR R
readaptação; tempo de execução da pena ultrapassar 18 meses.
d) Prorrogar o período de suspensão até metade do 2. O Tribunal revoga a pena de prestação de trabalho a
SUD]RLQLFLDOPHQWH¿[DGRPDVQmRSRUPHQRVGH favor da comunidade e ordena o cumprimento da pena de pri-
1 ano nem por forma a exceder o prazo máximo são determinada na sentença se o agente, após a condenação:
de suspensão previsto no n.º 5 do artigo 50.º a) Se colocar intencionalmente em condições de não
ARTIGO 54.º poder trabalhar;
(Revogação da suspensão) b) Se recusar, sem justa causa, a prestar trabalho ou
1. A suspensão da execução da pena de prisão é revogada infringir, grosseiramente, os deveres decorrentes
sempre que, no seu decurso, o condenado: da pena a que foi condenado;
a) Infringir, grosseira ou repetidamente, os deveres c) Cometer crime pelo qual venha a ser condenado e
ou regras de conduta impostos; UHYHODUTXHDV¿QDOLGDGHVGDSHQDGHSUHVWDomR
b) Cometer crime pelo qual venha a ser condenado e de trabalho a favor da comunidade não puderam,
UHYHODUTXHDV¿QDOLGDGHVTXHHVWDYDPQDEDVH por meio dela, ser alcançadas.
da suspensão não puderam, por meio dela, ser 3. É correspondentemente aplicável o disposto no
alcançadas. artigo 54.º
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5379

4. Nos casos previstos no n.º 2, se o condenado tiver de b) A libertação se revelar compatível com a defesa da
cumprir a pena de prisão, mas houver já prestado trabalho a ordem jurídica e da paz social.
favor da comunidade, o Tribunal faz, no tempo de prisão a 3. O Tribunal coloca o condenado a prisão em liberdade
cumprir, o desconto que lhe parecer equitativo. condicional quando se encontrarem cumpridos dois terços da
5. Se a prestação de trabalho a favor da comunidade for pena e, no mínimo, 6 meses, desde que se comprove preen-
considerada satisfatória, pode o Tribunal declarar extinta a chido o requisito constante da alínea a) do número anterior.
pena não inferior a 72 horas, uma vez cumpridos dois ter- 4. Tratando-se de condenação a pena de prisão superior
ços da pena.
a 5 anos pela prática de crime contra as pessoas ou de crime
6. Quando o agente não puder prestar o trabalho a que foi
de perigo comum, a liberdade condicional apenas pode ter
condenado por causa que lhe não seja imputável, o Tribunal,
lugar quando se encontrarem cumpridos dois terços da pena
conforme o que se revelar mais adequado à realização da
¿QDOLGDGHGDSXQLomR HXPDYH]YHUL¿FDGRVRVUHTXLVLWRVGDVDOtQHDVD HE GR
a)6XEVWLWXLDSHQDGHSULVmR¿[DGDQDVHQWHQoDSRU n.º 2.
multa até 120 dias, aplicando-se corresponden- 5. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, o
temente o disposto no n.º 2 do artigo 47.º; condenado a pena de prisão superior a 6 anos pode ser colo-
b) Suspende a execução da pena de prisão determi- cado em liberdade condicional logo que houver cumprido
QDGDQDVHQWHQoDSRUXPSHUtRGRTXH¿[DHQWUH cinco sextos da pena.
1 e 3 anos, subordinando-a, nos termos dos 6. Em qualquer das modalidades, a liberdade condicional
artigos 51.º e 52.º, ao cumprimento de deveres tem uma duração igual ao tempo de prisão que falte cumprir,
ou regras de conduta adequados. mas nunca superior a 5 anos.
ARTIGO 58.º ARTIGO 60.º
(Admoestação judicial) (Liberdade condicional em caso de execução
1. Se ao agente for aplicada pena de multa em medida sucessiva de várias penas)

não superior a 120 dias, pode o Tribunal limitar-se a proferir 1. Se houver lugar à execução de várias penas de pri-
uma admoestação judicial. são, a execução da pena que deva ser cumprida em primeiro
2. A admoestação judicial consiste numa solene censura lugar é interrompida:
oral feita ao agente, em audiência, pelo Tribunal. a) Quando se encontrar cumprida metade da pena, no
3. Em regra, a admoestação judicial não é aplicada se o caso do n.º 2 do artigo anterior;
agente, nos 3 anos anteriores ao facto, tiver sido condenado
b) Quando se encontrarem cumpridos dois terços da
em qualquer pena, incluída a de admoestação judicial.
pena, nos casos do n.º 4 do artigo anterior.
4. A admoestação judicial só tem lugar se o dano tiver
2. Nos casos previstos no número anterior, o Tribunal
sido reparado e o Tribunal concluir que, por aquele meio,
VH UHDOL]DP GH IRUPD DGHTXDGD H VX¿FLHQWH DV ¿QDOLGDGHV decide sobre a liberdade condicional no momento em que
da punição. possa fazê-lo, de forma simultânea, relativamente à totali-
5. Sempre que o Tribunal entenda que a presença dos dade das penas.
pais, de outros membros da família do arguido ou de outras 3. Se a soma das penas que devam ser cumpridas suces-
SHVVRDVpQHFHVViULDSDUDFRQFHGHUH¿FiFLDjDGPRHVWDomR sivamente exceder 6 anos de prisão, o Tribunal coloca o
judicial, deve convocá-los para a audiência a que se refere condenado em liberdade condicional, se dela não tiver antes
o n.º 2. aproveitado, logo que se encontrarem cumpridos cinco sex-
SECÇÃO IV tos da soma das penas.
Liberdade Condicional 4. O disposto nos números anteriores não é aplicável ao
ARTIGO 59.º caso em que a execução da pena resultar de revogação da
(Pressupostos e duração) liberdade condicional.
1. A aplicação da liberdade condicional depende sempre ARTIGO 61.º
do consentimento do condenado. (Regime)

2. O Tribunal coloca o condenado a prisão em liberdade É correspondentemente aplicável à liberdade condicio-


condicional quando se encontrar cumprida metade da pena nal o disposto no artigo 52.º e nas alíneas a), b) e c) do
e, no mínimo, 6 meses, se: artigo 53.º
a) For fundadamente de esperar, dadas as circuns- ARTIGO 62.º
tâncias do caso, a vida anterior do agente, a (Revogação e extinção da liberdade condicional)
sua personalidade e a evolução desta durante a 1. É correspondentemente aplicável à revogação e
execução da pena de prisão, que o condenado, extinção da liberdade condicional o disposto no n.º 1 do
uma vez em liberdade, conduza a sua vida de artigo 54.º e no artigo 55.º, respectivamente.
modo socialmente responsável, sem cometer 2. A revogação da liberdade condicional determina a
novos crimes; execução da pena de prisão ainda não cumprida.
5380 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. Relativamente à pena de prisão que vier a ser cumprida, 4. Cessa o disposto nos n.os 1 e 2 quando, pelo mesmo
pode ter lugar a concessão de nova liberdade condicional facto, tiver lugar a aplicação de medida de segurança de
nos termos do artigo 59.º interdição de actividade, nos termos do artigo 110.º
ARTIGO 63.º 5. Sempre que o titular de cargo público, funcionário
(Inadmissibilidade de liberdade condicional)
público ou agente da Administração Pública for condenado
1. Não admitem liberdade condicional os seguintes pela prática de crime, o Tribunal comunica a condenação à
crimes: autoridade de que depende.
a) Genocídio;
ARTIGO 65.º
b) Crimes contra a humanidade; (Suspensão do exercício de função)
c)+RPLFtGLRTXDOL¿FDGR 2DUJXLGRGH¿QLWLYDPHQWHFRQGHQDGRDSHQDGHSULVmR
d) Crimes sexuais contra menores de 14 anos. que não for demitido disciplinarmente de função pública que
2. Não admitem, igualmente, liberdade condicional os desempenhe, incorre na suspensão da função enquanto durar
seguintes crimes contra a segurança do Estado: o cumprimento da pena.
a) Atentado à vida do Presidente da República, de 2. À suspensão prevista no número anterior ligam-se os
Titulares de Órgãos de Soberania, do Vice- efeitos que, de acordo com a legislação respectiva, acom-
-Presidente da República e do Procurador Geral panham a sanção disciplinar de suspensão do exercício de
da República; funções.
b) Alta traição; 3. O disposto nos números anteriores é correspondente-
c) Crimes de terrorismo, punidos com pena de prisão PHQWH DSOLFiYHO D SUR¿VV}HV RX DFWLYLGDGHV FXMR H[HUFtFLR
igual ou superior a 8 anos; depender de título público ou de autorização ou homologa-
d) Rebelião armada, punida com pena de prisão igual ção da autoridade pública.
ou superior a 15 anos; ARTIGO 66.º
e) Sabotagem, punida com pena de prisão igual ou (Efeitos da proibição e da suspensão do exercício de função)

superior a 10 anos, que perigue a integridade 1. Salvo disposição em contrário, a proibição e a sus-
territorial ou a independência do País; pensão do exercício de função pública determinam a perda
f) Espionagem, punido com pena de prisão igual ou dos direitos e regalias atribuídos ao titular, funcionário ou
superior a 16 anos. agente, pelo tempo correspondente.
2. A proibição de exercício de função pública não impos-
CAPÍTULO III sibilita o titular, funcionário ou agente de ser nomeado para
Penas Acessórias cargo ou função que possa ser exercido sem a dignidade e a
ARTIGO 64.º FRQ¿DQoDTXHRFDUJRRXDIXQomRDQWHULRUH[LJLD
(Proibição do exercício de cargo ou função) 3. O disposto nos números anteriores é correspondente-
1. O titular de cargo público, funcionário público ou PHQWH DSOLFiYHO D SUR¿VV}HV RX DFWLYLGDGHV FXMR H[HUFtFLR
agente da Administração Pública que, no exercício da acti- depender de título público ou de autorização ou homologa-
vidade para que foi eleito ou nomeado, cometer crime e for ção da autoridade pública.
condenado com pena de prisão superior a 3 anos, é também ARTIGO 67.º
proibido do exercício daquelas funções por um período de (Proibição de conduzir veículos motorizados)
até 3 anos quando o facto: 1. É condenado na proibição de conduzir veículos moto-
a) )RU SUDWLFDGR FRP ÀDJUDQWH H JUDYH DEXVR GD UL]DGRVSRUXPSHUtRGR¿[DGRHQWUHPrVHDQRVTXHP
função ou com manifesta e grave violação dos for punido:
deveres que lhe são inerentes; a) Por crime cometido no exercício daquela condução
b) Revelar falta de dignidade no exercício do cargo com violação das regras do trânsito rodoviário
ou da função; TXDOL¿FDGDVSRUOHLFRPRFRQWUDYHQomRJUDYHRX
c),PSOLFDUDSHUGDGDFRQ¿DQoDQHFHVViULDDRH[HUFt- muito grave;
cio de cargo ou função. b) Por crime doloso cometido com utilização de
2. O disposto no número anterior é correspondentemente veículo motorizado sempre que essa utilização
DSOLFiYHOjVSUR¿VV}HVRXDFWLYLGDGHVFXMRH[HUFtFLRGHSHQ- tiver facilitado de forma relevante a execução do
der de título público ou de autorização ou homologação da crime.
autoridade pública. 2. A proibição produz efeito a partir do trânsito em jul-
3. Não conta para o prazo de proibição o tempo em que gado da decisão e pode abranger a condução de veículos
o agente estiver privado da liberdade por força de medida de motorizados de qualquer categoria ou de uma categoria
coacção processual, pena ou medida de segurança. determinada.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5381

3. A proibição é comunicada aos serviços competentes e GmR HVWUDQJHLUR SRVVXLU F{QMXJH DQJRODQR RX ¿OKR GHOH
implica para o condenado que for titular de licença de con- GHSHQGHQWH HFRQRPLFDPHQWH VHP SUHMXt]R GD ¿[DomR GH
dução a obrigação de a entregar, na Secretaria do Tribunal alimentos para os que deles necessitem, nos termos da lei.
ou em qualquer posto policial que, sem demora, a deve 8. Ao refugiado aplica-se sempre o tratamento mais
remeter àquela Secretaria; favorável que resulte da lei ou de acordo internacional de
4. Se a licença tiver sido emitida em país estrangeiro, que a República de Angola seja parte.
com validade internacional, a entrega é substituída por ano- 9. A expulsão de refugiado não se pode operar para país
onde possa ser perseguido por razões políticas, raciais, reli-
tação, na referida licença, da proibição decretada.
giosas ou corra perigo de vida.
5. Se, no caso do número anterior, a anotação não puder
10. A expulsão do território nacional não prejudica a
ser feita, o Tribunal remete a licença à entidade que a emitiu,
responsabilidade civil ou criminal em que o cidadão estran-
informando-a da proibição.
geiro tenha incorrido.
6. Não conta para o prazo da proibição o tempo em que 11. A ordem de expulsão deve ser comunicada às autori-
o agente estiver privado da liberdade por força de medida de dades competentes do país para onde o cidadão estrangeiro
coacção processual, pena ou medida de segurança. vai ser expulso.
7. Cessa o disposto no n.º 1 quando, pelo mesmo facto, 12. Compete ao Serviço de Migração e Estrangeiros, em
tiver lugar a aplicação da cassação da licença ou interdição coordenação com as autoridades policiais, a execução da
da respectiva concessão, nos termos dos artigos 111.º e 112.º sentença de expulsão proferida pelos tribunais.
ARTIGO 68.º 13. Salvo disposição legal em contrário, a pena de expul-
(Expulsão do território nacional) são do território nacional pode ser executada em qualquer
1. A pena acessória de expulsão pode ser aplicada ao momento do cumprimento da pena.
cidadão estrangeiro não residente no País, condenado por
CAPÍTULO IV
crime doloso em pena superior a seis meses de prisão efec-
Escolha e Medida da Pena
tiva ou em pena de multa em alternativa à pena de prisão
superior a seis meses. SECÇÃO I
Regras Gerais
2. A mesma pena pode ser imposta a um cidadão estran-
geiro residente no País, condenado por crime doloso em ARTIGO 69.º
pena superior a um ano de prisão, devendo, porém, ter-se (Critério de escolha da pena)

em conta, na sua aplicação, a gravidade dos factos pratica- Se ao crime forem aplicáveis, em alternativa, pena pri-
dos pelo arguido, a sua personalidade, eventual reincidência, vativa e pena não privativa da liberdade, o Tribunal dá
o grau de inserção na vida social, a prevenção especial e o preferência à segunda, sempre que esta realizar de forma
tempo de residência em Angola. DGHTXDGDHVX¿FLHQWHDV¿QDOLGDGHVGDSXQLomR
3. Sem prejuízo do disposto no número anterior, a pena ARTIGO 70.º
acessória de expulsão só pode ser aplicada ao cidadão (Determinação da medida da pena)
estrangeiro com residência permanente, quando a sua con- 1. A determinação da medida da pena, dentro dos limi-
duta constitua perigo ou ameaça grave para a ordem pública, WHV¿[DGRVQDOHLpIHLWDHPIXQomRGDFXOSDGRDJHQWHHGDV
a segurança ou a defesa nacional. exigências da prevenção.
4. Sendo decretada a pena acessória de expulsão, o Juiz 2. Na determinação da medida concreta da pena o
de Execução de Penas ordena a sua execução logo que 7ULEXQDODWHQGHDWRGDVDVFLUFXQVWkQFLDVQmRPRGL¿FDWLYDV
cumpridos: considerando, nomeadamente:
a) Metade da pena, nos casos de condenação em pena a) O grau de ilicitude do facto, o modo de execução
igual ou inferior a cinco anos de prisão; deste e a gravidade das suas consequências, bem
b) Dois terços da pena, nos casos de condenação em como o grau de violação dos deveres impostos
pena superior a cinco anos de prisão. ao agente;
5. O Juiz de Execução de Penas pode, sob proposta fun- b) A intensidade do dolo ou da negligência;
damentada do Director do Estabelecimento Prisional, e sem c) Os sentimentos manifestados no cometimento do
oposição do condenado, decidir a antecipação da execução FULPHHRV¿QVRXPRWLYRVTXHRGHWHUPLQDUDP
da pena acessória de expulsão logo que cumprido um terço d) As condições pessoais do agente e a sua situação
da pena, nos casos de condenação em pena igual ou inferior económica;
a cinco anos de prisão e desde que esteja assegurado o cum- e) A conduta anterior ao facto e a posterior a este,
primento do remanescente da pena no país de destino. especialmente quando esta seja destinada a repa-
6. A expulsão é efectuada, fazendo regressar o cidadão rar as consequências do crime;
estrangeiro ao país de origem ou de residência habitual. f) A falta de preparação para manter uma conduta
7. Não constitui impedimento da execução da medida lícita, manifestada no facto, quando essa falta
de expulsão determinada judicialmente, o facto do cida- deva ser censurada através da aplicação da pena.
5382 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. As circunstâncias a que se refere o número anterior c) Ter havido actos demonstrativos de arrependimento
são agravantes quando depõem contra o agente e atenuantes sincero do agente, nomeadamente a reparação,
quando depõem em seu favor. até onde lhe era possível, dos danos causados;
4. Na sentença são expressamente referidos os funda- d) Ter decorrido muito tempo sobre a prática do
mentos da medida da pena. crime, mantendo o agente boa conduta;
ARTIGO 71.º e) Ter o agente prestado relevantes serviços à socie-
(Circunstâncias relevantes para a determinação da medida da pena)
dade;
1. Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo ante- f) Ter a conduta sido baseada em valores culturais,
rior, são unicamente circunstâncias agravantes, ter o agente usos e costumes, desde que não sejam contrários
cometido o crime: à Constituição nem atentem contra a dignidade
a) Por motivo fútil;
da pessoa humana;
b) Mediante recompensa, remuneração ou sua pro-
g) Quaisquer outras circunstâncias atenuantes que
messa;
precedam, acompanhem ou sigam o crime.
c) Por discriminação em razão da raça, cor, etnia,
ARTIGO 72.º
do local de nascimento, do sexo, da orientação
&LUFXQVWkQFLDVPRGL¿FDWLYDVHFRQFXUVR
VH[XDOGRHQoDRXGH¿FLrQFLDItVLFDRXSVtTXLFD
da crença ou religião, de convicções políticas ou  6mR FLUFXQVWkQFLDV PRGL¿FDWLYDV DV TXH DOWHUDP D
ideológicas, da condição ou origem social ou de medida legal da pena aplicável ao crime em relação ao qual
quaisquer outras formas de discriminação; VHYHUL¿FDP
d) Para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, 2. Concorrendo no mesmo crime duas ou mais circuns-
a impunidade ou a vantagem de outro crime; WkQFLDVPRGL¿FDWLYDVFRPXQVRXHVSHFLDLVVyDPDLVJUDYH
e) Com traição, emboscada, aleivosia ou qualquer ou uma só delas, se forem de igual gravidade, pode ser con-
outra fraude; siderada como tal, funcionando a restante ou restantes como
f) Com veneno, incêndio, explosivo, tortura ou qual- circunstâncias que apenas relevam na determinação da
quer meio cruel ou de que podia resultar perigo
medida concreta da pena.
comum;
ARTIGO 73.º
g) Contra ascendentes, descendentes, parentes até ao (Atenuação especial da pena)
WHUFHLURJUDXGDOLQKDFRODWHUDORXD¿QVF{QMXJH
ou pessoa em situação análoga; 1. O Tribunal atenua especialmente a pena, para além
h) Com abuso de autoridade ou prevalecendo-se o dos casos especialmente previstos na lei, quando existirem
agente de relações domésticas, de coabitação ou circunstâncias anteriores, contemporâneas ou posteriores
de hospitalidade; ao crime, que diminuam de forma acentuada a ilicitude do
i) Com abuso de poder ou violação de dever inerente facto, a culpa do agente ou a necessidade da pena.
DFDUJRRItFLRSUR¿VVmRRXDFWLYLGDGH 2. Só pode ser tomada em conta uma única vez a circuns-
j) Contra criança, idoso ou mulher grávida; tância que, por si mesma ou conjuntamente com outras, der
k) Com a comparticipação de criança; lugar simultaneamente a uma atenuação especialmente pre-
l) Quando o ofendido estava sob imediata protecção
vista na lei e à estabelecida neste artigo.
da autoridade;
ARTIGO 74.º
m) Em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação, (Termos da atenuação especial)
qualquer calamidade pública ou desgraça parti-
1. Sempre que houver lugar à atenuação especial da
cular do ofendido;
pena, observa-se o seguinte relativamente aos limites da
n) Com a participação de uma ou mais pessoas;
pena aplicável:
o) De noite ou em lugar ermo;
p) Com superioridade de arma. a) O limite máximo da pena de prisão é reduzido em
2. São circunstâncias atenuantes as que diminuírem a ili- um terço;
citude do facto, a culpa do agente ou a necessidade da pena, b) O limite mínimo da pena de prisão é reduzido a
nomeadamente: um quinto, se for igual ou superior a 3 anos, e ao
a) 7HU R DJHQWH DFWXDGR VRE LQÀXrQFLD GH DPHDoD mínimo legal, se for inferior;
grave de ascendente, de pessoa de quem dependa c) O limite máximo da pena de multa é reduzido
ou de quem deva obediência; em um terço e o limite mínimo é reduzido ao
b) Ter sido a conduta do agente determinada por mínimo legal;
motivo honroso, por forte tentação ou solicita- d) Se o limite máximo da pena de prisão não for supe-
ção da própria vítima ou por provocação injusta rior a 3 anos, pode a mesma ser substituída por
ou ofensa imerecida; multa, dentro dos limites gerais.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5383

2. A pena especialmente atenuada pode, depois de estar SECÇÃO III


Punição do Concurso de Crimes e do Crime Continuado
determinada em concreto, ser substituída nos termos gerais.
ARTIGO 75.º ARTIGO 78.º
(Regras da punição do concurso)
(Dispensa de pena)

1. Quando o crime for punível com pena de prisão não 1. Quando alguém tiver praticado vários crimes antes de
ter transitado em julgado, a condenação por qualquer deles é
superior a 6 meses, ou com multa não superior a 120 dias,
condenado numa pena única.
pode o Tribunal declarar o arguido culpado, mas não aplicar
2. A pena única aplicável tem como limite máximo a
qualquer pena, se:
soma das penas concretamente aplicadas aos vários crimes,
a) A ilicitude do facto e a culpa do agente forem não podendo ultrapassar os 35 anos, tratando-se de pena de
diminutas; prisão e 900 dias, tratando-se de pena de multa.
b) O dano tiver sido reparado; 3. A pena aplicável tem como limite mínimo a mais ele-
c) À dispensa de pena não se opuserem razões de vada das penas concretamente aplicadas aos vários crimes.
prevenção. 4. Na medida da pena são considerados, em conjunto, os
2. Se o juiz tiver razões para crer que a reparação do dano factos e a personalidade do agente.
HVWiHPYLDVGHVHYHUL¿FDUSRGHDGLDUDVHQWHQoDSDUDUHD- 5. Se as penas aplicadas aos crimes em concurso forem
preciação do caso dentro de 1 ano, em dia que, desde logo, umas de prisão e outras de multa, a diferente natureza destas
deve marcar. mantém-se na pena única resultante da aplicação dos crité-
3. Quando uma outra norma admitir, com carácter facul- rios estabelecidos nos números anteriores.
tativo, a dispensa de pena, esta só tem lugar se no caso se 6. As penas acessórias e as medidas de segurança são
sempre aplicadas ao agente, ainda que previstas por uma só
YHUL¿FDUHPRVUHTXLVLWRVFRQWLGRVQDVDOtQHDVGRQž
das leis aplicáveis.
SECÇÃO II
Reincidência ARTIGO 79.º
(Conhecimento superveniente do concurso)
ARTIGO 76.º 1. Se, depois de uma condenação transitada em julgado,
(Pressupostos da reincidência)
mas antes de a respectiva pena estar cumprida, prescrita
1. É punido como reincidente quem, por si só ou sob qual- ou extinta, se mostrar que o agente praticou, anteriormente
quer forma de comparticipação, cometer um crime doloso àquela condenação, outro ou outros crimes, são aplicáveis as
punível com pena de prisão superior a 1 ano, depois de ter regras do artigo anterior.
sido condenado por sentença transitada em julgado em pena 2. O disposto no número anterior é ainda aplicável no
de prisão efectiva superior a 1 ano por outro crime doloso, caso de todos os crimes terem sido objecto separadamente
se, de acordo com as circunstâncias do caso, o agente for de de condenações transitadas em julgado.
censurar por a condenação ou condenações anteriores não 3. As penas acessórias e as medidas de segurança apli-
OKHWHUHPVHUYLGRGHVX¿FLHQWHDGYHUWrQFLDFRQWUDRFULPH cadas na sentença anterior mantêm-se, salvo quando se
2. O crime anterior por que o agente tenha sido conde- mostrarem desnecessárias em vista da nova decisão.
nado não releva para a reincidência se entre a sua prática e 4. Se forem aplicáveis apenas ao crime que falta apreciar
a do crime seguinte tiverem decorrido mais de 6 anos, não as penas acessórias e as medidas de segurança referidas no
n.º 3, só são decretadas se ainda forem necessárias em face
sendo computado, neste prazo, o tempo durante o qual o
da decisão anterior.
agente tenha cumprido medida processual, pena ou medida
ARTIGO 80.º
de segurança privativas da liberdade. (Punição do crime continuado)
3. As condenações proferidas por tribunais estrangeiros
O crime continuado é punível com a pena aplicável à
contam para a reincidência nos termos dos números anterio-
conduta mais grave que integra a continuação.
res, desde que o facto constitua crime segundo a lei angolana.
SECÇÃO IV
4. A prescrição da pena, o perdão genérico e o indulto Desconto
QmRREVWDPjYHUL¿FDomRGDUHLQFLGrQFLD
ARTIGO 81.º
ARTIGO 77.º (Medidas processuais)
(Efeitos da reincidência)
1. A privação da liberdade, nomeadamente a prisão pre-
1. Em caso de reincidência, o limite mínimo da pena ventiva aplicada ao arguido no processo em que vier a ser
aplicável ao crime é elevado de um terço e o limite máximo condenado, é descontada por inteiro no cumprimento da
permanece inalterado. pena de prisão que lhe for aplicada.
2. A agravação referida no número anterior não pode 2. Se for aplicada pena de multa, a privação da liberdade
exceder a medida da pena mais grave aplicada nas conde- prevista no número anterior é descontada à razão de 1 dia
nações anteriores. por, pelo menos, 1 dia de multa.
5384 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 82.º 2. É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 2


(Pena anterior)
do artigo anterior.
1. Se a pena imposta por decisão transitada em julgado 3. São tomados em conta, nos termos dos artigos anterio-
for posteriormente substituída por outra, é descontada nesta res, os factos julgados fora de Angola que tiverem conduzido
a pena anterior, na medida em que já estiver cumprida.
à aplicação de prisão efectiva, desde que a eles seja aplicá-
2. Se a pena anterior e a posterior forem de diferente natu-
vel, segundo a Lei Penal Angolana, pena de prisão.
reza, é feito na nova pena o desconto que parecer equitativo.
ARTIGO 86.º
ARTIGO 83.º (Restrições)
(Medida processual ou pena aplicada no estrangeiro)
1. Se os crimes forem praticados antes de o agente ter
É descontada, nos termos dos artigos anteriores, qualquer
completado 25 anos de idade, o disposto nos artigos 84.º
medida processual ou pena que o agente tenha cumprido,
e 85.º só é aplicável se aquele tiver cumprido prisão no
pelo mesmo ou pelos mesmos factos, no estrangeiro.
mínimo de 1 ano.
CAPÍTULO V 2. O prazo referido no n.º 2 do artigo 85.º é, para efeito
Prorrogação da Pena do disposto neste artigo, de 3 anos.
SECÇÃO I SECÇÃO II
Delinquentes por Tendência Alcoólicos e Equiparados

ARTIGO 84.º ARTIGO 87.º


(Pressupostos e efeitos)
(Prorrogação da pena)

1. A pena de prisão efectiva pela prática de crime doloso, A pena de prisão efectiva aplicada a um alcoólico ou
superior a 2 anos, é prorrogada por dois períodos sucessivos pessoa com tendência para abusar de bebidas alcoólicas é
de 3 anos, se: prorrogada por dois períodos sucessivos de três anos se:
a) O agente tiver cometido anteriormente dois ou a) O agente tiver cometido anteriormente crime a que
mais crimes dolosos, a cada um dos quais tenha tenha sido aplicada também prisão efectiva;
sido aplicada prisão efectiva também por mais b) Os crimes tiverem sido praticados em estado de
de 2 anos; embriaguez ou estiverem relacionados com o
b) Ao expirar da pena ou da primeira prorrogação alcoolismo ou com a tendência do agente;
for fundadamente de esperar, atendendo às cir-
c) A prorrogação for necessária para eliminar o alcoo-
cunstâncias do caso, à vida anterior do agente,
lismo do agente ou combater a sua tendência
à sua personalidade e à evolução desta durante a
para abusar de bebidas alcoólicas.
execução da prisão, que o condenado, uma vez
ARTIGO 88.º
em liberdade, não conduzirá a sua vida de modo
(Abuso de estupefacientes)
socialmente responsável, sem cometer crimes.
2. Qualquer crime anterior deixa de ser tomado em O disposto no artigo 87.º é correspondentemente aplicá-
conta, para efeito do disposto no n.º 1, quando entre a sua vel aos agentes que abusarem de estupefacientes.
prática e a do crime seguinte tiverem decorrido mais de 5 SECÇÃO III
Disposição Comum
anos, não sendo computado neste prazo o período durante o
qual o agente cumpriu medida processual, pena de prisão ou ARTIGO 89.º
medida de segurança privativas da liberdade. (Liberdade condicional)

3. São tomados em conta, nos termos dos números É aplicável, aos casos sujeitos à prorrogação da pena, o
anteriores, os factos julgados fora de Angola que tiverem disposto nos artigos 59.º a 63.º
conduzido à aplicação de prisão efectiva por mais de 2
CAPÍTULO VI
anos, desde que a eles seja aplicável, segundo a Lei Penal
Penas Aplicáveis a Pessoas Colectivas
Angolana, pena de prisão superior a 2 anos.
ARTIGO 85.º SECÇÃO I
(Outros casos de prorrogação da pena) Penas Principais

1. A pena de prisão efectiva pela prática do crime doloso ARTIGO 90.º


(Admoestação judicial)
é prorrogada por dois períodos sucessivos de 3 anos se:
a) O agente tiver cometido anteriormente quatro ou 1. Se à pessoa colectiva ou entidade equiparada dever
mais crimes dolosos, a cada um dos quais tenha ser aplicada pena de multa em medida não superior a 60 dias,
sido também aplicada pena de prisão efectiva; pode o Tribunal limitar-se a proferir uma admoestação judi-
b)2SUHVVXSRVWR¿[DGRQDDOtQHDE GRQžGRDUWLJR cial, se o dano tiver sido reparado, a pessoa colectiva, nos três
anterior estiver preenchido. anos anteriores ao facto, não tiver sido condenada em qual-
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5385

quer pena, incluída a de admoestação judicial e o Tribunal no geral, para as funções de prevenção e repressão do crime,
concluir que, por aquele meio, se realizam de forma ade- o Tribunal determina a publicação da sentença condenatória.
TXDGDHVX¿FLHQWHDV¿QDOLGDGHVGDSXQLomR 2. A publicidade da decisão condenatória é efectivada a
2. A admoestação judicial consiste numa solene censura expensas do condenado, em meio de comunicação social a
oral feita em audiência, pelo Tribunal, ao representante legal GHWHUPLQDUSHOR7ULEXQDOEHPFRPRDWUDYpVGDD¿[DomRGH
da pessoa colectiva ou entidade equiparada ou, na sua falta, edital, por período não inferior a 30 dias, no próprio estabe-
a outra pessoa que nela ocupe uma posição de liderança. lecimento comercial ou industrial ou no local de exercício
ARTIGO 91.º da actividade, por forma bem visível ao público.
(Pena de multa para as pessoas colectivas) 3. Sem prejuízo do disposto no número anterior, o
$SHQDGHPXOWDp¿[DGDHPGLDVVHQGRHPUHJUDR Tribunal pode determinar a publicidade da decisão condena-
limite mínimo de 10 dias e o máximo de 360. tória por recurso a meios ou mecanismos melhor adequados
2. Cada dia de multa corresponde a uma quantia entre para a cautela dos efeitos subjacentes à condenação.
114 Unidades de Referência Processual e 113.636 Unidades 4. A publicidade da decisão condenatória é feita por
GH5HIHUrQFLD3URFHVVXDOTXHR7ULEXQDO¿[DHPIXQomRGD extracto, de que constam os elementos da infracção e as
VLWXDomR HFRQyPLFD H ¿QDQFHLUD GD SHVVRD FROHFWLYD GDV VDQo}HV DSOLFDGDV EHP FRPR D LGHQWL¿FDomR GDV SHVVRDV
consequências do acto e dos seus encargos com os trabalha- colectivas ou entidades equiparadas.
GRUHVHTXDQGRVHMXVWL¿FDUDSOLFDPVHDVVHJXLQWHVUHJUDV ARTIGO 94.º
a) O Tribunal pode autorizar o pagamento da multa (Caução de boa conduta)
dentro de um prazo que não exceda um ano, 1. Se à pessoa colectiva ou entidade equiparada dever
ou permitir o pagamento em prestações, não ser aplicada pena de multa em medida não superior a 120 dias,
podendo a última delas ir além dos dois anos pode o Tribunal substituí-la por caução de boa conduta,
subsequentes à data do trânsito em julgado da entre 1.136 Unidades de Referência Processual e 1 136 364
condenação; Unidades de Referência Processual, pelo prazo de um a
b) Dentro dos limites referidos na alínea anterior e cinco anos.
TXDQGR PRWLYRV VXSHUYHQLHQWHV R MXVWL¿FDUHP 2. A caução é declarada perdida a favor do Estado se a
os prazos de pagamento inicialmente estabeleci- pessoa colectiva ou entidade equiparada praticar novo crime
dos podem ser alterados; pelo qual venha a ser condenada no decurso do prazo, sendo-
c) A falta de pagamento de uma das prestações -lhe restituída no caso contrário.
importa o vencimento de todas. 3. A caução pode ser prestada por meio de depósito,
d) Findo o prazo de pagamento da multa ou de alguma SHQKRUKLSRWHFD¿DQoDEDQFiULDRX¿DQoD
das suas prestações sem que o pagamento esteja 4. O Tribunal revoga a pena de caução de boa conduta
efectuado, procede-se à execução do património e ordena o cumprimento da pena de multa determinada na
da pessoa colectiva ou entidade equiparada. sentença se a pessoa colectiva ou entidade equiparada não
e) A multa que não for voluntária ou coercivamente SUHVWDUDFDXomRQRSUD]R¿[DGR
paga não pode ser convertida em prisão subsi- ARTIGO 95.º
(Injunção judicial)
diária.
ARTIGO 92.º 1. O Tribunal pode ordenar à pessoa colectiva ou entidade
(Pena de dissolução) equiparada que adopte certas providências, designadamente
A pena de dissolução é decretada pelo Tribunal quando as que forem necessárias para cessar a actividade ilícita ou
a pessoa colectiva ou entidade equiparada tiver sido criada evitar as suas consequências.
com a intenção exclusiva ou predominante de praticar os cri- 2. O Tribunal determina o prazo em que a injunção deve
mes indicados na presente Lei ou quando a prática reiterada ser cumprida a partir do trânsito em julgado da sentença.
de tais crimes mostre que a pessoa colectiva ou entidade ARTIGO 96.º
equiparada está a ser utilizada, exclusiva ou predominante- (Proibição de celebrar contratos)
mente, para esse efeito, por quem nela ocupe uma posição A proibição de celebrar certos contratos ou contratos
de liderança. com determinadas entidades é aplicável, pelo prazo de 1 a 5
SECÇÃO II anos, à pessoa colectiva ou entidade equiparada.
Penas Acessórias
ARTIGO 97.º
(Privação do direito a subsídios, subvenções ou incentivos)
ARTIGO 93.º
(Publicidade da decisão condenatória) A privação do direito a subsídios, subvenções ou incen-
1. Sempre que necessário para o efeito útil da pena apli- tivos outorgados pelo Estado e demais pessoas colectivas
cada, para a reparação do dano causado pelo crime, para a públicas é aplicável, pelo prazo de 1 a 5 anos, à pessoa
tutela dos bens e interesses afectados pela norma violada, e colectiva ou entidade equiparada.
5386 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 98.º CAPÍTULO VII


(Perda dos bens e das vantagens do crime) Medidas de Segurança
Para efeitos da perda de bens e das vantagens do crime SECÇÃO I
aplica-se, com as devidas adaptações, o disposto nos arti- Internamento de Inimputáveis
gos 120.º a 123.º
ARTIGO 101.º
ARTIGO 99.º (Pressupostos e duração mínima)
(Interdição do exercício de actividade)
1. Quem tiver praticado um facto ilícito típico e for con-
1. A interdição do exercício de certas actividades pode siderado inimputável, nos termos do artigo 18.º, é mandado
ser ordenada pelo Tribunal, pelo prazo de três meses a cinco internar pelo Tribunal em estabelecimento de cura, trata-
anos, quando o crime tiver sido cometido no exercício des- mento ou segurança, sempre que, por virtude da anomalia
sas actividades. psíquica e da gravidade do facto praticado, houver fun-
2. Quando a pessoa colectiva ou entidade equiparada dado receio de que venha a cometer outros factos da mesma
cometer crime punido com pena de multa superior a 240 espécie.
GLDVR7ULEXQDOSRGHGHWHUPLQDUDLQWHUGLomRGH¿QLWLYDGH 2. Quando o facto praticado pelo inimputável corres-
certas actividades. ponde a crime contra as pessoas ou a crime de perigo comum
3. No caso previsto no número anterior, o Tribunal pode puníveis com pena de prisão superior a 5 anos, o interna-
mento tem a duração mínima de 3 anos, salvo se a libertação
reabilitar a pessoa colectiva ou entidade equiparada se esta
se revelar compatível com a defesa da ordem jurídica e da
se tiver conduzido, por um período de cinco anos depois
paz social.
de cumprida a pena principal, de forma que torne razoável
ARTIGO 102.º
supor que não cometerá novos crimes. (Cessação e prorrogação do internamento)
ARTIGO 100.º
1. Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo anterior, o
(Encerramento de estabelecimento)
LQWHUQDPHQWR¿QGDTXDQGRR7ULEXQDOYHUL¿FDUTXHFHVVRXR
1. O encerramento de estabelecimento pode ser orde- estado de perigosidade criminal que lhe deu origem.
nado pelo Tribunal, pelo prazo de três meses a cinco anos, 2. O internamento não pode exceder o limite máximo
quando a infracção tiver sido cometida no âmbito da respec- da pena correspondente ao tipo de crime cometido pelo
tiva actividade. inimputável.
2. Quando a pessoa colectiva ou entidade equiparada 3. Se o perigo de novos factos da mesma espécie for
cometer crime punido com pena de multa superior a 240 de tal modo grave que desaconselhe a libertação, o inter-
GLDVR7ULEXQDOSRGHGHWHUPLQDURHQFHUUDPHQWRGH¿QLWLYR namento pode ser prorrogado, por decisão judicial, por
do estabelecimento. SHUtRGRVVXFHVVLYRVGHDQRVDWpVHYHUL¿FDUDVLWXDomRSUH-
3. No caso previsto no número anterior, o Tribunal vista no n.º 1.
pode reabilitar a pessoa colectiva ou entidade equiparada ARTIGO 103.º
(Revisão da situação do internado)
e autorizar a reabertura do estabelecimento se esta se tiver
conduzido, por um período de cinco anos depois de cum- 6HIRULQYRFDGDDH[LVWrQFLDGHFDXVDMXVWL¿FDWLYDGD
prida a pena principal, de forma que torne razoável supor cessação do internamento, o Tribunal aprecia a questão a
que não cometerá novos crimes. todo o tempo.
4. Não obsta à aplicação da pena de encerramento, a 2. A apreciação é obrigatória, independentemente de
requerimento, decorridos 2 anos sobre o início do interna-
transmissão do estabelecimento ou a cedência de direitos
mento ou sobre a decisão que o tiver mantido.
de qualquer natureza, relacionadas com o exercício da acti-
3. Fica ressalvado, em qualquer caso, o prazo mínimo de
vidade, efectuadas depois da instauração do processo ou
LQWHUQDPHQWR¿[DGRQRQžGRDUWLJRž
depois da prática do crime, salvo se o adquirente se encon-
ARTIGO 104.º
trar de boa-fé. (Liberdade para prova)
5. Para efeitos do número anterior, entende-se por boa-
1. Se da revisão referida no artigo anterior resultar que
-fé a ignorância desculpável de que os bens, direitos, valores
KiUD]}HVSDUDHVSHUDUTXHD¿QDOLGDGHGDPHGLGDSRVVDVHU
ou vantagens adquiridas se relacionavam com actividades alcançada em meio aberto, o Tribunal coloca o internado em
ilícitas. liberdade para prova.
6. A cessação da relação jurídico-laboral ou a suspensão 2SHUtRGRGHOLEHUGDGHSDUDSURYDp¿[DGRHQWUHXP
ou redução do pagamento das respectivas remunerações, mínimo de 2 anos e um máximo de 5, não podendo ultra-
que ocorra em virtude da aplicação da pena de encer- passar, todavia, o tempo que faltar para o limite máximo de
ramento do estabelecimento ou de dissolução judicial duração do internamento.
considera-se, para todos os efeitos, como sendo rescisão 3. É correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 3
sem justa causa. e 4 do artigo 108.º
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5387

4. Se não houver motivos para a revogação da liberdade 5. É correspondentemente aplicável:


SDUDDSURYD¿QGRRWHPSRGHGXUDomRGHVWDDPHGLGDGH a) À suspensão da execução do internamento o
internamento é declarada extinta. disposto no artigo 102.º e nos n.os 1 e 2 do
6H¿QGRRSHUtRGRGHOLEHUGDGHSDUDDSURYDVHHQFRQ- artigo 103.º;
trar pendente processo ou incidente que possa conduzir à b) À revogação da suspensão da execução do interna-
revogação, a medida é declarada extinta quando o processo mento o disposto no artigo 105.º
RXLQFLGHQWH¿QGDUHPHQmRKRXYHUOXJDUjUHYRJDomR SECÇÃO III
ARTIGO 105.º Execução da Pena e da Medida de Segurança Privativa da Liberdade
(Revogação da liberdade para prova)
ARTIGO 109.º
1. A liberdade para prova é revogada quando: (Regime)
a) O comportamento do agente revelar que o interna- 1. A medida de internamento é executada antes da pena a
mento é indispensável; que o agente tiver sido condenado e nesta descontada.
b) O agente for condenado em pena privativa de 2. Logo que a medida de internamento deva cessar, o
OLEHUGDGH H QmR VH YHUL¿FDUHP RV SUHVVXSRVWRV Tribunal coloca o agente em liberdade condicional se se
da suspensão da execução, nos termos do n.º 1 encontrar cumprido o tempo correspondente à metade da
do artigo 50.º pena e a libertação se revelar compatível com a defesa da
2. A revogação determina o reinternamento do agente. ordem jurídica e da paz social.
ARTIGO 106.º
3. Se a medida de internamento dever cessar, mas não
(Reexame da medida de internamento) tiver ainda decorrido o tempo correspondente à metade da
1. Não pode iniciar-se a execução da medida de segu- pena, pode o Tribunal, a requerimento do condenado, substi-
rança de internamento, decorridos 2 anos ou mais sobre tuir o tempo que faltar para metade da pena, até ao máximo
de 1 ano, por prestação de trabalho a favor da comunidade,
a decisão que a tiver decretado, sem que seja apreciada a
nos termos do artigo 56.º, se tal se revelar compatível com a
subsistência dos pressupostos que fundamentaram a sua
defesa da ordem jurídica e da paz social, sendo o delinquente
aplicação.
colocado em liberdade condicional depois de prestado o
 2 7ULEXQDO SRGH FRQ¿UPDU VXVSHQGHU RX UHYRJDU D
trabalho.
medida decretada.
4. Se a medida de internamento dever cessar, mas o con-
ARTIGO 107.º
denado não tiver sido colocado em liberdade condicional
(Inimputáveis estrangeiros)
nos termos dos números anteriores, é imediatamente colo-
Sem prejuízo do disposto em tratado ou convenção cado uma vez atingido o tempo correspondente a dois terços
internacional, a medida de internamento de inimputável da pena.
estrangeiro pode ser substituída por expulsão do território 5. A requerimento do condenado, o tempo de prisão
nacional, em termos regulados por legislação especial. que faltar para dois terços da pena pode ser substituído, até
SECÇÃO II ao máximo de 1 ano, por prestação de trabalho a favor da
Suspensão da Execução do Internamento
comunidade, nos termos do artigo 56.º
ARTIGO 108.º 6. É correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 1
(Pressupostos e regime) e 5 do artigo 59.º
1. O Tribunal que ordenar o internamento determina, 7. Se a prestação de trabalho a favor da comunidade ou
em vez dele, a suspensão da execução se for razoavelmente a liberdade condicional forem revogadas, nos termos do
GHHVSHUDUTXHFRPDVXVSHQVmRVHDOFDQFHD¿QDOLGDGHGD número 2 do artigo 57.º ou do artigo 62.º, o Tribunal decide
medida. se o agente deve cumprir o resto da pena ou continuar o
2. No caso previsto no n.º 2 do artigo 101.º, a suspen- internamento pelo mesmo tempo.
VmRVySRGHWHUOXJDUYHUL¿FDGDVDVFRQGLo}HVDtHQXQFLDGDV SECÇÃO IV
3. A decisão de suspensão impõe ao agente regras de Medidas de Segurança não Privativas da Liberdade

conduta, em termos correspondentes aos referidos no artigo ARTIGO 110.º


52.º, necessárias à prevenção da perigosidade, bem como o (Interdição de actividades)
dever de se submeter a tratamentos e regimes de cura ambu- 1. Quem for condenado por crime cometido com grave
latórios apropriados e de se prestar a exames e observações DEXVRGHSUR¿VVmRFRPpUFLRRXLQG~VWULDTXHH[HUoDRXFRP
nos lugares que lhe forem indicados. grosseira violação dos deveres inerentes, ou dele for absol-
4. A suspensão da execução do internamento não pode vido só por falta de imputabilidade, é interdito do exercício
ser decretada se o agente for simultaneamente condenado da respectiva actividade quando, em face do facto praticado
HPSHQDSULYDWLYDGDOLEHUGDGHHQmRVHYHUL¿FDUHPRVSUHV- e da personalidade do agente, houver fundado receio de que
supostos da suspensão da execução desta. possa vir a praticar outros factos da mesma espécie.
5388 DIÁRIO DA REPÚBLICA

 2 SHUtRGR GH LQWHUGLomR p ¿[DGR HQWUH  D  DQRV ARTIGO 113.º


(Cassação de licença de uso e porte de arma de fogo
podendo ser prorrogado por outro período de até 3 anos se, e interdição de concessão)
¿QGRRSUD]R¿[DGRQDVHQWHQoDR7ULEXQDOFRQVLGHUDUTXH
1. Em caso de condenação por crime com utilização de
DTXHOHQmRIRLVX¿FLHQWHSDUDUHPRYHURSHULJRTXHIXQGD-
arma de fogo, ou de absolvição só por falta de imputabili-
mentou a medida.
dade, o Tribunal decreta a cassação da licença de uso e porte
3. O período de interdição conta-se a partir do trân-
de arma de fogo quando, em face do facto praticado e da per-
sito em julgado da decisão, sem prejuízo de nele poder ser
sonalidade do agente, houver fundado receio de que possa
imputada a duração de qualquer interdição decretada, pelo
vir a praticar outros factos da mesma espécie.
mesmo facto, a título provisório.
2. Quando decretar a cassação da licença de uso e porte
4. O decurso do período de interdição suspende-se
de arma de fogo, o Tribunal determina que ao agente não
durante o tempo em que o agente estiver privado da liber-
pode ser concedida nova licença de uso e porte de arma de
dade por força de medida de coacção processual, pena ou
fogo, sendo correspondentemente aplicável o disposto nos
medida de segurança, mas se a suspensão durar 2 anos ou
mais, o Tribunal reexamina a situação que fundamentou a n.os 3, 4 e 5 do artigo 67.º
DSOLFDomRGDPHGLGDFRQ¿UPDQGRDRXUHYRJDQGRD  6H R DJHQWH UHODWLYDPHQWH DR TXDO VH YHUL¿FDUHP RV
pressupostos do n.º 1 não for titular de licença de uso e porte
ARTIGO 111.º
(Cassação da licença de condução de veículo motorizado) de arma de fogo, o Tribunal limita-se a decretar a interdi-
ção de concessão de licença, nos termos do número anterior,
1. Em caso de condenação por crime praticado na condu-
sendo a sentença comunicada à entidade competente, sendo
ção de veículo motorizado ou com ela relacionado, ou com
correspondentemente aplicável o disposto no n.º 4 do
violação grosseira dos deveres que a um condutor incum-
artigo 67.º
bem, ou de absolvição só por falta de imputabilidade, o
4. Se contra o agente tiver sido já decretada a interdição
Tribunal decreta a cassação da licença de condução quando,
de concessão de licença de uso e porte de arma de fogo nos
em face do facto praticado e da personalidade do agente:
5 anos anteriores à prática do facto, o prazo mínimo de inter-
a) Houver fundado receio de que possa vir a praticar
dição é de 2 anos.
outros factos da mesma espécie;
5. É correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 2,
b) Dever ser considerado inapto para a condução de
3 e 4 do artigo 110.º
veículo motorizado.
ARTIGO 114.º
2. É susceptível de revelar a inaptidão referida na alínea b) (Extinção das medidas)
do número anterior a prática, entre outros, de factos que inte-
1. Se, decorridos os prazos mínimos das medidas pre-
grem os crimes de:
YLVWDV QRV DUWLJRV ž ž H ž Qž  VH YHUL¿FDU D
a) Omissão de auxílio, nos termos do artigo 208.º;
requerimento do interdito, que os pressupostos de aplicação
b) Condução de veículo em estado de embriaguez,
daquelas deixaram de subsistir, o Tribunal declara extintas
nos termos do artigo 306.º;
as medidas que houver decretado.
c) Condução perigosa de meio de transporte, nos ter- 2. Em caso de indeferimento, não pode ser apresentado
mos do artigo 305.º novo requerimento antes de decorrido 1 ano.
ARTIGO 112.º
(Interdição de concessão de licença) CAPÍTULO VIII
1. Quando decretar a cassação da licença de condução, Internamento de Imputáveis Portadores
o Tribunal determina que ao agente não pode ser conce- de Anomalia Psíquica
dida nova licença de condução de veículos motorizados, de ARTIGO 115.º
qualquer categoria ou de uma categoria determinada, sendo (Anomalia psíquica anterior)

correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 3 e 4 do 1. Quando o agente não for declarado inimputável e for
artigo 67.º condenado em prisão, mas se mostrar que, em virtude de
 6H R DJHQWH UHODWLYDPHQWH DR TXDO VH YHUL¿FDUHP RV anomalia psíquica de que sofria já ao tempo do crime, o
pressupostos do artigo anterior não for titular de licença de regime dos estabelecimentos comuns lhe será prejudicial,
condução, o Tribunal limita-se a decretar a interdição de ou que ele perturbará seriamente esse regime, o Tribunal
concessão de licença, nos termos do número anterior, sendo ordena o seu internamento em estabelecimento destinado a
a sentença comunicada à entidade competente, sendo corres- inimputáveis pelo tempo correspondente à duração da pena.
pondentemente aplicável o disposto no n.º 4 do artigo 67.º 2. O internamento previsto no número anterior não
3. Se contra o agente tiver sido já decretada a interdição impede a concessão de liberdade condicional, nos termos
de concessão de licença nos 5 anos anteriores à prática do do artigo 59.º, nem a colocação do delinquente em estabe-
facto, o prazo mínimo de interdição é de 2 anos. lecimento comum, pelo tempo da privação da liberdade que
4. É correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 2, lhe faltar cumprir, logo que cessar a causa determinante do
3 e 4 do artigo 110.º internamento.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5389

ARTIGO 116.º 2. O disposto no número anterior tem lugar ainda que


(Anomalia psíquica posterior)
nenhuma pessoa determinada possa ser punida pelo facto.
1. Se uma anomalia, com os efeitos previstos no n.º 1 do 6HDOHLQmR¿[DUGHVWLQRHVSHFLDODRVREMHFWRVSHUGL-
artigo 115.º ou no artigo 101.º, sobrevier ao agente depois dos nos termos dos números anteriores, pode o juiz ordenar
da prática do crime, o Tribunal ordena o internamento em que sejam total ou parcialmente destruídos ou postos à dis-
estabelecimento destinado a inimputáveis pelo tempo cor- posição de instituições do Estado a quem possam ser úteis.
respondente à duração da pena.
ARTIGO 121.º
2. Ao internamento referido no número anterior, resultante (Objectos pertencentes a terceiro)
de anomalia psíquica com os efeitos previstos no artigo 115.º,
1. Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, a
aplica-se o regime previsto no n.º 2 desse artigo.
perda não tem lugar se os objectos não pertencerem, à data
3. O internamento referido no n.º 1, resultante de ano-
GRIDFWRDQHQKXPGRVDJHQWHVRXEHQH¿FLiULRVRXQmROKHV
malia psíquica com os efeitos estabelecidos no n.º 1 do
pertencerem no momento em que a perda foi decretada.
artigo 101.º, é descontado na pena, sendo correspondente-
2. Ainda que os objectos pertençam a terceiro, é decre-
mente aplicável o disposto nos n.os 2, 3, 4 e 5 do artigo 109.º
tada a perda quando os seus titulares tiverem concorrido,
ARTIGO 117.º de forma censurável, para a sua utilização ou produção, ou
(Anomalia psíquica posterior sem perigosidade)
do facto tiverem retirado vantagens; ou, ainda, quando os
1. Se a anomalia psíquica sobrevinda ao agente depois objectos forem, por qualquer título, adquiridos após a prá-
da prática do crime não o tornar criminalmente perigoso, em tica do facto, conhecendo os adquirentes a sua proveniência.
termos que, se o agente fosse inimputável, determinariam o
3. Se os objectos consistirem em inscrições, representa-
seu internamento, a execução da pena de prisão a que tiver
ções ou registos lavrados em papel, noutro suporte ou meio
sido condenado suspende-se até cessar o estado que funda-
de expressão audiovisual, pertencentes a terceiro de boa-fé,
mentou a suspensão.
não terá lugar a perda, procedendo-se à restituição, depois
2. É correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 3
de apagadas as inscrições, representações ou registos que
e 4 do artigo 108.º
integrarem o facto ilícito típico ou, não sendo isso possível,
3. A duração da suspensão é descontada no tempo da
o Tribunal ordena a destruição, havendo lugar a indemniza-
pena que estiver por cumprir, sendo correspondentemente
ção nos termos da lei civil.
aplicável o disposto nos n.os 2, 3, 4 e 5 do artigo 109.º
ARTIGO 122.º
4. O tempo de duração da pena em que o agente foi con-
(Perda de vantagens)
denado não pode em caso algum ser ultrapassado.
1. Toda a recompensa dada ou prometida aos agentes de
ARTIGO 118.º
(Revisão da situação) um facto ilícito típico, para eles ou para outrem, é perdida a
favor do Estado.
Às medidas previstas nos artigos 115.º, 116.º e 117.º é
2. São também perdidos a favor do Estado, sem prejuízo
correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 1 e 2 do
dos direitos do ofendido ou de terceiro de boa-fé, as coi-
artigo 103.º
sas, direitos ou vantagens que, através do facto ilícito típico,
ARTIGO 119.º
(Simulação de anomalia psíquica)
tiverem sido directamente produzidos, adquiridos, auferidos
ou acedidos, para si ou para outrem, pelos agentes ou tercei-
As alterações ao regime normal de execução da pena,
ros, e representem uma vantagem patrimonial indevida de
fundadas no que dispõem os preceitos anteriores deste capí-
qualquer espécie.
tulo, caducam logo que se mostrar que a anomalia psíquica
3. O disposto nos números anteriores aplica-se às coisas
do agente foi simulada.
ou direitos obtidos mediante transacção ou troca com as coi-
CAPÍTULO IX sas ou direitos directamente conseguidos por meio do facto
Perda de Instrumentos, Produtos e Vantagens ilícito típico.
ARTIGO 120.º 4. Se a recompensa, os direitos, coisas ou vantagens refe-
(Perda de instrumentos e produtos) ridos nos números anteriores não puderem ser apropriados
1. São declarados perdidos a favor do Estado os objectos em espécie, a perda é substituída pelo pagamento ao Estado
que tiverem servido ou estivessem destinados a servir para do respectivo valor.
a prática de um facto ilícito típico, ou que por este tiverem ARTIGO 123.º
sido produzidos, quando, pela sua natureza ou pelas circuns- (Pagamento diferido ou a prestações e atenuação)

tâncias do caso, puserem em perigo a segurança das pessoas, 1. Quando a aplicação do artigo anterior vier a traduzir-
a moral ou a ordem públicas, ou oferecerem sério risco de -se, em concreto, no pagamento de uma soma pecuniária, é
ser utilizados para o cometimento de novos factos ilícitos e correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 3, 4 e 5
típicos. do artigo 47.º
5390 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Se, atenta a situação socioeconómica da pessoa em ARTIGO 127.º


(Renúncia e desistência da queixa)
causa, a aplicação do n.º 4 do artigo anterior se mostrar
injusta ou demasiado severa, pode o Tribunal atenuar equi- 1. O direito de queixa não pode ser exercido se o titular a
tativamente o valor referido naquele preceito. ele expressamente tiver renunciado ou tiver praticado factos
donde a renúncia necessariamente se deduza.
TÍTULO IV
2. O queixoso pode desistir da queixa, desde que não
Queixa e Acusação Particular
haja oposição do arguido, até à publicação da sentença da
ARTIGO 124.º 1.ª instância. A desistência impede que a queixa seja renovada.
(Titulares do direito de queixa)
3. A desistência da queixa relativamente a um dos
1. Quando o procedimento criminal depender de queixa, comparticipantes no crime aproveita aos restantes, salvo
tem legitimidade para apresentá-la, salvo disposição em oposição destes, nos casos em que também estes não pude-
contrário, o ofendido, considerando-se como tal o titular rem ser perseguidos sem queixa.
dos interesses que a lei especialmente quis proteger com a
ARTIGO 128.º
incriminação. (Acusação particular)
2. Se o ofendido morrer sem ter apresentado queixa nem
O disposto nos artigos deste título é correspondente-
ter renunciado a ela, o direito de queixa pertence sucessiva-
mente aplicável aos casos em que o procedimento criminal
mente às pessoas a seguir indicadas, salvo se alguma delas
depender de acusação particular.
tiver comparticipado no crime:
a) Ao cônjuge sobrevivo ou pessoa com que o ofen- TÍTULO V
dido vivesse em condições análogas às dos Extinção da Responsabilidade Criminal
cônjuges, aos descendentes e aos ascendentes;
b) Aos irmãos e seus descendentes. CAPÍTULO I
3. Se o ofendido for menor de 16 anos ou não possuir Prescrição do Procedimento Criminal
GLVFHUQLPHQWR SDUD HQWHQGHU R DOFDQFH H R VLJQL¿FDGR GR ARTIGO 129.º
exercício do direito de queixa, este pertence ao represen- (Prazos de prescrição)
tante legal e, na sua falta, às pessoas indicadas nas alíneas 1. O procedimento criminal extingue-se, sem prejuízo do
do número anterior, segundo a ordem aí referida, salvo se disposto no n.º 4, por efeito de prescrição, logo que sobre a
alguma delas houver comparticipado no crime. prática do crime tiverem decorrido os seguintes prazos:
4. Qualquer das pessoas pertencentes a uma das classes a) 15 anos, quando se tratar de crimes puníveis com
referidas nos n.os 2 e 3 pode apresentar queixa independen- pena de prisão cujo limite máximo for superior
temente das restantes. a 10 anos;
5. Quando o direito de queixa não puder ser exercido
b) 10 anos, quando se tratar de crimes puníveis com
porque a sua titularidade caberia apenas, no caso, ao agente
pena de prisão cujo limite máximo for igual ou
do crime, pode o Ministério Público dar início ao procedi-
superior a 5 anos, mas que não exceda 10 anos;
mento criminal se especiais razões de interesse público o
c) 5 anos, quando se tratar de crimes puníveis com
impuserem.
pena de prisão cujo limite máximo for igual ou
ARTIGO 125.º
(Extensão dos efeitos da queixa) superior a 1 ano, mas inferior a 5 anos;
A apresentação da queixa contra um dos comparticipan- d) 2 anos, nos casos restantes.
tes no crime torna o procedimento criminal extensivo aos 2. Para efeito do disposto no número anterior, na deter-
restantes. minação do máximo da pena aplicável a cada crime são
tomados em conta os elementos que pertençam ao tipo de
ARTIGO 126.º
(Extinção do direito de queixa) crime, mas não as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
1. O direito de queixa extingue-se no prazo de 1 ano a 3. Quando a lei estabelecer para qualquer crime, em
contar da data em que o titular tiver conhecimento do facto alternativa, pena de prisão ou de multa, só a primeira é con-
e dos seus autores, ou a partir da morte do ofendido, ou da siderada para efeito do disposto neste artigo.
data em que ele se tiver tornado incapaz. 4. São imprescritíveis os crimes de genocídio, os crimes
2. Sendo vários os titulares do direito de queixa, o prazo contra a humanidade e os crimes de terrorismo e terrorismo
conta-se autonomamente para cada um deles. internacional.
3. O não exercício tempestivo do direito de queixa rela- ARTIGO 130.º
tivamente a um dos comparticipantes no crime aproveita aos (Início do prazo)

restantes, nos casos em que também estes não puderem ser 1. O prazo de prescrição do procedimento criminal corre
perseguidos sem queixa. desde o dia em que o facto se tiver consumado.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5391

2. O prazo de prescrição só corre nos seguintes casos: CAPÍTULO II


a) Nos crimes permanentes, desde o dia em que ces- Prescrição das Penas e das Medidas de Segurança
sar a consumação; ARTIGO 133.º
b) Nos crimes continuados e nos crimes habituais, (Prazos de prescrição das penas)
desde o dia da prática do último acto; 1. As penas prescrevem nos seguintes prazos:
c) Nos crimes não consumados, desde o dia da prática a) 20 anos, se forem superiores a 10 anos de prisão;
do último acto de execução; b) 15 anos, se forem iguais ou superiores a 5 anos de
prisão;
d) No caso de cumplicidade atende-se sempre, para
c) 10 anos, se forem iguais ou superiores a 2 anos de
efeitos deste artigo, ao facto do autor. prisão;
 4XDQGR IRU UHOHYDQWH D YHUL¿FDomR GH UHVXOWDGR QmR d) 4 anos nos casos restantes.
compreendido no tipo de crime, o prazo de prescrição só 2. O prazo de prescrição começa a correr no dia em que
FRUUHDSDUWLUGRGLDHPTXHDTXHOHUHVXOWDGRVHYHUL¿FDU transitar em julgado a decisão que tiver aplicado a pena.
4. Nos crimes cometidos contra crianças, a prescrição só ARTIGO 134.º
se completa 1 ano depois do dia em que os ofendidos atin- (Efeitos da prescrição da pena principal)
girem os 18 anos. A prescrição da pena principal envolve a prescrição da
ARTIGO 131.º pena acessória que não tiver sido executada, bem como dos
(Suspensão da prescrição) HIHLWRVGDSHQDTXHDLQGDQmRVHWLYHUHPYHUL¿FDGR
1. A prescrição do procedimento criminal suspende-se, ARTIGO 135.º
para além dos casos especialmente previstos na lei, durante (Prazos de prescrição das medidas de segurança)

o tempo em que: 1. As medidas de segurança prescrevem no prazo de 15


a) O procedimento criminal não puder legalmente ou de 10 anos, consoante se trate de medidas de segurança
iniciar-se ou continuar por falta de autorização privativas da liberdade ou não privativas da liberdade.
legal ou de sentença a proferir por Tribunal não 2. A medida de segurança de cassação de licença de con-
Penal, ou por efeito da devolução de uma ques- dução prescreve no prazo de 5 anos.
tão prejudicial a juízo não penal; ARTIGO 136.º
(Suspensão da prescrição)
b) O procedimento criminal estiver pendente a partir
1. A prescrição da pena e da medida de segurança sus-
GDQRWL¿FDomRGR'HVSDFKRGH3URQ~QFLDRXGH
pende-se, para além dos casos especialmente previstos na
Despacho que tiver o mesmo efeito; lei, durante o tempo em que:
c) O delinquente cumprir no estrangeiro pena ou a) Por força da lei, a execução não puder começar ou
medida de segurança privativas da liberdade. continuar a ter lugar;
2. Nos casos previstos nas alíneas a) e b) do número b) O condenado estiver a cumprir outra pena ou
anterior, a suspensão não pode ultrapassar os 3 anos. medida de segurança privativas da liberdade;
3. A prescrição volta a correr a partir do dia em que ces- c) Perdurar a dilação do pagamento da multa.
2. A prescrição volta a correr a partir do dia em que ces-
sar a causa da suspensão.
sar a causa da suspensão.
ARTIGO 132.º
ARTIGO 137.º
(Interrupção da prescrição)
(Interrupção da prescrição)
1. A prescrição do procedimento criminal interrompe-se: 1. A prescrição da pena e da medida de segurança inter-
a) Com a constituição de arguido nos termos das nor- rompe-se com a sua execução.
mas processuais aplicáveis; 2. Depois de cada interrupção começa a correr novo
b)&RPDQRWL¿FDomRGR'HVSDFKRGH3URQ~QFLDRX prazo de prescrição.
de Despacho que tiver o mesmo efeito; 3. A prescrição da pena e da medida de segurança tem
c)&RPQRWL¿FDomRGR'HVSDFKRTXHGHVLJQDGLDSDUD sempre lugar quando, desde o seu início, ressalvado o tempo
de suspensão, tiver decorrido o prazo normal de prescrição
julgamento no processo de ausentes.
acrescido de metade.
2. Depois de cada interrupção, começa a correr novo
prazo de prescrição. CAPÍTULO III
3. A prescrição do procedimento criminal tem sempre Outras Causas de Extinção
lugar quando, desde o seu início e ressalvado o tempo de ARTIGO 138.º
suspensão, tiver decorrido o prazo normal de prescrição (Outras causas de extinção)
acrescido de metade. A responsabilidade criminal extingue-se ainda, nos ter-
4. Quando por força de disposição especial, o prazo de mos e com os efeitos estabelecidos no n.º 3 do artigo 2.º e,
prescrição for inferior a 2 anos, o limite máximo da prescri- também, pela morte, pela amnistia, pelo perdão genérico e
ção corresponde ao dobro desse prazo. pelo indulto.
5392 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 139.º ARTIGO 144.º


(Efeitos) (Convertibilidade da pena de multa)
1. A morte do agente extingue tanto o procedimento cri- 1. Se a pena de multa não for paga, voluntária ou coerci-
minal como a pena ou a medida de segurança. vamente, nem tiver sido substituída por trabalho nos termos
2. A amnistia extingue o procedimento criminal e, no do artigo 48.º, é cumprida prisão subsidiária, de acordo com
caso de ter havido condenação, faz cessar a execução tanto o disposto no artigo 49.º
da pena e dos seus efeitos como da medida de segurança. 2. Se a multa não for estabelecida pela lei em dias de
3. O perdão genérico extingue a pena, no todo ou em parte. PXOWDR7ULEXQDO¿[DDSULVmRVXEVLGLiULDTXHGHYHVHUFXP-
4. O indulto extingue a pena, no todo ou em parte, ou prida, entre um mínimo de 6 dias e o máximo de 1 ano de
substitui-a por outra mais favorável prevista na lei. prisão.
TÍTULO VI ARTIGO 145.º
Indemnização de Perdas e danos por Crime (Concurso de infracções)

ARTIGO 140.º Se o mesmo facto constituir simultaneamente crime e


(Responsabilidade civil emergente de crime) contravenção, o agente é punido a título de crime, sem pre-
A indemnização de perdas e danos materiais e morais juízo da aplicação das sanções acessórias previstas para a
emergentes de crime é regulada pela lei civil. contravenção.
ARTIGO 141.º ARTIGO 146.º
(Indemnização do lesado) (Reincidência e prorrogação da pena)

/HJLVODomRHVSHFLDO¿[DDVFRQGLo}HVHPTXHR(VWDGR Às contravenções não se aplicam as regras deste código


poderá assegurar a indemnização devida em consequência relativas à reincidência e à prorrogação da pena.
GD SUiWLFD GH DFWRV FULPLQDOPHQWH WLSL¿FDGRV VHPSUH TXH
não puder ser satisfeita pelo agente. LIVRO II
Parte Especial
2. Nos casos não cobertos pela legislação a que se
refere o número anterior, o Tribunal pode atribuir ao lesado,
TÍTULO I
a requerimento deste e até ao limite do dano causado, os Crimes Contra as Pessoas
objectos declarados perdidos ou o produto da sua venda, ou
o preço ou o valor correspondentes a vantagens provenien- CAPÍTULO I
tes do crime, pagos ao Estado ou transferidos a seu favor por Crimes Contra a Vida
força dos artigos 120.º, 121.º n.º 2 e 122.º
SECÇÃO I
3. Fora dos casos previstos na legislação referida no Homicídio
n.º 1, se o dano provocado pelo crime for de tal modo grave
TXHROHVDGR¿TXHSULYDGRGHPHLRVGHVXEVLVWrQFLDHVHIRU ARTIGO 147.º
(Homicídio simples)
de prever que o agente o não reparará, o Tribunal atribui ao
mesmo lesado, a requerimento seu, no todo ou em parte e até Quem matar voluntariamente outra pessoa é punido com
ao limite do dano, o montante da multa. pena de prisão de 14 a 20 anos.
2(VWDGR¿FDVXEURJDGRQRGLUHLWRGROHVDGRDLQGHP- ARTIGO 148.º
nização até ao montante que tiver satisfeito. +RPLFtGLRTXDOL¿FDGRHPUD]mRGRVPHLRV

1. É punido com pena de prisão de 20 a 25 anos o homi-


TÍTULO VII
cídio cometido com recurso aos seguintes meios:
Contravenções
a) Veneno ou outro meio insidioso;
ARTIGO 142.º
(Disposições gerais)
b) Dissimulação ou outro meio que torne difícil ou
impossível a defesa por parte da vítima;
1. Constitui contravenção o facto ilícito assim denomi-
c) Actos de crueldade ou tortura;
nado pela lei e punível somente com pena de multa.
2. O facto ilícito denominado contravenção é conside- d) Por experiências medico-medicamentosas ou
UDGRFULPHVHDOHLOKH¿]HUFRUUHVSRQGHUXPDSHQDSULYDWLYD RXWURVPHLRVWHFQROyJLFRVD¿QVVHPRFRQVHQWL-
da liberdade. mento do paciente.
3. As disposições relativas aos crimes são aplicáveis às 2. O homicídio é punido com a mesma pena quando o
contravenções, salvo quando a lei dispuser diferentemente. facto for praticado:
ARTIGO 143.º a) Por duas ou mais pessoas;
(Negligência nas contravenções) b) Com grave abuso de autoridade, sendo o agente
Nas contravenções, a negligência é sempre punida. funcionário público.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5393

ARTIGO 149.º ARTIGO 153.º


+RPLFtGLRTXDOL¿FDGRHPUD]mRGRVPRWLYRV (Incitação ou auxílio ao suicídio)

É punido com pena de prisão de 20 a 25 anos o homicí- 1. Quem incitar outra pessoa ao suicídio e este se con-
dio cometido em razão dos seguintes motivos: sumar ou chegar a ser tentado é punido com pena de prisão
a) Avidez, prazer de matar, excitação ou satisfação do até 3 anos.
instinto sexual; 2. Quem, nas mesmas circunstâncias, se limitar a prestar
b) Pagamento, recompensa, promessa ou qualquer ajuda à pessoa que decidiu suicidar-se é punido com pena de
motivo fútil ou torpe; prisão até 2 anos ou com a multa de 240 dias.
c) Ódio racial, religioso, político, étnico-linguístico 3. Se, por virtude da idade, de anomalia psíquica ou
ou regional; outro motivo, a vítima tiver a sua capacidade de valoração
d) Para preparar, executar ou encobrir um outro crime; ou determinação diminuída, as penas referidas nos n.os 1 e
e) Para facilitar a fuga ou assegurar a impunidade do 2 são agravadas de metade, nos limites máximo e mínimo.
agente do crime; SECÇÃO II
f)$FWXDQGRRDJHQWHFRPIULH]DGHkQLPRRXUHÀH[mR &ULPHV&RQWUDD9LGD,QWUD8WHULQD
ponderada sobre os motivos e contra-motivos ou ARTIGO 154.º
ter persistido na intenção de matar por mais de (Interrupção de gravidez)
24 horas. 1. Quem interromper a gravidez de uma mulher sem o
ARTIGO 150.º seu consentimento é punido com pena de prisão de 2 a 8
+RPLFtGLRTXDOL¿FDGRHPUD]mRGDTXDOLGDGHGDYtWLPD anos.
É punido com pena de prisão de 20 a 25 anos o homicí- 2. Na mesma pena incorre quem, sabendo que a mulher
dio em que a vítima for: está grávida, exercer contra ela actos de força ou violência e,
a) Ascendente ou descendente, adoptante ou adoptado desse modo, interromper a gravidez, mesmo não sendo esse
ou parente até ao terceiro grau da linha colateral o seu propósito.
do agente do crime; 3. Quem, com o consentimento da mulher grávida, inter-
b) Cônjuge ou pessoa com quem o agente viva em romper a gravidez ou ajudar a interrompê-la fora dos casos
situação análoga à dos cônjuges; previstos no n.º 1 do artigo 156.º é punido com pena de pri-
c) Pessoa particularmente indefesa em razão da idade, são de 1 a 5 anos.
GH¿FLrQFLDGRHQoDRXJUDYLGH] 4. A mulher grávida que, por facto próprio, interromper
d) Presidente da República e Titulares dos seus Órgãos a sua gravidez ou, de qualquer modo, participar na interrup-
Auxiliares, membros de Órgão de Soberania, ção ou consentir que terceiro a interrompa, fora dos casos
Provedor de Justiça, Magistrado do Ministério previstos no n.º 1 do artigo 156.º, é punida com pena de pri-
Público, Governador Provincial, Advogado, são até 5 anos.
2¿FLDOGH-XVWLoDIXQFLRQiULRRXTXDOTXHUSHV- 5. Para os efeitos do presente artigo, é irrelevante o con-
soa encarregada de um serviço público, agente sentimento da mulher grávida menor de 16 anos de idade
de força ou serviço de segurança, desde que o ou da mulher portadora de anomalia psíquica ou quando o
facto seja praticado no exercício ou por causa do consentimento for obtido por fraude, ameaça, violência ou
exercício das funções da vítima; coacção.
e) Testemunha, declarante, perito, assistente ou ofen- ARTIGO 155.º
GLGRVHRFULPHIRUFRPHWLGRFRPD¿QDOLGDGH (Interrupção de gravidez agravada)
de impedir o depoimento ou a denúncia dos fac- 1. As penas previstas nos n.os 1 e 2 do artigo anterior são
tos ou por causa da sua intervenção no processo; aumentadas de um terço nos seus limites, se em consequência
f) Docente, examinador, ministro de culto religioso da interrupção da gravidez ou dos meios empregados resultar
no exercício ou por causa do exercício das suas ofensa grave à integridade física ou a morte da mulher.
funções. 2. A agravação aplica-se também ao agente que se dedi-
ARTIGO 151.º car habitualmente à prática dos factos descritos no n.º 3 do
(Infanticídio) artigo anterior.
$PmHTXHPDWDUR¿OKRVRELQÀXrQFLDSHUWXUEDGRUDGR ARTIGO 156.º
estado puerperal é punida com prisão até 3 anos. (Extinção da responsabilidade e atenuação especial da pena)

ARTIGO 152.º 1. Não há responsabilidade penal quando a interrupção


(Homicídio negligente) da gravidez, realizada a pedido ou com o consentimento da
1. Quem por negligência matar outra pessoa é punido mulher grávida:
com pena de prisão até 3 anos. a) Constituir o único meio de remover o perigo de
2. Se a negligência for grosseira, a pena de prisão é de morte ou de lesão grave e irreversível para a
1 a 5 anos. integridade física ou psíquica da mulher;
5394 DIÁRIO DA REPÚBLICA

b) For medicamente atestado que o feto é inviável; 10. O consentimento deve ser prestado em documento
c) A gravidez resultar de crime contra a liberdade e assinado pela mulher grávida ou, não sabendo ou não
DXWRGHWHUPLQDomRVH[XDOHDLQWHUUXSomRVH¿]HU podendo assinar, por outra pessoa a seu rogo, com uma
nas primeiras 16 semanas de gravidez. antecedência de, pelo menos, 3 dias relativamente à data da
$ YHUL¿FDomR GDV FLUFXQVWkQFLDV TXH H[FOXHP D UHV- intervenção.
SRQVDELOLGDGHSHODLQWHUUXSomRGDJUDYLGH]pFHUWL¿FDGDSRU 11. No caso de a mulher grávida ser menor de 16 anos
relatório médico, escrito e assinado antes da intervenção por ou sofrer de incapacidade psíquica, o consentimento deve
ser prestado pelo representante legal, por ascendente ou des-
médico diferente daquele por quem, ou sob cuja direcção, a
cendente ou, na falta deles, por qualquer parente na linha
interrupção é realizada, sem prejuízo do disposto no número
colateral, respectiva e sucessivamente.
seguinte.
12. Não podendo o consentimento ser obtido nos termos
3. Sempre que a circunstância prevista na alínea b) do
do número anterior e sendo urgente interromper a gravidez,
n.º 1 não representar perigo de vida ou de lesão grave e irre-
o médico poderá decidir em consciência, face à situação
versível à integridade da mulher, a interrupção da gravidez
concreta que tem perante si, socorrendo-se ainda, sempre
depende de autorização do magistrado competente.
que lhe for possível obtê-lo, de parecer de outro médico.
4. Sem prejuízo dos números subsequentes, a extinção
ARTIGO 157.º
da responsabilidade penal nos termos da alínea c) do n.º 1 (Propaganda favorável à interrupção de gravidez)
VyVHYHUL¿FDPHGLDQWHDDSUHVHQWDomRGHXPDFHUWLGmRGR
1. É punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de
Ministério Público sobre a pendência do processo corres- multa até 120 dias, quem através de meios publicitários ou
pondente, acompanhada do exame do corpo de delito e de em reuniões públicas, com o objectivo de obter vantagem:
um relatório médico emitido pela autoridade de saúde com- a) Oferecer serviços próprios ou alheios, com vista à
petente, que atestem que a gravidez resulte de violação da interrupção da gravidez;
liberdade ou da autodeterminação sexual da mulher. b) Fizer propaganda de procedimentos, meios ou
5. A pena estabelecida no n.º 1 do artigo 154.º é especial- objectos adequados à interrupção da gravidez.
mente atenuada quando: 2. A proibição do número anterior não abrange as acti-
a) A interrupção se mostrar indicada para evitar vidades destinadas a dar a conhecer e a promover os
perigo de mal ou lesão grave e duradoiros para a procedimentos, objectos e meios nela referidos, através de
integridade física ou psíquica da mulher grávida DUWLJRVLQIRUPDWLYRVRXFLHQWt¿FRVRXGHRXWUDVSXEOLFDo}HV
HDLQWHUUXSomRVH¿]HUQDVSULPHLUDVVHPDQDV médicas ou farmacêuticas, nomeadamente prospectos rela-
de gravidez; tivos a medicamentos ou instrumentos cirúrgicos, nem às
b) Houver fortes razões para prever que o nascituro explicações, dadas por quem os quer comercializar, a médi-
virá a sofrer de doença grave ou malformação FRVRXDSHVVRDOTXDOL¿FDGRQRPHDGDPHQWHHQIHUPHLURVGH
LQFXUiYHLVHDLQWHUUXSomRVH¿]HUQDVSULPHLUDV estabelecimentos de saúde autorizados a interromper a gra-
videz, nos termos do artigo anterior.
24 semanas de gravidez.
6. Aos casos previstos nas alíneas a) e b) do número ante- ARTIGO 158.º
(Circulação de meios para interrupção de gravidez)
rior aplica-se, com as necessárias adaptações, o formalismo
previsto no n.º 2. Quem receber ou transmitir, por qualquer título, meios
destinados à interrupção da gravidez, com a intenção de pro-
7. Para efeitos de extinção da responsabilidade ou de
mover a prática dos factos previstos nos artigos 154.º e 155.º é
atenuação especial da pena, a interrupção de gravidez deve
punido com pena de prisão até 1 ano ou de multa até 120 dias.
ser sempre realizada por médico ou sob a direcção de um
médico diferente daquele que atesta a respectiva viabilidade, CAPÍTULO II
HP HVWDEHOHFLPHQWR GH VD~GH R¿FLDO H GH KDUPRQLD FRP R Crimes Contra a Integridade Física e Psíquica
estado de conhecimentos e da experiência da medicina. ARTIGO 159.º
8. A falta do relatório médico ou dos demais documen- (Ofensa simples à integridade física)
WRVR¿FLDLVDTXHVHUHIHUHPRVQos 2, 4 e 6 afasta a extinção 1. Quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa é
da responsabilidade ou a atenuação especial da pena, con- punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de multa até
soante os casos. 120 dias.
9. Antes de proceder à interrupção da gravidez, deve o 2. O procedimento criminal depende de queixa.
médico prevenir a mulher grávida das respectivas implica- 3. O Tribunal pode dispensar o agente da pena quando:
ções, procurando esclarecê-la e aconselhá-la por forma a a) Tiver havido lesões recíprocas e se não tiver pro-
que a sua decisão possa ser tomada com maior consciência vado qual dos contendores agrediu primeiro;
e responsabilidade. b) O agente se tiver limitado a responder à agressão.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5395

ARTIGO 160.º 3. Se do facto resultar grave ofensa à integridade física,


(Ofensa grave à integridade física)
o agente é punido com pena de prisão até 2 anos ou com a
1. É punido com pena de prisão de 2 a 10 anos quem de multa até 240 dias.
ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa de forma a 4. O procedimento criminal depende de queixa.
provocar-lhe: ARTIGO 165.º
a) Deformidade grave e permanente ou privação de (Consentimento)

órgão ou membro; 1. Para efeito de consentimento, nos termos dos arti-


b) Mutilação genital feminina, total ou parcial, através gos 34.º e 35.º, a integridade física considera-se livremente
GH FOLWRULGHFWRPLD GH LQ¿EXODomR GH H[FLVmR disponível.
2. Para o mesmo efeito, a contrariedade aos bons costu-
ou de qualquer outra prática lesiva do aparelho
mes é avaliada em função, nomeadamente, dos motivos e
genital feminino por razões não médicas;
GRV¿QVGRDJHQWHHGRRIHQGLGRGRVPHLRVXWLOL]DGRVHGD
c) Diminuição ou perda permanente da saúde física
amplitude previsível da ofensa.
ou psíquica, de um dos sentidos, de um membro, 3. Não é válido o consentimento de um menor de 16
de um órgão ou de uma função; anos, se não for prestado por ele e pelo seu representante
d) Doença particularmente dolorosa; legal.
e) Perigo para a vida. 4. Tratando-se de menor de 14 anos ou de um incapaz
2. Se a privação do órgão ou membro a que se refere a por anomalia psíquica, é necessária autorização judicial.
DOtQHD D  GR Q~PHUR DQWHULRU IRU HIHFWXDGD FRP ¿P OXFUD- ARTIGO 166.º
tivo, a pena é de prisão de 3 a 12 anos. ,QWHUYHQo}HVHWUDWDPHQWRVPpGLFRFLU~UJLFRV

ARTIGO 161.º 1. Não se considera ofensa à integridade física a inter-


(Agravação pelo resultado) venção e o tratamento realizados por um médico ou por
1. Se da ofensa ao corpo e à saúde da outra pessoa vier a pessoa legalmente autorizada, de acordo com os conheci-
resultar a morte, a pena é de: mentos e práticas da medicina, com a intenção de prevenir,
a) Prisão de 1 a 6 anos no caso do artigo 159.º; diagnosticar, debelar ou diminuir doença, sofrimento, lesão,
b) Prisão de 3 a 12 anos no caso do n.º 1 do artigo 160.º; fadiga corporal ou perturbação mental.
c) Prisão de 5 a 14 anos no caso do n.º 2 do 2. O médico ou a pessoa legalmente autorizada que, em
artigo 160.º YLVWDGDV¿QDOLGDGHVDSRQWDGDVQRQ~PHURDQWHULRUUHDOL]DU
2. Quem praticar as ofensas previstas no artigo 159.º e intervenções ou tratamentos contrários aos conhecimentos e
delas resultarem as ofensas previstas no n.º 1 do artigo 160.º práticas da medicina e, desse modo, puser em perigo a vida
é punido com pena de prisão de 6 meses a 5 anos. de outra pessoa ou criar perigo de ofensa grave para o corpo
ARTIGO 162.º ou para a saúde dessa pessoa é punido com pena de prisão
4XDOL¿FDomR até 2 anos ou com a de multa até 240 dias, se pena mais
As penas referidas nos artigos anteriores são agravadas grave lhe não couber por força da aplicação de outra dispo-
de um quarto nos seus limites mínimo e máximo desde que sição penal.
VH YHUL¿TXH TXDOTXHU GDV FLUFXQVWkQFLDV SUHYLVWDV QRV DUWL- ARTIGO 167.º
gos 148.º a 150.º (Representação de violência)

ARTIGO 163.º 1. Quem fabricar, importar ou guardar em depósito,


(Ofensa à integridade física privilegiada) puser em circulação, promover, expuser, oferecer, mostrar,
Quem ofender à integridade física de outra pessoa e, no tornar acessível ou colocar à disposição de outras pessoas,
registos sonoros ou visuais, imagens ou outros objectos que
momento do facto, se encontrar em estado de intensa emo-
façam insistentemente a apologia de actos de violência ou
ção, compaixão, desespero ou outro motivo relevante que
crueldade contra seres humanos, é punido com pena de pri-
diminua consideravelmente a sua culpa, a pena aplicável é
são até 1 ano ou com a de multa até 120 dias.
especialmente atenuada.
2. Se o agente actuou com propósito lucrativo ou de fazer
ARTIGO 164.º propaganda para o terrorismo, a pena é de prisão até 2 anos
(Ofensa à integridade física por negligência)
ou de multa até 240 dias.
1. Quem, por negligência, ofender o corpo ou a saúde de ARTIGO 168.º
outra pessoa é punido com pena de prisão até um ano ou com 0DXVWUDWRVDPHQRUHVLQFDSD]HVRXIDPLOLDUHV
a de multa até 120 dias. 1. É punido com pena de prisão de 2 a 6 anos, se pena
2. Se da ofensa não resultar doença ou incapacidade para mais grave não lhes couber por força de outra disposição
o trabalho por mais de 8 dias, a pena é de prisão até 6 meses penal quem conviver com pessoa menor ou incapaz ou os
ou a de multa até 60 dias. tiver a seu cuidado, sob sua autoridade ou ao seu serviço ou
5396 DIÁRIO DA REPÚBLICA

DTXHPWLYHUVLGRHQWUHJXHFRP¿QVGHHGXFDomRLQVWUXomR vicções políticas ou ideológicas, condição ou origem social


WUDWDPHQWRYLJLOkQFLDFXVWyGLDRXIRUPDomRSUR¿VVLRQDORX ou outra razão relevante que respeite às pessoas que o
artística e habitualmente: constituem.
a)2WUDWDUFUXHOPHQWHRXOKHLQÀLJLUPDXVWUDWRVItVL- 5. As penas estabelecidas nos números anteriores são
cos ou psíquicos; ainda agravadas em um quinto dos seus limites, mínimo e
b) O empregar em actividades perigosas, desumanas máximo, se o crime for praticado através de um sistema de
ou proibidas; informação, nos termos da alínea e) do artigo 250.º
c) O sobrecarregar com trabalhos excessivos; 6. Salvo se a vítima for menor, o procedimento criminal
d) O obrigar a exercer a mendicidade, depende de queixa do ofendido ou, no caso descrito no n.º 4,
2. Com a mesma pena é punido quem habitualmente de qualquer membro do grupo ameaçado.
exercer violência física ou psíquica sobre o seu cônjuge ou ARTIGO 171.º
(Coação)
pessoa com quem viva em situação análoga à dos cônjuges
RX VREUH RV SUySULRV ¿OKRV RV ¿OKRV GR F{QMXJH RX RV GH 1. Quem, por meio de violência ou ameaça produzir um
pessoa com quem viva em situação análoga à dos cônjuges. mal relevante, constranger outra pessoa a uma acção ou
omissão ou a suportar uma actividade, é punido com pena
ARTIGO 169.º
(Participação em rixa)
de prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
2. O mal a que se refere o número anterior é relevante
1. Quem participar em rixa, sendo praticados actos vio-
sempre que, face às circunstâncias do facto, for adequado
lentos ou utilizados instrumentos gravemente perigosos, é para constranger a pessoa ameaçada a uma acção ou omis-
punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de multa são ou a suportar uma actividade.
até 120 dias. 3. A pena estabelecida no n.º 1 é agravada em 1/5 dos
2. A pena é de prisão até 5 anos, se da rixa resultar a seus limites mínimo e máximo, se o crime for praticado atra-
morte ou ofensa grave à integridade física ou à saúde de vés de um sistema de informação, nos termos da alínea e) do
qualquer pessoa, desde que não imputáveis ao participante artigo 250.º
na rixa. 4. O facto não é punível quando a violência ou ameaça
3. A participação em rixa não é punível quando for utilizadas forem meio proporcionalmente adequado à reali-
determinada pela necessidade de reagir contra um ataque, ]DomRGHXP¿PQmRFHQVXUiYHO
defender outrem, separar contendores ou quando ocorrerem 5. A tentativa é sempre punível.
situações similares. 6. O procedimento criminal depende de queixa, salvo se
a vítima for menor.
CAPÍTULO III
ARTIGO 172.º
Crimes Contra a Liberdade das Pessoas (Coacção grave)
ARTIGO 170.º Quando a coacção for realizada mediante ameaça de
(Ameaça) morte ou de cometimento de crime punível com pena de pri-
1. Quem, por qualquer meio, ameaçar seriamente outra são superior a 3 anos, por funcionário público com grave
pessoa com a prática de um crime contra a integridade física, abuso das suas funções, contra qualquer das pessoas refe-
a liberdade pessoal, a liberdade e autodeterminação sexual ridas na alínea d) do artigo 150.º ou a vítima for pessoa
ou bens patrimoniais de valor consideravelmente elevado, LQGHIHVDHPUD]mRGDLGDGHGH¿FLrQFLDItVLFDRXSVtTXLFD
nos termos da alínea a) do artigo 391.º, de forma a causar- doença ou gravidez ou se suicidar ou tentar o suicídio, a
-lhe medo ou inquietação ou a prejudicar a sua liberdade de pena é de prisão de 1 a 5 anos.
determinação é punido com pena de prisão até 1 ano ou com ARTIGO 173.º
a de multa até 120 dias. (Perseguição)
2. A ameaça de morte é punida com pena de prisão 1. Quem, de modo reiterado, perseguir ou molestar outra
de 6 meses a 2 anos ou com a de multa de 60 a 240 dias. pessoa por qualquer meio, directa ou indirectamente, de
3. As penas estabelecidas nos números anteriores são forma adequada a provocar-lhe medo ou inquietação ou a
agravadas de metade nos seus limites, mínimo e máximo, prejudicar a sua liberdade de autodeterminação é punido
se a ameaça for dirigida a uma pessoa por causa da sua raça, com pena de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias.
cor, etnia, local de nascimento, sexo, orientação sexual, 2. Se a vítima for menor, a pena é de 1 a 2 anos de prisão
GRHQoDRXGH¿FLrQFLDItVLFDRXSVtTXLFDFUHQoDRXUHOLJLmR ou multa de 120 a 240 dias.
convicções políticas ou ideológicas, condição ou origem 3. Podem ser aplicadas ao arguido as penas acessórias de
social ou quaisquer outras formas de discriminação. proibição de contactos ou aproximação com a vítima pelo
4. O disposto no número anterior aplica-se à ameaça diri- período de 6 meses a 3 anos, e de obrigação de frequência
gida a um grupo humano que se caracterize pela raça, cor, GHSURJUDPDVHVSHFt¿FRVGHSUHYHQomRGHFRQGXWDVWtSLFDV
etnia, local de nascimento, sexo, orientação sexual, doença da perseguição.
RX GH¿FLrQFLD ItVLFD RX SVtTXLFD FUHQoD RX UHOLJLmR FRQ- 4. O procedimento criminal depende de queixa.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5397

ARTIGO 174.º 2. É correspondentemente aplicável ao crime de tomada


(Sequestro)
de reféns o disposto no n.º 2 do artigo anterior quanto ao
1. Quem prender, detiver, mantiver presa ou detida uma rapto.
pessoa ou, de qualquer forma, a privar da sua liberdade é 3. As penas estabelecidas nos números anteriores são
punido com pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou com a de igualmente aplicáveis àquele que, determinado pela inten-
multa de 60 a 360 dias. omRH¿QDOLGDGHVGHVFULWDVQRQžVHDSURYHLWDUGDWRPDGD
2. A pena é de prisão de 2 a 8 anos, quando a privação de reféns praticada por outrem.
da liberdade: ARTIGO 177.º
a) For precedida ou acompanhada de tortura ou outro (Escravidão)
tratamento cruel, desumano ou degradante; 1. Quem reduzir outra pessoa ao estado de indivíduo
b) For praticada com o pretexto falso de que a vítima sobre quem se exerçam, no todo ou em parte, os poderes
sofria de anomalia psíquica; inerentes ao direito de propriedade é punido com pena de
c) For praticada contra pessoa indefesa, em razão da prisão de 7 a 15 anos.
LGDGHGH¿FLrQFLDItVLFDRXSVtTXLFDGRHQoDRX 2. Comete o mesmo crime e é punido com a mesma pena
gravidez; quem alienar, ceder, adquirir ou se apoderar de uma pessoa
d) For praticada simulando o agente, autoridade com o propósito de a manter no estado ou condição descri-
pública ou com abuso grosseiro de autoridade; tos no número anterior.
e) For praticada contra as pessoas referidas nas alí- 3. Comete, ainda, o crime de escravidão e é punido com
neas d) e e) do artigo 150.º; pena de prisão de 5 a 10 anos quem comprar ou vender
f) Durar mais de 15 dias. criança menor de 14 anos para adopção ou, para o mesmo
3. A pena é de prisão de 2 a 12 anos, quando a privação ¿PLQWHUPHGLDUQHJyFLRRXWUDQVDFomRLJXDORXVLPLODU
da liberdade: ARTIGO 178.º
a) Durar mais de 30 dias; 7Ui¿FRGHSHVVRDV

b) For precedida, acompanhada ou dela resultar 1. Quem, mediante violência, rapto ou ameaça grave,
ofensa grave à integridade física da vítima, nos ardil ou manobra fraudulenta, com abuso de autoridade
termos do artigo 160.º ou dela resultar o suicídio resultante de uma relação de dependência hierárquica,
da vítima. económica, de trabalho ou familiar ou aproveitando-se de
4. A pena é de prisão de 5 a 14 anos, se da privação da incapacidade psíquica ou de situação de especial vulnera-
liberdade resultar a morte da vítima. bilidade da vítima, oferecer, aceitar, entregar, recrutar ou
ARTIGO 175.º
DOLFLDU DFROKHU DORMDU RX WUDQVSRUWDU SHVVRDV SDUD ¿QV GH
(Rapto) exploração de trabalho ou para prosseguir outras formas de
1. É punido com pena de prisão de 1 a 5 anos, quem, por H[SORUDomRFRPHWHRFULPHGHWUi¿FRGHSHVVRDVHpSXQLGR
com a pena de 4 a 10 anos de prisão.
meio de violência, ameaça ou astúcia, raptar outra pessoa,
 6H R ¿P IRU D H[WUDFomR GH yUJmRV RX D FROKHLWD GH
transferindo-a de um lugar para outro, com a intenção de:
tecidos humanos, a pena é de 5 a 12 anos de prisão.
a) A submeter à escravidão;
2WUi¿FRLOtFLWRGHyUJmRVRXWHFLGRVKXPDQRVpSXQLGR
b) A submeter à extorsão;
com a pena de prisão de 5 a 12 anos.
c) Cometer crime contra a sua autodeterminação
4. Se da extracção ou da colheita de tecidos humanos
sexual; resultar a morte da vítima, a pena é de 20 a 25 anos de prisão.
d) Obter resgate ou recompensa. 4XHPUHWLYHURFXOWDUGDQL¿FDURXGHVWUXLUGRFXPHQ-
2. A pena é de prisão de 3 a 10, de 4 a 12 ou de 5 a 15 WRVGHLGHQWL¿FDomRRXGHYLDJHPGHSHVVRDYtWLPDGRFULPH
anos, se ocorre respectivamente, qualquer das situações des- GHWUi¿FRGHSHVVRDVpSXQLGRFRPSHQDGHDDQRVGH
critas nos n.os 2, 3 ou 4 do artigo anterior. prisão.
ARTIGO 176.º ARTIGO 179.º
(Tomada de reféns) ,QWHUYHQomRPpGLFRFLU~UJLFDVHPFRQVHQWLPHQWR
1. É punido com pena de prisão de 2 a 8 anos, quem 1. Quem, sendo médico ou pessoa legalmente autori-
cometer sequestro ou rapto com a intenção de realizar zada, realizar intervenção ou tratamento médico conforme
¿QDOLGDGHV GH QDWXUH]D SROtWLFD H FRDJLU XP (VWDGR XPD indicados pelo n.º 1 do artigo 166.º sem o consentimento do
organização internacional, uma pessoa singular ou colectiva paciente é punido com pena de prisão até 3 anos ou com a de
ou colectividade a uma acção ou omissão ou a suportar uma multa até 360 dias.
actividade, ameaçando: 2. O facto não é punível se o consentimento:
a) Matar a pessoa sequestrada ou raptada; a) Não puder ser obtido ou renovado sem dilação que
b),QÀLJLURIHQVDVJUDYHVjVXDLQWHJULGDGHItVLFD ponha em risco a vida do paciente ou que impli-
c) Mantê-la privada da sua liberdade. que perigo grave para o seu corpo ou saúde;
5398 DIÁRIO DA REPÚBLICA

b) For dado para certa intervenção ou tratamento 2. A mesma pena é aplicada a quem, pela mesma forma,
e acabar por ser realizada intervenção ou levar outra pessoa a sofrer ou praticar acto sexual com um
tratamento diferentes por estes terem sido con- terceiro.
siderados, de acordo com os conhecimentos e a ARTIGO 183.º
experiência da medicina, o meio adequado para (Agressão sexual com penetração)
evitar um perigo sério para a vida, o corpo ou a Quem, mediante os meios referidos na alínea b) do
saúde do paciente. artigo 181.º efectuar penetração sexual noutra pessoa, ainda
3. O facto descrito na alínea b) do número anterior é que esta seja o cônjuge do agente ou que, pelos mesmos
punível, se ocorrerem circunstâncias que permitam concluir, meios, a constranger a sofrer penetração sexual por terceiro
com segurança, que o consentimento teria sido recusado é punido com pena de prisão de 3 a 10 anos.
pelo paciente.
ARTIGO 184.º
4. Para efeitos do presente artigo, o consentimento (Abuso sexual de pessoa inconsciente ou incapaz de resistir)
só é relevante quando o paciente tiver sido devidamente
1. Quem praticar acto sexual com pessoa inconsciente ou
elucidado acerca do diagnóstico, da natureza, alcance e
incapaz de resistir, aproveitando-se de qualquer dessas situa-
consequências possíveis da intervenção ou do tratamento,
salvo se isso implicar a comunicação de factos que, a serem ções, é punido com pena de prisão de 1 a 4 anos.
conhecidos do paciente, poderiam pôr em perigo a sua vida 2. Se houver penetração, a pena é de prisão de 3 a 12
ou causar dano grave à sua saúde. anos.
5. O procedimento criminal depende de queixa. ARTIGO 185.º
(Abuso sexual de pessoa internada)
ARTIGO 180.º
(Atenuação especial da pena) 1. Quem, aproveitando-se da função ou do cargo que, a
Quando, nos casos dos artigos 174.º a 177.º, o agente qualquer título, exerce ou detém em estabelecimento prisio-
livre e voluntariamente renunciar à sua pretensão e libertar nal, de educação, hospitalar, de saúde, ou outro destinado ao
a pessoa sequestrada, raptada, tomada como refém ou escra- tratamento ou assistência, praticar acto sexual com pessoa
vizada ou procurar seriamente fazê-lo, sem ter praticado, LQWHUQDGDRXTXHGHTXDOTXHUPRGROKHHVWHMDFRQ¿DGDRX
contra a vítima, qualquer outro crime durante a privação da se encontre a seu cuidado é punido com pena de prisão
sua liberdade, pode o juiz atenuar especialmente a pena. de 1 a 4 anos.
2. Se houver penetração sexual, a pena é de prisão de
CAPÍTULO IV
Crimes Sexuais 2 a 10 anos.
ARTIGO 186.º
SECÇÃO I
(Assédio sexual)
'H¿QLo}HV
1. Quem, abusando de autoridade resultante de uma rela-
ARTIGO 181.º
'H¿QLo}HV ção de domínio, dependência hierárquica ou de trabalho,
procurar constranger outra pessoa a sofrer ou a praticar acto
Para efeitos do disposto no presente capítulo, entende-
-se por: sexual, com o agente ou com outrem, por meio de ordem,
a) «Acto sexual», todo o acto praticado para satisfa- ameaça, coacção ou fraude, é punido com pena de prisão até
ção do instinto sexual; 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
b) «Agressão sexual», todo o acto sexual realizado 2. Se a vítima for menor, a pena é de 1 a 4 anos de prisão.
por meio de ameaça, coação, violência, ou ARTIGO 187.º
(Fraude sexual)
colocação da vítima em situação de não poder
resistir; 1. Quem se aproveitar de erro de outra pessoa ou a indu-
c) «Penetração sexual», a cópula, o coito anal ou zir em erro sobre a sua identidade pessoal e, assim, praticar
oral e a penetração vaginal ou anal com qual- com ela acto sexual, é punido com pena de prisão até 3 anos
quer parte do corpo ou objectos utilizados em ou com a de multa até 360 dias.
circunstâncias de envolvimento sexual. 2. Se houver penetração, a pena é de prisão de 6 meses
SECÇÃO II
a 4 anos.
Crimes Contra a Liberdade Sexual ARTIGO 188.º
3URFULDomRDUWL¿FLDOQmRFRQVHQWLGD
ARTIGO 182.º
(Agressão sexual)  4XHP SUDWLFDU DFWR GH SURFULDomR DUWL¿FLDO HP
1. Quem praticar agressão sexual contra outra pessoa, mulher, sem o seu consentimento, é punido com pena de
ainda que esta seja cônjuge do agente, é punido com pena de prisão de 1 a 3 anos.
prisão de 6 meses a 4 anos. 2. Se a mulher for menor, a pena é de prisão de 3 a 10 anos.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5399

ARTIGO 189.º ARTIGO 194.º


(Lenocínio) (Abuso sexual de menor dependente)
1. Quem, com intenção de lucro, promover, favorecer ou 1. Quem praticar ou levar a praticar actos sexuais com
facilitar o exercício da prostituição ou prática reiterada de menor de 18 anos que tiver à sua guarda para assistir ou edu-
actos sexuais por outra pessoa, aproveitando-se de situação car, é punido com pena de prisão de:
de necessidade económica ou particular vulnerabilidade da a) 5 a 15 anos de prisão, se for menor de 14 anos de
vítima ou a constranger a esse exercício ou prática, usando idade;
de violência, ameaça ou fraude, é punido com pena de pri- b) 3 meses a 12 anos, se o menor tiver menos de 18
são de 1 a 8 anos. anos de idade.
2. Se o agente se aproveitar da situação de incapacidade 2. Se houver penetração sexual, a pena é de prisão de 8 a
SVtTXLFDGDYtWLPDRX¿]HUGDDFWLYLGDGHGHVFULWDQRQ~PHUR 15 anos se for menor de 14 anos de idade, e de 5 a 12 anos
DQWHULRUSUR¿VVmRDSHQDpGHSULVmRGHDDQRV se o menor tiver menos de 18 anos de idade.
ARTIGO 190.º
ARTIGO 195.º
7Ui¿FRVH[XDOGHSHVVRDV
(Lenocínio de menores)
Quem, usando de violência, ameaça, ardil, manobra 1. Quem promover, incentivar, favorecer ou facilitar o
fraudulenta, ou aproveitando qualquer relação de dependên- exercício da prostituição de menor de 18 anos ou a prática
cia ou situação de particular vulnerabilidade de uma pessoa reiterada de actos sexuais por menor de 18 anos é punido
a aliciar ou constranger à prática de prostituição em país com pena de prisão de 3 a 12 anos.
estrangeiro ou favorecer esse exercício, transportando-a,
2. Se o agente usar de violência, ameaça ou coacção,
alojando-a ou acolhendo-a, é punido com a pena de prisão
DFWXDU FRP ¿P OXFUDWLYR RX ¿]HU SUR¿VVmR GD DFWLYLGDGH
de 2 a 10 anos.
descrita no número anterior, o menor sofrer de anomalia psí-
ARTIGO 191.º quica ou tiver menos de 14 anos, a pena é de prisão de 5 a
(Importunação sexual)
15 anos.
1. Quem importunar outra pessoa, praticando perante ela
ARTIGO 196.º
actos de exibicionismo sexual, constrangendo-a a contacto 7Ui¿FRVH[XDOGHPHQRUHV
de natureza sexual ou formulando propostas explícitas de
1. Quem aliciar menor de 18 anos de idade para o exercí-
teor sexual, é punido com a pena de prisão até 3 anos ou
FLRGDSURVWLWXLomRRXSDUDRPHVPR¿PRWUDQVSRUWDUDORMDU
multa até 360 dias, se pena mais grave não lhe couber por
ou acolher ou, de qualquer outro modo, favorecer aquele exer-
força de outra disposição legal.
cício, é punido com pena de prisão de 5 a 12 anos.
2. Quem praticar actos de importunação sexual perante
2. Se o agente usar de violência, ameaça ou coacção,
menor de 14 anos é punido com pena de prisão de 6 meses
DFWXDU FRP ¿P OXFUDWLYR RX ¿]HU SUR¿VVmR GD DFWLYLGDGH
a 4 anos.
descrita no número anterior, o menor sofrer de anomalia psí-
SECÇÃO III
Crimes Contra a Autodeterminação Sexual
quica ou tiver menos de 14 anos de idade, a pena é de prisão
de 8 a 15 anos.
ARTIGO 192.º
(Abuso sexual de menor de 14 anos) ARTIGO 197.º
(Recurso a prostituição de menores)
1. Quem praticar acto sexual com menor de 14 anos ou
1. Quem, sendo maior, praticar acto sexual com menor,
o levar a praticá-lo com outra pessoa é punido com pena de
mediante pagamento ou outra contrapartida, é punido com
prisão de 1 a 5 anos.
pena de prisão de até 3 anos.
2. Se houver penetração sexual, a pena é de prisão de 3
2. Se houver penetração, o agente é punido com pena de
a 12 anos.
prisão de 1 a 5 anos, se pena mais grave não couber por força
3. Se houver penetração com menor de 12 anos, a pena
de outra disposição.
é de 5 a 15 anos.
4. Quem instigar menor de 14 anos a assistir a abusos ARTIGO 198.º
3RUQRJUD¿DLQIDQWLO
sexuais ou a actividades sexuais é punido com a pena de pri-
são de 6 meses a 3 anos ou multa de 60 a 360 dias. 1. É punido com pena de prisão de 1 a 5 anos quem:
a) Promover, facilitar ou permitir que menor de 18
ARTIGO 193.º
(Abuso sexual de menor de 16 anos) anos participe de leitura obscena, conversa,
1. Quem, sendo maior, se aproveitar da inexperiência de DVVLVWDDHVSHFWiFXORSURMHFomRGH¿OPHVDXGL-
menor de 16 anos ou de situação de particular necessidade omR GH JUDYDo}HV H[SRVLomR GH IRWRJUD¿DV RX
em que este se encontrar e com ele praticar actos sexuais ou REVHUYHRXH[DPLQHLQVWUXPHQWRVSRUQRJUi¿FRV
o levar a praticá-los com terceiro é punido com pena de pri- b)8WLOL]DUPHQRUGHDQRVHPIRWRJUD¿D¿OPHRX
são de 1 a 5 anos. JUDYDomR SRUQRJUi¿FD LQGHSHQGHQWHPHQWH GR
2. Se houver penetração, a pena é de prisão de 3 a 8 anos. VHXVXSRUWHRXRDOLFLDUSDUDHVVH¿P
5400 DIÁRIO DA REPÚBLICA

c) &HGHU D PHQRU GH  DQRV HVFULWRV IRWRJUD¿DV portamentos neles descritos resultar gravidez, suicídio ou
¿OPHV JUDYDo}HV RX LQVWUXPHQWRV GH QDWXUH]D morte da vítima, ofensa grave à sua integridade física ou
SRUQRJUi¿FD transmissão de doença incurável portadora de perigo para a
2. É punido com pena de prisão de 2 a 10 anos quem: vida da vítima.
a) 3URGX]LU SRUQRJUD¿D LQIDQWLO SDUD VHU GLIXQGLGD 6. As penas descritas nos artigos 182.º a 188.º, 192.º e
através de sistema de informação; 194.º são agravadas de dois terços nos seus limites míni-
b) Oferecer, disponibilizar, difundir ou transmitir mos e máximos, sempre que a vítima seja menor de 14 anos
SRUQRJUD¿D LQIDQWLO DWUDYpV GH XP VLVWHPD GH e, simultaneamente, dos comportamentos neles descritos
informação. resultar gravidez, suicídio ou morte da vítima, ofensa grave
3. Quem adquirir, detiver, acordar ou facilitar o acesso à sua integridade física ou transmissão de doença incurável
DPDWHULDOSRUQRJUi¿FRLQIDQWLOSRUTXDOTXHUPHLRpSXQLGR portadora de perigo para a vida da vítima.
com pena de prisão de 1 a 5 anos. 7. Se no mesmo comportamento concorrerem mais do
 6H R DJHQWH ¿]HU SUR¿VVmR GRV DFWRV GHVFULWRV QRV que uma das circunstâncias referidas nos números anterio-
Q~PHURVDQWHULRUHVRXRVSUDWLFDUFRP¿POXFUDWLYRDSHQD res, só é considerada para efeito de determinação da pena
é de prisão de 3 a 10 anos. aplicável a que tiver um efeito agravante mais forte, sendo
5. Para efeitos do n.º 2, entende-se por: as demais valoradas na medida da pena.
a) «3RUQRJUD¿D,QIDQWLO», qualquer material pornográ- ARTIGO 200.º
¿FR TXH UHSUHVHQWH GH IRUPD YLVXDO RX VRQRUD (Queixa)
menor de 18 anos ou pessoa, real ou virtual, apa- 1. O procedimento criminal depende de queixa, em rela-
rentando ser menor de 18 anos, envolvidos em ção aos crimes previstos nos artigos 182.º a 184.º, 186.º a
comportamentos sexualmente explícitos ou que 188.º e 191.º a 194.º
incitem à prática desses comportamentos; 2. O procedimento criminal não depende de queixa
b) «Sistema de informaçãoªRGH¿QLGRQDDOtQHDH  quando:
do artigo 250.º a) Dos crimes indicados no número anterior resultar
SECÇÃO IV a morte da vítima;
Disposições Comuns b) O crime for praticado contra menor de 16 anos e o
ARTIGO 199.º agente tiver legitimidade para exercer o direito
(Agravação) de queixa ou tiver a vítima a seu cargo.
1. As penas previstas nos artigos 182.º a 184.º e 187.º a 3. Quando o crime for praticado contra menor de 16 anos,
198.º são agravadas em um terço nos seus limites mínimo e o Ministério Público pode exercer a acção penal indepen-
máximo, se a vítima for: dentemente de queixa, sempre que, no interesse da vítima,
a) Ascendente ou descendente, adoptante ou adop- se impuser esse exercício.
WDGR SDUHQWH RX D¿P DWp DR WHUFHLUR JUDX GD 4. Nos crimes deste capítulo, o procedimento criminal
linha colateral do agente ou se encontrar sob sua não se extingue, por efeito da prescrição, antes do ofendido
tutela ou curatela; perfazer 25 anos de idade.
b) Se encontrar numa relação de dependência hierár- ARTIGO 201.º
quica, económica ou de trabalho do agente e o (Pena acessória)

crime for praticado com aproveitamento dessa Quando o agente for condenado pelos crimes previstos
relação. no presente capítulo, pode ser inibido, atenta a gravidade
2. As penas previstas nos artigos 182.º a 187.º, 192.º do facto e a sua conexão com a função por ele exercida, do
a 194.º e 197.º são agravadas de um quarto nos seus limi- exercício da autoridade paternal, da tutela ou da curatela por
tes mínimos e máximos, sempre que o agente seja portador um período de 3 a 15 anos.
de doença sexualmente transmissível susceptível de criar
CAPÍTULO V
perigo para a vida da vítima.
Colocação de Pessoas em Perigo
3. As penas previstas nos artigos 182.º a 187.º são agra-
vadas de um quarto nos seus limites mínimos e máximos ARTIGO 202.º
(Uso indevido de armas)
quando a vítima for idosa, nos termos da lei.
4. As penas previstas nos artigos 182.º a 188.º e 198.º são 1. Quem disparar sem justa causa uma arma de fogo con-
agravadas de metade nos seus limites mínimos e máximos tra outra pessoa é punido com pena de prisão de 6 meses a 3
quando a vítima for menor de 14. anos ou com a de multa de 60 a 360 dias, ainda que do dis-
5. As penas estabelecidas para os crimes referidos no paro não tenha resultado qualquer lesão, se pena mais grave
número anterior e no artigo 197.º, são agravadas de metade lhe não couber por força da aplicação de outra disposição
nos seus limites mínimos e máximo, sempre que dos com- penal.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5401

2. Se o agente utilizar arma branca ou arma de arremesso, ARTIGO 206.º


(Contágio de doença grave)
ainda que dessa utilização não tenha resultado qualquer
lesão, a pena é de prisão até 1 ano ou de multa até 120 dias. 1. Quem, com intenção de transmitir doença grave de
ARTIGO 203.º que padece, praticar acto susceptível de contagiar outra pes-
(Abandono de pessoa) soa é punido com pena de prisão até 3 anos ou com a de
1. Quem abandonar outra pessoa em lugar onde, em multa até 360 dias.
UD]mR GD LGDGH GRHQoD RX HVWDGR ItVLFR RX SVtTXLFR ¿TXH 2. Se a doença se transmitir, a pena de prisão é de 6
em situação de não poder proteger-se ou defender-se é a 10 anos.
punido com pena de prisão de 1 a 3 anos. ARTIGO 207.º
2. Se do abandono resultar perigo efectivo para a vida ou (Impedimento a prestação de socorro)

a integridade da pessoa abandonada, a pena é de prisão de Quem impedir que seja prestado socorro a pessoa em
18 meses a 5 anos. situação de perigo de vida, de ofensa à sua integridade física,
3. Se o agente for ascendente, descendente, adoptante ou à sua liberdade ou socorro destinado a combater um sinistro
adoptado da vítima ou pessoa a quem couber o dever de a ou acidente que represente perigo para a segurança das pes-
guardar, vigiar ou assistir, a pena é de prisão de 2 a 6 anos. soas é punido com a pena de prisão de 1 a 5 anos, se pena
4. Se do facto resultar ofensa grave à integridade física mais grave não lhe couber por força de outro preceito penal.
da vítima, a pena é de prisão de 3 a 8 anos. ARTIGO 208.º
5. Se do facto resultar a morte da vítima, a pena é de pri- (Omissão de auxílio)
são de 10 a 15 anos. 1. Quem, podendo fazê-lo sem grave risco para a vida, a
ARTIGO 204.º integridade física ou a liberdade, suas ou de terceiro, deixar
$EDQGRQRGHUHFpPQDVFLGR
de prestar auxílio à pessoa vítima de acidente, calamidade
1. Para efeitos do presente artigo, considera-se recém- pública ou qualquer outra situação susceptível de pôr em
-nascida a criança com menos de 28 dias de vida. perigo a vida, a integridade física ou a liberdade de qualquer
2. Se, nos casos do artigo anterior, a pessoa abandonada pessoa, ou deixar de pedir à autoridade pública o socorro
for recém-nascida, as penas aí previstas são agravadas em necessário para afastar o perigo, é punido com a pena de pri-
metade no seu limite mínimo. são até 1 ano ou com a de multa até 120 dias.
3. As penas previstas no artigo anterior são atenuadas 2. Se a omissão descrita no número anterior for a causa
em metade nos seus limites, mínimo e máximo, quando o
de doença grave da pessoa carecida de auxílio, ou da sua
DEDQGRQR IRU SUDWLFDGR SHOD PmH DLQGD VRE D LQÀXrQFLD
morte, a pena é de prisão até 2 anos.
perturbadora do parto, por virtude de situação de extrema
3. Se a situação de perigo tiver sido criada pelo omitente,
pobreza em que se encontre ou por estar justamente teme-
a omissão é punida:
rosa de ser severamente maltratada por causa do nascimento
a) Com pena de prisão de 1 a 3 anos, no caso do n.º 1;
GR¿OKR
b) Com a pena de prisão de 2 a 8 anos, no caso do
ARTIGO 205.º
(Contágio de doença sexualmente transmissível)
n.º 2.
ARTIGO 209.º
1. Quem, sabendo que é portador de doença viral ou bac-
5HFXVDGHDVVLVWrQFLDSRUSUR¿VVLRQDOGHVD~GH
teriana, sexualmente transmissível susceptível de pôr em
2SUR¿VVLRQDOGHVD~GHTXHGHPRGRLOHJtWLPRUHFX-
perigo a vida, mantiver relações sexuais com outra pessoa
sem previamente a informar desse facto é punido com pena sar prestar assistência médico-medicamentosa, em caso de
de prisão até 2 anos ou com a de multa até 240 dias. perigo para a vida do paciente, é punido com pena de pri-
2. Se a vítima for contaminada ou infectada, a pena é de são até 3 anos ou com a de multa até 360 dias, se pena mais
prisão de 2 a 4 anos. grave não lhe couber por força de outra disposição legal.
3. Se o agente tiver agido com a intenção de contaminar 2. A unidade sanitária que recusar a intervir para salvar
a vítima, sem o conseguir, a pena de prisão é de 4 a 6 anos. uma pessoa em risco de vida é punida com multa até 240
4. Se o agente tiver agido com a intenção de contaminar dias, sem prejuízo da aplicação de pena acessória.
a vítima e efectivamente a contaminar, a pena de prisão é de ARTIGO 210.º
10 a 15 anos. ([HUFtFLRLOHJDOGHSUR¿VVmR

5. A pena prevista no número anterior é aplicável a quem, Quem, contra lei ou regulamento, praticar actos próprios
por qualquer outro meio, contaminar intencionalmente outra GHXPDSUR¿VVmRVHPSRVVXLURFRUUHVSRQGHQWHWtWXORRXSHU-
pessoa. missão que legalmente o habilite a exercê-la é punido com
6. O procedimento criminal depende de queixa. pena de prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
5402 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 211.º 4. Se as injúrias forem dirigidas a uma pessoa por causa


(Atenuação especial ou dispensa de pena)
da sua raça, cor, etnia, local de nascimento, sexo, orienta-
Se, nos casos previstos nos artigos 207.º a 210.º, o agente omRVH[XDOGRHQoDRXGH¿FLrQFLDItVLFDRXSVtTXLFDFUHQoD
UHPRYHURSHULJRDQWHVGHVHWHUYHUL¿FDGRRGDQRDSHQD ou religião, convicções políticas ou ideológicas, condição ou
é especialmente atenuada, podendo mesmo ter lugar, de origem social ou quaisquer outras formas de discriminação,
acordo com as circunstâncias do caso, a dispensa de pena. ou a um grupo constituído por pessoas com essas caracterís-
ticas a pena é de prisão de 6 meses a 1 ano ou de multa de
CAPÍTULO VI 60 a 120 dias.
Crimes Contra a Dignidade das Pessoas
ARTIGO 214.º
SECÇÃO I (Difamação)
Discriminação 1. Quem, por qualquer meio de expressão ou comuni-
ARTIGO 212.º cação e com intenção de ofender, imputar a outra pessoa,
(Discriminação) ainda que sob a forma de suspeita, factos ou, sobre ela, for-
1. É punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de mular juízos ofensivos da sua honra e consideração ou os
multa até 240 dias quem, por causa da raça, cor, etnia, local reproduzir, por forma a que terceira pessoa tome ou possa
GH QDVFLPHQWR VH[R RULHQWDomR VH[XDO GRHQoD RX GH¿- tomar conhecimento dos factos imputados ou dos juízos for-
ciência física ou psíquica não impeditiva ou condicionante, mulados, é punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de
multa até 120 dias.
crença ou religião, convicções políticas ou ideológicas,
2. Se os factos ou os juízos ofensivos forem imputados
condição ou origem social ou quaisquer outras formas de
ou formulados por causa da raça, cor, etnia, local de nas-
discriminação:
FLPHQWR VH[R RULHQWDomR VH[XDO GRHQoD RX GH¿FLrQFLD
a) Recusar contrato ou emprego;
física ou psíquica, crença ou religião, convicções políticas
b) Recusar ou condicionar o fornecimento de bens ou ou ideológicas, condição ou origem social ou qualquer outra
serviços; causa de discriminação respeitante a uma pessoa ou a um
c) Impedir ou condicionar o exercício de actividade grupo constituído por pessoas com essas características, a
económica de outra pessoa; pena é de prisão de 6 meses a 18 meses ou de multa de 60
d) Punir ou despedir trabalhador; a 180 dias.
e) Impedir ou condicionar a entrada em estabeleci- 3. O agente não é punido sempre que:
mento público ou privado. a) A imputação do facto ofensivo for feita para reali-
2. A mesma pena é aplicada a quem recusar ou condi- zar interesses legítimos;
cionar contrato ou o fornecimento de bens ou serviços ou b) Fizer prova da verdade dos factos ofensivos impu-
impedir ou condicionar o exercício de actividade económica tados;
a uma pessoa colectiva por causa da raça, cor, etnia, local de c) Tiver tido fundamento sério para, agindo de boa-fé,
QDVFLPHQWRVH[RRULHQWDomRVH[XDOGRHQoDRXGH¿FLrQFLD considerar verdadeira a imputação.
física ou psíquica, crença ou religião, convicções políticas 4. Considera-se que o agente não age de boa-fé, se não
ou ideológicas, condição ou origem social ou qualquer outra cumprir o dever de se informar sobre a verdade dos factos
razão que respeite aos seus membros ou aos titulares dos imputados que as circunstâncias lhe impunham.
seus órgãos sociais. 5. O disposto no n.º 3 não é aplicável quando a impu-
tação disser respeito a factos relativos à intimidade da vida
SECÇÃO II
Crimes Contra a Honra
privada ou familiar.
ARTIGO 215.º
ARTIGO 213.º (Calúnia)
(Injúria)
Quem, nos casos dos n.os 1 e 2 do artigo anterior, proce-
1. Quem, por qualquer meio de expressão ou comunica- der à imputação do facto ou à formulação do juízo ofensivo
ção, e com intenção de injuriar outra pessoa, ofender na sua da honra, bom nome ou consideração da pessoa ofendida,
honra, bom nome ou consideração, é punido com pena de conhecendo a sua falsidade, é punido com pena de prisão
prisão até 6 meses ou com a de multa até 60 dias. de 6 meses a 2 anos ou com a de multa de 60 a 240 dias.
2. Com a mesma pena é punido quem, com intenção de ARTIGO 216.º
injuriar ou ofender e através dos mesmos meios, imputar (Publicidade)
directamente a outra pessoa, ainda que sob a forma de sus- 1. Se, nos casos dos artigos anteriores, a injúria, a difa-
peita, factos ou formular sobre ela juízos ofensivos da sua mação ou a calúnia forem praticadas através de meios ou
honra, bom nome ou consideração. em circunstâncias que facilitem a sua divulgação, as penas
3. Aplica-se ao facto descrito no número anterior o dis- correspondentes são elevadas de um terço nos seus limites
posto nos n.os 2, 3 e 4 do artigo seguinte. mínimos e máximos.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5403

2. Se, nos mesmos casos, as ofensas forem praticadas ARTIGO 222.º


DWUDYpVGHXPVLVWHPDGHLQIRUPDomRFRQIRUPHHVWHpGH¿- (Profanação de lugar fúnebre)

nido na alínea e) do artigo 250.º, ou de qualquer meio de Quem, por qualquer meio, profanar ou violar túmulo ou
comunicação social, as penas correspondentes são elevadas sepultura de pessoa falecida é punido com pena de prisão
de metade nos seus limites, mínimos e máximos. até 1 ano ou com a de multa até 120 dias.
ARTIGO 217.º ARTIGO 223.º
(Ofensa a memória de pessoa falecida) (Agravação)

1. Quem injuriar, difamar ou caluniar a memória de pes- Se o agente praticar os crimes previstos nos artigos
soa já falecida há menos de 30 anos é punido com as penas anteriores movido por razões de pertença ou não pertença,
previstas nos artigos 213.º, 214.º e 215.º, respectivamente. verdadeira ou suposta, da pessoa falecida a uma raça, cor,
2. É aplicável ao presente crime o disposto nos n.os 1 etnia, local de nascimento, sexo, orientação sexual, crença ou
e 2 do artigo anterior. religião, convicções políticas, culturais ou ideológicas, con-
ARTIGO 218.º
dição ou origem social, ser portador ou não de uma doença
(Procedimento criminal) RXGH¿FLrQFLDItVLFDRXSVtTXLFDRXSRUVXSRVWDPHQWHVHURX
O procedimento criminal depende de queixa do ofendido não ser membro de uma organização determinada, a pena é
ou de qualquer membro do grupo ofendido, nos casos pre- agravada de um terço nos seus limites mínimo e máximo.
vistos nos artigos 213.º, n.º 4, e 214.º, n.º 2, de acusação CAPÍTULO VII
particular nos restantes crimes previstos na presente secção. Crimes Cometidos Através da Imprensa e Crimes
ARTIGO 219.º Contra a Liberdade de Imprensa
(Dispensa da pena)
ARTIGO 224.º
1. Quando em juízo o agente dos crimes previstos nesta (Crime de abuso de liberdade de imprensa)
secção se retratar ou der explicações do crime de que foi 1. Comete o crime de abuso de liberdade de imprensa,
acusado e o ofendido, o seu representante ou o titular do punido com pena de prisão até 6 meses ou multa até 60 dias
direito de acusação particular ou de queixa aceitarem essas quem, por meio da comunicação social, proceder:
explicações ou a retratação, o Tribunal dispensa o agente da a) Ao incitamento à prática de crime ou a apologia de
pena. facto criminoso;
2. O Tribunal pode ainda dispensar o agente da pena,
b) À divulgação de informações que incitem a seces-
se a ofensa tiver sido provocada por uma conduta ilícita ou
são do país, a criação de grupos organizados de
repreensível do ofendido.
crime, ódio racial, tribal, étnico e religioso e a
3. Se o ofendido ripostar com outra ofensa à ofensa do
apologia às ideologias fascistas e racistas;
agente, o Tribunal pode dispensar da pena ambos os agentes
c) À promoção dolosa de campanha de perseguição e
ou só um deles, conforme as circunstâncias.
difamação, através da divulgação sistemática e
ARTIGO 220.º
(Conhecimento público da sentença)
contínua de informação falsa sobre factos, atitu-
GHVGHVHPSHQKRSUR¿VVLRQDODGPLQLVWUDWLYRRX
Se o ofendido ou, em caso de falecimento deste, o titular
comercial de qualquer pessoa;
do direito de acusação particular requerer até ao encerra-
d) À divulgação de textos, imagens ou som, obtidos
mento da audiência em primeira instância o conhecimento
por meio fraudulento;
público da sentença de condenação por qualquer dos crimes
previstos nesta secção, ainda que com dispensa de pena, o e) À publicação intencional de notícias falsas.
Tribunal ordena-a a expensas do agente, pelos meios que 2. A retractação ou a publicação de resposta, se aceite
DFKDUPDLVDGHTXDGRV¿[DQGRRVWHUPRVHPTXHDVHQWHQoD pelo ofendido, isenta de pena o autor ou autores do escrito,
som ou imagem.
deve ser divulgada.
ARTIGO 225.º
SECÇÃO III
(Desobediência)
Crimes Contra o Respeito Devido aos Mortos
Comete o crime de desobediência, punido com a pena de
ARTIGO 221.º
(Atentado contra a integridade de restos mortais) multa até 60 dias, quem:
Quem, por subtracção, ocultação, destruição, profana- a) Editar, distribuir ou vender publicações suspensas
ção ou qualquer outro meio ofensivo do respeito devido aos ou apreendidas por decisão judicial;
mortos, atentar contra a integridade de cadáver ou de cinzas b) Importar para distribuição, divulgar ou vender
de pessoa falecida é punido com pena de prisão até 2 anos ou publicações estrangeiras interditas por decisão
com a de multa até 240 dias. judicial;
5404 DIÁRIO DA REPÚBLICA

c) Recusar a publicação ou difusão das decisões b) O director e os responsáveis pela programação ou


judiciais condenatórias por crimes de abuso de quem os substitui, no caso de escritos não assi-
liberdade de imprensa; nados, de imagem ou de som, cujo autor não seja
d) Recusar a publicação ou difusão de decisão judi- LGHQWL¿FDGR RX GR DXWRU QmR VHU VXVFHSWtYHO GH
ser responsabilizado;
cial que ordene a publicação de resposta ou
c)2UHDOL]DGRUGRSURJUDPDRXGH¿OPHRXRDXWRUGD
UHFWL¿FDomR
matéria em causa.
e) Difundir programas suspensos por decisão judicial. 4. Tratando-se de declarações correctamente reprodu-
ARTIGO 226.º ]LGDV SUHVWDGDV SRU SHVVRDV GHYLGDPHQWH LGHQWL¿FDGDV Vy
(Atentado à liberdade de imprensa)
estas podem ser responsabilizadas.
Aquele que, fora dos casos previstos na lei, impedir ou 5. É aplicável aos artigos de opinião o disposto no
perturbar a composição, impressão, distribuição e livre cir- número anterior, desde que o seu autor esteja devidamente
culação de publicações periódicas, impedir ou perturbar a LGHQWL¿FDGR
emissão de programas de radiodifusão e televisão, apreender
CAPÍTULO VIII
RXGDQL¿FDUTXDLVTXHUPDWHULDLVQHFHVViULRVDRH[HUFtFLRGD
Crimes Contra a Reserva da Vida Privada
actividade jornalística, é punido com a pena de prisão até 1
ano ou multa até 120 dias, sem prejuízo da responsabilidade ARTIGO 228.º
(Introdução em casa alheia)
civil pelos danos causados.
1. Quem, sem consentimento, entrar, permanecer ou
ARTIGO 227.º
SHUVLVWLU HP ¿FDU HP FDVD DOKHLD RX VXDV GHSHQGrQFLDV RX
(Autoria e comparticipação)
anexos, depois de ser intimado a retirar-se, é punido com
1. Sem prejuízo do disposto na parte geral deste Código, pena de prisão até 1 ano ou com a de multa até 120 dias.
a autoria dos crimes cometidos através da imprensa, cabe 2. Se o crime previsto no n.º 1 for cometido de noite ou
a quem tiver criado o texto, imagem ou som, ou por qual- em lugar ermo, por meio de violência ou ameaça de violência,
quer forma publicar ou difundir algo que constitua ofensa com emprego de arma, arrombamento, escalamento ou cha-
a bens jurídicos penalmente protegidos pelas normas ves falsas, nos termos das alíneas d), e) e f) do artigo 391.º,
incriminadoras. ou por duas ou mais pessoas, o agente é punido com pena de
2. Nas publicações periódicas, agências noticiosas e prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
sítios de internet respondem sucessivamente: ARTIGO 229.º
(Introdução em lugar vedado ao público)
a) O autor do escrito ou imagem, se for susceptível
1. Quem, sem consentimento ou fora dos casos em que
de ser responsabilizado e residir em Angola,
a lei o permite, entrar e, depois de intimado a retirar-se, per-
salvo nos casos de reprodução não consentida, PDQHFHURXSHUVLVWLUHP¿FDUHPSiWLRVMDUGLQVRXHVSDoRV
nos quais responde quem a tiver promovido e o vedados anexos à habitação, em barcos ou outros meios de
director da publicação ou agência noticiosa, se transporte ou em qualquer outro lugar vedado e não livre-
não provar que não lhe foi possível impedir a mente acessível ao público é punido com pena de prisão até
publicação da imagem ou do escrito; 6 meses ou com a de multa até 60 dias.
b) O director do periódico, da agência noticiosa ou o 9HUL¿FDQGRVHDVFLUFXQVWkQFLDVUHIHULGDVQRQžGR
artigo anterior, a pena é de prisão até 1 ano ou a de multa
responsável do sítio de internet, no caso de escri-
até 120 dias.
tos não assinados ou imagem ou do autor não ser
ARTIGO 230.º
susceptível de responsabilidade e não residir em (Perturbação e devassa da vida privada)
Angola, se não se exonerou na forma prevista na 1. É punido com pena de prisão até 18 meses ou com
alínea anterior; multa até 180 dias quem, sem consentimento e com a inten-
c) O responsável pela inserção, no caso de escritos ção de devassar ou perturbar a paz e o sossego ou a vida
não assinados ou imagens, publicados sem pessoal, familiar ou sexual de outra pessoa:
conhecimento do director ou quando a este não a) Interceptar, escutar, captar, gravar ou transmitir
for possível impedir a publicação do escrito ou SDODYUDVSURIHULGDVDWtWXORSULYDGRRXFRQ¿GHQ-
ciais;
das imagens.
b) Interceptar, gravar, registar, utilizar, transmitir ou
3. Nos programas de radiodifusão e televisão respondem divulgar conversa ou comunicação telefónica;
sucessivamente: c) Registar ou transmitir a imagem de outra pessoa
a) O autor do escrito, som ou imagem, se for suscep- que se encontre em local privado;
tível de ser responsabilizado, salvo nos casos de d) Divulgar factos relativos à vida privada ou a
reprodução não consentida, nos quais responde doença grave de outra pessoa e, em geral, os
quem a tiver promovido, o director e os respon- dados interceptados pela forma descrita nas
sáveis pela programação ou quem os substitui; alíneas anteriores.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5405

2. O facto previsto na alínea d) do número anterior não é 2. A mesma pena é aplicável a quem, contra a vontade
punível, se for praticado como meio adequado para realizar de uma pessoa:
um interesse legítimo relevante. a) $ IRWRJUDIDU RX ¿OPDU PHVPR HP UHXQL}HV RX
ARTIGO 231.º eventos em que tenha legitimamente participado;
(Violação de correspondência) b)8WLOL]DURXSHUPLWLUTXHVHXWLOL]HDIRWRJUD¿DRXR
1. Quem, sem consentimento, abrir encomenda, carta ou ¿OPHDTXHVHUHIHUHDDOtQHDDQWHULRUPHVPRQR
qualquer outro escrito que se encontre fechado e lhe não seja caso de serem licitamente obtidos.
3. Os factos descritos no número anterior não são puni-
dirigido ou tomar conhecimento, por processos técnicos, do
dos sempre que:
seu conteúdo ou, por qualquer modo, impedir que seja rece-
a)$LPDJHPGDSHVVRDIRWRJUDIDGDRX¿OPDGDHVWLYHU
bido pelo destinatário é punido com pena de prisão até 1 ano
HQTXDGUDGDHPIRWRJUD¿DRX¿OPDJHPGROXJDU
ou com a de multa até 120 dias.
público em que tenham decorrido;
2. Na mesma pena incorre aquele que, sem consenti-
b) $ IRWRJUD¿D RX D ¿OPDJHP VH MXVWL¿FDU SHOD
mento, divulgar o conteúdo das referidas correspondências. notoriedade pública da pessoa fotografada ou
ARTIGO 232.º ¿OPDGD HP UD]mR GR FDUJR TXH RFXSD RX GD
(Violação de segredo)
actividade que desenvolve.
1. Quem revelar ou se aproveitar de segredo alheio de 4. É correspondentemente aplicável aos números ante-
que tenha tomado conhecimento em razão do seu ofício, riores o disposto no artigo 234.º
HPSUHJRSUR¿VVmRDUWHRXVLWXDomRHPTXHVHHQFRQWUDUp 5. O procedimento criminal depende de queixa.
punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de multa até ARTIGO 237.º
120 dias. (Subtracção às garantias do Estado Angolano)
2. Se do facto descrito no número anterior resultar pre- 1. Quem, por meio de violência, ameaça ou qual-
juízo para qualquer pessoa, a pena é a de prisão até 18 meses TXHUPHLRIUDXGXOHQWR¿]HUFRPTXHRXWUDSHVVRDVDLDGR
ou a de multa até 180 dias. âmbito de protecção da lei penal angolana e se exponha a
ARTIGO 233.º ser perseguido por razões políticas, com risco para a vida,
9LRODomRGHVLJLORSUR¿VVLRQDOLPSRVWRSRUOHL  a integridade física ou a liberdade, tornando-se objecto de
Quem, em violação da sua obrigação de sigilo ou reserva violência ou de medidas contrárias aos direitos, liberdades e
SUR¿VVLRQDOLPSRVWDSRUOHLGLYXOJDUVHJUHGRGHRXWUDSHV- garantias fundamentais, é punido com pena de prisão de
soa é punido com pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou com 2 a 10 anos.
a de multa de 60 a 360 dias. 2. Na mesma pena incorre quem, pelos mesmos meios,
impedir outra pessoa de abandonar a situação de perigo refe-
ARTIGO 234.º
(Agravação) rida no número anterior ou a forçar a nela permanecer.
As penas estabelecidas nos artigos 230.º a 233.º são agra- TÍTULO II
vadas em um terço nos seus limites mínimo e máximo, se o Crimes Contra a Família
facto for praticado com intenção de obter recompensa para o
agente ou para outra pessoa ou de prejudicar alguém. CAPÍTULO I
Crimes Contra o Casamento, o Estado Civil e a Filiação
ARTIGO 235.º
(Procedimento criminal) ARTIGO 238.º
O procedimento criminal pelos crimes previstos no pre- (Casamento fraudulento)

sente capítulo depende de queixa, salvo quando praticados 1. Quem, sendo casado, contrair novo casamento ou
no âmbito de uma associação criminosa ou organização quem contrair casamento com uma pessoa, sabendo que ela
terrorista. é casada, é punido com pena de prisão de 6 meses a 2 anos
ou com a de multa de 60 a 240 dias.
CAPÍTULO IX 2. Na mesma pena incorre quem, tendo para tanto com-
Outros Crimes Contra Bens Jurídicos Pessoais
petência, realizar ou autorizar a realização de casamento nas
ARTIGO 236.º condições referidas no número anterior.
*UDYDo}HVIRWRJUD¿DVH¿OPHVLOtFLWRV 3. O disposto nos números anteriores é igualmente apli-
1. É punido com pena de prisão até 1 ano ou com cável à união de facto reconhecida por mútuo acordo.
multa até 120 dias quem, sem consentimento, expresso ou ARTIGO 239.º
presumido: (Indução em erro sobre impedimento)
a) Gravar as palavras de outra pessoa não proferidas 1. A pessoa que contrair casamento induzindo o outro
em público, mesmo que lhe sejam dirigidas; contraente em erro essencial a respeito de impedimento que
b) Utilizar ou permitir que se utilize a gravação a que não seja um casamento anterior não dissolvido é punido com
se refere a alínea anterior, mesmo no caso de ela pena de prisão até 18 meses ou com a de multa até 180 dias.
ter sido licitamente produzida. 2. O procedimento criminal depende de queixa.
5406 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 240.º 3. Se o crime for cometido por motivo reconhecidamente


(Conhecimento e ocultação de impedimento)
louvável, pode o Tribunal dispensar o agente da pena.
1. Aquele que contrair casamento com conhecimento
CAPÍTULO II
prévio de impedimento e o ocultar do outro contraente é
Crimes Contra Outros Bens Jurídicos Familiares
punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de multa até
ARTIGO 247.º
120 dias.
(Abandono de assistência)
2. O procedimento criminal depende de queixa.
1. Aquele que, sem justa causa, deixar de prover à sub-
ARTIGO 241.º
(Simulação de competência para celebrar casamento) sistência do cônjuge ou de pessoa com quem viva em união
4XHP VH ¿]HU SDVVDU SRU DXWRULGDGH FRPSHWHQWH SDUD GH IDFWR UHFRQKHFLGD GH ¿OKR PHQRU GH  DQRV RX LQFD-
celebrar casamento e, nessa condição, o celebrar é punido paz para o trabalho ou de ascendente incapacitado, não
com pena de prisão de 1 a 3 anos ou com a de multa de 120 lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao
a 360 dias, se pena mais grave não lhe couber por força de pagamento da pensão alimentícia a que esteja judicialmente
outra disposição penal. obrigado ou, sem justa causa, deixar de socorrer descen-
dente ou ascendente gravemente doentes, é punido com pena
ARTIGO 242.º
(Falsas declarações sobre o estado civil) de prisão até 2 anos ou com a de multa até 240 dias.
$TXHOHTXHGHIRUPDDS{UHPSHULJRDYHUL¿FDomRR¿- 2. Se a pessoa com direito a alimentos for uma mulher
FLDO GH HVWDGR FLYLO RX D GH SRVLomR MXUtGLFD IDPLOLDU ¿]HU grávida e a falta de alimentos ou de assistência determinar
ou omitir declarações que se traduzam em usurpar, tornar a criação de perigo de interrupção da gravidez, a pena é de
incerto, falsear, alterar, fazer supor, ocultar ou encobrir o seu prisão de 1 a 5 anos.
estado civil ou o de outra pessoa é punido com pena de pri- 6HDLQWHUUXSomRGDJUDYLGH]VHYHUL¿FDUDSHQDpGH
são até 2 anos ou com a de multa até 240 dias. prisão de 2 a 8 anos.
ARTIGO 243.º 4. Se, no caso do n.º 1, a obrigação de prestação de ali-
(Registo de nascimento inexistente) mentos ou de assistência vier a ser satisfeita, o Tribunal,
1. Quem declarar no registo civil nascimento inexistente atendendo às circunstâncias concretas do caso, pode dispen-
é punido com pena de prisão de 1 a 3 anos ou com a de multa sar o agente da pena ou declarar extinta a pena ainda não
de 120 a 360 dias. cumprida.
2. Se a declaração for feita com intenção de prejudicar ARTIGO 248.º
outra pessoa, a pena é de prisão de 2 a 6 anos. (Subtracção ou recusa de entrega de menor)

ARTIGO 244.º 1. Quem subtrair menor a pessoa que sobre ele exerça
(Parto suposto) poder paternal ou tutelar ou a quem esteja legitimamente
Quem apresentar parto alheio como se fosse seu é punido FRQ¿DGRpSXQLGRFRPSHQDGHSULVmRGHDDQRVVHSHQD
com pena de prisão de 1 a 5 anos. mais grave lhe não couber por força de outra disposição
ARTIGO 245.º penal.
6XEVWLWXLomRRXVXEWUDFomRGHUHFpPQDVFLGR 2. É punido com pena de prisão até 3 anos ou com a de
1. Quem proceder à substituição de um recém-nascido multa até 360 dias quem:
por outro ou o subtrair é punido com pena de prisão de 2 a) Recusar a entrega de menor às pessoas indicadas
a 8 anos. no número anterior;
2. Recém-nascido é, nos termos no n.º 1 do artigo 204.º, b) Convencer o menor a fugir do domicílio familiar ou
a criança com menos de 28 dias de vida. do lugar onde reside ou a abandonar esse domi-
ARTIGO 246.º cílio ou lugar, por meio de violência, ameaça ou
6RQHJDomRGRHVWDGRGD¿OLDomR qualquer artifício fraudulento,
4XHPUHJLVWDUFRPRVHXXP¿OKRGHRXWUHPDOWHUDQGR ARTIGO 249.º
o direito ao seu estado civil, é punido com pena de prisão de (Divulgação de falsa paternidade)

6 meses a 2 anos ou com a de multa de 60 a 240 dias. 1. Quem atribuir, a si ou a outrem, pública e falsamente,
2. Na mesma pena incorre terceiro que, nos casos em a paternidade de outra pessoa é punido com pena de prisão
que a lei lho permite, declarar falsamente perante a auto- até 6 meses ou com a de multa até 60 dias.
ridade competente de registo a qualidade de progenitor de 2. Na mesma pena incorre quem se assumir, pública e
outra pessoa. IDOVDPHQWHFRPR¿OKRGHRXWUDSHVVRD
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5407

TÍTULO III 2. A pena é de prisão de 2 a 6 anos se os factos descritos


Crimes Contra a Fé Pública no número anterior:
a) Disserem respeito a documentos públicos, testa-
CAPÍTULO I
mentos cerrados ou vales de correios;
)DOVL¿FDomRGH'RFXPHQWRVH5HJLVWRV7pFQLFRV
b) Forem praticados por funcionário público no exer-
ARTIGO 250.º cício das suas funções.
'H¿QLo}HV
3. O funcionário público que, no exercício das suas fun-
Para efeitos do presente capítulo: ções, intercalar acto ou documento em protocolo, registo ou
a) «Documento» é todo o suporte material ou técnico, OLYURR¿FLDOVHPFXPSULUDVIRUPDOLGDGHVOHJDLVpSXQLGR
QRPHDGDPHQWHSDSHOGLVFR¿WDJUDYDGDEDQGD com pena de prisão de 1 a 5 anos.
magnética ou outro meio de natureza similar  2 XVR GH GRFXPHQWR IDOVR RX IDOVL¿FDGR SRU SHVVRD
que incorpore declaração feita por uma pessoa e diversa do falsificador, com o propósito assinalado no
possua idoneidade para provar um facto juridica- n.º 1, é punível com a pena aplicável ao autor do respectivo
mente relevante e, ainda, o sinal, com relevância FULPHGHIDOVL¿FDomRUHGX]LGDGHXPTXDUWRQRVHXOLPLWH
MXUtGLFDHH¿FiFLDSUREDWyULDJUDYDGRRXDSRVWR máximo.
numa coisa para indicar a sua origem, natureza
ARTIGO 252.º
ou qualidade; )DOVL¿FDomRGHUHJLVWRVHDSDUHOKRVWpFQLFRV
b) «Registo Técnicoª p R UHJLVWR FRP H¿FiFLD SUR- 1. É punido com a pena de prisão de 3 meses a 2 anos ou
batória, de um valor, peso ou medida de um com multa de 30 a 240 dias aquele que, com o propósito de
estado ou do decurso de um acontecimento, causar prejuízo a alguém ou de obter para si ou para outrem
feito por intermédio de um aparelho técnico um benefício:
que, actuando, no todo ou em parte, de forma a) Elaborar registo técnico falso;
automática, permite obter resultados referidos a b))DOVL¿FDURXDOWHUDUUHJLVWRWpFQLFRYHUGDGHLUR
factos juridicamente relevantes: c) Fizer constar falsamente de um registo técnico
c) «Acesso Condicionado» é a sujeição do acesso a um facto juridicamente relevante;
serviço através de uma assinatura ou qualquer
d) Avariar ou perturbar o funcionamento do aparelho
outra forma de autorização prévia individual;
técnico, por forma a viciar o resultado dos regis-
d) «Dado» é qualquer representação de factos infor-
tos obtidos.
mações ou conceitos, incluindo programas de
2. Se os factos descritos no número anterior forem prati-
computador, que é armazenada, transmitida ou
cados por funcionário público no exercício das suas funções,
processada num sistema de informação;
o agente é punido com pena de prisão de 2 a 6 anos.
e) «6LVWHPDGH,QIRUPDomR» é qualquer dispositivo ou 2XVRGHUHJLVWRWpFQLFRIDOVRRXIDOVL¿FDGRQRVWHU-
conjunto de dispositivos, bem como a rede que mos do número anterior, por pessoa diversa do autor da
suporta a comunicação entre eles, que, de forma IDOVL¿FDomRpSXQLGRFRPDSHQDDSOLFiYHODHVWHUHGX]LGD
separada ou conjunta armazena, trata, transmite, de um quarto no seu limite máximo.
recebe ou recupera dados, que inclui mas não se
ARTIGO 253.º
limita a sistemas informáticos, de comunicações (Destruição, inutilização ou subtracção de documento
electrónicas, de radiodifusão e telemáticos. e registo técnico)

ARTIGO 251.º 1. Aquele que, com o propósito de causar prejuízo a


)DOVL¿FDomRGHGRFXPHQWR alguém, obtiver para si ou para outrem um benefício, des-
1. É punido com pena de prisão até 2 anos ou com multa WUXLU LQXWLOL]DU ¿]HU GHVDSDUHFHU HVFRQGHU RX VXEVWLWXLU
até 240 dias quem, com o propósito de causar prejuízo a um documento ou registo técnico de que não possa dispor
alguém ou de obter, para si ou para outrem, um benefício: ou cuja entrega ou apresentação lhe possa ser exigida por
a) Elaborar documento falso, imitando o verdadeiro; outrem é punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de
b))DOVL¿FDURXDOWHUDUGRFXPHQWRYHUGDGHLUR multa até 240 dias.
c) Utilizar abusivamente a assinatura de outra pessoa 2. Quando os factos descritos no número anterior forem
para elaborar documento falso; praticados por funcionário público no exercício das suas
d) Fizer constar falsamente num documento factos funções, a pena de prisão é de 2 a 6 anos.
juridicamente relevantes ou nele omitir factos 3. O procedimento criminal pelos factos descritos no
juridicamente relevantes que no documento n.º 1 depende de queixa do ofendido, quando este for um
deviam constar. particular.
5408 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 254.º 2. A passagem ou colocação em circulação da moeda


(Tentativa)
falsa nas condições do número anterior sem concerto com o
Nos crimes descritos no presente capítulo, a tentativa é IDOVL¿FDGRUpSXQLGDFRPDSHQDDSOLFiYHODRDXWRUGDIDOVL-
sempre punível. ¿FDomRUHGX]LGDGHXPTXDUWRQRVHXOLPLWHPi[LPR
3. Se o agente só teve conhecimento da falsidade da
CAPÍTULO II
&ULPHVGH)DOVL¿FDomRGH0RHGD9DORUHV6HODGRV moeda depois de a ter recebido, a passagem ou colocação da
e Títulos de Crédito moeda falsa em circulação é punida com pena de prisão até
um ano ou com a de multa até 120 dias, salvo tratando-se de
SECÇÃO I fabrico de moeda metálica com valor real igual ou superior
)DOVL¿FDomRGH0RHGD
ao da legítima, nos termos do n.º 3 do artigo 256.º, caso em
ARTIGO 255.º que a pena é de multa até 90 dias.
'H¿QLomRGHPRHGD
SECÇÃO II
1. Considera-se moeda, para efeitos desta secção, o )DOVL¿FDomRGH9DORUHV6HODGRV
papel-moeda, constituído pelas notas de banco e pela
ARTIGO 259.º
moeda metálica com curso legal, quer em Angola, quer no )DEULFRHIDOVL¿FDomRRXDOWHUDomRGHYDORUHVVHODGRV
estrangeiro.
$TXHOHTXHIDEULFDULPLWDQGRRVYHUGDGHLURVIDOVL¿FDU
2. São equiparados a moeda, para efeitos deste capítulo,
RXDOWHUDUYDORUHVVHODGRVRXWLPEUDGRVR¿FLDLVGHVWLQDGRVj
os bilhetes e respectivas fracções da lotaria nacional.
cobrança de impostos ou taxas, incluindo o papel selado de
ARTIGO 256.º letra de câmbio e selos postais, com o propósito de utilizar,
(Contrafacção de moeda)
nomeadamente, passando-os ou pondo-os em circulação, é
1. A pessoa que fabricar moeda, imitando a verdadeira, punido com pena de prisão até 5 anos.
com o propósito de a passar ou colocar em circulação é  6H D IDOVL¿FDomR FRQVLVWLU QD VLPSOHV VXSUHVVmR GRV
punido com pena de prisão de 2 a 12 anos. sinais ou marcas indicativos de os valores selados ou tim-
2. Com a mesma pena é punido o director, gerente ou
brados já terem sido utilizados, a pena aplicável é de multa
funcionário do banco emissor, para tanto competente, que
até 120 dias.
ordenar ou autorizar o fabrico e a emissão de:
3. Se o autor da falsidade não chegar a dar utilização aos
a) Moeda metálica com valor real inferior ao deter-
YDORUHVVHODGRVRXWLPEUDGRVIDOVRVRXIDOVL¿FDGRVDSHQDp
minado por lei;
reduzida de um terço no seu limite máximo.
b) Papel-moeda em quantidade superior à determi-
nada por lei. ARTIGO 260.º
8WLOL]DomRGHYDORUHVVHODGRVIDOVRVRXIDOVL¿FDGRV
3. Quem, sem autorização legal, fabricar moeda metálica
com valor real igual ou superior à moeda legítima é punido 4XHPQmRVHQGRRIDOVL¿FDGRUPDVHPFRQFHUWRFRP
com pena de prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias. HOH XWLOL]DU YDORUHV VHODGRV RX WLPEUDGRV IDOVRV RX IDOVL¿-
4. Se o autor de contrafacção não passar nem puser em cados como verdadeiros ou inalterados, é punido, seja qual
circulação a moeda falsa fabricada, as penas previstas nos for a forma de utilização, com a pena aplicável ao autor da
números anteriores são reduzidas de um terço no seu limite falsidade.
máximo. 2. A utilização dos valores selados ou timbrados falsos
ARTIGO 257.º RXIDOVL¿FDGRVVHPFRQFHUWRFRPRIDOVL¿FDGRUpSXQtYHO
)DOVL¿FDomRRXDOWHUDomRGDPRHGDFRPFXUVROHJDO com a pena aplicável ao autor da falsidade, reduzida de um
4XHPIDOVL¿FDUPRHGDFRPFXUVROHJDOSRUIRUPDD quarto no seu limite máximo.
elevar o seu valor facial e passar ou puser em circulação a 3. Se quem utilizar os valores selados ou timbrados fal-
PRHGDDVVLPIDOVL¿FDGDpSXQLGRFRPSHQDGHSULVmRGH VRVRXIDOVL¿FDGRVVyWLYHUFRQKHFLPHQWRGDIDOVLGDGHGHSRLV
a 9 anos. de os ter adquirido, a pena aplicável é de:
&RQVLGHUDVHIDOVL¿FDomRSDUDRVHIHLWRVGRQ~PHUR a) Prisão até 1 ano ou multa até 120 dias, tratando-se
anterior, a supressão de sinal ou marca indicativos de que as do crime previsto no n.º 1 do artigo anterior;
notas estão fora de circulação. b) Multa até 60 dias, tratando-se do crime previsto no
6HRDXWRUGDIDOVL¿FDomRQmRSDVVDUQHPSXVHUHPFLU- n.º 2 do mesmo artigo.
FXODomRDPRHGDIDOVL¿FDGDDSHQDHVWDEHOHFLGDQRQžp SECÇÃO III
reduzida de um terço no seu limite máximo. )DOVL¿FDomRGH7tWXORVGH&UpGLWR

ARTIGO 258.º ARTIGO 261.º


3DVVDJHPHFRORFDomRHPFLUFXODomRGHPRHGDIDOVDRXIDOVL¿FDGD )DEULFRHIDOVL¿FDomRGHWtWXORVGHFUpGLWR
1. Quem, não sendo autor dos crimes previstos nos arti- 1. Quem, com o propósito de causar prejuízo a alguém
gos anteriores, mas, em concerto com ele, passar ou puser ou de obter benefício para si ou para outrem, fabricar, fal-
HP FLUFXODomR PRHGD IDOVD RX IDOVL¿FDGD LQFRUUH QD SHQD VL¿FDU RX DOWHUDU SDUD RV ID]HU SDVVDU FRPR YHUGDGHLURV
DSOLFiYHODRIDOVL¿FDGRU ou inalterados, cheques, acções ou obrigações ou outro
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5409

documento de natureza mercantil ao portador ou transmis- FRPDVSHQDVDSOLFiYHLVDRVDXWRUHVGDVUHVSHFWLYDVIDOVL¿FD-


sível por endosso e, em geral, qualquer título de crédito ções, reduzidas em metade no seu limite máximo.
nacional ou estrangeiro é punido com pena de prisão de 2 ARTIGO 265.º
a 8 anos. (Tentativa)
2. Se algum dos títulos mencionados no n.º 1 for emitido 1RVFULPHVGHIDOVL¿FDomRGHPRHGDYDORUHVVHODGRVH
pelo Estado ou por banco ou instituição bancária, a pena é de títulos de crédito, descritos no presente capítulo, a tentativa
prisão de 3 a 12 anos.
é sempre punível.
3. Com a mesma pena é punido quem, com os mesmos
SURSyVLWRH¿PIDEULFDUFRSLDUIDOVL¿FDURXDOWHUDUFDUW}HV CAPÍTULO III
de crédito, de débito ou de garantia. )DOVL¿FDomRGH6HORV&XQKRV0DUFDV3HVRVH0HGLGDV
6HRDXWRUGRIDEULFRRXGDIDOVL¿FDomRQmRFKHJDUD
ARTIGO 266.º
XWLOL]DURVWtWXORVIDOVRVRXIDOVL¿FDGRVDVSHQDVGRVQ~PHURV )DOVL¿FDomRGHVHORVFXQKRVHPDUFDV
anteriores são reduzidas de um terço no seu limite máximo.
1. Quem, com o propósito de os utilizar ou de serem utili-
ARTIGO 262.º
8WLOL]DomRGHWtWXORVGHFUpGLWRIDOVRVRXIDOVL¿FDGRV
zados por outrem como verdadeiros ou inalterados, fabricar,
IDOVL¿FDURXDOWHUDUVHORVFXQKRVFDULPERVFKDQFHODVPDU-
 4XHP QmR VHQGR R IDOVL¿FDGRU PDV HP FRQFHUWR
cas ou outros sinais de qualquer autoridade ou repartição
FRPHOHXWLOL]DUWtWXORVIDOVRVRXIDOVL¿FDGRVQRVWHUPRVGR
pública é punido com pena de prisão de 2 a 6 anos.
artigo anterior, é punido, seja qual for a forma de utilização,
2. Se os objectos a que se refere o número anterior dis-
com a pena aplicável ao autor da falsidade.
$XWLOL]DomRGHWtWXORVIDOVRVRXIDOVL¿FDGRVVHPFRQ- serem respeito a entidade particular, a pena aplicável é de
FHUWR FRP R IDOVL¿FDGRU p SXQtYHO FRP D SHQD DSOLFiYHO prisão até 3 anos ou de multa até 360 dias.
ao autor da falsidade, reduzida de um quarto no seu limite ARTIGO 267.º
máximo. 8WLOL]DomRHSRVVHGHVHORVFXQKRVHPDUFDVIDOVRVRXIDOVL¿FDGRV

3. Quando a pessoa que utilizar os títulos falsos ou falsi- 1. Quem, com o propósito de causar prejuízo a alguém
¿FDGRVVyWLYHUFRQKHFLPHQWRGDIDOVLGDGHGHSRLVGHRVWHU ou de obter para si ou para outrem um benefício, utilizar ou
adquirido, é punida com pena de: permitir que outras pessoas utilizem os objectos referidos no
a) Prisão até 2 anos ou multa até 240 dias, no caso de DUWLJRDQWHULRUpSXQLGRQmRVHQGRHOHRIDOVL¿FDGRUFRPDV
o crime ser o previsto no n.º 1 do artigo anterior; penas estabelecidas nos n.os 1 e 2 do mesmo artigo, reduzi-
b) Prisão até 3 anos ou multa até 360 dias, no caso de das de um quarto no seu limite máximo.
o crime ser o previsto no n.º 2 do mesmo artigo. 4XHPQmRVHQGRRDXWRUGDIDOVL¿FDomRWLYHUHPVHX
SECÇÃO IV poder, com o propósito de os utilizar ou de que outrem os
Disposições Comuns utilize, os objectos referidos no artigo anterior, é punido com
ARTIGO 263.º pena de prisão até 2 anos ou com a de multa até 240 dias.
(Actos preparatórios)
ARTIGO 268.º
1. Quem preparar a execução dos crimes descritos no (Utilização abusiva de selos, cunhos, marcas ou chancelas)
presente capítulo, adquirindo, tendo em seu poder ou intro- 1. Quem utilizar, sem autorização da entidade com-
duzindo em território angolano equipamentos ou materiais
petente, cunhos, carimbos, marcas, chancelas ou sinais
DGHTXDGRV H GHVWLQDGRV DR IDEULFR RX j IDOVL¿FDomR GH
verdadeiros pertencentes a qualquer entidade ou repartição
moeda, valores selados ou títulos de crédito é punido com
a pena de prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias. pública, com o propósito de causar prejuízo a alguém ou de
2. Os factos descritos no número anterior não são puní- obter benefício para si ou para outrem, é punido com pena de
veis, se o seu autor: prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
a) Abandonar voluntariamente a execução dos crimes 2. Se a utilização disser respeito a selos, cunhos, carim-
ou impedir que outra pessoa os execute; bos, chancelas ou sinais verdadeiros pertencentes a entidades
b) Destruir, inutilizar ou entregar às autoridades particulares, a pena aplicável é de prisão até 2 anos ou de
competentes os equipamentos e materiais a multa até 240 dias.
que se refere o n.º 1 ou denunciar às mesmas
ARTIGO 269.º
autoridades quem os possui ou o local em que )DOVL¿FDomRGHSHVRVHPHGLGDV
se encontram.
É punido com pena de prisão até 3 anos ou com a de
ARTIGO 264.º
$TXLVLomRGHWHQomRRXWUi¿FRGHPRHGDYDORUHVVHODGRV
multa até 360 dias quem, com o propósito de causar prejuízo
HWtWXORVGHFUpGLWRIDOVRVRXIDOVL¿FDGRV a alguém ou obter para si ou para outrem qualquer benefício:
4XHPDGTXLULUWLYHUHPVHXSRGHUWUDQVSRUWDU¿]HUVDLU a) Apuser sobre pesos, medidas, balanças ou outros
do território angolano ou nele introduzir moeda, valores instrumentos de medição uma punção falsa, imi-
VHODGRVRXWtWXORVGHFUpGLWRIDOVRVRXIDOVL¿FDGRVpSXQLGR tando a verdadeira;
5410 DIÁRIO DA REPÚBLICA

b) )DOVL¿FDU D SXQomR OHJDOPHQWH DSRVWD HP SHVRV ARTIGO 275.º


8VRGHGRFXPHQWRGHLGHQWL¿FDomRDOKHLR
medidas, balanças ou outros instrumentos de
medição; 1. Quem, com intenção de causar prejuízo a outrem, uti-
c) Alterar pesos, medidas, balanças ou outros ins- OL]DU GRFXPHQWR GH LGHQWL¿FDomR HPLWLGR D IDYRU GH RXWUD
pessoa é punido com pena de prisão até 6 meses ou com a de
trumentos de medição legalmente sujeitos a
multa até 60 dias.
FHUWL¿FDomRSRUPHLRGHSXQomR
 3DUD HIHLWRV GHVWH DUWLJR GRFXPHQWR GH LGHQWL¿FD-
ARTIGO 270.º ção é qualquer documento a que a lei atribua aptidão para
8WLOL]DomRGHSHVRVHPHGLGDVIDOVRVRXIDOVL¿FDGRV
LGHQWL¿FDUDVSHVVRDVRXFHUWL¿FDURVHXHVWDGRFRQGLomRRX
4XHPXWLOL]DUQmRVHQGRRIDOVL¿FDGRUSHVRVPHGLGDV VLWXDomRSUR¿VVLRQDOHGHTXHSRVVDPUHVXOWDUGLUHLWRVEHQH-
balanças ou outros instrumentos de medição falsos ou falsi- fícios ou vantagens para o respectivo titular.
¿FDGRVpSXQLGRFRPSHQDGHSULVmRDWpDQRVRXFRPDGH ARTIGO 276.º
multa até 240 dias. (Uso ilegítimo de designação, sinal ou uniforme)
ARTIGO 271.º 1. Quem, com o propósito de fazer crer que lhe perten-
(Tentativa) cem, usar designação, sinal, traje ou uniforme próprio da
Nos crimes descritos neste capítulo, a tentativa é sem- função de serviço público, nacional ou estrangeiro, é punido
pre punível. com a pena de prisão até 6 meses ou com a de multa até 60
dias.
CAPÍTULO IV 2. Se a designação, sinal, traje ou uniforme forem priva-
2XWUDV)DOVL¿FDo}HV
tivos de membros das forças armadas ou de quem exercer
ARTIGO 272.º autoridade pública, o agente é punido com pena de prisão até
$WHVWDGRRXFHUWL¿FDGRIDOVR 1 ano ou com a de multa até 120 dias.
1. Quem, sendo médico, dentista, enfermeiro, dirigente
TÍTULO IV
RX HPSUHJDGR GH ODERUDWyULR RX GH LQVWLWXLomR FRP ¿QV
Crimes Contra a Segurança Colectiva
médicos ou pessoa encarregada de fazer autópsias ou outros
H[DPHVPpGLFRIRUHQVHV SDVVDU DWHVWDGRRX FHUWL¿FDGRRX CAPÍTULO I
assinar relatório, que sabe não corresponderem à verdade, Crimes de Perigo Comum
sobre o estado do corpo ou da saúde física ou mental, o nas- ARTIGO 277.º
cimento ou a morte de uma pessoa, destinados a fazer fé (Incêndio, inundações, explosão e outras condutas particularmente
perante autoridade pública, para causar prejuízo a outrem, é perigosas)

punido com pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou com a de 1. É punido com pena de prisão de 2 a 12 anos quem:
multa de 60 a 360 dias. a) Provocar incêndio, pondo fogo a edifício, cons-
2. Com a mesma pena é punido o veterinário que passar WUXomR PHLR GH WUDQVSRUWH ÀRUHVWD PRLWD
DWHVWDGRQRVWHUPRVHSDUDRV¿QVGHVFULWRVQRQ~PHURDQWH- arvoredo, seara ou campo;
rior relativamente a animais. b) Provocar inundação, explosão, desprendimento de
3. Na mesma pena incorre ainda quem passar atesta- solos ou desmoronamento ou desabamento de
GRVRXFHUWL¿FDGRVRXVXEVFUHYHUUHODWyULRVQRVWHUPRVGRV edifício ou construção;
Q~PHURVDQWHULRUHVLQYRFDQGRIDOVDPHQWHDSUR¿VVmRTXD- c) Emitir radiações ou libertar substâncias radioacti-
OLGDGHRXIXQo}HVHPTXHDWHVWDFHUWL¿FDRXUHODWD YDVJDVHVWy[LFRVRXDV¿[LDQWHVHSHORVPRGRV
ARTIGO 273.º descritos, puser em perigo a vida, a integridade
8VRGHDWHVWDGRVRXFHUWL¿FDGRVIDOVRV
física de alguma pessoa ou património alheio de
Quem, com o propósito de enganar as autoridades públi- valor consideravelmente elevado, nos termos da
cas ou de prejudicar o interesse do Estado ou de outra pessoa,
alínea a) do artigo 391.º
XWLOL]DURVFHUWL¿FDGRVDWHVWDGRVRXUHODWyULRVIDOVRVDTXHVH
2. A pena é de prisão de 1 a 5 anos, se o perigo a que
refere o artigo anterior é punido com pena de prisão até 1
se refere o número anterior for causado por negligência do
ano ou com a de multa até 120 dias.
agente.
ARTIGO 274.º
(Assunção ou atribuição de falsa identidade) ARTIGO 278.º
(Fabrico, aquisição ou posse de substâncias explosivas,
Aquele que assumir a identidade de terceira pessoa ou Wy[LFDVHDV¿[LDQWHV
atribuir a terceira pessoa falsa identidade com o propósito 1. Quem fabricar, adquirir ou, por qualquer meio ou
de obter benefício, para si ou para outrem, ou de causar pre- título, ceder, importar, transportar, comercializar ou, sim-
juízo a alguém é punido com pena de prisão até 2 anos ou plesmente, detiver substâncias ou materiais radioactivos,
com a de multa até 240 dias. H[SORVLYRVRXLQFHQGLiULRVJDVHVWy[LFRVRXDV¿[LDQWHVRX
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5411

substâncias próprias para o seu fabrico, em violação das ARTIGO 280.º


(Armas não proibidas, sujeitas a regulamentação)
disposições legais ou em desobediência às prescrições das
autoridades competentes, é punido com pena de prisão de 1. Quem fabricar, importar, armazenar ou comercializar
1 a 5 anos. armas de fogo não proibidas, mas submetidas a regulamen-
2. Se as condutas descritas no número anterior se des- tação, sem estar legalmente autorizado ou licenciado pelas
tinarem à execução do crime previsto no artigo anterior, a autoridades e entidades competentes, é punido com pena de
pena aplicável é de prisão de 2 a 6 anos. prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
ARTIGO 279.º 2. Quem tiver em seu poder uma arma de fogo não proi-
)DEULFRWUi¿FRGHWHQomRHDOWHUDomRGHDUPDVHPXQLo}HVSURLELGDV
bida, mas submetida a regulamentação, sem a necessária
1. Quem fabricar, importar, exportar, adquirir a qualquer autorização ou licença, é punido com pena de prisão até 1
WtWXORWUDQVSRUWDUYHQGHUFHGHUGLVWULEXLU¿]HUGHSyVLWRRX ano ou com a de multa até 120 dias.
armazenar, comercializar, mediar negócio ou participar nele
3. Quem tiver em seu poder uma arma de fogo não proi-
RXVLPSOHVPHQWHGHWLYHUDUPDVFODVVL¿FDGDVFRPRPDWHULDO
bida, mas submetida a regulamentação, sem a necessária
de guerra, armas de fogo ou suas partes, peças ou muni-
autorização ou licença, em reunião ou manifestação, em
ções proibidas em violação das disposições legais ou em
desobediência às prescrições das autoridades competentes, lugar público, aberto ao público, ou privado, é punido com
estabelecidas de acordo com aquelas disposições, é punido pena de prisão até 2 anos ou com a de multa até 240 dias.
com pena de prisão de 1 a 8 anos. 4. Quem tiver em seu poder uma arma branca, arma de
2. Com a mesma pena é punido quem: arremesso ou outro instrumento, gravemente perigosos, com
a) Fabricar, importar, exportar, adquirir a qualquer o propósito de os usar como arma de agressão, é punido com
WtWXORWUDQVSRUWDUYHQGHUFHGHUGLVWULEXLU¿]HU pena de multa até 60 dias.
depósito ou armazenar, comercializar, mediar ARTIGO 281.º
negócio ou participar nele ou simplesmente 7Ui¿FRLOtFLWRGHPLJUDQWHV

detiver armas ou engenhos ou suas partes, peças $TXHOHTXHFRP¿POXFUDWLYRSURPRYHURXGHTXDO-


ou munições proibidos destinados a projectar, quer outra forma prestar ajuda a cidadão estrangeiro para
libertar ou difundir os materiais ou substâncias a entrar ilegalmente em território angolano, é condenado em
que se refere o n.º 1 do artigo anterior, em viola- pena de prisão até 3 anos ou multa até 360 dias.
ção das disposições legais ou em desobediência 2. É condenado com a pena de prisão até 2 anos ou multa
às prescrições das autoridades competentes até 240 dias:
estabelecidas de harmonia com as mesmas dis- a) $TXHOH TXH VHP ¿P OXFUDWLYR SURPRYHU RX GH
posições; qualquer outra forma prestar ajuda a cidadão
b) Alterar as características de armas ou engenhos ou estrangeiro para entrada ilegal em território
as suas partes, peças ou munições proibidas. angolano;
3. Quem fabricar, importar, exportar, adquirir a qualquer b) Aquele que hospedar ou de algum modo ocultar a
WtWXOR WUDQVSRUWDU YHQGHU FHGHU GLVWULEXLU HVFRQGHU ¿]HU permanência de cidadão estrangeiro em situação
depósito, comercializar, mediar negócio ou intervier nele ilegal.
ou simplesmente detiver armas, engenhos ou suas partes, 3. Incorre nas penas dos números anteriores quem pro-
peças ou munições capazes de produzir explosão nuclear, mover ou de qualquer outra forma facilitar a saída ilegal de
em violação das disposições legais ou em desobediência às cidadão nacional ou estrangeiro do território angolano.
prescrições das autoridades competentes estabelecidas de 4XDQGRRFULPHGHWUi¿FRLOtFLWRGHPLJUDQWHVHQYRO-
harmonia com as mesmas disposições, é punido com pena ver uma associação, organização ou grupo criminosos, a
de prisão de 6 a 12 anos. pena é de 4 a 6 anos de prisão.
4. Quem alterar engenho, armas ou munições proibidas ARTIGO 282.º
(Agressão ao ambiente)
de modo a transformá-las em engenhos, armas ou suas par-
tes ou munições capazes de produzir explosão nuclear, é 1. É punido com pena de prisão de 1 a 5 anos quem, em
punido com a pena estabelecida no número anterior. violação dos preceitos das leis e regulamentos em vigor e
5. A pena pode ser especialmente atenuada ou não ter das prescrições impostas pelas autoridades competentes, de
lugar a punição, se o agente abandonar voluntariamente a acordo com aqueles preceitos criar o perigo de extinção de:
VXDDFWLYLGDGHDIDVWDURX¿]HUGLPLQXLUFRQVLGHUDYHOPHQWH a) Uma ou mais espécies animais ou vegetais elimi-
o perigo por ela provocado, impedir que o resultado que a lei QDQGRH[HPSODUHVGDIDXQDRXGDÀRUD
TXHUHYLWDUVHYHUL¿TXHRXDX[LOLDUFRQFUHWDPHQWHQDUHFR- b) (VSpFLHV GD IDXQD RX GD ÀRUD OHJDOPHQWH SURWH-
OKDGHSURYDVGHFLVLYDVSDUDDLGHQWL¿FDomRRXDFDSWXUDGH gidas, destruindo ou deteriorando o seu habitat
outros responsáveis. natural.
5412 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Com a mesma pena é punido quem, em violação dos ARTIGO 284.º


(Propagação de doença, praga, animal nocivo ou planta daninha)
preceitos das leis e regulamentos ou das prescrições impos-
tas pelas autoridades competentes, de acordo com aqueles 1. Quem propagar doença, praga, animal nocivo ou
preceitos: planta daninha e, por via da propagação, criar perigo efec-
a) Adquirir, alienar, transportar ou, simplesmente, tivo de dano para um número elevado de animais alheios,
GHWLYHUHVSpFLHVGDIDXQDRXGDÀRUDOHJDOPHQWH domésticos ou úteis ao homem ou para culturas, plantações,
protegidas; PRLWDVRXÀRUHVWDVGHRXWUHPGHHOHYDGDH[WHQVmRpSXQLGR
b) Impedir a renovação de um ou mais recursos do com pena de prisão até 5 anos.
subsolo ou criar o perigo do seu esgotamento. 2. Se o perigo a que se refere o número anterior for
3. Quem lançar para o ambiente quaisquer fontes, dis- devido a negligência do agente, a pena é de prisão até 2 anos
positivos, substâncias ou materiais radioactivos ou os ou de multa até 240 dias.
depositar no solo ou no subsolo, no mar, em rios, lagos ou 3. Se as condutas descritas no mesmo número forem
outras massas de água, sem estar autorizado, nos termos da devidas a negligência do agente, a pena é de prisão até 1 ano
ou de multa até 120 dias.
lei e regulamentos aplicáveis ou, estando autorizado, não
4. O número e a extensão consideram-se elevados,
REVHUYDU DV PHGLGDV GH SURWHFomR H VHJXUDQoD HVSHFt¿FDV
sempre que ultrapassarem 250 animais ou 50 hectares,
legalmente exigíveis ou impostas pelas autoridades com-
respectivamente.
petentes, de acordo com a lei ou regulamentos em vigor, é
punido com pena de prisão de 2 a 12 anos. ARTIGO 285.º
(Adulteração de alimentos ou forragens para animais)
4. Se os factos descritos nos números anteriores forem
devidos à negligência do agente, a pena é de prisão até 2 4XHPFRUURPSHUDGXOWHUDURXIDOVL¿FDUIRUUDJHQVRX
anos ou de multa até 240 dias, no caso dos n.os 1 e 2, e de pri- alimentos destinados a animais domésticos ou importar,
são até 5 anos, no caso do n.º 3. exportar, transportar, detiver, colocar à venda, vender, entre-
gar ou distribuir forragens ou alimentos destinados a esses
ARTIGO 283.º
(Poluição) animais, que se encontrarem corrompidos, adulterados ou
IDOVL¿FDGRVHGDVFRQGXWDVGHVFULWDVUHVXOWDUDFULDomRGHXP
1. Quem, em violação das leis e regulamentos em vigor
perigo efectivo de dano para um número elevado de animais
ou das imposições, limites e condicionamentos determina-
é punido com pena de prisão até 3 anos ou com a de multa
dos pelas autoridades competentes, contaminar ou poluir as
até 360 dias.
águas, os solos ou o ar ou, por qualquer forma, deteriorar as
2. Se o perigo criado for devido a negligência do agente,
propriedades destes componentes ambientais, é punido com
a pena é de prisão até 18 meses ou de multa até 180 dias.
pena de prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
3. Se as condutas descritas forem devidas a negligência
2. Se, com a conduta descrita no número anterior, o
do agente, a pena é de prisão até 1 ano ou de multa até 120
agente tiver posto em perigo a vida ou a integridade física
dias.
de qualquer pessoa, património alheio de valor considera-
4. Para os efeitos do n.º 1, o número de animais é ele-
velmente elevado, nos termos da alínea a) do artigo 391.º,
vado, sempre que for superior a 250.
ou bens de natureza cultural ou artística, a pena de prisão é
de 2 a 7 anos. ARTIGO 286.º
(Adulteração de substâncias alimentares ou medicinais)
3. A pena do número anterior é aplicável se a conduta
descrita no n.º 1 causar às propriedades do ar, da água e do 1. É punido com pena de prisão de 2 a 8 anos quem:
VRORjIDXQDRXjÀRUDGDQRVVXEVWDQFLDLV a)&RUURPSHUDGXOWHUDURXIDOVL¿FDUiJXDSRWiYHORX
4. Se, no caso dos n.os 2 e 3, o perigo ou o dano, respec- outras bebidas ou substâncias alimentares ou
tivamente, forem causados por dolo do agente, a pena é de medicinais, destinadas a consumo ou uso alheio;
prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias; se a conduta for b) Importar, exportar, transportar, detiver, expuser à
negligente, a pena é de prisão até 1 ano ou de multa até 120 venda, vender, dissimular, entregar ou distribuir
dias. alguma das bebidas ou substâncias a que se
5. Os danos são substanciais sempre que: refere a alínea anterior corrompida, alterada ou
a) Impeçam, com efeito duradouro, a utilização de IDOVL¿FDGD
uma componente ambiental; c) Importar, exportar, transportar, detiver, colocar à
b) &DXVHP D GHVWUXLomR JHQHUDOL]DGD GD ÀRUD H GD venda, vender, dissimular, entregar ou distribuir
fauna da área em que a poluição ocorreu ou as substâncias mencionadas na alínea a) que
tiverem impacto nocivo duradouro sobre a con- estiverem fora do prazo de validade ou alteradas
servação das espécies ou do respectivo habitat. ou avariadas pela acção do tempo ou dos agentes
6. O efeito e o impacto a que se referem as alíneas a) e b) a que estiveram expostas e as condutas descritas
do número anterior são duradouros sempre que possam per- puserem em perigo a vida ou a integridade física
durar, no mínimo, por 2 anos. de outrem.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5413

2. Se o perigo for causado por negligência do agente, a 3. Se as condutas descritas nas alíneas a) e b) do n.º 1
pena é de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias. forem devidas a negligência, a pena é de prisão até 2 anos
3. Se a conduta for devida a negligência do agente, a ou de multa até 240 dias.
pena é de prisão até 1 ano ou de multa até 120 dias. 4. Para efeitos do presente artigo, o valor dos bens patri-
ARTIGO 287.º moniais é calculado nos termos do artigo 391.º
(Propagação de doença contagiosa) ARTIGO 290.º
(Dano em instalações e perturbação em serviços)
1. Quem propagar doença contagiosa e, desse modo,
criar perigo efectivo para a vida ou a integridade física de 1. É punido com pena de prisão de 1 a 6 anos quem criar
outra pessoa é punido com pena de prisão de 2 a 8 anos. perigo para a vida ou integridade física de outrem ou para
2. Se o perigo for causado por negligência do agente, a bens patrimoniais alheios de valor elevado, em virtude de:
pena é de prisão até 3 anos. a) 'HVWUXLU GDQL¿FDU RX LQXWLOL]DU QR WRGR RX HP
parte, instalação para aproveitamento, produ-
3. Se a conduta for devida a negligência, a pena é de pri-
ção, armazenamento, condução ou distribuição
são até 2 anos ou de multa até 240 dias.
GH iJXD JiV RX RXWURV ÀXtGRV FRPEXVWtYHLV H
ARTIGO 288.º OXEUL¿FDQWHVRXHQHUJLDHOpFWULFDRXLOXPLQDomR
(Alteração de análise e inobservância de receituário)
serviços de comunicação, de telefonia ou de
1. O médico, enfermeiro, técnico de saúde ou de labo- internet, redes e sistemas de saneamento ou ges-
ratório ou respectivos empregados ou pessoa legalmente tão de resíduos, ou instalações para protecção
autorizada a proceder a exames ou a registo auxiliar de contra forças da natureza;
diagnóstico ou tratamento médico ou curativo que fornecer b) Impedir ou perturbar a exploração de serviços de
dados ou resultados inexactos e, deste modo, criar perigo comunicações ou de fornecimento ao público de
efectivo para a vida ou integridade física de outra pessoa é iJXD RX RXWURV ÀXtGRV LOXPLQDomR RX HQHUJLD
punido com pena de prisão de 2 a 8 anos. saneamento ou gestão de resíduos, ou protecção
2. Na mesma pena incorre o farmacêutico ou empregado contra forças da natureza, subtraindo ou des-
de farmácia que, fornecendo medicamentos ou substâncias YLDQGRGDQL¿FDQGRRXLQXWLOL]DQGRQRWRGRRX
medicinais diferentes das prescritas na receita médica, criar em parte, coisa ou energia necessárias à explo-
ração de tais serviços ou ao asseguramento das
o perigo a que se refere o número anterior.
¿QDOLGDGHVDHOHVVXEMDFHQWHV
3. Se o perigo for produzido por negligência do agente, a
c) Vandalizar infra-estruturas públicas, de utilidade
pena é de prisão até 3 anos ou de multa até 360 dias.
pública ou privada em condições de prejudicar a
4. Se as condutas descritas nos n.os 1 e 2 forem devidas sustentabilidade e o aproveitamento útil e seguro
a negligência do agente, a pena é de prisão até 2 anos ou de das mesmas.
multa até 240 dias. 2. Se o perigo a que se refere o número anterior for cau-
ARTIGO 289.º sado por negligência do agente, a pena é de prisão de 6
(Violação de regras de construção e danos em aparelhos meses a 3 anos ou de multa de 60 a 360 dias.
destinados a prevenir acidentes)
3. Se as condutas descritas nas alíneas a) e b) do n.º 1
1. É punido com pena de prisão de 1 a 6 anos quem: forem devidas a negligência, a pena é de prisão até 2 anos
a) Infringir ou não observar, no âmbito da sua ou de multa até 240 dias.
DFWLYLGDGH SUR¿VVLRQDO DV GLVSRVLo}HV OHJDLV 4. Para efeitos do presente artigo, o valor dos bens patri-
regulamentares ou técnicas de planeamento, moniais é calculado, nos termos do artigo 391.º
direcção ou execução de construção, instalações ARTIGO 291.º
(Agravação da pena pelo resultado)
complementares ou demolições relativas à segu-
rança das respectivas obras; Se, da prática dos crimes previstos nos artigos 277.º,
282.º n.os 3 e 4 e 283.º a 289.º, resultar a morte ou ofensa
b) 'HVWUXLU GDQL¿FDU RX LQXWLOL]DU QR WRGR RX HP
grave à integridade física, nos termos do artigo 160.º, o
parte, duradoura ou momentaneamente, apa- agente é punido com as penas correspondestes aos crimes
relhos ou quaisquer outros meios existentes no cometidos, agravados de metade nos seus limites mínimo e
local de trabalho destinados a prevenir acidentes; máximo.
c) Omitir, em violação das normas legais, regulamen- ARTIGO 292.º
tares ou técnicas, a instalação dos aparelhos ou (Dispensa de pena ou atenuação especial)
meios mencionados na alínea anterior e, deste 1. Se, nos casos dos crimes referidos no artigo anterior, o
modo, criar perigo para a vida ou integridade agente remover o perigo:
física de outrem ou para bens patrimoniais. a) Pode ter lugar a dispensa de pena, se a remoção
2. Se o perigo a que se refere o número anterior for cau- RFRUUHUDQWHVGHRGDQRVHWHUYHUL¿FDGR
sado por negligência do agente, a pena é de prisão de 6 meses b) A pena é especialmente atenuada, se já se tiver
a 3 anos ou de multa de 60 a 360 dias. YHUL¿FDGRRGDQRPDVHVWHQmRIRUFRQVLGHUiYHO
5414 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. O dano não é de valor consideravelmente elevado, se 4XHPFKH¿DURXGLULJLUDDVVRFLDomRRUJDQL]DomRRX


não ultrapassar em 500 vezes o salário mais baixo da função grupo criminoso, é punido com pena de prisão de 2 a 10 anos.
pública, nos termos da alínea a) do artigo 391.º. 3. Quem aderir à associação, organização ou grupo refe-
ridos no número anterior, deles passando a ser membro,
CAPÍTULO II colaborar com associação, organização ou grupo que tenham
Crimes Contra a Ordem e a Tranquilidade Públicas
SRU¿QDOLGDGHDSUiWLFDGHFULPHVRXOKHVGHUDSRLRQRPHD-
ARTIGO 293.º damente, fornecendo-lhes armas, munições, instrumentos
(Instigação pública ao crime) do crime ou locais de guarida ou de reunião ou auxiliando-
1. Quem, em reunião ou ajuntamento público ou através -os no recrutamento de novos membros é punido com pena
de meio de comunicação com o público, incitar directamente de prisão de 1 a 6 anos.
à prática de um crime determinado é punido com pena de 4. Se os crimes praticados tiverem carácter internacio-
prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias. nal, os limites, mínimo e máximo, das penas estabelecidas
2. Se da conduta descrita no número anterior resultar nos n.os 1, 2 e 3 são elevados de um quarto da sua duração.
a prática do crime, o agente é punido como instigador do 5. Para efeitos do número anterior, o crime tem carácter
crime praticado. internacional quando for cometido:
3. A pena, em caso algum, pode ser superior à cominada a) Em mais de um Estado;
para o crime objecto da instigação pública. b)(PXPVy(VWDGRPDVXPDSDUWHVLJQL¿FDWLYDGD
ARTIGO 294.º
sua preparação, planeamento, direcção e con-
(Apologia pública de crime) trolo tiver tido lugar em outro Estado;
1. Quem, em reunião ou ajuntamento público ou através c) Em um só Estado, quando houver participação de
de meio de comunicação com o público, enaltecer, louvar associação, de organização ou de grupo crimino-
ou recompensar o agente de determinado crime, por forma sos que actue em mais de um Estado;
a criar o perigo de que outro crime da mesma espécie seja d) Em um só Estado, mas tiver produzido efeitos
praticado é punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de VLJQL¿FDWLYRVHPRXWUR(VWDGR
multa até 120 dias. 6. Pode não haver lugar à punição ou a pena ser especial-
2. Se da conduta descrita no número anterior resultar a mente atenuada, se o agente impedir ou procurar seriamente
prática de outro crime da mesma espécie, o agente é punido impedir a continuação da associação, organização ou grupo
criminosos ou comunicar às autoridades competentes a sua
como instigador do crime praticado.
existência, por forma a poderem elas evitar a prática de
3. A pena, em caso algum, pode ser superior à prevista
crimes.
para o crime cometido em razão da conduta descrita no n.º 1.
ARTIGO 297.º
ARTIGO 295.º (Terrorismo)
(Impedimento ou perturbação de culto ou cerimónia fúnebre
e ofensa por causa de crença ou função religiosa) 1. Os actos criminosos que visam provocar um estado de
1. É punido com pena de prisão até 18 meses ou com terror no público em geral, num grupo de pessoas ou indi-
a de multa até 180 dias quem, por meio de violência e por YtGXRV FRP ¿QV SROtWLFRV VmR FRQGHQiYHLV HP TXDOTXHU
forma a alterar a ordem ou a tranquilidade pública, impedir circunstância, independentemente das considerações de
RUGHPSROtWLFD¿ORVy¿FDLGHROyJLFDUDFLDOpWQLFDUHOLJLRVD
ou perturbar:
ou de qualquer outra natureza que possam ser invocadas.
a) O exercício legítimo de acto de culto de uma
2. Lei própria regula o regime jurídico de prevenção e
religião ou publicamente o vilipendiar e dele
combate ao terrorismo.
escarnecer;
ARTIGO 298.º
b) O cortejo ou a cerimónia fúnebre. (Participação em motim)
2. Quem ofender publicamente uma pessoa ou dela
1. Considera-se motim o ajuntamento tumultuoso de um
escarnecer por causa da sua crença ou função religiosa e,
número indeterminado de pessoas susceptível de pôr em
por essa forma, perturbar a ordem ou tranquilidade públicas,
perigo a ordem ou a tranquilidade públicas.
é punido com a pena de prisão até 1 ano ou com a de multa 2. Quem participar em motim em que forem praticados
até 120 dias. colectivamente actos de violência contra pessoas ou bens é
ARTIGO 296.º punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa até
(Associação criminosa)
240 dias.
1. Quem participar na constituição de associação, orga- 3. O agente que provocar, convocar ou dirigir o motim é
nização ou grupo constituídos por duas ou mais pessoas que, punido com pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou com a de
DJLQGRGHIRUPDFRQFHUWDGDRXHVWUXWXUDGDWLYHUHPSRU¿QD- multa de 60 a 360 dias.
lidade a prática de crimes é punido com pena de prisão de 1 4. O agente é isento de pena, se se afastar do motim volun-
a 8 anos. tariamente ou por advertência ou ordem das autoridades.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5415

ARTIGO 299.º 2. Consideram-se civis os transportes que não forem


(Participação em motim armado)
militares ou afectos a actividades militares.
1. As penas estabelecidas no artigo anterior são elevadas, ARTIGO 303.º
a do n.º 2, para prisão de 6 meses a 3 anos, e a do n.º 3, para (Atentado contra a segurança dos transportes)
prisão de 1 a 5 anos, sempre que: 1. É punido com pena de prisão de 1 a 5 anos quem aten-
a) Um dos participantes, pelo menos, for portador e tar contra a segurança dos transportes:
exibir arma de fogo ou explosivos; a)'HVWUXLQGRVXSULPLQGRGDQL¿FDQGRRXWRUQDQGR
b) Vários participantes forem portadores de armas de inutilizável instalação, equipamento ou sinaliza-
fogo ou explosivos ocultos; ção;
c) Vários participantes forem portadores de objectos, b) Colocando entraves ou barreiras à circulação;
ostensivos ou ocultos, susceptíveis de serem c) Fazendo aviso ou sinal falsos ou dando informação
utilizados como armas. falsa;
2. O motim não se considera armado, quando o partici- d) Praticando qualquer outro acto que possa causar
pante portador de armas for expulso do motim pelos outros desastre ou reduzir consideravelmente a segu-
rança dos transportes.
participantes ou se afastar dele por iniciativa própria.
2. Se o agente criar, por qualquer dos modos descritos
3. Quem levar para um motim arma, sem conhecimento
no número anterior, perigo efectivo à vida ou à integridade
dos outros participantes, é punido como participante em
física de outra pessoa ou para bens patrimoniais alheios de
motim armado.
valor elevado, nos termos da alínea b) do artigo 391.º, é
4. Aplica-se ao motim armado o disposto no n.º 4 do
punido com a pena de prisão de 2 a 10 anos.
artigo anterior.
3. Se o perigo a que se refere o número anterior for cau-
ARTIGO 300.º sado por negligência, a pena é de prisão de 1 a 5 anos.
(Desobediência à ordem de dispersão de ajuntamento)
4. Se a conduta que produziu o perigo referido no n.º 2
1. Quem participar em ajuntamento ilegal, constituído for devida a negligência, a pena é a de prisão até 2 anos ou a
por um número indeterminado de pessoas, realizado em de multa até 240 dias.
lugar público ou de acesso livre ao público e não obedecer ARTIGO 304.º
à ordem legítima de dispersar dada pela autoridade compe- (Condução sem habilitação legal)
tente, com a advertência expressa de que o ajuntamento é 1. Quem for encontrado a conduzir veículo automóvel,
ilegal e de que a desobediência à ordem constitui crime, é na via pública, sem que para tal esteja legalmente habilitado
punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de multa até ou se lhe tenha sido inibido o direito de conduzir, e da con-
120 dias. dução resultar dano ou perigo de dano concreto, é punido
2. Se o agente do crime tiver promovido o ajuntamento, a com a pena de prisão até 1 ano ou multa até 120 dias.
pena é de prisão ate 2 anos ou de multa até 240 dias. 2. A simples condução sem habilitação legal que não
ARTIGO 301.º tenha gerado qualquer dano ou perigo de dano concreto é
(Alarme causado pela ameaça de prática de crime e abuso
punida com pena de prisão de até 6 meses ou com a de multa
de sinal de alarme ou de pedido de auxílio)
até 60 dias.
 4XHP DPHDoDU FRP D SUiWLFD GH XP FULPH RX ¿]HU
ARTIGO 305.º
simuladamente crer que vai, ele ou outrem, cometer um (Condução perigosa de meio de transporte)
crime e, desse modo, causar alarme entre a população é
1. Quem, ao conduzir um meio de transporte, violar
punido com a pena de prisão até 2 anos ou com a de multa
grosseiramente as regras de condução ou não estiver em
até 240 dias.
FRQGLo}HVGHRID]HUFRPVHJXUDQoDSRUGH¿FLrQFLDItVLFD
2. Com a mesma pena é punido quem, abusivamente,
RXSVtTXLFDRXSRUVHHQFRQWUDUVREDLQÀXrQFLDGHHVWXSHID-
accionar chamada ou sinal de alarme ou pedir, por qualquer
cientes ou substâncias produtoras de efeitos semelhantes ou
outro modo, auxílio alheio, simulando, por qualquer outro
em estado de embriaguez ou fadiga excessiva e, deste modo,
meio que o auxílio é preciso, em virtude de acidente, perigo
criar perigo efectivo para a vida ou a integridade física de
ou situação de necessidade colectivos, inexistentes.
outra pessoa ou para bens patrimoniais alheios de valor ele-
CAPÍTULO III vado, é punido:
Crimes Contra a Segurança dos Transportes a) Com pena de prisão de 1 a 6 anos, quando se
ARTIGO 302.º tratar de veículo de transporte por ar, água ou
(Desvio ou captura de transporte) caminho-de-ferro;
1. Quem desviar da sua rota, aeronave, navio, comboio b) Com pena de prisão até 3 anos ou de multa até
ou veículo de transporte colectivo de passageiros civis, ou 360 dias, quando se tratar de qualquer veículo
deles se apoderar, é punido com pena de prisão de 2 a 15 ou rodoviário, com ou sem motor, conduzido numa
de 1 a 10 anos, conforme houver ou não passageiros a bordo. via pública ou aberta ao público.
5416 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Se o agente causar o perigo por negligência, a pena TÍTULO V


é de prisão de 1 a 3 anos ou de multa de 120 a 360 dias, Crimes Contra o Estado
no caso da alínea a) do número anterior, e de prisão até 18
CAPÍTULO I
meses ou de multa até 180 dias, no caso da alínea b) do
Crimes Contra a Segurança do Estado
mesmo número.
3. Se a conduta do agente for devida a negligência, a SECÇÃO I
Crimes Contra a Independência e a Integridade Nacionais
pena é de prisão até 18 meses ou de multa até 180 dias, no
caso da alínea a) do n.º 1, e de prisão até 1 ano ou de multa ARTIGO 310.º
(Alta traição)
até 120 dias, no caso da alínea b) do mesmo número.
1. Quem, com violência ou ameaça de violência, usurpa-
4. Considera-se em estado de embriaguez o condutor
ção ou abuso do exercício de cargos ou funções de soberania,
que, sendo submetido ao teste de alcoolémia, for encontrado
puser em perigo a independência e integridade territorial de
a conduzir com uma taxa de álcool no sangue igual ou supe-
Angola ou a sua soberania sobre parte ou a totalidade do
rior a 1 miligrama por litro.
território nacional é punido com pena de prisão de 10 a 20
5. Quem não aceitar submeter-se ao teste, presume-se anos.
estar embriagado. 2. A mesma pena é aplicável ao cidadão angolano ou ao
ARTIGO 306.º estrangeiro residente em território angolano que participar
(Condução de veículo rodoviário em estado de embriaguez) de acções de carácter militar contra Angola ou por qualquer
Quem, com dolo ou negligência, conduzir na via pública forma lhes der auxílio.
ou aberta ao público veículo rodoviário, com ou sem motor, ARTIGO 311.º
em estado de embriaguez ou sob a acção de estupefacientes, )DOVL¿FDomRFRQVWLWXWLYDGHWUDLomR

substâncias psicotrópicas ou produtoras de efeitos análogos Quem puser à disposição de outrem ou tornar públicos
é punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de multa REMHFWRV IDOVL¿FDGRV RX DSyFULIRV LQIRUPDomR VREUH HOHV
até 120 dias. RXD¿UPDo}HVIDOVDVVREUHIDFWRVTXHHPFDVRGHDXWHQWL-
cidade ou veracidade, seriam importantes para a segurança
ARTIGO 307.º
(Lançamento de projéctil contra veículo) exterior da República de Angola ou para as relações da
República de Angola com um poder estrangeiro ou organi-
Quem arremessar um objecto ou disparar um projéctil
zação internacional, fazendo crer que tais objectos ou factos
contra veículo em movimento, de transporte no ar, na água
são autênticos e, com isso, puser em perigo a independência
ou em terra, é punido com pena de prisão até 1 ano ou com a
ou integridade da República de Angola é punido com pena
de multa até 120 dias, se pena mais grave lhe não couber por de prisão de 2 a 12 anos.
força de outra disposição legal.
ARTIGO 312.º
ARTIGO 308.º (Preparação de alta traição)
(Agravação especial)
Quem, por qualquer forma, preparar ou contribuir para
1. Quando, nos crimes previstos nos artigos 304.º a 307.º, a preparação de um crime de alta traição contra Angola é
o veículo for de transporte escolar, de socorro ou emergên- punido com pena de prisão de 1 a 10 anos.
cia, a pena é agravada de um quarto nos seus limites mínimo ARTIGO 313.º
e máximo. (Entendimentos com o estrangeiro para provocar a guerra)

2. Se da prática dos crimes previstos nos artigos 304.º a 1. Quem tiver entendimentos ou mantiver conversa-
307.º, resultar a morte ou ofensa grave à integridade física, ções com um governo, associação, instituição ou indivíduos
nos termos do artigo 160.º o agente é punido com as penas estrangeiros ou com um seu intermediário, com a intenção
correspondentes aos crimes cometidos, agravados em um de desencadear uma guerra ou uma acção armada contra a
terço nos seus limites mínimo e máximo. República de Angola, é punido com pena de prisão de 5 a
10 anos.
ARTIGO 309.º
(Dispensa de pena ou atenuante especial) 2. Quando do facto descrito no número anterior resul-
tar perigo grave para a independência ou a integridade da
1. Se, nos casos dos crimes previstos nos artigos 303.º e
República de Angola, a pena é de prisão de 10 a 15 anos.
305.º, o agente remover o perigo:
ARTIGO 314.º
a) Pode ter lugar a dispensa da pena, se a remoção (Provocação à guerra ou a represálias)
RFRUUHUDQWHVGHRGDQRVHYHUL¿FDU 1. Quem, sem competência para tanto ou sem estar devi-
b) A pena é especialmente atenuada, se já se tiver damente autorizado pelos competentes Órgãos de Soberania,
YHUL¿FDGRRGDQRPDVHVWHQmRIRUFRQVLGHUiYHO praticar actos susceptíveis de provocarem uma guerra ou
2. É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 2 represálias contra a República de Angola é punido com pena
do artigo 292.º de prisão de 2 a 8 anos.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5417

2. Se em consequência do facto descrito no número ante- 4. Se a actividade do agente não tiver por objecto
rior forem, contra Angola, desencadeada uma guerra ou segredo do estado, mas, ainda assim, a recolha de informa-
exercidas represálias, a pena é de prisão de 8 a 12 anos. ções puser em perigo a segurança do Estado, a pena é de
ARTIGO 315.º prisão de 1 a 5 anos.
(Colaboração com o estrangeiro para constranger o Estado) 5. Se o facto descrito no número anterior for praticado
Quem colaborar com governo, associação ou institui- em colaboração com as entidades referidas no n.º 2 ou em
ção estrangeira ou com seu intermediário para constranger seu benefício, a pena é de prisão de 2 a 8 anos.
o Estado a sujeitar-se a ingerência estrangeira em prejuízo ARTIGO 318.º
da sua independência ou soberania, a declarar ou não decla- (Inutilização de meios de prova)
rar guerra ou a manter ou não manter a neutralidade numa  4XHP IDOVL¿FDU HOLPLQDU GHVWUXLU WRUQDU LUUHFRQKH-
guerra, é punido com pena de prisão de 3 a 12 anos. FtYHOGHV¿JXUDURXDOWHUDURVHQWLGRGDQL¿FDULQXWLOL]DURX
ARTIGO 316.º tornar indisponíveis meios de prova de factos referentes às
(Violação de segredo de Estado) relações entre Angola e outro Estado ou organização inter-
1. Quem, com intenção de favorecer estado ou entidade nacional e, com isso, puser em perigo relevantes interesses
estrangeira, tornar públicos ou acessíveis a pessoa não auto- nacionais é punido com pena de prisão de 3 a 8 anos.
rizada factos, condições de pessoas, objectos, documentos, 2. A pena é de prisão de 5 a 10 anos, se o facto for perpe-
planos ou conhecimentos apenas acessíveis a um limitado trado sobre coisa que tenha sido posta à disposição do autor
circulo de pessoas e que devam ser mantidos em segredo, em virtude da sua qualidade de funcionário público ou de
pondo em perigo os interesses do Estado Angolano relativos alguém especialmente obrigado ao serviço público.
à soberania, independência nacional, unidade e à integridade
ARTIGO 319.º
do Estado ou à sua segurança interna ou externa, os recursos ,Q¿GHOLGDGHGLSORPiWLFD
afectos à defesa e à diplomacia, à salvaguarda da população
 4XHP UHSUHVHQWDQGR R¿FLDOPHQWH D 5HS~EOLFD GH
em território angolano, bem como à preservação e segu-
Angola perante um governo estrangeiro, uma comunidade de
rança dos recursos económicos e energéticos estratégicos, é
estados, uma instituição interestadual ou outra organização
punido com pena de prisão de 8 a 12 anos.
internacional, intencionalmente, prejudicar direitos ou inte-
2. A mesma pena será aplicada àquele que, com igual
resses angolanos numa negociação com aquelas entidades
intenção e pondo em perigo os interesses referidos no
ou nela assumir compromisso sem para isso estar compe-
Q~PHURDQWHULRUGHVWUXLUVXEWUDLURXIDOVL¿FDURVREMHFWRV
tentemente mandatado pelo Estado Angolano, é punido com
documentos ou planos aí mencionados.
pena de prisão de 5 a 10 anos.
3. Quando o agente praticar o facto abusando da posição
2. Se, no caso do número anterior, o agente não chegar a
que ocupa em posto de responsabilidade que especialmente
causar prejuízos ou a assumir compromissos, mas violar ins-
o obrigue à guarda do segredo de Estado, é punido com pena
truções recebidas do Estado Angolano ou, com a intenção de
de prisão de 10 a 15 anos.
o induzir em erro, lhe prestar informações falsas sobre factos
4. Se não tiver havido intenção de favorecer potência
ocorridos na negociação em que participou, é punido com
estrangeira, as penas são de prisão de 3 a 8 anos, nos casos
pena de prisão de 2 a 5 anos.
dos n.os 1 e 2, e de prisão de 5 a 10 anos, no caso do n.º 3.
5. A negligência é, em todos os casos, punida com pena SECÇÃO II
Crimes Contra a Defesa Nacional e as Forças Armadas
de prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
ARTIGO 317.º ARTIGO 320.º
(Espionagem) (Inutilização de meios de defesa)

1. Quem aceder a um segredo de Estado para o revelar 1. Quem, com intenção de colocar em perigo a segurança
ou auxiliar outrem a fazê-lo é punido com pena de prisão de de Angola, a capacidade de defesa ou de ataque das suas tro-
5 a 10 anos. SDV RX D YLGD GDV SHVVRDV GHVWUXLU GDQL¿FDU RX LQXWLOL]DU
2. Se o facto for praticado em colaboração com governo, instalações, estabelecimentos, construções, equipamen-
associação, organização, serviço de informações estrangeiro tos, armas, munições ou outros meios militares essenciais à
ou agente seu, a pena é de prisão de 8 a 12 anos. defesa nacional, às forças armadas, ou à protecção da popu-
3. Se o agente praticar um dos factos descritos nos lação civil, é punido com pena de prisão de 5 a 12 anos.
Q~PHURVDQWHULRUHVFRPYLRODomRGHGHYHUHVSHFL¿FDPHQWH 2. Igual pena é aplicável àquele que, com a mesma inten-
imposto pelo estatuto do seu cargo ou da sua função, serviço ção, construir ou mandar construir, produzir ou mandar
RXPLVVmRTXHOKHWHQKDVLGRFRPSHWHQWHPHQWHFRQ¿DGRp produzir de forma defeituosa as instalações, estabelecimen-
punido com pena de prisão de 10 a 12 anos, no caso do n.º 1, tos, construções, equipamentos ou outros meios militares
e prisão de 12 a 15 anos, no caso do n.º 2. referidos no número anterior.
5418 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. Se os factos descritos nos números anteriores forem SECÇÃO III


Crimes Contra Autoridades, Representantes e Símbolos de Estados
cometidos em situação de guerra, a pena é de prisão de 5 a Estrangeiros ou de Organizações Internacionais
15 anos.
ARTIGO 325.º
ARTIGO 321.º (Ataque contra autoridades ou representantes
(Destruição ou inutilização de estruturas ou meios militares) de Estados Estrangeiros ou de organizações internacionais)
4XHPVHPDFRPSHWHQWHDXWRUL]DomRGHVWUXLUGDQL¿- Quem perpetrar um ataque contra a integridade física,
car ou inutilizar as estruturas ou meios referidos no n.º 1 do a vida ou a liberdade de uma autoridade de estado estran-
artigo anterior e, dessa maneira, colocar em perigo a segu- geiro, de membro de governo estrangeiro, de representante
rança da República de Angola e a capacidade de defesa ou diplomático ou consular estrangeiro ou de dirigente de orga-
de ataque das suas forças armadas é punido com pena de pri- QL]DomR LQWHUQDFLRQDO QR H[HUFtFLR GH IXQo}HV R¿FLDLV HP
são de 5 a 12 anos. território angolano é punido com pena de prisão de 2 a 8 anos,
2. A negligência é punida com pena de prisão até 3 anos se pena mais grave lhe não couber em virtude de outra dis-
posição penal.
ou com a de multa até 360 dias.
ARTIGO 326.º
ARTIGO 322.º (Ofensa à honra de autoridades ou representantes de Estados
(Propaganda contra a defesa nacional e as forças armadas) Estrangeiros ou de organizações internacionais)
 4XHP GLYXOJDU D¿UPDo}HV IDOVDV RX TXH GLVWRUFHU 1. Quem, em território nacional, injuriar, difamar ou
factos verdadeiros e com isso puder perturbar a acção das caluniar autoridade de um estado estrangeiro, membro de
forças armadas é punido com pena de prisão até 3 anos ou um governo estrangeiro ou representante diplomático ou
com a de multa até 360 dias. consular estrangeiro ou dirigente de organização internacio-
2. Se os factos descritos no número anterior ocorrerem QDOQRH[HUFtFLRGHIXQo}HVR¿FLDLVHPWHUULWyULRDQJRODQR
no decurso de situação de guerra, a pena é de prisão até é punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa
5 anos. até 240 dias.
3. Se o agente praticar os factos descritos nos números 2. Quando o facto for praticado publicamente, em reu-
DQWHULRUHVFRPDLQWHQomRGHLPSHGLURXGL¿FXOWDUDDFomR nião ou através da difusão de escritos ou de qualquer órgão
de comunicação social, a pena é de prisão de 1 a 3 anos ou a
das forças armadas, as penas são de prisão até 5 anos e de
de multa de 120 a 360 dias.
prisão de 2 a 6 anos, respectivamente.
ARTIGO 327.º
ARTIGO 323.º (Ultraje a símbolos de Estados Estrangeiros
(Recolha de informações de natureza militar) ou de organizações internacionais)
1. Quem, fora dos casos do artigo 320.º, reunir infor- 4XHP UHWLUDU GHVWUXLU GDQL¿FDU RX WRUQDU LUUHFRQKHFt-
PDo}HV VREUH DVVXQWRV GD GHIHVD QDFLRQDO RX FKH¿DU vel a bandeira ou distintivo de soberania de país estrangeiro
organização que tenha por objecto reunir informações de ou de organização internacional que esteja patente publica-
natureza militar, recrutar informadores ou apoiar qualquer mente por força de prescrições legais ou de uso reconhecido
destas actividades é punido com pena de prisão de 3 a 8 anos. ou, por qualquer outra forma, os ofender ou ultrajar é punido
2. Se o agente praticar o facto referido no número ante- com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa até 240
rior ao serviço de associação ou organização proibidas ou dias.
ilegais, ou de entidades ou serviços estrangeiros, para aba- ARTIGO 328.º
(Procedimento criminal)
lar a capacidade militar das Forças Armadas Angolanas ou
colocando-a em perigo, a pena é de prisão de 8 a 12 anos. Só haverá procedimento criminal relativamente ao
crime previsto no artigo anterior quando houver queixa do
ARTIGO 324.º
(Ilustrações de objectivo ou evento de natureza militar)
governo estrangeiro ou da organização internacional visado
e o Ministério Público exercer o respectivo procedimento
 4XHP UHDOL]DU LOXVWUDomR ¿]HU IRWRJUD¿D ¿OPH criminal.
desenho ou imagem de estabelecimento, equipamento, ins-
SECÇÃO IV
WDODomR RX RXWUR PHLR GH QDWXUH]D PLOLWDU IRWRJUD¿D RX Crimes Contra a Realização do Estado
¿OPDJHPDpUHDVGHPDQREUDVRXH[HUFtFLRVPLOLWDUHVRXGH
ARTIGO 329.º
parte militarmente reservada do território nacional e colocar (Rebelião)
DLOXVWUDomRIRWRJUD¿D¿OPHGHVHQKRRXLPDJHPjGLVSRVL- 1. Quem, por meio ilícito, executar acto tendente a,
ção de terceiros e dessa forma comprometer ou colocar em directa ou indirectamente, alterar, no todo ou em parte, a
perigo a capacidade de defesa ou de ataque das forças arma- Constituição da República de Angola e subverter as institui-
das angolanas é punido com pena de prisão de 2 a 5 anos. ções do Estado por ela estabelecidas é punido com pena de
2. Em caso de negligência, o agente é punido com pena prisão de 5 a 12 anos, se a pena mais grave lhe não couber
de prisão até 1 ano ou com a de multa até 120 dias. por força de outra disposição penal.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5419

2. Se o facto for cometido por meio de violência armada ARTIGO 332.º


(Coacção do Presidente da República e de outras entidades do Estado)
ou de motim armado, a pena é de prisão de 10 a 15 anos.
3. Quem incitar os habitantes do território angolano à Quem, através de violência ou ameaça de violência,
guerra civil ou à rebelião é punido com a pena prevista no coagir o Presidente da República ou outros Titulares de
Órgãos de Soberania, o Vice-Presidente da República ou
n.º 1.
o Procurador Geral da República a não exercerem os seus
ARTIGO 330.º
poderes ou a exercerem-nos num sentido determinado é
(Sabotagem)
punido com pena de prisão de 5 a 10 anos.
1. Quem, com a intenção de derrubar, alterar, desesta-
ARTIGO 333.º
bilizar ou subverter o Estado Democrático e de Direito (Ultraje ao Estado, seus símbolos e órgãos)
FRQVWLWXFLRQDOPHQWHHVWDEHOHFLGRGHVWUXLUGDQL¿FDULPSHGLU 1. Quem, publicamente, e com intuito de ofender, ultra-
RQRUPDOHH¿FD]IXQFLRQDPHQWRGHYLDVGHFRPXQLFDomRGH jar por palavras, imagens, escritos, desenhos ou sons, a
transmissão ou de transporte, instalações portuárias, fábricas República de Angola, o Presidente da República ou qual-
ou depósitos, instalações de serviços públicos ou destina- quer outro Órgão de Soberania é punido com pena de prisão
das ao abastecimento e satisfação de necessidades vitais da de 6 meses a 3 anos ou multa de 60 a 360 dias.
população é punido com pena de prisão de 5 a 12 anos. 2. Se o ultraje tiver por objecto a bandeira, a insígnia
2. Quando do facto descrito no número anterior resul- ou o hino da República, a pena é de prisão até 2 anos ou de
tar perigo grave para a independência ou integridade da multa até 240 dias.
República de Angola, a pena de prisão é de 8 a 15 anos. ARTIGO 334.º
(Perturbação do funcionamento de Órgão de Soberania)
3. É punido com pena de prisão de 2 a 8 anos quem, com
intenção de preparar as acções de sabotagem referidas no n.º 1, 1. Quem, com tumultos, desordens ou arruaças, pertur-
e para esse efeito: bar o funcionamento dos Órgãos de Soberania é punido com
pena de prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
a) Espiar objectivos de sabotagem;
2. Se, da mesma forma, perturbar o livre exercício de
b) Construir, mantiver ou inspeccionar acampamen-
funções de um membro de qualquer Órgão de Soberania, é
tos para a recepção de meios de sabotagem ou
punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de multa até
pontos de apoio para a actividade sabotadora; 120 dias.
c) Aliciar alguém para a prática de acções de sabo- ARTIGO 335.º
tagem; (Violação de recintos)
d) Produzir, importar, guardar, vender, ceder, adqui- 1. Quem participar em concentrações e manifestações
rir por qualquer título, distribuir, transportar, públicas em recintos ou espaços abertos contíguos a edifícios
detiver ou usar arma proibida, engenho ou de qualquer Órgão de Soberania, violando as disposições
substância explosivos, destinados à execução da legais relativas à utilização desses recintos ou espaços e,
sabotagem. dessa forma, perturbar o seu funcionamento, é punido com
4. Se, no caso do número anterior, os meios de sabota- pena de prisão até 6 meses ou com a de multa até 60 dias.
2. Os organizadores e os instigadores das concentrações
gem forem engenho ou substância radioactiva ou adequados
e manifestações referidas no número anterior são punidos
DSURGX]LUJiVWy[LFRRXDV¿[LDQWHDSHQDpGHSULVmRGH
com pena de prisão até 1 ano ou com a de multa até 120 dias.
a 12 anos.
SECÇÃO V
5. Quando o agente realizar a sabotagem ou os actos pre- Disposições Comuns
paratórios de sabotagem descritos nos números anteriores,
ARTIGO 336.º
por encargo de governo, associação ou instituição estrangei- (Actos preparatórios)
ros, as penas são agravadas de um sexto nos seus limites
São punidos com pena de prisão até 3 anos ou com a de
mínimo e máximo. multa até 360 dias os actos preparatórios dos crimes pre-
ARTIGO 331.º vistos nos artigos 316.º a 318.º, 320.º e 321.º, 323.º, 325.º e
(Atentado contra o Presidente da República
329.º a 331.º
e contra outras entidades do Estado)
ARTIGO 337.º
Quem perpetrar um ataque contra a vida ou a integridade (Atenuação especial)
física do Presidente da República ou de outros Titulares de 1. A pena aplicável aos Crimes Contra a Segurança do
Órgãos de Soberania, do Vice-Presidente da República, do Estado que implicarem a produção de um perigo pode ser
Procurador Geral da República no exercício ou por causa do HVSHFLDOPHQWH DWHQXDGD VH R DJHQWH YROXQWDULDPHQWH ¿]HU
exercício das suas funções é punido com pena de prisão de 8 esforços sérios para diminuir o perigo ou para o afastar.
a 15 anos, se pena mais grave lhe não for aplicável por força 2. Se o agente impedir a produção do perigo ou o afastar,
de outra disposição penal. a pena é especialmente atenuada.
5420 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 338.º ARTIGO 342.º


(Pena acessória) (Resistência contra funcionário)

O Tribunal pode, em caso de condenação por qualquer 1. Quem, por meio de violência ou ameaça de violência,
dos Crimes Contra a Segurança do Estado, considerando a opuser resistência a um funcionário ou membro de forças
militares, militarizadas ou de segurança ou ordem pública,
JUDYLGDGHGRIDFWRFRPHWLGRHRVHXUHÀH[RQDLGRQHLGDGH
para os impedir de cumprir um acto legítimo relativo ao
cívica e política do condenado, declarar a sua incapacidade
exercício das suas funções, é punido com pena de prisão até
para ser eleito para os cargos de Presidente da República 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
ou membro da Assembleia Nacional pelo período de 5 a 10 2. A pena é de prisão de 1 a 5 anos quando:
anos. a)2DJHQWHHVWLYHUDUPDGRHXVDURX¿]HUPHQomRGH
usar a arma;
CAPÍTULO II
b) O funcionário ou o membro das forças militares,
Crimes Contra a Autoridade Pública
militarizadas ou de segurança ou ordem pública
ARTIGO 339.º tiver corrido perigo de vida ou de grave ofensa à
(Usurpação de funções) sua integridade física.
1. Quem, sem para tal estiver legalmente autorizado, 3. O Tribunal pode atenuar especialmente a pena quando
exercer funções ou praticar actos próprios de funcionário o agente tiver cometido o facto convencido, por erro ine-
vitável, de que era ilegítimo o acto a cuja realização opôs
público, de comando militar, de força militarizada ou de
resistência.
ordem pública, arrogando-se falsamente essa qualidade, é
ARTIGO 343.º
punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa (Descaminho de objectos submetidos ao domínio
até 240 dias. de autoridade pública)
2. A mesma pena é aplicável ao funcionário público, de 4XHP GHVWUXLU GDQL¿FDU LQXWLOL]DU RX SRU TXDOTXHU
comando militar, de força militarizada ou de ordem pública forma, subtrair ao domínio de autoridade pública documento
que se encontrar suspenso das suas funções e as exercer. ou coisa móvel, assim como coisas ou bens que tenham sido
objecto de providência cautelar ou, por qualquer forma,
ARTIGO 340.º
(Desobediência)
apreendidos, é punido com pena de prisão até 5 anos, se a
pena mais grave lhe não couber por força de outra disposi-
1. É punido com pena de prisão de 6 meses ou com mul- ção penal.
tas até 60 dias quem faltar à obediência devida a ordens
ARTIGO 344.º
ou mandados legítimos, regularmente comunicados por (Quebra de selos ou marcas)
autoridade ou funcionário competente de acordo com as 4XHP URPSHU GDQL¿FDU RX LQXWLOL]DU VHORV RX PDUFDV
prescrições legais, sempre que: colocados ao abrigo da lei por autoridade ou funcionário
a) Existir um preceito legal anterior que, no caso S~EOLFRV SDUD LGHQWL¿FDU RX PDQWHU LQYLROiYHO XPD FRLVD
concreto, cominar o incumprimento da ordem ou lugar ou para dar conhecimento público de que foram
ou mandado como crime de desobediência; apreendidos ou sobre eles recaiu uma qualquer providência
cautelar é punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de
b) No caso de não existir o preceito legal referido na
multa até 240 dias.
alínea anterior, a autoridade ou o funcionário
ARTIGO 345.º
advertir o agente de que o incumprimento da (Arrancamento, destruição ou alteração de editais)
ordem ou mandado implica a prática do crime 4XHPDUUDQFDUDOWHUDUGDQL¿FDURXGHVWUXLURXSRUTXDO-
de desobediência; TXHURXWUDIRUPDLPSHGLUTXHVHFRQKHoDHGLWDOD¿[DGRSRU
c) $ RUGHP RX R PDQGDGR WLYHU SRU ¿QDOLGDGH GDU funcionário competente para o fazer é punido com pena de
cumprimento a uma decisão judicial. prisão até 1 ano ou com a de multa até 120 dias.
2. A pena é de prisão até 1 ano ou de multa até 120 ARTIGO 346.º
dias, quando a disposição legal a que se refere a alínea a) (Libertação de reclusos)

do número anterior cominar o incumprimento da ordem ou 1. Quem libertar pessoa legalmente privada da sua liber-
PDQGDGRFRPRGHVREHGLrQFLDTXDOL¿FDGD dade, a induzir à fuga, a promover ou auxiliar a sua evasão é
punido com pena de prisão de 6 meses a 5 anos.
ARTIGO 341.º
(Violação de proibições ou interdições)
2. Se o agente usar de violência ou for o encarregado da
guarda da pessoa legalmente privada da liberdade, a pena é
Quem não cumprir sentença penal que imponha proibi- de prisão de 2 a 8 anos.
ções ou interdições penais, quer como pena acessória quer 3. Se a evasão tiver ocorrido em consequência de negli-
como medida de segurança não privativa da liberdade, é gência do encarregado da guarda da pessoa legalmente
punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa privada da sua liberdade, a pena é de prisão até 2 anos ou de
até 240 dias. multa até 240 dias.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5421

ARTIGO 347.º 4. Se a prevaricação tiver lugar em processo de natureza


(Amotinação de reclusos)
criminal e da conduta descrita no número anterior resultar a
1. São punidas com pena de prisão de 1 a 5 anos, se pena privação da liberdade ou a manutenção de privação da liber-
mais grave não lhes couber por força de outra disposição dade de uma pessoa, a pena é de prisão de 1 a 5 anos.
penal, as pessoas legalmente privadas da sua liberdade que, 5. Incorre na pena estabelecida no n.º 3 o funcionário
unindo forças e usando de violência, se amotinarem e: que, sem ter competência, ordenar ou executar medida pri-
a) Atacarem os funcionários do estabelecimento vativa de liberdade.
prisional ou outras pessoas encarregadas da sua ARTIGO 350.º
vigilância, custódia ou controlo ou os coagirem (Falsidade de depoimento, declaração, perícia ou tradução)
a praticar ou deixarem de praticar determinado 1. Quem, perante o Tribunal ou funcionário competente
acto; para os receber como meio de prova, prestar depoimento ou
b) Atentarem contra a segurança da instituição prisio- GHSRLPHQWRGHSDUWH¿]HUGHFODUDomRDSUHVHQWDUUHODWyULR
nal ou dos reclusos que nela se encontrem; GHULQIRUPDomRRX¿]HUWUDGXomRIDOVDpSXQLGRFRPSHQDGH
c) Se evadirem ou tentarem que qualquer deles ou prisão de 6 meses a 3 anos ou com a de multa de 60 a 360
outro recluso se evada. dias.
2. A pena é de prisão de 2 a 10 anos, quando algum dos 2. Quem prestar declaração ou depoimento falso, estiver
amotinados: sujeito a juramento legal e o tiver prestado, é punido com a
a) For portador de arma de fogo ou de qualquer outra mesma pena agravada de um quarto nos seus limites mínimo
arma destinada a ser usada na execução do facto; e máximo.
b) Colocar a vítima em perigo de vida ou de ofensa 3. Incorre na pena estabelecida no n.º 1:
grave à sua integridade física. a) O arguido que prestar declarações falsas sobre a
sua identidade ou sobre os seus antecedentes
CAPÍTULO III criminais;
Crimes Contra a Realização da Justiça b) Quem, sem justa causa, se recusar a depor, a
ARTIGO 348.º prestar declarações ou a apresentar relatório,
(Denegação de justiça) informação ou tradução, quando a sua prestação
1. O magistrado, judicial ou do Ministério Público que, ou apresentação forem obrigatórias.
no âmbito das respectivas competências, dolosamente se 4. O disposto no n.º 1 não se aplica às declarações do
negar a administrar a justiça ou a aplicar o direito ou que arguido sobre os factos objecto do processo que lhe são
retardar a Administração da Justiça ou a aplicação do direito imputados.
é punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa 5. A pena é de prisão de 1 a 6 anos se do facto descrito
até 120 dias. nos números anteriores resultar a privação da liberdade de
2. Se o facto descrito no número anterior for cometido alguém ou a sua manutenção.
FRP D LQWHQomR GH EHQH¿FLDU RX GH SUHMXGLFDU DOJXpP D 6. Não haverá lugar à punição prevista nos números
pena é de prisão de 1 a 3 anos ou de multa de 120 a 360 dias. anteriores se o arguido se retratar voluntariamente a tempo
ARTIGO 349.º de a retratação ser tomada em conta na decisão e antes de se
(Prevaricação) YHUL¿FDUHPSUHMXt]RVSDUDDOJXpP
1. O magistrado, judicial ou do Ministério Público, ou o ARTIGO 351.º
árbitro que prevarique na resolução de um assunto de justiça, (Favorecimento pessoal)

decidindo ou promovendo contra o direito, com intenção de 1. Quem, depois da prática de um crime, prestar auxílio a
SUHMXGLFDURXEHQH¿FLDUDOJXpPpSXQLGRFRPSHQDGHSUL- quem o praticou, impedindo, frustrando ou iludindo, no todo
são de 1 a 5 anos. ou em parte, a actividade dos órgãos judiciários competen-
2. Se a prevaricação tiver lugar em processo de natureza tes, por forma a que o agente se subtraia à acção da justiça,
criminal e dela resultar a privação da liberdade ou a manu- à aplicação das sanções penais ou à respectiva execução, é
tenção de privação da liberdade de uma pessoa, a pena de punido com pena de prisão até 3 anos ou com a de multa até
prisão é de 2 a 10 anos. 360 dias.
3. O funcionário público que, em qualquer processo, 2. A pena em que o agente vier a ser condenado nunca
incluindo o disciplinar, ilegalmente promover ou deixar de poderá ser superior à prevista na lei para o crime cometido
promover, decidir ou deixar de decidir e, em geral, praticar SRUTXHPEHQH¿FLRXGRDX[tOLR
ou deixar de praticar acto inerente ao exercício das funções 3. Não são puníveis:
TXH QHOH H[HUFH FRP LQWHQomR GH SUHMXGLFDU RX EHQH¿FLDU a) O agente que, com o auxílio prestado, procurar
alguém, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com a de evitar que, contra si, seja também aplicada ou
multa até 360 dias. executada sanção criminal;
5422 DIÁRIO DA REPÚBLICA

b) O cônjuge, ascendentes ou descendentes, os adop- 4. A pena é de 4 a 6 anos de prisão quando a obstrução


WDQWHVRXDGRSWDGRVRVSDUHQWHVRXD¿QVDWpDR à justiça envolver associação, organização ou grupo crimi-
terceiro grau da linha colateral da pessoa a quem nosos e tiver carácter internacional, nos termos do n.º 4 do
prestaram auxílio e, ainda, quem com esta viver artigo 296.º ou em caso de crimes de terrorismo, de organi-
em situação análoga à dos cônjuges. zação terrorista ou contra a paz e a comunidade internacional
previstos nos artigos 377.º a 389.º
ARTIGO 352.º
(Denúncia caluniosa) ARTIGO 355.º
'HVOHDOGDGHSUR¿VVLRQDOGHDGYRJDGR
1. Quem, por qualquer meio, perante autoridade ou
publicamente, denunciar ou lançar sobre determinada pes- 1. O advogado ou defensor que prestar assistência jurí-
soa a suspeita da prática de um crime, com consciência da GLFDjVGXDVSDUWHVGHXPPHVPRFRQÀLWRSDUDSUHMXGLFDURX
falsidade da imputação e a intenção de que contra ela se ins- EHQH¿FLDUDOJXPDGHODVpSXQLGRFRPSHQDGHSULVmRGH
taure procedimento criminal, é punido com pena de prisão meses a 3 anos ou com a de multa de 30 a 360 dias.
de 1 a 3 anos ou com a de multa de 120 a 360 dias. 2. O advogado ou defensor que, em causa entregue ao
2. A pena é de prisão de 1 a 5 anos, se o meio utilizado seu patrocínio, intencionalmente favorecer a parte contrária
pelo agente se traduzir em apresentar, alterar ou desvirtuar em prejuízo do seu constituinte é punido com pena de pri-
qualquer meio de prova. são de 1 a 5 anos.
3. Se do facto resultar a privação da liberdade do ofen- 3. Se do favorecimento do advogado à parte contrária
dido, a prisão é de 1 a 8 anos. resultar a privação da liberdade do seu constituinte, a pena é
4. A sentença condenatória pelos crimes descritos nos a de 2 a 8 anos de prisão.
números anteriores é publicamente divulgada através de ARTIGO 356.º
(Violação de segredo de justiça)
um órgão de comunicação social, ao critério do Tribunal e a
expensas do condenado, se a vítima o requerer até ao encer- Quem der a conhecer actos, factos ou o conteúdo de
ramento da audiência em primeira instância. documentos de um processo protegido por segredo de jus-
tiça ou a que a Lei Processual ou o juiz não permitir o acesso
ARTIGO 353.º
(Subtracção ou desvio de processo ou de documentos probatórios) público é punido com pena de prisão até 3 anos ou com a de
multa até 360 dias.
1. Quem subtrair, destruir, sonegar, não restituir ou des-
viar um processo judicial, um livro de registo, ou parte CAPÍTULO IV
deles, ou documento a eles referentes ou, ainda, documento Crimes Cometidos no Exercício de Funções Públicas
ou objecto probatório que tenha recebido em razão das suas e em Prejuízo de Funções Públicas
funções é punido com pena de prisão de 1 a 3 anos ou com a ARTIGO 357.º
de multa de 120 a 360 dias. (Recebimento indevido de vantagem)
2. Se do facto referido no número anterior resultar con- 1. O funcionário público que, no exercício das suas fun-
denação, privação da liberdade de qualquer pessoa ou a sua ções ou por causa delas, por si ou por interposta pessoa, com
manutenção, a pena é de prisão de 2 a 8 anos. RVHXFRQVHQWLPHQWRHUDWL¿FDomRVROLFLWDURXDFHLWDUSDUD
3. Se o agente for advogado, magistrado, judicial ou do si ou para terceiro, vantagem patrimonial ou não patrimo-
Ministério Público, a pena é de prisão de 2 a 6 anos, no caso nial que não lhe seja devida, é punido com a pena de prisão
do n.º 1, e de 3 a 10 anos, no caso do n.º 2. de 1 a 5 anos.
ARTIGO 354.º 2. Quem, por si ou por interposta pessoa, com o seu
(Obstrução à justiça) FRQVHQWLPHQWR RX UDWL¿FDomR RIHUHFHU GHU RX SURPHWHU D
1. O funcionário público que ilegitimamente impedir ou funcionário ou a terceiro por indicação ou conhecimento
GL¿FXOWDUDDVVLVWrQFLDGHDGYRJDGRRXGHIHQVRUGHDUJXLGR daquele, vantagem patrimonial ou não patrimonial que não
detido ou preso é punido com pena de prisão até 2 anos ou lhe seja devida, no exercício das suas funções ou por causa
com a de multa até 240 dias. delas, é punido com a pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou
2. Quem recorrer à força física, ameaças, intimidação ou com multa de 60 a 360 dias.
promessa, oferta ou concessão de benefício indevido, com a 3. Excluem-se dos números anteriores as condutas
¿QDOLGDGHGHREWHUXPIDOVRWHVWHPXQKRRXSDUDLPSHGLUXP socialmente adequadas e conformes aos usos e costumes.
testemunho ou a apresentação de elementos de prova num ARTIGO 358.º
processo de natureza penal é punido com pena de 2 a 4 anos (Corrupção activa de funcionário)
de prisão. 1. Quem, por si ou por interposta pessoa, com o seu
3. Em igual pena incorre quem recorrer aos meios enu- FRQVHQWLPHQWR RX UDWL¿FDomR RIHUHFHU GHU RX SURPHWHU
PHUDGRVQRQ~PHURDQWHULRUFRPD¿QDOLGDGHGHLPSHGLURX vantagem patrimonial ou não patrimonial à funcionário
GL¿FXOWDUDH[HFXomRGRVPDQGDGRVHPLWLGRVSRUDXWRULGD- ou à pessoa especialmente obrigada à prestação de serviço
des judiciárias ou de polícia criminal competentes. público, ou à terceira pessoa com o conhecimento deles,
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5423

para realizar acto ou omissão inerentes aos deveres do res- 6. O agente é dispensado de pena sempre que repudiar
pectivo cargo ou função, é punido com pena de prisão até 2 voluntariamente o oferecimento ou a promessa que aceitara,
anos ou com a de multa até 240 dias. restituir a vantagem ou, tratando-se de coisa fungível, o seu
2. Se, no caso do número anterior, o acto ou omissão for valor, antes da prática do facto.
contrário aos deveres do cargo ou função, a pena é de prisão 7. As penas previstas nos números anteriores são espe-
até 3 anos ou de multa até 360 dias. cialmente atenuadas se o funcionário:
3. Se a oferta, dádiva ou promessa de vantagem se des- a) Denunciar o crime no prazo máximo de 90 dias
tinar à prática de um ilícito penal, a pena é de 3 a 7 anos de após a prática do acto e sempre antes da instau-
prisão.
ração de procedimento criminal;
4. Se o acto ilícito a que se refere o número anterior for
b) Auxiliar concretamente na obtenção ou produção
praticado, o agente é punido com prisão de 3 a 10 anos, se
GHSURYDVGHFLVLYDVSDUDDLGHQWL¿FDomRRXFDS-
pena mais grave não lhe couber por força de outro preceito
penal. tura de outros agentes.
5. Não são relevantes, para efeitos do presente artigo, as 8. É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 5
ofertas, dádivas ou promessas feitas a funcionário ou a pes- do artigo anterior.
soa especialmente obrigada à prestação de serviço público ARTIGO 360.º
que forem socialmente adequadas e conforme os usos e (Corrupção activa de magistrado ou árbitro)

costumes. 1. Quem oferecer, prometer ou conceder, por si ou por


6. O agente é dispensado de pena sempre que retirar a interposta pessoa com o seu consentimento, uma vanta-
promessa, recusar o oferecimento da vantagem ou solicitar a gem patrimonial ou não patrimonial que não seja devida a
sua restituição antes da prática do facto. Magistrado Judicial, do Ministério Público ou árbitro para
7. As penas previstas nos números anteriores são espe- realizar ou por ter realizado um acto inerente ao seu cargo ou
cialmente atenuadas quando: função, é punido com pena de prisão até 5 anos.
a) O agente tiver praticado o facto sob solicitação 2. Se a oferta, promessa ou concessão de vantagem tiver
do funcionário, directamente ou por interposta SRU¿QDOLGDGHDSUiWLFDGHXPIDFWRLOtFLWRRXFRQWUiULRDRV
pessoa; deveres do cargo ou função, a pena é de prisão de 2 a 7 anos.
b) O agente denunciar o crime no prazo máximo de 3. Se, no caso do número anterior, o facto ilícito for pra-
90 dias após a prática do acto e sempre antes da ticado, a pena é de prisão de 3 a 12 anos, se pena mais grave
instauração de procedimento criminal; lhe não couber por virtude de outra disposição penal.
c) O agente auxiliar concretamente na obtenção ou 4. As penas previstas nos números anteriores são agrava-
SURGXomRGHSURYDVGHFLVLYDVSDUDDLGHQWL¿FD- das em um terço, nos seus limites máximo e mínimo, quando
ção ou captura de outros responsáveis. o agente for titular de cargo político.
ARTIGO 359.º 5. Aplica-se, com as devidas adaptações, o disposto nos
(Corrupção passiva de funcionário)
n.os 5, 6 e 7 do artigo 358.º e no n.º 5 do artigo 359.º
1. O funcionário que, por si ou por interposta pessoa com ARTIGO 361.º
o seu consentimento, solicitar ou aceitar, para si ou para ter- (Corrupção passiva de magistrado ou árbitro)
ceiro, vantagem patrimonial ou não-patrimonial, ou a sua
1. O magistrado judicial, do Ministério Público ou árbi-
promessa, para praticar acto ou omissão inerente aos deveres
tro que solicite, exija ou aceite, para si ou para terceiro,
do cargo ou função, ainda que anteriores àquela solicitação
promessa de vantagem ou vantagem que não seja devida
ou aceitação, é punido com pena de prisão até 2 anos ou com
para praticar ou não praticar, por ter efectivamente praticado
a de multa até 240 dias.
ou não, acto inerente ao seu cargo ou função, ainda que ante-
2. Se, no caso do número anterior, o acto ou omissão for
riores àquela solicitação, exigência ou aceitação, é punido
contrário aos deveres do cargo ou função, a pena é de prisão
até 3 anos ou de multa até 360 dias. com pena de prisão de 1 a 5 anos.
3. Se a solicitação, aceitação ou promessa de vantagem 2. Se a solicitação, exigência ou aceitação de promessa
se destinar à prática de um ilícito penal, a pena é a de prisão ou vantagem se destinar à prática de facto ilícito ou contrá-
de 3 a 7 anos. rio aos deveres do cargo ou função, é punido com pena de
4. Se o ilícito a que se refere o número anterior for prati- prisão de 3 a 10 anos.
cado, o agente é punido com prisão de 3 a 10 anos, se pena 3. Se, no caso do número anterior, o facto ilícito for pra-
mais grave não lhe couber, por força de outro preceito penal. ticado, a pena é de prisão de 5 a 16 anos, se pena mais grave
5. As penas previstas nos números anteriores são agrava- lhe não couber por virtude de outra disposição penal.
das em terço, nos seus limites máximo e mínimo, quando o 4. Aplica-se, com as devidas adaptações, o disposto nos
agente for titular de cargo político. n.os 6, 7 e 8 do artigo 359.º
5424 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 362.º 3. Se o facto descrito nos números anteriores lesar os


(Peculato)
interesses patrimoniais aí mencionados, a pena é de prisão
1. O funcionário público que ilegitimamente se apro- de 2 a 7 anos.
priar, em proveito próprio ou alheio, de dinheiro ou coisa
ARTIGO 365.º
móvel que lhe não pertença e lhe tenha sido entregue, esteja (Cobrança ilegal de contribuições)
na sua posse ou a que tenha acesso por virtude do seu cargo
1. O funcionário encarregado de arrecadar impostos,
ou das suas funções é punido, conforme o valor da coisa
taxas ou outras contribuições que os receber, sabendo que
móvel ou do dinheiro apropriados, com as seguintes penas:
não são devidos pelo contribuinte ou que são devidos em
a) Prisão de 1 a 5 anos, se o valor da coisa apropriada
quantidade menor, é punido com pena de prisão até 2 anos
não for elevado;
ou com a de multa até 240 dias.
b) Prisão de 3 a 10 anos, se o valor da coisa apro-
2. Com a mesma pena é punido o funcionário que conce-
priada for elevado;
der descontos ilícitos ao contribuinte.
c) Prisão de 5 a 14 anos, se o valor da coisa apropriada
for consideravelmente elevado. ARTIGO 366.º
7Ui¿FRGHLQÀXrQFLD
2. As penas previstas no número anterior são agravadas
em um terço, nos seus limites mínimo e máximo, quando o 1. Quem, por si ou por interposta pessoa, exigir ou acei-
agente for titular de cargo político. tar vantagem ou promessa de vantagem para utilizar da sua
3. As penas previstas no n.º 1 são especialmente atenua- DOHJDGD LQÀXrQFLD MXQWR GH XPD HQWLGDGH S~EOLFD H GHVVD
das se o funcionário: forma, obter dela uma decisão ilícita favorável ao agente do
a) Denunciar o crime no prazo de 90 dias, após a facto a que se refere o n.º 2 do presente artigo ou a entidade
prática do acto e, sempre antes da instauração de que ele represente ou no interesse da qual actue, é punido
procedimento criminal; com pena de prisão de 1 a 5 anos, se pena mais grave lhe não
b) Auxiliar concretamente na obtenção e produção couber por força de outra disposição penal.
GHSURYDGHFLVLYDVSDUDLGHQWL¿FDomRGHRXWURV 2. Na mesma pena incorre quem, em seu nome ou no da
agentes do crime. entidade que representa, der ou prometer a vantagem a que
ARTIGO 363.º se refere o número anterior.
(Peculato de uso) 3. Aplica-se, com as devidas adaptações, o disposto nos
1. O funcionário público que usar ou deixar usar dinheiro n. 6 e 7 do artigo 358.º e nos n.os 5 e 6 do artigo 359.º
os

ou coisa móvel que lhe não pertençam e lhe tenham sido ARTIGO 367.º
entregues, estejam na sua posse ou a que tenha acesso por (Violação de domicílio por funcionário)
YLUWXGHGRVHXFDUJRRXGDVVXDVIXQo}HVSDUD¿QVGLIHUHQ- O funcionário que, abusando dos poderes inerentes ao
tes daqueles a que a coisa se destina é punido com pena de seu cargo ou às suas funções, cometer o crime de violação
prisão até 5 anos. ou de introdução e permanência em habitação alheia pre-
2. Se, tratando-se de dinheiro público, o agente lhe der YLVWR QR DUWLJR ž RX YLRODU R GRPLFtOLR SUR¿VVLRQDO GH
uso público diferente daquele a que estava destinado sem quem, pela natureza da sua actividade, estiver vinculado ao
TXHUD]}HVSRQGHURVDVRMXVWL¿TXHPDSHQDpGHSULVmRDWp
dever de sigilo, é punido com pena de prisão até 3 anos ou
anos ou de multa até 360 dias.
com a de multa até 360 dias.
3. Não é punível o peculato de uso, quando o dinheiro ou
ARTIGO 368.º
a coisa móvel usados não forem de valor elevado, nos ter-
(Emprego da força pública contra a execução da lei
mos da alínea b) do artigo 391.º ou ordem legítima)
ARTIGO 364.º
O funcionário que, sendo competente para requisitar ou
(Participação económica em negócio)
RUGHQDURHPSUHJRGDIRUoDS~EOLFDR¿]HUSDUDLPSHGLUD
1. O funcionário que, com intenção de obter vantagem
execução da lei, mandado de justiça ou ordem legítima de
que não seja devida, participar em negócio jurídico que
autoridade pública é punido com pena de prisão até 3 anos
envolva interesses patrimoniais que, no todo ou em parte,
ou com a de multa até 360 dias.
lhe cumprir, em razão do seu cargo ou das suas funções,
DGPLQLVWUDU ¿VFDOL]DU GHIHQGHU RX UHDOL]DU p SXQLGR FRP ARTIGO 369.º
(Falta de colaboração)
pena de prisão até 5 anos.
2. Na mesma pena incorre o titular do cargo público que, O funcionário que, sem motivo legítimo, não prestar
valendo-se da sua qualidade e em violação do que estiver colaboração a um órgão ou funcionário da Administração da
OHJDOPHQWH HVWDEHOHFLGR GHFLGLU RX LQÀXHQFLDU D GHFLVmR Justiça ou de qualquer serviço público, depois de essa cola-
de afectação de um negócio jurídico do Estado, de natureza boração lhe ter sido legalmente solicitada, requisitada ou
patrimonial, a favor de interesses próprios, de cônjuge, de ordenada formalmente por autoridade competente é punido
SDUHQWHVRXD¿QV com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa até 240 dias.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5425

ARTIGO 370.º privativas de liberdade, respectivamente, ou de processo


(Tortura e tratamentos cruéis, desumanos e degradantes)
administrativo ou disciplinar, a pena é de prisão até 3 anos
1. É punido com pena de prisão de 1 a 6 anos, se pena ou de multa até 360 dias.
mais grave lhe não couber por força de outra disposição ARTIGO 374.º
penal quem, tendo por função a prevenção, perseguição e (Abuso de poder)
investigação de infracções de qualquer natureza, a instrução O funcionário que, fora dos casos previstos nos artigos
dos respectivos processos, a execução de reacções criminais anteriores, abusar dos poderes inerentes ao cargo ou função
legalmente aplicadas ou a protecção, guarda ou vigilância
que desempenha, com a intenção de obter benefício para si
de pessoa privada da sua liberdade, praticar contra ela ou
ou para terceiro ou causar dano a outra pessoa, é punido com
qualquer outra pessoa actos de tortura ou a submeter a trata-
pena de prisão até 2 anos ou com a de multa até 240 dias.
mento cruel, desumano ou degradante para:
ARTIGO 375.º
a)2EWHUGHODRXGHWHUFHLURFRQ¿VVmRLQIRUPDomRRX (Violação de segredo por funcionário)
depoimento;
1. O funcionário ou pessoa especialmente obrigada à
b) A castigar por acto cometido ou supostamente
prestação de serviço público que, consciente de que põe em
cometido por ela ou por terceiro;
perigo o interesse público ou o de terceiro ou com a intenção
c) A intimidar ou intimidar terceiro.
de obter para si ou para outra pessoa um benefício, revelar
2. Para efeitos do disposto no n.º 1, entende-se por acto
VHJUHGRTXHOKHWHQKDVLGRFRQ¿DGRRXGHTXHWHQKDWRPDGR
de tortura, tratamento cruel, desumano ou degradante o que é
conhecimento no exercício do seu cargo ou função é punido
GHOLEHUDGDPHQWHLQÀLJLGRDXPDSHVVRDFDXVDQGROKHGRUHV
com pena de prisão de 1 a 5 anos.
ou sofrimentos físicos ou psíquicos agudos ou intensos ou
2. Em caso de negligência, a pena é de prisão até 1 ano
cansaço físico ou psíquico intenso, e, ainda, a utilização de
ou de multa até 120 dias.
produtos químicos, drogas ou outros meios susceptíveis de
3. O procedimento criminal depende de participação da
perturbar ou diminuir a capacidade de determinação ou a
entidade responsável pelo serviço ou de queixa do ofendido.
livre manifestação de vontade da pessoa submetida à custó-
dia ou controlo do agente. CAPÍTULO V
ARTIGO 371.º Disposição Geral
(Agravação)
ARTIGO 376.º
A pena é de prisão de 5 a 12 anos, se a conduta descrita (Funcionário público)
no artigo anterior causar ofensa grave à integridade física ou 1. Para efeitos do Código Penal, a expressão funcioná-
psíquica da vítima e de 8 a 15 anos, se da conduta resultar rio abrange:
doença grave e incurável, suicídio ou morte da vítima.
a) O funcionário civil;
ARTIGO 372.º b) O agente administrativo;
(Responsabilidade do superior hierárquico)
c) Os titulares de cargos políticos, eleitos ou nomea-
1. O superior hierárquico que autorizar expressa ou
dos;
tacitamente a prática, por seu subordinado, de tortura, trata-
d) Quem, ainda que provisória ou temporariamente,
mento cruel, desumano ou degradante é punido com a pena
mediante remuneração ou a título gratuito,
aplicável ao autor, agravada de um quarto nos seus limites
voluntária ou obrigatoriamente, tiver sido
mínimo e máximo.
2. O superior hierárquico que, tendo tomado conhe- chamado a desempenhar ou a praticar ou a
cimento da prática dos factos referidos nos artigos 370.º participar no desempenho de uma actividade
e 371.º, não os denunciar no prazo máximo de 10 dias é compreendida na função pública administrativa
punido com pena de prisão até 3 anos ou com a de multa ou jurisdicional, ou, nas mesmas circunstâncias,
até 360 dias. desempenhar funções em organismos de utili-
ARTIGO 373.º dade pública ou nelas participar, nomeadamente
(Perseguição de inocentes) membros das forças armadas chamados a exer-
1. O funcionário que, estando encarregado de activida- cer funções civis de natureza pública.
des de investigação, instrução ou promoção processual, em 2. Ao funcionário público são equiparados os gesto-
processos de natureza penal, perseguir uma pessoa, tendo UHV WLWXODUHV GRV yUJmRV GH ¿VFDOL]DomR H WUDEDOKDGRUHV GH
conhecimento de que ela está inocente, de que em relação a empresas públicas.
HODQmRVHYHUL¿FDPRVSUHVVXSRVWRVGDDSOLFDomRGHPHGL- 3. São ainda equiparados ao funcionário público, para
das de segurança ou de que ela não pode ser submetida a efeitos do disposto nos artigos 358.º e 359.º, todos os que
essa perseguição é punido com pena de prisão de 2 a 6 anos. exerçam funções idênticas às descritas no n.º 1 no âmbito
2. Tratando-se de processo penal ou de processo de segu- de qualquer organização de direito público de que Angola
rança para aplicação de penas ou medidas de segurança não seja membro.
5426 DIÁRIO DA REPÚBLICA

TÍTULO VI ções políticas ou ideológicas, condição ou origem social ou


Crimes Contra a Paz e a Comunidade Internacional quaisquer outras formas de discriminação.
ARTIGO 377.º 3. Se os factos descritos nos números anteriores forem
(Incitamento ao ódio contra um povo e apologia da guerra) cometidos através de um sistema de informação, nos termos
1. Quem, reiterada e publicamente, incitar ao ódio con- da alínea e) do artigo 250.º, a pena de prisão é de 1 a 6 anos.
tra um povo, com o propósito de desencadear uma guerra, é 4XHPIXQGDUGLULJLURX¿]HUSDUWHGHXPDRUJDQL]D-
punido com pena de prisão de 1 a 8 anos. ção instituída para incitar à discriminação ou que reiterada
2. Na mesma pena incorre quem, pela mesma forma, e publicamente incite à discriminação, ao ódio e à violên-
¿]HU D DSRORJLD GD JXHUUD FRQWUD XP HVWDGR RX FRQWUD XP cia contra uma pessoa ou grupo de pessoas, por causa da
povo. sua raça, cor, etnia, local de nascimento, sexo, orientação
3. Se alguma guerra vier a ser desencadeada, a pena é de VH[XDOGRHQoDRXGH¿FLrQFLDItVLFDRXSVtTXLFDFUHQoDRX
prisão de 3 a 10 anos. religião, convicções políticas ou ideológicas, condição ou
ARTIGO 378.º origem social ou quaisquer outras formas de discriminação,
(Recrutamento de membros das forças armadas)
é punido com pena de prisão de 2 a 8 anos.
Quem recrutar membros das forças armadas ou de segu- 5. Na mesma pena incorre quem participar nas activida-
rança angolanas com intenção de desencadear uma guerra des da organização a que se refere o número anterior ou que
contra um estado ou território estrangeiros ou para derrubar D ¿QDQFLDU RX SRU TXDOTXHU RXWUD IRUPD OKH GHU DSRLR RX
pela força o governo legítimo de outro estado ou território é prestar assistência.
punido com pena de prisão de 2 a 6 anos.
ARTIGO 381.º
ARTIGO 379.º (Genocídio)
(Recrutamento de mercenários)
1. É punido com pena de prisão de 5 a 25 anos quem,
1. Quem recrutar mercenários para uma organização
no âmbito de uma actuação concertada e, com a intenção
RX JUXSR DUPDGRV TXH WHQKDP SRU ¿QDOLGDGH GHUUXEDU R
de exterminar ou destruir, parcialmente, um grupo nacional,
governo legítimo de outro estado, atentar contra a sua sobe-
étnico, racial ou religioso:
rania, independência ou integridade territorial ou perturbar
a) Matar voluntariamente qualquer membro do grupo,
o normal funcionamento das suas instituições é punido com
o submeter a tratamentos desumanos, cruéis ou
pena de prisão de 2 a 8 anos.
2. Com a mesma pena é punido quem se alistar ou incor- degradantes e, em geral, ofender gravemente a
porar na organização ou grupo armados referidos no número sua integridade física e mental;
anterior. b) Sujeitar o grupo a condições de vida e de existên-
3. O crime previsto neste artigo consuma-se com a cele- cia susceptíveis de causar a sua destruição, total
bração do contrato de recrutamento, com o alistamento ou ou parcial;
com a incorporação na organização ou grupo armados a que c) Impuser medidas destinadas a impedir a procriação
se refere o n.º 1. e os nascimentos dentro do grupo;
4. É mercenário quem assim for considerado pelo direito d) Transferir, à força, menores de 18 anos, pertencen-
internacional. tes ao grupo, para qualquer outro grupo.
ARTIGO 380.º 2. O incitamento público e reiterado ao ódio contra um
(Incitamento à discriminação)
grupo nacional, étnico, racial ou religioso com o propósito
1. Quem, em reunião, lugar público ou através de qual- de o destruir, total ou parcialmente, é punido com pena de
quer meio de divulgação ou comunicação com o público, prisão de 3 a 10 anos.
incitar ao ódio contra uma pessoa ou grupo de pessoas por
ARTIGO 382.º
causa da sua raça, cor, etnia, local de nascimento, sexo, (Crimes de lesa humanidade)
RULHQWDomRVH[XDOGRHQoDRXGH¿FLrQFLDItVLFDRXSVtTXLFD
É punido com pena de prisão de 3 a 20 anos, se pena
crença ou religião, convicções políticas ou ideológicas, con-
mais grave não for aplicada por força de outra disposição
dição ou origem social ou outra causa, com o propósito de
os discriminar, é punido com pena de prisão de 6 meses a 6 legal, quem, no quadro de um ataque generalizado ou siste-
anos. mático contra determinada população ou no contexto de um
2. Na mesma pena incorre quem, em reunião ou lugar FRQÀLWRDUPDGRLQWHUQRRXLQWHUQDFLRQDORXGXUDQWHDRFX-
públicos ou por qualquer meio de divulgação ou de comu- pação militar de um estado, território ou parte deste, cometer
nicação com o público, incitar a actos de violência contra contra pessoas protegidas os seguintes factos:
uma pessoa ou grupo de pessoas por causa da sua raça, cor, a) Homicídio doloso;
etnia, local de nascimento, sexo, orientação sexual, doença b) Extermínio;
RXGH¿FLrQFLDItVLFDRXSVtTXLFDFUHQoDRXUHOLJLmRFRQYLF- c) Escravidão;
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5427

d) Prisão ou outra forma de privação de liberdade causados sofrimentos físicos ou psicológicos ou


física grave, em violação de normas e princípios cansaço físico ou psicológico intenso, e ainda,
de direito internacional; a utilização de produtos químicos, drogas ou
e) Ultraje à dignidade da pessoa humana mediante, outros meios susceptíveis de perturbar ou dimi-
nomeadamente o uso da tortura e de outros trata- nuir a capacidade de determinação ou a livre
mentos cruéis, desumanos e degradantes; manifestação de vontade da pessoa que esteja
f) Violação, escravidão sexual, prostituição, gravidez sob custódia e controlo do agente;
e esterilização; f) «Escravidão Sexual», o exercício dos poderes ine-
g) Perseguição por motivos políticos, ideológicos, rentes ou associados ao direito de propriedade
raciais, étnicos, sociais, culturais ou por razões sobre uma ou mais pessoas, que são constrangi-
de nacionalidade, género, religião, doença ou das por quem se arroga aqueles poderes à prática
GH¿FLrQFLDItVLFDRXSVtTXLFDRXGHRULHQWDomR de um ou mais actos de natureza sexual;
sexual; g) «Prostituição Forçada», a prática de um ou mais
h) Desaparecimento forçado; actos de natureza sexual por uma ou mais pes-
i) Submissão de uma ou mais pessoas a mutilações soas contra ou sem a sua vontade, a troco de
físicas ou a qualquer tipo de experiência médica vantagem pecuniária ou de outro tipo, para o
RX FLHQWt¿FD TXH QmR VHMDP GHWHUPLQDGDV SRU agente ou outra pessoa;
tratamento médico, dentário ou hospitalar nem h) «Perseguição», a privação intencional de direitos
efectuadas no interesse dessas pessoas e que fundamentais em violação do direito internacio-
causem a morte ou ponham seriamente em nal, por motivos relacionados com a identidade
perigo as suas vidas ou saúde; da pessoa do grupo ou colectividade perseguido;
j) A deportação ou transferência forçada de pessoas i) «Desaparecimento Forçado», a detenção, a prisão
ou grupos de pessoas por razões relacionadas ou o sequestro de pessoas por um estado ou uma
FRPXPFRQÀLWRDUPDGRVDOYRVHIRURUGHQDGDH organização política ou com a sua autorização,
efectuada por razões militares imperiosas. apoio ou concordância, seguidos da recusa de
tais estado ou organização em reconhecerem
ARTIGO 383.º
'H¿QLo}HV a privação da liberdade dessas pessoas ou de
prestarem informações sobre a sua situação ou
Para efeitos do artigo anterior, considera-se:
localização;
a) «Ataque», qualquer conduta que envolva a prática
j) «Pessoas Protegidas», além da população civil e
múltipla dos actos nele descritos, em execução
civis em geral, os feridos, enfermos ou náufragos,
de uma política do Estado ou de uma organiza-
o pessoal sanitário ou religioso, os prisionei-
ção dirigida a essa prática;
ros de guerra, as pessoas fora de combate, os
b) «Extermínio», a extinção ou eliminação de pessoas
parlamentares e respectivos acompanhantes e
ou grupos de pessoas como efeito das condi-
qualquer outra pessoa protegida por tratados ou
ções a que foram intencionalmente submetidas,
convenções internacionais de que Angola seja
privando-as, nomeadamente, de alimentos ou de
parte ou a que tenha aderido.
medicamentos;
ARTIGO 384.º
c) «Escravidão», o exercício de um poder traduzido (Outros crimes de lesa humanidade)
num direito de propriedade ou posse sobre uma
É punido, com a pena prevista no artigo 382.º, quem pra-
pessoa ou grupo de pessoas, incluindo o exercí-
WLFDUTXDOTXHURXWURDFWRRXRPLVVmRTXDOL¿FDGRFRPRFULPH
FLRGHVVHSRGHUQRkPELWRGRWUi¿FRGHSHVVRDV contra a humanidade pelo direito dos tratados e convenções
d) «Deportação ou Transferência Forçada», a deslo- internacionais recebidos na Ordem Jurídica Angolana.
cação de pessoas através da expulsão ou de outro
ARTIGO 385.º
meio coactivo da zona em que se encontrem, (Crimes de guerra contra civis)
sem razão reconhecida pelo direito internacional 1. É punido com pena de prisão de 5 a 16 anos, se pena
ou a transferência, directa ou indirecta, por uma mais grave não for aplicável por força de outra disposição
potência ocupante, de parte do seu povo para o penal quem, em violação das normas de direito internacional
território que ocupa ou a deslocação da totali- HSRURFDVLmRGHXPFRQÀLWRDUPDGRLQWHUQRRXLQWHUQDFLR-
dade ou de parte do povo do território ocupado nal ou de ocupação militar de um Estado, território ou parte
dentro ou fora desse território; dele:
e) «Tortura e Outros Actos Cruéis, Desumanos ou a) Atacar a população civil;
Degradantes», os actos através dos quais são b) Tomar reféns entre a população civil;
5428 DIÁRIO DA REPÚBLICA

c) Recrutar ou permitir que se recrutem e sirvam nas d) Atacar edifícios, material, unidades e veículos
forças beligerantes menores com idade inferior VDQLWiULRV LGHQWL¿FDGRV FRP RV HPEOHPDV H
a 16 anos; sinais distintivos das Convenções de Genebra de
d) Aproveitar civis ou outras pessoas protegidas 1949, de acordo com o direito internacional;
pelo direito internacional para evitar que deter- e) Destruir ou apropriar-se, de forma massiva e
minados locais, áreas ou forças sejam alvo de arbitrária, de bens, sempre que a destruição ou
operações militares, utilizando-os como escudos DSURSULDomRQmRVHMDPMXVWL¿FDGDVSRUVLJQL¿FD-
humanos; tivas necessidades de natureza militar.
e) Obrigar os nacionais de uma potência inimiga a
ARTIGO 387.º
combater ou participar em operações bélicas (Crimes de guerra contra pessoal combatente)
contra o seu próprio país ou forçar os membros
É punido com pena de prisão de 8 a 20 anos, se pena
da população civil a alistarem-se e a combaterem mais grave não lhe couber por força de outra disposição
QXPD IRUoD EHOLJHUDQWH GH XP FRQÀLWR DUPDGR penal quem, no contexto descrito no n.º 1 do artigo 385.º:
interno; a) Obrigar um prisioneiro de guerra ou de uma força
f) Lançar intencionalmente um ataque, sabendo que beligerante a servir nas forças armadas de uma
ele causará ferimentos e perdas de vida humanas SRWrQFLD LQLPLJD RX QDV ¿OHLUDV GH RXWUD IRUoD
entre a população civil, claramente excessivos beligerante;
em relação às vantagens de natureza militar b) Privar um prisioneiro de guerra ou de uma força
esperadas; beligerante ou outra pessoa sob protecção do
g) Atacar pessoal em missão de manutenção de paz direito internacional do direito a um julgamento
ou assistência humanitária, de acordo com a justo e imparcial;
carta das Nações Unidas, sempre que esse pes- c) Condenar e executar, sem julgamento prévio por um
soal tiver direito à protecção concedida aos civis Tribunal regularmente constituído e que ofereça
pelo direito internacional. as garantias judiciais geralmente reconhecidas
2. São considerados civis e elementos da população como indispensáveis, um prisioneiro de guerra
civil, para efeitos do presente artigo, as pessoas que não par- ou de uma força beligerante ou qualquer pessoa
ticiparem directamente nas hostilidades e os membros das sob protecção do direito internacional;
IRUoDVEHOLJHUDQWHVTXHWLYHUDPGHSRVWRDVDUPDVRX¿FDGR d) Matar ou ferir um combatente que tiver deposto as
impedidos de combater por lesão, doença, prisão ou qual- armas ou se tiver incondicionalmente rendido.
quer outro motivo. ARTIGO 388.º
(Outros crimes de guerra)
3. Para efeitos do presente artigo, são protegidas pelo
direito internacional as pessoas referidas na alínea j) do 1. É punido com pena de prisão de 3 a 20 anos, se pena
artigo 383.º mais grave não lhe couber por força de outra disposição
ARTIGO 386.º SHQDOTXHPHPFDVRGHFRQÀLWRDUPDGRXWLOL]DU
(Crimes de guerra contra bens que não sejam objectivos militares) a) Armas atómicas ou radioactivas;
É punido com pena de prisão de 3 a 12 anos, se pena b) Veneno ou armas envenenadas;
mais grave não for aplicável por força de outra disposição c)*DVHVDV¿[LDQWHVHWy[LFRVRXTXDOTXHUVXEVWkQFLD
penal quem, nas condições descritas no corpo do n.º 1 do susceptível de causar a morte, doença ou ofensa
artigo anterior: grave à integridade física de um número indeter-
a) Atacar, por qualquer modo, aglomerados popula- minado de pessoas;
cionais, habitações ou edifícios não defendidos d)%DODVTXHVHH[SDQGDPRXGHÀDJUDPQRLQWHULRUGR
e, em geral, bens ou alvos civis, causando a sua corpo humano;
destruição ou eliminação total ou parcial, sem- e) Armas, projécteis, materiais e métodos de combate
pre que tais bens ou alvos civis não constituírem susceptíveis de causar, pela sua natureza, feri-
objectivos militares nem aquelas operações PHQWRV VXSpUÀXRV VRIULPHQWRV GHVQHFHVViULRV
SXGHUHPVHUMXVWL¿FDGDVSRUVLJQL¿FDWLYRVEHQH- e efeitos indiscriminados ou concebidos para
fícios ou vantagens de natureza militar; causar danos extensos, graves e duradouros ao
b) Saquear localidades conquistadas; meio ambiente natural e pôr em perigo a saúde e
c) Atacar edifícios consagrados ao culto religioso, à a sobrevivência das populações;
educação, às artes, à ciência, à assistência ou f) É punido com a mesma pena quem praticar qualquer
EHQH¿FrQFLD DRV PRQXPHQWRV KLVWyULFRV DRV RXWURDFWRTXDOL¿FDGRFRPRFULPHGHJXHUUDSRU
hospitais e outros lugares onde se acolham e tra- tratados ou convenções internacionais subscritos
tem doentes e feridos que não sejam objectivos pela República de Angola e recebidos na sua
militares; ordem jurídica interna.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5429

ARTIGO 389.º iii. As gazuas ou quaisquer instrumentos que


(Destruição de navios, aeronaves ou outros transportes civis)
possam servir para abrir fechaduras ou outros
4XHP SRU RFDVLmR GH XPD JXHUUD RX FRQÀLWR DUPDGR dispositivos de segurança;
GHVWUXLURXGDQL¿FDUJUDYHPHQWHQDYLRRXDHURQDYHFLYLVRX g) «Marco», qualquer construção, plantação, tapume,
veículos civis de transporte ferroviário ou rodoviário de pas- valado, tabuleta ou outro sinal destinado a
sageiros, de forma desnecessária e sem adoptar, se esse for o estabelecer os limites de propriedades ou con-
caso, as medidas indispensáveis à preservação da segurança
cessões, colocadas por decisão judicial, por acto
das pessoas a bordo, é punido com pena de prisão de 2 a 10
administrativo ou com a autorização de autori-
anos, se a pena mais grave não lhe couber por força de outra
dade administrativa competente;
disposição penal.
h) «Bando ou Quadrilha», o grupo formado por
ARTIGO 390.º
(Penas acessórias) duas ou mais pessoas para a prática reiterada de
FULPHVFRQWUDRSDWULPyQLRHFKH¿DGDSRUXPD
Em caso de condenação por qualquer dos crimes pre-
vistos neste capítulo, pode, conforme a gravidade do crime delas.
cometido e a sua projecção na idoneidade cívica e política CAPÍTULO II
do condenado, ser este declarado na sentença condenatória Crimes Contra a Propriedade
incapaz para ser eleito Presidente da República, Deputado à
SECÇÃO I
Assembleia Nacional, ou para ser nomeado para cargos no Crimes de Furto
Executivo, pelo período de 2 a 10 anos.
ARTIGO 392.º
TÍTULO VII (Furto)
Crimes Contra o Património Quem, com intenção de se apropriar para si ou para
outrem, de coisa móvel ou semovente alheia, a subtrair é
CAPÍTULO I
punido com penas de:
Disposição Preliminar
a) Prisão até 3 anos ou multa até 360 dias, se o valor
ARTIGO 391.º
da coisa subtraída não for elevado;
'H¿QLo}HV
b) Prisão de 1 a 5 anos, se o valor da coisa subtraída
Para efeitos do disposto no presente título, considera-se:
for elevado;
a) «Valor Consideravelmente Elevado», o que exce-
c) Prisão de 2 a 8 anos, se o valor da coisa subtraída
der 500 vezes o do salário mínimo mensal da
for consideravelmente elevado.
função pública, no momento em que o facto for
ARTIGO 393.º
praticado;
)XUWRTXDOL¿FDGR
b) «Valor Elevado», o que exceder 100 vezes o salá-
1. As penas estabelecidas no artigo anterior são agrava-
rio mensal mais baixo da função pública, no
das, sempre que a coisa móvel subtraída:
momento em que o facto for praticado;
a) 3RVVXLU UHOHYDQWH VLJQL¿FDGR SDUD R GHVHQYRO-
c) «Valor Diminuto», o que não exceder metade do
vimento económico ou tecnológico, valor
salário mensal mais baixo da função pública, no
FLHQWt¿FRKLVWyULFRRXDUWtVWLFRH¿]HUSDUWHGH
momento em que o facto for praticado;
colecção ou exposição pública ou acessível ao
d) «Arrombamento», o rompimento, fractura ou
destruição, no todo ou em parte, de qualquer público, se encontrar em depósito ou à guarda
dispositivo destinado a fechar ou impedir a de museus ou recolhida em qualquer das suas
entrada, do exterior ou no interior da casa ou R¿FLQDVRXGHSHQGrQFLDV
lugar fechado dela dependente; b) Estiver afecta a culto religioso ou destinada a
e) «Escalamento», a introdução em casa ou lugar venerar a memória dos defuntos e a subtracção
fechado dela dependente, por local não desti- ocorrer em lugar destinado a culto ou em cemi-
nado, em princípio, à entrada, nomeadamente, tério;
por tectos, varandas, janelas, paredes, aberturas c) Se destinar a serviço público, estiver afecta à rede
subterrâneas ou por qualquer dispositivo desti- de distribuição ou prestação de bens e serviços
nado a fechar ou impedir a entrada ou passagem; públicos ou constituir produto de primeira neces-
f) «Chaves Falsas»: sidade e a subtracção perturbar o funcionamento
i. As imitadas, contrafeitas ou alteradas; de serviço, provocar interrupção ou interferência
ii. As verdadeiras, quando estiverem fora do no abastecimento ao público ou na prestação do
poder de quem tiver o direito de as usar; serviço pelo Estado ou entidades autorizadas;
5430 DIÁRIO DA REPÚBLICA

d) For subtraída de lugar destinado ao depósito de ARTIGO 394.º


(Furto de coisa comum)
mercadorias ou objectos ou retirada de qualquer
meio de transporte e a subtracção ocorrer entre 1. Quem, sendo condómino ou comproprietário, com-
o momento do carregamento e o da chegada ao possuidor, co-herdeiro ou sócio de uma coisa móvel comum,
destino ou da entrega; a subtrair é punido com as penas previstas no artigo 392.º,
e) Se encontrar fechada em gaveta, cofre ou objecto reduzidas de metade no seu limite máximo.
similar equipados com fechadura, segredo ou 2. Não é punível a subtracção de coisa comum fungível,
outro dispositivo especialmente destinado à se o valor subtraído não exceder o da quota que pertence ao
agente.
segurança;
f) Possuir, pela sua natureza, elevada perigosidade. ARTIGO 395.º
(Furto de uso de veículos)
2. As penas estabelecidas no artigo anterior são também
agravadas, sempre que o agente: 1. Quem, sem autorização do respectivo titular, subtrair
a) Se introduzir, para praticar o facto, em habita- automóvel ou outro veículo motorizado, barco ou aero-
ção, mesmo sendo ela móvel, estabelecimento nave, para os utilizar temporariamente e depois os restituir,
comercial ou industrial ou espaço fechado, é punido com pena de prisão de 6 meses a 2 anos ou com a
de multa de 60 a 240 dias.
público ou privado, por meio de arrombamento,
2. A pena é de prisão de 1 a 3 anos ou multa de 120 a 360
escalamento ou chaves falsas;
dias se, o veículo furtado para uso estiver afecto à utilidade
b) For membro de bando ou quadrilha e o furto for
pública, à prestação de serviço público ou especialmente
cometido com a colaboração de, pelo menos,
vocacionado para missões de socorro, de patrulha, transporte
outro membro do bando ou quadrilha;
de individualidades protocolares ou apoio institucional.
c) Se aproveitar da particular vulnerabilidade física
ARTIGO 396.º
ou psíquica da vítima ou de ocasiões de incên- (Furto de coisa própria)
dio, explosão, inundação, naufrágio, sismo,
1. Quem, sendo dono de coisa móvel, que tenha sido
motim e, em geral, das circunstâncias favoráveis
apreendida, arrestada, penhorada, dada em penhor ou cons-
ao cometimento de furtos propiciado por qual-
tituída em depósito legal, a subtrair em prejuízo de terceiro é
quer desastre, acidente ou outras situações que
punido com as penas do artigo 392.º
envolvam perturbação e comoção públicas;
2. São equiparados a subtracção e punidos como tal o
d) Se introduzir ilicitamente em habitação imóvel ou
descaminho ou a destruição da coisa referida no número
móvel, estabelecimento comercial ou industrial anterior.
ou em qualquer espaço fechado, público ou
ARTIGO 397.º
privado, ou aí permanecer escondido com o )XUWRGHHQHUJLDiJXDHRXWURVÀXLGRV
propósito de cometer o furto;
1. Quem, utilizando qualquer meio clandestino ou
e) Praticar o facto com usurpação de título, uniforme ilícito, subtrair de rede de distribuição, complexo ou instala-
ou insígnia de empregado público, civil ou ção, pública ou privada, energia eléctrica ou qualquer outra
militar, alegando falsa ordem ou exibindo falsa forma de energia com valor económico, é punido, nos ter-
LGHQWL¿FDomRGHDXWRULGDGHS~EOLFDRXGHDJHQWH mos dos artigos 392.º e 393.º
de autoridade pública; 2. Para os efeitos do número anterior, são equiparados a
f) Tratando-se de furto de gado, se introduzir nos energia os serviços de telefonia e internet, o gás ou a água ou
currais das zonas rurais ou o praticar em lugar RXWURÀXLGRVXEWUDtGRVGHFRQGXWDVRXLQVWDODomRGHUHGHV
ermo; de fornecimento e distribuição daqueles produtos ao público.
g) Fizer da prática do furto modo de vida. 3. Com a mesma pena é punido quem subtrair equi-
9HUL¿FDQGRVH TXDOTXHU GDV FLUFXQVWkQFLDV HQXPHUD- pamentos, recursos, acessórios e demais meios afectos à
das nos números anteriores, o crime de furto é punido da instalação ou à rede de prestação e distribuição de bens e
seguinte forma: serviços, nos termos dos números anteriores.
a) O previsto na alínea a) do artigo 392.º, com pena 4. Se da subtracção decorrer a interrupção, interferência
de prisão de 1 a 5 anos; ou perturbação da operabilidade da rede ou do fornecimento
b) O previsto na alínea b) do mesmo artigo, com pena do bem ou serviço, afectação ou diminuição da capacidade
de prisão de 3 a 8 anos; de fornecimento ou da estabilidade da rede, as penas aplicá-
c) O previsto na alínea c) do mesmo artigo, com pena veis, nos termos dos números anteriores são agravadas em
de prisão de 3 a 12 anos. um terço, nos seus limites mínimo e máximo.
4. Se a coisa furtada for de valor diminuto, não há lugar 5. O disposto no n.º 3 é aplicável à subtracção de mate-
jTXDOL¿FDomR rial afecto à rede de saneamento básico e gestão de resíduos.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5431

ARTIGO 398.º 3. Se o valor da coisa subtraída for consideravelmente


(Punição da tentativa)
elevado, a pena é de prisão de 3 a 10 anos.
No crime de furto, a tentativa é sempre punível, salvo se ARTIGO 402.º
o valor da coisa subtraída for diminuto. 5RXERTXDOL¿FDGR
ARTIGO 399.º 9HUL¿FDQGRVH TXDOTXHU GDV FLUFXQVWkQFLDV HQXPHUD-
(Restituição ou reparação) das nos n.os 1 e 2 do artigo 393.º, o crime de roubo descrito
1. Quando a coisa furtada for restituída ou o prejuízo no número anterior é punido:
causado pelo furto inteiramente reparado, até a publicação a) O previsto no n.º 1, com pena de prisão de 1
da sentença ou do acórdão em 1.ª instância, extingue-se a a 6 anos;
responsabilidade criminal, mediante a concordância do b) O previsto no n.º 2, com pena de prisão de 3
ofendido e do arguido, sem dano ilegítimo de terceiro. a 10 anos;
c) O previsto no n.º 3, com pena de prisão de 5
2. Se a restituição ou reparação forem parciais, e antes
a 14 anos.
da decisão proferida em 1.ª instância, a pena pode ser espe-
2. A pena é de 3 a 12 anos de prisão quando:
cialmente atenuada, desde que não haja dano ilegítimo de
a) O roubo for cometido com arma de fogo ou
terceiro. qualquer dos agentes ostentar arma de fogo, no
3. É condição necessária para aplicação dos números momento da sua prática;
anteriores, que se trate de: b) Do facto resultar, com dolo ou negligência, perigo
a) Réu primário; efectivo para a vida da vítima ou ofensa grave à
b) Crime de natureza exclusivamente patrimonial, sua integridade física.
com exclusão de quaisquer factos ilícitos contra 3. A pena é de 5 a 15 anos, se do facto resultar, a título de
a vida, a integridade física, a liberdade, autode- negligência, a morte da vítima ou de outra pessoa.
terminação ou a segurança das pessoas. 1mRKiOXJDUjTXDOL¿FDomRHVWDEHOHFLGDQRQžVHP-
pre que o valor da coisa móvel apropriada for diminuto.
ARTIGO 400.º
(Procedimento criminal) ARTIGO 403.º
(Violência posterior à subtracção)
1. O procedimento criminal depende de queixa, nos cri-
Aplicam-se as penas do artigo anterior àquele que, sur-
mes de furto descritos nos artigos 392.º, 394.º, n.º 1 do 395.º
preendido a seguir à subtracção, usar das formas de violência
HžQHVWH~OWLPRFDVRDSHQDVTXDQGRDHQHUJLDRXÀXLGR
nele descritas para conservar poder sobre as coisas que sub-
for subtraída de rede privada.
traiu ou para assegurar a impunidade.
2. O procedimento criminal depende de acusação parti-
SECÇÃO III
cular quando, tratando-se dos crimes enumerados no número
Crimes de Apropriação Indevida
anterior:
a) O agente for cônjuge, ascendente ou descendente, ARTIGO 404.º
$EXVRGHFRQ¿DQoD
DGRSWDQWH RX DGRSWDGR SDUHQWH RX D¿P DWp DR
1. Quem se apropriar ilegitimamente de coisa móvel que
segundo grau do ofendido ou pessoa que com
lhe tenha sido entregue por título não translativo de proprie-
ele viva em condições análogas às dos cônjuges;
dade, que produza obrigação de a restituir ou de a apresentar
b) A coisa furtada for de valor diminuto e destinada
RXGHDDSOLFDUDFHUWR¿PpSXQLGRFRPDVSHQDVHVWDEHOHFL-
à satisfação de necessidade efectiva de qualquer das para o crime de furto, no artigo 392.º, tendo em atenção
das pessoas mencionadas na alínea anterior ou o valor da coisa apropriada.
do próprio agente. 2. A tentativa é sempre punível, salvo se o valor da coisa
SECÇÃO II apropriada for diminuto.
Crimes de Roubo
ARTIGO 405.º
ARTIGO 401.º $EXVRGHFRQ¿DQoDTXDOL¿FDGR
(Roubo) 1. Quando tiver recebido a coisa de que ilegitimamente
1. Quem, com propósito de se apropriar, para si ou para se apropriou, por virtude de depósito imposto por lei, em
outrem, de coisa móvel alheia, a subtrair ou obrigar quem a UD]mR GH RItFLR HPSUHJR RX SUR¿VVmR RX QD TXDOLGDGH GH
possuir ou detiver a entregar-lha, usando de violência contra tutor, curador ou depositário judicial, o agente é punido com:
uma pessoa ou de ameaça com perigo eminente para a sua a) Pena de prisão de 6 meses a 4 anos, se o valor da
vida ou integridade física ou colocando-a na impossibilidade coisa apropriada não for elevado;
de se opor à subtracção ou de resistir à entrega é punido com b) Pena de prisão de 1 a 6 anos, se o valor da coisa
pena de prisão até 5 anos. apropriada for elevado;
2. Se o valor da coisa subtraída for elevado, a pena é a de c) Pena de prisão de 2 a 8 anos, se o valor da coisa
prisão de 1 a 8 anos. apropriada for consideravelmente elevado.
5432 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Se o valor da coisa apropriada for diminuto, não há b) A coisa ilegitimamente apropriada for de valor
OXJDUjTXDOL¿FDomR diminuto e destinada à satisfação de necessidade
ARTIGO 406.º urgente do próprio agente ou de qualquer das
(Apropriação ilegítima de bens de empresas do sector público) pessoas mencionadas na alínea anterior.
1. Quem, por força do cargo que desempenha, tiver o SECÇÃO IV
poder de administrar, gerir ou dispor de bens de empresa Crimes de Dano
pública, sociedade de capitais públicos ou sociedade em ARTIGO 410.º
cujo capital o Estado participe e, por qualquer modo, deles (Dano)
se apropriar ou dispor ilegitimamente, é punido com as 1. Quem causar dano relevante a coisa alheia, destruindo-a,
penas estabelecidas no artigo anterior, se pena mais grave GDQL¿FDQGRDGHV¿JXUDQGRDRXLQXWLOL]DQGRDpSXQLGRFRP
não lhe couber por força de outra disposição legal. as penas estabelecidas para o crime de furto no artigo 392.º,
2. Incorre, igualmente, nas penas previstas no artigo ante- atendendo ao valor do prejuízo causado pelo dano.
rior, o funcionário, trabalhador ou colaborador de empresas 2. Considera-se dano relevante o que se traduzir num
públicas ou prestadoras de serviço público que proceder, prejuízo superior a metade do salário mínimo nacional da
concorrer, assegurar ou facilitar a subtracção ou apropriação função pública.
ilegítima de material, equipamentos, recursos, acessórios e
ARTIGO 411.º
demais meios afectos à instalação ou à funcionalidade da (Dano de coisas com valor e interesse públicos)
rede, à prestação e distribuição de bens e serviços públicos,
1. É punido com pena de prisão previstas nos artigos 392.º
se a pena mais grave não lhe for aplicável por força de outra
HžHPUD]mRGRYDORUGREHPGDQL¿FDGRTXHPGHVWUXLU
disposição legal.
GDQL¿FDUGHV¿JXUDURXLQXWLOL]DU
3. Se da subtracção referida nos números anterio-
a) Monumentos públicos ou coisas legalmente clas-
res decorrer a interrupção, interferência ou perturbação da
VL¿FDGDVRXLQWHJUDGDVQRSDWULPyQLRFXOWXUDO
operabilidade da rede, as penas aplicáveis, nos termos dos
b) Coisas ou sítio inventariados ou colocados sob
números anteriores são agravadas em um terço, nos seus
limites mínimo e máximo. SURWHFomRR¿FLDOGDOHL
c)&RLVDGHLPSRUWkQFLDVLJQL¿FDWLYDSDUDDHFRQRPLD
ARTIGO 407.º
(Apropriação ilegítima de coisa achada ou em caso de acessão) ou para o desenvolvimento social, cultural, eco-
1. Quem se apropriar ilegitimamente de coisa móvel nómico, político, técnico ou tecnológico do País;
alheia que tiver encontrado é punido com pena de prisão até d) Coisa exposta, colocada ou depositada em arquivo,
1 ano ou com a de multa até 120 dias. PXVHXELEOLRWHFDRXSRVVXLGRUDGHVLJQL¿FDWLYR
2. Se o valor da coisa achada for diminuto, a pena é de YDORUDUWtVWLFRFXOWXUDOKLVWyULFRRXFLHQWt¿FR
multa até 60 dias. e) Bens, equipamentos, materiais ou recursos afectos
3. Nas mesmas penas incorre quem se apropriar ilegiti- às instalações para aproveitamento, produção,
mamente de dinheiro ou outra coisa móvel alheia que tiver armazenamento, condução ou distribuição de
chegado à sua posse ou detenção por engano, por efeito de iJXD JiV RX RXWURV ÀXtGRV FRPEXVWtYHLV RX
força natural ou de caso fortuito ou por qualquer outro meio, OXEUL¿FDQWHV HQHUJLD HOpFWULFD RX LOXPLQDomR
independentemente da sua vontade. pública, serviços de comunicação, de telefonia
ARTIGO 408.º ou de internet, redes e sistemas de saneamento
(Restituição ou reparação) ou gestão de resíduos, ou de instalações para
Aplica-se aos crimes previstos nesta secção o disposto protecção contra forças da natureza;
para o crime de furto, no artigo 399.º, com as necessárias f) Infra-Estruturas públicas ou de utilidade pública,
adaptações. habitações em centralidades e projectos habita-
ARTIGO 409.º cionais de utilidade e afectação públicas, suas
(Procedimento criminal)
dependências e equipamentos sociais de apoio;
1. O procedimento criminal pelos crimes descritos nos g) Coisa destinada à utilidade e uso públicos.
artigos 404.º e 407.º depende de queixa. 2. A pena é a de prisão até 3 anos ou a de multa até 360
2. Depende de acusação particular o procedimento dias, se o valor do prejuízo causado não for elevado.
SHORFULPHGHDEXVRGHFRQ¿DQoDSUHYLVWRQRDUWLJRž 3. Se do dano referido na alínea e) do n.º 1 decorrer a
quando: interrupção, interferência ou perturbação da operabilidade
a) O agente for cônjuge, ascendente ou descendente, da rede ou do fornecimento do bem ou serviço, afectação
DGRSWDQWH RX DGRSWDGR SDUHQWH RX D¿P DWp DR ou diminuição da capacidade de fornecimento ou da estabi-
terceiro grau da linha colateral do ofendido ou lidade da rede, as penas aplicáveis, nos termos dos números
pessoa que com ele viva em condições análogas anteriores são agravadas em um terço, nos seus limites
às dos cônjuges; mínimo e máximo.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5433

ARTIGO 412.º 2. É equiparada ao crime de usurpação de imóvel e puní-


(Dano com violência)
vel com a mesma pena a apropriação ilegítima, pelo modo
1. Se o dano for cometido usando o agente de violência indicado no número anterior, de quaisquer bens de herança
contra uma pessoa ou de ameaça séria para a sua vida ou indivisa.
integridade física ou colocando-a em situação de não poder 3. Se, no caso do número anterior, algum dos herdeiros
resistir-lhe, o agente é punido com a pena de: for menor, a pena é de 6 meses a 5 anos de prisão.
a) Prisão de 1 a 6 anos, se o prejuízo do dano não for 4. O procedimento criminal depende de queixa, salvo
de valor elevado; tratando-se de usurpação de águas de uso comum e no caso
b) Prisão de 2 a 10 anos, se o prejuízo do dano for de previsto no número anterior.
valor elevado; ARTIGO 416.º
(Arrancamento, destruição e alteração de marcos)
c) Prisão de 4 a 12 anos, se o prejuízo do dano for de
1. Quem, com a intenção de se apropriar, para si ou para
valor consideravelmente elevado.
outra pessoa, de coisa ou parte de coisa imóvel alheia, arran-
2. Se do facto resultar perigo efectivo para a vida da pes-
car, destruir ou alterar marco é punido com pena de prisão
soa ofendida ou ameaçada ou ofensa grave à sua integridade
até 1 ano ou com a de multa até 120 dias.
física, a pena é de prisão de 3 a 12 anos.
2. É aplicável ao número anterior, com as devidas adap-
3. Se do facto resultar, a título de negligência, a morte de
tações, o previsto no artigo 399.º e na alínea a) do n.º 2 do
outra pessoa, a pena é de prisão de 4 a 15 anos.
artigo 400.º
4. Aplicam-se as penas dos números anteriores a quem, 3. Se os marcos referidos no número anterior forem
surpreendido a cometer o facto, usar de violência ou ameaça públicos ou de colocação pública, para efeitos de identi-
de violência para continuar a cometê-lo ou para assegurar a ¿FDomR RX GHWHUPLQDomR GH ]RQDV GH DFHVVR SURLELGR RX
impunidade. condicionado, de exploração limitada ou zonas de reserva
5. Aplica-se, com as devidas adaptações, ao n.º 1 do pre- fundiária do Estado, o agente é punido, nos termos do
sente artigo, o disposto no n.º 3 do artigo anterior. artigo 411.º
6. Para determinação do prejuízo referido no n.º 1, é apli- 4. O procedimento criminal depende de queixa, com
cável o disposto nas alíneas a), b), e c) do artigo 391.º excepção do caso previsto no número anterior.
ARTIGO 413.º
(Reparação)
CAPÍTULO III
Crimes Contra o Património em Geral
Aplica-se aos crimes de dano previsto nos artigos 410.º e
440.º o disposto no artigo 399.º para o furto, com as neces- SECÇÃO I
Crimes de Burla
sárias adaptações.
ARTIGO 417.º
ARTIGO 414.º
(Burla)
(Procedimento criminal)
Quem, usando de qualquer meio astucioso ou enganoso,
1. O procedimento criminal pelos crimes de dano pre-
induzir ou mantiver outrem em erro ou engano e, com o pro-
vistos nos artigos 410.º e 440.º depende de queixa, salvo no
pósito de obter para si ou para terceiro um enriquecimento
caso da alínea c) do n.º 3 do artigo 440.º
ilícito, a levar a praticar actos que lhe causem ou causem a
2. O procedimento criminal depende de acusação par- terceira pessoa prejuízo patrimonial é punido com as penas
ticular quando, nos mesmos crimes, o agente for cônjuge, estabelecidas para o crime de furto no artigo 392.º, aten-
ascendente ou descendente, adoptante ou adoptado ou dendo ao valor do prejuízo patrimonial causado.
parente até ao terceiro grau da linha colateral do ofendido
ARTIGO 418.º
ou pessoa que com ele viva em condições análogas às dos %XUODTXDOL¿FDGD
cônjuges. 1. As penas a que se refere o artigo anterior são agrava-
SECÇÃO V das, sempre que:
Outros Crimes Contra a Propriedade
a) O facto for realizado aproveitando-se o agente
ARTIGO 415.º da particular vulnerabilidade da vítima ou de
(Usurpação de imóvel e de herança indivisa) ocasiões de desastre, acidente ou calamidade
1. Quem, por meio de violência ou ameaça para com as pública;
pessoas, ocupar coisa imóvel que não lhe pertença ou manti- b) O agente for titular de cargo público ou respon-
ver a ocupação, com intenção de, em relação àquela, exercer sável de serviço público e praticar o facto no
direito real não autorizado por lei, sentença ou acto adminis- exercício das suas funções ou por causa delas,
trativo é punido com pena de prisão até 3 anos ou com a de usurpar título, uniforme ou insígnia de titular de
multa até 360 dias, se pena mais grave não lhe couber por cargo público ou alegar falsa ordem de autori-
força de outra disposição penal. dade pública;
5434 DIÁRIO DA REPÚBLICA

c)2DJHQWH¿]HUGDEXUODPRGRGHYLGD ARTIGO 422.º


(Punição da tentativa)
d) Tiver havido apelo público à colecta de fundos
SDUD¿QVGHDVVLVWrQFLDRXDMXGD Nos crimes de burla, a tentativa é sempre punível, salvo
e) O agente tiver utilizado para cometer o crime se o prejuízo causado for diminuto.
órgãos de comunicação social. ARTIGO 423.º
(Restituição ou reparação)
 9HUL¿FDQGRVH TXDOTXHU GDV FLUFXQVWkQFLDV HQXPH-
radas no número anterior, o agente é punido com as penas Aplica-se aos crimes descritos na presente secção o dis-
HVWDEHOHFLGDVSDUDRFULPHGHIXUWRTXDOL¿FDGRQRQžGR posto para o crime de furto, no artigo 399.º
artigo 393.º, atendendo ao valor do prejuízo patrimonial ARTIGO 424.º
(Procedimento criminal)
causado.
3. Se o valor do prejuízo for diminuto, não há lugar à 1. O procedimento criminal depende de queixa, salvo tra-
TXDOL¿FDomR WDQGRVHGRFULPHGHEXUODTXDOL¿FDGDSUHYLVWRQRDUWLJRž
e do crime de burla previsto no artigo 443.º, ou de crime pra-
ARTIGO 419.º
WLFDGRQRkPELWRGHDVVRFLDomRFULPLQRVDFRQIRUPHGH¿QLGD
(Burla para obtenção de alimentos, bebidas, combustíveis ou serviços)
no artigo 296.º ou de organização terrorista, nos termos da lei
1. É punido com pena de prisão até 6 meses ou com especial.
multa até 60 dias quem, com o propósito de não pagar e se 2. O procedimento criminal depende de acusação par-
recusar a liquidar a dívida contraída: ticular quando, no caso do número anterior, o agente for
a) Consumir alimentos ou bebidas em estabeleci- cônjuge, ascendente ou descendente, adoptante ou adop-
mento comercial aberto para o consumo de tais WDGRSDUHQWHRXD¿PDWpDRWHUFHLURJUDXGDOLQKDFRODWHUDO
produtos; da vítima ou com ela viva em condições análogas às dos
cônjuges.
b) Utilizar quarto ou serviço do hotel ou estabeleci-
SECÇÃO II
mento similar;
Outros Crimes Contra o Património em Geral
c) Abastecer veículo automóvel de combustível ou
OXEUL¿FDQWHV RX XWLOL]DU VHUYLoR GH OLPSH]D H ARTIGO 425.º
(Extorsão)
manutenção de viaturas em empresas, estações
1. Quem, com o propósito de obter, para si ou para ter-
de serviço ou locais destinados ao abastecimento
ceiro, vantagem económica que não lhe for devida, usando
daqueles produtos ou à prestação daqueles ser- GHYLROrQFLDRXGHDPHDoDFRPPDOGHVLJQL¿FDWLYDLPSRU-
viços. tância, coagir uma pessoa a proceder a uma disposição
2. Na mesma pena incorre quem, com o mesmo propó- patrimonial que cause prejuízo a essa ou outra pessoa, é
sito, utilizar transporte ou se introduzir em recinto público punido com as penas estabelecidas para o crime de roubo
de acesso condicionado à compra de bilhete, sem o ter no artigo 401.º, atendendo ao valor da vantagem económica
adquirido. obtida com a extorsão.
ARTIGO 420.º 2. A pena é de prisão de 2 a 12 anos, quando:
(Burla relativa a trabalho, emprego ou estudo) a)2DJHQWH¿]HUXVRGDDUPDGHIRJRSDUDFRQFUHWL]DU
É punido com a pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou a ameaça;
com a de multa de 60 a 360 dias quem, com o propósito de b) O agente for membro de bando ou quadrilha e a
obter, para si ou para terceiro, enriquecimento ilícito: extorsão tiver sido praticada com a colaboração
a) Aliciar pessoas residentes em Angola, através de de, pelo menos, outro membro do bando ou
quadrilha;
promessas de trabalho, emprego ou estudo em
c) Do facto resultar, com dolo ou negligência, perigo
país estrangeiro;
efectivo para a vida da vítima ou de terceiro ou
b) Aliciar pessoas residentes no estrangeiro, através ofensa grave à respectiva integridade física.
de promessas de trabalho, emprego ou estudo 3. A pena é de prisão de 4 a 15 anos, se da violência ou
em Angola. ameaça resultar, a título de negligência, a morte da vítima ou
ARTIGO 421.º de outra pessoa.
(Abuso de incapazes)
ARTIGO 426.º
Quem, fora da hipótese prevista no artigo 417.º, mas ,Q¿GHOLGDGH
com o propósito de obter, para si ou para terceiro, um enri- 1. Aquele a quem, por lei ou acto jurídico, tiver sido
quecimento ilícito e, abusando da situação de inexperiência FRQ¿DGR R HQFDUJR GH DGPLQLVWUDU ¿VFDOL]DU RX GLVSRU GH
de menor, de pessoa incapaz ou portadora de anomalia psí- bens ou outros interesses patrimoniais de outrem e inten-
quica, levar essas pessoas a praticar actos que acarretem, cionalmente causar a esses bens ou interesses um prejuízo
para elas ou para terceiros, um prejuízo de natureza patri- patrimonial relevante é punido com as penas previstas no
monial é punido, nos termos daquele artigo, como autor do artigo 392.º para o crime de furto atendendo ao valor do pre-
crime de burla. juízo causado.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5435

2. É prejuízo patrimonial relevante o que tiver valor ele- 4. As penas são especialmente atenuadas se, até ao encer-
vado, nos termos da alínea b) do artigo 391.º ou deixar a ramento da discussão da causa na audiência de julgamento
vítima em situação económica difícil. em primeira instância, o agente:
3. Se os bens ou interesses patrimoniais forem de a) Renunciar expressamente à entrega da vantagem
empresa pública, sociedade de capital público ou sociedades ilegítima prometida;
em cujo capital o Estado comparticipar, a pena é agravada de b) Devolver a vantagem ilegítima recebida, acrescida
um terço, nos seus limites mínimo e máximo. de juros, à taxa legal, desde o dia em que foi
4. O procedimento criminal depende de queixa salvo no recebida;
caso previsto no número anterior. c)0RGL¿FDUFRPRDFRUGRGDRXWUDSDUWHRQHJyFLR
$SOLFDVHDRFULPHGHLQ¿GHOLGDGHRGLVSRVWRSDUDR celebrado, de harmonia com as regras de boa-fé.
furto no artigo 399.º, com as necessárias adaptações. 5. Se os factos a que se refere o número anterior ocor-
rerem depois do encerramento da discussão da causa na
ARTIGO 427.º
audiência de julgamento em primeira instância, até ser
(Uso e abuso de cartão de crédito, débito ou garantia)
proferida a sentença, as penas podem, ainda, conforme as
1. Quem, sem consentimento do respectivo titular ou circunstâncias, ser especialmente atenuadas.
abusando desse consentimento, utilizar cartão de crédito,
débito ou garantia para obter do emitente um pagamento, CAPÍTULO IV
Crimes Contra Direitos Patrimoniais
causando ao titular do cartão ou a outra pessoa um prejuízo
patrimonial é punido com as penas estabelecidas para o ARTIGO 430.º
(Frustração de créditos exequendos)
crime de furto, no artigo 392.º, tendo em atenção o valor do
prejuízo causado. 1. O devedor que, com intenção de frustrar uma exe-
2. A tentativa é sempre punível. cução já instaurada e a satisfação consequente da dívida
3. É aplicável ao crime descrito neste artigo, o disposto exequenda, praticar actos de disposição patrimonial ou que
SURGX]DP REULJDomR GHVWUXLU GDQL¿FDU ¿]HU GHVDSDUH-
para o crime de furto no artigo 399.º e na alínea a) do n.º 2
cer, ocultar ou sonegar bens do seu património ou de forma
do artigo 400.º
DUWL¿FLDOH¿FWtFLDRGLPLQXLUpSXQLGRVHYLHUDVHUMXGLFLDO-
ARTIGO 428.º mente declarado em situação de insolvência, com pena de
(Uso de cartão subtraído com violência)
prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
O uso ilícito de cartão de crédito, débito ou garantia e, 2. O terceiro que praticar o facto descrito no número pre-
sendo o caso, do correspondente código secreto, subtraído cedente com conhecimento do devedor ou em seu benefício
ou obtido por meio de violência contra uma pessoa ou de é punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa
uma ameaça com perigo eminente para a sua vida ou integri- até 240 dias.
dade física, ou colocando-a o agente na impossibilidade de ARTIGO 431.º
se opor à subtracção ou de resistir à revelação, é equiparado (Falência dolosa)

ao crime de roubo e punível, nos termos dos artigos 401.º, 1. É punido com pena de prisão de 1 a 3 anos ou com
402.º e 403.º, com as necessárias adaptações. multa de 120 a 360 dias o comerciante que, com intenção de
ARTIGO 429.º
prejudicar os credores:
(Usura) a) 'HVWUXLU GDQL¿FDU LQXWLOL]DU RX ¿]HU GHVDSDUHFHU
1. Quem, com o propósito de obter, para si ou para ter- bens do seu património;
b) 'LPLQXLU ¿FWLFLDPHQWH R VHX DFWLYR SDWULPRQLDO
FHLURXPEHQHItFLRSDWULPRQLDO¿]HUPHGLDQWHDH[SORUDomR
dissimulando, ocultando objectos ou direitos,
de situação de necessidade, anomalia psíquica, incapaci-
reconhecendo créditos e invocando dívidas ine-
dade, inépcia, falta de experiência ou fraqueza de carácter
xistentes ou simulando, através de contabilidade
do devedor, com que este se obrigue a prometer ou conceder,
viciada, falso balanço ou, por qualquer outro
a si ou a outrem, uma vantagem patrimonial manifestamente
modo, uma situação patrimonial inferior à real;
desproporcionada com a contraprestação é punido com pena
c) &ULDU RX DJUDYDU DUWL¿FLDOPHQWH SUHMXt]RV RX GD
de prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
mesma forma, reduzir lucros;
2. O procedimento criminal depende de queixa.
d) Comprar mercadorias a crédito, com o propósito
3. A pena é de 1 a 5 anos de prisão, quando o agente:
de as vender, ou utilizar em pagamento, por
a) Fizer da usura modo de vida; preço sensivelmente inferior ao corrente e, desta
b) Dissimular a vantagem pecuniária ilegítima, simu- maneira, retardar a falência.
lando contrato ou título de crédito; 2. A mesma pena é aplicada ao concordado que não jus-
c) Provocar conscientemente, por meio da usura, a WL¿FDUDUHJXODUDSOLFDomRGRVYDORUHVGRDFWLYRH[LVWHQWHj
ruína patrimonial da vítima. data de concordata.
5436 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. O terceiro que, com conhecimento do comerciante típico e ilícito contra o património ou contribuir para que
devedor ou em seu benefício, praticar os factos descritos no terceiro de boa-fé a adquira, receba, conserve ou oculte é
n.º 1 é punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa até
multa até 240 dias. 240 dias.
ARTIGO 432.º  4XHP VHP VH FHUWL¿FDU GD VXD RULJHP DGTXLULU RX
(Falência negligente) receber ou utilizar, a qualquer título, coisa que, pela sua qua-
1. O comerciante que, com grave negligência, se deixar lidade, quantidade ou natureza, pela condição da pessoa que
cair em situação de falência é punido, se esta vier a ser judi- lha oferecer ou pelo montante do preço por ela pretendido,
cialmente declarada, com pena de prisão até 2 anos ou com souber ou deva razoavelmente suspeitar que provém de
multa até 240 dias. facto típico e ilícito contra o património é punido com pena
2. O procedimento criminal depende de queixa. de prisão até 1 ano ou com a de multa até 120 dias.
3. A pena é de prisão de 1 a 3 anos ou de multa de 120 a
ARTIGO 433.º
(Favorecimento de credores)
GLDVVHRDJHQWH¿]HUGDUHFHSWDomRPRGRGHYLGD
4. Aplica-se, com as necessárias adaptações, o dis-
1. O devedor que, conhecendo a sua situação de insolvên- posto para o furto no artigo 399.º e na alínea a) do n.º 2
cia ou prevendo a eminência de nela cair e, com a intenção do artigo 400.º
de favorecer alguns credores em prejuízo de outros, solver 5. O receptador é punido, ainda que, por incapacidade de
dívidas não vencidas ou solver dívidas vencidas de forma culpa ou outra razão legal, o não seja o agente do facto de
diferente do pagamento em dinheiro ou valores usuais ou que provier a coisa.
oferecer garantias a que não era obrigado, é punido: 6. As penas previstas nos números anteriores são agra-
a) Se vier a ser judicialmente declarado em estado de vadas em um terço, nos seus limites mínimo e máximo, se
falência, com pena de prisão até 2 anos ou com a a coisa objecto de receptação constituir bem, equipamento,
de multa até 240 dias; material ou recurso afecto a instalações para aproveita-
b) Se vier a ser judicialmente declarado em estado mento, produção, armazenamento, condução ou distribuição
de insolvência, com pena de prisão até 1 ano ou GHiJXDJiVRXRXWURVÀXtGRVFRPEXVWtYHLVRXOXEUL¿FDQ-
com a de multa até 120 dias. tes, energia eléctrica ou rede de iluminação pública, serviços
2. O procedimento criminal depende de queixa. de comunicação, de telefonia ou de internet, redes e sistemas
de saneamento ou gestão de resíduos, ou instalações para a
ARTIGO 434.º
(Perturbação de arrematação e adulteração de concurso público) protecção contra forças da natureza.
7. A sentença condenatória por crime de receptação deter-
1. Quem, com intenção de obter vantagem patrimonial,
mina, igualmente, a apreensão e perda a favor do Estado, das
para si ou para terceiro, impedir, viciar ou prejudicar os
coisas receptadas e dos instrumentos, ferramentas e meios
resultados de venda ou arrematação judicial ou outra venda utilizados para a sua ocultação ou transformação.
em hasta pública autorizada ou imposta por lei, conseguindo, 8. Quando as coisas objecto de receptação forem arma-
mediante dádiva, promessa, violência ou ameaça, entendi- zenadas, ocultadas, transformadas ou disponibilizadas ao
PHQWRRXRXWURTXDOTXHUDUWL¿FLRRXPHLRIUDXGXOHQWRTXH público em estabelecimentos de depósito, de indústria, de
alguém deixe de lançar ou licitar ou que, de alguma forma, comércio ou de outra natureza, com o conhecimento do
seja perturbada a liberdade dos respectivos actos é punido respectivo titular, é aplicável o disposto nos artigos 99.º e
com pena de prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 100.º, sem prejuízo da aplicação combinada de outras penas
dias, se pena mais grave não lhe couber por outra disposição acessórias.
penal, em função da violência utilizada. 9. Em caso de reincidência, o limite mínimo e máximo
2. Na mesma pena incorre quem, com a mesma inten- da pena aplicável é elevado ao dobro.
ção, mediante dádiva, promessa, violência, entendimento 10. Equiparam-se às coisas a que este artigo se refere
com outros concorrentes ou outro qualquer artifício ou meio os valores e produtos que, com elas, forem directamente
fraudulento, determinar que alguém se afaste de concurso obtidos.
UHJXODGR SRU GLUHLWR S~EOLFR RX ¿]HU FRP TXH GH DOJXPD ARTIGO 436.º
forma, o concurso seja desvirtuado, afastado dos seus objec- (Auxilio material)
tivos ou se adulterem os seus resultados. 1. Quem, tendo conhecimento de um facto típico e ilícito
3. Na mesma pena incorre quem, com a intenção referida contra o património, ajudar os seus agentes a tirar proveito
nos números anteriores, aceitar dádivas, promessas ou qual- das coisas obtidas com a sua prática é punido com pena de
quer benefício ou vantagem. prisão até 1 ano ou com a de multa até 120 dias.
ARTIGO 435.º 2. É aplicável, com as devidas adaptações, o disposto nos
(Receptação) n.os 6 a 9 do artigo anterior.
1. Quem, com intenção de conseguir, para si ou para 3. Aplica-se ao auxílio material, com as devidas adapta-
outrem, vantagem patrimonial, adquirir ou receber, a qual- ções, o disposto para o furto no artigo 399.º e na alínea a) do
quer título, conservar ou ocultar coisa obtida através de acto n.º 2 do artigo 400.º
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5437

TÍTULO VIII i) «Rede de Comunicações Electrónicas», sistemas


Crimes Informáticos de transmissão e, se for o caso, os equipamen-
tos de comutação ou encaminhamento e os
CAPÍTULO I
demais recursos que permitem o envio de sinais
Disposições Gerais
por cabo, meios radioeléctricos, incluindo as
ARTIGO 437.º UHGHVGHVDWpOLWHVDVUHGHVWHUUHVWUHV¿[DV FRP
'H¿QLo}HV
comutação de circuitos ou de pacotes, incluindo
Para efeitos do presente título, considera-se: internet) e móveis, os sistemas de cabos de elec-
a) «Código de Acesso», dado ou senha que permite tricidade, na medida em que sejam, utilizados
aceder no todo ou em parte e sob forma inteligí-
para a transmissão sonora e televisiva e as redes
vel, a um sistema de informação;
de televisão por cabo, independentemente do
b) «Dados de Tráfego», os dados informáticos rela-
tipo de informação transmitida;
cionados com uma comunicação efectuada por
j) «6LVWHPD ,QIRUPiWLFR», qualquer dispositivo ou
meio de um sistema informático, gerados por
conjunto de dispositivos interligados ou associa-
este sistema como elemento de uma cadeia de
dos, em que um ou mais de entre eles desenvolve,
comunicação, indicando a origem da comu-
nicação, o destino, o trajecto, a hora, a data, o em execução de um programa, o tratamento
tamanho, a duração ou o tipo do serviço subja- automatizado de dados informáticos, bem como
cente; a rede que suporta a comunicação entre eles e
c) «Dados informáticos», qualquer representação de o conjunto de dados informáticos armazenados,
factos, informações ou conceitos sob uma forma tratados, recuperados ou transmitidos por aquele
susceptível de processamento num sistema ou aqueles dispositivos, tendo em vista o seu
informático, incluindo os programas aptos a funcionamento, utilização, protecção e manu-
fazerem um sistema informático executar uma tenção;
função; k) «7RSRJUD¿D», uma série de imagens ligadas
d) «Dispositivo», qualquer equipamento, material entre si, independentemente do modo como
electromagnético, acústico, mecânico, técnico VmR ¿[DGDV RX FRGL¿FDGDV TXH UHSUHVHQWDP D
ou outro ou programa de computador; FRQ¿JXUDomR WULGLPHQVLRQDO GDV FDPDGDV TXH
e) «Fornecedor de Serviço», qualquer entidade, compõem um produto semicondutor e na qual
pública ou privada, que faculte aos utilizadores cada imagem reproduz o desenho, ou parte
dos seus serviços a possibilidade de comunicar dele, de uma superfície do produto semicondu-
por meio de um sistema informático, bem como tor, independentemente da fase do respectivo
qualquer outra entidade que trate ou armazene fabrico.
dados informáticos em nome e por conta daquela
entidade fornecedora de serviço ou dos respecti- CAPÍTULO II
vos utilizadores; Crimes Contra os Dados Informáticos
f) «,QWHUFHSomR», o acto destinado a captar informa- ARTIGO 438.º
ções contidas num sistema informático, através (Acesso ilegítimo a sistema de informação
e devassa através de sistema de informação)
de dispositivos electromagnéticos, acústicos,
mecânicos, técnicos ou outros; 1. Quem, sem autorização, aceder à totalidade ou à
g) «Produto semicondutorª D IRUPD ¿QDO RX LQWHU- parte de um sistema de informação, de que não for titular, é
média de qualquer produto, composto por um punido com a pena de prisão até 2 anos ou com a de multa
substrato que inclua uma camada de material até 240 dias.
semicondutor e constituído por uma ou várias 2. Se o acesso for conseguido através da violação das
camadas de matérias condutoras, isolantes regras de segurança ou se tiver sido efectuado a um serviço
ou semicondutoras, segundo uma disposição protegido, a pena é de 2 a 8 anos de prisão.
FRQIRUPH D XPD FRQ¿JXUDomR WULGLPHQVLRQDO 3. A mesma pena é aplicável sempre que, no caso des-
e destinada a cumprir, exclusivamente ou não, crito no n.º 1, o agente:
uma função electrónica; a) Tomar conhecimento de segredo comercial ou
h) «Programa de Computador» o conjunto de instru- LQGXVWULDORXGHGDGRVFRQ¿GHQFLDLVSURWHJLGRV
ções (software) usado directa ou indirectamente por lei;
num computador, tendo em vista a obtenção de b) Obtiver benefício ou vantagem patrimonial de
determinado resultado, incluindo o material de YDORU HOHYDGR FRQIRUPH HVWH p GH¿QLGR QD DOt-
concepção; nea b) do artigo 391.º
5438 DIÁRIO DA REPÚBLICA

4. É punido com pena do n.º 1 quem, sem estar devida- 3. Nos casos descritos nos números anteriores, as penas
mente autorizado: previstas são agravadas em um terço, nos seus limites
a) Proceder ao tratamento informático de dados ou mínimo e máximo, se a perturbação ou dano causado atingi-
LQIRUPDo}HVLQGLYLGXDOPHQWHLGHQWL¿FiYHLV rem de forma grave e duradoura um sistema de informação
b) 7UDQVPLWLU D WHUFHLURV SDUD ¿QV GLIHUHQWHV GRV que apoie actividades destinadas a assegurar o abastecimento
autorizados, dados ou informações informatica- de bens ou a prestação de serviços essenciais, de transporte,
de comunicações, de saneamento básico ou gestão de resí-
mente tratados;
duos, ou de protecção contra forças da natureza.
c) &ULDU PDQWHU RX XWLOL]DU ¿FKHLUR LQIRUPiWLFR GH
4. Se o dano causado não for relevante, nos termos do
GDGRV SHVVRDOPHQWH LGHQWL¿FiYHLV UHODWLYRV D
QžGRDUWLJRžQmRKiOXJDUjTXDOL¿FDomR
FRQYLFo}HVSROtWLFDVUHOLJLRVDVRX¿ORVy¿FDVD
5. A tentativa é sempre punível.
¿OLDomRSDUWLGiULDRXVLQGLFDORXjYLGDSULYDGD
de outrem. CAPÍTULO III
5. A tentativa é sempre punível. Crimes Contra as Comunicações
e Sistemas Informáticos
 3DUD RV HIHLWRV GR Qž  VHUYLoR SURWHJLGR VLJQL¿FD
qualquer serviço de radiodifusão ou da sociedade da infor- ARTIGO 441.º
(Sabotagem informática)
mação, desde que prestado mediante remuneração e com
acesso condicionado, conforme este é descrito na alínea c) 1. É punido com pena de prisão até 2 anos ou multa até
do artigo 250.º 240 dias quem, de modo ilícito:
ARTIGO 439.º
a) $OWHUDU GDQL¿FDU LQWHUURPSHU GHVWUXLU SDUWH RX
(Intercepção ilegítima em sistema de informação) todo de uma rede de comunicações electrónicas
1. Quem, através de meios técnicos, interceptar ou regis- ou sistema informáticos;
tar transmissões não públicas de dados que se processem no b) Perturbar gravemente o funcionamento de uma
LQWHULRUGHXPVLVWHPDGHLQIRUPDomRFRQIRUPHHVWHpGH¿- rede de comunicações electrónicas, e sistemas
nido na alínea e) do artigo 250.º a ele destinados ou dele informáticos;
proveniente, é punido com a pena de prisão até 2 anos ou c) Afectar a capacidade de uso, através da intro-
com a de multa até 240 dias. GXomR WUDQVPLVVmR GDQL¿FDomR DOWHUDomR H
2. A mesma pena é aplicável a quem abrir mensagem de impedimento do acesso ou supressão de dados
correio electrónico que não lhe seja dirigida ou tomar conhe- informáticos ou através de qualquer outra forma
cimento do seu conteúdo ou, por qualquer modo, impedir de interferência na rede de comunicações elec-
que seja recebida pelo seu destinatário. trónicas e sistema informáticos.
3. A mesma pena é aplicável a quem divulgar o conteúdo 2. Se o dano emergente da perturbação for de valor ele-
das comunicações referidas nos números anteriores. vado, o agente é punido com a pena de prisão de 2 a 5 anos.
4. Se a intercepção for conseguida através da violação 3. Se o dano emergente da perturbação for de valor
consideravelmente elevado, ou atingir de forma grave ou
das regras de segurança ou for efectuada a partir de um ser-
duradoura uma rede de comunicações electrónica, e siste-
viço legalmente protegido, a pena é de 2 a 8 anos de prisão.
mas informáticos que apoiem uma actividade destinada a
5. A tentativa é sempre punível.
assegurar funções sociais essenciais, o agente é punido com
ARTIGO 440.º
a pena é de prisão de 2 a 8 anos.
(Dano em dados informáticos)
ARTIGO 442.º
1. Quem, com intenção de causar prejuízo a terceiro ou (Falsidade informática)
de obter benefício para si ou para terceiro, alterar, deteriorar,
1. Quem, com intenção de enganar ou prejudicar, intro-
inutilizar, apagar, suprimir, ou destruir, no todo ou em parte, duzir, alterar, eliminar ou suprimir dados em sistema de
ou, de qualquer forma, tornar não acessíveis dados alheios, informação ou, em geral, interferir no tratamento desses
FRQIRUPHRVGH¿QHDDOtQHDG GRDUWLJRžRXOKHVDIHF- dados, por forma a dar origem a dados falsos que possam ser
tar a capacidade de uso, é punido com as penas previstas nos considerados verdadeiros e utilizados como meio de prova,
artigos 392.º e 393.º em razão do valor do prejuízo causado. é punido com a pena de prisão até 2 anos ou com a de multa
2. A mesma pena é aplicável a quem, com intenção até 240 dias.
de causar prejuízo a terceiro ou de obter benefício para si 2. Quando as acções descritas no número anterior inci-
ou para terceiro, destruir, total ou parcialmente, inutilizar, direm sobre os dados registados ou incorporados em cartão
DSDJDU DOWHUDU GDQL¿FDU HPEDUDoDU LPSHGLU LQWHUURPSHU bancário de pagamento ou qualquer outro dispositivo que
perturbar gravemente o funcionamento ou afectar a capa- permita o acesso a sistema ou meio de pagamento, a sistema
cidade de uso de um sistema de informação, conforme é de comunicações electrónicas ou a serviço de acesso condi-
GH¿QLGRQDDOtQHDH GRDUWLJRž cionado, a pena é de 2 a 5 anos de prisão.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5439

3. As penas estabelecidas nos n.os 1 e 2 são aplicáveis a igualmente ser apreendidos dispositivos em comercialização
quem, não sendo o autor dos crimes descritos nesses núme- TXHWHQKDPSRU¿QDOLGDGHH[FOXVLYDIDFLOLWDUDVXSUHVVmRQmR
ros, utilizar, com a intenção de causar prejuízo a outrem ou autorizada ou a neutralização de qualquer salvaguarda téc-
de obter benefício para si ou para terceiro, respectivamente, nica eventualmente colocada para protecção destes.
os dados falsos referidos no n.º 1 ou o cartão ou dispositivo
TÍTULO IX
em que se encontrem registados ou incorporados os dados
Crimes Contra o Consumidor e o Mercado
obtidos com os factos descritos no n.º 2.
4. Se o autor dos factos descritos nos números anterio- CAPÍTULO I
res for funcionário público no exercício das suas funções, a Crimes Contra o Consumidor
pena é de:
ARTIGO 445.º
a) Prisão de 6 meses a 3 anos ou multa de 60 a 360 (Abate clandestino de animais destinados à comercialização)
dias, no caso do n.º 1;
1. Quem proceder ao abate clandestino de animais desti-
b) 4 a 10 anos, no caso dos n.os 2 e 3. nados à comercialização é punido com pena de prisão até 1
ARTIGO 443.º ano ou com a de multa até 120 dias.
(Burla informática e nas comunicações) 2. Na mesma pena incorrem aqueles que adquirirem
É punido com as penas estabelecidas para o crime de furto para consumo público carne de animais abatidos clandes-
TXDOL¿FDGR QR Qž  GR DUWLJR ž DWHQGHQGR DR YDORU GR tinamente, desde que tenham conhecimento da natureza
prejuízo material causado, quem, com o propósito de obter clandestina do abate.
para si ou para terceiros vantagem patrimonial pelas formas 3. Considera-se clandestino o abate de animais destina-
descritas, causar a outrem prejuízos de natureza patrimonial: dos à comercialização:
a) Sem a competente inspecção sanitária;
a) Interferir no resultado de tratamento de dados,
b) Fora dos matadouros ou locais licenciados para
FRQIRUPHGH¿QLGRQDDOtQHDG GRDUWLJRž esse efeito;
mediante estruturação incorrecta de programa de c) Não habitualmente usados no consumo humano no
computador, utilização incorrecta ou incompleta País.
de dados, utilização de dados sem autorização, 4. É equiparado ao abate clandestino o fornecimento
ou mediante intervenção, por qualquer outro para consumo público de carne de animais, sempre que:
modo não autorizado, no processamento; a) Tiverem perecido de doença;
b) Usar programas, dispositivos ou outros meios que, b) A carne esteja imprópria para consumo;
c) Se trate de carne de animais abatidos em actividade
separada ou conjuntamente, se destinem a dimi-
venatória, que não tenha sido submetida a ins-
nuir, alterar ou impedir, no todo ou em parte, o
pecção sanitária;
normal funcionamento ou exploração do serviço d) Em caso de negligência, a pena é de multa
de telecomunicações. até 120 dias.
ARTIGO 444.º ARTIGO 446.º
(Reprodução ilegítima de programa de computador, (Açambarcamento)
EDVHVGHGDGRVHWRSRJUD¿DGHSURGXWRVVHPLFRQGXWRUHV
1. É punido com pena de prisão até 2 anos ou com multa
1. Quem ilegitimamente reproduzir, distribuir, comu-
até 240 dias quem, em prejuízo do abastecimento regular
nicar ao público ou colocar à disposição do público um
GRPHUFDGRHHPVLWXDomRGHGL¿FXOGDGHRXLUUHJXODULGDGH
programa de computador protegido por lei é punido com
de abastecimento de bens essenciais ou de primeira necessi-
pena de prisão até 2 anos ou multa até 240 dias.
dade ou de matérias-primas indispensáveis à sua produção:
2. Quem, não estando para tanto autorizado, reproduzir,
a) Os ocultar ou armazenar em locais não indicados
distribuir, comunicar ao público ou colocar à disposição do
jVDXWRULGDGHVGH¿VFDOL]DomRTXDQGRWDOLQGLFD-
S~EOLFRFRP¿QVFRPHUFLDLVXPDEDVHGHGDGRVFULDWLYDp
ção for exigida;
punido com pena de prisão até 3 anos ou pena de multa até
b) Recusar vendê-los, segundo os usos da respectiva
360 dias.
3. Quem, não estando para tanto autorizado, proceder à actividade;
extracção ou reutilização de uma base de dados protegida c) Recusar ou retardar a sua entrega, depois de enco-
por lei é punido com uma pena de prisão até 2 anos ou pena mendados e aceite o respectivo fornecimento;
de multa de 240 dias. d) Encerrar o estabelecimento ou o local de exercício
4. A pena do n.º 2 é aplicável a quem ilegitimamente GDDFWLYLGDGHFRPHUFLDOFRPR¿PGHLPSHGLU
reproduzir, distribuir, divulgar ou colocar à disposição do a venda;
S~EOLFRXPDWRSRJUD¿DGHXPSURGXWRVHPLFRQGXWRU e) Condicionar a venda à compra de outros bens, ou
5. Em caso de reprodução não autorizada, são apreendi- pedir por eles preço manifestamente exorbitante,
das as cópias ilícitas de programas de computador, bases de com o propósito de desencorajar o comprador a
GDGRV RX WRSRJUD¿D GH SURGXWRV VHPLFRQGXWRUHV SRGHQGR adquiri-los.
5440 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Em caso de negligência do agente, a pena é de prisão 3. Em caso de negligência, a pena é de prisão até 1 ano
até 1 ano ou de multa até 120 dias. ou de multa até 120 dias.
3. Não constitui açambarcamento a recusa de venda de 4. Se as substâncias ou produtos se destinarem a alimen-
matérias-primas, mercadorias ou bens: tação de animais, a pena é de prisão até 1 ano ou de multa até
a) Indispensáveis ao abastecimento doméstico do 120 dias, se a pena mais grave não for aplicável, por outra
produtor ou do vendedor; disposição penal, em função do perigo criado ou do dano
b) Em quantidade manifestamente desproporcionada produzido pela conduta do agente.
às necessidades normais de consumo do adqui- 5. Se o facto descrito no número anterior se dever a
rente; negligência do agente, a pena é de prisão até 6 meses ou de
c) Em quantidade susceptível de prejudicar a justa multa até 60 dias.
repartição entre a clientela;
ARTIGO 450.º
d) 3RU MXVWL¿FDGD IDOWD GH FRQ¿DQoD GR YHQGHGRU 'HVWUXLomRRXDSOLFDomRLQGHYLGDGHPDWpULDVSULPDVHEHQV
quanto à pontualidade do pagamento pelo adqui-
1. É punido com as penas estabelecidas para o crime de
rente, tratando-se de venda a crédito.
açambarcamento quem, em prejuízo do abastecimento do
ARTIGO 447.º mercado:
(Especulação)
a) Destruir os bens e as matérias-primas a que refere
Quem, sendo comerciante ou dedicando-se habitual-
o artigo 448.º;
mente ao comércio vender bens ou prestar serviços por
b)$VDSOLFDUD¿QVGLIHUHQWHVGDTXHOHDTXHHVWDYDP
preços que excedam o limite estabelecido pelo regime legal
GRVSUHoRV¿[DGRVHYLJLDGRVpSXQLGRFRPSHQDGHSULVmR normalmente destinados, do imposto por lei ou
até 1 ano ou com a de multa até 120 dias. do determinado por autoridade competente.
ARTIGO 448.º
1DVPHVPDVSHQDVLQFRUUHTXHPGHVWUXLUGDQL¿FDURX
(Fraude sobre mercadorias) inutilizar bens próprios que forem essenciais para a econo-
1.Quem, com a intenção de prejudicar terceiro ou de mia do País.
se enriquecer, fabricar, transformar mercadorias, importar, 3. Em caso de negligência do agente, a pena é de multa
exportar, armazenar, transportar, detiver, expuser à venda, até 120 dias.
vender, puser em circulação ou distribuir mercadorias fal- ARTIGO 451.º
VL¿FDGDV RX LPLWDGDV ID]HQGRDV SDVVDU FRPR JHQXtQDV (Falsa indicação de qualidade ou falsa designação)
ou inalteradas ou de natureza diferente ou mercadorias de  4XHP HVWDQGR KDELOLWDGR FHUWL¿FDU D TXDOLGDGH HP
qualidade inferior às que, pelo agente, lhe são atribuídas é GRFXPHQWRSUySULRRXHPTXDOTXHURXWURGRFXPHQWRR¿FLDO
punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa até que sirva para atestar a qualidade, a composição ou a origem
240 dias, se pena mais grave não lhe for aplicável por outra de um produto, fazendo constar um dado falso, incompleto
disposição penal.
ou incorrecto acerca da qualidade, composição ou origem
2. Em caso de negligência, a pena é de multa até 60 dias.
desse bem ou qualquer outra indicação sobre uma qualidade
ARTIGO 449.º
essencial do bem que não corresponda a verdade é púnico
$GXOWHUDomRRXIDOVL¿FDomRGHVXEVWkQFLDVDOLPHQWDUHV
com multa até 240 dias, se pena mais grave lhe não couber,
 4XHP DGXOWHUDU RX IDOVL¿FDU VXEVWkQFLDV DOLPHQWDUHV
nos termos da legislação penal vigente.
ou produtos alimentares destinados a consumo público é
2. No caso de negligência, a pena é de multa até 120 dias.
punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa até
240 dias, se a pena mais grave não lhe couber, nos termos ARTIGO 452.º
(Publicidade enganosa)
de outra disposição penal, em função do perigo criado ou do
dano produzido com a conduta descrita. 1. A publicidade comercial que comportar indicações
2. Na mesma pena incorre quem: relativas a bens ou serviços susceptíveis de induzir o con-
a) Importar, exportar, detiver, entregar ou distribuir sumidor em erro acerca da natureza, composição, origem,
substâncias ou produtos alimentares destinados data de fabrico, qualidades essenciais ou resultados da sua
a consumo público corrompidos, adulterados ou utilização, amplitude e valor de garantia ou condições de
IDOVL¿FDGRV compra, devolução, reparação ou manutenção é punida com
b) Importar, exportar, vender, colocar ou distribuir a pena de multa até 120 dias.
substâncias ou produtos alimentares destinados 2. Considera-se publicidade comercial, para os efei-
a consumo público corrompidos, adulterados ou tos do número anterior, toda a informação não legalmente
IDOVL¿FDGRV imposta, emitida com propósito directo de promover, junto
c) Adulterar o prazo de validade das subtendas, entre- do público, a venda de um bem ou serviço seja qual for o
gar ou distribuir as subalimentares destinados. meio de comunicação utilizado.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5441

CAPÍTULO II 2. Quando o subsídio ou subvenção for de valor conside-


Crimes Contra o Mercado e a Economia ravelmente elevado, nos termos da alínea a) do artigo 391.º,
ARTIGO 453.º
o agente utilizar documento falso ou o subsídio for conce-
(Recusa de prestar informações) dido graças ao abuso de funções ou poderes de titular de
1. É punido com pena de prisão até 1 ano e multa até cargo ou função públicos, a pena é de 2 a 8 anos de prisão.
120 dias aquele que: 3.Consideram-se fundamentais para a concessão do sub-
sídio ou subvenção os factos:
a) No contexto da realização de inquéritos ou preen-
a) Como tal declarados pela lei ou pela entidade que
chimento de manifestos ordenados por entidade
conceder o subsídio ou subvenção;
FRPSHWHQWHSDUDHIHLWRVGHFRQKHFLPHQWRR¿FLDO
b) De que depender legalmente a concessão, o reem-
da existência de determinados bens, não prestar
bolso, a manutenção ou renovação do subsídio
as informações que lhe forem solicitadas ou as
ou subvenção.
SUHVWDUIDOVDRXGH¿FLHQWHPHQWHRXVHUHFXVDUD
4. A negligência é punida, no caso do crime previsto no
fornecer quaisquer outros elementos que, com o
n.º 1, com a pena de prisão até 2 anos ou multa até 240 dias
PHVPR¿POKHIRUHPH[LJLGRV e, no caso do crime previsto no n.º 2, com pena de prisão de
b)1mRSUHVWDURXSUHVWDUIDOVDRXGH¿FLHQWHPHQWHDV 6 meses a 2 anos ou multa de 60 a 240 dias.
LQIRUPDo}HV TXH SDUD HIHLWRV GH ¿VFDOL]DomR 5. O agente é isento de pena, se depois de ter solicitado o
lhe forem solicitadas ou exigidas relativas à subsídio ou subvenção, espontaneamente, se tiver esforçado
aplicação de regimes de preços em vigor ou ao SDUDLPSHGLUDVXDFRQFHVVmRHFDVRHVWDVHYHUL¿TXHUHVWL-
movimento de empresas ou estabelecimentos; tua o que for concedido.
c) Não proceder à apresentação de mercadoria, 6. Os crimes descritos no presente artigo consumam-se
escrita, contabilidade e documentação que lhe com a disponibilização ou entrega da totalidade ou de parte
forem solicitadas ou exigidas pelas entidades do subsídio ou subvenção do agente.
FRPSHWHQWHV SDUD ¿VFDOL]DU LQYHVWLJDU RX LQV- ARTIGO 456.º
(Fraude na obtenção de crédito)
truir processos pelos tipos de ilícito descritos no
presente título. 1. É punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de
2. É equiparado às situações a que se refere o número multa até 120 dias quem pedir e obtiver a concessão de um
DQWHULRURQmRFXPSULPHQWRGRVSUD]RVOHJDOPHQWH¿[DGRV crédito destinado a uma empresa ou estabelecimento e, para
ou ordenados, pela entidade competente, para o agente pres- o obter:
tar as informações ou apresentar ou fornecer os elementos a) Prestar, por escrito, informações falsas ou incom-
referidos no mesmo número. pletas que sejam fundamentais para a concessão;
3. Havendo negligência, o agente é punido com pena de b) Utilizar documentos comprovativos da situação
multa até 60 dias. económica do candidato à concessão do crédito
ARTIGO 454.º falsos, incompletos ou desactualizados;
(Exportação ilícita de bens) c) Ocultar a deterioração da situação económica
Quem proceder à exportação de bens, dependente de do candidato à concessão do crédito, ocorrida
licenciamento, sem a observância dos procedimentos legais, depois da formulação do respectivo pedido.
é punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de multa 2. O disposto no número anterior aplica-se às prorroga-
até 120 dias, se pena mais grave não lhe couber por força de ções do prazo de concessão e, em geral, a qualquer alteração
outra disposição penal. do regime das condições do crédito concedido.
3. A pena é de 1 a 3 anos de prisão ou multa de 120 a 360
ARTIGO 455.º
(Fraude na obtenção de subsídio ou subvenção) dias, se o valor do crédito for consideravelmente elevado,
QRVWHUPRVGDDOtQHDD GRDUWLJRžRXIRUERQL¿FDGR
1. É punido com pena de prisão de 1 a 5 anos quem obti-
4. Havendo negligência do agente, a pena é de prisão até
ver subsídio ou subvenção:
6 meses ou de multa até 60 dias, no caso do n.º 1, e de prisão
a) Fornecendo às entidades competentes para os
até 2 anos ou de multa até 240 dias, no caso descrito no n.º 3.
conceder, informações falsas, inexactas ou
5. Consideram-se fundamentais para os efeitos da alínea a)
incompletas, relativas a coisas ou factos funda- GRQžDVLQIRUPDo}HVGHTXHDOHLRXRFRQFHGHQWH¿]HUHP
mentais para a sua concessão ou omitindo esses depender a concessão do crédito.
factos; 6. É sempre punível a tentativa dos factos descritos nos
b) 8WLOL]DQGR GRFXPHQWR MXVWL¿FDWLYR GR GLUHLWR n.os 1 e 2.
ao subsídio ou subvenção ou de factos funda- 7. São correspondentemente aplicáveis, com as neces-
mentais para a sua concessão, obtido mediante sárias adaptações, às disposições dos n.os 5 e 6 do artigo
informações não exactas ou incompletas. anterior.
5442 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 457.º 2. Se o agente, antes da prática do facto descrito no artigo


(Desvio de subsídio ou subvenção e de crédito)
anterior, retirar expressamente a promessa ou pedir a restitui-
1. Quem utilizar valores obtidos a título de subsídio ou ção das vantagens oferecidas, a pena é de prisão até 18 meses
VXEYHQomRSDUD¿QVGLIHUHQWHVGDTXHOHVDTXHOHJDOPHQWHVH ou de multa até 180 dias.
destinavam é punido com pena de prisão até 1 ano ou com a 3. Se a corrupção a que se refere o presente artigo envol-
de multa até 120 dias. ver uma associação, organização ou grupo criminosos e tiver
2. Na mesma pena incorre quem utilizar um valor obtido
carácter internacional, nos termos do n.º 5 do artigo 296.º, a
DWUDYpV GD FRQFHVVmR GH FUpGLWR SDUD ¿P GLIHUHQWH GR SUH-
pena é de 3 a 5 anos de prisão.
visto na linha de crédito ou determinado pela entidade
legalmente competente. ARTIGO 461.º
(Corrupção no domínio do comércio internacional)
3. Quando o crédito for de valor consideravelmente ele-
vado, nos termos da alínea a) do artigo 391.º, a pena é a de 1. Quem oferecer ou prometer a funcionário público,
prisão de 6 meses a 3 anos ou a de multa de 60 a 360 dias. nacional ou estrangeiro, ou a titular de cargo político nacio-
ARTIGO 458.º
nal ou estrangeiro, qualquer benefício para, de forma ilícita,
(Atenuação especial da pena) deles conseguir alterar ou manter contrato, negócio ou
1. As penas previstas nos artigos 455.º a 457.º são espe- posição vantajosa no domínio do comércio internacional é
cialPHQWH DWHQXDGDV VH R EHQH¿FLiULR GHYROYHU R YDORU punido com pena de prisão de 1 a 5 anos.
recebido a título de subsídio ou subvenção ou o devedor 9HUL¿FDQGRVHRFRQGLFLRQDOLVPRGHVFULWRQRQžGR
liquidar a dívida resultante do crédito concedido, acrescido artigo anterior, a pena é de 2 a 8 anos de prisão.
dos juros à taxa legal que forem devidos, até ao encerra- 3. As penas previstas nos números anteriores são agrava-
mento da discussão da causa na audiência de julgamento em das em um terço, nos seus limites máximo e mínimo, quando
primeira instância. o agente for titular ou membro de órgãos de soberania ou
2. Se a devolução ou liquidação ocorrerem depois de titular de cargo político.
encerrada a discussão da causa, mas antes de ser proferida a 4. As penas previstas nos números anteriores são espe-
sentença, a pena pode, ainda ser, conforme as circunstâncias, cialmente atenuadas quando:
especialmente atenuada. a) O agente tiver praticado o facto sob solicitação
ARTIGO 459.º do funcionário, directamente ou por interposta
(Corrupção passiva)
pessoa;
1. Quem, não possuindo a qualidade de funcionário b) O agente denunciar o crime no prazo máximo de
público, nos termos do artigo 376.º, e trabalhando, exer- 90 dias após a prática do acto e sempre antes da
cendo cargo ou desempenhando funções para qualquer
instauração de procedimento criminal;
associação ou organização ou pessoa colectiva, regular ou
c) O agente auxiliar concretamente na obtenção ou
irregularmente constituída, do sector privado, directa ou
indirectamente, por si ou por interposta pessoa, receber para SURGXomRGHSURYDVGHFLVLYDVSDUDDLGHQWL¿FD-
si ou para terceiro, vantagem ou aceitar promessa dela, que ção ou captura de outros responsáveis.
não lhe seja devida, como compensação de conduta con- 5. Para os efeitos do presente artigo, consideram-se:
WUiULDDRVVHXVGHYHUHVSUR¿VVLRQDLVRXIXQFLRQDLVHGHVVH a) «Funcionário Público Nacional», os referidos no
modo, violar as regras da concorrência ou causar prejuízo artigo 376.º;
patrimonial a terceiro ou à entidade para quem trabalhar, b) «Funcionário Público Estrangeiro», os que, por
exercer cargo ou desempenhar funções é punido com pena eleição ou nomeação, exercerem cargo ou fun-
de prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias. ção de natureza pública para país estrangeiro ou
2. Se o agente não chegar a violar nenhum dos seus deve- para empresa ou organismo de serviços públicos
UHV SUR¿VVLRQDLV RX IXQFLRQDLV PDV DFHLWDU D SURPHVVD RX
de país estrangeiro, assim como os trabalhadores
receber benefício, a pena é de prisão até 1 ano ou de multa
ou agentes de organizações internacionais ou
até 120 dias.
3. Se, em qualquer dos casos descritos nos números ante- supra-estaduais de direito público;
riores, o agente repudiar a promessa ou devolver o benefício c) «Titulares de Cargos Políticos Estrangeiros», as
recebido antes de causar prejuízo e de executar a conduta SHVVRDVTXHGHVVDPDQHLUDIRUHPTXDOL¿FDGDV
YLRODGRUDGRVVHXVGHYHUHVSUR¿VVLRQDLVRXIXQFLRQDLV¿FD pela lei do País para quem exercerem os cargos.
isento da pena. ARTIGO 462.º
(Actividades económicas proibidas)
ARTIGO 460.º
(Corrupção activa) 1. Aquele que produzir ou comercializar bens ou prestar
4XHPSRUVLRXDWUDYpVGHWHUFHLUR¿]HUDVSURPHVVDV serviços cuja produção, comercialização ou prestação sejam
ou oferecer as vantagens mencionadas no artigo anterior ao proibidas no território nacional será punido com prisão até
agente do facto aí descrito é punido com pena de prisão até 2 anos ou multa até 240 dias, se pena mais grave não lhe
3 anos ou com a de multa até 360 dias. couber por força de outra disposição penal.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5443

2. Na mesma pena incorre quem, com o intuito lucrativo, 2. Incorre na mesma pena o agente económico ou fun-
receber, transformar, ocultar, por qualquer forma adquirir ou FLRQiULRGHLQVWLWXLomREDQFiULD¿QDQFHLUDRXGHFkPELRTXH
assegurar a posse, transmitir ou contribuir para transmitir instigar ou facilitar a prática do crime previsto no número
bens cuja produção ou comercialização sejam proibidas em anterior.
território nacional. 3. Os valores objecto do crime previsto nos números
ARTIGO 463.º
anteriores são apreendidos e revertem a favor do Estado.
(Descaminho de mercadorias subvencionadas ARTIGO 467.º
ou adquiridas com recursos do Estado) (Proibição de pagamentos em numerário)

1. Aquele que adquirir mercadorias subvencionadas ou Quem realizar, aceitar ou facilitar a realização de paga-
FRPUHFXUVRDIXQGRVGR(VWDGRD¿PGHVHUHPFRPHUFLD- mentos em numerário num valor igual ou superior a 35.311
lizadas em determinada localidade ou estabelecimento e lhe Unidades de Referência Processual ou o respectivo cor-
der destino diferente, será punido com prisão até 2 anos ou respondente em Kwanzas ou em qualquer outra moeda
multa até 240 dias. estrangeira, em transacções de qualquer natureza, é punido
2. Além das penas previstas no número anterior, o com a pena de multa até 120 dias.
Tribunal deve condenar o arguido na total restituição dos ARTIGO 468.º
(Retenção de moeda)
bens e/ou das quantias ilicitamente obtidas ou desviadas dos
¿QVSDUDTXHIRUDPFRQFHGLGDVRXDUHSDUDomRLQWHJUDOGRV 1. Quem retiver valores avultados em dinheiro, fora dos
prejuízos causados. FLUFXLWRVGDVLQVWLWXLo}HV¿QDQFHLUDVVHPMXVWL¿FDomRDWHQ-
dível, é punido com pena de prisão até 1 ano ou multa até
ARTIGO 464.º
(Fraude no transporte ou transferência de moeda para o exterior) 120 dias.
2. Para efeitos do número anterior, consideram-se valo-
1. Quem, de forma fraudulenta ou em violação de dis-
res avultados:
posições legais ou regulamentares, retirar do País moeda
a) Valores acima de 34.091 Unidades de Referência
nacional ou estrangeira, por via de transporte de moeda
Processual, ou o respectivo correspondente em
física ou de transferência bancária, é punido com a pena de
moeda estrangeira, tratando-se de pessoas sin-
prisão de 2 a 8 anos, se a pena mais grave não lhe couber por
gulares, microempresas ou empresas de pequena
força de outra disposição legal.
dimensão, associações, fundações, sindicatos,
2. Na mesma pena incorre, quem adquirir moeda estran-
partidos políticos, organizações religiosas ou
JHLUDHOKHGHUGHVWLQRGLYHUVRGRR¿FLDOPHQWHHVWLSXODGR
organizações não governamentais;
3. Tratando-se de transporte físico de moeda por fron-
b) Valores acima de 56.818 Unidades de Referência
teira, a violação consuma-se após a passagem do controlo
Processual, ou o respectivo correspondente em
migratório, sendo a pena aplicável a de prisão até 1 ano ou
moeda estrangeira, tratando-se de empresas de
de multa até 120 dias, se o valor em causa não exceder o
média ou de grande dimensão.
dobro do limite legalmente permitido.
3. A diferença de valores que exceda os limites objecto
4. Os valores objecto do crime previsto nos números
do crime previsto nos números anteriores é apreendida e
anteriores são apreendidos e revertem a favor do Estado.
reverte a favor do Estado.
5. O agente económico ou funcionário de instituição
ARTIGO 469.º
EDQFiULD¿QDQFHLUDRXGHFkPELRTXHLQVWLJDURXIDFLOLWDUD (Circulação não autorizada de moeda)
prática do crime previsto nos números anteriores, é punido
Quem colocar em circulação moeda ainda não autori-
com a pena de prisão até 2 anos ou multa até 240 dias.
zada a circular ou moeda já retirada de circulação é punido
ARTIGO 465.º com pena de prisão de 1 a 4 anos.
(Introdução ilícita de moeda estrangeira no País)
ARTIGO 470.º
1. Quem introduzir no País moeda estrangeira, por via (Rejeição de moeda com curso legal)
de transporte físico, em violação das disposições legais ou A rejeição, sem motivo justo, de moeda com curso legal
regulamentares, é punido com a pena de multa até 120 dias, é punida com pena de multa de 30 a 180 dias.
se pena mais grave não lhe couber por força doutra dispo-
ARTIGO 471.º
sição legal. 0RYLPHQWRVHRSHUDo}HVEDQFiULRVRX¿QDQFHLURVLOHJtWLPRV
2. É aplicável o disposto no n.º 4 do artigo anterior. 2IXQFLRQiULRGHLQVWLWXLomREDQFiULDRX¿QDQFHLUDTXH
ARTIGO 466.º sem causar danos, realizar, ordenar ou facilitar ilicitamente a
(Comércio ilegal de moeda)
UHDOL]DomRGHPRYLPHQWRVRXRSHUDo}HVEDQFiULRVRX¿QDQ-
1. Quem, em violação das disposições legais ou regu- ceiros, sem o consentimento do titular, é punido com a pena
lamentares, comercializar moeda nacional ou estrangeira, é de prisão até 2 anos ou multa até 240 dias, se a pena mais
punido com pena de prisão até 1 ano ou multa até 120 dias. grave não couber.
5444 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 472.º 2. É revogada toda a legislação que contrarie o presente


(Fraude nos pagamentos electrónicos)
Diploma, nomeadamente:
Quem viciar ou clonar meio de pagamento electrónico a) Decreto-Lei n.º 26.643, de 28 de Maio de 1939 —
SDUDFDXVDUSUHMXt]RDRXWUHPHVHEHQH¿FLDURXEHQH¿FLDU Da Reforma Prisional;
terceiro, é punido com pena de prisão até 2 anos ou multa b) Decreto n.º 34.553, de 30 de Abril de 1945
até 240 dias. — Regula a Organização dos Tribunais de Exe-
ARTIGO 473.º cução das Penas;
([SORUDomRHWUi¿FRLOtFLWRGHPLQHUDLV c) Decreto-Lei n.º 35.007, de 13 de Outubro de 1945
1. Sem prejuízo do disposto em legislação especial, — Aplicável a Angola, com emendas, pela Por-
constitui crime, punível com prisão até 5 anos, a prospec- taria n.º 17.076, de 20 de Março de 1959;
ção, pesquisa, exploração, extracção, compra, venda, dação d) Decreto-Lei n.º 39.672, de 20 de Maio de 1954
em pagamento, de metais ou de pedras preciosas não trans- ² 5HJXOD $VSHFWRV (VSHFt¿FRV GRV $XWRV GH
formadas, sem a competente licença ou autorização. Notícia, da Prisão Preventiva e do Exercício da
2. A actividade de prospecção, pesquisa e avaliação, Acção Cível em Conjunto com a Acção Penal;
H[SORUDomR H WUi¿FR LOtFLWR GH PLQHUDLV HVWUDWpJLFRV DVVLP e) Decreto-Lei n.º 21/71, de 29 de Janeiro — Dis-
como a simples posse ou mera detenção ilícitas, extracção ciplina o Depósito das Quantias em Dinheiro
ou furto é punível, nos termos da legislação mineira. Apreendidas e dos Objectos e Quantias não
O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Reclamados, Apreendidos em Sede do Processo
Penal;
Dias dos Santos.
f) Decreto-Lei n.º 292/74, de 28 de Junho — Impõe
O Presidente da República, -ඈඞඈ 0ൺඇඎൾඅ *ඈඇඡൺඅඏൾඌ
ao Ministério Público a Obrigação de Executar
/ඈඎඋൾඇඡඈ
DV,QGHPQL]Do}HV$UELWUDGDV2¿FLRVDPHQWHDRV
Ofendidos, Sempre que estes não Constituírem
Lei n.º 39/20 Advogado no Processo;
de 11 de Novembro
g) Decreto-Lei n.º 185/72, de 31 de Maio — Altera os
Considerando os valores e os princípios consagrados Preceitos do Código do Processo Penal Respei-
na Constituição da República de Angola, bem como os tantes à Prisão Preventiva, Liberdade Provisória
progressos da ciência do direito penal e as grandes linhas e Execução das Penas;
orientadoras da política criminal moderna; h) Lei n.º 11/75, de 15 de Dezembro — Da Disciplina
Tendo em vista a realização de uma justiça penal célere e do Processo Produtivo;
H¿FD]DOLQKDGDFRPDQHFHVVLGDGHGHDVVHJXUDURH[HUFtFLR i) Decreto n.º 3/76, de 3 de Fevereiro — Regulamento
dos direitos, liberdades e garantias fundamentais; da Lei n.º 11/75, de 15 de Dezembro — Da Dis-
Impondo-se a introdução na Ordem Jurídica Angolana ciplina do Processo Produtivo;
de um Código do Processo Penal que proporcione harmo- j) Lei n.º 11/77, de 11 de Maio — Institui a Interven-
nização com o novo Código Penal Angolano e concilie, ção dos Assessores Populares nos Tribunais;
igualmente, as necessidades da prática judiciária com as exi- k) Lei n.º 11/82, de 7 de Outubro — Institui a Partici-
gências de fundamentação sólida do Direito; pação Popular na Administração da Justiça;
A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, l) Decreto n.º 231/79, de 26 de Julho — Disciplina o
nos termos da alínea e) do artigo 164.º da Constituição da Trânsito Automóvel;
República, a seguinte: m) Lei n.º 20/88, de 31 de Dezembro — Do Ajus-
tamento das Leis Processuais Civil e Penal ao
6LVWHPD8QL¿FDGRGH-XVWLoD
LEI QUE APROVA O CÓDIGO
n) Lei n.º 23/12, de 14 de Agosto — Altera o artigo
DO PROCESSO PENAL ANGOLANO
56.º do Código do Processo Penal;
ARTIGO 1.º o) Lei n.º 2/14, de 10 de Fevereiro — Lei Reguladora
(Aprovação) das Revistas, Buscas e Apreensões;
É aprovado o Código do Processo Penal Angolano, anexo p) Lei n.º 25/15, de 18 de Setembro — Lei das Medi-
à presente Lei que dela é parte integrante. das Cautelares em Processo Penal.
ARTIGO 2.º ARTIGO 3.º
(Revogação) (Remissões)

1. É revogado o Código do Processo Penal de 1929, os As remissões constantes de outras leis processuais penais
diplomas que substituíram qualquer dos seus preceitos e para preceitos do Código do Processo Penal ora revogado,
todas as disposições legais que prevejam factos regulados consideram-se feitas para as disposições correspondentes do
pelo presente Código do Processo Penal. Código do Processo Penal aprovado pela presente Lei.

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