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Teoria da Imputação Objetiva

Introdução

A Teoria da imputação objetiva surgiu para colocar um freio no regresso

ao infinito.

Quadro comparativo:

Teoria da Equivalência do
dos Teoria da Imputação Objetiva

Antecedentes

Causa: Causa:

1) contenta-se
se com o nexo físico 1) Nexo Físico

Obs. Contentando-se
se apenas com o 2) Nexo Normativo:

nexo físico, haverá regresso ao infinito A) criação ou incremento de risco:

1. existência do risco

2. risco proibido

B) realização do risco no resultado;

Dolo e culpa Dolo e culpa

Conceito

Trata-se
se de teoria que se insurge contra o regresso ao infinito da

causalidade simples, enriquecendo


enriquecendo-a
a com o acréscimo do chamado nexo

normativo, composto dos seguintes pressupostos:

A) criação ou incremento de risco proibido:

Obs. O direito penal deve se limitar a proibir ações perigosas, que coloquem em

risco os bens jurídicos tutelados.


Obs2. Risco é toda ação ou omissão que gere possibilidade de lesão ao bem

jurídico tutelado.

Obs3. Critério de Aferição do Risco

É adotado o critério da Prognose Póstuma Objetiva.

Prognose (Suposição sobre o que pode acontecer futuramente)


futuramente): refere-se a

situação do agente no momento da ação.

Póstuma (lembrança de uma pessoa que morreu): a aferição será feita pelo

magistrado após a prática do fato;

Objetiva: adota-se
se critério do homem médio.

Ex: filho, com a intenção de matar, manda o pai viajar de avião com a

expectativa de que esse sofra um aciden


acidente
te (não pode ser considerado causa,

pois não criou, nem incrementou um risco proibido).

Obs4. Diminuição do Risco

Se o agente modifica um curso causal de modo que diminua ou melhore

a situação da vítima do perigo, não haverá possibilidade de imputação.

Ex: Fulano empurra Beltrano, que iria ser aatropelado


tropelado por um ônibus.

Beltrano
o cai no chão e sofre algumas lesões em razão do empurrão (não pode

ser considerado causa, pois não criou, nem incrementou um risco proibido.

Melhorou ou diminuiu o risco em relação à situação da vítima).

B)) O risco criado deve ser proibido pelo Direito

A vida em sociedade comporta algumas atividades de risco que não são

proibidas pelo direito. O risco a que se refere a teoria da imputação objetiva é

aquele que é proibido pelo Direit


Direito, ou seja, fazendo-se
se um cotejo entre a

atividade desenvolvida e a proteção ao bem jurídico.


Exemplos de riscos permitidos: 1) dirigir automóvel; 2) prática de artes

marciais; 3) Automobilismo

Obs1. Se o risco for permitido pelo Direito, pela teoria da Imputação Objetiva,

não pode ser considerado causa.

Obs2. A análise do Risco Permitido deve ser realizado com base no Princípio da

Confiança.

Ex: motorista
sta atropela pedestre que atravessou a via preferencial fora da

faixa.

Obs3. Causas de Exclusão do risco Proibido:

1) Comportamento
omportamento exclusivo da vítima, que se coloca em perigo
perigo;

2) Princípio
rincípio da adequação social (comportamentos socialmente aceitos);

3) Proibição de regresso. Cléber Masson explica que:

Pela proibição de regresso,, não haveria criação de um risco proibido

nos casos em que a ação não dolosa de alguém precedesse a ação

dolosa de um terceiro. Assim, aquele que esquece a sua arma, que

vem a ser encontrada por outrem posteriormente e utilizada para a

prática de um crime de homicídio, não seria re


responsabilizado.
sponsabilizado.1

4) Ações neutras: segundo


egundo Luís Greco, “seriam todas as contribuições a fato

ilícito alheio não manifestamente puníveis.”2. Por exemplo, imagine o taxista

que, sabendo que o agente está se deslocando para matar a vítima, mesmo

assim realiza a viagem. Ou o padeiro que vende o pão ao infrator sabendo que

ele irá envenená-lo


lo para entregar a vítima. Ou, ainda, o advogado que, no

exercício do direito de defesa, procede à orientação jurídica de seu cliente

quando do curso de um delito.

1 MASSON, Cléber Rogério. Direto Penal Esquematizado. Parte geral. v. 1. 14. ed. rev., atual. e
ampl. São Paulo: Método, 2020, p. 216
2 GRECO, Luís. Cumplicidade através de ações neutras: a imputação objetiva na participação.

Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p. 110.


Parte da doutrina
utrina3 tem entendido que as ações neutras não criam, nem

aumentam um risco proibido, motivo pelo qual o agente não deve ser

considerado causa do empreendimento delitivo.

C)) Risco realizado no resultado

Significa dizer que, além criar ou incrementar um risco proibido, o

resultado causado pelo agente deve estar na linha de desdobramento causal

normal de sua conduta. Se o nexo físico fugir de sua trajetória normal, ele não

poderá ser atribuído ao agente.

Vamos a exemplo clássico: imagine que Fulano, com intenção


tenção de matar,

desfere um tiro em Beltrano. Beltrano vai para o hospital, local onde o teto

desabada e cai sobre o seu leito, causando sua morte.

Pela teoria tradicional, o resultado morte (pelo desabamento) não deve

ser atribuído à conduta do agente


agente, pois, embora tenha tido a conduta inicial de

atirar na vítima, a queda do hospital foge completamente do contexto causal

normal, rompendo-se
se o nexo inicialmente previsto
previsto. No entanto, apesar de não

se poder imputar a ele o resultado, haverá responsabilização penal pelos atos

anteriormente praticados. Assim, responderá pelo homicídio tentado.

Para teoria da imputação objetiva, o raciocínio jurídico é distinto. Para

ela, Fulano, ao atirar em Beltrano, criou um risco proibido. Contudo, o

resultado morte em relação à Beltrano não está dentro do tipo penal, uma vez

que a tutela do art. 121 do Código Penal não é destinada para prevenção e

repressão de mortes acidentais (como o desabamento do hospital), que não se

encontram na linha de desdobramento causal norma


normall da conduta do agente.

Portanto, o resultado morte não pode ser atribuído a Fulano. Assim, responderá

pelo homicídio tentado.

3FRISCH, Wolfgang. Comportamiento típico e imputación del resultado. Madrid: Marcial Pons,
2004. p. 316.
D) Resultado dentro do alcance do tipo penal

O último pressuposto da teoria da imputação objetiva diz respeito ao

resultado se encontrar
ncontrar dentro do alcance do tipo penal, ou seja, o risco criado ou

aumentado pela conduta do agente deve estar abarcado norma penal

incriminadora.

Obs. Final: a teoria da imputação objetiva só faz sentido em relação aos crimes

materiais, os quais se exi


exigem
gem resultado naturalístico e que a imputação deve ser

cuidadosamente atribuída ao agente. Não tem cabimento nos crimes formais e

de mera conduta, pois nestes inexistem resultado naturalístico.

Relação de causalidade nos crimes omissivos

Crimes Omissivos:

1º) Próprios: a omissão está descrita no próprio tipo penal.

Ex: omissão de socorro.

2º)) Impróprios (ou comissivos por omissão): é a hipótese em que o omitente

tinha o dever jurídico de agir para evitar o resultado, mas não o faz. Portanto,

responderá pelo
o resultado que deveria ter evitado.

Ex: bombeiro que, podendo e devendo, não apaga o fogo da residência e

todos morrem.

Causalidade na omissão própria:

Naa omissão própria, tipo penal descreve uma omissão (inação) de um

dever de agir, imposta normativamen


normativamente
te ao indivíduo, dispensando, portanto, a

relação de causalidade.

Conclusão: não se analisa nexo causal.

Causalidade na omissão imprópria:


Não há nexo causal físico, pois a omissão é um nada e o nada não causa

coisa alguma. Contudo, para fins de responsabilização penal, por uma


um ficção

jurídica, a lei considera existir um elo entre o omitente e o resultado

naturalístico sempre que estiver presente o dever jurídico de agir, de modo que,

havendo dolo ou culpa, responderá pelo resultado (Fernando Cape


Capez). Portanto,

o que se tem é o chamado nexo de não impedimento ou de não evitação.

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