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DIREITO COLETIVO – 04/09/2023

Inventário e Partilha

Bueno, Cassio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil: Vol. Único (cap.
14 – proc. Especiais / 7.Inventário e Partilha.

1 – INTRODUÇÃO

A Sucessão significa que uma parte sucede a outra em determinada situação


jurídica.
No direito brasileiro existem dois tipos de sucessão:
a) Inter Vivos – Feita entre vivos
b) Causa Mortis – Tem origem na morte. Os sucessores vão suceder o de
cujos.

Morte: Causa a abertura da sucessão (Princípio de Saisine)


O direito civil não permite patrimônio sem titularidade.

Regularização da Sucessão: Se dá pelo inventário e partilha.

O inventário é a primeira fase do processo e a partilha a segunda fase.

Inventário é a identificação da massa de bens deixados.

Necessidade de pagamento de tributos. (ITBI ou ITCMD)


Necessidade de pagamentos dos credores. A quitação dos débitos das
dívidas do de cujos.

A partilha é a divisão dos bens para todos aqueles considerados herdeiros que
possuem algum direito sucessório, seja a título de herança ou legado.
 Observação de “Natureza Processual”: Enquanto não houver a partilha,
o espolio é que figurará como polo passivo ou ativo nas ações de cunho
patrimonial.

 Espólio é a massa ...

2 – OBJETIVOS
É a regularização da sucessão causa mortis.
A regularização dos direitos dos herdeiros transmitidos pelo falecimento do de
cujos.

3 – MODALIDADES

3.1 – Inventário Extrajudicial

Art. 610, §1º do CPC – Havendo testamento ou interessado incapaz,


proceder-se-á ao inventário judicial.

§ 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha


poderão ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para
qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância
depositada em instituições financeiras.

3.1.1 - Requisitos:
1º - Partes capazes (não pode haver interesse de menor envolvido)
2º - Partes concordes (as partes precisam estar de acordo)
3º - Estarem devidamente representados (Deve conter necessariamente um
advogado para cada parte)

É feito no próprio cartório e ocorre de forma célere.


3.2 – Inventário Judicial
Dependente de um processo tributário

3.2.2 – Passos:

1º - Elencar e enumerar o patrimônio: Demonstrar ao juiz qual o patrimônio


deixado. Devem ser discriminados na petição inicial.
2º - Isolar os bens da meação e da herança: Deve-se fazer o isolamento dos
bens que compõem a herança e dos bens que compõem a meação.
3º - Elencar os herdeiros e os legatários. O inventário não pode seguir sem a
nomeação dos herdeiros e/ou legatários.
4º - Verificar se a herança consegue pagar as dívidas. Não existe transmissão
de dívidas para além do que foi deixado.
5º - Estabelecimento da forma com que será feito o pagamento das dívidas.
6º - Estabelecer como será feita a partilha.
7º - Permitir a regularização dos imóveis perante o cartório de registro de
imóveis. (Importante) – Princípio da Continuidade do Registro Imobiliário. Levar
no cartório a certidão/formal de partilha.
8º - Pagamento de tributos. Observação: O tributo incide sobre a transmissão
(seja ela causa mortis ou inter vivos). Não existe tributação sobre meação.

11/09/2023

3.2.3 – Inventário Negativo: É possível?


Sim, para comprovar que não existem bens.

3.2.4 – Bens que não precisam ser inventariados: FGTS, PIS e PASEP,
Restituições Tributárias, Saldo Bancário e de Fundo de Investimento até cerca
de 500 obrigações reajustáveis do tesouro (+/- R$ 12.900,00). 1
Todas as vezes que tiver presente um destes elementos, não é ajuizada ação
de inventário e partilha. A ação competente para resgatar valores depositados
em conta no caso dessas hipóteses, é a Ação de Alvará Judicial.

1
(obrigações reajustáveis do tesouro = Era uma modalidade de título público federal que foi
emitida entre 1964 e 1986. A principal característica da ORTN era garantir ao detentor do título
uma correção monetária, evitando assim que a inflação pudesse corroer as aplicações futuras)
Legitimados: Os mesmos legitimados para propor ação de inventário e partilha.

3.2.5 – Partilha e Adjudicação

Partilha é a divisão do quinhão em havendo mais de um herdeiro.


Adjudicação é a transmissão direta do bem, caso exista apenas um único
herdeiro.

OBSERVAÇÃO: A atribuição diz respeito ao quinhão, e não significa a divisão


dos bens.

3.2.6 – Características do Procedimento

a) Não existe produção de provas

b) Questões que dependem de prova não são resolvidas no inventário (é uma


decorrência da letra “a”)

3.2.7 – Tipos de Procedimento


a) Tradicional (Art. 610 a 658 CPC): Quando há DISCORDÂNCIA em relação a
qualquer aspecto, entre os herdeiros.
É o procedimento mais lento.

b) Arrolamento Comum (Art. 664 CPC): COGENTE2 (obrigatório) para até


1.000 salários mínimos, independentemente de herdeiros capazes ou
divergência.
Pouco mais célere que o tradicional.

c) Arrolamento Sumário (Art. 659 CPC): Necessário que os herdeiros sejam


maiores, capazes e concordes (NÃO IMPORTA O VALOR)
O mais simples, rápido.

2
Obrigatória do procedimento. Aplicação obrigatória desse procedimento.
3.2.8 - Competência
Regra Geral: 48, caput, CPC – Domicílio do de cujos.
“O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a
partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou
anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o
óbito tenha ocorrido no estrangeiro.”

Exceção: 48, parágrafo único


“Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.”

3.2.9 – Prazo para Abertura do inventário: 2 meses, sob pena de multa


Não se trata de prazo decadencial. Os herdeiros não perdem o direito de
apresentar a ação de partilha, mas haverá multa aplicada pelo Estado.

Súmula 542 do STF: Não é inconstitucional a multa instituída pelo Estado-


membro, como sanção pelo retardamento do início ou da ultimação do
inventário.

A partir da interposição da Petição Inicial, o prazo é interrompido.

3.2.10 – Inventariante
 Ordem de nomeação: 617 CPC; Atribuições 218 CPC
Pessoa designada nos autos do processo de inventário.

3.2.11 – Sonegação: 1.992 CC


Os bens devem ser arrolados, sob pena de perda do direito sobre eles.

3.2.12 – Colação de bens


Doações feitas em vida, importam em adiantamento de herança legítima.

3.3 – Partilha Judicial


3.3.1 – Sobrepartilha – Art. 669 CPC
Partilha posterior a partilha definitiva.
Ocorre quando já houve a partilha, mas há a necessidade de uma nova
partilha, conforme hipóteses do art. 669 do CPC:

Art. 669. São sujeitos à sobrepartilha os bens:


I - sonegados;
II - da herança descobertos após a partilha;
III - litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa;
IV - situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário.
Parágrafo único. Os bens mencionados nos incisos III e IV serão reservados à sobrepartilha sob
a guarda e a administração do mesmo ou de diverso inventariante, a consentimento da
maioria dos herdeiros.

14/09/2023

EMBARGOS DE TERCEIRO (Art. 674 a 681 CPC)

Bueno, Cassio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil: Volume Único.


Cap. 14 / Tópico 8

1. CONCEITO:
Permite que terceiro, que não é parte do processo, recuperar coisa objeto
de ato de apreensão.
Uma ação própria, distribuída por dependência em uma ação principal.

Exemplo:
A vende a B um bem imóvel, mas não fazem o devido registro de imóvel.
A é devedor de C, que ingressa com uma ação de cobrança e penhora o
bem imóvel vendido a B mas que ainda se encontra registrado em nome de
A. Sendo assim, B poderá impetrar os embargos de terceiro para defender
seu bem.

2. NATUREZA:
Ação autônoma
3. REQUISITOS:

3.1 – Gerais: De toda e qualquer ação.


Legitimidade, interesse, petição inicial devidamente instruída, etc.

3.2 – Requisitos Específicos

A) Ato de Constrição / Ato de apreensão (Art. 674 do CPC)


Qualquer ato que recaia / influa no bem móvel ou imóvel, tais como:
Penhora, depósito, sequestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, e
outros.

Observação 1: Não se trata de uma constrição feita por particulares.


Constrição Judicial: Algo que afete a minha posse ou propriedade, desde que
emanada pelo Poder Judiciário.

Observação 2: Em regra geral, é necessária a constrição para que seja


impetrado os Embargos de Terceiro. Mas, eventualmente, os embargos de
terceiro são cabíveis até mesmo na hipótese de ameaça. Ou seja, quando o
juiz ainda não tenha determinado a penhora do bem, mas tão somente a
indicação do bem pelo credor.

B) Que invoquem condição de proprietário / possuidor (Art. 674, §1º do CPC)


O autor da ação de embargos de terceiro, deve ser proprietário ou possuidor do
bem constrito.

C) Que seja terceiro que não participa do processo


Ser pessoa externa aquela relação a qual está sendo feita a constrição do bem.

D) Que a constrição seja indevida


Existe um motivo que dê lastro a manifestação / fundamentação do terceiro que
não participa da relação jurídica.

4. CASOS MAIS COMUNS


4.1 – Embargos de terceiro do cônjuge ou companheiro: cônjuge responde
pelas dívidas, se revertido em proveito do casal.

Súmula 134 do STJ: Com amplo respaldo na legislação e na jurisprudência, é


assegurado à mulher casada o direito de livrar da constrição judicial a meação, que lhe
é devida em imóvel pertencente ao casal, em execução de título de dívida contraída
pelo marido, sem a sua outorga.

4.2 – Embargos de terceiro adquirente em fraude à execução.


Fraude à execução é diferente de fraude à credores.
No caso dos embargos de terceiro, há que se falar apenas em fraude à
execução.
A fraude à execução existe em momento posterior ao ajuizamento de uma
ação.

4.2.1 – Requisitos para comprovação de fraude à execução:


1- Negócio jurídico de alienação ou oneração de bem;
2- Processo judicial em curso, seja cognitivo ou executivo;
3- A comprovação de má-fé do terceiro adquirente.

5. PRAZO –
Fase de Conhecimento: A qualquer tempo
Fase de Execução: 5 dias depois da penhora

6. COMPETÊNCIA
A distribuição é por dependência de outra ação. Por tanto, onde correr a
ação principal, será foro dos embargos de terceiro.

7. LIMINAR
A liminar pode ser pedida para:
1 – Pedir a manutenção ou reintegração da posse; ou
2 – Pedir a suspensão das medidas constritivas.
28/09 – 1º Atividade
23/11 – 2ª Atividade

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