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Esse caderno é fruto do trabalho do professor do curso de Direito, da Faculdade São Francisco de Barreiras, Tatyana Lima.

Algumas anotações foram feitas pelo Aluno André Mendes (andremendes.1@hotmail.com). Fica proibida a comercialização ou
qualquer outra forma semelhante de distribuição sem devida autorização dos mesmos.

CADERNO DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV (PROCEDIMENTOS ESPECIAIS)

Prof. Tatyana Lima1

INTRODUÇÃO
- Quais são os procedimentos que existem no novo CPC?
- Não existe mais a distinção entre sumário e ordinário. (vide art. 318 do CPC/2015), hoje têm
apenas o Processo de Conhecimento e de Execução.
- O processo de conhecimento se divide em: Procedimento Comum e cumprimento de sentença (do
art. 318 e ss.) e os Procedimentos Especiais (art. 539 e ss.).
- O que é petição? É o instrumento de comunicação do advogado com o processo (atos
processuais).
- Petitio (latim): reclamar, invocar providência, solicitar ou expor alguma pretensão diante de
alguma autoridade.

FONTE NORMATIVA
CPC/15: PARTE GERAL (art 1 a 317)

PARTE ESPECIAL (art 318 a 1072)


- Livro 1 (Do Processo de Conhecimento):
 Título I (Do procedimento comum);
 Título II (Do cumprimento de sentença);
 Título III (Dos procedimentos especiais);
- Livro 2 (Do processo de execução)
- Livro 3 (Dos processos nos tribunais e dos meios de impugnação das decisões judiciais)

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS SÃO:


- Exemplos de normas ectópicas.
- Grupo de procedimento que o legislador escolheu por conta do direito material dessas demandas.
- Exemplo:
 Ação de inventario (a parte não tem personalidade jurídica – espolio).
 Ação monitória (documento não exigível).
- O título III não é exaurível, eles se encontram também na legislação esparsa (MS, 9099/95,
locação, alimentos, maria da penha...)

Como identifica, comum ou especial?


- Analisar se a demanda está no título III do livro 1 (parte especial)
- Analisar a legislação extravagante.
- Não identificou, será procedimento comum.

1
Professora de Processo Civil IV, Faculdade São Francisco de Barreiras. Email: limataty@hotmail.com;
Esse caderno é fruto do trabalho do professor do curso de Direito, da Faculdade São Francisco de Barreiras, Tatyana Lima.
Algumas anotações foram feitas pelo Aluno André Mendes (andremendes.1@hotmail.com). Fica proibida a comercialização ou
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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NO CPC/15.


JURISDIÇÃO CONTECIOSA
1. Ação de consignação em pagamento – art 539 a 549; 2. Ação de exigir contas – art 550 a 553; 3.
Ação Possessória – art. 554 a 568; 4. Ação de divisória e demarcação de terras – art.. 569 a 598; 5.
Ação de dissolução parcial de sociedade – art. 599 a 609; 6. Inventário e Partilha – art. 610 a 673; 7.
Embargos de terceiro – art. 674 a 681; 8. Oposição – art. 682 a 686; 9. Da habilitação – art. 687 a
692; 10. Ações de família – art. 693 a 699; 11. Ação Monitória – art. 700 a 702; 12. Homologação
de penhor legal – art. 703 a 706; 13. Da regulação de avaria grossa – art. 707 a 711; 14. Da
restauração de autos – art. 712 a 718.

JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
15. Da notificação e interpelação – art 726 a 729; 16. Da alienação judicial – art 730; 17. Do
divórcio e da separação consensuais, da extinção; consensual de união estável e da alteração do
regime de; matrimônio – art 731 a 734; 18. Dos testamentos e dos codicilos – art 735 a 737; 19. Da
herança jacente – art 738 a 743; 20. Dos bens dos ausentes – art 744 a 745; 21. Das coisas vagas –
art 746; 22. Da interdição – art 747 a 763; 23. Da organização e da fiscalização das fundações – art
764 a 765; 24. Da ratificação dos protestos marítimos – art 766 a 770;

PROCEDIMENTO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO


- Objetivo: extinção (cumprir) da obrigação (pagar, entrega de coisa)
- Cabimento (art. 335, CC/02):
 Recusa do credor em receber (dívida portável),
 Inércia do credor, que não foi e nem mandou receber (dívida quesível)
 Ausência, desconhecimento ou inacessibilidade (lugar incerto, acesso perigoso ou difícil) do
credor
 Insegurança ou risco de ineficácia do pagamento em razão de:
a) Recusa do credor em fornecer quitação
b) Dúvida quanto a titularidade do credor
c) Litigiosidade da prestação entre terceiros
d) Falta de representante legal de credor incapaz.
- Competência:
 Será REGRA a do lugar do pagamento, ou foro de eleição (art 540).
- O depósito feito interrompe a contagem de juros.
- Direito material: Art 334 a 345 cc/02.
- Legitimidade: devedor, terceiro interessado juridicamente, terceiro não interessado, inquilino,
cônjuge.
- Procedimento:
1. Admitida a inicial, o juiz determinará que o devedor deposite a coisa ou efetue o
pagamento em 5 dias;
Se o depósito não for realizado no prazo, o processo será extinto sem resolução do mérito
(art 542, par único, CPC).
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2. Despacho juiz:

“(...) Defiro a consignação. Providencie-se o depósito da importância atualizada


monetariamente, a partir da data da emissão do cheque (fl.06), no prazo de cinco dias, (...).
Efetuado o depósito, cite-se o réu para receber, por carta, lavrando-se, neste caso, o termo
necessário, ou, para contestar, no caso de não de não recebimento, no caso de 15 dias,
ciente de que não oferecida a contestação ou caso receba e dê quitação, presumir-se-ão
aceitos como verdadeiros os fatos alegados na inicial, (...)”

3. O credor será citado para aceitar ou não o depósito


 Recusa: contestação em 15 dias
 Artigo 544 CPC (ler artigo):
Art. 544. Na contestação, o réu poderá alegar que: I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a
coisa devida; II - foi justa a recusa; III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; IV -
o depósito não é integral.
Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação somente será admissível se o réu indicar o montante
que entende devido.

4. No caso de alegado valor insuficiente do depósito, o devedor terá a faculdade de complementar o


valor em 10 dias.
5. No caso de dúvida quanto a titularidade do crédito, se o valor depositado for o correto, o autor
estará desobrigado da dívida (art 547 a 548 CPC).
Art. 547. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a
citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito.
Art. 548. No caso do art. 547: I - não comparecendo pretendente algum, converter-se-á o depósito em arrecadação
de coisas vagas; II - comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano; III - comparecendo mais de um, o juiz
declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os presuntivos
credores, observado o procedimento comum.
 Não comparecendo nenhum pretendente, o depósito será convertido em arrecadação de
coisas vagas;
 Comparecendo apenas um pretendente, o juiz decidirá;
 Comparecendo mais de um pretendente, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a
obrigação, correndo o processo entre os pretendentes no proc. comum.
6. Prestações sucessivas (art 541) – após consignada a primeira, as demais deverão ser depositadas
até 5 dias após o vencimento.
7. Valor da Causa – valos da prestação devida (ou da quantia ou do valor da coisa), acrescidos de
juros e demais encargos quando for o caso. Nas prestações sucessivas, os valores devem ser da
soma das prestações, nunca excedendo o total de uma anuidade (súmula 449).
8. Sentença – a natureza da sentença é eminentemente DECLARATÓRIA (declare a idoneidade do
depósito e a extinção do vínculo obrigacional. ******
9. Recurso – apelação (efeito devolutivo e suspensivo, art 1012)

CONDUTAS DO RÉU
- Depósito
 Levanta: Extingue a obrigação;
 Inércia: Extingue a obrigação
 Contesta: Prova
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* Ex: Recusa no recebimento


 Prestação de contas: Advogado x Cliente

PROCEDIMENTO DE EXIGIR CONTAS (Art. 550 a 553 CPC/15)


- Objetivo: visa à apresentação de documentação comprobatória de todas as receitas e de todas as
despesas referentes à administração de bens e valores de terceiro (arts. 523 e 552, CPC).
- Cabimento: A ação visa buscar esclarecimento de certas situações decorrentes da administração de
bens alheios (art 550 CPC).
- Ocorrerá toda vez que se torna necessário esclarecer a situação resultante da administração de bem
de outrem. Não há necessidade de vínculo legal ou contratual, basta a situação de fato
(administração de bens alheios).
Exemplos: (a) mandatário, (b) advogado, (c) curador ou tutor, (d) administrador, (e) síndico etc.
- Competência
1. Local onde se deu a gestão ou administração do bem (art 53, IV, d CPC) – Competência
territorial (relativa)
2. Podendo ser em local eleito (cláusula de eleição de foro)
3. No caso de administrador (inventariante, tutor, curador, depositário,) será competente o juízo que
nomeou o administrador (art 553 CPC) – Competência funcional (absoluta).

A ação de exigir contas supõe, de um modo geral, a existência de administração de bens,


negócios ou interesses de outrem (STJ, 4.ª Tuma, REsp 9.013/SP, rel. Min. Athos Gusmão
Carneiro, j. 28.05.1991, DJ 09.09.1991, p. 12.209). O dado fundamental para aferição de
seu cabimento é a existência de administração de coisa alheia.

- Legitimação (usar na petição autor e réu)


Art. 550. – titular do patrimônio. “Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas
requererá a citação do réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) dias.”
- Sentença – condenatória, caso condenado, será fixado o saldo devedor, o qual será exigido no
mesmo processo (fase de cumprimento de sentença). – declaratória, se da improcedência da
pretensão de exigir contas.

“Se o inventariante, ao ser destituído do seu cargo, antecipa-se à determinação do juízo, ou


ao requerimento do Ministério Público, e presta contas da sua gestão, está-se diante de
típica ação de dar contas, também denominada pela doutrina de ação de prestação
espontânea de contas, que segue o rito dos arts. 914 a 919, do CPC. Mesmo quando a
prestação de contas do inventariante é determinada pelo juízo ou a requerimento do
Ministério Público, por força do art. 991, VII, do CPC, o inventariante pode ser condenado
a pagar o saldo eventualmente apurado após a prestação das contas, por interpretação
sistemática com o art. 919 do CPC. Recurso especial conhecido e provido” (STJ, 3.ª Turma,
REsp 547.175/DF, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 08.11.2005, DJ 05.12.2005, p. 318).

- Procedimento
Fases:
1) Verificação da existência do dever de prestar contas (sim, inerte, contesta); (art. 551,
CPC).
2) Do exame das contas e, caso haja saldo credor, procedimento de execução (art. 552),
mediante cumprimento de sentença (art. 523, CPC), o saldo eventualmente apurado,
servindo a decisão judicial como título executivo.
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A lei exige que o autor especifique detalhadamente na petição inicial as razões pelas quais
exige as contas, instruindo-a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem.
Caso haja impugnação das contas pelo réu, esta deverá ser fundamentada e específica, com
referência expressa ao lançamento questionado.
 Se o réu não contestar o pedido, haverá o julgamento antecipado do mérito.
 Se julgado improcedente, o réu fica desobrigado de prestar contas e o Autor responderá pelo
ônus da sucumbência.
- A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no prazo de 15 dias.
- As contas do réu serão apresentadas na forma: receitas, a aplicação das despesas e os
investimentos, se houver.
- Apresentadas as contas pelo réu, o Autor deverá se manifestar em 15 dias, facultando ao juiz
determinar a realização de exame pericial, se necessário.
- A sentença que apurar o saldo, se constituirá em título executivo judicial.

“Cumprida a primeira fase da prestação de contas e transitada em julgado a sentença e


homologada, na ocasião processual seguinte é inadmissível reabrir o debate referente às
questões daquela fase inicial” (STJ, 1.ª Turma, REsp 148.978/MG, rel. Min. Milton Luiz
Pereira, j. 07.06.2001, DJ 25.02.2002, p. 202).

1. Inicial: justificar a necessidade de obter as contas pretendidas, a forma que se constituiu a relação
e a legitimidade legal para poder exigir contas, comprovando essas circunstâncias
documentalmente, se puder (art. 550, § 1.º, CPC) - (STJ, 4.ª Turma, REsp 1.274.639/SP, rel. Min.
Luis Felipe Salomão, DJe 23.10.2017).
2. Apresentação de contas pelo demandado: implica reconhecimento jurídico do pedido de
prestação de contas (art. 487, III, a, CPC). As contas devem ser apresentadas em forma adequada,
especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos que porventura foram
feitos (art. 551, CPC).
3. O demandante tem o prazo de quinze dias para se manifestar sobre as contas oferecidas (art. 551,
§1.º, CPC). (STJ, 3.ª Turma, REsp 67.671/RS, rel. Min.Ari Pargendler, j. 22.06.1999, DJ
13.09.1999, p. 62).
4. Se as contas não foram prestadas na forma adequada, tem o juiz de assinalar prazo razoável para
que o demandante se manifeste a respeito das contas ofertadas ou determinar a correção na forma da
apresentação das contas, para que esta seja adequada à forma exigida em lei.
Contestação. Pode o réu negar-se a prestar contas e contestar o pedido. O prazo para contestação é
de quinze dias (art. 550, caput, CPC). Constitui matéria de contestação tudo que interessa à
existência ou à inexistência do dever de prestar contas e tudo que respeita à afirmada administração
realizada pelo demandado. Contestado o pedido, o procedimento assume a forma ordinária.
Contestação e Apresentação de Contas: Nada obsta que o demandado conteste e apresente contas.
Obviamente que aí a contestação não pode afirmar inexistência do dever de prestar contas – sob
pena de evidente venire contra factum proprium. O desacerto entre as partes pode incidir justamente
sobre o conteúdo das contas, sua exatidão, assunto próprio à contestação.
Revelia. Se o réu não contesta e não apresenta contas é revel (art. 344, CPC). As alegações do
demandante gozam então de presunção relativa de veracidade.
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qualquer outra forma semelhante de distribuição sem devida autorização dos mesmos.

A revelia do demandado ou a ausência de impugnação das contas prestadas pelo


demandante não importa dever de julgamento imediato do pedido. (STJ, 4.ª Turma, REsp
167.718/RJ, rel. Min. Barros Monteiro, j. 21.11.2000, DJ 05.03.2001, p. 167)

I - Nos termos do art. 550, § 5º, do Novo CPC, a decisão que julgar procedente o pedido condenará
o réu a prestar contas no prazo de 15 dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor
apresentar.
 Natureza de decisão interlocutória, porque não põe fim ao processo ou a uma de suas fases
(art. 203, § 2.º, CPC). - Recurso por meio de agravo de instrumento (art. 1.015, II, CPC).
2. Prolação de decisão terminativa sem que haja a condenação do réu a prestar as contas
 Terminativa do pedido sem a condenação do réu à prestação das contas, com fundamento no
art. 485 do Novo CPC.
 Improcedência por rejeição do pedido do autor, nos termos do art. 487, I, do Novo CPC.

Natureza de decisão de sentença, nos termos do art. 203, § 1º, do Novo CPC, recurso de
apelação nos termos do art. 1.009, caput, do Novo CPC. Nos termos do art. 550, § 5º, do
Novo CPC, a decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar contas no
prazo de 15 dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar.

Natureza de decisão interlocutória, porque não põe fim ao processo ou a uma de suas fases (art. 203,
§ 2.º, CPC). - Recurso por meio de agravo de instrumento (art. 1.015, II, CPC).
2. Prolação de decisão terminativa sem que haja a condenação do réu a prestar as contas
a) terminativa do pedido sem a condenação do réu à prestação das contas, com fundamento no art.
485 do Novo CPC.
b) Improcedência por rejeição do pedido do autor, nos termos do art. 487, I, do Novo CPC.
 Natureza de decisão de sentença, nos termos do art. 203, § 1º, do Novo CPC, recurso de
apelação nos termos do art. 1.009, caput, do Novo CPC.
 Visa a apurar eventual saldo a favor de alguma das partes. Tem natureza de sentença,
eficácia predominantemente condenatória e força de título executivo (art. 552, CPC).
* Da sentença caberá apelação (art. 1.009, CPC).
* A condenação tem de ser cumprida no mesmo processo (art. 523, CPC).

PROCEDIMENTO AÇÃO POSSESSÓRIA (Art 554 a 568 CPC/15)


- A posse discute apenas a situação fática.
- No Brasil só é crime o esbulho.
- Prescrição aquisitiva = posse direta no tempo (usucapião)
- Elementos da propriedade (usar/gozar/dispor/reaver)
 Teoria Objetiva: defendida por Ihering diz “para que a posse seja constituída basta o
Corpus”, negando completamente a existência do Animus (art 1196 cc).
 Teoria Subjetiva: segundo Savigny “posse é o poder que tem a pessoa de dispor fisicamente
de uma coisa, com intenção de tê-la para si e de defendê-la contra a intenção de outrem “.
- Espécies (art. 560, CPC):
1. Ação de reintegração da posse: deve ter ocorrido a perda da posse e visa a recuperar a posse
perdida, (esbulho);
2. Ação de manutenção da posse: visa proteger o possuidor dos atos atrapalham o exercício da
posse, basta apenas haver o incômodo, todavia não o retiram de sua posse (turbação).
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3. Ação de interdito proibitório: objetiva impedir agressão à sua posse (art. 567, CPC), possui
caráter preventivo (evita atentado). Esta espécie, semelhante a tutela antecipatória, permite uma
sentença que pode ordenar, sob pena de multa, decisões mandamentais (de ordem).

A distinção entre a ação de reintegração e a ação de manutenção tem íntima


relação com a intensidade da agressão à posse.

- Princípio da fungibilidade
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e
outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.
* § 1º, 2º e 3º Sem correspondência no CPC/1973.
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação
pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a
intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria
Pública.
§ 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez,
citando-se por edital os que não forem encontrados.
§ 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1º e dos respectivos
prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na
região do conflito e de outros meios.
- Objetivo: visam a garantir a posse àquele que a tem violada e/ou ameaçada.
- Cabimento: Nessas ações, é defeso (proibido) às partes que se discuta o domínio, apenas se discute
a violação da posse. Todavia, não é qualquer posse que desfruta as garantias possessórias, somente
a posse justa pode ser protegida.
Art. 1.200 CC/02: “É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária”.
- Quando há efetivamente perda da posse?

Art. 1.224 do CC: “só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho,
quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é
violentamente repelido”.

- Ações de força nova e força velha


De acordo com o tempo em que vem se perpetuando a violação, poderá ocorrer diferença no rito da
ação possessória (apenas nas ações de manutenção e reintegração), art. 558, CPC/2015:

Art. 558 - Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da


Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia (até 365 dias) da
turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.
Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não
perdendo, contudo, o caráter possessório.

- A ação de interdito possessório sempre terá procedimento especial, a ação de reintegração ou


manutenção só terá quando for ação de força nova (ano e dia).
- Nas ações possessórias não há a necessidade de provar o periculum in mora para o deferimento
da liminar. O fundamental é que se aponte a data (da turbação ou do esbulho), pois assim será
definido o tipo do interdito: se for ação nova há a possibilidade de deferimento de medida liminar.
- Se o esbulho ou a turbação ocorrer há menos de ano e dia, o autor terá direito de ser restaurado na
posse antes mesmo da contestação, ou seja, pode haver o deferimento liminar.
 O prazo de ano e dia deve ser contado a partir do último ato praticado, que consumou o
esbulho (não se considera os atos preparatórios).
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- O deferimento liminar ocorrerá nos termos do art. 562.


 O juiz poderá deferir a liminar (tutela provisória): i) sem ouvir o réu, desde que estejam
documentalmente provados os requisitos do art. 561; ou ii) ocorrerá audiência de
justificação, em que será colhida a prova oral (testemunhal e interrogatório das partes),
sendo o réu citado para comparecer à audiência que for designada.
Caso trate-se de ação de força velha, não será possível deferir a liminar prevista no
procedimento especial. Neste caso, a ação seguirá pelo rito comum e apenas será possível o
deferimento de tutela provisória de urgência antecipada nos termos do art. 300 do CPC/2015.
- Enquanto não passado ano e dia da turbação ou do esbulho alegado na petição inicial, a tutela
possessória apenas pode ser requerida mediante o procedimento estabelecido a partir do art. 558,
CPC, isto é, do chamado procedimento especial.

MANUTENÇÃO E REINTEGRAÇÃO DE POSSE


Legitimidade ativa:
Aquele que se afirma possuidor do bem, podendo ser proprietário ou não, bastando que tenha
direito à posse (art. 1196), e como tal tem, “tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação,
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado”
(art. 1210).

Legitimidade passiva:
Aquele que supostamente infringiu a posse alheia; ou, contra terceiro, que sabendo ser a coisa
produto de esbulho, a recebeu. Quando tratar-se de cônjuges, apenas inclui-se caso ambos estiverem
na posse.

Composse:
Trata-se de posses simultâneas, entre mais de uma pessoa, sobre coisa indivisa. O compossuidor
pode postular proteção possessória contra outro compossuidor.

Competência
- No caso dos bens imóveis, a competência absoluta será do foro em que se localiza o bem em
litígio (art. 47, § 2.º, do CPC/2015).
- No caso de bem móvel, é competente o foro do domicílio do réu (art. 46 do CPC/2015).

- O juízo da ação possessória, para realmente viabilizar o alcance da tutela possessória, não pode se
permitir discussões inerentes ao domínio, sob pena de a tutela jurisdicional, que deveria ser
outorgada à posse, ser deferida sempre em favor do proprietário. Note-se que o possuidor esbulhado
pelo titular do domínio não teria sequer razão para propor a ação de reintegração de posse, já que o
proprietário-demandado sempre receberia a tutela jurisdicional.
Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu propor ação
de reconhecimento do domínio (ação de reivindicação), exceto se a pretensão for deduzida em
face de terceira pessoa.
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Procedimento:
- Petição Inicial: art. 319 do CPC; descrição da coisa cuja posse se reclama (não cabe possessória
sobre coisa incerta); prova da posse (ou que a exercia); descrever a turbação ou esbulho
devidamente datados; a continuação da posse (manutenção), ou a perda desta (reintegração).
- Justificação: as possessórias preveem a possibilidade de pedido liminar; para tanto, deve-se
demonstrar documentalmente o alegado (ata notarial, plantas, fotografias etc.); caso não seja
possível por via documental viabiliza-se audiência de justificação prévia para demonstrar
testemunhalmente alegado.
ATENÇÃO! O parágrafo único do art. 562 do CPC impede liminar possessória contra o pessoa
jurídica de direito público, com ou sem justificação, sem que haja prévia manifestação de seus
representantes judiciais.

Pedido:
- É possível a cumulação do pedido possessório aos pedidos de perdas e danos, pedido de
desfazimento de construção ou plantação, medidas coercitivas, sub-rogação e de indenização pelos
frutos, bem como de requerimento de técnicas para a inibição de novo esbulho ou turbação ou para
o cumprimento da decisão antecipatória ou final (art. 536, 537 e 555 CPC).
- Resposta do réu:
- Se concedida a liminar (art. 564 do CPC), o autor deve realizar a citação do réu no prazo de 05
dias para cumpri-la, tendo 15 dias para contestar.
- Se NÃO concedida a liminar (art. 564 do CPC), o réu será citado no prazo de 05 dias para cumpri-
la, tendo 15 dias para contestar.
- Se houver audiência de justificação (art. 562 do CPC) o prazo para resposta do réu será contado da
intimação da decisão que deferir ou não a medida liminar (art. 564 do CPC) – não cabe reconvenção
mas sim pedido contraposto, no entanto, o réu em sua contestação pode demandar manutenção,
alegando que a posse é sua e, assim, que sofreu turbação – ou mesmo esbulho, embora já tenha
retomado a posse de mão própria (art. 564 do CPC).
- O art. 559, CPC, permite ao réu pedir ao juiz que ordene ao autor que preste caução, sob pena de
ser depositada a coisa litigiosa.

Procedimento:
>>> Após resposta do réu prossegue pelo procedimento comum.
- Sentença:
Reintegração de posse possuirá o caráter executivo mais destacado por determinar providências
sub-rogatórias coercitivas (para entrega da posse).
Manutenção possuirá o caráter mandamental mais destacado por determinar que se impeça nova
turbação (obrigação de não fazer com métodos coercitivos impeditivos).
Ambas fazem coisa julgada material quanto à posse apenas, propriedade nunca (cognição
exauriente).

EXTRA - SENTENÇA
- Segundo a teoria quinária de Pontes de Miranda, as sentenças são classificados em cinco
modalidades, segundo a sua eficácia:
- Sentença declaratória: declara a existência ou inexistência de uma relação jurídica.
Esse caderno é fruto do trabalho do professor do curso de Direito, da Faculdade São Francisco de Barreiras, Tatyana Lima.
Algumas anotações foram feitas pelo Aluno André Mendes (andremendes.1@hotmail.com). Fica proibida a comercialização ou
qualquer outra forma semelhante de distribuição sem devida autorização dos mesmos.

- Sentença constitutiva: cria ou modifica uma relação jurídica. Há constituição de um novo estado
jurídico.
- Sentença condenatória: "condena" o réu à prestação de uma obrigação..
- Sentença mandamental: contém uma ordem expedida para que alguma das partes cumpra um fazer
ou um não fazer (exemplo astreinte).
- Sentença executiva: é a sentença que determina, no seu próprio corpo e, portanto, sem a
necessidade de iniciativa por parte do autor, que o provimento jurisdicional seja efetivado (sub-
rogação).

Quanto à amplitude de análise do pedido da parte:


- Sentença citra petita: o juiz é omisso a um ou mais dos pedidos do autor, é validável desde que a
parte não se opuser.
- Sentença ultra petita: o juiz dá à parte mais do que o postulado, é reformável para adequação.
- Sentença extra petita: o juiz decide e dá tutela diversa da postulada pela parte é totalmente nula.

Em razão da proibição de discussão de domínio, entendeu o Superior Tribunal de Justiça


que não se admite oposição em ação possessória, ainda que se trate de bem público (STJ,
2.ª Turma, REsp 1.134.446/MT, rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19.04.2017; STJ, 1.ª
Turma, AgInt no AREsp 428.844/RO, rel. Min. Sérgio Kukina, DJe 21.08.2017).

- A Súmula 487 STF, não tem mais qualquer aplicabilidade diante das ações possessórias (“será
deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela disputada”) - é
aplicada apenas, mas somente nas petitórias.
- A tutela possessória não é a tutela adequada à proteção dos bens imateriais – por exemplo, marca
comercial, direito de invento e direito autoral (Súmula 228, STJ)

INTERDITO PROIBITÓRIO
- Legitimidade ativa: Aquele que se afirma possuidor do bem, proprietário ou não, e que venha a
sofrer eventual ameaça.
- Legitimidade passiva: Aquele que supostamente venha a oferecer a possível ameaça.
Providência de proteção judicial: Será cabível apenas multa (art. 567 do CPC).

Procedimento:
- Petição Inicial: art. 319 do CPC + prova da posse e demonstração do justo receio de moléstia,
solicitando a proteção judicial liminar com aplicação de multa.
- Liminar: cumprindo-se os requisitos da P. I. O juiz deferirá a liminar determinando a abstenção de
práticas de ameaça/moléstia, já com a multa aplicada para caso seja a determinação violada (art.
537 do CPC).
O interdito proibitório poderá ser convertido em reintegração ou manutenção caso no curso do
procedimento a lesão venha a ocorrer.
- Sentença: confirmará a liminar concedida ou a determinará na sentença para o fim de evitar a
lesão, sob pena de multa, possuindo portanto caráter mandamental e executivo.

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