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DIREITO PENAL I – TEORIA DO CRIME (CONTINUAÇÃO)

Prof. Marcos Vinícius


AULA I – FATO TÍPICO
RESULTADO
1. INTRODUÇÃO:

2. ESPÉCIES DE RESULTADO:
a) Resultado jurídico: é a ofensa ao bem-jurídico. Todos os crimes têm resultado jurídico.
b) Resultado naturalístico: é a “modificação no mundo exterior” (Von Lizt). Apenas alguns
crimes tem resultado naturalístico.

3. CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES QUANTO AO RESULTADO


a) Crime material: na “estrutura do tipo penal”, o legislador descreveu a “conduta” e o
“resultado naturalístico”. E quanto ao “momento da consumação”, exige-se a prática da
conduta e que o resultado naturalístico ocorra (ex: arts. 121, 155, 157, 163, 171, 213, CP).
Crime formal: na “estrutura do tipo penal”, o legislador descreveu a conduta e o resultado
naturalístico. E quanto ao momento da consumação, exige-se apenas a prática da conduta. Há
uma antecipação do momento da consumação. Ex: arts. 317, 333 (agente público [corrupção
ativa/passiva]), CP; art. 159, CP (agente particular [extorsão mediante sequestro]).
Crime de mera conduta: na “estrutura do tipo penal” o legislador descreve apenas a conduta.
E quanto ao momento da consumação, exige-se apenas a “conduta”. Ex: art. 150, CP; arts. 12,
14 e 16, da Lei 10.826/03.

Crime de mera conduta, via de regra, não é resultado naturalístico.


b) Crime de dano: ocorre uma efetiva lesão ao bem-jurídico (ex: arts. 121, 155, 157, 171,
CP).
Crime de perigo concreto: ocorre uma ameaça de lesão ao bem jurídico, que precisa ser
provada no caso concreto. (Ex: arts. 130, 132, 250, do CP).
Crime de perigo abstrato: ocorre uma ameaça de lesão ao bem-jurídico, que é presumida
pela lei penal, isto é, não precisa ser provada no caso concreto. (Ex: arts. 28 e 33 da Lei
11.343/06; arts. 12, 14, 15 e 16, lei 10.826/03; art. 306, CTB [lei 9503/07]).

AULA II – FATO TÍPICO


NEXO CAUSAL
1. INTRODUÇÃO:

* Nexo causal, modernamente, é a imputação objetiva do resultado à conduta do agente.


* Art. 13, caput, CP: “o resultado de que depende a existência do crime, somente é imputável
a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
acontecido”.

2. TEORIAS DO NEXO CAUSAL.


2.1. Teoria da equivalência dos antecedentes causais (ou “teoria da conduta sine qua non”):
foi desenvolvida por Julius Glasier (1858) e Von Buri (1860), com a ideia de que “tudo aquilo
que contribui para a produção do resultado é um antecedente causal importante”.
Com a crítica da “regressão ao infinito”, Johan Thyrén (1894) propõe, como
acréscimo, o “processo de eliminação hipotética”, isto é, se um “antecedente” for eliminado
mentalmente e o resultado se modificar, é porque um “antecedente” é uma “causa” do
resultado; se, por sua vez, o resultado não se modificar, após se eliminar hipoteticamente o
“antecedente”, é porque não é causa.
E, finalmente, para evitar a regressão ao infinito, FRANK (1915) esclarece que para
encontrar a “causa” do resultado, deve-se:
1. Tudo aquilo que contribui para a produção do resultado (GLASIER E BURI).
2. Processo de eliminação hipotética (TYREN)
3. Deve verificar dolo ou culpa (imputação subjetiva)
2.2. Teoria da causalidade adequada: foi desenvolvida por VON KRIES (1888) e VON
BAR (1890), com ideia de que “causa é o antecedente adequado e necessário para a produção
do resultado”. O critério para identificar o antecedente causal adequado e necessário é “regra
normais da experiência”.
A vantagem é que, para se identificar a “causa”; não é preciso se socorrer a análise do
“dolo ou culpa”. A desvantagem é que “regras normais da experiência” variam de pessoas
para pessoa.
Essa teoria explica muito bem os “cursos causais anormais” (ou desvio de curso
causal).
2.3. Teoria da imputação objetiva: Foi desenvolvida por KARL LARENZ (1927),
RICHARD HONIG (1930) CLAUS ROXIN (1962 “Teoria dos riscos”).
A teoria da imputação objetiva visa acrescentar um “complemento”, no nexo causal,
ao invés de abandonar o que foi produzido pelas teorias anteriores.
Ao lado da “causalidade física” acrescenta-se a “imputação normativa”, com os
seguintes requisitos: 1) criação ou incremento do risco proibido; 2) risco proibido que se
realiza concretamente no resultado; 3) resultado dentro do alcance normativo do tipo penal.
A versão de Claus Roxin, sobre esta teoria, é conhecida como “teoria dos riscos”, para
qual excluem a “imputação normativa”: a) criação do risco proibido; b) diminuição do risco
proibido; c) auto colocação em risco; d) hétero colocação em risco mediante consentimento.
E a versão de GUNTHER JAKOBS, sobre essa teoria é conhecida como “teoria dos
papeis sociais”, para a qual excluem “imputação normativa”: a) princípio da confiança (os
comportamentos humanos se entrelaçam e nenhum cidadão tem o dever de controlar o
comportamento dos outros o tempo todo); b) proibição do regresso (uma conduta inofensiva
de risco permitido não é participação em conduta de risco proibido).
Comissão de formatura: morte por afogamento na piscina; e HC 68871/PR, 2009 (acidente
marítimo. Mergulhador profissional) HC 46525/MT, 2006. Jurisprudência STJ.

3. CONCAUSAS:
3.1. Conceito de concausa: é outra causa que, absoluta ou relativamente independente a
conduta do agente, produz ou produzem o resultado como ocorreu.
3.2. Espécies de concausa:

OBS¹: o agente, para ser responsabilizado penalmente por todo o resultado deve ter
consciência da concausa relativamente independente preexistente.
OBS²: depende de dois requisitos: 1) mesma linha de desdobramento dos fatos; 2)
relevância da conduta do agente.

Concausas ABSOLUTAMENTE independentes: inicia-se (antes, durante ou depois)


independente da conduta do agente e SOZINHA (por si só) produz o resultado como ocorreu.
O agente só responde pelos atos praticados de acordo com o seu dolo (em regra, tentativa).
Concausas RELATIVAMENTE independente: são acionadas pela conduta agente e juntas
produzem o resultado como ocorreu. Essas concausas já existiam, ou surgiram durante ou
depois da conduta do agente. O agente responde por todo o resultado, de acordo com o seu
dolo. A exceção ocorre na “concausa relativamente independente superveniente que por si só”
produz o resultado, pois, em razão do “desvio do curso causal”, o agente responde só pelos
atos praticados, de acordo com o seu dolo (em regra, tentativas).

5. NEXO CAUSAL NOS CRIMES OMISSIVOS:


O art. 13, caput, do Código Penal diz “causa é a ação ou a omissão se a qual o
resultado teria acontecido” (como ocorreu). E o art. 13, §2°, CP, prevê que “a omissão é
penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado”.
Nos crimes omissivos, próprios (dever genérico de agir) e impróprios (dever especial
de agir e evitar o resultado), há nexo causal. Não há “causalidade física”, porque não é o
“omitente” ou “garante” que causa fisicamente o resultado. Mas, há “imputação normativa”
(da teoria da imputação objetiva), pois com a omissão cria ou incrementa risco proibidos,
violando o “dever de agir”. Isto é, o agente “não evita o resultado”.
O “nexo-causal, nos crimes omissivos”, é chamado, por isso, de “nexo de não
evitação”.
Nesse sentido, na jurisprudência: STF, HC87293, 2007; e na doutrina: Sheila
Burrenbach.

AULA III – CRIMES DOLOSOS, CULPOSOS E PPREDOLOSOS


I CRIME DOLOSO
1. CONCEITO DE DOLO: é a consciência e a vontade de praticar todas as elementares do
tipo penal.
Ex: art. 155, caput “subtrair coisa alheia móvel para si ou para outrem”

2. ELEMENTOS DO DOLO:
a) Elemento intelectivo (ou cognitivo): consciência (sinônimos: previsibilidade, representação
mental).
b) Elemento volitivo: vontade (sinônimo: decisão)

3. NATUREZA JURÍDICA DO DOLO: majoritariamente prevalece que o dolo é um


“elemento psicológico” da conduta do agente (HANS WELZEL).
Mas há penalistas (WINFRIED HASSEMER) que defendem, diante da
impossibilidade de demonstração e prova do dolo psicológico, que o dolo é um elemento
normativo da conduta do agente. Isto é, o dolo é uma atribuição de significado sobre a
pretensão do agente, mediante “critérios externos do dolo”: 1) situação de perigo; 2)
representação do perigo; 3) decisão a favor da conduta perigosa.
Sobre os “critérios externos do dolo”, na verdade, atribuísse um significado ao que o
agente pretendeu analisando o contexto dos fatos. Por isso, chama-se “dolo normativo”.

4. TEORIAS SOBRE O DOLO


a) Teorias volitivas:
a.1) teoria da vontade: só configura dolo  agir com consciência e vontade (querer) de
provocar um resultado. Essa vontade é “querer o resultado”. O agente previu e quis o
resultado.
b) Teorias cognitivas:
a) teoria da representação/previsibilidade: “dolo”  agir com a previsibilidade do resultado,
independente de qual tenha sido a vontade. (O agente previu o resultado).
b) teoria do assentimento/convencimento: dolo  quando alguém agir com consciência e
aceitar o resultado. O agente prevê e assume o risco que o resultado ocorra.

ATENÇÃO: art. 18, I, CP/84 (“diz-se o crime: doloso quando o agente quis o
resultado [teoria da vontade: dolo direto] ou assumir o risco de produzi-lo [teoria do
assentimento/consentimento: dolo eventual]”).

5. ESPÉCIES DE DOLO
a) Dolo direito e dolo indireto:
No dolo direto o agente “prevê e quer” o resultado. Pode ser: dolo direto de 1° grau
em relação a um fim específico pretendido pelo agente; e dolo direto de 2° grau, em relação
aos fatos colaterais certos e necessários decorrentes aos meios escolhidos pelo agente.
No dolo indireto, o agente não se dirige a um resultado específico. Pode ser: dolo
eventual, quando o agente prever e não quer o resultado, mas assume o risco de produzi-lo. O
resultado previsto eventualmente pode ocorrer, mas em todo caso o agente continua com a
conduta, atuando com total indiferença ao bem jurídico, e pode ser dolo alternativo, quando
agente prevê vários resultados e quer um ou outro, o que ocorrer.

OBS: a diferença entre dolo eventual e dolo direto de 2° grau é que no dolo eventual, o
resultado e incerto e eventual; no dolo direto de 2° grau, os efeitos colaterais (resultado)
são certos e necessários.
OBS: STF, HC 97.252, 2009; E REsp 249.064/SP, 2002: a identificação do dolo não se
extrai da mente do agente, mas sim das circunstâncias do fato (contexto).
OBS: STF, RHC 39335, 1962; STJ, AgRg no REsp 1322788/SC, 6° turma, 2015;
AgRg, no REsp 1.199.9/DF, 5° turma, 2012: é compatível a tentativa e o dolo eventual
pela indiferença do bem jurídico.

b) Dolo Genérico e Dolo Específico:


O dolo genérico é a consciência e a vontade realizar todas elementares do tipo penal
(art. 18, I, c/c art. 20, CP).
É o dolo específico, presentes em alguns tipos penais, trata-se dos elementos subjetivos
especiais, ou seja, além da consciência e vontade de praticar os elementos objetivos do tipo
penal, o tipo penal exige um fim especial de agir (intenção específica).
c) dolo natural e dolo normativo:
O dolo normativo, à espécie do causalismo e neokantismo estava localizado na
culpabilidade e era composto por três elementos: i) vontade; ii) consciência da conduta; iii)
consciência real da ilicitude.
E o dolo natural, já da época do finalismo, está alocado no fato típico e é composto
por dois elementos: i) vontade; ii) consciência da conduta.
d) dolo geral (dolus generalis):
O dolo geral trata-se de um “erro sobre o nexo causal” (arberratio causal). O agente
pratica uma conduta e imagina que alcançou o resultado que queria. Em segundo, pratica
novas condutas, sendo esta a causadora do resultado inicialmente pretendido. Esse erro sobre
o curso causal é irrelevante. O dolo abarca todo o fato.

II – CRIMES CULPOSOS
1. CONCEITO DE CULPA: é a inobservância de um dever objetivo de cuidado, revelado em
um resultado naturalístico, ao menos, previsível.

2. NATUREZA JURÍDICA DA CULPA: a culpa já foi considerada um elemento subjetivo.


Atualmente, é considerada elemento normativo do tipo penal, porque exige valoração no caso
concreto. O tipo penal do crime culposo, em regra, é um tipo aberto, em razão da
impossibilidade do legislador prever todas as formas de inobservância do dever de cuidado.
Excepcionalmente, pode ser um tipo fechado (ex: art 180, §4°, CP).

3. ELEMENTOS DO TIPI PENAL DOS CRIMES CULPOSOS


i) Conduta voluntaria mal dirigida à finalidade lícita;
ii) Resultado naturalístico involuntário;
*iii) Inobservância de dever objetivo (experiência, norma jurídica ou regra profissional) de
cuidado;
*iv) Previsibilidade objetiva (de acordo com o homem médio);
v) Nexo causal (imputação objetiva);
vi) excepcionalidade do crime culposo (art. 18, p. Único, CP: “salvo os casos expressos em
lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente);
4. ESPÉCIES DE CULPA:
a) culpa consciente: o agente tem consciência do resultado – e não o quer nem assume o risco
de produzi-lo -, mas acredita levianamente (por excesso de confiança ou erro de cálculo) que
não ocorrerá.
Culpa inconsciente: o agente não tem consciência do resultado, não prevê, mas era previsível
pelo homem médio, por inobservar dever objetivo de cuidado, mediante imprudência (atitude
precipitada, ex: excesso de velocidade), negligência (inatividade material, falta de atenção, ex:
deixar a arma de fogo perto da criança; dirigir falando no celular; não calibrar os pneus),
imperícia (inaptidão para o ato, ex: não saber dirigir veículos). A culpa inconsciente está
prevista no art. 18, II, CP (“dirige-se o crime culposo, quando o agente da causa ao resultado
por imprudência, negligência e imperícia”.).
A culpa consciente, por exemplo, é prevista no art. 108, §2°, CTB (lei 12.071, de
2014: pena de 5 a 10 anos).
b) culpa própria: é a culpa consciente e inconsciente.
Culpa imprópria: é um erro evitável sobre a “situação fática” de descriminamento putativos
(causas de exclusão de ilicitude justificante). De acordo com o art. 20, §1°, CP, o agente, por
erro evitável, acredita que autorizado a agir com uma “causa de exclusão da ilicitude”. Na
verdade, o agente atua com dolo, mas, por causa de um erro evitável, por força da lei,
impropriamente responde por culpa.

5. COMPENSAÇÃO DE CULPA (AGENTE EVITA)


O agente responde pela sua conduta culposa, sem compensação com a conduta culposa
da vítima, salvo caso de “culpa exclusiva da vítima”. Esse tema precisa ser atualizado, de
acordo com a teoria da imputação objetiva.
6. CONCOVÊNCIA DE CULPAS (AGENTES): cada agente responde pela sua conduta.

7. TENTATIVA DE CRIME CULPOSO: não se admite tentativa de crime culposo, salvo


com “culpa imprópria”.

III – CRIMES PRETERDOLOSOS


3.1. CONCEITO: o agente quer produzir um resultado (dolo), mas, além deste, causa um
resultado previsível mais grave que o pretendia (culpa). Ex: lesão corporal seguida de morte
(art. 129, §3°, CP); lesão corporal seguida de aborto (art. 129, §2°, CP).
3.2. OUTRAS ESPÉCIES DE CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO (art. 19, CP:
“pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado
ao menos culposos”).
3.2.1. Dolo + dolo = art. 157, §3°, 2° parte, CP (roubo seguido de morte – latrocínio).
3.2.2. Dolo + culpa = art. 121, §3°, CP (lesão corporal seguida de morte).
3.2.3. Culpa + dolo = art. 121, §4°, 1° parte (homicídio culposo com omissão de socorro).
3.2.4. Culpa + culpa = art. 258, CP (incêndio culposo com o resultado morte)

3.3. TENTATIVA E CRIME PRETERDOLOSO: não se admite tentativa de crime


preterdoloso, porque há culpa em sua configuração.

AULA IV – CRIMES OMISSIVOS:


1. INTRODUÇÃO:
CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS (OU
CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS (OU IMPUROS; OU “COMISSIVOS POR
PUROS) OMISSÃO”.
1. Não tem tipo penal próprio. Usa-se um
1. Tem tipo penal próprio. (“deixar de...; ex: tipo penal comissivo implantado pela norma
art. 135”). de extensão do art. 13, §2°, “a”, “b” e “c”,
CP (omissão).
2. Adequação típica direta do fato ao tipo 2. Adequação típica indireta com o auxílio
penal. de normas de extensão, do fato “ao tipo
penal” ampliado.
3. Dever genérico de agir + possibilidade 3. Dever especial de agir e de evitar o
concreta de agir (devia e podia). resultado + possibilidade concreta de agir e
de evitar o resultado. (Devia e podia).
4. Garante ou garantidor (omissão
imprópria)
 Art.13, § 2, “a”, “b” e “c”,CP.
4. Omitente (omissão própria). * a  obrigação decorre “da CF ou da lei”
(ex: policial, médico, bombeiro e pais).
* b  obrigação decorre “de outro modo”
(ex: contrato; pacto tácito: baba, cuidador de
idoso, segurança particular, professor de
natação.
* c  obrigação decorre “das urgências de
riscos” (com um 1° comportamento coloca
alguém em risco, deve praticar um 2°
comportamento para retira-lo do perigo:
amigo que jogou outro na piscina; etc).
5. Em regra “são crimes de mera conduta” 5. São “crimes matérias” (exigem “conduta
(basta a conduta omissiva para a omissiva” e “resultado naturalístico” para a
consumação) consumação)
6. Não admite tentativa 6. Admitem tentativa

2. CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS


a) Exemplo de crimes omissivos próprios dolosos: art. 135, 168-A, 244, 269, 319, 337, 356,
CP. Art. 1°, lei 8137/94; art. 1°, VI e VII, DL 201/67.
b) Exemplo de crimes omissivos próprios dolosos com resultado naturalístico: art. 135, p.
único, CP*.
c) Exemplo crime de omissivo próprio culposo: art. 13, lei 10.826/03; art. 68, lei 9605/98;
art. 381, CPM.

3. CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS


a) Exemplos de crimes omissivos impróprios dolosos: Art. 121, caput, c/c art. 13, §2º, “a”,
CP: homicídio com dolo eventual, na modalidade omissiva, pelo médico plantonista ausente
(STJ, RHC 39627/RJ, 2014; STJ, HC 7153/SP, 1998; STJ, HC 82742/MG, 2009).
b) Exemplos de crime omissivo impróprio culposo: art. 121, §3º, c/c art. 13, §2º, “a”, CP:
homicídio, com culpa inconsciente (negligência) na modalidade omissiva, pelo engenheiro
responsável por sinalizar o buraco do elevador na construção e operário cai e morre (STJ,
RESP 13.555/SP, 1991); art. 121, §3º cc/ art. 13, §2º, “a”, CP: homicídio, com culpa
inconsciente (negligência), na modalidade omissiva pelos pais que conduziram bebe no
veículo sem bebê conforto e segurança necessária; acidente com imprudência dos pais matou
o bebê. Não se aplica perdão judicial (art. 121, §5º, CP).
AULA V – TIPICIDADE PENAL
1. INTRODUÇÃO:
A categoria “tipicidade penal” (titbestand) no sistema penal, foi desenvolvida por
Ernest Beling, em 1906. Ele separou essa categoria da “antijuridicidade” e da “culpabilidade”.
Prevalece, no Brasil, que a tipicidade penal é composta apenas pela “tipicidade
formal” e “tipicidade material”.
Mas, há julgados, na jurisprudência do STJ e do STF, além de doutrinadores (ex:
Rogério Greco), que preverem e inclui na tipicidade penal, ao lado da tipicidade formal, a
“tipicidade conglobante” (antinormatividade + tipicidade material).
No STF, o único ministro que utilizava a expressão “tipicidade conglobante” era o
Ministro Teori Zavascki (HC 126.273 AgR/ MG, 2015). Todos os demais ministros usam a
expressão “tipicidade material”.
EUGÊNIO RAUL ZAFFARONI propõe a “tipicidade conglobante”, na Escola do
Funcionalismo Reducionista. Mas isso não prevalece no Brasil. A “tipicidade conglobante”, a
partir da ideia de “ausência de antinomia” no ordenamento jurídico (Norberto Bobbio),
propõe que a conduta somente será típica, se for contraria ao resultado (e não só ao Direito
Penal). Propõe, portanto, que a tipicidade penal seja “tipicidade formal” (previsão legal) mais
“tipicidade conglobante” (antinormatividade [verificação se existe alguma norma no
ordenamento jurídico que autorize a prática da conduta; aqui se analisa, portanto, o “estrito
cumprimento do dever legal” e o “exercício regular do Direito”] + “tipicidade material”
[ofensa ao bem jurídico]).
O fundamento material da tipicidade penal é o “bem jurídico-penal”. E o fundamento
formal da tipicidade penal é o princípio da legalidade.

2. TEORIAS SOBRE A TIPICIDADE PENAL (EVOLUÇÃO)


2.1. Fase da independência da antijuridicidade (Ernest Beling, 1906): a tipicidade penal
era totalmente independente da antijuridicidade. Não oportunizava juízo de valor, era
meramente descritiva. O tipo penal só tinha elementos descritivos. As valorações eram feitas
na antijuridicidade.
2.2. Fase da ratio cognoscete da antijuridicidade (Max Mayer, 1915): a tipicidade é
independente, mas já é um indício da antijuridicidade. Admite-se que o tipo penal tenha
elementos descritivos, normativos e subjetivos, estes oportunizam juízo de valor. A tipicidade
é a ratio cognoscendi (razão de conhecimento) da antijuridicidade. A presunção relativa é
afastada se demonstrada a existência de “causa de justificação” que exclui a antijuridicidade e
justifica o fato típico. Essa é a teoria (fase) que prevalece adotada no Brasil.
2.3. Fase da ratio essendi da antijuridicidade (Edmund Mezger, 1930): a tipicidade é
incluída dentro da antijuridicidade, por ser muito mais do que o indício (ratio cognoscendi),
mas sua essência (ratio essemdi). Assim, ou o fato “típico e ilícito” ou “atípico e ilícito”. Ex:
o tipo penal do art. 121, CP, seria escrito: “matar alguém, ilicitamente”. Fala-se em “ilicitude
qualificada” ou “tipo de injusto”
2.4. Fase da “teoria dos elementos negativos do tipo penal” (Adolf Mertel): a ilicitude é
que está dentro da tipicidade. Fala-se em “tipo total do injusto”. O tipo penal tem “elementos
positivos” (descrevem a conduta) e tem elementos negativos (descrevem a causa de
justificação). Ex: o art. 121, CP, seria escrito: “matar alguém, salvo em legítima defesa,
estado de necessidade e etc).

3. FORMAS DE ADEQUAÇÃO TÍPICA DE SUBORDINAÇÃO:


a) adequação típica direta: subsunção direta do fato concreto ao tipo penal (ex: “a” mata
“b”; art. 121, caput, CP).
b) adequação típica indireta: subsunção indireta do fato concreto ao tipo penal, mediante o
auxílio de uma “norma de extensão”. (Ex: art. 13, § 2°, CP: omissão impropria [garante]; art.
14, II, CP: tentativa; art. 29, caput, CP: concurso de pessoas).

4. ELEMENTOS DA TIPICIDADE PENAL


i) Tipicidade Formal: princípio da legalidade. É a verificação se o “fato” (conduta, resultado
e nexo causal) subsome ao tipo penal. É a verificação se o fato é aquele descrito na previsão
legal.

ii) Tipicidade Material: ofensa ao bem jurídico. É a verificação de ofensa (princípio da


ofensividade) intolerável (princípio da adequação social) ao bem jurídico (princípio da
exclusiva proteção aos bens jurídicos). Essa é a categoria que orienta o fato típico aos
princípios de política criminal.

- Causas - Críticas - Leis - Sistemas


- Perfil de Delinquente - Estratégia
- Perfil da vítima
- Meios de controle

5. ATIPICIDADE DO FATO (o fato não se adequa ao tipo penal)


a) Total: O fato é um “indiferente penal”. Absolvição.
b) Parcial: o fato não se adequa ao tipo penal, mas se ajusta a outro tipo penal.
Desclassificação.

AULA 6 – INTER CRIMINIS


FASE DA REALIZAÇÃO DO CRIME DOLOSO

a) Cogitação: é a fase interna, porque se passa na mente do agente. É impunível, sem


excessão.
b) Preparação: é o início da fase externa do crime doloso. São atos que antecedem a conduta
descrita no tipo penal. Em regra, é impunível.
OBS: art. 288 (associação criminosa); art. 291 (petrechos para falsificação de moeda); art.
152, CPM (conspiração para motim). A preparação de um crime, na verdade, nos casos
expressos em lei, só é punida porque o legislador decidiu criar tipos penais autônomos; art.
5°, Lei 13.206/16 (lei de terrorismo).

c) Execução: é o início da conduta descrita no tipo penal.


d) Consumação: é a pratica de todas as elementares do tipo penal (art. 14, I, CP).
e) Exaurimento: é a pratica de qualquer ato após a consumação, ainda dirigido ao bem-
jurídico.

COMO DISTINGUIR “ATOS PREPARATÓRIOS” DE “ATOS EXECUTÓRIOS” EM


CASOS CONCRETOS?
1. Teoria subjetiva (Von Burs): a execução se inicia com a “intenção” do agente revelada
em qualquer ato.
2. Teoria objetivo-formal (Von Hippel / Ernest Beling): a execução inicia-se com a
conduta descrita no tipo penal (até hoje é a teoria preferida na doutrina e na jurisprudência,
porque é a que mais respeita o principio da legalidade).
3. Teoria objetivo-material (Frank e Max Mayer): a execução inicia-se com a exposição
do bem jurídico a perigo.
4. Teoria objetivo-subjetiva ou objetivo-individual ou teoria do plano concreto do autor
(Welzel e Zaffaroni): STJ, REsp 1.252.770/RS, 2015 (operação toupeira): a execução inicia-
se em um momento imediatamente anterior a conduta descrita no tipo penal. Inicia-se quando
o agente inicia o seu plano criminoso.

CONSUMAÇÃO:
- Art. 14, I, CP: diz-se o crime: I- consumado quando nele se reúnem todos os elementos de
sua definição legal.
O momento da consumação varia de acordo com a espécie de crime:
a) Crimes materiais: com o resultado naturalístico (ex: art. 121, CP).
b) Crimes formais: com a conduta, a pesar de o legislador descrever também o resultado
naturalístico (ex: arts. 317, 333, CP).
c) Crimes de mera conduta: com a conduta (ex: art. 150, CP).
d) Crimes habituais: com a reiteração da conduta (ex: art. 284, CP; art. 4°, Lei 7492/86 [crime
de gestão fraudulenta: STJ, HC 97.357, GO, 2010]).
e) Crimes omissivos próprios: com a omissão (135, caput, CP).
f) Crimes omissivos próprios com resultado naturalístico (art. 135, p. único, CP): com
resultado naturalístico.
g) Crimes omissivos impróprios: com o resultado naturalístico.

TENTATIVA
1. Art. 14, II, CP: diz-se o crime tentado, quando iniciada a execução, não se consuma por
“circunstâncias alheias à vontade do agente”.
Art. 14, p. único, CP: salvo disposição em contrário, pune-se tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terço.
2. Art. 14, II. CP: “norma de extensão”  “tipo penal ampliado”.
3. Elementos da tentativa: o agente inicia a execução, mas, por circunstâncias alheias à sua
vontade, não atinge a Consumação.
Para se configurar tentativa: 1) início da execução; 2) circunstâncias alheias à vontade do
agente; 3) não consumação.
Espécies de tentativa:
a) Tentativa branca ou incruenta: não se lesiona o bem jurídico.
Tentativa vermelha ou cruenta: há lesão ao bem jurídico.
b) Tentativa perfeita (crime falho): há esgotamento da execução, de acordo com o plano
criminoso do agente.
Tentativa imperfeita (ou crime inacabado): não há esgotamento da execução, de acordo com o
plano concreto do autor. O agente supõe que o que fez é suficiente para consumação.
c) “Tentativa abandonada” (= desistência voluntária): início da execução, mas por vontade
própria do agente, não se atinge a consumação. (Art. 15, CP).
“Tentativa fracassada” (Enrico Bacigalupo): início da execução, mas não ocorre a
consumação, porque o agente desiste por acreditar que os meios escolhidos não são
suficientes.
Qual a natureza jurídica da tentativa: causa de diminuição de pena.

OBS: não existe o “crime de tentativa” de forma autônoma do “crime consumado”. A


tentativa e consumação são fases do mesmo crime.

Punição da tentativa:
- Art. 14, p. único, CP: em regra, é uma pena diminuída.
1) Teoria subjetiva (Tittimann, 1822): pune-se a intenção. Adotada em no Brasil como
exceção (ex: art. 352, CP: evadir, ou tentar evadir de estabelecimento penal, com violência;
Lei 7170/83, art. 9°, 10 e 11) (pune-se a tentativa e a consumação com a mesma pena; art.
309, Lei 4737/65 - Código Eleitoral).
2. Teoria Objetiva (Feuerbach, 1801): pune-se a tentativa com a pena da consumação
diminuída de algum percentual, porque não se avançou tanto no Inter crimines. Adotada como
regra (art. 14, p. único, CP: pena diminuída de um terço a dois terços).

OBS: o critério, para definir o percentual de diminuição de pena da tentativa, entre 1/3 e
2/3 é o Inter crimines, ou seja, quanto mais próximo da consumação menor deve ser a
diminuição de pena.

Crimes que não admitem tentativa


- Contravenções penais (art. 4º, LP).
- Crimes culposos (salvo “culpa imprópria”).
- Crimes preterdolosos.
- Crimes habituais (ex: art. 229, CP; art. 284, CP).
- Crimes de atentado (art. 352, CP; art. 11, Lei 7170/83).
- Crimes insubsistentes (art. 142, CP).
- Crimes omissivos próprios.

DESISTENCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ


1. Art. 15, CP: “o agente que voluntariamente, desiste de prosseguir ou impede que a
consumação ocorra, só responde pelos atos praticados”.
2. Conceitos:
Desistência voluntária Arrependimento eficaz
1. Início da execução. 1. Início da execução.
2. Não ocorre a consumação. 2. Esgota a execução, conforme o seu
plano criminoso.
3. Vontade própria do agente. 3. Não ocorre consumação.
4. Vontade própria do agente.
3. Elementos:
1º Início (e esgotamento) da execução.
2º Não consumação.
3º Voluntariedade:
 Vontade e consciência de desistir ou de impedir a consumação. Arrependimento.
 Diferente de espontaneidade.
Voluntariedade Espontaneidade
A vontade pode ser influenciada por A vontade deve se originar do agente, por
terceiros. ele mesmo.
4. Qual a diferença entre desistência voluntaria e tentativa?
Desistência voluntária Tentativa
1. Por vontade própria do agente. 1. Por “circunstância alheias a vontade do
agente”.
2. Responde pelos atos praticados. 2. Responde pela pena da consumação
com diminuição de 1/3 a 2/3.
3. Art. 15, CP. 3. Art. 14, II e p. único, CP.
4. 1ºc*) causa de extinção da 4. Natureza jurídica: causa de diminuição
punibilidade (Nelson Hungria; Zaffaroni; da pena.
Nacci; Luiz Regis Prado).
2ºc*) causa de exclusão da tipicidade
formal (Miguel Reale Jr.; Rogerio Greco;
Damásio; CESPE).
Formula de Frank:
Posso, mas não quero. Quero, mas não posso.
5. Arrependimento Eficaz
Só configurará o arrependimento eficaz, se o agente conseguir impedir a consumação.

ARREPENDIMENTO POSTERIOR
- Art. 16, CP: “nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparando o
dano ou restituindo a coisa até o recebimento da denúncia ou queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois terços”.
- Elementos:
 Crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa.

OBS: admite-se aos crimes culposos.

 Reparação do dano ou restituição da coisa (INTEGRAL).


 Até o recebimento da denúncia.
CRIME IMPOSSÍVEL
ART. 17, CP: “não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar o crime”.

TEORIAS SOBRE A PUNIÇÃO DO CRIME IMPOSSÍVEL:


a) Teoria sintomática: deve-se punir, por causa da periculosidade do agente;
b) Teoria subjetiva: deve-se punir, pela intenção;
c) Teoria objetiva pura: não pune, se o meio for ineficaz, ou o objeto for impróprio;
d) Teoria objetiva temperada: não se pune, somente se o meio for ABSOLUTAMENTE
ineficaz ou o objeto for ABSOLUTAMENTE impróprio. Se forem “relativamente” deve-se
punir. Essa é a teoria adotada no art.17, CP.

ELEMENTOS:
a) Absoluta ineficácia do meio: ex: arma sem munição; falsificação grosseira (súmula 73,
STJ);
b) Absoluta impropriedade do objeto: ex: tiros em cadáver; abortivo em mulher não gravida;

OBS: flagrantes: i) flagrante forjado: é um crime praticado pelo policial ou investigador


(ex: “plantar” a droga com a pessoa para depois acusa-la, sabendo que é inocente); ii)
flagrante preparado/provocado: induz-se ou instiga-se o agente a praticar o crime, para em
seguida acusa-lo (crime impossível). Esclarecimento sobre o art. 33, Lei 11.343/06 (STJ,
HC 52980/GO, 2011); iii) flagrante esperado/ “intervenção predisposta da autoridade”:
espera-se o início da execução para flagrar e acusar o agente (flagrante legítimo).

flagrante preparado (súmula 145, STF);

CONSEQUENCIA: não se pune o crime impossível.

JURISPRIDÊNCIA: STJ, REsp 1385621/MG, 2015 (a existência de sistema eletrônico de


segurança no estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível o crime de furto).
“Crime impossível” (não inicia a execução da tipicidade penal) é diferente de “crime
putativo” (pensa em praticar o crime, mas o fato é atípico).
AULA 7
ILICITUDE:
INTRODUÇÃO:
Conceito: é a verificação se o fato típico é contrário a todo o Direito. É a verificação se há
uma justificativa para a prática do Fato Típico. (IHERING [1867] + VON LISZT [1884]).
É o segundo elemento.
É valido dizer que o “fato típico” gera a presunção relativa da “Ilicitude” (teoria da
Ratio Cognoscentio).
A expressão “ilicitude”, no lugar de “antijuridicidade”, passou a ser adotada pela
Reforma da Parte Geral do CP de 1984 (Lei 7209/84).
Antijuridicidade formal e antijuridicidade material
No século XIX, Franz Von Liszt entendia que a antijuridicidade era composta pela: i)
Antijuridicidade Formal (contrariedade do fato típico ao ordenamento jurídico); ii)
Antijuridicidade Material (“danosidade social”, isto é, ofensa ao bem jurídico).
Atualmente, não faz mais sentido falar em antijuridicidade formal e material, pois
prevalece uma “concepção unitária da ilicitude”, desde quando o “Fato Típico” foi melhor
desenvolvido cientificamente (“tipicidade material”: ofensa ao bem jurídico).
Causas de exclusão Da ilicitude:
Terminologias: “causas de exclusão da ilicitude”; “justificativas”; “justificantes”;
“descriminantes”; “eximentes”.
Crime = Ft (atipificante) + I (justificante) + C (exculpante)
Fato Típico Ilicitude Culpabilidade
Legitima defesa. “Erro de proibição
Estado de inevitável” (art. 21,
Causas de Erro de tipo necessidade; Estrito CP)
exclusão expressa inevitável (art. 20, cumprimento do dever
CP). legal; Exercício
Regular do Direito.
Consentimento do “Inexigibilidade de
Causas de exclusão
Principio da ofendido conduta diversa”
Implicitas
insignificância
Tipo penal permissivo:

ESTADO DE NECESSIDADE
Art. 24, CP: “considera-se em estado de necessidade (implícito: elemento subjetivo) quem
prática fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de
outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo o sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se.
§1°: não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§2°: embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado a pena poderá ser
reduzida de 1 a 2/3”.
Requisitos
Perigo atual: “perigo atual” é aquele que está acontecendo, “perigo iminente” é aquele que é
certo e prestes a se iniciar. Podem ser fontes de perigo: natureza, animal e pessoa; não se
admite pretérito nem futuro.
Perigo não provocado voluntariamente pelo agente: sobre “voluntariamente”, a doutrina
voluntaria entende que é só “dolosamente” (ROXIN). Mas, a doutrina majoritária (NUCCI,
HUNGRIA E MASSON) entende que engloba também o “culposamente”, porque no crime
culposo a conduta é conduta é voluntária e por causa do art. 13, §2º, “c”, CP (garante por
ingerência). E, ainda, CEZAR BITTENCOURT, isoladamente, entende que significa apenas
“intencionalmente” (dolo direto).
Perigo a bem jurídico próprio ou alheio: possível o estado de necessidade próprio ou de
terceiro. A solidariedade não exige intimidade ou parentesco. Possível salvar qualquer bem
jurídico. Se o bem jurídico de terceiro for disponível, depende de autorização prévia ou
concomitante.
Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo: sobre o “dever legal”, trata-se de qualquer
“dever jurídico” (ex: lei, contrato, etc) conforme a doutrina majoritária e item 21, da
Exposição de Motivo do CP. Não exige heroísmo. Há limites, por causa da dignidade
humana.
Inevitabilidade do dano por outro modo: o estado de necessidade caracteriza-se pelo comodus
discessus, ou seja, se for possível evitar o sacrifício, deve ser evitado, por exemplo, fugindo;
e, ainda, se for possível um meio menos gravoso, assim o dever de agir, sob pena de
responder pelo excesso;
Inexigibilidade de sacrifício do bem jurídico: o art. 24, do CP, adotou a “teoria unitária” sobre
o estado de necessidade justificante, que exclui a Ilicitude quando se configura quando o bem
sacrificado tem menor ou igual importância ao bem salvo. Se o bem salvo tem mais
importância, não haverá estado de necessidade, mas haverá diminuição da pena de 1/3 a 2/3;
ou até “excesso exculpante” (medo, pânico ou perturbação dos sentidos) que pode excluir a
culpabilidade. Já o art. 39, CPM, adotou a “teoria diferenciadora”, com a qual há duas
espécies: a) “estado de necessidade justificante” (exclui a ilicitude; o bem jurídico deve ser
menos importante); b) “estado de necessidade exculpante” (exclui a culpabilidade; e o bem
sacrificado tem igual ou mais importância).
Elementos subjetivos: consciência e vontade específica de agir em estado de necessidade. O
Finalismo, de HANS WELZEL, que acrescentou a exigência em todas as justificantes.
Espécies de estado de necessidade:
a) Estado de Necessidade Próprio e Estado de Necessidade de Terceiro.
b) Estado de Necessidade Real (tem os 7 requisitos) e Estado de Necessidade Putativo (o
agente pensa que há requisitos, mas, por exemplo, a situação de perigo é imaginária, art. 20,
§1º, CP, sobre “descriminantes putativos”, se for “erro de tipo inevitável” exclui o dolo e a
culpa (se a modalidade culposa for prevista expressamente para o tipo penal em questão).
c) Estado de Necessidade Agressivo (bem sacrificado é de “terceiro inocente”, e, no Direito
Civil (art. 188, II; 929 e 930, CC/02)o gente deve indeniza-lo e, depois, buscará ressarcimento
daquele que causou o perigo em “ação regressiva”); e Estado de Necessidade Defensivo (o
bem sacrificado é daquele que causou o perigo ou fonte do perigo).
d) Estado de Necessidade Justificante e Estado de Necessidade Exculpante.
e) Estado de Necessidade Recíproco: é possível.

LEGÍTIMA DEFESA
Fundamento: quando o Estado não conseguir estar presente e proteger os bens jurídicos da
pessoa, esse indivíduo poderá agir em legítima defesa.
Art. 25, CP: entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários repele injusta agressão, atual ou iminente a direito seu ou de outrem.
Requisitos:

É uma reação a uma AGRESSÃO INJUSTA, com Os MEIOS NECESSÁRIOS usados com
moderação.
a) Agressão injusta: a fonte só pode ser uma conduta humana. Não precisa ser um fato típico
de crime. Se o agressor foi “inimputável”, deve evitar a reação (commodus discessus).
Agressão injusta é muito mais que mera “provocação”.
b) agressão atual ou iminente: agressão que está acontecendo ou prestes a ocorrer. Não se
admite “agressão passada” (vingança) nem agressão futura (“legítima defesa preordenada”,
conforme Willian Douglas [no Brasil, prevalece que não haveria legítima defesa real, mas
“inexigibilidade de conduta diversa”, que exclui a culpabilidade]).
c) Agressão a bem jurídico próprio ou de terceiro: qualquer bem jurídico pode ser protegido,
inclusive a pessoa jurídica. Se o bem jurídico de terceiro for disponível exige-se prévia ou
concomitante autorização.
d) Reação com os meios necessários: são aqueles a disposição do agente, no momento da
reação. Esse Requisito admite flexibilidade. A reação, em regra, não exige commodus
discenssus, ou seja, que se acovarde e fuja.
e) Uso moderado desses meios: o suficiente para afastar o agressor injusto. É a
proporcionalidade e a razoabilidade entre a reação e a agressão. Exige-se que o bem-jurídico a
ser sacrificado seja de MENOR ou IGUAL importância ao bem-jurídico protegido.
f) Elementos subjetivos específicos: é a consciência e vontade específica de agir em legitima
defesa. Na legitima defesa chama-se animus defendi (que é diferente do animus necandi,
vontade de matar).
Espécies:
a) Legitima Defesa Própria ou Legitima Defesa de Terceiro.
b) Legítima Defesa Real e Legítima Defesa Putativa.
c) Legitima Defesa Agressiva e Legitima Defesa Defensiva.
Situações Especiais
a) Legitima Defesa da Honra: nas Ordenações Filipinas, admite-se que o homem matasse a
mulher e o amante se os surpreendessem em adultério. Essa regra não avalia para a mulher.
No Código Criminal do Império (1830), essa possibilidade foi eliminada. O Código Penal dos
Estados Unidos do Brasil (1890) previu que não era homicídio, se matar sob “total
perturbação do sentido ou inteligência”. Uma insanidade momentânea pela surpresa do
adultério. No Código Penal de 1940, essa excludente (“sob a total perturbação dos sentidos ou
inteligência”) foi eliminada. Foi previsto o “homicídio privilegiado”, graças aos esforços do
Promotor ROBERTO LYRA à época (art. 121, §1°, CP). E o art. 28, I, CP, previu que a
“emoção e a paixão” não isenta de pena. Então, a tese de defesa “legitima defesa da honra”,
usada pela primeira vez por EVANDRO LINS E SILVA com esse slogan (dec. 70, séc. XX),
para ir além do benefício do “homicídio privilegiado” (pena reduzida de 1/6 a 1/3), é a defesa
de que houve “excesso culposo” e, portanto, “homicídio culposo” (art. 121. §3°, CP: pena 1 a
3 anos) e, com a pena dosada até 2 anos, pedir o benéfico da suspensão “condicional da pena”
(sursis, art. 77, do CP). Trata-se de um artifício para diminuir mais ainda a pena de evitar a
prisão. Não se trata de pedido de absolvição.
b) Outras situações especiais:
Legitima Defesa Real x Legitima Defesa Real? NÃO, legítima defesa recíproca.
Legitima Defesa Real x Estado de Necessidade Real? NÃO, porque o EN não é agressão
injusta.
Legitima Defesa Real x Legitima Defesa Putativa? SIM,
Legitima Defesa Real x Estado de Necessidade Putativo? SIM, porque o quem age em EN
Putativo é uma agressão injusta.
Legitima Defesa Real x excesso em Legitima Defesa Real? (Legitima Defesa Sucessiva)?
SIM, porque o excesso se torna agressão injusta.
Estado de Necessidade Real x Estado de Necessidade Real? Sim,
Estado de Necessidade Real x Estado De Necessidade Putativo? Na verdade, essa conduta
(“EN Real”) tecnicamente é Legitima Defesa Real. Sendo assim, pode ocorrer.
Estado de Necessidade Real x Legitima Defesa Real?
c) Excessos (art. 23, p. único, CP):
c.1) Qualquer justificante pode ter excesso, o que irá responsabilizar penalmente o agente.
c.2) Espécie:
 Excesso doloso: após afastar o perigo, quer o excesso!
 Excesso culposo: após afastar o perigo, avalia mal a situação e continua a agir,
praticando o excesso...
 Excesso intensivo: desde o início, já é um excesso; só um momento na cena; durante
todo fato, há excesso.
 Excesso extensivo: até certo momento, há justificativa, mas, em outro momento (após
afastar o perigo), o agente pratica o excesso; o segundo momento.
 Excesso exculpante: é uma causa de exclusão da culpabilidade, situação na qual o
excesso (doloso ou culposo; intensivo ou extensivo) é incompreensível, porque
decorre de medo, pânico ou perturbação dos sentidos.

ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL


Requisitos:
1) Dever legal: só para agente público; (funcionário público: art. 327, CP).
2) Estrito cumprimento: evitar arbitrariedade e abuso (crime de abuso de autoridade)
3) elemento subjetivo específico: consciência e vontade de agir com essa justificativa.
Situação especial:
Lei 13.060/2017: Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (I.M.P.O).
EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO
Requisitos:
1) Direito: previsto em lei, CF, tratado, contrato ou costume; usada por particulares
2) Exercício Regular: diferente de abuso de direito (art. 187, CC/02).
3) Elemento Subjetivo Específico: consciência e vontade de agir com essa justificativa.
Situações especiais:
a) castigos físicos e psicológicos estão proibidos agora (lei 13010/2014 – Lei do Menino
Bernardo).
b) Prática de esportes: nos limites das regras.
c) OFENDÍCULAS: meios de proteção da propriedade. Devem ser visíveis e sem abusos.
Prevalece que a natureza jurídica é: i) enquanto não acionado: Exercício Regular de Direito;
ii) funcionando: Legítima defesa preordenada (NELSON HUNGRIA).

CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
1. O consentimento do ofendido, em certas situações, pode funcionar como “causa de
exclusão do Fato Típico” (quando o “consentimento do ofendido” for elementar do tipo penal;
ex: art. 213, CP: “constranger alguém...”); e, em outras situações, funcionará como “causa de
exclusão da ilicitude”.
2. Requisitos do consentimento do ofendido como “causa de exclusão da ilicitude”: i)
ofendido deve ter mais de 18 anos; ii) consentimento manifestado sem vícios e, ainda, de
forma prévia ou concomitante; iii) só poderá ser ofendido um bem jurídico disponível (ex:
património, integridade física em lesão corporal leve, imagem etc.).
3. Causa supralegal de exclusão da ilicitude.

AULA 8 – CULPABILIDADE (Ft + I + C)


INTRODUÇÃO:
Conceito: é um juízo de reprovação sobre o agente que pratica um fato típico e ilícito.

OBS:
Corrente tripartite (majoritária) Corrente bipartite (minoritária)
C = Ft + I + C (cupabilidade como 3º C = Ft + I + C (culpabilidade é um
elemento e juízo de reprovação) (Roxin, pressuposto da pena) (Damásio, Capez,
Hungria) LFG).
Teorias sobre a culpabilidade:
a) Teoria psicológica da culpabilidade (Causalista, Liszt, Beling): a culpabilidade só tinha
elementos psicológicos. Era um mero liame subjetivo entre a conduta do agente e o resultado.

b) teoria psicológico-normativo da culpabilidade (Causalista, Frank): a culpabilidade é um


juízo de reprovação do agente, e não um mero liame subjetivo. Além de elementos
psicológicos, tem elementos normativos.

c) Teoria normativa pura da culpabilidade (Finalista. Hans Welzel): a culpabilidade é um


juízo de reprovação do agente que pratica um fato típico e ilícito. Os elementos psicológicos
são levados para o Fato Típico (conduta: “dolo natural” e “culpa”). Na culpabilidade foram
mantidos apenas elementos normativos.

IMPUTABILIDADE (arts. 26 a 28, CP)


Conceito: é a capacidade da pessoa para ser responsabilizada penalmente. A pessoa, no
momento da conduta, deve ter as capacidades de compreender a ilicitude do fato que pratica e
de autodetermina-se de acordo com esse entendimento, além de idade mínima (18 anos
completos).
OBS:

STJ = O limite máximo é a pena abstrata máxima do tipo penal em questão.

Causas de exclusão da imputabilidade


a) inimputabilidade por doença mental ou desenvolvido mental incompleto ou retardo, que
torne o agente INTEIRAMENTE INCAPAZ de compreender o caráter ilícito do fato e de
autodeterminar-se com esse entendimento (art. 26, caput, CP);
b) Inimputabilidade por menoridade (art. 27, CP); (18 anos, não importa a hora do
nascimento, somente o dia do aniversário [art. 11, CP]);

ATENÇÃO: EMBRIAGUEZ no Direito Penal

c) Inimputabilidade por menoridade (art. 28, §1º, CP);


Embriaguez
1. Conceito: intoxicação, com afetação da capacidade psicomotora.
2. Fases:
a) Eufórica (macaco) – INCOMPLETA
b) Agressiva/Depressiva (leão) Completa
c) Comatosa (porco)
3. Espécies:

4. Teoria da actio libera in causa: excepcionalmente, quando o agente se autocoloca em


estado de inconsciência, no momento da conduta, deve-se analisar a “previsibilidade”
(consciência e vontade) no momento imediatamente anterior, quando “era livre na causa”.
Causas que NÃO excluem a imputabilidade:
a) Culpabilidade reduzida (semi-imputável), por perturbação, saúde mental, que não torne o
agente inteiramente incapaz de compreender o caráter ilícito do fato e de autodeterminar-se de
acordo com esse entendimento (art. 26, p. único, CP).
b) Culpabilidade reduzida por embriagues acidental incompleta (art. 28, §2º, CP).
c) Embriaguez voluntária ou preordenada (completa ou incompleta) (art. 28, II, CP).
d) Emoção e paixão (art. 28, I, CP).

OBS¹: atenuante (art. 65, III, “c”, CP)


Privilegiadora (art. 121, §1º, CP)
OBS²: a emoção ou a paixão doentia completa pode isentar de pena (art. 26, caput, CP).

POTENCIAL CONSCIENCIA DA ILICITUDE


Conceito: é a possibilidade de atingir o conhecimento sobrea ilicitude do fato que pratica, de
acordo com as suas circunstancias pessoais (“previsibilidade subjetiva”; “valoração paralela
na esfera do profano”).
Causa de exclusão da potencial consciência da ilicitude:
a) Erro de proibição inevitável (art. 21, CP): é um “erro sobre a ilicitude do fato”, ou seja, o
agente sabe o que faz, mas não sabe que é proibido (crimes omissivos¹) ou não sabe que tinha
o dever de agir (crimes comissivos²).

OBS: erro de proibição direito¹  Crimes comissivos; Erro de proibição


mandamental²  Crimes omissivos.
OBS: (in)evitabilidade do erro de proibição:
a) inevitável: “isento de pena”
b) evitável: “diminuição da pena de 1/6 a 1/3”.
Critério: previsibilidade subjetiva (“nas circunstancias pessoais do agente”).
OBS:
Qual a diferença entre?
Erro de tipo Erro de proibição
1. Art. 20. CP: “erro sobre elemento do 1. Art. 21, CP: “erro sobre a ilicitude do
tipo”. fato”.
2. Se inevitável, exclui o fato típico. 2. Se inevitável, exclui a culpabilidade.
3. O agente não sabe o que faz. 3. O agente sabe o que faz, mas não
sabe que é ilícito.
4. Erro de tipo: inevitável: exclui o dolo 4. Erro de proibição: inevitável: isento
e a culpa; evitável: exclui o dolo, mas de pena; evitável: diminui a pena de 1/6
responde por culpa, se previsto em lei. a 1/3.
5. Previsibilidade objetiva (compara-se 5. Previsibilidade subjetiva (analisa-se o
o agente e o homem médio). agente dentro de suas circunstancias
pessoais)
6. Espécies: essencial (1); permissivo 6. Espécies: direto (propriamente dito;
(1); e acidental (5). mandamental); indireto.

“ninguém pode alegar desconhecimento da lei”


Ignorância da lei penal (texto) Erro de proibição inevitável (conteúdo)
Desconhecimento da lei penal Art. 21, 2ª parte, CP
Art. 21, 1ª parte, CP Conteúdo (texto diferente de norma)
Formalmente Materialmente
EXIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
Conceito: é a verificação se o agente, que praticou um fato típico e ilícito, “podia-agir-de-
outro-modo”.
A culpabilidade, em geral, e a exigibilidade de conduta diversa, em especial, têm
como fundamento material a “liberdade”.
“espaço de liberdade”
Causas de exclusão:
a) Causas legais de exclusão (art. 22, CP):
 1) Coação moral irresistível;
 2) Obediência hierárquica: i) “ordem não manifestamente ilegal”.
b) Causa supra legal de exclusão:
 “Inexigibilidade de conduta diversa”(gênero).
1. Cláusula de consciência (liberdade religiosa).
2. Desobediência civil (manifestações populares).
3.
4.
5. Coerção moral irresistível.

AULA 9 – ERROS NO DIREITO PENAL

ESSENCIAL Erro sobre a pessoa

ERRO DE
PERMISSIVO Erro sobre a coisa
TIPO
Erro sobre o nexo
ACIDENTAL
causal

ERROS
Erro na execução
DIRETO (aberratio ictus)

Resultado diverso do
INDIRETO pretendido (aberratio
ERRO DE PROIBIÇÃO criminis)

MANDAMENTAL
ERRO DE TIPO
Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis)

Art. 74, CP. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução
do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato
é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido aplica-se a regra
do art. 70 deste Código.

ERRO DE TIPO ESSENCIAL: não sabe o que faz (art. 20, CP)
Inevitável (invencível ou escusável):
exclui dolo e culpa
Evitável (vencível ou inescusável):
exclui dolo e responde por culpa (imprópria), se previsto em lei.
Erro sobre elementos do tipo

Art. 20, CP. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Erro determinando por terceiro
§2º. Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.

ERRO DE TIPO PERMISSIVO (art. 20, §1º, CP): descriminante putativa por supor situação
de fato que, se existisse, excluiria a Ilicitude do Fato Típico.
Inevitável (invencível ou escusável):
exclui dolo e culpa
Evitável (vencível ou inescusável):
exclui dolo e responde por culpa (imprópria), se previsto em lei.
Descriminantes putativas

Art. 20, §1º, CP. É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há
isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.

ERRO DE TIPO ACIDENTAL


a) Erro sobre a pessoa (art. 20, §3º, CP): confunde as pessoas, considera-se as qualidades da
vítima virtual;
Art. 20, §3º, CP. O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de
pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

b) Erro sobre a coisa: confunde as coisas; irrelevante;


c) Erro sobre o nexo causal (aberratio causae): pensa ter consumado com uma conduta,
mas ocorre com um segundo comportamento;
d) Erro na execução (aberratio ictus, art. 73, CP): por falha do mecanismo ou erro de
pontaria acerta outra pessoa, ao invés da pessoa quista (pessoa-pessoa). Considera-se as
qualidade da vítima virtual; e, se ocorre os dois resultados, concurso formal.

Art. 73, CP. Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao
invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se
tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no §3º do art. 20 deste
Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se
a regra do art. 70 deste Código.

e) Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis, art. 74, CP): por falha do
mecanismo ou erro de pontaria acerta coisa ou animal, ao invés da pessoa quista, ou vice-
versa (pessoa-coisa). Responde por culpa, se previsto em lei; e, se ocorre os dois resultados,
concurso formal de crimes.

ERRO DE PROIBIÇÃO
Erro de proibição direto (art. 21, CP): o agente sabe o que faz, mas não sabe que é proibido
(ou que tinha dever de agir).
Inevitável (invencível ou escusável):
isenta de pena
Evitável (vencível ou inescusável):
diminuição a pena de 1/6 a 1/3
Erro sobre a ilicitude do fato

Art. 21, CP. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir
essa consciência.
Erro de proibição indireto: descriminante putativa quanto à existência ou aos limites de
causa de exclusão da ilicitude.
Inevitável: isenta de pena
Evitável: diminui a pena

OBS: Teoria Normativa Pura da Culpabilidade, versão teoria limitada da Culpabilidade (e


não teoria extremada da culpabilidade): descriminante putativa quanto à situação de fato de
causa de exclusão da ilicitude é erro de tipo permissivo (art. 20, §1º, CP), e não erro de
proibição indireto.

Erro de proibição mandamental: o agente não sabe que tinha o dever de agir (e de evitar o
resultado), em crimes omissivos.

ERRO DE TIPO
quanto a SITUAÇÃO DE FATO permissivo
(art. 20, §1º, CP)

DESCRIMINANTES quanto a
PUTATIVAS EXISTÊNCIA

quanto a
LIMITES

ERRO DE TIPO ERRO DE PROÍBIÇÃO


Erro sobre elementos do tipo (art. 20, CP). Erro sobre a ilicitude do fato (art. 21, CP).
Não sabe o que faz. Sabe o que faz, mas não sabe que é proibido.
Exclui o FATO TÍPICO (conduta dolosa ou Exclui a CULPABILIDADE (potencial
culposa). consciência da ilicitude).
Inevitável: exclui dolo e culpa Inevitável: isenta de pena
Evitável: exclui dolo, mas responde por Evitável: diminui a pena de 1/6 a 1/3.
culpa, se previsto.
PREVISIBILIDADE OBJETIVA (comparar PREVISIBILIDADE SUBJETIVA (analisar
com o homem médio). o agente dentro das suas próprias
circunstâncias).
AULA 10 – CONCURSO DE PESSOAS

PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DO CONCURSO DE PESSOAS NO DIREITO PENAL


DE ACORDO COM A JURISPRUDÊNCIA DO STF
INTRODUÇÃO
Crimes monosubjetivos ou de concurso eventual => aplica-se o concurso de pessoas. (ex.: art.
155, do CP)

Crimes plurisubjetivos ou de concurso necessário => não se aplica. (ex: art. 288, do CP, com
a redação da Lei 12.850/2013)

Código penal (com a Reforma da Parte Geral de 1984)


Do concurso de pessoas
Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas,
na medida de sua culpabilidade.
§1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um
terço.
§2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a
pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave.
Art. 30 – Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.
Art. 31 – O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em
contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

TEORIAS SOBRE O CONCURSO DE PESSOAS


Teoria Monista: todos cometem o mesmo e um só crime. A pena de cada um varia na
medida da sua culpabilidade. (adotada como regra pelo CP, conforme caput, do art. 29, do
CP).
Teoria Dualista: ocorre um crime praticado pelos autores e outro crime praticado pelos
partícipes. (adotada em casos excepcionais pelo CP, como nos §1º e §2º, do art. 29).
Teoria Pluralista: cada pessoa pratica um crime diferente. (adotada em casos excepcionais
pelo CP: exemplos: arts. 124/126 [aborto] e 335, caput/§1º [bigamia] e 317/333 [corrupção] e
outros casos).

REQUISITOS PARA O CONCURSO DE PESSOAS


Pluralidade de agentes e de condutas: duas ou mais pessoas.
Relevância causal de cada conduta: as condutas das pessoas deve efetivamente contribuir
para o resultado como ele ocorreu.
Liame subjetivo entre os agentes: a pessoa deve aderir ao dolo do autor do crime.
Identidade de infração penal: a finalidade é a prática do mesmo crime. Todos respondem
pelo mesmo crime, mas na medida da sua culpabilidade.

ESPÉCIES DE AGENTES NO CONCURSO DE PESSOAS


Autor (autoria) e Partícipe (participação)

A TIPICIDADE PENAL NO CONCURSO DE PESSOAS


Adequação típica de subordinação indireta, por meio da „norma de extensão‟ do art. 29, do
CP.

Caso concreto ---> Art. 29, caput, CP ---> tipo penal

[A segurou a vítima e B a matou ---> “quem, de qualquer forma, concorrer...” (art. 29, CP) -
--> “matar alguém” (art. 121, CP). Denúncia do MP: “A e B, em conjunção de esforços e
unidade de designos, mataram C. O MP pugna pela condenação nas penas do art. 121, caput,
c/c art. 29, ambos do CP.”]

AUTORIA
Teorias sobre a Autoria: para descobrir quem é o Autor do crime.
Teoria restritiva objetivo-formal: aquele executa as elementares do tipo penal. (preferida).
Críticas
Teria restritiva objetivo-material: aquele que mais contribui para o crime. Críticas.
Teoria extensiva ou subjetiva: aquele que pratica o crime em interesse próprio. Críticas.
Teoria do domínio do fato: aquele que tem o domínio do fato criminoso. (Adotada pelo STF).
Recente.
Hans Welzel (1939): “a conduta é o comportamento humano controlado e dirigido pela
vontade”. (controle final do fato)
Claus Roxin (1963): o domínio do fato pode ser:
1) domínio da execução (autor imediato): a pessoa executa todas as elementares do tipo
penal;
2) domínio da vontade (autor mediato): a pessoa [intraneus] controla a vontade daquele
[extraneus] que executa as elementares do tipo penal;
3) domínio da função (autor funcional): a pessoa, em uma divisão de tarefas, de acordo com
um plano de trabalho, executa a sua função, imprescindível para o crime.
Supremo Tribunal Federal
AP 470, em 2013 (Caso Mensalão): a teoria foi usada para condenar.
AP 475, em 2014 (Caso Collor): a teoria foi usada para absolver.
Situações de Autoria
Há Concurso de Pessoas: Autoria imediata (aquele que faz tudo); Autoria funcional (o que
tem uma função importante para que o esquema aconteça); Autoria intelectual (o que tem a
ideia de praticar o crime, e não necessita está na cena do crime); Coautoria (o crime há, pelo
menos, dois autores).
Não há concurso de pessoas: Autoria mediata ou indireta (muitas vezes o autor que pratica a
conduta não sabe o que faz [a pessoa de trás que pratica o crime]); Autoria colateral (não há
liame subjetivo, apenas uma coincidência); Autoria incerta (não sabe quem ainda praticou);
Autoria ignorada ou desconhecida (não conseguiu descobrir quem praticou).

PARTICIPAÇÃO
Partícipe: é a pessoa que, sem ter o domínio do fato, concorreu para o crime. E será punido
quando:
Código Penal:
“Art. 31. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em
contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado”.
Teorias sobre a Participação
Teoria da acessoriedade mínima: (autor tentar praticar Fato Típico)
*Teoria da acessoriedade limitada: adotada pelo CP. (autor tentar praticar Fato Típico +
Ilicitude).
Teoria da acessoriedade extrema ou máxima: (autor tentar praticar Fato Típico + Ilicitude +
Culpabilidade).
Teoria da hiperacessoriedade: (tentar praticar Fato Típico + Ilicitude + Culpabilidade +
Punibilidade).
Espécies de Participação
Participação moral:
1) Induzimento: implanta a ideia.
2) Instigação: incentiva a ideia.
Participação material:
3) Auxílio: ajuda o autor, sem ter o domínio do fato (antes da Reforma de 1984: “cúmplice”).
Situações de Participação
Participação da participação: (ou também chamada de participação em cadeia). “A” fala
com “B” que fala com “C” que fala com “D” que pratica o crime.
Participação sucessiva: não é uma cadeia. Tem um autor que é influenciado por várias pessoas
diferentes.

PUNIÇÃO DOS AGENTES NO CONCURSO DE PESSOAS


Premissa para o concurso de pessoas (caput, art. 29, CP):
Autores e Partícipes: punição pelo mesmo crime, “na medida da culpabilidade”.
Condição para punir a participação (art. 31, CP): no mínimo, deve ocorrer TENTATIVA
DE AUTORIA. Do contrário, “Participação Impunível”.
Participação de menor importância (§1º, art. 29, CP): terá direito a uma diminuição da
pena de 1/6 a 1/3.
Cooperação dolosamente distinta/ Participação em crime menos grave / desvio subjetivo da
conduta (§2º, art. 29, CP): aplica-se a pena do crime MENOS grave, se imprevisível e não
quis o fato mais reprovável; se previsível e não quis, aumenta-se a pena até 1/2.
Agravante no caso de concurso de pessoa
Art. 62. A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I – promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes
(autor intelectual)
II – coage ou induz outrem à execução material do crime (autor mediato)
III – instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não punível
em virtude de condição ou qualidade pessoal (autor mediato).
IV – executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa (autor
imediato ou partícipe por motivo torpe)
STJ: aumenta em 1/6 a pena.
(IN)COMUNICABILIDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS E CONDIÇÕES DO CONCURSO
DE PESSOAS
Art. 30, CP. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime.
Conceito
Circunstâncias: características do fato não descritas no tipo penal.
Condições: características da pessoa não descritas no tipo penal.
Elementares: características do crime e da pessoa descritas no tipo penal.
Espécies de circunstâncias e condições:
Objetivas: de caráter objetivo (ligadas ao fato).
Subjetivas: de caráter subjetivo (ligadas à pessoa).

CRIMES OMISSIVOS
Crimes omissivos próprios ou Puros: esses têm tipo penal próprio e o agente tem apenas
„dever genérico de agir‟. São crimes formais e não admitem tentativa.
Coautoria: não admite (cada pessoa comete um crime omissivo próprio diferente).
Participação: admite apenas participação moral e na forma comissiva e dolosa (instigação ou
induzimento).
Crimes omissivos impróprios ou impuros: não têm tipo penal, necessitando da „nexo de
extensão‟ do art. 13, §2º, „a‟, „b‟ e „c‟, do CP; o agente tem „dever especial de agir e de evitar
o resultado‟ e, por isso, o agente se chama „garante‟ ou „garantidor‟; são crimes materiais e
admitem tentativa.
Coautoria: não admite (cada pessoa comete um crime omissivo próprio diferente).
Participação: admite apenas participação moral e na forma comissiva e dolosa (instigação ou
induzimento).

CRIMES CULPOSOS
- São aqueles praticados com a inobservância do dever objetivo de cuidado.

ATENÇÃO (MUITO IMPORTANTE): NÃO se aplica a TEORIA DO DOMÍNIO DO


FATO nos crimes culposos. Não existe domínio do fato nos crimes culposos. A teoria do
domínio do fato aplica-se somente a crimes dolosos. Nos crimes culposos, conforme a
doutrina alemã, não há distinção entre autor e partícipe.
Coautoria: não admite (doutrina alemã); admite (doutrinas espanhola, brasileira e STJ, HC
40.474, 5ª Turma, 2006; REsp 40.180, 6ª Turma, 1995);
Participação: não admite (doutrinas alemã e brasileira); admite (doutrina espanhola).
Conclusão: a instigação ou o induzimento à inobservância de dever objetivo de cuidado
configura “coautoria” de crimes culposos, de acordo com o STJ e a doutrina brasileira.
DIREITO PENAL II - TEORIA DA PENA
Prof. Marcus Vinícius Aguiar Faria
AULA 1 -
FINALIDADEDES DA PENA
Teoria retributivas ou absolutas: castigar! (Kant e Hegel) (judicial)
- “Ao mal do crime o mal da pena” (Kant)
Teorias preventivas ou relativas: prevenir!
a) Gerais: destinatárias é a sociedade
a.1) Positivas (Jakobs): reforçar a autoridade e a vigência do próprio sistema penal.
a.2) Negativas (Feuerbach [teoria da coação psicológica]): a pena serve para intimidar a
sociedade. (legislador)
b) Especiais: destinatário é o agente
a.1) Positivas: ressocialização do agente (Von Liszt) (execução penal).
b.2) Negativas: finalidade da pena é a segregação/neutralização do agente (Von Liszt).
(Judicial).
*Teoria mista: a pena serve para castigar e prevenir. Adotada pelo CP (art. 59).

PRINCIPAIS PRINCÍPIOS RELACIONADOS À PENA


Princípio da necessidade e suficiente da pena (artigo 59): o juiz deve aplicar a pena a pena
necessária e suficiente para puni para punir e reeducar o agente.
Princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI, 1ª parte, CF):
Ocorre em três momentos:
1) Legislação: penas abstratas mínima e máxima  gravidade abstrata;
2) Judicial: sentença penal condenatória: pena concreta  dosimetria da pena (art. 68, CP):
 i) Pena base: circunstancias judiciais (art. 59); ii) Pena intermediária: agravantes (art. 61 e
62) e atenuantes (art. 65 e 66); iii) Pena final: majorantes e minorantes.
3) Execução penal: i) exames criminológico ou similar  plano individual de cumprimento
de pena; ii) progressão de regime.
Princípio da proibição de penas indignas (art. 5º XLVII, CF):
Princípio da pessoalidade ou intranscedência da pena:

MAPA MENTAL DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA


1ª parte: CRIME: Fato Típico + Ilicitude + Culpabilidade (Teoria do Crime)
2ª parte: APLICAÇÃO DA PENA (dosimetria da pena)
1) Calcular a quantidade de pena
2) Aplicar a detração [novidade: Lei 12.736/2012]
3) Ver a existência de causa de extinção da punibilidade
4) Ver existência de concurso de crimes
5) Fixar o regime penitenciário inicial
6) Ver a possibilidade da substituição por pena alternativa
7) Ver a possibilidade de suspensão condicional da pena
8) Ver a possibilidade de recorrer em liberdade.
(TEORIA DA PENA)
Reclusão

ESPÉCIES DE SAÇÕES PENAIS Privativa de Detenção


Liberdade
Prisão Simples

Prestação
Penas pecuniária
Perdas de bens e
valores
Restritiva de Prestação de serviço
direitos à comunidade
Sanções Penais
Multa Interdição de
direitos
Internação Limitação de fim
Medidas de de semana
Segurança Tratamento
Ambulatorial

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE


Espécies de pena privativa de liberdade: reclusão, detenção e prisão simples
 Gravidade da infração penal.
 Critério para técnicas de investigação.
 Reclusão: regime fechado, semiaberto e aberto.
Detenção: regime semiaberto e aberto.
Fixação de regime penitenciário inicial (art. 33, §2º, CP):
Sistema de progressão de regime
Critérios:
a) Quantidade da pena: Pena maior que 8 anos Regime fechado
b) Não reincidente: Se o agente for reincidente: reclusão (sempre será regime
fechado); detenção (sempre será regime semiaberto)
c) 8 circunstâncias Favoráveis; desfavoráveis.
judiciais do art. 59, CP:
Regimes penitenciários:
a) Fechados: estabelecimentos penais de segurança máxima ou média (presídio, penitenciária
ou complexo penal etc.). Artigo 88 LEP
b) Semiaberto: colônias agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
c) Abertos: casa de albergado ou estabelecimento adequado. No regime aberto se analisa
autodisciplina e responsabilidade.
c.1) prisão domiciliar(art. 117, LEP): rol taxativo + 1 jurisprudência (não houver vaga no
regime, tem direito a prisão domiciliar [RE 641.320, 2016]).
d) regime disciplinar diferenciado:
Hipóteses:
- Crime doloso + submissão da ordem interno.
- Preso de alta periculosidade.
- Suspeito de integrar organização criminosa.
- ADI 4162

SISTEMA DE PROGRESSÃO DE REGIME (art. 33,§2º, CP; 112, LEP; 2º, §1º e 2º, Lei
8072/90; art. 33, §4º, CP)
Crime comum: objetivo (1/5 da pena) + subjetivo (atestado de bom comportamento).
Crimes contra administração pública (art. 312 a 359-H,CP): objetivo (1/6 da pena + reparação
do dano) + subjetivo (atestado de bom comportamento).
Crimes hediondos e equiparados: objetivo (réu 1º 2/5 da pena; réu reincidente 3/5 da pena) +
subjetivo (atestado de bom comportamento).

OBS: requisito subjetivo: “exame criminológico”  o juiz pode exigir sim, desde que a
decisão seja fundamentada com elementos concretos.
OBS: progressão de regime na lei 8072/90: 1) 1990 a 2006  “integralmente” (HC 82959
SP, 2006); 2) 2007  “inicialmente” (lei 11.464/2007); 3) 2011  “tabela prevista no art.
33, §2º”, CP (HC 111.840 ES, 2012); 4) 2006/2007  1/6 (STF SV 26; STJ 471).
REGRESSÃO DE REGIME (art. 118, LEP – Lei 7210/84)
1) Não é possível progressão per saltum, mas é possível regressão per saltum.
2) Hipóteses: Crime doloso (depois); falta grave (rol taxativo: art. 50 LEP); nova condenação
(crime anterior); frustrar os fins do regime aberto
(STF, ADI 4172, pendente: Regime Disciplinar Diferenciado - RDD)
Julgamentos no STF pendentes, sobre o sistema penitenciário:
STF, ADPF 347 (Estado de Coisas Inconstitucional do sistema penitenciário).
STF, RE 592.581 (Judiciário pode obrigar governos a construírem novos presídios).
STF, RE 641.320 (execução da pena em regime penitenciário mais gravoso).
STF, ADI 5170 (responsabilidade civil do Estado por danos morais aos presos).
STF, RE 580252 (responsabilidade civil do Estado por danos morais aos presos).

DIREITOS DO PRESO:
Remição (art. 126 e seguintes, LEP): abatimento no tempo de pena, por dias de trabalho,
estudos e leitura.
1) A cada 3 dias de trabalho abate 1 dia de pena  4 dias cumpridos
2) A cada 12 horas de estudos abate 1 dia de pena.
3) 30 dias de leitura de obra + uma dissertação: audiência  abate 4 dias de pena
Detração:
Outros:

FIXAÇÃO DO REGIME PENITECIÁRIO (art. 33, CP)


1) quantidade de pena concreta: pena superior a 08 anos => REGIME FECHADO; pena
superior a 04 anos e até 08 anos => REGIME SEMI-ABERTO; pena até 04 anos =>
REGIME ABERTO
2) não ser reincidente
3) circunstâncias judiciais favoráveis

SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE


1) Requisitos
a) crime doloso, sem violência ou grave ameaça, com ppl até 04 anos; ou crime culposo;
b) Não reincidência em crime doloso;
c) Circunstâncias judiciais favoráveis.
2) Hipóteses
a) Pena privativa de liberdade até 1 ano ====> multa ou 02 penas restritivas de direitos.
b) pena privativa de liberdade superior a 01 ano ==> 01 restritiva + multa; ou 02 restritivas.

COMO SE CALCULAR A PENA PRIVATIVA DE LIVERDADE? DOSIMETRIA DA


PENA
1º PASSO: identificar o preceito secundário (Penas ABSTRATAS máximas e mínimas [já
calculadas]) do tipo penal (tipo simples, tipo com qualificadora ou tipo privilegiado).
2º PASSO: aplicar o SISTEMA TRIFÁSICO (art. 68, CP).
1ª fase (pena base): limites abstratos (pena mínima e máxima) e circunstâncias judiciais (Não
tem percentual e estão na Parte Geral 1/8 (doutrina e jurisprudência criaram esse percentual)
sobre o intervalo [intervalo = pena máxima – pena mínima]) favoráveis e circunstâncias
judiciais desfavoráveis ou neutras (art. 59, CP).
2ª fase (pena intermediária): circunstâncias legais agravantes (arts. 61 e 62, CP [rol
taxativo]) e circunstâncias legais atenuantes (art. 65 e 66, CP [rol exemplificativo]) (Não têm
percentual e estão na Parte Geral 1/6 (doutrina e jurisprudência criaram esse percentual) sobre
a pena base).  São chamadas de circunstâncias legais.

OBS: deve-se respeitar os limites das penas abstratas.


3ª fase (pena final): causas de aumento (majorantes [gerais e especiais]) de pena e causas de
diminuição (minorantes [gerais e especiais]). Tem percentual, previsto em lei, (ex: fixo: 1/2; e
variável: 1/3 a 2/3) e incide sobre a pena intermediária de pena.  São chamadas de
circunstâncias legais.

OBS: é possível ultrapassar os limites das penas abstratas.


OBS: não analisar um mesmo dado do crime mais de uma vez.
OBS: usar uma qualificadora para estabelecer o tipo penal qualificado; e as demais
qualificadoras, se houver, considera-las como: 1) agravantes (2º fase); 2) circunstância
judicial desfavorável (1ª fase).

CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS (Art. 59, CP)


1) Culpabilidade: grau de reprovação que o juiz faz sobre o fato.
2) Antecedentes:
Maus antecedentes Reincidência
1ª fase: circunstância judicial desfavorável (1/8). 2ª fase: circunstância legal agravante (1/6)
Só “sentença penal condenatória transitada Só “sentença penal condenatória transitada
em julgado sem efeito depurador” em julgado com efeito depurador” (até 5
anos depois da extinção da punibilidade).
STF e STJ: sistema de perpetuidade (sendo Sistema da temporariedade (art. 64).
questionado)

3) Conduta Social:
4) Personalidade do agente:
5) Motivos:
6) Circunstâncias:
7) Consequências do crime:
8) Comportamento da vítima:

OBS: Cada circunstância judicial vale 1/8 do intervalo (conforme a doutrina).

CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS AGRAVANTES (arts. 61 e 62, CP)


1) Reincidência; 2) por motivo fútil ou torpe; 3) para ocultar outro crime; 4) com
impossibilidade de defesa da vítima; 5) com meio cruel; 6) contra ascendente, descendente,

OBS: Cada AGRAVANTE vale 1/6 da pena base (conforme o STJ)


irmão ou cônjuge; 7) com abuso de autoridade; 8) com violência doméstica contra a mulher;
9) com abuso de poder; 10) contra criança, idoso, enfermo ou grávida; 11) contra pessoa sob a
proteção do Estado; 12) em situação de calamidade pública ou desgraça particular; 13) com
embriaguez preordenada; 14) aquele que dirige a atividade dos demais agentes; 15) aquele
que coage ou induz outrem; 16) aquele que instiga ou determina outrem; 17) aquele executa
ou participa, mediante recompensa.
CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS ATENUANTES (Arts. 65 e 66, CP)
1) menor de 21 anos e maior de 70 anos; 2) desconhecimento da lei, 3) motivo de relevante
valor social ou moral; 4) evitar, minorar ou reparar o dano; 5) coação moral resistível,

OBS: cada atenuante vale 1/6 da pena base (conforme o STJ)

obediência hierárquica ou violenta emoção; 6) confissão espontânea;7) sob influência de


multidão em tumulto; 8) Circunstância atenuante inominada (ex: coculpabilidade,
ZAFFARONI)

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA NA PARTE GERAL


1) Cooperação dolosamente distinta, no concurso de pessoas (art. 29, §2º, CP => aumenta até
1/2 sobre a pena, se o resultado mais grave previsível).

CAUSAS DE DIMINUIÇÃO DE PENA NA PARTE GERAL


1) Tentativa (art. 14, p. único, CP => 1/3 a 2/3);
2) Arrependimento Posterior (art. 16, CP => 1/3 a 2/3);
3) Erro de Proibição evitável (art. 21, CP => 1/6 a 1/3);
4) Não razoabilidade do sacrifício no Estado de Necessidade (art. 24, §1º, CP => 1/3 a 2/3);
5) Culpabilidade reduzida por doença (art. 26, p. único, CP => 1/3 a 2/3);
6) Embriaguez Acidental incompleta (art. 28, §2º, CP => 1/3 a 2/3);
7) Participação de Menor Importância (art. 29, §1º, CP => 1/6 a 1/3).

OBS: O percentual incide sobre a pena intermediária.

DOSIMETRIA DA PENA DE MULTA (arts. 49 e 60, CP)


Sistema dias-multa
1º passo: fixação da quantidade de dias-multa (10 a 360 dias-multa)
a) análise das circunstâncias judiciais
Art. 49, CP
b) análise das agravantes e atenuantes
c) análise das causas de aumenta e de diminuição

OBS: a Pena de Multa deve ser aplicada proporcionalmente com a Pena Privativa de
Liberdade.
2º passo: definição do valor de cada dia-multa (1/30 a 5 vezes do salário mínimo vigente à
época do fato* [pode triplicar, ainda]). Art. 49, §1º, CP; Art. 60, CP.

OBS: se for necessário, de acordo com a situação econômica do réu, a quantia pode ser
triplicada (até 3x).
CONCURSO DE CRIMES
CONCURSO MATERIAL:

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em
que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção,
executa-se primeiro aquela.

- Duas ou mais condutas = dois ou mais crimes. As penas são somadas. (Art. 69, CP).
- Homogêneo (quando pratica crimes iguais) e heterogêneo (quando pratica crimes
diferentes).
- Penas de multa (art. 72, CP).
- Somam-se as penas dos crimes.
CONCURSO FORMAL: uma conduta = dois ou mais crimes. (art. 70, CP)
- Homogêneo e heterogêneo.
a) Perfeito/ próprio: unidade de desígnios
- Crimes culposos
- Uma conduta => dois ou mais crimes
- Aplica-se a pena mais grave + 1/6 a 1/2 (unidade de desígnios)
b) Imperfeito/ impróprio => dois ou mais crimes
- Crimes dolosos
- Desígnios autônomos (dolo direcionado autonomamente para cada vítima)
- As penas são somadas (desígnios autônomos)
c) Concurso material benéfico (art. 70, p. único, CP): exasperação não pode exceder o
cúmulo material.
CRIME CONTINUADO (art. 71, CP)
 Duas ou mais condutas;
 Dois ou mais crimes da mesma espécie;
+ No intervalo de tempo não superior a 30 dias;
+ Mesma região metropolitana;
+ Mesmo modo de operação;
+ Outras circunstâncias;
1) Aplica-se a pena mais grave + 1/6 a 2/3 (crimes sem violência ou grave ameaça)
2) Aplica-se a pena mais grave + até o triplo (crimes com violência ou grave ameaça)

OBS: concurso material benéfico (limite do crime continuado).


OBS: deve haver circunstâncias judiciais favoráveis.

- Os crimes parcelares compõem o crime continuado.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA: ppl até 02 anos, com suspensão por 02 a 04 anos,
desde que não seja reincidente; circunstâncias judiciais favoráveis; seja impossível a
substituição por penas alternativas. (art. 77, CP).

OBS: período de prova é o momento que o processo ficará suspenso enquanto o réu está
sendo testado.

LIVRAMENTO CONDICIONAL: ppl igual ou superior a 02 anos, se cumprir 1/3 da pena


(crime comum e não reincidente); se cumprir 1/2 (crime comum e reincidente); e cumprir 2/3
da pena (crime hediondo e não reincidente específico); além de outros requisitos (bom
comportamento e reparação). (art. 83, CP).

EFEITOS DA CONDENAÇÃO

REABILITAÇÃO (art. 93, CP)

AÇÃO PENAL (art. 100)


Ação Penal Pública: quem faz é o Promotor de Justiça ou Procurador Geral da República,
que faz uma petição inicial que é chamada denúncia.
Ação Penal Privada: feita por advogado particular por meio de uma petição inicial que é
chamada de queixa-crime.

OBS: quando se ler o tipo penal e não tiver informando se é uma ação penal pública ou
privada, considera-se que seja uma Ação Penal Pública.

MEDIDAS DE SEGURANÇA: Fato Típico + Ilicitude + PERICULOSIDADE


1) Espécies: Internação e Tratamento Ambulatorial; 2) Período mínimo: 01 a 03 anos; e
Período Máximo: até que cesse a periculosidade (STF, até 30 anos; STJ, Súmula 527: até a
pena máxima abstrata do crime);
CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE (art. 107, CP)
1) Morte do agente;
2) Anistia (CN, Coletivo, Fatos), graça (PR, Individual, Pessoa) ou indulto (PR, Coletivo,
Pessoas) {comutação: indulto parcial}
3) Abolitio Criminis
4) Prescrição (perda do jus puniendi pelo tempo), Decadência (não exercício AP privada ou
representação para AP pública, em 06 meses) ou Perempção (abandono da AP privada)
5) Renúncia ao direito de Queixa ou perdão do ofendido, nas Ações Penais Privadas
6) Retratação do Agente, quando a lei admitir
7) Perdão Judicial, nos casos previstos em lei.

PRESCRIÇÃO NO DIREITO PENAL (art. 109, CP)


CONCEITO: é a perda da pretensão punitiva ou da pretensão executória, pelo Estado, em
razão do decurso do tempo, previsto legalmente.

NATUREZA JURÍDICA: prevalece que é instituto do Direito Penal, mais especificamente


uma causa legal de extinção da Punibilidade.
(1) uma „nova lei mais maléfica‟ sobre prescrição não poderá retroagir (art. 5º, XL, CF/88);
(2) aplica-se a contagem de prazo penal (art. 10, CP/84). (3) é matéria de ordem pública:
alegável e a ser decidida a qualquer momento e por qualquer instância jurisdicional.

FUNDAMENTOS: sofrimento e estigmatização com a persecução penal do agente em caráter


perpétuo; razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, CF/88).

CRIMES IMPRESCRITÍVEIS (art. 5º, XLII e XLIV, CF): racismo; crimes praticados por
grupo armado;  as hipóteses de imprescritibilidade só podem estar previstas na
Constituição, para fins penais.

OBS: crimes “lesa-humanidade”  Prescrevem.


ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO:

Prescrição da Pretensão Punitiva em Abstrato (PPPA)


Previsão legal: art. 109 CP.
Critério: pena máxima abstrata, conforme a Teoria da Pior das Hipóteses.

20 anos Pena superior a 12 anos


16 anos Pena superior a 8 anos e não excede a 12 anos;
12 anos Pena superior a 4 anos e não excede a 8 anos;
08 anos Pena superior a 2 anos e não excede a 04 anos;
04 anos Pena igual 1 ano e não excede a 02 anos;
03 anos Pena inferior a 1 ano;

OBS: redução do prazo prescricional pela metade (art. 115, CP): menor de 21 anos na
data do fato; e maior de 70 anos na data sentença.
OBS: marcos interruptivos da prescrição (art. 117, CP): 1) recebimento da Denúncia; 2)
Pronúncia; 3) Publicação da Sentença ou Acórdão; 4) Início da Execução Penal; 5)
Reincidência.
Prescrição punitiva retroativa:
Previsão legal: art. 110, §1º, CP

Art. 110, §1º, CP. A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado
para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não
podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
(Redação dada pela Lei 12.243/2010)
Critério: 1) pena concreta e trânsito em julgado só para acusação; 2) recalcular, de novo, o
prazo prescricional na tabela do art. 109 CP; 3) verificar, para trás (da sentença... ), dentro
dos marcos interruptivos;
Lei 12.243/2010 e sua (in)constitucionalidade:
a) Cézar Roberto Bittencourt (e muitos penalistas) defendem a inconstitucionalidade,
sobretudo, por violar a proporcionalidade e princípios penais ligados a pena;
b) STF, HC 122.694/SP, Min. Dias Toffoli, Pleno: é constitucional.
STF, AP 498/AM, Min. Marco Aurélio, 1ª Turma: é irretroativa, é mais maléfica.
Mesmas consequências; e causas suspensivas e interruptivas da PPPA.
Prescrição punitiva superveniente:
Terminologia: PPP superveniente ou intercorrente
Previsão legal: art. 110, §1º, CP
Art. 110, §1º, CP. A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado
para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não
podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
(Redação dada pela Lei 12.243/2010)
Critérios: 1) Pena concreta e trânsito em julgado só para a acusação; 2) Recalcular o prazo
prescricional na tabela do art. 109 CP; 3) Verificar, se houve prescrição, após a publicação da
sentença;
1º verifica-se: PPPA; 2º verifica-se: PPPR; 3º verifica-se: PPPS...
Mesmas consequências; e causas suspensivas e interruptivas da PPPA.
Maior perigo de prescrição (e de impunidade): entre a publicação da sentença penal
condenatória, com trânsito em julgado só para acusação e o início do cumprimento da pena
[após o trânsito em julgado também para a Defesa, que esgotou todos os recursos possíveis],
já que o “Acórdão meramente confirmatório da condenação” [conhece o recurso da Defesa,
mas o julga improvido] não interrompe a prescrição.
Por isso, em 17.02.2016, o STF restringiu ao núcleo essencial o art. 5º, LVII, CF/88
(princípio da presunção de não-culpabilidade, que é diferente do princípio da presunção de
inocência) e voltou a entender pela possibilidade de EXECUÇÃO PROVISÓRIA da pena
aplicada na Sentença Penal Condenatória, confirmada em 2ª grau e com recursos especial e/ou
extraordinário pendente(s) no STJ e/ou STF.
O “início do cumprimento da pena” interrompe o prazo prescricional.
Art. 5º, LVII, CF/88. ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória;
Não se presume a inocência após o 2º grau, mas, por outro lado, “não será considerado
culpado” até o trânsito em julgado.
Prescrição punitiva eventual:
Terminologia: PPP virtual, retroativa antecipada e hipotética
Previsão legal: construção doutrinária e jurisprudencial
A doutrina majoritária defende a sua utilização e juízes de 1º grau;
Os TJs, TRFs, STJ e STF não a aplicam. Súmula 438 STJ: “é inadmissível a extinção
da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética,
independentemente da existência ou sorte do processo”.
Fundamento: falta de condição da Ação Penal, interesse de agir (utilidade e necessidade),
porque, já antecipando hipoteticamente o cálculo da pena concreta, verifica-se, desde já, a
prescrição (retroativa antecipada, hipotética ou virtual). E, portanto, deve-se “Rejeitar a
Denúncia”, com base no art. 395, II (falta de interesse de agir), CPP.
Critérios: 1) fazer a dosimetria da pena, desde já, antes da sentença; 2) A partir da pena
concreta hipotética, calcular o prazo prescricional na tabela do art. 109 CP; 3) Verificar entre
os marcos interruptivos, se já ocorreu a prescrição (virtual, retroativa antecipada e hipotética).
Consequências: Rejeição da Denúncia; Não gera efeitos penais/extrapenais; Custas e Fiança.

Prescrição executiva:
Previsão legal: art. 110, caput, CP;
Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória

Art. 110, CP. A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-
se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se
aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.

Critérios: 1) pena concreta e sentença com trânsito em julgado para ambas as partes; 2)
Recalcular o prazo prescricional na tabela do art. 109 CP; 3) Verificar se, após o trânsito em
julgado para acusação, ocorreu prescrição;
Termo inicial da PPE:
Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível

Art. 112, CP. No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: I - do dia
em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a
suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; II - do dia em que se
interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena.

Causas suspensivas da PPE:


Art. 116, parágrafo único, CP. Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a
prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
Causas interruptivas da PPE:
Art. 117. O Curso da prescrição interrompe-se:
V – pelo início ou continuação (recaptura) do cumprimento da pena; VI – pela
reincidência. (art. 63, CP: comete novo crime, após sentença transitada); § 1º - Excetuados
os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos
relativamente a todos os autores do crime (comunicação de circunstâncias objetivas). Nos
crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção
relativa a qualquer deles. § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V
deste artigo (recaptura), todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.
Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional
Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado (recaptura) ou de revogar-se o livramento
condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.

HIPOTESES DE REDUÇÃO DA PRESCRIÇÃO


Redução dos prazos de prescrição

Art. 115 CP. São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao
tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70
(setenta) anos.

1. Caráter humanitário: o menor de 21 anos não atingiu a maturidade; e o maior de 70 anos


aproxima-se da caducidade;
2. Não foi revogado pelo Código Civil 2002 (maioridade civil aos 18 anos) e o Estatuto do
Idoso (idoso aos 60 anos).
3. Aplica-se a todas espécies de prescrição, inclusive previstas em legislação penai especial
(art. 12 CP).
4. No concurso de crimes (material, formal e continuado) deve-se verificar, uma a uma, as
condutas, isoladamente (art. 119 CP). Já no crime permanente (e no crime habitual, cf. STJ)
não se aplica, se no último ato, da conduta prolatada no tempo, já for maior de 21 anos;
5. O agente deve ter 70 anos “na data da sentença”, para se beneficiar da redução da
prescrição. Se completar 70 anos “na data do acórdão”, em 2ª grau ou STJ/STF, não terá
direito (STF, HC 117.386/DF, Min. Rosa Weber, 29.10.2013), mas há precedentes em sentido
mais benéfico (STF, ARE 778.042 AgR/DF, Min. Luiz Fux, 21.10.2014: “antes do trânsito
em julgado”).
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO SOCIOEDUCATIVA POR ATO INFRACIONAL
1. STF e STJ entendem que a finalidade da medida socioeducativa é diversa da sanção penal,
mas não deixa de ter caráter aflitivo.
2. Súmula 338 STJ: “A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas”.
3. Art. 115 CP. “São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao
tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos (...)”.
4. Art. 109 CP. Tabela de prazos prescricionais.
5. Critério: a quantidade da pena prevista no tipo penal ou o tempo máximo previsto no ECA
para a medida socioeducativa (ex: art. 121, §3º, ECA: aplica-se a Internação por no máximo
03 anos; art. 117, caput, ECA: aplica-se a Prestação de Serviços à Comunidade por período
não excedente a 06 meses), a depender do que for mais benéfico para o adolescente infrator.
6. Aplica-se todas as espécies de prescrição (PPPs e PPE).

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