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º 179
DIÁRIO DA REPÚBLICA
ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Preço deste número - Kz: 7.480,00
7RGD D FRUUHVSRQGrQFLD TXHU R¿FLDO TXHU ASSINATURA 2SUHoRGHFDGDOLQKDSXEOLFDGDQRV'LiULRV
UHODWLYD D DQ~QFLR H DVVLQDWXUDV GR ©'LiULR Ano GD5HS~EOLFDHVpULHpGH.]HSDUD
GD 5HS~EOLFDª GHYH VHU GLULJLGD j ,PSUHQVD
$VWUrVVpULHV .] D VpULH .] DFUHVFLGR GR UHVSHFWLYR
1DFLRQDO (3 HP /XDQGD 5XD +HQULTXH GH
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&DUYDOKR Q &LGDGH $OWD &DL[D 3RVWDO
ZZZLPSUHQVDQDFLRQDOJRYDR (QG WHOHJ $VpULH .] VpULHGHGHSyVLWRSUpYLRDHIHFWXDUQDWHVRXUDULD
©,PSUHQVDª $VpULH .] GD,PSUHQVD1DFLRQDO(3
ARTIGO 4.º b) Os artigos 4.º, 7.º, 12.º a 15.º, 17.º, 19.º, 20.º, 22.º,
(Regime transitório)
23.º, 24.º e 33.º do Decreto n.º 231/79, de 26 de
1. Enquanto se mantiverem em vigor normas penais
Julho — que Disciplina o Trânsito Automóvel;
incriminadoras que prevejam penalidades mistas de prisão e
multa, soma-se sempre a multa directamente aplicada à que c) A Lei n.º 4/77, de 25 de Fevereiro — Lei sobre a
resulta da substituição da prisão por multa. Prevenção e Repressão do Crime de Mercena-
2. No caso do número anterior, é aplicável à multa única rismo;
o disposto no artigo 49.º do Código Penal. d) A Lei n.º 23/10, de 3 de Dezembro — Lei dos Cri-
3. A Unidade de Referência Processual equivale à Unidade mes Contra a Segurança do Estado;
de Correcção Fiscal.
e) O artigo 33.º da Lei n.º 9/81, de 2 de Novembro —
ARTIGO 5.º
(Responsabilidade penal juvenil)
Lei da Justiça Laboral;
1. Enquanto não forem criados os estabelecimentos de f) Os n. os 1 e 3 do artigo 14.º da Lei n.º 16/91,
recuperação, de educação e de formação previstos na alí- de 11 de Maio — Lei dos Direitos de Reunião e
nea c) do n.º 3 do artigo 17.º do Código Penal, considera-se Manifestação;
o seguinte:
g) Os artigos 25.º a 28.º da Lei n.º 23/91, de 15 de
a) As penas de privação de liberdade aplicadas a
menores de 16 a 18 anos são cumpridas nos Junho — Lei da Greve;
estabelecimentos penitenciários exclusivamente h) Os artigos 1275.º a 1278.º do Código de Processo
destinados aos jovens delinquentes; Civil, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 44.129,
b) Na falta de estabelecimentos penitenciários exclu-
de 28 de Dezembro de 1961, e tornado exten-
sivamente destinados a jovens delinquentes,
as penas de privação de liberdade aplicadas a sivo a Angola pela Portaria n.º 19.395, de 30 de
menores são cumpridas em secções autónomas Junho de 1962;
de outros estabelecimentos penitenciários, i) Os artigos 73.º, 74.º, 75.º e 76.º da Lei n.º 7/06,
separadas por forma a evitar qualquer contacto
de 15 de Maio — Lei de Imprensa;
com condenados adultos, e dotados de pessoal
capacitado para as tarefas de prevenção criminal j) Os artigos 33.º, 34.º, 35.º, 36.º, 38.º, 39.º e 40.º da
e da recuperação social. Lei n.º 3/10, de 29 de Março — Lei da Probidade
2. Na instauração, instrução e julgamento de crimes Pública;
cometidos por menores, o Tribunal competente toma em
k) Os artigos 61.º a 65.º da Lei n.º 34/11, de 12 de
consideração a Lei do Julgado de Menores que regula a apli-
cação de medidas de prevenção criminal, com as adaptações Dezembro — Lei do Combate ao Branquea-
indispensáveis ao apuramento da responsabilidade penal do mento de Capitais; e
menor, podendo o juiz dispensar os actos processuais que l) A Lei n.º 3/14, de 10 de Fevereiro — Lei sobre a
entender desnecessários ou praticar outros, regulados pela
Criminalização das Infracções Subjacentes ao
Lei Processual Penal Comum, que reputar imprescindíveis à
UHDOL]DomRGR¿PGRSURFHVVR Branqueamento de Capitais.
3. O registo criminal de menores de 18 anos de idade é ARTIGO 7.º
FRQ¿GHQFLDOHGRVUHVSHFWLYRVFHUWL¿FDGRVGHYHVHUH[FOXtGD (Contravenções)
qualquer menção à condenação ou outro acto processual res- 1. Mantêm-se em vigor as normas de direito substantivo
peitante a crimes por eles cometidos, salvo quando forem
relativas às contravenções.
UHTXLVLWDGRV SDUD ¿QV GH LQVWUXomR SURFHVVXDO SRU PDJLV-
trado judicial ou do Ministério Público. 2. As contravenções a que sejam aplicáveis, alternativa
ou cumulativamente, penas de prisão e multa passam a ser
ARTIGO 6.º
(Revogação da legislação) puníveis apenas com multa.
1. São revogados o Código Penal de 1886, os diplomas ARTIGO 8.º
(Dúvidas e omissões)
legais que substituíram qualquer dos seus preceitos e todas
as disposições legais que prevejam ou punam factos incrimi- As dúvidas e as omissões resultantes da interpretação e
nados pelo presente Código Penal. da aplicação da presente Lei são resolvidas pela Assembleia
2. É revogada toda a legislação que contrarie o Código Nacional.
Penal aprovado pela presente Lei, nomeadamente: ARTIGO 9.º
a) Os artigos 1.º a 6.º e o parágrafo único do artigo 10.º (Entrada em vigor)
da Lei n.º 11/75, de 15 de Dezembro — Lei da A presente Lei entra em vigor noventa dias após a data
Disciplina do Processo Produtivo; da sua publicação.
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1. A tentativa não é punível quando o agente, volunta- 1. O número de crimes determina-se pelo número de
riamente, desistir de prosseguir na execução do crime ou tipos de crime efectivamente preenchidos, ou pelo número
de vezes que o mesmo tipo de crime for realizado pela con-
impedir a consumação ou ainda quando, não obstante a con-
duta do agente.
VXPDomRLPSHGLUDYHUL¿FDomRGRUHVXOWDGRTXHDOHLTXHU 2. Não há concurso de crimes quando o facto é, no todo
evitar. RXHPSDUWHTXDOL¿FDGRFRPRFULPHSRUPDLVGHXPDQRUPD
4XDQGR D FRQVXPDomR RX YHUL¿FDomR GR UHVXOWDGR penal incriminadora.
forem impedidos por circunstância independente da conduta 3. Na hipótese referida no número anterior:
do desistente, a tentativa não é punível se ele se esforçar a) Havendo entre as normas incriminadoras uma
seriamente por evitar uma ou outra. relação de especialidade, aplica-se a norma
incriminadora especial;
ARTIGO 23.º b) Nos restantes casos, aplica-se a norma incrimina-
(Desistência em caso de comparticipação)
dora que estabelecer pena mais grave.
Se vários agentes comparticiparem no facto, não é ARTIGO 29.º
punível a tentativa daquele que voluntariamente impedir a (Crime continuado)
FRQVXPDomRRXDYHUL¿FDomRGRUHVXOWDGRQHPDGHTXHP 1. Constitui um só crime continuado a realização plú-
se esforçar seriamente por impedir uma e outra, ainda que os rima do mesmo tipo de crime ou de vários tipos de crime que
outros comparticipantes prossigam na execução do crime ou fundamentalmente ofendam o mesmo bem jurídico, execu-
tada por forma essencialmente homogénea e no quadro da
o consumam.
solicitação de uma situação exterior que diminua considera-
ARTIGO 24.º velmente a culpa do agente.
(Autoria)
2. O disposto no número anterior não abrange os crimes
É punível como autor quem: praticados contra bens eminentemente pessoais, salvo se o
a) Executar o facto, por si mesmo; ofendido for o mesmo.
b) Executar o facto, utilizando como instrumento CAPÍTULO III
outra pessoa; Causas que Excluem a Ilicitude
c) Tomar parte directa na sua execução, por acordo ou
ARTIGO 30.º
juntamente com outro ou outros; (Exclusão da ilicitude)
d) Determinar, dolosamente, outra pessoa à prática 1. O facto não é punível quando a sua ilicitude for
do facto, desde que haja execução ou começo excluída pela ordem jurídica considerada na sua totalidade.
de execução. 2. Não é ilícito o facto praticado nos seguintes casos:
a) Em legítima defesa;
ARTIGO 25.º
b) No exercício de um direito;
(Cumplicidade)
c) No cumprimento de um dever imposto por lei ou
1. É punível como cúmplice quem, fora dos casos previs- por ordem legítima de autoridade;
tos no artigo anterior, prestar, directa e dolosamente, auxílio d) Com o consentimento do titular do interesse jurí-
material ou moral à prática por outrem de um facto doloso. dico lesado.
e DSOLFiYHO DR F~PSOLFH D SHQD ¿[DGD SDUD R DXWRU ARTIGO 31.º
(Legítima defesa)
especialmente atenuada.
ARTIGO 26.º
1. Constitui legítima defesa o facto praticado como meio
(Ilicitude na comparticipação) necessário para repelir a agressão actual e ilícita de interes-
ses juridicamente protegidos do agente ou de terceiro.
1. As qualidades ou as relações especiais do agente, de
2. Se houver excesso dos meios empregados em legítima
FXMDYHUL¿FDomRGHSHQGHUDLOLFLWXGHGRIDFWRFRPXQLFDPVH
defesa o facto é ilícito, mas a pena pode ser especialmente
aos demais comparticipantes para efeito de determinação da
atenuada.
pena que lhes é aplicável, salvo se outra for a intenção da lei
ARTIGO 32.º
ou coisa diferente resultar da natureza do crime. (Estado de necessidade)
2. A comunicação referida no número anterior não se Não é ilícito o facto praticado como meio adequado
YHUL¿FDGRF~PSOLFHSDUDRDXWRU para afastar um perigo actual que ameace interesses juri-
ARTIGO 27.º dicamente protegidos do agente ou de terceiro, quando se
(Culpa na comparticipação) YHUL¿TXHPRVVHJXLQWHVUHTXLVLWRV
Cada comparticipante é punido segundo a sua culpa, a) Não ter sido voluntariamente criada pelo agente a
independentemente da punição ou grau de culpa dos outros situação de perigo, salvo tratando-se de proteger
comparticipantes. o interesse de terceiro;
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2. Os deveres impostos não podem em caso algum repre- 2. A revogação determina o cumprimento da pena de pri-
sentar para o condenado obrigações cujo cumprimento não VmR¿[DGDQDVHQWHQoDVHPTXHRFRQGHQDGRSRVVDH[LJLUD
seja razoavelmente de lhe exigir. restituição de prestações que haja efectuado.
2V GHYHUHV LPSRVWRV SRGHP VHU PRGL¿FDGRV DWp DR ARTIGO 55.º
termo do período de suspensão sempre que ocorrerem cir- (Extinção da pena)
cunstâncias relevantes supervenientes ou de que o Tribunal 1. A pena é declarada extinta se, decorrido o período da
só posteriormente tiver tido conhecimento. sua suspensão, não houver motivos que possam conduzir à
ARTIGO 52.º sua revogação.
(Regras de conduta) 6H¿QGRRSHUtRGRGDVXVSHQVmRVHHQFRQWUDUSHQGHQWH
1. O Tribunal pode impor ao condenado o cumprimento, o processo por crime que possa determinar a sua revogação
pelo tempo de duração da suspensão, de regras de conduta ou incidente por falta de cumprimento dos deveres ou das
destinadas a facilitar a sua reintegração na sociedade. regras de conduta, a pena só é declarada extinta quando o
2. O Tribunal pode impor ao condenado o seguinte: SURFHVVRRXRLQFLGHQWH¿QGDUHPHQmRKRXYHUOXJDUjUHYR-
a)1mRH[HUFHUGHWHUPLQDGDVSUR¿VV}HV gação ou à prorrogação do período de suspensão.
b) Não frequentar certos meios ou lugares;
SECÇÃO III
c) Não residir em certos lugares ou regiões; Prestação de Trabalho a Favor da Comunidade e Admoestação
d) Não acompanhar, alojar ou receber determinadas
pessoas; ARTIGO 56.º
(Prestação de trabalho a favor da comunidade)
e) Não contactar nem se aproximar da vítima;
f) Não frequentar certas associações ou não participar 1. Se ao agente for aplicada pena de prisão em medida
em determinadas reuniões; não superior a 1 ano, o Tribunal substitui essa pena por
g) Não ter em seu poder objectos capazes de facilitar prestação de trabalho a favor da comunidade sempre que
a prática de crimes; concluir que, por este meio, se realizam de forma adequada
h) Apresentação periódica perante o Tribunal ou auto- HVX¿FLHQWHDV¿QDOLGDGHVGDSXQLomR
ridade judiciária indicada por este. 2. A prestação de trabalho a favor da comunidade con-
3. O Tribunal pode ainda, obtido o consentimento pré- siste na prestação de serviços gratuitos ao Estado, a outras
vio do condenado, determinar a sujeição deste a tratamento pessoas colectivas de direito público, ou ainda, a instituições
médico ou a cura em instituição adequada. particulares de solidariedade social.
4. É correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 2 $SUHVWDomRGHWUDEDOKRp¿[DGDHQWUHHKRUDV
e 3 do artigo anterior. podendo aquela ser cumprida em dias úteis, aos sábados,
ARTIGO 53.º domingos e feriados.
(Falta de cumprimento das condições da suspensão)
4. A duração dos períodos de trabalho não pode prejudicar
Se durante o período da suspensão, o condenado, culpo- a jornada normal de trabalho, nem exceder, por dia, o permi-
samente, deixar de cumprir qualquer dos deveres ou regras tido segundo o regime de horas extraordinárias aplicável.
de conduta impostos, pode o Tribunal:
ARTIGO 57.º
a) Fazer uma advertência; (Suspensão, revogação, extinção e substituição)
b) Exigir garantias de cumprimento das obrigações
1. A prestação de trabalho a favor da comunidade pode
que condicionam a suspensão;
c) Impor novos deveres ou regras de conduta, ou ser suspensa por motivo grave de ordem médica, familiar,
introduzir exigências acrescidas no plano de SUR¿VVLRQDO VRFLDO RX RXWUD QmR SRGHQGR QR HQWDQWR R
readaptação; tempo de execução da pena ultrapassar 18 meses.
d) Prorrogar o período de suspensão até metade do 2. O Tribunal revoga a pena de prestação de trabalho a
SUD]RLQLFLDOPHQWH¿[DGRPDVQmRSRUPHQRVGH favor da comunidade e ordena o cumprimento da pena de pri-
1 ano nem por forma a exceder o prazo máximo são determinada na sentença se o agente, após a condenação:
de suspensão previsto no n.º 5 do artigo 50.º a) Se colocar intencionalmente em condições de não
ARTIGO 54.º poder trabalhar;
(Revogação da suspensão) b) Se recusar, sem justa causa, a prestar trabalho ou
1. A suspensão da execução da pena de prisão é revogada infringir, grosseiramente, os deveres decorrentes
sempre que, no seu decurso, o condenado: da pena a que foi condenado;
a) Infringir, grosseira ou repetidamente, os deveres c) Cometer crime pelo qual venha a ser condenado e
ou regras de conduta impostos; UHYHODUTXHDV¿QDOLGDGHVGDSHQDGHSUHVWDomR
b) Cometer crime pelo qual venha a ser condenado e de trabalho a favor da comunidade não puderam,
UHYHODUTXHDV¿QDOLGDGHVTXHHVWDYDPQDEDVH por meio dela, ser alcançadas.
da suspensão não puderam, por meio dela, ser 3. É correspondentemente aplicável o disposto no
alcançadas. artigo 54.º
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4. Nos casos previstos no n.º 2, se o condenado tiver de b) A libertação se revelar compatível com a defesa da
cumprir a pena de prisão, mas houver já prestado trabalho a ordem jurídica e da paz social.
favor da comunidade, o Tribunal faz, no tempo de prisão a 3. O Tribunal coloca o condenado a prisão em liberdade
cumprir, o desconto que lhe parecer equitativo. condicional quando se encontrarem cumpridos dois terços da
5. Se a prestação de trabalho a favor da comunidade for pena e, no mínimo, 6 meses, desde que se comprove preen-
considerada satisfatória, pode o Tribunal declarar extinta a chido o requisito constante da alínea a) do número anterior.
pena não inferior a 72 horas, uma vez cumpridos dois ter- 4. Tratando-se de condenação a pena de prisão superior
ços da pena.
a 5 anos pela prática de crime contra as pessoas ou de crime
6. Quando o agente não puder prestar o trabalho a que foi
de perigo comum, a liberdade condicional apenas pode ter
condenado por causa que lhe não seja imputável, o Tribunal,
lugar quando se encontrarem cumpridos dois terços da pena
conforme o que se revelar mais adequado à realização da
¿QDOLGDGHGDSXQLomR HXPDYH]YHUL¿FDGRVRVUHTXLVLWRVGDVDOtQHDVDHEGR
a)6XEVWLWXLDSHQDGHSULVmR¿[DGDQDVHQWHQoDSRU n.º 2.
multa até 120 dias, aplicando-se corresponden- 5. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, o
temente o disposto no n.º 2 do artigo 47.º; condenado a pena de prisão superior a 6 anos pode ser colo-
b) Suspende a execução da pena de prisão determi- cado em liberdade condicional logo que houver cumprido
QDGDQDVHQWHQoDSRUXPSHUtRGRTXH¿[DHQWUH cinco sextos da pena.
1 e 3 anos, subordinando-a, nos termos dos 6. Em qualquer das modalidades, a liberdade condicional
artigos 51.º e 52.º, ao cumprimento de deveres tem uma duração igual ao tempo de prisão que falte cumprir,
ou regras de conduta adequados. mas nunca superior a 5 anos.
ARTIGO 58.º ARTIGO 60.º
(Admoestação judicial) (Liberdade condicional em caso de execução
1. Se ao agente for aplicada pena de multa em medida sucessiva de várias penas)
não superior a 120 dias, pode o Tribunal limitar-se a proferir 1. Se houver lugar à execução de várias penas de pri-
uma admoestação judicial. são, a execução da pena que deva ser cumprida em primeiro
2. A admoestação judicial consiste numa solene censura lugar é interrompida:
oral feita ao agente, em audiência, pelo Tribunal. a) Quando se encontrar cumprida metade da pena, no
3. Em regra, a admoestação judicial não é aplicada se o caso do n.º 2 do artigo anterior;
agente, nos 3 anos anteriores ao facto, tiver sido condenado
b) Quando se encontrarem cumpridos dois terços da
em qualquer pena, incluída a de admoestação judicial.
pena, nos casos do n.º 4 do artigo anterior.
4. A admoestação judicial só tem lugar se o dano tiver
2. Nos casos previstos no número anterior, o Tribunal
sido reparado e o Tribunal concluir que, por aquele meio,
VH UHDOL]DP GH IRUPD DGHTXDGD H VX¿FLHQWH DV ¿QDOLGDGHV decide sobre a liberdade condicional no momento em que
da punição. possa fazê-lo, de forma simultânea, relativamente à totali-
5. Sempre que o Tribunal entenda que a presença dos dade das penas.
pais, de outros membros da família do arguido ou de outras 3. Se a soma das penas que devam ser cumpridas suces-
SHVVRDVpQHFHVViULDSDUDFRQFHGHUH¿FiFLDjDGPRHVWDomR sivamente exceder 6 anos de prisão, o Tribunal coloca o
judicial, deve convocá-los para a audiência a que se refere condenado em liberdade condicional, se dela não tiver antes
o n.º 2. aproveitado, logo que se encontrarem cumpridos cinco sex-
SECÇÃO IV tos da soma das penas.
Liberdade Condicional 4. O disposto nos números anteriores não é aplicável ao
ARTIGO 59.º caso em que a execução da pena resultar de revogação da
(Pressupostos e duração) liberdade condicional.
1. A aplicação da liberdade condicional depende sempre ARTIGO 61.º
do consentimento do condenado. (Regime)
3. Relativamente à pena de prisão que vier a ser cumprida, 4. Cessa o disposto nos n.os 1 e 2 quando, pelo mesmo
pode ter lugar a concessão de nova liberdade condicional facto, tiver lugar a aplicação de medida de segurança de
nos termos do artigo 59.º interdição de actividade, nos termos do artigo 110.º
ARTIGO 63.º 5. Sempre que o titular de cargo público, funcionário
(Inadmissibilidade de liberdade condicional)
público ou agente da Administração Pública for condenado
1. Não admitem liberdade condicional os seguintes pela prática de crime, o Tribunal comunica a condenação à
crimes: autoridade de que depende.
a) Genocídio;
ARTIGO 65.º
b) Crimes contra a humanidade; (Suspensão do exercício de função)
c)+RPLFtGLRTXDOL¿FDGR 2DUJXLGRGH¿QLWLYDPHQWHFRQGHQDGRDSHQDGHSULVmR
d) Crimes sexuais contra menores de 14 anos. que não for demitido disciplinarmente de função pública que
2. Não admitem, igualmente, liberdade condicional os desempenhe, incorre na suspensão da função enquanto durar
seguintes crimes contra a segurança do Estado: o cumprimento da pena.
a) Atentado à vida do Presidente da República, de 2. À suspensão prevista no número anterior ligam-se os
Titulares de Órgãos de Soberania, do Vice- efeitos que, de acordo com a legislação respectiva, acom-
-Presidente da República e do Procurador Geral panham a sanção disciplinar de suspensão do exercício de
da República; funções.
b) Alta traição; 3. O disposto nos números anteriores é correspondente-
c) Crimes de terrorismo, punidos com pena de prisão PHQWH DSOLFiYHO D SUR¿VV}HV RX DFWLYLGDGHV FXMR H[HUFtFLR
igual ou superior a 8 anos; depender de título público ou de autorização ou homologa-
d) Rebelião armada, punida com pena de prisão igual ção da autoridade pública.
ou superior a 15 anos; ARTIGO 66.º
e) Sabotagem, punida com pena de prisão igual ou (Efeitos da proibição e da suspensão do exercício de função)
superior a 10 anos, que perigue a integridade 1. Salvo disposição em contrário, a proibição e a sus-
territorial ou a independência do País; pensão do exercício de função pública determinam a perda
f) Espionagem, punido com pena de prisão igual ou dos direitos e regalias atribuídos ao titular, funcionário ou
superior a 16 anos. agente, pelo tempo correspondente.
2. A proibição de exercício de função pública não impos-
CAPÍTULO III sibilita o titular, funcionário ou agente de ser nomeado para
Penas Acessórias cargo ou função que possa ser exercido sem a dignidade e a
ARTIGO 64.º FRQ¿DQoDTXHRFDUJRRXDIXQomRDQWHULRUH[LJLD
(Proibição do exercício de cargo ou função) 3. O disposto nos números anteriores é correspondente-
1. O titular de cargo público, funcionário público ou PHQWH DSOLFiYHO D SUR¿VV}HV RX DFWLYLGDGHV FXMR H[HUFtFLR
agente da Administração Pública que, no exercício da acti- depender de título público ou de autorização ou homologa-
vidade para que foi eleito ou nomeado, cometer crime e for ção da autoridade pública.
condenado com pena de prisão superior a 3 anos, é também ARTIGO 67.º
proibido do exercício daquelas funções por um período de (Proibição de conduzir veículos motorizados)
até 3 anos quando o facto: 1. É condenado na proibição de conduzir veículos moto-
a) )RU SUDWLFDGR FRP ÀDJUDQWH H JUDYH DEXVR GD UL]DGRVSRUXPSHUtRGR¿[DGRHQWUHPrVHDQRVTXHP
função ou com manifesta e grave violação dos for punido:
deveres que lhe são inerentes; a) Por crime cometido no exercício daquela condução
b) Revelar falta de dignidade no exercício do cargo com violação das regras do trânsito rodoviário
ou da função; TXDOL¿FDGDVSRUOHLFRPRFRQWUDYHQomRJUDYHRX
c),PSOLFDUDSHUGDGDFRQ¿DQoDQHFHVViULDDRH[HUFt- muito grave;
cio de cargo ou função. b) Por crime doloso cometido com utilização de
2. O disposto no número anterior é correspondentemente veículo motorizado sempre que essa utilização
DSOLFiYHOjVSUR¿VV}HVRXDFWLYLGDGHVFXMRH[HUFtFLRGHSHQ- tiver facilitado de forma relevante a execução do
der de título público ou de autorização ou homologação da crime.
autoridade pública. 2. A proibição produz efeito a partir do trânsito em jul-
3. Não conta para o prazo de proibição o tempo em que gado da decisão e pode abranger a condução de veículos
o agente estiver privado da liberdade por força de medida de motorizados de qualquer categoria ou de uma categoria
coacção processual, pena ou medida de segurança. determinada.
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3. A proibição é comunicada aos serviços competentes e GmR HVWUDQJHLUR SRVVXLU F{QMXJH DQJRODQR RX ¿OKR GHOH
implica para o condenado que for titular de licença de con- GHSHQGHQWH HFRQRPLFDPHQWH VHP SUHMXt]R GD ¿[DomR GH
dução a obrigação de a entregar, na Secretaria do Tribunal alimentos para os que deles necessitem, nos termos da lei.
ou em qualquer posto policial que, sem demora, a deve 8. Ao refugiado aplica-se sempre o tratamento mais
remeter àquela Secretaria; favorável que resulte da lei ou de acordo internacional de
4. Se a licença tiver sido emitida em país estrangeiro, que a República de Angola seja parte.
com validade internacional, a entrega é substituída por ano- 9. A expulsão de refugiado não se pode operar para país
onde possa ser perseguido por razões políticas, raciais, reli-
tação, na referida licença, da proibição decretada.
giosas ou corra perigo de vida.
5. Se, no caso do número anterior, a anotação não puder
10. A expulsão do território nacional não prejudica a
ser feita, o Tribunal remete a licença à entidade que a emitiu,
responsabilidade civil ou criminal em que o cidadão estran-
informando-a da proibição.
geiro tenha incorrido.
6. Não conta para o prazo da proibição o tempo em que 11. A ordem de expulsão deve ser comunicada às autori-
o agente estiver privado da liberdade por força de medida de dades competentes do país para onde o cidadão estrangeiro
coacção processual, pena ou medida de segurança. vai ser expulso.
7. Cessa o disposto no n.º 1 quando, pelo mesmo facto, 12. Compete ao Serviço de Migração e Estrangeiros, em
tiver lugar a aplicação da cassação da licença ou interdição coordenação com as autoridades policiais, a execução da
da respectiva concessão, nos termos dos artigos 111.º e 112.º sentença de expulsão proferida pelos tribunais.
ARTIGO 68.º 13. Salvo disposição legal em contrário, a pena de expul-
(Expulsão do território nacional) são do território nacional pode ser executada em qualquer
1. A pena acessória de expulsão pode ser aplicada ao momento do cumprimento da pena.
cidadão estrangeiro não residente no País, condenado por
CAPÍTULO IV
crime doloso em pena superior a seis meses de prisão efec-
Escolha e Medida da Pena
tiva ou em pena de multa em alternativa à pena de prisão
superior a seis meses. SECÇÃO I
Regras Gerais
2. A mesma pena pode ser imposta a um cidadão estran-
geiro residente no País, condenado por crime doloso em ARTIGO 69.º
pena superior a um ano de prisão, devendo, porém, ter-se (Critério de escolha da pena)
em conta, na sua aplicação, a gravidade dos factos pratica- Se ao crime forem aplicáveis, em alternativa, pena pri-
dos pelo arguido, a sua personalidade, eventual reincidência, vativa e pena não privativa da liberdade, o Tribunal dá
o grau de inserção na vida social, a prevenção especial e o preferência à segunda, sempre que esta realizar de forma
tempo de residência em Angola. DGHTXDGDHVX¿FLHQWHDV¿QDOLGDGHVGDSXQLomR
3. Sem prejuízo do disposto no número anterior, a pena ARTIGO 70.º
acessória de expulsão só pode ser aplicada ao cidadão (Determinação da medida da pena)
estrangeiro com residência permanente, quando a sua con- 1. A determinação da medida da pena, dentro dos limi-
duta constitua perigo ou ameaça grave para a ordem pública, WHV¿[DGRVQDOHLpIHLWDHPIXQomRGDFXOSDGRDJHQWHHGDV
a segurança ou a defesa nacional. exigências da prevenção.
4. Sendo decretada a pena acessória de expulsão, o Juiz 2. Na determinação da medida concreta da pena o
de Execução de Penas ordena a sua execução logo que 7ULEXQDODWHQGHDWRGDVDVFLUFXQVWkQFLDVQmRPRGL¿FDWLYDV
cumpridos: considerando, nomeadamente:
a) Metade da pena, nos casos de condenação em pena a) O grau de ilicitude do facto, o modo de execução
igual ou inferior a cinco anos de prisão; deste e a gravidade das suas consequências, bem
b) Dois terços da pena, nos casos de condenação em como o grau de violação dos deveres impostos
pena superior a cinco anos de prisão. ao agente;
5. O Juiz de Execução de Penas pode, sob proposta fun- b) A intensidade do dolo ou da negligência;
damentada do Director do Estabelecimento Prisional, e sem c) Os sentimentos manifestados no cometimento do
oposição do condenado, decidir a antecipação da execução FULPHHRV¿QVRXPRWLYRVTXHRGHWHUPLQDUDP
da pena acessória de expulsão logo que cumprido um terço d) As condições pessoais do agente e a sua situação
da pena, nos casos de condenação em pena igual ou inferior económica;
a cinco anos de prisão e desde que esteja assegurado o cum- e) A conduta anterior ao facto e a posterior a este,
primento do remanescente da pena no país de destino. especialmente quando esta seja destinada a repa-
6. A expulsão é efectuada, fazendo regressar o cidadão rar as consequências do crime;
estrangeiro ao país de origem ou de residência habitual. f) A falta de preparação para manter uma conduta
7. Não constitui impedimento da execução da medida lícita, manifestada no facto, quando essa falta
de expulsão determinada judicialmente, o facto do cida- deva ser censurada através da aplicação da pena.
5382 DIÁRIO DA REPÚBLICA
3. As circunstâncias a que se refere o número anterior c) Ter havido actos demonstrativos de arrependimento
são agravantes quando depõem contra o agente e atenuantes sincero do agente, nomeadamente a reparação,
quando depõem em seu favor. até onde lhe era possível, dos danos causados;
4. Na sentença são expressamente referidos os funda- d) Ter decorrido muito tempo sobre a prática do
mentos da medida da pena. crime, mantendo o agente boa conduta;
ARTIGO 71.º e) Ter o agente prestado relevantes serviços à socie-
(Circunstâncias relevantes para a determinação da medida da pena)
dade;
1. Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo ante- f) Ter a conduta sido baseada em valores culturais,
rior, são unicamente circunstâncias agravantes, ter o agente usos e costumes, desde que não sejam contrários
cometido o crime: à Constituição nem atentem contra a dignidade
a) Por motivo fútil;
da pessoa humana;
b) Mediante recompensa, remuneração ou sua pro-
g) Quaisquer outras circunstâncias atenuantes que
messa;
precedam, acompanhem ou sigam o crime.
c) Por discriminação em razão da raça, cor, etnia,
ARTIGO 72.º
do local de nascimento, do sexo, da orientação
&LUFXQVWkQFLDVPRGL¿FDWLYDVHFRQFXUVR
VH[XDOGRHQoDRXGH¿FLrQFLDItVLFDRXSVtTXLFD
da crença ou religião, de convicções políticas ou 6mR FLUFXQVWkQFLDV PRGL¿FDWLYDV DV TXH DOWHUDP D
ideológicas, da condição ou origem social ou de medida legal da pena aplicável ao crime em relação ao qual
quaisquer outras formas de discriminação; VHYHUL¿FDP
d) Para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, 2. Concorrendo no mesmo crime duas ou mais circuns-
a impunidade ou a vantagem de outro crime; WkQFLDVPRGL¿FDWLYDVFRPXQVRXHVSHFLDLVVyDPDLVJUDYH
e) Com traição, emboscada, aleivosia ou qualquer ou uma só delas, se forem de igual gravidade, pode ser con-
outra fraude; siderada como tal, funcionando a restante ou restantes como
f) Com veneno, incêndio, explosivo, tortura ou qual- circunstâncias que apenas relevam na determinação da
quer meio cruel ou de que podia resultar perigo
medida concreta da pena.
comum;
ARTIGO 73.º
g) Contra ascendentes, descendentes, parentes até ao (Atenuação especial da pena)
WHUFHLURJUDXGDOLQKDFRODWHUDORXD¿QVF{QMXJH
ou pessoa em situação análoga; 1. O Tribunal atenua especialmente a pena, para além
h) Com abuso de autoridade ou prevalecendo-se o dos casos especialmente previstos na lei, quando existirem
agente de relações domésticas, de coabitação ou circunstâncias anteriores, contemporâneas ou posteriores
de hospitalidade; ao crime, que diminuam de forma acentuada a ilicitude do
i) Com abuso de poder ou violação de dever inerente facto, a culpa do agente ou a necessidade da pena.
DFDUJRRItFLRSUR¿VVmRRXDFWLYLGDGH 2. Só pode ser tomada em conta uma única vez a circuns-
j) Contra criança, idoso ou mulher grávida; tância que, por si mesma ou conjuntamente com outras, der
k) Com a comparticipação de criança; lugar simultaneamente a uma atenuação especialmente pre-
l) Quando o ofendido estava sob imediata protecção
vista na lei e à estabelecida neste artigo.
da autoridade;
ARTIGO 74.º
m) Em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação, (Termos da atenuação especial)
qualquer calamidade pública ou desgraça parti-
1. Sempre que houver lugar à atenuação especial da
cular do ofendido;
pena, observa-se o seguinte relativamente aos limites da
n) Com a participação de uma ou mais pessoas;
pena aplicável:
o) De noite ou em lugar ermo;
p) Com superioridade de arma. a) O limite máximo da pena de prisão é reduzido em
2. São circunstâncias atenuantes as que diminuírem a ili- um terço;
citude do facto, a culpa do agente ou a necessidade da pena, b) O limite mínimo da pena de prisão é reduzido a
nomeadamente: um quinto, se for igual ou superior a 3 anos, e ao
a) 7HU R DJHQWH DFWXDGR VRE LQÀXrQFLD GH DPHDoD mínimo legal, se for inferior;
grave de ascendente, de pessoa de quem dependa c) O limite máximo da pena de multa é reduzido
ou de quem deva obediência; em um terço e o limite mínimo é reduzido ao
b) Ter sido a conduta do agente determinada por mínimo legal;
motivo honroso, por forte tentação ou solicita- d) Se o limite máximo da pena de prisão não for supe-
ção da própria vítima ou por provocação injusta rior a 3 anos, pode a mesma ser substituída por
ou ofensa imerecida; multa, dentro dos limites gerais.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5383
1. Quando o crime for punível com pena de prisão não 1. Quando alguém tiver praticado vários crimes antes de
ter transitado em julgado, a condenação por qualquer deles é
superior a 6 meses, ou com multa não superior a 120 dias,
condenado numa pena única.
pode o Tribunal declarar o arguido culpado, mas não aplicar
2. A pena única aplicável tem como limite máximo a
qualquer pena, se:
soma das penas concretamente aplicadas aos vários crimes,
a) A ilicitude do facto e a culpa do agente forem não podendo ultrapassar os 35 anos, tratando-se de pena de
diminutas; prisão e 900 dias, tratando-se de pena de multa.
b) O dano tiver sido reparado; 3. A pena aplicável tem como limite mínimo a mais ele-
c) À dispensa de pena não se opuserem razões de vada das penas concretamente aplicadas aos vários crimes.
prevenção. 4. Na medida da pena são considerados, em conjunto, os
2. Se o juiz tiver razões para crer que a reparação do dano factos e a personalidade do agente.
HVWiHPYLDVGHVHYHUL¿FDUSRGHDGLDUDVHQWHQoDSDUDUHD- 5. Se as penas aplicadas aos crimes em concurso forem
preciação do caso dentro de 1 ano, em dia que, desde logo, umas de prisão e outras de multa, a diferente natureza destas
deve marcar. mantém-se na pena única resultante da aplicação dos crité-
3. Quando uma outra norma admitir, com carácter facul- rios estabelecidos nos números anteriores.
tativo, a dispensa de pena, esta só tem lugar se no caso se 6. As penas acessórias e as medidas de segurança são
sempre aplicadas ao agente, ainda que previstas por uma só
YHUL¿FDUHPRVUHTXLVLWRVFRQWLGRVQDVDOtQHDVGRQ
das leis aplicáveis.
SECÇÃO II
Reincidência ARTIGO 79.º
(Conhecimento superveniente do concurso)
ARTIGO 76.º 1. Se, depois de uma condenação transitada em julgado,
(Pressupostos da reincidência)
mas antes de a respectiva pena estar cumprida, prescrita
1. É punido como reincidente quem, por si só ou sob qual- ou extinta, se mostrar que o agente praticou, anteriormente
quer forma de comparticipação, cometer um crime doloso àquela condenação, outro ou outros crimes, são aplicáveis as
punível com pena de prisão superior a 1 ano, depois de ter regras do artigo anterior.
sido condenado por sentença transitada em julgado em pena 2. O disposto no número anterior é ainda aplicável no
de prisão efectiva superior a 1 ano por outro crime doloso, caso de todos os crimes terem sido objecto separadamente
se, de acordo com as circunstâncias do caso, o agente for de de condenações transitadas em julgado.
censurar por a condenação ou condenações anteriores não 3. As penas acessórias e as medidas de segurança apli-
OKHWHUHPVHUYLGRGHVX¿FLHQWHDGYHUWrQFLDFRQWUDRFULPH cadas na sentença anterior mantêm-se, salvo quando se
2. O crime anterior por que o agente tenha sido conde- mostrarem desnecessárias em vista da nova decisão.
nado não releva para a reincidência se entre a sua prática e 4. Se forem aplicáveis apenas ao crime que falta apreciar
a do crime seguinte tiverem decorrido mais de 6 anos, não as penas acessórias e as medidas de segurança referidas no
n.º 3, só são decretadas se ainda forem necessárias em face
sendo computado, neste prazo, o tempo durante o qual o
da decisão anterior.
agente tenha cumprido medida processual, pena ou medida
ARTIGO 80.º
de segurança privativas da liberdade. (Punição do crime continuado)
3. As condenações proferidas por tribunais estrangeiros
O crime continuado é punível com a pena aplicável à
contam para a reincidência nos termos dos números anterio-
conduta mais grave que integra a continuação.
res, desde que o facto constitua crime segundo a lei angolana.
SECÇÃO IV
4. A prescrição da pena, o perdão genérico e o indulto Desconto
QmRREVWDPjYHUL¿FDomRGDUHLQFLGrQFLD
ARTIGO 81.º
ARTIGO 77.º (Medidas processuais)
(Efeitos da reincidência)
1. A privação da liberdade, nomeadamente a prisão pre-
1. Em caso de reincidência, o limite mínimo da pena ventiva aplicada ao arguido no processo em que vier a ser
aplicável ao crime é elevado de um terço e o limite máximo condenado, é descontada por inteiro no cumprimento da
permanece inalterado. pena de prisão que lhe for aplicada.
2. A agravação referida no número anterior não pode 2. Se for aplicada pena de multa, a privação da liberdade
exceder a medida da pena mais grave aplicada nas conde- prevista no número anterior é descontada à razão de 1 dia
nações anteriores. por, pelo menos, 1 dia de multa.
5384 DIÁRIO DA REPÚBLICA
1. A pena de prisão efectiva pela prática de crime doloso, A pena de prisão efectiva aplicada a um alcoólico ou
superior a 2 anos, é prorrogada por dois períodos sucessivos pessoa com tendência para abusar de bebidas alcoólicas é
de 3 anos, se: prorrogada por dois períodos sucessivos de três anos se:
a) O agente tiver cometido anteriormente dois ou a) O agente tiver cometido anteriormente crime a que
mais crimes dolosos, a cada um dos quais tenha tenha sido aplicada também prisão efectiva;
sido aplicada prisão efectiva também por mais b) Os crimes tiverem sido praticados em estado de
de 2 anos; embriaguez ou estiverem relacionados com o
b) Ao expirar da pena ou da primeira prorrogação alcoolismo ou com a tendência do agente;
for fundadamente de esperar, atendendo às cir-
c) A prorrogação for necessária para eliminar o alcoo-
cunstâncias do caso, à vida anterior do agente,
lismo do agente ou combater a sua tendência
à sua personalidade e à evolução desta durante a
para abusar de bebidas alcoólicas.
execução da prisão, que o condenado, uma vez
ARTIGO 88.º
em liberdade, não conduzirá a sua vida de modo
(Abuso de estupefacientes)
socialmente responsável, sem cometer crimes.
2. Qualquer crime anterior deixa de ser tomado em O disposto no artigo 87.º é correspondentemente aplicá-
conta, para efeito do disposto no n.º 1, quando entre a sua vel aos agentes que abusarem de estupefacientes.
prática e a do crime seguinte tiverem decorrido mais de 5 SECÇÃO III
Disposição Comum
anos, não sendo computado neste prazo o período durante o
qual o agente cumpriu medida processual, pena de prisão ou ARTIGO 89.º
medida de segurança privativas da liberdade. (Liberdade condicional)
3. São tomados em conta, nos termos dos números É aplicável, aos casos sujeitos à prorrogação da pena, o
anteriores, os factos julgados fora de Angola que tiverem disposto nos artigos 59.º a 63.º
conduzido à aplicação de prisão efectiva por mais de 2
CAPÍTULO VI
anos, desde que a eles seja aplicável, segundo a Lei Penal
Penas Aplicáveis a Pessoas Colectivas
Angolana, pena de prisão superior a 2 anos.
ARTIGO 85.º SECÇÃO I
(Outros casos de prorrogação da pena) Penas Principais
quer pena, incluída a de admoestação judicial e o Tribunal no geral, para as funções de prevenção e repressão do crime,
concluir que, por aquele meio, se realizam de forma ade- o Tribunal determina a publicação da sentença condenatória.
TXDGDHVX¿FLHQWHDV¿QDOLGDGHVGDSXQLomR 2. A publicidade da decisão condenatória é efectivada a
2. A admoestação judicial consiste numa solene censura expensas do condenado, em meio de comunicação social a
oral feita em audiência, pelo Tribunal, ao representante legal GHWHUPLQDUSHOR7ULEXQDOEHPFRPRDWUDYpVGDD¿[DomRGH
da pessoa colectiva ou entidade equiparada ou, na sua falta, edital, por período não inferior a 30 dias, no próprio estabe-
a outra pessoa que nela ocupe uma posição de liderança. lecimento comercial ou industrial ou no local de exercício
ARTIGO 91.º da actividade, por forma bem visível ao público.
(Pena de multa para as pessoas colectivas) 3. Sem prejuízo do disposto no número anterior, o
$SHQDGHPXOWDp¿[DGDHPGLDVVHQGRHPUHJUDR Tribunal pode determinar a publicidade da decisão condena-
limite mínimo de 10 dias e o máximo de 360. tória por recurso a meios ou mecanismos melhor adequados
2. Cada dia de multa corresponde a uma quantia entre para a cautela dos efeitos subjacentes à condenação.
114 Unidades de Referência Processual e 113.636 Unidades 4. A publicidade da decisão condenatória é feita por
GH5HIHUrQFLD3URFHVVXDOTXHR7ULEXQDO¿[DHPIXQomRGD extracto, de que constam os elementos da infracção e as
VLWXDomR HFRQyPLFD H ¿QDQFHLUD GD SHVVRD FROHFWLYD GDV VDQo}HV DSOLFDGDV EHP FRPR D LGHQWL¿FDomR GDV SHVVRDV
consequências do acto e dos seus encargos com os trabalha- colectivas ou entidades equiparadas.
GRUHVHTXDQGRVHMXVWL¿FDUDSOLFDPVHDVVHJXLQWHVUHJUDV ARTIGO 94.º
a) O Tribunal pode autorizar o pagamento da multa (Caução de boa conduta)
dentro de um prazo que não exceda um ano, 1. Se à pessoa colectiva ou entidade equiparada dever
ou permitir o pagamento em prestações, não ser aplicada pena de multa em medida não superior a 120 dias,
podendo a última delas ir além dos dois anos pode o Tribunal substituí-la por caução de boa conduta,
subsequentes à data do trânsito em julgado da entre 1.136 Unidades de Referência Processual e 1 136 364
condenação; Unidades de Referência Processual, pelo prazo de um a
b) Dentro dos limites referidos na alínea anterior e cinco anos.
TXDQGR PRWLYRV VXSHUYHQLHQWHV R MXVWL¿FDUHP 2. A caução é declarada perdida a favor do Estado se a
os prazos de pagamento inicialmente estabeleci- pessoa colectiva ou entidade equiparada praticar novo crime
dos podem ser alterados; pelo qual venha a ser condenada no decurso do prazo, sendo-
c) A falta de pagamento de uma das prestações -lhe restituída no caso contrário.
importa o vencimento de todas. 3. A caução pode ser prestada por meio de depósito,
d) Findo o prazo de pagamento da multa ou de alguma SHQKRUKLSRWHFD¿DQoDEDQFiULDRX¿DQoD
das suas prestações sem que o pagamento esteja 4. O Tribunal revoga a pena de caução de boa conduta
efectuado, procede-se à execução do património e ordena o cumprimento da pena de multa determinada na
da pessoa colectiva ou entidade equiparada. sentença se a pessoa colectiva ou entidade equiparada não
e) A multa que não for voluntária ou coercivamente SUHVWDUDFDXomRQRSUD]R¿[DGR
paga não pode ser convertida em prisão subsi- ARTIGO 95.º
(Injunção judicial)
diária.
ARTIGO 92.º 1. O Tribunal pode ordenar à pessoa colectiva ou entidade
(Pena de dissolução) equiparada que adopte certas providências, designadamente
A pena de dissolução é decretada pelo Tribunal quando as que forem necessárias para cessar a actividade ilícita ou
a pessoa colectiva ou entidade equiparada tiver sido criada evitar as suas consequências.
com a intenção exclusiva ou predominante de praticar os cri- 2. O Tribunal determina o prazo em que a injunção deve
mes indicados na presente Lei ou quando a prática reiterada ser cumprida a partir do trânsito em julgado da sentença.
de tais crimes mostre que a pessoa colectiva ou entidade ARTIGO 96.º
equiparada está a ser utilizada, exclusiva ou predominante- (Proibição de celebrar contratos)
mente, para esse efeito, por quem nela ocupe uma posição A proibição de celebrar certos contratos ou contratos
de liderança. com determinadas entidades é aplicável, pelo prazo de 1 a 5
SECÇÃO II anos, à pessoa colectiva ou entidade equiparada.
Penas Acessórias
ARTIGO 97.º
(Privação do direito a subsídios, subvenções ou incentivos)
ARTIGO 93.º
(Publicidade da decisão condenatória) A privação do direito a subsídios, subvenções ou incen-
1. Sempre que necessário para o efeito útil da pena apli- tivos outorgados pelo Estado e demais pessoas colectivas
cada, para a reparação do dano causado pelo crime, para a públicas é aplicável, pelo prazo de 1 a 5 anos, à pessoa
tutela dos bens e interesses afectados pela norma violada, e colectiva ou entidade equiparada.
5386 DIÁRIO DA REPÚBLICA
correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 3 e 4 do 1. Quando o agente não for declarado inimputável e for
artigo 67.º condenado em prisão, mas se mostrar que, em virtude de
6H R DJHQWH UHODWLYDPHQWH DR TXDO VH YHUL¿FDUHP RV anomalia psíquica de que sofria já ao tempo do crime, o
pressupostos do artigo anterior não for titular de licença de regime dos estabelecimentos comuns lhe será prejudicial,
condução, o Tribunal limita-se a decretar a interdição de ou que ele perturbará seriamente esse regime, o Tribunal
concessão de licença, nos termos do número anterior, sendo ordena o seu internamento em estabelecimento destinado a
a sentença comunicada à entidade competente, sendo corres- inimputáveis pelo tempo correspondente à duração da pena.
pondentemente aplicável o disposto no n.º 4 do artigo 67.º 2. O internamento previsto no número anterior não
3. Se contra o agente tiver sido já decretada a interdição impede a concessão de liberdade condicional, nos termos
de concessão de licença nos 5 anos anteriores à prática do do artigo 59.º, nem a colocação do delinquente em estabe-
facto, o prazo mínimo de interdição é de 2 anos. lecimento comum, pelo tempo da privação da liberdade que
4. É correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 2, lhe faltar cumprir, logo que cessar a causa determinante do
3 e 4 do artigo 110.º internamento.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5389
tâncias do caso, puserem em perigo a segurança das pessoas, 1. Quando a aplicação do artigo anterior vier a traduzir-
a moral ou a ordem públicas, ou oferecerem sério risco de -se, em concreto, no pagamento de uma soma pecuniária, é
ser utilizados para o cometimento de novos factos ilícitos e correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 3, 4 e 5
típicos. do artigo 47.º
5390 DIÁRIO DA REPÚBLICA
restantes, nos casos em que também estes não puderem ser 1. O prazo de prescrição do procedimento criminal corre
perseguidos sem queixa. desde o dia em que o facto se tiver consumado.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5391
É punido com pena de prisão de 20 a 25 anos o homicí- 1. Quem incitar outra pessoa ao suicídio e este se con-
dio cometido em razão dos seguintes motivos: sumar ou chegar a ser tentado é punido com pena de prisão
a) Avidez, prazer de matar, excitação ou satisfação do até 3 anos.
instinto sexual; 2. Quem, nas mesmas circunstâncias, se limitar a prestar
b) Pagamento, recompensa, promessa ou qualquer ajuda à pessoa que decidiu suicidar-se é punido com pena de
motivo fútil ou torpe; prisão até 2 anos ou com a multa de 240 dias.
c) Ódio racial, religioso, político, étnico-linguístico 3. Se, por virtude da idade, de anomalia psíquica ou
ou regional; outro motivo, a vítima tiver a sua capacidade de valoração
d) Para preparar, executar ou encobrir um outro crime; ou determinação diminuída, as penas referidas nos n.os 1 e
e) Para facilitar a fuga ou assegurar a impunidade do 2 são agravadas de metade, nos limites máximo e mínimo.
agente do crime; SECÇÃO II
f)$FWXDQGRRDJHQWHFRPIULH]DGHkQLPRRXUHÀH[mR &ULPHV&RQWUDD9LGD,QWUD8WHULQD
ponderada sobre os motivos e contra-motivos ou ARTIGO 154.º
ter persistido na intenção de matar por mais de (Interrupção de gravidez)
24 horas. 1. Quem interromper a gravidez de uma mulher sem o
ARTIGO 150.º seu consentimento é punido com pena de prisão de 2 a 8
+RPLFtGLRTXDOL¿FDGRHPUD]mRGDTXDOLGDGHGDYtWLPD anos.
É punido com pena de prisão de 20 a 25 anos o homicí- 2. Na mesma pena incorre quem, sabendo que a mulher
dio em que a vítima for: está grávida, exercer contra ela actos de força ou violência e,
a) Ascendente ou descendente, adoptante ou adoptado desse modo, interromper a gravidez, mesmo não sendo esse
ou parente até ao terceiro grau da linha colateral o seu propósito.
do agente do crime; 3. Quem, com o consentimento da mulher grávida, inter-
b) Cônjuge ou pessoa com quem o agente viva em romper a gravidez ou ajudar a interrompê-la fora dos casos
situação análoga à dos cônjuges; previstos no n.º 1 do artigo 156.º é punido com pena de pri-
c) Pessoa particularmente indefesa em razão da idade, são de 1 a 5 anos.
GH¿FLrQFLDGRHQoDRXJUDYLGH] 4. A mulher grávida que, por facto próprio, interromper
d) Presidente da República e Titulares dos seus Órgãos a sua gravidez ou, de qualquer modo, participar na interrup-
Auxiliares, membros de Órgão de Soberania, ção ou consentir que terceiro a interrompa, fora dos casos
Provedor de Justiça, Magistrado do Ministério previstos no n.º 1 do artigo 156.º, é punida com pena de pri-
Público, Governador Provincial, Advogado, são até 5 anos.
2¿FLDOGH-XVWLoDIXQFLRQiULRRXTXDOTXHUSHV- 5. Para os efeitos do presente artigo, é irrelevante o con-
soa encarregada de um serviço público, agente sentimento da mulher grávida menor de 16 anos de idade
de força ou serviço de segurança, desde que o ou da mulher portadora de anomalia psíquica ou quando o
facto seja praticado no exercício ou por causa do consentimento for obtido por fraude, ameaça, violência ou
exercício das funções da vítima; coacção.
e) Testemunha, declarante, perito, assistente ou ofen- ARTIGO 155.º
GLGRVHRFULPHIRUFRPHWLGRFRPD¿QDOLGDGH (Interrupção de gravidez agravada)
de impedir o depoimento ou a denúncia dos fac- 1. As penas previstas nos n.os 1 e 2 do artigo anterior são
tos ou por causa da sua intervenção no processo; aumentadas de um terço nos seus limites, se em consequência
f) Docente, examinador, ministro de culto religioso da interrupção da gravidez ou dos meios empregados resultar
no exercício ou por causa do exercício das suas ofensa grave à integridade física ou a morte da mulher.
funções. 2. A agravação aplica-se também ao agente que se dedi-
ARTIGO 151.º car habitualmente à prática dos factos descritos no n.º 3 do
(Infanticídio) artigo anterior.
$PmHTXHPDWDUR¿OKRVRELQÀXrQFLDSHUWXUEDGRUDGR ARTIGO 156.º
estado puerperal é punida com prisão até 3 anos. (Extinção da responsabilidade e atenuação especial da pena)
b) For medicamente atestado que o feto é inviável; 10. O consentimento deve ser prestado em documento
c) A gravidez resultar de crime contra a liberdade e assinado pela mulher grávida ou, não sabendo ou não
DXWRGHWHUPLQDomRVH[XDOHDLQWHUUXSomRVH¿]HU podendo assinar, por outra pessoa a seu rogo, com uma
nas primeiras 16 semanas de gravidez. antecedência de, pelo menos, 3 dias relativamente à data da
$ YHUL¿FDomR GDV FLUFXQVWkQFLDV TXH H[FOXHP D UHV- intervenção.
SRQVDELOLGDGHSHODLQWHUUXSomRGDJUDYLGH]pFHUWL¿FDGDSRU 11. No caso de a mulher grávida ser menor de 16 anos
relatório médico, escrito e assinado antes da intervenção por ou sofrer de incapacidade psíquica, o consentimento deve
ser prestado pelo representante legal, por ascendente ou des-
médico diferente daquele por quem, ou sob cuja direcção, a
cendente ou, na falta deles, por qualquer parente na linha
interrupção é realizada, sem prejuízo do disposto no número
colateral, respectiva e sucessivamente.
seguinte.
12. Não podendo o consentimento ser obtido nos termos
3. Sempre que a circunstância prevista na alínea b) do
do número anterior e sendo urgente interromper a gravidez,
n.º 1 não representar perigo de vida ou de lesão grave e irre-
o médico poderá decidir em consciência, face à situação
versível à integridade da mulher, a interrupção da gravidez
concreta que tem perante si, socorrendo-se ainda, sempre
depende de autorização do magistrado competente.
que lhe for possível obtê-lo, de parecer de outro médico.
4. Sem prejuízo dos números subsequentes, a extinção
ARTIGO 157.º
da responsabilidade penal nos termos da alínea c) do n.º 1 (Propaganda favorável à interrupção de gravidez)
VyVHYHUL¿FDPHGLDQWHDDSUHVHQWDomRGHXPDFHUWLGmRGR
1. É punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de
Ministério Público sobre a pendência do processo corres- multa até 120 dias, quem através de meios publicitários ou
pondente, acompanhada do exame do corpo de delito e de em reuniões públicas, com o objectivo de obter vantagem:
um relatório médico emitido pela autoridade de saúde com- a) Oferecer serviços próprios ou alheios, com vista à
petente, que atestem que a gravidez resulte de violação da interrupção da gravidez;
liberdade ou da autodeterminação sexual da mulher. b) Fizer propaganda de procedimentos, meios ou
5. A pena estabelecida no n.º 1 do artigo 154.º é especial- objectos adequados à interrupção da gravidez.
mente atenuada quando: 2. A proibição do número anterior não abrange as acti-
a) A interrupção se mostrar indicada para evitar vidades destinadas a dar a conhecer e a promover os
perigo de mal ou lesão grave e duradoiros para a procedimentos, objectos e meios nela referidos, através de
integridade física ou psíquica da mulher grávida DUWLJRVLQIRUPDWLYRVRXFLHQWt¿FRVRXGHRXWUDVSXEOLFDo}HV
HDLQWHUUXSomRVH¿]HUQDVSULPHLUDVVHPDQDV médicas ou farmacêuticas, nomeadamente prospectos rela-
de gravidez; tivos a medicamentos ou instrumentos cirúrgicos, nem às
b) Houver fortes razões para prever que o nascituro explicações, dadas por quem os quer comercializar, a médi-
virá a sofrer de doença grave ou malformação FRVRXDSHVVRDOTXDOL¿FDGRQRPHDGDPHQWHHQIHUPHLURVGH
LQFXUiYHLVHDLQWHUUXSomRVH¿]HUQDVSULPHLUDV estabelecimentos de saúde autorizados a interromper a gra-
videz, nos termos do artigo anterior.
24 semanas de gravidez.
6. Aos casos previstos nas alíneas a) e b) do número ante- ARTIGO 158.º
(Circulação de meios para interrupção de gravidez)
rior aplica-se, com as necessárias adaptações, o formalismo
previsto no n.º 2. Quem receber ou transmitir, por qualquer título, meios
destinados à interrupção da gravidez, com a intenção de pro-
7. Para efeitos de extinção da responsabilidade ou de
mover a prática dos factos previstos nos artigos 154.º e 155.º é
atenuação especial da pena, a interrupção de gravidez deve
punido com pena de prisão até 1 ano ou de multa até 120 dias.
ser sempre realizada por médico ou sob a direcção de um
médico diferente daquele que atesta a respectiva viabilidade, CAPÍTULO II
HP HVWDEHOHFLPHQWR GH VD~GH R¿FLDO H GH KDUPRQLD FRP R Crimes Contra a Integridade Física e Psíquica
estado de conhecimentos e da experiência da medicina. ARTIGO 159.º
8. A falta do relatório médico ou dos demais documen- (Ofensa simples à integridade física)
WRVR¿FLDLVDTXHVHUHIHUHPRVQos 2, 4 e 6 afasta a extinção 1. Quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa é
da responsabilidade ou a atenuação especial da pena, con- punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de multa até
soante os casos. 120 dias.
9. Antes de proceder à interrupção da gravidez, deve o 2. O procedimento criminal depende de queixa.
médico prevenir a mulher grávida das respectivas implica- 3. O Tribunal pode dispensar o agente da pena quando:
ções, procurando esclarecê-la e aconselhá-la por forma a a) Tiver havido lesões recíprocas e se não tiver pro-
que a sua decisão possa ser tomada com maior consciência vado qual dos contendores agrediu primeiro;
e responsabilidade. b) O agente se tiver limitado a responder à agressão.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5395
b) For precedida, acompanhada ou dela resultar 1. Quem, mediante violência, rapto ou ameaça grave,
ofensa grave à integridade física da vítima, nos ardil ou manobra fraudulenta, com abuso de autoridade
termos do artigo 160.º ou dela resultar o suicídio resultante de uma relação de dependência hierárquica,
da vítima. económica, de trabalho ou familiar ou aproveitando-se de
4. A pena é de prisão de 5 a 14 anos, se da privação da incapacidade psíquica ou de situação de especial vulnera-
liberdade resultar a morte da vítima. bilidade da vítima, oferecer, aceitar, entregar, recrutar ou
ARTIGO 175.º
DOLFLDU DFROKHU DORMDU RX WUDQVSRUWDU SHVVRDV SDUD ¿QV GH
(Rapto) exploração de trabalho ou para prosseguir outras formas de
1. É punido com pena de prisão de 1 a 5 anos, quem, por H[SORUDomRFRPHWHRFULPHGHWUi¿FRGHSHVVRDVHpSXQLGR
com a pena de 4 a 10 anos de prisão.
meio de violência, ameaça ou astúcia, raptar outra pessoa,
6H R ¿P IRU D H[WUDFomR GH yUJmRV RX D FROKHLWD GH
transferindo-a de um lugar para outro, com a intenção de:
tecidos humanos, a pena é de 5 a 12 anos de prisão.
a) A submeter à escravidão;
2WUi¿FRLOtFLWRGHyUJmRVRXWHFLGRVKXPDQRVpSXQLGR
b) A submeter à extorsão;
com a pena de prisão de 5 a 12 anos.
c) Cometer crime contra a sua autodeterminação
4. Se da extracção ou da colheita de tecidos humanos
sexual; resultar a morte da vítima, a pena é de 20 a 25 anos de prisão.
d) Obter resgate ou recompensa. 4XHPUHWLYHURFXOWDUGDQL¿FDURXGHVWUXLUGRFXPHQ-
2. A pena é de prisão de 3 a 10, de 4 a 12 ou de 5 a 15 WRVGHLGHQWL¿FDomRRXGHYLDJHPGHSHVVRDYtWLPDGRFULPH
anos, se ocorre respectivamente, qualquer das situações des- GHWUi¿FRGHSHVVRDVpSXQLGRFRPSHQDGHDDQRVGH
critas nos n.os 2, 3 ou 4 do artigo anterior. prisão.
ARTIGO 176.º ARTIGO 179.º
(Tomada de reféns) ,QWHUYHQomRPpGLFRFLU~UJLFDVHPFRQVHQWLPHQWR
1. É punido com pena de prisão de 2 a 8 anos, quem 1. Quem, sendo médico ou pessoa legalmente autori-
cometer sequestro ou rapto com a intenção de realizar zada, realizar intervenção ou tratamento médico conforme
¿QDOLGDGHV GH QDWXUH]D SROtWLFD H FRDJLU XP (VWDGR XPD indicados pelo n.º 1 do artigo 166.º sem o consentimento do
organização internacional, uma pessoa singular ou colectiva paciente é punido com pena de prisão até 3 anos ou com a de
ou colectividade a uma acção ou omissão ou a suportar uma multa até 360 dias.
actividade, ameaçando: 2. O facto não é punível se o consentimento:
a) Matar a pessoa sequestrada ou raptada; a) Não puder ser obtido ou renovado sem dilação que
b),QÀLJLURIHQVDVJUDYHVjVXDLQWHJULGDGHItVLFD ponha em risco a vida do paciente ou que impli-
c) Mantê-la privada da sua liberdade. que perigo grave para o seu corpo ou saúde;
5398 DIÁRIO DA REPÚBLICA
b) For dado para certa intervenção ou tratamento 2. A mesma pena é aplicada a quem, pela mesma forma,
e acabar por ser realizada intervenção ou levar outra pessoa a sofrer ou praticar acto sexual com um
tratamento diferentes por estes terem sido con- terceiro.
siderados, de acordo com os conhecimentos e a ARTIGO 183.º
experiência da medicina, o meio adequado para (Agressão sexual com penetração)
evitar um perigo sério para a vida, o corpo ou a Quem, mediante os meios referidos na alínea b) do
saúde do paciente. artigo 181.º efectuar penetração sexual noutra pessoa, ainda
3. O facto descrito na alínea b) do número anterior é que esta seja o cônjuge do agente ou que, pelos mesmos
punível, se ocorrerem circunstâncias que permitam concluir, meios, a constranger a sofrer penetração sexual por terceiro
com segurança, que o consentimento teria sido recusado é punido com pena de prisão de 3 a 10 anos.
pelo paciente.
ARTIGO 184.º
4. Para efeitos do presente artigo, o consentimento (Abuso sexual de pessoa inconsciente ou incapaz de resistir)
só é relevante quando o paciente tiver sido devidamente
1. Quem praticar acto sexual com pessoa inconsciente ou
elucidado acerca do diagnóstico, da natureza, alcance e
incapaz de resistir, aproveitando-se de qualquer dessas situa-
consequências possíveis da intervenção ou do tratamento,
salvo se isso implicar a comunicação de factos que, a serem ções, é punido com pena de prisão de 1 a 4 anos.
conhecidos do paciente, poderiam pôr em perigo a sua vida 2. Se houver penetração, a pena é de prisão de 3 a 12
ou causar dano grave à sua saúde. anos.
5. O procedimento criminal depende de queixa. ARTIGO 185.º
(Abuso sexual de pessoa internada)
ARTIGO 180.º
(Atenuação especial da pena) 1. Quem, aproveitando-se da função ou do cargo que, a
Quando, nos casos dos artigos 174.º a 177.º, o agente qualquer título, exerce ou detém em estabelecimento prisio-
livre e voluntariamente renunciar à sua pretensão e libertar nal, de educação, hospitalar, de saúde, ou outro destinado ao
a pessoa sequestrada, raptada, tomada como refém ou escra- tratamento ou assistência, praticar acto sexual com pessoa
vizada ou procurar seriamente fazê-lo, sem ter praticado, LQWHUQDGDRXTXHGHTXDOTXHUPRGROKHHVWHMDFRQ¿DGDRX
contra a vítima, qualquer outro crime durante a privação da se encontre a seu cuidado é punido com pena de prisão
sua liberdade, pode o juiz atenuar especialmente a pena. de 1 a 4 anos.
2. Se houver penetração sexual, a pena é de prisão de
CAPÍTULO IV
Crimes Sexuais 2 a 10 anos.
ARTIGO 186.º
SECÇÃO I
(Assédio sexual)
'H¿QLo}HV
1. Quem, abusando de autoridade resultante de uma rela-
ARTIGO 181.º
'H¿QLo}HV ção de domínio, dependência hierárquica ou de trabalho,
procurar constranger outra pessoa a sofrer ou a praticar acto
Para efeitos do disposto no presente capítulo, entende-
-se por: sexual, com o agente ou com outrem, por meio de ordem,
a) «Acto sexual», todo o acto praticado para satisfa- ameaça, coacção ou fraude, é punido com pena de prisão até
ção do instinto sexual; 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
b) «Agressão sexual», todo o acto sexual realizado 2. Se a vítima for menor, a pena é de 1 a 4 anos de prisão.
por meio de ameaça, coação, violência, ou ARTIGO 187.º
(Fraude sexual)
colocação da vítima em situação de não poder
resistir; 1. Quem se aproveitar de erro de outra pessoa ou a indu-
c) «Penetração sexual», a cópula, o coito anal ou zir em erro sobre a sua identidade pessoal e, assim, praticar
oral e a penetração vaginal ou anal com qual- com ela acto sexual, é punido com pena de prisão até 3 anos
quer parte do corpo ou objectos utilizados em ou com a de multa até 360 dias.
circunstâncias de envolvimento sexual. 2. Se houver penetração, a pena é de prisão de 6 meses
SECÇÃO II
a 4 anos.
Crimes Contra a Liberdade Sexual ARTIGO 188.º
3URFULDomRDUWL¿FLDOQmRFRQVHQWLGD
ARTIGO 182.º
(Agressão sexual) 4XHP SUDWLFDU DFWR GH SURFULDomR DUWL¿FLDO HP
1. Quem praticar agressão sexual contra outra pessoa, mulher, sem o seu consentimento, é punido com pena de
ainda que esta seja cônjuge do agente, é punido com pena de prisão de 1 a 3 anos.
prisão de 6 meses a 4 anos. 2. Se a mulher for menor, a pena é de prisão de 3 a 10 anos.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5399
c) &HGHU D PHQRU GH DQRV HVFULWRV IRWRJUD¿DV portamentos neles descritos resultar gravidez, suicídio ou
¿OPHV JUDYDo}HV RX LQVWUXPHQWRV GH QDWXUH]D morte da vítima, ofensa grave à sua integridade física ou
SRUQRJUi¿FD transmissão de doença incurável portadora de perigo para a
2. É punido com pena de prisão de 2 a 10 anos quem: vida da vítima.
a) 3URGX]LU SRUQRJUD¿D LQIDQWLO SDUD VHU GLIXQGLGD 6. As penas descritas nos artigos 182.º a 188.º, 192.º e
através de sistema de informação; 194.º são agravadas de dois terços nos seus limites míni-
b) Oferecer, disponibilizar, difundir ou transmitir mos e máximos, sempre que a vítima seja menor de 14 anos
SRUQRJUD¿D LQIDQWLO DWUDYpV GH XP VLVWHPD GH e, simultaneamente, dos comportamentos neles descritos
informação. resultar gravidez, suicídio ou morte da vítima, ofensa grave
3. Quem adquirir, detiver, acordar ou facilitar o acesso à sua integridade física ou transmissão de doença incurável
DPDWHULDOSRUQRJUi¿FRLQIDQWLOSRUTXDOTXHUPHLRpSXQLGR portadora de perigo para a vida da vítima.
com pena de prisão de 1 a 5 anos. 7. Se no mesmo comportamento concorrerem mais do
6H R DJHQWH ¿]HU SUR¿VVmR GRV DFWRV GHVFULWRV QRV que uma das circunstâncias referidas nos números anterio-
Q~PHURVDQWHULRUHVRXRVSUDWLFDUFRP¿POXFUDWLYRDSHQD res, só é considerada para efeito de determinação da pena
é de prisão de 3 a 10 anos. aplicável a que tiver um efeito agravante mais forte, sendo
5. Para efeitos do n.º 2, entende-se por: as demais valoradas na medida da pena.
a) «3RUQRJUD¿D,QIDQWLO», qualquer material pornográ- ARTIGO 200.º
¿FR TXH UHSUHVHQWH GH IRUPD YLVXDO RX VRQRUD (Queixa)
menor de 18 anos ou pessoa, real ou virtual, apa- 1. O procedimento criminal depende de queixa, em rela-
rentando ser menor de 18 anos, envolvidos em ção aos crimes previstos nos artigos 182.º a 184.º, 186.º a
comportamentos sexualmente explícitos ou que 188.º e 191.º a 194.º
incitem à prática desses comportamentos; 2. O procedimento criminal não depende de queixa
b) «Sistema de informaçãoªRGH¿QLGRQDDOtQHDH quando:
do artigo 250.º a) Dos crimes indicados no número anterior resultar
SECÇÃO IV a morte da vítima;
Disposições Comuns b) O crime for praticado contra menor de 16 anos e o
ARTIGO 199.º agente tiver legitimidade para exercer o direito
(Agravação) de queixa ou tiver a vítima a seu cargo.
1. As penas previstas nos artigos 182.º a 184.º e 187.º a 3. Quando o crime for praticado contra menor de 16 anos,
198.º são agravadas em um terço nos seus limites mínimo e o Ministério Público pode exercer a acção penal indepen-
máximo, se a vítima for: dentemente de queixa, sempre que, no interesse da vítima,
a) Ascendente ou descendente, adoptante ou adop- se impuser esse exercício.
WDGR SDUHQWH RX D¿P DWp DR WHUFHLUR JUDX GD 4. Nos crimes deste capítulo, o procedimento criminal
linha colateral do agente ou se encontrar sob sua não se extingue, por efeito da prescrição, antes do ofendido
tutela ou curatela; perfazer 25 anos de idade.
b) Se encontrar numa relação de dependência hierár- ARTIGO 201.º
quica, económica ou de trabalho do agente e o (Pena acessória)
crime for praticado com aproveitamento dessa Quando o agente for condenado pelos crimes previstos
relação. no presente capítulo, pode ser inibido, atenta a gravidade
2. As penas previstas nos artigos 182.º a 187.º, 192.º do facto e a sua conexão com a função por ele exercida, do
a 194.º e 197.º são agravadas de um quarto nos seus limi- exercício da autoridade paternal, da tutela ou da curatela por
tes mínimos e máximos, sempre que o agente seja portador um período de 3 a 15 anos.
de doença sexualmente transmissível susceptível de criar
CAPÍTULO V
perigo para a vida da vítima.
Colocação de Pessoas em Perigo
3. As penas previstas nos artigos 182.º a 187.º são agra-
vadas de um quarto nos seus limites mínimos e máximos ARTIGO 202.º
(Uso indevido de armas)
quando a vítima for idosa, nos termos da lei.
4. As penas previstas nos artigos 182.º a 188.º e 198.º são 1. Quem disparar sem justa causa uma arma de fogo con-
agravadas de metade nos seus limites mínimos e máximos tra outra pessoa é punido com pena de prisão de 6 meses a 3
quando a vítima for menor de 14. anos ou com a de multa de 60 a 360 dias, ainda que do dis-
5. As penas estabelecidas para os crimes referidos no paro não tenha resultado qualquer lesão, se pena mais grave
número anterior e no artigo 197.º, são agravadas de metade lhe não couber por força da aplicação de outra disposição
nos seus limites mínimos e máximo, sempre que dos com- penal.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5401
a integridade da pessoa abandonada, a pena é de prisão de Quem impedir que seja prestado socorro a pessoa em
18 meses a 5 anos. situação de perigo de vida, de ofensa à sua integridade física,
3. Se o agente for ascendente, descendente, adoptante ou à sua liberdade ou socorro destinado a combater um sinistro
adoptado da vítima ou pessoa a quem couber o dever de a ou acidente que represente perigo para a segurança das pes-
guardar, vigiar ou assistir, a pena é de prisão de 2 a 6 anos. soas é punido com a pena de prisão de 1 a 5 anos, se pena
4. Se do facto resultar ofensa grave à integridade física mais grave não lhe couber por força de outro preceito penal.
da vítima, a pena é de prisão de 3 a 8 anos. ARTIGO 208.º
5. Se do facto resultar a morte da vítima, a pena é de pri- (Omissão de auxílio)
são de 10 a 15 anos. 1. Quem, podendo fazê-lo sem grave risco para a vida, a
ARTIGO 204.º integridade física ou a liberdade, suas ou de terceiro, deixar
$EDQGRQRGHUHFpPQDVFLGR
de prestar auxílio à pessoa vítima de acidente, calamidade
1. Para efeitos do presente artigo, considera-se recém- pública ou qualquer outra situação susceptível de pôr em
-nascida a criança com menos de 28 dias de vida. perigo a vida, a integridade física ou a liberdade de qualquer
2. Se, nos casos do artigo anterior, a pessoa abandonada pessoa, ou deixar de pedir à autoridade pública o socorro
for recém-nascida, as penas aí previstas são agravadas em necessário para afastar o perigo, é punido com a pena de pri-
metade no seu limite mínimo. são até 1 ano ou com a de multa até 120 dias.
3. As penas previstas no artigo anterior são atenuadas 2. Se a omissão descrita no número anterior for a causa
em metade nos seus limites, mínimo e máximo, quando o
de doença grave da pessoa carecida de auxílio, ou da sua
DEDQGRQR IRU SUDWLFDGR SHOD PmH DLQGD VRE D LQÀXrQFLD
morte, a pena é de prisão até 2 anos.
perturbadora do parto, por virtude de situação de extrema
3. Se a situação de perigo tiver sido criada pelo omitente,
pobreza em que se encontre ou por estar justamente teme-
a omissão é punida:
rosa de ser severamente maltratada por causa do nascimento
a) Com pena de prisão de 1 a 3 anos, no caso do n.º 1;
GR¿OKR
b) Com a pena de prisão de 2 a 8 anos, no caso do
ARTIGO 205.º
(Contágio de doença sexualmente transmissível)
n.º 2.
ARTIGO 209.º
1. Quem, sabendo que é portador de doença viral ou bac-
5HFXVDGHDVVLVWrQFLDSRUSUR¿VVLRQDOGHVD~GH
teriana, sexualmente transmissível susceptível de pôr em
2SUR¿VVLRQDOGHVD~GHTXHGHPRGRLOHJtWLPRUHFX-
perigo a vida, mantiver relações sexuais com outra pessoa
sem previamente a informar desse facto é punido com pena sar prestar assistência médico-medicamentosa, em caso de
de prisão até 2 anos ou com a de multa até 240 dias. perigo para a vida do paciente, é punido com pena de pri-
2. Se a vítima for contaminada ou infectada, a pena é de são até 3 anos ou com a de multa até 360 dias, se pena mais
prisão de 2 a 4 anos. grave não lhe couber por força de outra disposição legal.
3. Se o agente tiver agido com a intenção de contaminar 2. A unidade sanitária que recusar a intervir para salvar
a vítima, sem o conseguir, a pena de prisão é de 4 a 6 anos. uma pessoa em risco de vida é punida com multa até 240
4. Se o agente tiver agido com a intenção de contaminar dias, sem prejuízo da aplicação de pena acessória.
a vítima e efectivamente a contaminar, a pena de prisão é de ARTIGO 210.º
10 a 15 anos. ([HUFtFLRLOHJDOGHSUR¿VVmR
5. A pena prevista no número anterior é aplicável a quem, Quem, contra lei ou regulamento, praticar actos próprios
por qualquer outro meio, contaminar intencionalmente outra GHXPDSUR¿VVmRVHPSRVVXLURFRUUHVSRQGHQWHWtWXORRXSHU-
pessoa. missão que legalmente o habilite a exercê-la é punido com
6. O procedimento criminal depende de queixa. pena de prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
5402 DIÁRIO DA REPÚBLICA
nido na alínea e) do artigo 250.º, ou de qualquer meio de Quem, por qualquer meio, profanar ou violar túmulo ou
comunicação social, as penas correspondentes são elevadas sepultura de pessoa falecida é punido com pena de prisão
de metade nos seus limites, mínimos e máximos. até 1 ano ou com a de multa até 120 dias.
ARTIGO 217.º ARTIGO 223.º
(Ofensa a memória de pessoa falecida) (Agravação)
1. Quem injuriar, difamar ou caluniar a memória de pes- Se o agente praticar os crimes previstos nos artigos
soa já falecida há menos de 30 anos é punido com as penas anteriores movido por razões de pertença ou não pertença,
previstas nos artigos 213.º, 214.º e 215.º, respectivamente. verdadeira ou suposta, da pessoa falecida a uma raça, cor,
2. É aplicável ao presente crime o disposto nos n.os 1 etnia, local de nascimento, sexo, orientação sexual, crença ou
e 2 do artigo anterior. religião, convicções políticas, culturais ou ideológicas, con-
ARTIGO 218.º
dição ou origem social, ser portador ou não de uma doença
(Procedimento criminal) RXGH¿FLrQFLDItVLFDRXSVtTXLFDRXSRUVXSRVWDPHQWHVHURX
O procedimento criminal depende de queixa do ofendido não ser membro de uma organização determinada, a pena é
ou de qualquer membro do grupo ofendido, nos casos pre- agravada de um terço nos seus limites mínimo e máximo.
vistos nos artigos 213.º, n.º 4, e 214.º, n.º 2, de acusação CAPÍTULO VII
particular nos restantes crimes previstos na presente secção. Crimes Cometidos Através da Imprensa e Crimes
ARTIGO 219.º Contra a Liberdade de Imprensa
(Dispensa da pena)
ARTIGO 224.º
1. Quando em juízo o agente dos crimes previstos nesta (Crime de abuso de liberdade de imprensa)
secção se retratar ou der explicações do crime de que foi 1. Comete o crime de abuso de liberdade de imprensa,
acusado e o ofendido, o seu representante ou o titular do punido com pena de prisão até 6 meses ou multa até 60 dias
direito de acusação particular ou de queixa aceitarem essas quem, por meio da comunicação social, proceder:
explicações ou a retratação, o Tribunal dispensa o agente da a) Ao incitamento à prática de crime ou a apologia de
pena. facto criminoso;
2. O Tribunal pode ainda dispensar o agente da pena,
b) À divulgação de informações que incitem a seces-
se a ofensa tiver sido provocada por uma conduta ilícita ou
são do país, a criação de grupos organizados de
repreensível do ofendido.
crime, ódio racial, tribal, étnico e religioso e a
3. Se o ofendido ripostar com outra ofensa à ofensa do
apologia às ideologias fascistas e racistas;
agente, o Tribunal pode dispensar da pena ambos os agentes
c) À promoção dolosa de campanha de perseguição e
ou só um deles, conforme as circunstâncias.
difamação, através da divulgação sistemática e
ARTIGO 220.º
(Conhecimento público da sentença)
contínua de informação falsa sobre factos, atitu-
GHVGHVHPSHQKRSUR¿VVLRQDODGPLQLVWUDWLYRRX
Se o ofendido ou, em caso de falecimento deste, o titular
comercial de qualquer pessoa;
do direito de acusação particular requerer até ao encerra-
d) À divulgação de textos, imagens ou som, obtidos
mento da audiência em primeira instância o conhecimento
por meio fraudulento;
público da sentença de condenação por qualquer dos crimes
previstos nesta secção, ainda que com dispensa de pena, o e) À publicação intencional de notícias falsas.
Tribunal ordena-a a expensas do agente, pelos meios que 2. A retractação ou a publicação de resposta, se aceite
DFKDUPDLVDGHTXDGRV¿[DQGRRVWHUPRVHPTXHDVHQWHQoD pelo ofendido, isenta de pena o autor ou autores do escrito,
som ou imagem.
deve ser divulgada.
ARTIGO 225.º
SECÇÃO III
(Desobediência)
Crimes Contra o Respeito Devido aos Mortos
Comete o crime de desobediência, punido com a pena de
ARTIGO 221.º
(Atentado contra a integridade de restos mortais) multa até 60 dias, quem:
Quem, por subtracção, ocultação, destruição, profana- a) Editar, distribuir ou vender publicações suspensas
ção ou qualquer outro meio ofensivo do respeito devido aos ou apreendidas por decisão judicial;
mortos, atentar contra a integridade de cadáver ou de cinzas b) Importar para distribuição, divulgar ou vender
de pessoa falecida é punido com pena de prisão até 2 anos ou publicações estrangeiras interditas por decisão
com a de multa até 240 dias. judicial;
5404 DIÁRIO DA REPÚBLICA
2. O facto previsto na alínea d) do número anterior não é 2. A mesma pena é aplicável a quem, contra a vontade
punível, se for praticado como meio adequado para realizar de uma pessoa:
um interesse legítimo relevante. a) $ IRWRJUDIDU RX ¿OPDU PHVPR HP UHXQL}HV RX
ARTIGO 231.º eventos em que tenha legitimamente participado;
(Violação de correspondência) b)8WLOL]DURXSHUPLWLUTXHVHXWLOL]HDIRWRJUD¿DRXR
1. Quem, sem consentimento, abrir encomenda, carta ou ¿OPHDTXHVHUHIHUHDDOtQHDDQWHULRUPHVPRQR
qualquer outro escrito que se encontre fechado e lhe não seja caso de serem licitamente obtidos.
3. Os factos descritos no número anterior não são puni-
dirigido ou tomar conhecimento, por processos técnicos, do
dos sempre que:
seu conteúdo ou, por qualquer modo, impedir que seja rece-
a)$LPDJHPGDSHVVRDIRWRJUDIDGDRX¿OPDGDHVWLYHU
bido pelo destinatário é punido com pena de prisão até 1 ano
HQTXDGUDGDHPIRWRJUD¿DRX¿OPDJHPGROXJDU
ou com a de multa até 120 dias.
público em que tenham decorrido;
2. Na mesma pena incorre aquele que, sem consenti-
b) $ IRWRJUD¿D RX D ¿OPDJHP VH MXVWL¿FDU SHOD
mento, divulgar o conteúdo das referidas correspondências. notoriedade pública da pessoa fotografada ou
ARTIGO 232.º ¿OPDGD HP UD]mR GR FDUJR TXH RFXSD RX GD
(Violação de segredo)
actividade que desenvolve.
1. Quem revelar ou se aproveitar de segredo alheio de 4. É correspondentemente aplicável aos números ante-
que tenha tomado conhecimento em razão do seu ofício, riores o disposto no artigo 234.º
HPSUHJRSUR¿VVmRDUWHRXVLWXDomRHPTXHVHHQFRQWUDUp 5. O procedimento criminal depende de queixa.
punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de multa até ARTIGO 237.º
120 dias. (Subtracção às garantias do Estado Angolano)
2. Se do facto descrito no número anterior resultar pre- 1. Quem, por meio de violência, ameaça ou qual-
juízo para qualquer pessoa, a pena é a de prisão até 18 meses TXHUPHLRIUDXGXOHQWR¿]HUFRPTXHRXWUDSHVVRDVDLDGR
ou a de multa até 180 dias. âmbito de protecção da lei penal angolana e se exponha a
ARTIGO 233.º ser perseguido por razões políticas, com risco para a vida,
9LRODomRGHVLJLORSUR¿VVLRQDOLPSRVWRSRUOHL a integridade física ou a liberdade, tornando-se objecto de
Quem, em violação da sua obrigação de sigilo ou reserva violência ou de medidas contrárias aos direitos, liberdades e
SUR¿VVLRQDOLPSRVWDSRUOHLGLYXOJDUVHJUHGRGHRXWUDSHV- garantias fundamentais, é punido com pena de prisão de
soa é punido com pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou com 2 a 10 anos.
a de multa de 60 a 360 dias. 2. Na mesma pena incorre quem, pelos mesmos meios,
impedir outra pessoa de abandonar a situação de perigo refe-
ARTIGO 234.º
(Agravação) rida no número anterior ou a forçar a nela permanecer.
As penas estabelecidas nos artigos 230.º a 233.º são agra- TÍTULO II
vadas em um terço nos seus limites mínimo e máximo, se o Crimes Contra a Família
facto for praticado com intenção de obter recompensa para o
agente ou para outra pessoa ou de prejudicar alguém. CAPÍTULO I
Crimes Contra o Casamento, o Estado Civil e a Filiação
ARTIGO 235.º
(Procedimento criminal) ARTIGO 238.º
O procedimento criminal pelos crimes previstos no pre- (Casamento fraudulento)
sente capítulo depende de queixa, salvo quando praticados 1. Quem, sendo casado, contrair novo casamento ou
no âmbito de uma associação criminosa ou organização quem contrair casamento com uma pessoa, sabendo que ela
terrorista. é casada, é punido com pena de prisão de 6 meses a 2 anos
ou com a de multa de 60 a 240 dias.
CAPÍTULO IX 2. Na mesma pena incorre quem, tendo para tanto com-
Outros Crimes Contra Bens Jurídicos Pessoais
petência, realizar ou autorizar a realização de casamento nas
ARTIGO 236.º condições referidas no número anterior.
*UDYDo}HVIRWRJUD¿DVH¿OPHVLOtFLWRV 3. O disposto nos números anteriores é igualmente apli-
1. É punido com pena de prisão até 1 ano ou com cável à união de facto reconhecida por mútuo acordo.
multa até 120 dias quem, sem consentimento, expresso ou ARTIGO 239.º
presumido: (Indução em erro sobre impedimento)
a) Gravar as palavras de outra pessoa não proferidas 1. A pessoa que contrair casamento induzindo o outro
em público, mesmo que lhe sejam dirigidas; contraente em erro essencial a respeito de impedimento que
b) Utilizar ou permitir que se utilize a gravação a que não seja um casamento anterior não dissolvido é punido com
se refere a alínea anterior, mesmo no caso de ela pena de prisão até 18 meses ou com a de multa até 180 dias.
ter sido licitamente produzida. 2. O procedimento criminal depende de queixa.
5406 DIÁRIO DA REPÚBLICA
ARTIGO 244.º 1. Quem subtrair menor a pessoa que sobre ele exerça
(Parto suposto) poder paternal ou tutelar ou a quem esteja legitimamente
Quem apresentar parto alheio como se fosse seu é punido FRQ¿DGRpSXQLGRFRPSHQDGHSULVmRGHDDQRVVHSHQD
com pena de prisão de 1 a 5 anos. mais grave lhe não couber por força de outra disposição
ARTIGO 245.º penal.
6XEVWLWXLomRRXVXEWUDFomRGHUHFpPQDVFLGR 2. É punido com pena de prisão até 3 anos ou com a de
1. Quem proceder à substituição de um recém-nascido multa até 360 dias quem:
por outro ou o subtrair é punido com pena de prisão de 2 a) Recusar a entrega de menor às pessoas indicadas
a 8 anos. no número anterior;
2. Recém-nascido é, nos termos no n.º 1 do artigo 204.º, b) Convencer o menor a fugir do domicílio familiar ou
a criança com menos de 28 dias de vida. do lugar onde reside ou a abandonar esse domi-
ARTIGO 246.º cílio ou lugar, por meio de violência, ameaça ou
6RQHJDomRGRHVWDGRGD¿OLDomR qualquer artifício fraudulento,
4XHPUHJLVWDUFRPRVHXXP¿OKRGHRXWUHPDOWHUDQGR ARTIGO 249.º
o direito ao seu estado civil, é punido com pena de prisão de (Divulgação de falsa paternidade)
6 meses a 2 anos ou com a de multa de 60 a 240 dias. 1. Quem atribuir, a si ou a outrem, pública e falsamente,
2. Na mesma pena incorre terceiro que, nos casos em a paternidade de outra pessoa é punido com pena de prisão
que a lei lho permite, declarar falsamente perante a auto- até 6 meses ou com a de multa até 60 dias.
ridade competente de registo a qualidade de progenitor de 2. Na mesma pena incorre quem se assumir, pública e
outra pessoa. IDOVDPHQWHFRPR¿OKRGHRXWUDSHVVRD
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5407
3. Quando a pessoa que utilizar os títulos falsos ou falsi- 1. Quem, com o propósito de causar prejuízo a alguém
¿FDGRVVyWLYHUFRQKHFLPHQWRGDIDOVLGDGHGHSRLVGHRVWHU ou de obter para si ou para outrem um benefício, utilizar ou
adquirido, é punida com pena de: permitir que outras pessoas utilizem os objectos referidos no
a) Prisão até 2 anos ou multa até 240 dias, no caso de DUWLJRDQWHULRUpSXQLGRQmRVHQGRHOHRIDOVL¿FDGRUFRPDV
o crime ser o previsto no n.º 1 do artigo anterior; penas estabelecidas nos n.os 1 e 2 do mesmo artigo, reduzi-
b) Prisão até 3 anos ou multa até 360 dias, no caso de das de um quarto no seu limite máximo.
o crime ser o previsto no n.º 2 do mesmo artigo. 4XHPQmRVHQGRRDXWRUGDIDOVL¿FDomRWLYHUHPVHX
SECÇÃO IV poder, com o propósito de os utilizar ou de que outrem os
Disposições Comuns utilize, os objectos referidos no artigo anterior, é punido com
ARTIGO 263.º pena de prisão até 2 anos ou com a de multa até 240 dias.
(Actos preparatórios)
ARTIGO 268.º
1. Quem preparar a execução dos crimes descritos no (Utilização abusiva de selos, cunhos, marcas ou chancelas)
presente capítulo, adquirindo, tendo em seu poder ou intro- 1. Quem utilizar, sem autorização da entidade com-
duzindo em território angolano equipamentos ou materiais
petente, cunhos, carimbos, marcas, chancelas ou sinais
DGHTXDGRV H GHVWLQDGRV DR IDEULFR RX j IDOVL¿FDomR GH
verdadeiros pertencentes a qualquer entidade ou repartição
moeda, valores selados ou títulos de crédito é punido com
a pena de prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias. pública, com o propósito de causar prejuízo a alguém ou de
2. Os factos descritos no número anterior não são puní- obter benefício para si ou para outrem, é punido com pena de
veis, se o seu autor: prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
a) Abandonar voluntariamente a execução dos crimes 2. Se a utilização disser respeito a selos, cunhos, carim-
ou impedir que outra pessoa os execute; bos, chancelas ou sinais verdadeiros pertencentes a entidades
b) Destruir, inutilizar ou entregar às autoridades particulares, a pena aplicável é de prisão até 2 anos ou de
competentes os equipamentos e materiais a multa até 240 dias.
que se refere o n.º 1 ou denunciar às mesmas
ARTIGO 269.º
autoridades quem os possui ou o local em que )DOVL¿FDomRGHSHVRVHPHGLGDV
se encontram.
É punido com pena de prisão até 3 anos ou com a de
ARTIGO 264.º
$TXLVLomRGHWHQomRRXWUi¿FRGHPRHGDYDORUHVVHODGRV
multa até 360 dias quem, com o propósito de causar prejuízo
HWtWXORVGHFUpGLWRIDOVRVRXIDOVL¿FDGRV a alguém ou obter para si ou para outrem qualquer benefício:
4XHPDGTXLULUWLYHUHPVHXSRGHUWUDQVSRUWDU¿]HUVDLU a) Apuser sobre pesos, medidas, balanças ou outros
do território angolano ou nele introduzir moeda, valores instrumentos de medição uma punção falsa, imi-
VHODGRVRXWtWXORVGHFUpGLWRIDOVRVRXIDOVL¿FDGRVpSXQLGR tando a verdadeira;
5410 DIÁRIO DA REPÚBLICA
punido com pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou com a de 1. É punido com pena de prisão de 2 a 12 anos quem:
multa de 60 a 360 dias. a) Provocar incêndio, pondo fogo a edifício, cons-
2. Com a mesma pena é punido o veterinário que passar WUXomR PHLR GH WUDQVSRUWH ÀRUHVWD PRLWD
DWHVWDGRQRVWHUPRVHSDUDRV¿QVGHVFULWRVQRQ~PHURDQWH- arvoredo, seara ou campo;
rior relativamente a animais. b) Provocar inundação, explosão, desprendimento de
3. Na mesma pena incorre ainda quem passar atesta- solos ou desmoronamento ou desabamento de
GRVRXFHUWL¿FDGRVRXVXEVFUHYHUUHODWyULRVQRVWHUPRVGRV edifício ou construção;
Q~PHURVDQWHULRUHVLQYRFDQGRIDOVDPHQWHDSUR¿VVmRTXD- c) Emitir radiações ou libertar substâncias radioacti-
OLGDGHRXIXQo}HVHPTXHDWHVWDFHUWL¿FDRXUHODWD YDVJDVHVWy[LFRVRXDV¿[LDQWHVHSHORVPRGRV
ARTIGO 273.º descritos, puser em perigo a vida, a integridade
8VRGHDWHVWDGRVRXFHUWL¿FDGRVIDOVRV
física de alguma pessoa ou património alheio de
Quem, com o propósito de enganar as autoridades públi- valor consideravelmente elevado, nos termos da
cas ou de prejudicar o interesse do Estado ou de outra pessoa,
alínea a) do artigo 391.º
XWLOL]DURVFHUWL¿FDGRVDWHVWDGRVRXUHODWyULRVIDOVRVDTXHVH
2. A pena é de prisão de 1 a 5 anos, se o perigo a que
refere o artigo anterior é punido com pena de prisão até 1
se refere o número anterior for causado por negligência do
ano ou com a de multa até 120 dias.
agente.
ARTIGO 274.º
(Assunção ou atribuição de falsa identidade) ARTIGO 278.º
(Fabrico, aquisição ou posse de substâncias explosivas,
Aquele que assumir a identidade de terceira pessoa ou Wy[LFDVHDV¿[LDQWHV
atribuir a terceira pessoa falsa identidade com o propósito 1. Quem fabricar, adquirir ou, por qualquer meio ou
de obter benefício, para si ou para outrem, ou de causar pre- título, ceder, importar, transportar, comercializar ou, sim-
juízo a alguém é punido com pena de prisão até 2 anos ou plesmente, detiver substâncias ou materiais radioactivos,
com a de multa até 240 dias. H[SORVLYRVRXLQFHQGLiULRVJDVHVWy[LFRVRXDV¿[LDQWHVRX
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5411
2. Se o perigo for causado por negligência do agente, a 3. Se as condutas descritas nas alíneas a) e b) do n.º 1
pena é de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias. forem devidas a negligência, a pena é de prisão até 2 anos
3. Se a conduta for devida a negligência do agente, a ou de multa até 240 dias.
pena é de prisão até 1 ano ou de multa até 120 dias. 4. Para efeitos do presente artigo, o valor dos bens patri-
ARTIGO 287.º moniais é calculado nos termos do artigo 391.º
(Propagação de doença contagiosa) ARTIGO 290.º
(Dano em instalações e perturbação em serviços)
1. Quem propagar doença contagiosa e, desse modo,
criar perigo efectivo para a vida ou a integridade física de 1. É punido com pena de prisão de 1 a 6 anos quem criar
outra pessoa é punido com pena de prisão de 2 a 8 anos. perigo para a vida ou integridade física de outrem ou para
2. Se o perigo for causado por negligência do agente, a bens patrimoniais alheios de valor elevado, em virtude de:
pena é de prisão até 3 anos. a) 'HVWUXLU GDQL¿FDU RX LQXWLOL]DU QR WRGR RX HP
parte, instalação para aproveitamento, produ-
3. Se a conduta for devida a negligência, a pena é de pri-
ção, armazenamento, condução ou distribuição
são até 2 anos ou de multa até 240 dias.
GH iJXD JiV RX RXWURV ÀXtGRV FRPEXVWtYHLV H
ARTIGO 288.º OXEUL¿FDQWHVRXHQHUJLDHOpFWULFDRXLOXPLQDomR
(Alteração de análise e inobservância de receituário)
serviços de comunicação, de telefonia ou de
1. O médico, enfermeiro, técnico de saúde ou de labo- internet, redes e sistemas de saneamento ou ges-
ratório ou respectivos empregados ou pessoa legalmente tão de resíduos, ou instalações para protecção
autorizada a proceder a exames ou a registo auxiliar de contra forças da natureza;
diagnóstico ou tratamento médico ou curativo que fornecer b) Impedir ou perturbar a exploração de serviços de
dados ou resultados inexactos e, deste modo, criar perigo comunicações ou de fornecimento ao público de
efectivo para a vida ou integridade física de outra pessoa é iJXD RX RXWURV ÀXtGRV LOXPLQDomR RX HQHUJLD
punido com pena de prisão de 2 a 8 anos. saneamento ou gestão de resíduos, ou protecção
2. Na mesma pena incorre o farmacêutico ou empregado contra forças da natureza, subtraindo ou des-
de farmácia que, fornecendo medicamentos ou substâncias YLDQGRGDQL¿FDQGRRXLQXWLOL]DQGRQRWRGRRX
medicinais diferentes das prescritas na receita médica, criar em parte, coisa ou energia necessárias à explo-
ração de tais serviços ou ao asseguramento das
o perigo a que se refere o número anterior.
¿QDOLGDGHVDHOHVVXEMDFHQWHV
3. Se o perigo for produzido por negligência do agente, a
c) Vandalizar infra-estruturas públicas, de utilidade
pena é de prisão até 3 anos ou de multa até 360 dias.
pública ou privada em condições de prejudicar a
4. Se as condutas descritas nos n.os 1 e 2 forem devidas sustentabilidade e o aproveitamento útil e seguro
a negligência do agente, a pena é de prisão até 2 anos ou de das mesmas.
multa até 240 dias. 2. Se o perigo a que se refere o número anterior for cau-
ARTIGO 289.º sado por negligência do agente, a pena é de prisão de 6
(Violação de regras de construção e danos em aparelhos meses a 3 anos ou de multa de 60 a 360 dias.
destinados a prevenir acidentes)
3. Se as condutas descritas nas alíneas a) e b) do n.º 1
1. É punido com pena de prisão de 1 a 6 anos quem: forem devidas a negligência, a pena é de prisão até 2 anos
a) Infringir ou não observar, no âmbito da sua ou de multa até 240 dias.
DFWLYLGDGH SUR¿VVLRQDO DV GLVSRVLo}HV OHJDLV 4. Para efeitos do presente artigo, o valor dos bens patri-
regulamentares ou técnicas de planeamento, moniais é calculado, nos termos do artigo 391.º
direcção ou execução de construção, instalações ARTIGO 291.º
(Agravação da pena pelo resultado)
complementares ou demolições relativas à segu-
rança das respectivas obras; Se, da prática dos crimes previstos nos artigos 277.º,
282.º n.os 3 e 4 e 283.º a 289.º, resultar a morte ou ofensa
b) 'HVWUXLU GDQL¿FDU RX LQXWLOL]DU QR WRGR RX HP
grave à integridade física, nos termos do artigo 160.º, o
parte, duradoura ou momentaneamente, apa- agente é punido com as penas correspondestes aos crimes
relhos ou quaisquer outros meios existentes no cometidos, agravados de metade nos seus limites mínimo e
local de trabalho destinados a prevenir acidentes; máximo.
c) Omitir, em violação das normas legais, regulamen- ARTIGO 292.º
tares ou técnicas, a instalação dos aparelhos ou (Dispensa de pena ou atenuação especial)
meios mencionados na alínea anterior e, deste 1. Se, nos casos dos crimes referidos no artigo anterior, o
modo, criar perigo para a vida ou integridade agente remover o perigo:
física de outrem ou para bens patrimoniais. a) Pode ter lugar a dispensa de pena, se a remoção
2. Se o perigo a que se refere o número anterior for cau- RFRUUHUDQWHVGHRGDQRVHWHUYHUL¿FDGR
sado por negligência do agente, a pena é de prisão de 6 meses b) A pena é especialmente atenuada, se já se tiver
a 3 anos ou de multa de 60 a 360 dias. YHUL¿FDGRRGDQRPDVHVWHQmRIRUFRQVLGHUiYHO
5414 DIÁRIO DA REPÚBLICA
substâncias psicotrópicas ou produtoras de efeitos análogos Quem puser à disposição de outrem ou tornar públicos
é punido com pena de prisão até 1 ano ou com a de multa REMHFWRV IDOVL¿FDGRV RX DSyFULIRV LQIRUPDomR VREUH HOHV
até 120 dias. RXD¿UPDo}HVIDOVDVVREUHIDFWRVTXHHPFDVRGHDXWHQWL-
cidade ou veracidade, seriam importantes para a segurança
ARTIGO 307.º
(Lançamento de projéctil contra veículo) exterior da República de Angola ou para as relações da
República de Angola com um poder estrangeiro ou organi-
Quem arremessar um objecto ou disparar um projéctil
zação internacional, fazendo crer que tais objectos ou factos
contra veículo em movimento, de transporte no ar, na água
são autênticos e, com isso, puser em perigo a independência
ou em terra, é punido com pena de prisão até 1 ano ou com a
ou integridade da República de Angola é punido com pena
de multa até 120 dias, se pena mais grave lhe não couber por de prisão de 2 a 12 anos.
força de outra disposição legal.
ARTIGO 312.º
ARTIGO 308.º (Preparação de alta traição)
(Agravação especial)
Quem, por qualquer forma, preparar ou contribuir para
1. Quando, nos crimes previstos nos artigos 304.º a 307.º, a preparação de um crime de alta traição contra Angola é
o veículo for de transporte escolar, de socorro ou emergên- punido com pena de prisão de 1 a 10 anos.
cia, a pena é agravada de um quarto nos seus limites mínimo ARTIGO 313.º
e máximo. (Entendimentos com o estrangeiro para provocar a guerra)
2. Se da prática dos crimes previstos nos artigos 304.º a 1. Quem tiver entendimentos ou mantiver conversa-
307.º, resultar a morte ou ofensa grave à integridade física, ções com um governo, associação, instituição ou indivíduos
nos termos do artigo 160.º o agente é punido com as penas estrangeiros ou com um seu intermediário, com a intenção
correspondentes aos crimes cometidos, agravados em um de desencadear uma guerra ou uma acção armada contra a
terço nos seus limites mínimo e máximo. República de Angola, é punido com pena de prisão de 5 a
10 anos.
ARTIGO 309.º
(Dispensa de pena ou atenuante especial) 2. Quando do facto descrito no número anterior resul-
tar perigo grave para a independência ou a integridade da
1. Se, nos casos dos crimes previstos nos artigos 303.º e
República de Angola, a pena é de prisão de 10 a 15 anos.
305.º, o agente remover o perigo:
ARTIGO 314.º
a) Pode ter lugar a dispensa da pena, se a remoção (Provocação à guerra ou a represálias)
RFRUUHUDQWHVGHRGDQRVHYHUL¿FDU 1. Quem, sem competência para tanto ou sem estar devi-
b) A pena é especialmente atenuada, se já se tiver damente autorizado pelos competentes Órgãos de Soberania,
YHUL¿FDGRRGDQRPDVHVWHQmRIRUFRQVLGHUiYHO praticar actos susceptíveis de provocarem uma guerra ou
2. É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 2 represálias contra a República de Angola é punido com pena
do artigo 292.º de prisão de 2 a 8 anos.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5417
2. Se em consequência do facto descrito no número ante- 4. Se a actividade do agente não tiver por objecto
rior forem, contra Angola, desencadeada uma guerra ou segredo do estado, mas, ainda assim, a recolha de informa-
exercidas represálias, a pena é de prisão de 8 a 12 anos. ções puser em perigo a segurança do Estado, a pena é de
ARTIGO 315.º prisão de 1 a 5 anos.
(Colaboração com o estrangeiro para constranger o Estado) 5. Se o facto descrito no número anterior for praticado
Quem colaborar com governo, associação ou institui- em colaboração com as entidades referidas no n.º 2 ou em
ção estrangeira ou com seu intermediário para constranger seu benefício, a pena é de prisão de 2 a 8 anos.
o Estado a sujeitar-se a ingerência estrangeira em prejuízo ARTIGO 318.º
da sua independência ou soberania, a declarar ou não decla- (Inutilização de meios de prova)
rar guerra ou a manter ou não manter a neutralidade numa 4XHP IDOVL¿FDU HOLPLQDU GHVWUXLU WRUQDU LUUHFRQKH-
guerra, é punido com pena de prisão de 3 a 12 anos. FtYHOGHV¿JXUDURXDOWHUDURVHQWLGRGDQL¿FDULQXWLOL]DURX
ARTIGO 316.º tornar indisponíveis meios de prova de factos referentes às
(Violação de segredo de Estado) relações entre Angola e outro Estado ou organização inter-
1. Quem, com intenção de favorecer estado ou entidade nacional e, com isso, puser em perigo relevantes interesses
estrangeira, tornar públicos ou acessíveis a pessoa não auto- nacionais é punido com pena de prisão de 3 a 8 anos.
rizada factos, condições de pessoas, objectos, documentos, 2. A pena é de prisão de 5 a 10 anos, se o facto for perpe-
planos ou conhecimentos apenas acessíveis a um limitado trado sobre coisa que tenha sido posta à disposição do autor
circulo de pessoas e que devam ser mantidos em segredo, em virtude da sua qualidade de funcionário público ou de
pondo em perigo os interesses do Estado Angolano relativos alguém especialmente obrigado ao serviço público.
à soberania, independência nacional, unidade e à integridade
ARTIGO 319.º
do Estado ou à sua segurança interna ou externa, os recursos ,Q¿GHOLGDGHGLSORPiWLFD
afectos à defesa e à diplomacia, à salvaguarda da população
4XHP UHSUHVHQWDQGR R¿FLDOPHQWH D 5HS~EOLFD GH
em território angolano, bem como à preservação e segu-
Angola perante um governo estrangeiro, uma comunidade de
rança dos recursos económicos e energéticos estratégicos, é
estados, uma instituição interestadual ou outra organização
punido com pena de prisão de 8 a 12 anos.
internacional, intencionalmente, prejudicar direitos ou inte-
2. A mesma pena será aplicada àquele que, com igual
resses angolanos numa negociação com aquelas entidades
intenção e pondo em perigo os interesses referidos no
ou nela assumir compromisso sem para isso estar compe-
Q~PHURDQWHULRUGHVWUXLUVXEWUDLURXIDOVL¿FDURVREMHFWRV
tentemente mandatado pelo Estado Angolano, é punido com
documentos ou planos aí mencionados.
pena de prisão de 5 a 10 anos.
3. Quando o agente praticar o facto abusando da posição
2. Se, no caso do número anterior, o agente não chegar a
que ocupa em posto de responsabilidade que especialmente
causar prejuízos ou a assumir compromissos, mas violar ins-
o obrigue à guarda do segredo de Estado, é punido com pena
truções recebidas do Estado Angolano ou, com a intenção de
de prisão de 10 a 15 anos.
o induzir em erro, lhe prestar informações falsas sobre factos
4. Se não tiver havido intenção de favorecer potência
ocorridos na negociação em que participou, é punido com
estrangeira, as penas são de prisão de 3 a 8 anos, nos casos
pena de prisão de 2 a 5 anos.
dos n.os 1 e 2, e de prisão de 5 a 10 anos, no caso do n.º 3.
5. A negligência é, em todos os casos, punida com pena SECÇÃO II
Crimes Contra a Defesa Nacional e as Forças Armadas
de prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
ARTIGO 317.º ARTIGO 320.º
(Espionagem) (Inutilização de meios de defesa)
1. Quem aceder a um segredo de Estado para o revelar 1. Quem, com intenção de colocar em perigo a segurança
ou auxiliar outrem a fazê-lo é punido com pena de prisão de de Angola, a capacidade de defesa ou de ataque das suas tro-
5 a 10 anos. SDV RX D YLGD GDV SHVVRDV GHVWUXLU GDQL¿FDU RX LQXWLOL]DU
2. Se o facto for praticado em colaboração com governo, instalações, estabelecimentos, construções, equipamen-
associação, organização, serviço de informações estrangeiro tos, armas, munições ou outros meios militares essenciais à
ou agente seu, a pena é de prisão de 8 a 12 anos. defesa nacional, às forças armadas, ou à protecção da popu-
3. Se o agente praticar um dos factos descritos nos lação civil, é punido com pena de prisão de 5 a 12 anos.
Q~PHURVDQWHULRUHVFRPYLRODomRGHGHYHUHVSHFL¿FDPHQWH 2. Igual pena é aplicável àquele que, com a mesma inten-
imposto pelo estatuto do seu cargo ou da sua função, serviço ção, construir ou mandar construir, produzir ou mandar
RXPLVVmRTXHOKHWHQKDVLGRFRPSHWHQWHPHQWHFRQ¿DGRp produzir de forma defeituosa as instalações, estabelecimen-
punido com pena de prisão de 10 a 12 anos, no caso do n.º 1, tos, construções, equipamentos ou outros meios militares
e prisão de 12 a 15 anos, no caso do n.º 2. referidos no número anterior.
5418 DIÁRIO DA REPÚBLICA
O Tribunal pode, em caso de condenação por qualquer 1. Quem, por meio de violência ou ameaça de violência,
dos Crimes Contra a Segurança do Estado, considerando a opuser resistência a um funcionário ou membro de forças
militares, militarizadas ou de segurança ou ordem pública,
JUDYLGDGHGRIDFWRFRPHWLGRHRVHXUHÀH[RQDLGRQHLGDGH
para os impedir de cumprir um acto legítimo relativo ao
cívica e política do condenado, declarar a sua incapacidade
exercício das suas funções, é punido com pena de prisão até
para ser eleito para os cargos de Presidente da República 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
ou membro da Assembleia Nacional pelo período de 5 a 10 2. A pena é de prisão de 1 a 5 anos quando:
anos. a)2DJHQWHHVWLYHUDUPDGRHXVDURX¿]HUPHQomRGH
usar a arma;
CAPÍTULO II
b) O funcionário ou o membro das forças militares,
Crimes Contra a Autoridade Pública
militarizadas ou de segurança ou ordem pública
ARTIGO 339.º tiver corrido perigo de vida ou de grave ofensa à
(Usurpação de funções) sua integridade física.
1. Quem, sem para tal estiver legalmente autorizado, 3. O Tribunal pode atenuar especialmente a pena quando
exercer funções ou praticar actos próprios de funcionário o agente tiver cometido o facto convencido, por erro ine-
vitável, de que era ilegítimo o acto a cuja realização opôs
público, de comando militar, de força militarizada ou de
resistência.
ordem pública, arrogando-se falsamente essa qualidade, é
ARTIGO 343.º
punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa (Descaminho de objectos submetidos ao domínio
até 240 dias. de autoridade pública)
2. A mesma pena é aplicável ao funcionário público, de 4XHP GHVWUXLU GDQL¿FDU LQXWLOL]DU RX SRU TXDOTXHU
comando militar, de força militarizada ou de ordem pública forma, subtrair ao domínio de autoridade pública documento
que se encontrar suspenso das suas funções e as exercer. ou coisa móvel, assim como coisas ou bens que tenham sido
objecto de providência cautelar ou, por qualquer forma,
ARTIGO 340.º
(Desobediência)
apreendidos, é punido com pena de prisão até 5 anos, se a
pena mais grave lhe não couber por força de outra disposi-
1. É punido com pena de prisão de 6 meses ou com mul- ção penal.
tas até 60 dias quem faltar à obediência devida a ordens
ARTIGO 344.º
ou mandados legítimos, regularmente comunicados por (Quebra de selos ou marcas)
autoridade ou funcionário competente de acordo com as 4XHP URPSHU GDQL¿FDU RX LQXWLOL]DU VHORV RX PDUFDV
prescrições legais, sempre que: colocados ao abrigo da lei por autoridade ou funcionário
a) Existir um preceito legal anterior que, no caso S~EOLFRV SDUD LGHQWL¿FDU RX PDQWHU LQYLROiYHO XPD FRLVD
concreto, cominar o incumprimento da ordem ou lugar ou para dar conhecimento público de que foram
ou mandado como crime de desobediência; apreendidos ou sobre eles recaiu uma qualquer providência
cautelar é punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de
b) No caso de não existir o preceito legal referido na
multa até 240 dias.
alínea anterior, a autoridade ou o funcionário
ARTIGO 345.º
advertir o agente de que o incumprimento da (Arrancamento, destruição ou alteração de editais)
ordem ou mandado implica a prática do crime 4XHPDUUDQFDUDOWHUDUGDQL¿FDURXGHVWUXLURXSRUTXDO-
de desobediência; TXHURXWUDIRUPDLPSHGLUTXHVHFRQKHoDHGLWDOD¿[DGRSRU
c) $ RUGHP RX R PDQGDGR WLYHU SRU ¿QDOLGDGH GDU funcionário competente para o fazer é punido com pena de
cumprimento a uma decisão judicial. prisão até 1 ano ou com a de multa até 120 dias.
2. A pena é de prisão até 1 ano ou de multa até 120 ARTIGO 346.º
dias, quando a disposição legal a que se refere a alínea a) (Libertação de reclusos)
do número anterior cominar o incumprimento da ordem ou 1. Quem libertar pessoa legalmente privada da sua liber-
PDQGDGRFRPRGHVREHGLrQFLDTXDOL¿FDGD dade, a induzir à fuga, a promover ou auxiliar a sua evasão é
punido com pena de prisão de 6 meses a 5 anos.
ARTIGO 341.º
(Violação de proibições ou interdições)
2. Se o agente usar de violência ou for o encarregado da
guarda da pessoa legalmente privada da liberdade, a pena é
Quem não cumprir sentença penal que imponha proibi- de prisão de 2 a 8 anos.
ções ou interdições penais, quer como pena acessória quer 3. Se a evasão tiver ocorrido em consequência de negli-
como medida de segurança não privativa da liberdade, é gência do encarregado da guarda da pessoa legalmente
punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa privada da sua liberdade, a pena é de prisão até 2 anos ou de
até 240 dias. multa até 240 dias.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5421
decidindo ou promovendo contra o direito, com intenção de 1. Quem, depois da prática de um crime, prestar auxílio a
SUHMXGLFDURXEHQH¿FLDUDOJXpPpSXQLGRFRPSHQDGHSUL- quem o praticou, impedindo, frustrando ou iludindo, no todo
são de 1 a 5 anos. ou em parte, a actividade dos órgãos judiciários competen-
2. Se a prevaricação tiver lugar em processo de natureza tes, por forma a que o agente se subtraia à acção da justiça,
criminal e dela resultar a privação da liberdade ou a manu- à aplicação das sanções penais ou à respectiva execução, é
tenção de privação da liberdade de uma pessoa, a pena de punido com pena de prisão até 3 anos ou com a de multa até
prisão é de 2 a 10 anos. 360 dias.
3. O funcionário público que, em qualquer processo, 2. A pena em que o agente vier a ser condenado nunca
incluindo o disciplinar, ilegalmente promover ou deixar de poderá ser superior à prevista na lei para o crime cometido
promover, decidir ou deixar de decidir e, em geral, praticar SRUTXHPEHQH¿FLRXGRDX[tOLR
ou deixar de praticar acto inerente ao exercício das funções 3. Não são puníveis:
TXH QHOH H[HUFH FRP LQWHQomR GH SUHMXGLFDU RX EHQH¿FLDU a) O agente que, com o auxílio prestado, procurar
alguém, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com a de evitar que, contra si, seja também aplicada ou
multa até 360 dias. executada sanção criminal;
5422 DIÁRIO DA REPÚBLICA
para realizar acto ou omissão inerentes aos deveres do res- 6. O agente é dispensado de pena sempre que repudiar
pectivo cargo ou função, é punido com pena de prisão até 2 voluntariamente o oferecimento ou a promessa que aceitara,
anos ou com a de multa até 240 dias. restituir a vantagem ou, tratando-se de coisa fungível, o seu
2. Se, no caso do número anterior, o acto ou omissão for valor, antes da prática do facto.
contrário aos deveres do cargo ou função, a pena é de prisão 7. As penas previstas nos números anteriores são espe-
até 3 anos ou de multa até 360 dias. cialmente atenuadas se o funcionário:
3. Se a oferta, dádiva ou promessa de vantagem se des- a) Denunciar o crime no prazo máximo de 90 dias
tinar à prática de um ilícito penal, a pena é de 3 a 7 anos de após a prática do acto e sempre antes da instau-
prisão.
ração de procedimento criminal;
4. Se o acto ilícito a que se refere o número anterior for
b) Auxiliar concretamente na obtenção ou produção
praticado, o agente é punido com prisão de 3 a 10 anos, se
GHSURYDVGHFLVLYDVSDUDDLGHQWL¿FDomRRXFDS-
pena mais grave não lhe couber por força de outro preceito
penal. tura de outros agentes.
5. Não são relevantes, para efeitos do presente artigo, as 8. É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 5
ofertas, dádivas ou promessas feitas a funcionário ou a pes- do artigo anterior.
soa especialmente obrigada à prestação de serviço público ARTIGO 360.º
que forem socialmente adequadas e conforme os usos e (Corrupção activa de magistrado ou árbitro)
ou coisa móvel que lhe não pertençam e lhe tenham sido ARTIGO 367.º
entregues, estejam na sua posse ou a que tenha acesso por (Violação de domicílio por funcionário)
YLUWXGHGRVHXFDUJRRXGDVVXDVIXQo}HVSDUD¿QVGLIHUHQ- O funcionário que, abusando dos poderes inerentes ao
tes daqueles a que a coisa se destina é punido com pena de seu cargo ou às suas funções, cometer o crime de violação
prisão até 5 anos. ou de introdução e permanência em habitação alheia pre-
2. Se, tratando-se de dinheiro público, o agente lhe der YLVWR QR DUWLJR RX YLRODU R GRPLFtOLR SUR¿VVLRQDO GH
uso público diferente daquele a que estava destinado sem quem, pela natureza da sua actividade, estiver vinculado ao
TXHUD]}HVSRQGHURVDVRMXVWL¿TXHPDSHQDpGHSULVmRDWp
dever de sigilo, é punido com pena de prisão até 3 anos ou
anos ou de multa até 360 dias.
com a de multa até 360 dias.
3. Não é punível o peculato de uso, quando o dinheiro ou
ARTIGO 368.º
a coisa móvel usados não forem de valor elevado, nos ter-
(Emprego da força pública contra a execução da lei
mos da alínea b) do artigo 391.º ou ordem legítima)
ARTIGO 364.º
O funcionário que, sendo competente para requisitar ou
(Participação económica em negócio)
RUGHQDURHPSUHJRGDIRUoDS~EOLFDR¿]HUSDUDLPSHGLUD
1. O funcionário que, com intenção de obter vantagem
execução da lei, mandado de justiça ou ordem legítima de
que não seja devida, participar em negócio jurídico que
autoridade pública é punido com pena de prisão até 3 anos
envolva interesses patrimoniais que, no todo ou em parte,
ou com a de multa até 360 dias.
lhe cumprir, em razão do seu cargo ou das suas funções,
DGPLQLVWUDU ¿VFDOL]DU GHIHQGHU RX UHDOL]DU p SXQLGR FRP ARTIGO 369.º
(Falta de colaboração)
pena de prisão até 5 anos.
2. Na mesma pena incorre o titular do cargo público que, O funcionário que, sem motivo legítimo, não prestar
valendo-se da sua qualidade e em violação do que estiver colaboração a um órgão ou funcionário da Administração da
OHJDOPHQWH HVWDEHOHFLGR GHFLGLU RX LQÀXHQFLDU D GHFLVmR Justiça ou de qualquer serviço público, depois de essa cola-
de afectação de um negócio jurídico do Estado, de natureza boração lhe ter sido legalmente solicitada, requisitada ou
patrimonial, a favor de interesses próprios, de cônjuge, de ordenada formalmente por autoridade competente é punido
SDUHQWHVRXD¿QV com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa até 240 dias.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5425
c) Recrutar ou permitir que se recrutem e sirvam nas d) Atacar edifícios, material, unidades e veículos
forças beligerantes menores com idade inferior VDQLWiULRV LGHQWL¿FDGRV FRP RV HPEOHPDV H
a 16 anos; sinais distintivos das Convenções de Genebra de
d) Aproveitar civis ou outras pessoas protegidas 1949, de acordo com o direito internacional;
pelo direito internacional para evitar que deter- e) Destruir ou apropriar-se, de forma massiva e
minados locais, áreas ou forças sejam alvo de arbitrária, de bens, sempre que a destruição ou
operações militares, utilizando-os como escudos DSURSULDomRQmRVHMDPMXVWL¿FDGDVSRUVLJQL¿FD-
humanos; tivas necessidades de natureza militar.
e) Obrigar os nacionais de uma potência inimiga a
ARTIGO 387.º
combater ou participar em operações bélicas (Crimes de guerra contra pessoal combatente)
contra o seu próprio país ou forçar os membros
É punido com pena de prisão de 8 a 20 anos, se pena
da população civil a alistarem-se e a combaterem mais grave não lhe couber por força de outra disposição
QXPD IRUoD EHOLJHUDQWH GH XP FRQÀLWR DUPDGR penal quem, no contexto descrito no n.º 1 do artigo 385.º:
interno; a) Obrigar um prisioneiro de guerra ou de uma força
f) Lançar intencionalmente um ataque, sabendo que beligerante a servir nas forças armadas de uma
ele causará ferimentos e perdas de vida humanas SRWrQFLD LQLPLJD RX QDV ¿OHLUDV GH RXWUD IRUoD
entre a população civil, claramente excessivos beligerante;
em relação às vantagens de natureza militar b) Privar um prisioneiro de guerra ou de uma força
esperadas; beligerante ou outra pessoa sob protecção do
g) Atacar pessoal em missão de manutenção de paz direito internacional do direito a um julgamento
ou assistência humanitária, de acordo com a justo e imparcial;
carta das Nações Unidas, sempre que esse pes- c) Condenar e executar, sem julgamento prévio por um
soal tiver direito à protecção concedida aos civis Tribunal regularmente constituído e que ofereça
pelo direito internacional. as garantias judiciais geralmente reconhecidas
2. São considerados civis e elementos da população como indispensáveis, um prisioneiro de guerra
civil, para efeitos do presente artigo, as pessoas que não par- ou de uma força beligerante ou qualquer pessoa
ticiparem directamente nas hostilidades e os membros das sob protecção do direito internacional;
IRUoDVEHOLJHUDQWHVTXHWLYHUDPGHSRVWRDVDUPDVRX¿FDGR d) Matar ou ferir um combatente que tiver deposto as
impedidos de combater por lesão, doença, prisão ou qual- armas ou se tiver incondicionalmente rendido.
quer outro motivo. ARTIGO 388.º
(Outros crimes de guerra)
3. Para efeitos do presente artigo, são protegidas pelo
direito internacional as pessoas referidas na alínea j) do 1. É punido com pena de prisão de 3 a 20 anos, se pena
artigo 383.º mais grave não lhe couber por força de outra disposição
ARTIGO 386.º SHQDOTXHPHPFDVRGHFRQÀLWRDUPDGRXWLOL]DU
(Crimes de guerra contra bens que não sejam objectivos militares) a) Armas atómicas ou radioactivas;
É punido com pena de prisão de 3 a 12 anos, se pena b) Veneno ou armas envenenadas;
mais grave não for aplicável por força de outra disposição c)*DVHVDV¿[LDQWHVHWy[LFRVRXTXDOTXHUVXEVWkQFLD
penal quem, nas condições descritas no corpo do n.º 1 do susceptível de causar a morte, doença ou ofensa
artigo anterior: grave à integridade física de um número indeter-
a) Atacar, por qualquer modo, aglomerados popula- minado de pessoas;
cionais, habitações ou edifícios não defendidos d)%DODVTXHVHH[SDQGDPRXGHÀDJUDPQRLQWHULRUGR
e, em geral, bens ou alvos civis, causando a sua corpo humano;
destruição ou eliminação total ou parcial, sem- e) Armas, projécteis, materiais e métodos de combate
pre que tais bens ou alvos civis não constituírem susceptíveis de causar, pela sua natureza, feri-
objectivos militares nem aquelas operações PHQWRV VXSpUÀXRV VRIULPHQWRV GHVQHFHVViULRV
SXGHUHPVHUMXVWL¿FDGDVSRUVLJQL¿FDWLYRVEHQH- e efeitos indiscriminados ou concebidos para
fícios ou vantagens de natureza militar; causar danos extensos, graves e duradouros ao
b) Saquear localidades conquistadas; meio ambiente natural e pôr em perigo a saúde e
c) Atacar edifícios consagrados ao culto religioso, à a sobrevivência das populações;
educação, às artes, à ciência, à assistência ou f) É punido com a mesma pena quem praticar qualquer
EHQH¿FrQFLD DRV PRQXPHQWRV KLVWyULFRV DRV RXWURDFWRTXDOL¿FDGRFRPRFULPHGHJXHUUDSRU
hospitais e outros lugares onde se acolham e tra- tratados ou convenções internacionais subscritos
tem doentes e feridos que não sejam objectivos pela República de Angola e recebidos na sua
militares; ordem jurídica interna.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5429
2. Se o valor da coisa apropriada for diminuto, não há b) A coisa ilegitimamente apropriada for de valor
OXJDUjTXDOL¿FDomR diminuto e destinada à satisfação de necessidade
ARTIGO 406.º urgente do próprio agente ou de qualquer das
(Apropriação ilegítima de bens de empresas do sector público) pessoas mencionadas na alínea anterior.
1. Quem, por força do cargo que desempenha, tiver o SECÇÃO IV
poder de administrar, gerir ou dispor de bens de empresa Crimes de Dano
pública, sociedade de capitais públicos ou sociedade em ARTIGO 410.º
cujo capital o Estado participe e, por qualquer modo, deles (Dano)
se apropriar ou dispor ilegitimamente, é punido com as 1. Quem causar dano relevante a coisa alheia, destruindo-a,
penas estabelecidas no artigo anterior, se pena mais grave GDQL¿FDQGRDGHV¿JXUDQGRDRXLQXWLOL]DQGRDpSXQLGRFRP
não lhe couber por força de outra disposição legal. as penas estabelecidas para o crime de furto no artigo 392.º,
2. Incorre, igualmente, nas penas previstas no artigo ante- atendendo ao valor do prejuízo causado pelo dano.
rior, o funcionário, trabalhador ou colaborador de empresas 2. Considera-se dano relevante o que se traduzir num
públicas ou prestadoras de serviço público que proceder, prejuízo superior a metade do salário mínimo nacional da
concorrer, assegurar ou facilitar a subtracção ou apropriação função pública.
ilegítima de material, equipamentos, recursos, acessórios e
ARTIGO 411.º
demais meios afectos à instalação ou à funcionalidade da (Dano de coisas com valor e interesse públicos)
rede, à prestação e distribuição de bens e serviços públicos,
1. É punido com pena de prisão previstas nos artigos 392.º
se a pena mais grave não lhe for aplicável por força de outra
HHPUD]mRGRYDORUGREHPGDQL¿FDGRTXHPGHVWUXLU
disposição legal.
GDQL¿FDUGHV¿JXUDURXLQXWLOL]DU
3. Se da subtracção referida nos números anterio-
a) Monumentos públicos ou coisas legalmente clas-
res decorrer a interrupção, interferência ou perturbação da
VL¿FDGDVRXLQWHJUDGDVQRSDWULPyQLRFXOWXUDO
operabilidade da rede, as penas aplicáveis, nos termos dos
b) Coisas ou sítio inventariados ou colocados sob
números anteriores são agravadas em um terço, nos seus
limites mínimo e máximo. SURWHFomRR¿FLDOGDOHL
c)&RLVDGHLPSRUWkQFLDVLJQL¿FDWLYDSDUDDHFRQRPLD
ARTIGO 407.º
(Apropriação ilegítima de coisa achada ou em caso de acessão) ou para o desenvolvimento social, cultural, eco-
1. Quem se apropriar ilegitimamente de coisa móvel nómico, político, técnico ou tecnológico do País;
alheia que tiver encontrado é punido com pena de prisão até d) Coisa exposta, colocada ou depositada em arquivo,
1 ano ou com a de multa até 120 dias. PXVHXELEOLRWHFDRXSRVVXLGRUDGHVLJQL¿FDWLYR
2. Se o valor da coisa achada for diminuto, a pena é de YDORUDUWtVWLFRFXOWXUDOKLVWyULFRRXFLHQWt¿FR
multa até 60 dias. e) Bens, equipamentos, materiais ou recursos afectos
3. Nas mesmas penas incorre quem se apropriar ilegiti- às instalações para aproveitamento, produção,
mamente de dinheiro ou outra coisa móvel alheia que tiver armazenamento, condução ou distribuição de
chegado à sua posse ou detenção por engano, por efeito de iJXD JiV RX RXWURV ÀXtGRV FRPEXVWtYHLV RX
força natural ou de caso fortuito ou por qualquer outro meio, OXEUL¿FDQWHV HQHUJLD HOpFWULFD RX LOXPLQDomR
independentemente da sua vontade. pública, serviços de comunicação, de telefonia
ARTIGO 408.º ou de internet, redes e sistemas de saneamento
(Restituição ou reparação) ou gestão de resíduos, ou de instalações para
Aplica-se aos crimes previstos nesta secção o disposto protecção contra forças da natureza;
para o crime de furto, no artigo 399.º, com as necessárias f) Infra-Estruturas públicas ou de utilidade pública,
adaptações. habitações em centralidades e projectos habita-
ARTIGO 409.º cionais de utilidade e afectação públicas, suas
(Procedimento criminal)
dependências e equipamentos sociais de apoio;
1. O procedimento criminal pelos crimes descritos nos g) Coisa destinada à utilidade e uso públicos.
artigos 404.º e 407.º depende de queixa. 2. A pena é a de prisão até 3 anos ou a de multa até 360
2. Depende de acusação particular o procedimento dias, se o valor do prejuízo causado não for elevado.
SHORFULPHGHDEXVRGHFRQ¿DQoDSUHYLVWRQRDUWLJR 3. Se do dano referido na alínea e) do n.º 1 decorrer a
quando: interrupção, interferência ou perturbação da operabilidade
a) O agente for cônjuge, ascendente ou descendente, da rede ou do fornecimento do bem ou serviço, afectação
DGRSWDQWH RX DGRSWDGR SDUHQWH RX D¿P DWp DR ou diminuição da capacidade de fornecimento ou da estabi-
terceiro grau da linha colateral do ofendido ou lidade da rede, as penas aplicáveis, nos termos dos números
pessoa que com ele viva em condições análogas anteriores são agravadas em um terço, nos seus limites
às dos cônjuges; mínimo e máximo.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5433
2. É prejuízo patrimonial relevante o que tiver valor ele- 4. As penas são especialmente atenuadas se, até ao encer-
vado, nos termos da alínea b) do artigo 391.º ou deixar a ramento da discussão da causa na audiência de julgamento
vítima em situação económica difícil. em primeira instância, o agente:
3. Se os bens ou interesses patrimoniais forem de a) Renunciar expressamente à entrega da vantagem
empresa pública, sociedade de capital público ou sociedades ilegítima prometida;
em cujo capital o Estado comparticipar, a pena é agravada de b) Devolver a vantagem ilegítima recebida, acrescida
um terço, nos seus limites mínimo e máximo. de juros, à taxa legal, desde o dia em que foi
4. O procedimento criminal depende de queixa salvo no recebida;
caso previsto no número anterior. c)0RGL¿FDUFRPRDFRUGRGDRXWUDSDUWHRQHJyFLR
$SOLFDVHDRFULPHGHLQ¿GHOLGDGHRGLVSRVWRSDUDR celebrado, de harmonia com as regras de boa-fé.
furto no artigo 399.º, com as necessárias adaptações. 5. Se os factos a que se refere o número anterior ocor-
rerem depois do encerramento da discussão da causa na
ARTIGO 427.º
audiência de julgamento em primeira instância, até ser
(Uso e abuso de cartão de crédito, débito ou garantia)
proferida a sentença, as penas podem, ainda, conforme as
1. Quem, sem consentimento do respectivo titular ou circunstâncias, ser especialmente atenuadas.
abusando desse consentimento, utilizar cartão de crédito,
débito ou garantia para obter do emitente um pagamento, CAPÍTULO IV
Crimes Contra Direitos Patrimoniais
causando ao titular do cartão ou a outra pessoa um prejuízo
patrimonial é punido com as penas estabelecidas para o ARTIGO 430.º
(Frustração de créditos exequendos)
crime de furto, no artigo 392.º, tendo em atenção o valor do
prejuízo causado. 1. O devedor que, com intenção de frustrar uma exe-
2. A tentativa é sempre punível. cução já instaurada e a satisfação consequente da dívida
3. É aplicável ao crime descrito neste artigo, o disposto exequenda, praticar actos de disposição patrimonial ou que
SURGX]DP REULJDomR GHVWUXLU GDQL¿FDU ¿]HU GHVDSDUH-
para o crime de furto no artigo 399.º e na alínea a) do n.º 2
cer, ocultar ou sonegar bens do seu património ou de forma
do artigo 400.º
DUWL¿FLDOH¿FWtFLDRGLPLQXLUpSXQLGRVHYLHUDVHUMXGLFLDO-
ARTIGO 428.º mente declarado em situação de insolvência, com pena de
(Uso de cartão subtraído com violência)
prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
O uso ilícito de cartão de crédito, débito ou garantia e, 2. O terceiro que praticar o facto descrito no número pre-
sendo o caso, do correspondente código secreto, subtraído cedente com conhecimento do devedor ou em seu benefício
ou obtido por meio de violência contra uma pessoa ou de é punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa
uma ameaça com perigo eminente para a sua vida ou integri- até 240 dias.
dade física, ou colocando-a o agente na impossibilidade de ARTIGO 431.º
se opor à subtracção ou de resistir à revelação, é equiparado (Falência dolosa)
ao crime de roubo e punível, nos termos dos artigos 401.º, 1. É punido com pena de prisão de 1 a 3 anos ou com
402.º e 403.º, com as necessárias adaptações. multa de 120 a 360 dias o comerciante que, com intenção de
ARTIGO 429.º
prejudicar os credores:
(Usura) a) 'HVWUXLU GDQL¿FDU LQXWLOL]DU RX ¿]HU GHVDSDUHFHU
1. Quem, com o propósito de obter, para si ou para ter- bens do seu património;
b) 'LPLQXLU ¿FWLFLDPHQWH R VHX DFWLYR SDWULPRQLDO
FHLURXPEHQHItFLRSDWULPRQLDO¿]HUPHGLDQWHDH[SORUDomR
dissimulando, ocultando objectos ou direitos,
de situação de necessidade, anomalia psíquica, incapaci-
reconhecendo créditos e invocando dívidas ine-
dade, inépcia, falta de experiência ou fraqueza de carácter
xistentes ou simulando, através de contabilidade
do devedor, com que este se obrigue a prometer ou conceder,
viciada, falso balanço ou, por qualquer outro
a si ou a outrem, uma vantagem patrimonial manifestamente
modo, uma situação patrimonial inferior à real;
desproporcionada com a contraprestação é punido com pena
c) &ULDU RX DJUDYDU DUWL¿FLDOPHQWH SUHMXt]RV RX GD
de prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 dias.
mesma forma, reduzir lucros;
2. O procedimento criminal depende de queixa.
d) Comprar mercadorias a crédito, com o propósito
3. A pena é de 1 a 5 anos de prisão, quando o agente:
de as vender, ou utilizar em pagamento, por
a) Fizer da usura modo de vida; preço sensivelmente inferior ao corrente e, desta
b) Dissimular a vantagem pecuniária ilegítima, simu- maneira, retardar a falência.
lando contrato ou título de crédito; 2. A mesma pena é aplicada ao concordado que não jus-
c) Provocar conscientemente, por meio da usura, a WL¿FDUDUHJXODUDSOLFDomRGRVYDORUHVGRDFWLYRH[LVWHQWHj
ruína patrimonial da vítima. data de concordata.
5436 DIÁRIO DA REPÚBLICA
3. O terceiro que, com conhecimento do comerciante típico e ilícito contra o património ou contribuir para que
devedor ou em seu benefício, praticar os factos descritos no terceiro de boa-fé a adquira, receba, conserve ou oculte é
n.º 1 é punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa até
multa até 240 dias. 240 dias.
ARTIGO 432.º 4XHP VHP VH FHUWL¿FDU GD VXD RULJHP DGTXLULU RX
(Falência negligente) receber ou utilizar, a qualquer título, coisa que, pela sua qua-
1. O comerciante que, com grave negligência, se deixar lidade, quantidade ou natureza, pela condição da pessoa que
cair em situação de falência é punido, se esta vier a ser judi- lha oferecer ou pelo montante do preço por ela pretendido,
cialmente declarada, com pena de prisão até 2 anos ou com souber ou deva razoavelmente suspeitar que provém de
multa até 240 dias. facto típico e ilícito contra o património é punido com pena
2. O procedimento criminal depende de queixa. de prisão até 1 ano ou com a de multa até 120 dias.
3. A pena é de prisão de 1 a 3 anos ou de multa de 120 a
ARTIGO 433.º
(Favorecimento de credores)
GLDVVHRDJHQWH¿]HUGDUHFHSWDomRPRGRGHYLGD
4. Aplica-se, com as necessárias adaptações, o dis-
1. O devedor que, conhecendo a sua situação de insolvên- posto para o furto no artigo 399.º e na alínea a) do n.º 2
cia ou prevendo a eminência de nela cair e, com a intenção do artigo 400.º
de favorecer alguns credores em prejuízo de outros, solver 5. O receptador é punido, ainda que, por incapacidade de
dívidas não vencidas ou solver dívidas vencidas de forma culpa ou outra razão legal, o não seja o agente do facto de
diferente do pagamento em dinheiro ou valores usuais ou que provier a coisa.
oferecer garantias a que não era obrigado, é punido: 6. As penas previstas nos números anteriores são agra-
a) Se vier a ser judicialmente declarado em estado de vadas em um terço, nos seus limites mínimo e máximo, se
falência, com pena de prisão até 2 anos ou com a a coisa objecto de receptação constituir bem, equipamento,
de multa até 240 dias; material ou recurso afecto a instalações para aproveita-
b) Se vier a ser judicialmente declarado em estado mento, produção, armazenamento, condução ou distribuição
de insolvência, com pena de prisão até 1 ano ou GHiJXDJiVRXRXWURVÀXtGRVFRPEXVWtYHLVRXOXEUL¿FDQ-
com a de multa até 120 dias. tes, energia eléctrica ou rede de iluminação pública, serviços
2. O procedimento criminal depende de queixa. de comunicação, de telefonia ou de internet, redes e sistemas
de saneamento ou gestão de resíduos, ou instalações para a
ARTIGO 434.º
(Perturbação de arrematação e adulteração de concurso público) protecção contra forças da natureza.
7. A sentença condenatória por crime de receptação deter-
1. Quem, com intenção de obter vantagem patrimonial,
mina, igualmente, a apreensão e perda a favor do Estado, das
para si ou para terceiro, impedir, viciar ou prejudicar os
coisas receptadas e dos instrumentos, ferramentas e meios
resultados de venda ou arrematação judicial ou outra venda utilizados para a sua ocultação ou transformação.
em hasta pública autorizada ou imposta por lei, conseguindo, 8. Quando as coisas objecto de receptação forem arma-
mediante dádiva, promessa, violência ou ameaça, entendi- zenadas, ocultadas, transformadas ou disponibilizadas ao
PHQWRRXRXWURTXDOTXHUDUWL¿FLRRXPHLRIUDXGXOHQWRTXH público em estabelecimentos de depósito, de indústria, de
alguém deixe de lançar ou licitar ou que, de alguma forma, comércio ou de outra natureza, com o conhecimento do
seja perturbada a liberdade dos respectivos actos é punido respectivo titular, é aplicável o disposto nos artigos 99.º e
com pena de prisão até 3 anos ou com a de multa até 360 100.º, sem prejuízo da aplicação combinada de outras penas
dias, se pena mais grave não lhe couber por outra disposição acessórias.
penal, em função da violência utilizada. 9. Em caso de reincidência, o limite mínimo e máximo
2. Na mesma pena incorre quem, com a mesma inten- da pena aplicável é elevado ao dobro.
ção, mediante dádiva, promessa, violência, entendimento 10. Equiparam-se às coisas a que este artigo se refere
com outros concorrentes ou outro qualquer artifício ou meio os valores e produtos que, com elas, forem directamente
fraudulento, determinar que alguém se afaste de concurso obtidos.
UHJXODGR SRU GLUHLWR S~EOLFR RX ¿]HU FRP TXH GH DOJXPD ARTIGO 436.º
forma, o concurso seja desvirtuado, afastado dos seus objec- (Auxilio material)
tivos ou se adulterem os seus resultados. 1. Quem, tendo conhecimento de um facto típico e ilícito
3. Na mesma pena incorre quem, com a intenção referida contra o património, ajudar os seus agentes a tirar proveito
nos números anteriores, aceitar dádivas, promessas ou qual- das coisas obtidas com a sua prática é punido com pena de
quer benefício ou vantagem. prisão até 1 ano ou com a de multa até 120 dias.
ARTIGO 435.º 2. É aplicável, com as devidas adaptações, o disposto nos
(Receptação) n.os 6 a 9 do artigo anterior.
1. Quem, com intenção de conseguir, para si ou para 3. Aplica-se ao auxílio material, com as devidas adapta-
outrem, vantagem patrimonial, adquirir ou receber, a qual- ções, o disposto para o furto no artigo 399.º e na alínea a) do
quer título, conservar ou ocultar coisa obtida através de acto n.º 2 do artigo 400.º
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5437
4. É punido com pena do n.º 1 quem, sem estar devida- 3. Nos casos descritos nos números anteriores, as penas
mente autorizado: previstas são agravadas em um terço, nos seus limites
a) Proceder ao tratamento informático de dados ou mínimo e máximo, se a perturbação ou dano causado atingi-
LQIRUPDo}HVLQGLYLGXDOPHQWHLGHQWL¿FiYHLV rem de forma grave e duradoura um sistema de informação
b) 7UDQVPLWLU D WHUFHLURV SDUD ¿QV GLIHUHQWHV GRV que apoie actividades destinadas a assegurar o abastecimento
autorizados, dados ou informações informatica- de bens ou a prestação de serviços essenciais, de transporte,
de comunicações, de saneamento básico ou gestão de resí-
mente tratados;
duos, ou de protecção contra forças da natureza.
c) &ULDU PDQWHU RX XWLOL]DU ¿FKHLUR LQIRUPiWLFR GH
4. Se o dano causado não for relevante, nos termos do
GDGRV SHVVRDOPHQWH LGHQWL¿FiYHLV UHODWLYRV D
QGRDUWLJRQmRKiOXJDUjTXDOL¿FDomR
FRQYLFo}HVSROtWLFDVUHOLJLRVDVRX¿ORVy¿FDVD
5. A tentativa é sempre punível.
¿OLDomRSDUWLGiULDRXVLQGLFDORXjYLGDSULYDGD
de outrem. CAPÍTULO III
5. A tentativa é sempre punível. Crimes Contra as Comunicações
e Sistemas Informáticos
3DUD RV HIHLWRV GR Q VHUYLoR SURWHJLGR VLJQL¿FD
qualquer serviço de radiodifusão ou da sociedade da infor- ARTIGO 441.º
(Sabotagem informática)
mação, desde que prestado mediante remuneração e com
acesso condicionado, conforme este é descrito na alínea c) 1. É punido com pena de prisão até 2 anos ou multa até
do artigo 250.º 240 dias quem, de modo ilícito:
ARTIGO 439.º
a) $OWHUDU GDQL¿FDU LQWHUURPSHU GHVWUXLU SDUWH RX
(Intercepção ilegítima em sistema de informação) todo de uma rede de comunicações electrónicas
1. Quem, através de meios técnicos, interceptar ou regis- ou sistema informáticos;
tar transmissões não públicas de dados que se processem no b) Perturbar gravemente o funcionamento de uma
LQWHULRUGHXPVLVWHPDGHLQIRUPDomRFRQIRUPHHVWHpGH¿- rede de comunicações electrónicas, e sistemas
nido na alínea e) do artigo 250.º a ele destinados ou dele informáticos;
proveniente, é punido com a pena de prisão até 2 anos ou c) Afectar a capacidade de uso, através da intro-
com a de multa até 240 dias. GXomR WUDQVPLVVmR GDQL¿FDomR DOWHUDomR H
2. A mesma pena é aplicável a quem abrir mensagem de impedimento do acesso ou supressão de dados
correio electrónico que não lhe seja dirigida ou tomar conhe- informáticos ou através de qualquer outra forma
cimento do seu conteúdo ou, por qualquer modo, impedir de interferência na rede de comunicações elec-
que seja recebida pelo seu destinatário. trónicas e sistema informáticos.
3. A mesma pena é aplicável a quem divulgar o conteúdo 2. Se o dano emergente da perturbação for de valor ele-
das comunicações referidas nos números anteriores. vado, o agente é punido com a pena de prisão de 2 a 5 anos.
4. Se a intercepção for conseguida através da violação 3. Se o dano emergente da perturbação for de valor
consideravelmente elevado, ou atingir de forma grave ou
das regras de segurança ou for efectuada a partir de um ser-
duradoura uma rede de comunicações electrónica, e siste-
viço legalmente protegido, a pena é de 2 a 8 anos de prisão.
mas informáticos que apoiem uma actividade destinada a
5. A tentativa é sempre punível.
assegurar funções sociais essenciais, o agente é punido com
ARTIGO 440.º
a pena é de prisão de 2 a 8 anos.
(Dano em dados informáticos)
ARTIGO 442.º
1. Quem, com intenção de causar prejuízo a terceiro ou (Falsidade informática)
de obter benefício para si ou para terceiro, alterar, deteriorar,
1. Quem, com intenção de enganar ou prejudicar, intro-
inutilizar, apagar, suprimir, ou destruir, no todo ou em parte, duzir, alterar, eliminar ou suprimir dados em sistema de
ou, de qualquer forma, tornar não acessíveis dados alheios, informação ou, em geral, interferir no tratamento desses
FRQIRUPHRVGH¿QHDDOtQHDGGRDUWLJRRXOKHVDIHF- dados, por forma a dar origem a dados falsos que possam ser
tar a capacidade de uso, é punido com as penas previstas nos considerados verdadeiros e utilizados como meio de prova,
artigos 392.º e 393.º em razão do valor do prejuízo causado. é punido com a pena de prisão até 2 anos ou com a de multa
2. A mesma pena é aplicável a quem, com intenção até 240 dias.
de causar prejuízo a terceiro ou de obter benefício para si 2. Quando as acções descritas no número anterior inci-
ou para terceiro, destruir, total ou parcialmente, inutilizar, direm sobre os dados registados ou incorporados em cartão
DSDJDU DOWHUDU GDQL¿FDU HPEDUDoDU LPSHGLU LQWHUURPSHU bancário de pagamento ou qualquer outro dispositivo que
perturbar gravemente o funcionamento ou afectar a capa- permita o acesso a sistema ou meio de pagamento, a sistema
cidade de uso de um sistema de informação, conforme é de comunicações electrónicas ou a serviço de acesso condi-
GH¿QLGRQDDOtQHDHGRDUWLJR cionado, a pena é de 2 a 5 anos de prisão.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5439
3. As penas estabelecidas nos n.os 1 e 2 são aplicáveis a igualmente ser apreendidos dispositivos em comercialização
quem, não sendo o autor dos crimes descritos nesses núme- TXHWHQKDPSRU¿QDOLGDGHH[FOXVLYDIDFLOLWDUDVXSUHVVmRQmR
ros, utilizar, com a intenção de causar prejuízo a outrem ou autorizada ou a neutralização de qualquer salvaguarda téc-
de obter benefício para si ou para terceiro, respectivamente, nica eventualmente colocada para protecção destes.
os dados falsos referidos no n.º 1 ou o cartão ou dispositivo
TÍTULO IX
em que se encontrem registados ou incorporados os dados
Crimes Contra o Consumidor e o Mercado
obtidos com os factos descritos no n.º 2.
4. Se o autor dos factos descritos nos números anterio- CAPÍTULO I
res for funcionário público no exercício das suas funções, a Crimes Contra o Consumidor
pena é de:
ARTIGO 445.º
a) Prisão de 6 meses a 3 anos ou multa de 60 a 360 (Abate clandestino de animais destinados à comercialização)
dias, no caso do n.º 1;
1. Quem proceder ao abate clandestino de animais desti-
b) 4 a 10 anos, no caso dos n.os 2 e 3. nados à comercialização é punido com pena de prisão até 1
ARTIGO 443.º ano ou com a de multa até 120 dias.
(Burla informática e nas comunicações) 2. Na mesma pena incorrem aqueles que adquirirem
É punido com as penas estabelecidas para o crime de furto para consumo público carne de animais abatidos clandes-
TXDOL¿FDGR QR Q GR DUWLJR DWHQGHQGR DR YDORU GR tinamente, desde que tenham conhecimento da natureza
prejuízo material causado, quem, com o propósito de obter clandestina do abate.
para si ou para terceiros vantagem patrimonial pelas formas 3. Considera-se clandestino o abate de animais destina-
descritas, causar a outrem prejuízos de natureza patrimonial: dos à comercialização:
a) Sem a competente inspecção sanitária;
a) Interferir no resultado de tratamento de dados,
b) Fora dos matadouros ou locais licenciados para
FRQIRUPHGH¿QLGRQDDOtQHDGGRDUWLJR esse efeito;
mediante estruturação incorrecta de programa de c) Não habitualmente usados no consumo humano no
computador, utilização incorrecta ou incompleta País.
de dados, utilização de dados sem autorização, 4. É equiparado ao abate clandestino o fornecimento
ou mediante intervenção, por qualquer outro para consumo público de carne de animais, sempre que:
modo não autorizado, no processamento; a) Tiverem perecido de doença;
b) Usar programas, dispositivos ou outros meios que, b) A carne esteja imprópria para consumo;
c) Se trate de carne de animais abatidos em actividade
separada ou conjuntamente, se destinem a dimi-
venatória, que não tenha sido submetida a ins-
nuir, alterar ou impedir, no todo ou em parte, o
pecção sanitária;
normal funcionamento ou exploração do serviço d) Em caso de negligência, a pena é de multa
de telecomunicações. até 120 dias.
ARTIGO 444.º ARTIGO 446.º
(Reprodução ilegítima de programa de computador, (Açambarcamento)
EDVHVGHGDGRVHWRSRJUD¿DGHSURGXWRVVHPLFRQGXWRUHV
1. É punido com pena de prisão até 2 anos ou com multa
1. Quem ilegitimamente reproduzir, distribuir, comu-
até 240 dias quem, em prejuízo do abastecimento regular
nicar ao público ou colocar à disposição do público um
GRPHUFDGRHHPVLWXDomRGHGL¿FXOGDGHRXLUUHJXODULGDGH
programa de computador protegido por lei é punido com
de abastecimento de bens essenciais ou de primeira necessi-
pena de prisão até 2 anos ou multa até 240 dias.
dade ou de matérias-primas indispensáveis à sua produção:
2. Quem, não estando para tanto autorizado, reproduzir,
a) Os ocultar ou armazenar em locais não indicados
distribuir, comunicar ao público ou colocar à disposição do
jVDXWRULGDGHVGH¿VFDOL]DomRTXDQGRWDOLQGLFD-
S~EOLFRFRP¿QVFRPHUFLDLVXPDEDVHGHGDGRVFULDWLYDp
ção for exigida;
punido com pena de prisão até 3 anos ou pena de multa até
b) Recusar vendê-los, segundo os usos da respectiva
360 dias.
3. Quem, não estando para tanto autorizado, proceder à actividade;
extracção ou reutilização de uma base de dados protegida c) Recusar ou retardar a sua entrega, depois de enco-
por lei é punido com uma pena de prisão até 2 anos ou pena mendados e aceite o respectivo fornecimento;
de multa de 240 dias. d) Encerrar o estabelecimento ou o local de exercício
4. A pena do n.º 2 é aplicável a quem ilegitimamente GDDFWLYLGDGHFRPHUFLDOFRPR¿PGHLPSHGLU
reproduzir, distribuir, divulgar ou colocar à disposição do a venda;
S~EOLFRXPDWRSRJUD¿DGHXPSURGXWRVHPLFRQGXWRU e) Condicionar a venda à compra de outros bens, ou
5. Em caso de reprodução não autorizada, são apreendi- pedir por eles preço manifestamente exorbitante,
das as cópias ilícitas de programas de computador, bases de com o propósito de desencorajar o comprador a
GDGRV RX WRSRJUD¿D GH SURGXWRV VHPLFRQGXWRUHV SRGHQGR adquiri-los.
5440 DIÁRIO DA REPÚBLICA
2. Em caso de negligência do agente, a pena é de prisão 3. Em caso de negligência, a pena é de prisão até 1 ano
até 1 ano ou de multa até 120 dias. ou de multa até 120 dias.
3. Não constitui açambarcamento a recusa de venda de 4. Se as substâncias ou produtos se destinarem a alimen-
matérias-primas, mercadorias ou bens: tação de animais, a pena é de prisão até 1 ano ou de multa até
a) Indispensáveis ao abastecimento doméstico do 120 dias, se a pena mais grave não for aplicável, por outra
produtor ou do vendedor; disposição penal, em função do perigo criado ou do dano
b) Em quantidade manifestamente desproporcionada produzido pela conduta do agente.
às necessidades normais de consumo do adqui- 5. Se o facto descrito no número anterior se dever a
rente; negligência do agente, a pena é de prisão até 6 meses ou de
c) Em quantidade susceptível de prejudicar a justa multa até 60 dias.
repartição entre a clientela;
ARTIGO 450.º
d) 3RU MXVWL¿FDGD IDOWD GH FRQ¿DQoD GR YHQGHGRU 'HVWUXLomRRXDSOLFDomRLQGHYLGDGHPDWpULDVSULPDVHEHQV
quanto à pontualidade do pagamento pelo adqui-
1. É punido com as penas estabelecidas para o crime de
rente, tratando-se de venda a crédito.
açambarcamento quem, em prejuízo do abastecimento do
ARTIGO 447.º mercado:
(Especulação)
a) Destruir os bens e as matérias-primas a que refere
Quem, sendo comerciante ou dedicando-se habitual-
o artigo 448.º;
mente ao comércio vender bens ou prestar serviços por
b)$VDSOLFDUD¿QVGLIHUHQWHVGDTXHOHDTXHHVWDYDP
preços que excedam o limite estabelecido pelo regime legal
GRVSUHoRV¿[DGRVHYLJLDGRVpSXQLGRFRPSHQDGHSULVmR normalmente destinados, do imposto por lei ou
até 1 ano ou com a de multa até 120 dias. do determinado por autoridade competente.
ARTIGO 448.º
1DVPHVPDVSHQDVLQFRUUHTXHPGHVWUXLUGDQL¿FDURX
(Fraude sobre mercadorias) inutilizar bens próprios que forem essenciais para a econo-
1.Quem, com a intenção de prejudicar terceiro ou de mia do País.
se enriquecer, fabricar, transformar mercadorias, importar, 3. Em caso de negligência do agente, a pena é de multa
exportar, armazenar, transportar, detiver, expuser à venda, até 120 dias.
vender, puser em circulação ou distribuir mercadorias fal- ARTIGO 451.º
VL¿FDGDV RX LPLWDGDV ID]HQGRDV SDVVDU FRPR JHQXtQDV (Falsa indicação de qualidade ou falsa designação)
ou inalteradas ou de natureza diferente ou mercadorias de 4XHP HVWDQGR KDELOLWDGR FHUWL¿FDU D TXDOLGDGH HP
qualidade inferior às que, pelo agente, lhe são atribuídas é GRFXPHQWRSUySULRRXHPTXDOTXHURXWURGRFXPHQWRR¿FLDO
punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa até que sirva para atestar a qualidade, a composição ou a origem
240 dias, se pena mais grave não lhe for aplicável por outra de um produto, fazendo constar um dado falso, incompleto
disposição penal.
ou incorrecto acerca da qualidade, composição ou origem
2. Em caso de negligência, a pena é de multa até 60 dias.
desse bem ou qualquer outra indicação sobre uma qualidade
ARTIGO 449.º
essencial do bem que não corresponda a verdade é púnico
$GXOWHUDomRRXIDOVL¿FDomRGHVXEVWkQFLDVDOLPHQWDUHV
com multa até 240 dias, se pena mais grave lhe não couber,
4XHP DGXOWHUDU RX IDOVL¿FDU VXEVWkQFLDV DOLPHQWDUHV
nos termos da legislação penal vigente.
ou produtos alimentares destinados a consumo público é
2. No caso de negligência, a pena é de multa até 120 dias.
punido com pena de prisão até 2 anos ou com a de multa até
240 dias, se a pena mais grave não lhe couber, nos termos ARTIGO 452.º
(Publicidade enganosa)
de outra disposição penal, em função do perigo criado ou do
dano produzido com a conduta descrita. 1. A publicidade comercial que comportar indicações
2. Na mesma pena incorre quem: relativas a bens ou serviços susceptíveis de induzir o con-
a) Importar, exportar, detiver, entregar ou distribuir sumidor em erro acerca da natureza, composição, origem,
substâncias ou produtos alimentares destinados data de fabrico, qualidades essenciais ou resultados da sua
a consumo público corrompidos, adulterados ou utilização, amplitude e valor de garantia ou condições de
IDOVL¿FDGRV compra, devolução, reparação ou manutenção é punida com
b) Importar, exportar, vender, colocar ou distribuir a pena de multa até 120 dias.
substâncias ou produtos alimentares destinados 2. Considera-se publicidade comercial, para os efei-
a consumo público corrompidos, adulterados ou tos do número anterior, toda a informação não legalmente
IDOVL¿FDGRV imposta, emitida com propósito directo de promover, junto
c) Adulterar o prazo de validade das subtendas, entre- do público, a venda de um bem ou serviço seja qual for o
gar ou distribuir as subalimentares destinados. meio de comunicação utilizado.
I SÉRIE –– N.º 179 –– DE 11 DE NOVEMBRO DE 2020 5441
2. Na mesma pena incorre quem, com o intuito lucrativo, 2. Incorre na mesma pena o agente económico ou fun-
receber, transformar, ocultar, por qualquer forma adquirir ou FLRQiULRGHLQVWLWXLomREDQFiULD¿QDQFHLUDRXGHFkPELRTXH
assegurar a posse, transmitir ou contribuir para transmitir instigar ou facilitar a prática do crime previsto no número
bens cuja produção ou comercialização sejam proibidas em anterior.
território nacional. 3. Os valores objecto do crime previsto nos números
ARTIGO 463.º
anteriores são apreendidos e revertem a favor do Estado.
(Descaminho de mercadorias subvencionadas ARTIGO 467.º
ou adquiridas com recursos do Estado) (Proibição de pagamentos em numerário)
1. Aquele que adquirir mercadorias subvencionadas ou Quem realizar, aceitar ou facilitar a realização de paga-
FRPUHFXUVRDIXQGRVGR(VWDGRD¿PGHVHUHPFRPHUFLD- mentos em numerário num valor igual ou superior a 35.311
lizadas em determinada localidade ou estabelecimento e lhe Unidades de Referência Processual ou o respectivo cor-
der destino diferente, será punido com prisão até 2 anos ou respondente em Kwanzas ou em qualquer outra moeda
multa até 240 dias. estrangeira, em transacções de qualquer natureza, é punido
2. Além das penas previstas no número anterior, o com a pena de multa até 120 dias.
Tribunal deve condenar o arguido na total restituição dos ARTIGO 468.º
(Retenção de moeda)
bens e/ou das quantias ilicitamente obtidas ou desviadas dos
¿QVSDUDTXHIRUDPFRQFHGLGDVRXDUHSDUDomRLQWHJUDOGRV 1. Quem retiver valores avultados em dinheiro, fora dos
prejuízos causados. FLUFXLWRVGDVLQVWLWXLo}HV¿QDQFHLUDVVHPMXVWL¿FDomRDWHQ-
dível, é punido com pena de prisão até 1 ano ou multa até
ARTIGO 464.º
(Fraude no transporte ou transferência de moeda para o exterior) 120 dias.
2. Para efeitos do número anterior, consideram-se valo-
1. Quem, de forma fraudulenta ou em violação de dis-
res avultados:
posições legais ou regulamentares, retirar do País moeda
a) Valores acima de 34.091 Unidades de Referência
nacional ou estrangeira, por via de transporte de moeda
Processual, ou o respectivo correspondente em
física ou de transferência bancária, é punido com a pena de
moeda estrangeira, tratando-se de pessoas sin-
prisão de 2 a 8 anos, se a pena mais grave não lhe couber por
gulares, microempresas ou empresas de pequena
força de outra disposição legal.
dimensão, associações, fundações, sindicatos,
2. Na mesma pena incorre, quem adquirir moeda estran-
partidos políticos, organizações religiosas ou
JHLUDHOKHGHUGHVWLQRGLYHUVRGRR¿FLDOPHQWHHVWLSXODGR
organizações não governamentais;
3. Tratando-se de transporte físico de moeda por fron-
b) Valores acima de 56.818 Unidades de Referência
teira, a violação consuma-se após a passagem do controlo
Processual, ou o respectivo correspondente em
migratório, sendo a pena aplicável a de prisão até 1 ano ou
moeda estrangeira, tratando-se de empresas de
de multa até 120 dias, se o valor em causa não exceder o
média ou de grande dimensão.
dobro do limite legalmente permitido.
3. A diferença de valores que exceda os limites objecto
4. Os valores objecto do crime previsto nos números
do crime previsto nos números anteriores é apreendida e
anteriores são apreendidos e revertem a favor do Estado.
reverte a favor do Estado.
5. O agente económico ou funcionário de instituição
ARTIGO 469.º
EDQFiULD¿QDQFHLUDRXGHFkPELRTXHLQVWLJDURXIDFLOLWDUD (Circulação não autorizada de moeda)
prática do crime previsto nos números anteriores, é punido
Quem colocar em circulação moeda ainda não autori-
com a pena de prisão até 2 anos ou multa até 240 dias.
zada a circular ou moeda já retirada de circulação é punido
ARTIGO 465.º com pena de prisão de 1 a 4 anos.
(Introdução ilícita de moeda estrangeira no País)
ARTIGO 470.º
1. Quem introduzir no País moeda estrangeira, por via (Rejeição de moeda com curso legal)
de transporte físico, em violação das disposições legais ou A rejeição, sem motivo justo, de moeda com curso legal
regulamentares, é punido com a pena de multa até 120 dias, é punida com pena de multa de 30 a 180 dias.
se pena mais grave não lhe couber por força doutra dispo-
ARTIGO 471.º
sição legal. 0RYLPHQWRVHRSHUDo}HVEDQFiULRVRX¿QDQFHLURVLOHJtWLPRV
2. É aplicável o disposto no n.º 4 do artigo anterior. 2IXQFLRQiULRGHLQVWLWXLomREDQFiULDRX¿QDQFHLUDTXH
ARTIGO 466.º sem causar danos, realizar, ordenar ou facilitar ilicitamente a
(Comércio ilegal de moeda)
UHDOL]DomRGHPRYLPHQWRVRXRSHUDo}HVEDQFiULRVRX¿QDQ-
1. Quem, em violação das disposições legais ou regu- ceiros, sem o consentimento do titular, é punido com a pena
lamentares, comercializar moeda nacional ou estrangeira, é de prisão até 2 anos ou multa até 240 dias, se a pena mais
punido com pena de prisão até 1 ano ou multa até 120 dias. grave não couber.
5444 DIÁRIO DA REPÚBLICA
1. É revogado o Código do Processo Penal de 1929, os As remissões constantes de outras leis processuais penais
diplomas que substituíram qualquer dos seus preceitos e para preceitos do Código do Processo Penal ora revogado,
todas as disposições legais que prevejam factos regulados consideram-se feitas para as disposições correspondentes do
pelo presente Código do Processo Penal. Código do Processo Penal aprovado pela presente Lei.