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Princípios:

1) Princípio da Legalidade: Art. 5, XXXIX, CF e Art. 1 CP


Não há crime sem lei anterior, nem pena sem prévia cominação legal. Somente Lei Complementar e Lei
Ordinária que podem veicular no Direito Penal.

2) Princípio da Retroatividade e da Lei Penal Benéfica: A lei penal não retroage, salvo para
beneficiar o réu. O contrário desse movimento é chamado de Ultratividade.
Neste princípio existem duas características, a saber: A primeira é a da Irretroatividade, devido a
lei penal em regra ser Irretroativa.
E a segunda da Exceção: onde a lei retroage, somente para beneficiar o réu. Conflitos de Leis
Penais no Tempo
1° Situação é o “Abolitio criminis”: Lei posterior que revoga o crime – Retroatividade. Ex.: Lei.
11.106/05 onde beneficia o traficante.
2° Situação é o “Novatio legis in mellius”: Lei nova Beneficia – Retroage. Ex.: Art. 33, §4, Lei.
11.343/06.
3º Situação é a “Novatio legis in Pejus”: Lei nova Prejudicial – Irretroatividade da lei mais severa, sua
consequência gera ultratividade da lei revogada.
Mesmo com trânsito em julgado, a lei penal benéfica retroage, art.2º, §único, CP.
Tempo do Crime – Art. 4 do CP Considera-se cometido crime na Ação/Omissão ainda que, outro seja
um momento do resultado, o referido artigo adota a teoria da Atividade. Não confundir tempo do crime
com consumação do crime.
Lugar do Crime – Art. 6 do CP Da Ação ou Omissão, é local onde se verifica o resultado. Se o crime
tocar o Brasil na Ação/Omissão e no resultado o Brasil será soberano para decidir. O artigo 6º do CP só
será aplicado entre dois ou mais países, é chamado de crime à distância ou de espaço máximo, aquele
que a execução se inicia em um país, mas o resultado é em outro.

Teoria da Ubiqüidade ou Mista

Lugar do Crime
Ubiqüidade
Tempo do Crime
Atividade
Súmula 711/STF (Pesquisar)

Aplica-se a lei mais gravosa, mesmo que superior ao início da execução do crime, se tratar de crime
permanente ou de crime continuado.

Teoria do Crime é formada por quatro elementos, são eles:

1) Conduta – é um comportamento humano positivo ou negativo (ação ou omissão) tem que ser
consciente e voluntário, e possuir dolo ou culpa. Obs.: Pessoa Jurídica pode cometer crime ambiental.
A conduta só será criminosa se for dolosa ou culposa. A responsabilidade no direito penal é sempre
subjetiva.

2) Resultado - ele se subdivide em duas teorias:

I) Teoria Naturalística: Para esta teoria o resultado é a transformação que a


conduta criminosa provoca no mundo.
Os crimes podem ser:
a) Materiais – o resultado é obrigatório. Ex.: Homicídio.
b) Formais– o resultado é dispensável para consumação do crime, mas é possível este acontecer. Ex.:
Extorsão mediante sequestro.
c) Mera conduta – Não tem resultado. Ex.: Porte de arma de fogo.
II) Teoria Jurídica ou Normativa: Para esta teoria o resultado é a lesão (dano) ou ameaça de lesão a
um bem jurídico protegido pela norma.
Resultado normativo pressupõe que a conduta lesione ou ameace lesão ao bem jurídico que é
protegido pela norma. Todo o crime tem resultado normativo, mas nem todos têm resultados
naturalísticos. De acordo com o resultado normativo o crime pode ser de: Dano, para a consumação, é
necessária a efetiva lesão do bem jurídico e de Perigo, onde a consumação se dá com a simples
possibilidade do dano.

3) Nexo Causal – é o elo que une a conduta ao resultado. Resultado somente imputável a alguém, se
este houver dado causa.
Teoria adotada pelo nexo causal “Conditio sine qua non” - art. 13 do CP, caput.
Em regra tudo aquilo que concorre para o resultado é considerado causa. Considera-se causa toda a
ação/omissão sem a qual o resultado não teria acontecido.
Espécie de causa – Pode ser em primeiro lugar:
Absolutamente independentes: são aquelas em que o resultado não teve origem na conduta do
agente. O resultado teve uma causa absolutamente independente do agente. O agente não responde
pelo resultado.

Relativamente independentes:

4) Tipicidade (próxima aula).

Fato típico
a) conduta
b) resultado
c) nexo causal (causa – toda ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido)
d) tipicidade

CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES

São aquelas que, por si mesmas, produzem o resultado, independentemente da conduta do agente.
Neste caso o agente delitivo não responderá pelo resultado porque ele não deu causa ao resultado,
mas pode ser que ele responda por tentativa.
Ex. tentar matar pessoa envenenada. Servi sopa envenenada, mas, antes da vítima começar a comer,
cai um lustre e a pessoa morre. A vítima não morreu envenenada, mas eu já tinha iniciado. Por outro
lado, se o lustre cai enquanto ainda estou mexendo e envenenando a sopa no fogão, não respondo
nem pela tentativa, porque se trata de mero ato preparatório.

CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPNDENTEMENTES

São aquelas que, por si mesmas, não produziriam o resultado, mas, aliadas ou somadas à conduta do
agente, são decisivas para a ocorrência do resultado. Assim, temos que: causa relativamente
independente (CRI) + conduta do agente = resultado
Ex. médico, com a intenção de matar, vai na calada da noite e faz pequeno corte em perna de
hemofílico, que morre de hemorragia. Neste caso o médico matou o agente. Mas ele tem que saber
que a conduta levaria à morte do paciente. Por outro lado, se o médico não sabia que a pessoa era
hemofílica e fizer pequeno corte com apenas a intenção de praticar lesão corporal, desconhecendo que
a pessoa era hemofílica. Ele responde apenas por lesão corporal, apenas por aquilo que quis praticar,
porque a culpabilidade é sempre subjetiva. Para estas 2 causas (absolutamente independentes e
relativamente independentes): o código adotou Teoria da conditio sine qua non, também conhecida
como teoria das equivalências dos antecedentes.

CAUSA SUPERVENIENTE RELATIVAMENTEINDEPENDENTE


(teoria da causalidade adequada)
A causa do resultado é verifica após a conduta do agente. Seaquela for a única e efetiva causa do
resultado, o agente só responderápelos atos anteriores a ela. (art. 13, §1º, CP) Ex. da ambulância. O
agente esfaqueia a vítima, que é socorrida por populares, colocada em ambulância, que sai em direção
ao hospital, mas no meio do caminho esta se envolve em acidente de trânsito e a vítima vem a morrer.
Neste caso o agente responde apenas pelo que efetivamente praticou (lesão corporal ou tentativa de
homicídio). O mesmo ocorre se a vítima morre em razão de prestação de assistência ou má prestação
de socorro que quebra o pescoço da vítima no transporte para o hospital. Nestes dois casos, os
responsáveis foram o motorista da ambulância, por imperícia, se o caso e, no segundo exemplo, o
popular que por inabilidade quebrou o pescoço da vítima.Teoria da causalidade adequada – a conduta
do agente não foi adequada a causar o resultado. Neste caso, o agente, para responder pelo resultado,
deve produzir uma causa suficientemente apta à geração do resultado. Como a conduta do agente não
foi suficiente para causar o resultado, o agente não responde pelo resultado, só responde pelos atos
anteriores.

CAUSALIDADDE NA OMISSÃO

Em regra, no direito penal, do nada, nada vem. Embora essa seja a regra, se houver previsão legal,
teremos a omissão própria ou pura. Omissão própria ou pura – se houver expressa previsão legal de
conduta e você nada fizer, você pratica crime. Ex. Omissão de socorro – neste caso há o dever jurídico
de atuar, se você se omitir, você pratica crime.
Omissão imprópria ou impura – decorre da omissão do agente que tinha um dever jurídico de agir para
impedir resultados. (art. 13, §2º, alíneas a, b, c, CP) Ex. mãe que deixa de dar alimentos para o filho e
este, em decorrência disto, vem a morrer. A mãe responde por homicídio, porque a alimentação decorre
do dever de guarda que os pais têm sobre os filhos. São deveres dos pais: Dever de guarda, sustento e
dever de vigilância.
São deveres jurídicos (art. 13, §2º, alíneas a, b, c, CP):
a) legal
b) contratual/obrigacional = garante ou garantidor
c) ingerência na norma = comportamento anterior causador do risco Dever legal: ex. mãe que tem o
dever legal de sustentar os filhos pelo código civil. Se a mãe se omite e mata o filho por inanição, ela
responde por homicídio, mesmo sem ter tocado na criança. Ex. 2 – policial tem o dever legal de prender
quem se encontra em flagrante delito (art. 301, CPP). Assim, se o agente delitivo estava roubando a
vítima e o policial nada faz, este responde por roubo. O policial responde pelo resultado que deixou de
evitar, quando tinha o dever de fazêlo. Responsabilidade contratual do garante (tem a mesma força do
descumprimento de dever legal): ex. pai contrata uma babá, que por contrato de prestação de serviços,
se obrigou a zelar pela integridade física do bebê, ainda que de maneira implícita no contrato, não
precisa estar expresso no contrato. Se ela deixa a criança se afogar com a mamadeira, enquanto
assiste TV ou faz as unhas, responde por homicídio. O mesmo ocorre com o salva-vidas que deixa
vítima se afogar, porque estava olhando para outro lado. Ele responde por homicídio. Ingerência na
norma = comportamento anterior causador do risco – ex. nadador exímio que convida pessoa inábil
para nadar. Se ele observar que a pessoa está se afogando e nada fizer, se ela vier a morrer,
eleresponde por homicídio. Assim, se você, com sua conduta colocar alguém em risco e nada fizer para
evitar o resultado, você responde por este resultado.
TIPICIDADE

1) Tipo penal incriminador – é um modelo legal de descrição da conduta criminosa. Veicula um crime
(prevê um crime) e traz uma pena.
2) Tipos penais não incriminadores – podem ser:
a) Descritivos: quando descrevem algo relevante para a aplicação da lei. Ex. art. 327 do CP – conceito
de funcionário público.
b) Permissivos: trazem as causas excludentes da ilicitude. Tipicidade é a adequação entre fato e
norma, é o enquadramento jurídico-penal de um fato.
3) ITER CRIMINIS -É o caminho do crime, o itinerário do crime. São as fases do crime.
Divide-se em:
a) Cogitação – é o pensar em praticar um crime
b) Preparação – tomo todas as providências anteriores, mas necessárias à prática de um crime. Ex.
pretendo seqüestrar alguém e para isso, alugo uma casa e compro mantimentos para mim e para a
vítima. A preparação por si só não é punível, salvo se configurar crime autônomo. Alugar casa e
comprar mantimentos não é ilegal, mas se eu comprar arma de fogo, posso ser punido por porte ilegal
de arma (porque este configura um crime autônomo).
c) Execução – Nesta fase já posso ser punido.
d) Consumação.
Entre a execução e a consumação existem três institutos:
a) tentativa
b) desistência voluntária
c) arrependimento eficaz
d) Crime impossível
A) TENTATIVA
É um crime interrompido.
Requisitos:
a- início de execução do crime
b- não consumação
c- circunstancias alheias à vontade do agente
A conseqüência é que o agente sofrerá redução de pena: de 1/3 a 2/3. Ele responde pelo crime, mas
com redução (art. 14, p. ún, CP). A jurisprudência diz que o critério da diminuição é a distância da
consumação. Quanto mais próximo da consumação, menos reduz, quanto mais longe da consumação,
mais reduz. Ex. Eu ia matar alguém, saquei a arma e apontei, mas neste momento surgem pessoas
que me seguram e impedem que eu mate a vítima.
B) DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA (art. 15, primeira parte, CP)
Requisitos:
a- início de execução do crime
b- não consumação
c- o agente voluntariamente desistiu de prosseguir na execução do crime. (Desiste por circunstâncias
internas à sua vontade e não alheias à sua vontade).
Desistência espontânea – você pára de praticar o crime por livre e espontânea vontade.
Desistência voluntária – Você desiste por influência de outrem.
É voluntária, mas não é espontânea. O código não exige que seja espontânea, apenas que seja
voluntária. Conseqüência: o agente delitivo que desiste espontaneamente da execução do crime não
responde sequer pela tentativa, responde apenas pelos atos praticados (ex.- no caso de furto: violação
de domicílio, dano – se estragou porta, mas não responde por furto), porque sua conduta foi decisiva
para impedir a prática do crime. Natureza jurídica – atipicidade da tentativa (como se fosse um fato
atípico)

ARREPENDIMENTO EFICAZ

Ele se arrepende e pratica ato impeditivo da consumação.


Características:
a- início de execução do crime
b- não consumação do crime
c- prática de ato impeditivo da consumação. Conseqüência: não responde pela tentativa, mas apenas
pelos atos praticados. Natureza jurídica – atipicidade da tentativa (como se fosse um fato atípico) Ex1.
Romeu envenena Julieta. Ela começa a passar mal, vomita, etc. e ele, arrependendo-se, dá-lhe o
antídoto. Romeu responde apenas pelos atos praticados, ou seja, responde por lesão corporal.
Fazendo um paralelo destas figuras:
Na desistência voluntária: o agente não esgotou toda a potencialidade ofensiva. Ex2. dá dois tiros e
vai embora, apesar de ainda ter mais 4 balas na arma.
No arrependimento eficaz o agente esgotou tudo que estava a seu alcance, esgotou toda a
potencialidade ofensiva, mas praticou um ato eficaz a impedir o resultado. Ex. deu 6 tiros na vítima,
como esta ainda não morre, o agente leva-a ao hospital e ela sobrevive em razão desta conduta. Em
ambos os casos o agente não responderá por tentativa, mas apenas pelos atos praticados – que nestes
exemplos serão as lesões corporais resultantes dos tiros disparados.

D) CRIME IMPOSSÍVEL (art. 17, CP)


Tem esse nome, porque a consumação é impossível.
Requisitos:
a- ineficácia absoluta do meio (meio de execução).
b- impropriedade absoluta do objeto (objeto material do crime). Ex1. usar sal em excesso na comida
para matar uma pessoa saudável (ineficácia do absoluta do meio). Ex2 – tentar matar alguém com a
arma descarregada. (ineficácia do absoluta do meio) Ex. 3 – atirar em uma pessoa morta.
(impropriedade absoluta do objeto). Neste caso, apesar de ter a intenção de matar, não se pune a mera
intenção. Conseqüência – o agente não responde sequer pela tentativa.

ARREPENDIMENTO POSTERIOR (após a consumação) – art. 16, CP. O agente responderá pelo
crime, porque houve consumação da infração. Conseqüência – redução da pena. Requisitos
cumulativos:
a- só cabe em crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa.
b- Reparação integral do dano ou restituição da coisa
c – A reparação ou restituição até o recebimento da denúncia ou queixa. Conseqüência: redução da
pena de 1/3 a 2/3. Ele vai ser processado, porque o crime se consumou. Mas como houve uma redução
do dano para a vítima, o agente faz jus à redução de sua pena. Natureza jurídica – causa de diminuição
de pena.

DOLO – art. 18, I, CP


Classifica-se em:
a) Direto – quando o agente quis o resultado – adota-se a teoria da vontade.
b) Indireto (dolo eventual) – quando o agente assumiu o risco de produzir o resultado. Além disso o
agente não deve se importar com eventual ocorrência do resultado. (Como se o agente dissesse: -
dane-se). Adota-se a teoria do assentimento/do consentimento. O a gente concorda com o resultado,
não se importando com as conseqüências. Em regra os crimes são dolosos, porque o agente deve
responder por um resultado que ele quis produzir.

CULPA – art. 18, II, CP


Diz-se que um crime é culposo quando o agente der causa ao resultado por: -Imprudência – ação
perigosa. Ex. direção perigosa. -Negligência – Deixar de fazer o que devia. Ex. médico deixou de
atender e paciente falece. -Imperícia – inaptidão técnica para uma arte ou profissão. Ex. Médico que
mata paciente na mesa de cirurgia. Essas três formas são chamadas de modalidades da culpa. Para
que uma pessoa responda por culpa, deve atender a 6 requsitos:
1- conduta
2- resultado
3- nexo causal
4- tipicidade (estes 4 são os requisitos do fato típico) Na tipicidade temos a chamada excepcionalidade
do crime culposo: a regra é que os crimes são dolosos, para que um crime seja considerado culposo,
deve haver expressa previsão legal.
5- previsibilidade – o resultado produzido era previsível para qualquer pessoa cuidadosa, pessoa de
prudência mediana, prudência comum do homem médio. Ex. dirigir a 100km/h em via com previsão de
70 km/h. É previsível que se alguém passar na minha frente, ele será atropelado. Ex2: dirigir a 110 km/h
em rodovia com previsão de limite de velocidade de 110 km/h, à 2h da manhã, vem uma pessoa,
atravessa e você mata. Não há crime porque não era previsível. O pedestre deveria usar passarelas.
Foi culpa exclusiva da vítima. 6-inobservância ou quebra do dever objetivo de cuidado. O resultado
somente será atribuído ao agente se ele não observar os cuidados que qualquer pessoa comum teria.
Ou seja, quando a conduta for: imprudente, negligente, ou imperita.

PRETERDOLO (ART. 19, CP)

É um misto de dolo e culpo. Existe dolo no antecedente e culpa no conseqüente. Ou seja, dolo na
conduta inicial, porém culpa no resultado agravador não querido. Ex. cara vai dar um soco na cara do
outro, que estava próximo à escada e o outro cai. Era previsível que isso ocorreria. A vítima rola escada
abaixo e morre. Nesse caso teremos lesão corporal seguida de morte. Não cabe tentativa em crime
culposo, nem em crime preterdoloso. A tentativa só é compatível com crimes dolosos.

ESPÉCIES/TIPOS DE CULPA
- culpa consciente – o agente prevê o resultado. Era previsível e ele mesmo previu. Não é dolo, porque
o agente não queria o resultado (se quisesse seria dolo), nem assumiu o risco de produzi-lo (se
assumisse o risco seria dolo eventual). O agente acredita, em geral por excesso de confiança, que o
resultado não ocorreria. É o cara que brinca com a sorte. Ex. racha. Acho que serei bom o suficiente
para desviar no momento certo, mas isso não ocorre. Ocorre o acidente (mnemônico – danou-se). -
culpa inconsciente (regra) – culpa em que não se previu o resultado. Mesmo que não se tenha previsto,
o resultado era previsível.

ILICITUDE
Presunção: o fato típico é presumivelmente ilícito ou antijurídico. Presume-se ilícito (ou antijurídico –
são sinônimos).

CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE (ART. 23, CP)


Não há crime se o fato típico for praticado em:
- estado de necessidade (art. 24, CP)
- legítima defesa (art. 25, CP)
- estrito cumprimento de um dever legal ou no estrito exercício de um direito.
Tipos penais não incriminadores permissivos - o tipo penal me permite praticar um fato típico sem que
eu seja punido por isso.

ESTADO DE NECESSIDADE (art. 24, CP)


PALAVRA CHAVE – SITUAÇÃO DE PERIGO. O perigo pode advir de atos de animais, eventos da
natureza (Ex. tsunami, furacão), atos do homem (atear fogo, fechada de trânsito). A lei (CP) fala em
perigo atual. Assim, não pode ser perigo iminente. Embora a lei fale em atual, a doutrina fala que
também se pode agir em estado de necessidade se o perigo for iminente. Além disso o perigo deve ser
inevitável. Deve também ameaçar bem jurídico próprio ou alheio. Assim existe estado de necessidade
próprio e estado de necessidade de terceiro (caso da mãe que furta alimentos para filho que está
morrendo de fome). Não pode invocar estado de necessidade a pessoa que tiver o dever legal de
enfrentar o perigo. Ex. bombeiro. Embora não possam invocar estado de necessidade, a lei não exige
atos de heroísmo, porque um dever legal não pode ser sinônimo de lesão à própria vida. A partir do
momento em que se verificar que a interferência será inútil, cessa o dever legal de enfrentar o perigo.
Assim, os requisitos são:
a) situação de perigo
b) atual
c) perigo inevitável
d) ameaça a bem jurídico próprio ou alheio
e) não pode invocar estado de necessidade a pessoa que tiver o dever legal de enfrentar o perigo
Podemos concluir que no estado de necessidade temos um bem jurídico ameaçado e temos que
destruir outro bem jurídico para proteger aquele. Além disso, deve existir uma
razoabilidade/proporcionalidade entre o bem jurídico ameaçado e o bem jurídico que será
destruído/lesionado. Ex. desvio de caminhão em baixa velocidade e atropelo quatro crianças na
calçada, só para não riscar minha Ferrari novinha. Não posso invocar estado de necessidade, porque
não é razoável. Sacrifiquei o bem jurídico vida para proteger o bem jurídico patrimônio. Assim só haverá
estado de necessidade quando os bens jurídicos forem de igual valor ou o bem protegido for de maior
valor que o bem jurídico lesionado.

LEGÍTIMA DEFESA (art. 25, CP)


PALAVRA CHAVE: AGRESSÃO
Requisitos:
1- agressão injusta Pode haver agressão justa, por exemplo: morte em caso de guerra externa
declarada.
2- atual ou iminente Agressão injusta atual é aquela que está ocorrendo. Agressão injusta iminente é
aquela que está para acontecer.
3- afastamento da agressão (reação)
4 – Vítima faça uso moderado dos meios necessários Meio necessário é aquele disponível à vítima
na hora da agressão. Se a vítima dispuser de mais de um meio, deve optar pelo menos lesivo. Devo ser
moderado na minha reação, no uso dos meios necessários. Devo reagir até o momento em que cessar
a agressão injusta. Se precisar dar um tiro e cessar a agressão, tudo bem. Se não cessar a agressão e
eu der dois será moderado. Agora, se eu continuar atirando, não será mais moderado, porque já cessou
a agressão. Nesse caso, como continuei a agressão, de vítima passo a agressor e posso ser
processado por homicídio, se o bandido vier a morrer.

ESTRITO CUMPRIMENTO DE UM DEVER LEGAL

Conceito: não comete crime aquela pessoa que agir no cumprimento de um dever que a lei lhe impõe.
Se para cumprir um dever um oficial de justiça arrombar uma propriedade, ele não responde por crime,
porque agiu em estrito cumprimento do dever legal e, portanto, não comete ato ilícito. O que não pode
ocorrer é o abuso. Normalmente é invocado por funcionários públicos, porque suas atividades vêm
reguladas pela lei.

EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO


Conceito - não praticará crime a pessoa que praticar um ato com base no direito. Posso fazer tudo
aquilo que a lei permite, ou tudo aquilo que a lei não proíbe. Nota: Se exercer seu direito de forma
abusiva ou irregular, isto é ato ilícito (art. 107, CC). Ex. luta de boxe - configura lesões corporais
recíprocas, mas não configura crime porque os boxeadores estão no exercício regular de um direito, o
direito desportivo. Assim, se forem respeitadas as regras do esporte, tudo bem, mas se infringir as
regras de seu esporte, o atleta praticará crime. Ex. 2 - Cirurgia plástica - o médico pratica lesão corporal
na pessoa, mas, ainda que tenha cometido um fato típico, ele não é punido porque está no exercício
regular de uma profissão.

CULPABILIDADE
Culpabilidade é um pressuposto de aplicação da pena. Não se pode impor pena se não houver
culpabilidade. Além disso, a culpabilidade é um juízo de censura, de reprovação que cai sobre a
conduta do agente (não se pode concordar com o que o agente fez, aquilo está “errado”). Há situações
em que a pessoa comete crime mas não é punida porque não é reprovável sua conduta. Ex. louco que
mata pessoa. Ex. 2 - criança de 3 anos que sufoca a irmãzinha de 3 meses. Em ambos os casos não
há consciência da ilicitude. Vamos tratar a seguir.

CAUSAS EXCLUDENTES DA CULPABILIDADE


1 - doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado - exclui a imputabilidade.
Adotou-se neste caso o critério biopsicológico, isto é, um critério ao mesmo tempo biológico e
psicológico. Biológico porque ninguém opta por ter uma doença mental. Psicológico porque nem toda
doença mental afeta a capacidade de discernimento. Assim, só se for doente mental e não tiver
capacidade de discernimento é que será inimputável. Ex. de doente mental com discernimento -
Síndrome de Down - trissomia do cromossomo 23. Muitos deles até fazem novelas, filmes, etc.
2- Silvícolas - são os índios - exclui a imputabilidade - aplica-se apenas aos índios inadaptados. Ex.
ritual indígena da Amazônia onde um adolescente enfia a mão em uma luva cheia de enormes formigas
saúvas e ele não pode chorar ou gritar. Seria inimaginável para o homem civilizado fazer isso com um
filho, mas é perfeitamente correto dentro da cultura deles.
3 - Menores de 18 anos - art. 27, CP - inimputabilidade por idade. Presume-se que o menor de 18 anos
tenha um desenvolvimento mental incompleto. O menor de 18 anos é processado, mas não cumpre
pena criminal. Ele cumpre medida sócio-educativa por prática de ato infracional. Obs - só cabe medida
sócio-educativa para adolescente (12 a 18 anos). Não se aplica às crianças (até 12 anos). Mesmo que
uma criança de 10 anos mate um coleguinha, ela não será punida, sequer com medida sócio-educativa.
4 - Embriaguez completa (art. 28, §1º, CP) decorrente de caso fortuito ou força maior - afasta a
imputabilidade. Caso fortuito – acidental Força maior - força alheia ao próprio agente que provocou a
embriaguez. A regra geral sobre a embriaguez é que ela não afasta a imputabilidade (art. 28, II, CP).
Com isso, o código penal adotou a teoria da “actio libera in causa”. É a teoria que o código adotou no
artigo 28, II, determinando que se a embriaguez teve origem em uma ação livre do homem, ele
responde pelo crime. Ex. trote acadêmico. O bicho é obrigado a beber e logo depois vai dirigir e
atropela e mata alguém. Ele não responde porque a embriaguez não decorreu da vontade dele.

5 - ERRO DE PROIBIÇÃO (art. 21, CP)


Afasta a ilicitude, porque a pessoa sequer tem potencial consciência da ilicitude de sua conduta. Ex.
pescador que retira vitórias-régias e aguapés do rio e as queima a margem, para poder pescar melhor.
Este pescador praticou crime ambiental. Não se trata de desconhecer a lei (LICC), porque o
desconhecimento da lei é inescusável (art. 21, CP), mas se pelas condições em que a pessoa vive, ela
jamais pudesse imaginar que sua conduta fosse reprovável, ela não seria imputável.

5 - COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL


Afasta a exigibilidade de conduta diversa. Ex. Gerente de banco (ou qualquer outra pessoa) que tem
a família seqüestrada e furta o banco para libertar a família. Quem for vítima da coação fica isento de
pena. Quem responde pelo crime é o autor da coação moral irresistível (neste caso os seqüestradores).
6 - OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA (art. 22, CP)
Também afasta a exigibilidade de conduta diversa. Existe um superior hierárquico que emite ordem
não manifestamente ilegal a um subordinado. Neste caso o subordinado tem que cumprir a ordem em
virtude do poder hierárquico (estudado no direito administrativo). Não é censurável a conduta do
subordinado e se a ordem for considerada um crime, o subordinado ficará isento de pena e o superior
hierárquico que emitiu a ordem responderá pelo crime.

CONCURSO DE PESSOAS (art. 29 a 31, CP)


1 - Requisitos
a- pluralidade de agentes (2 ou mais pessoas)
b - unidade de fato (mesmo crime)
c - liame subjetivo (vínculo psicológico entre as pessoas) - os agentes tem a mesma vontade de praticar
o delito.
d - relevância causal - só posso responder por um crime se tiver dado causa a ele, ou seja, cada
conduta de cada um dos agentes deve ser importante, deve ser decisiva para o resultado.

TEORIA UNITÁRIA OU MONISTA (art. 29, CP)


É a Teoria adotada pelo Código Penal para o concurso de pessoas. Toda pessoa que concorrer para
um crime responderá pelo mesmo crime. Responderá pelo mesmo crime, mas na medida de sua
culpabilidade. Ex. Suzane Von Richtoffen e os irmãos Cravinhos. Todos responderam pelo mesmo
crime. A pena dela, no entanto, foi mais alta, porque crime contra ascendente é agravante. Ex.2 Casal
Nardoni. O pai pegou pena maior, porque praticou crime contra descendente.

A - COAUTORIA
Haverá coautoria quando duas ou mais pessoas executarem a ação típica. Ex. roubo - um impunha a
arma (grave ameaça) e o outro subtrai. Ambos praticaram a conduta típica.

B - PARTICIPAÇÃO
Partícipe é aquele que não executa a ação típica. Embora ele não ponha a mão na massa, ele dá a
farinha. Ex. padeiro e dono da padaria. O padeiro é o autor e o dono da padaria é o partícipe. A
participação pode ser moral ou material. -Participação moral - induz ou instiga a prática do crime. -
Participação material - é o auxílio. É a pessoa que deu/emprestou a arma para a prática do crime.
Questão “A” funcionário público, juntamente com “B”, que não é funcionário público, subtraíram um
veículo da administração pública. Qual o crime praticado? “A” responde por peculato. “B” responde por
peculato também, devido à teoria unitária (quem concorrer para um crime responde pelo mesmo crime).

COMUNICABILIDADE DE ELEMENTARES OU CIRCUNSTÂNCIAS


(art. 30, CP)
Alguns crimes exigem uma peculiaridade que não está na outra pessoa. A regra é que as condições de
caráter pessoal não se comunicam a coautores ou partícipes, salvo se elementares do crime.
Condições pessoais - são características que apenas uma pessoa ostenta. Imaginemos que um dos
bandidos de um assalto a banco é maior de 21 anos e reincidente e o outro é menor e não reincidente.
Essas condições pessoais não se comunicam (art. 30). Ambos terão praticado o mesmo crime, mas
responderão por ele de modo diverso. Ex. do peculato - ser funcionário público é condição pessoal.
Esta condição pessoal é tão essencial que se o agente furta da administração pública, ele responde por
peculato e não por furto. Os dois respondem por peculato, porque ser funcionário público é essencial do
tipo penal. No caso do crime de peculato, o coautor, só responde por peculato se souber que o parceiro
é funcionário público. Se não souber que o outro é funcionário público, responde por furto.Ex. 2 -
Infanticídio - O estado puerperal, como é elementar do tipo, se um homem auxiliar a mulher a matar o
próprio filho, estando ela em estado puerperal, ele responderá também por infanticídio (tanto pelo art.
29 - mesmo crime, como pelo 30, CP - comunicam-se as condições pessoais se essenciais do tipo).

TEORIAS DAS PENAS (art. 32 e ss, CP)


Espécies de penas:
A - Penas privativas de liberdade - PPL
B - Penas restritivas de direitos - PRD
C - Penas de multa
As PRD e as Multas - são chamadas de penas alternativas, porque configuram uma alternativa à pena
de prisão.
A - Penas privativas de liberdade - PPL
Pode ser:
- reclusão
- detenção
- prisão simples
Diferença: as duas primeiras são cabíveis para crimes, a última só é cabível para as contravenções. A
reclusão admite três tipos de regime:
a- fechado
b- semiaberto
c- aberto
A detenção admite 2 tipos de regime:
a- semiaberto
b- aberto
Crimes punidos com reclusão são mais graves do que os punidos
com detenção devido ao maior rigor do regime inicial.
Mesmo a detenção pode haver regressão ao fechado em caso de falta grave, mas nunca como regime
inicial.
REGRAS DE FIXAÇÃO DE REGIME PENITENCIÁRIO
1 - ESPÉCIE DE PPL
- Reclusão
- Detenção
2 - QUANTIDADE DE PPL
São três faixas de penas
- até 4 anos - Aberto
- mais de 4 até 8 anos - Semiaberto
- mais de 8 anos - Fechado - só vale para os crimes punidos com reclusão. Se for detenção,
independentemente da quantidade de pena, o regime mais grave é o semiaberto.
3 - REINCIDÊNCIA
(ferra o réu - implica no regime mais rigoroso inicial)
Detenção = semiaberto, independente da quantidade de pena.
Reclusão = fechado, independente da quantidade de pena.
Esta é a regra do código, no entanto, o STJ na Súmula 269 - diz que, mesmo o réu sendo reincidente,
sendo a pena de até 4 anos, se as circunstâncias judiciais lhe forem favoráveis, o regime inicial será o
semiaberto. Como é benéfico para o réu, é bom conhecer bem esta Súmula.
4 - ANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS (art. 59, CP)
- culpabilidade
- antecedentes
- conduta social
- personalidade do agente
- etc.
O juiz deve analisar estas circunstâncias para fixar a pena. GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME
É um conceito muito subjetivo, daria margem para arbitrariedades. Por isso há impossibilidade para o
juiz fixar um regime mais rígido para o crime com base apenas na gravidade em abstrato deste crime.
Súmulas 718 e 719, STF.
PROGRESSÃO DE REGIME PENITENCIÁRIO
O Brasil adota o sistema progressivo (art. 33, CP e art. 112, LEP-Lei de execuções penais) É uma
forma de reinserir o condenado na sociedade. Não existe no Brasil o regime integralmente fechado - era
o fixado para crimes hediondos e caiu em 2007, de integralmente fechado, passou a ser inicialmente
fechado.
1 - Requisitos
a- objetivo - cumprimento de parte da pena - 1/6 para crimes comuns e 2/5 ou 3/5 para hediondos ou
equiparados (2/5 para primários e 3/5 para reincidentes, não precisa ser específico), só vale para
crimes cometidos a partir da entrada em vigor da Lei 11.464/07. Essa lei saiu porque o STF, no
julgamento do HC 82959/SP, declarou inconstitucional o regime integral fechado, por violar o princípio
da individualização das penas, não contribuindo para a ressocialização do criminoso, porque ele não
teria estímulo para um melhor comportamento, uma vez que isso não alteraria sua situação. Depois
disso foi editada a citada lei em 2007 pelo congresso. Se era inconstitucional a Lei, como o efeito da
declaração de inconstitucionalidade é “ex tunc”, e antes desta lei só existia a progressão com 1/6, quem
cometeu crimes hediondos antes desta lei de 2007, progredia de regime com cumprimento de apenas
1/6 de pena. b- requisito subjetivo - bom comportamento carcerário. A prova é feita, de acordo com a
LEP, por mero atestado expedido pelo diretor do estabelecimento prisional. Até 2003 era necessário,
além dos requisitos objetivo e subjetivo, o exame criminológico. Como não funcionava, devido ao
grande número de detentos, os exames acabavam sendo mero documento. Isso levou ao atraso de
milhares de progressões. Assim, em 2003, ao invés de contratar mais gente, retirou-se o exame
criminológico do sistema. Embora não conste mais da lei desde 2003, ele pode ser exigido pelo juiz no
caso concreto, desde que haja motivação idônea e as peculiaridades do caso recomendem a
necessidade deste exame. Concluindo: Hoje não há, em regra, o exame criminológico, mas pode
existir, dependendo do caso concreto. Este foi o caso de Suzane Von Richtoffen. O parecer dos
médicos foi no sentido de que ela é fria e calculista, que suas respostas são montadas, etc. Isso gerou
2 Súmulas: - Súmula vinculante nº 26, STF - pode ser exigido pelo juiz no caso concreto, desde que
haja motivação idônea e as peculiaridades do caso recomendem a necessidade deste exame (aplica-se
apenas aos crimes hediondos). - Súmula 439, STJ - 2010 - As peculiaridades do caso podem indicar a
necessidade do exame criminológico (é mais ampla, aplica-se a qualquer crime). A progressão de
regime é como uma escada.
___Fechado_____
|__Semiaberto__
|_ Aberto___________
É proibida a progressão por saltos: passar do fechado para o aberto. Deve-se passar do fechado para o
semiaberto e do semiaberto para o aberto, progressivamente, até a liberdade. Ocorre, no entanto, na
prática, porque se o sujeito começou o cumprimento da pena no fechado e cumpriu o suficiente para ir
para o semiaberto, mas não há vaga no semiaberto por ineficiência do Estado, ele passa para o aberto
(onde fica aguardando a vaga no semiaberto), porque a ineficiência estatal não pode onerar o
condenado. Se não existir o regime aberto, ou estiver lotado, o condenado passa direto para prisão
albergue domiciliar. Se nesse meio tempo ele já fizer jus ao aberto, ele permanece no aberto. Esta
construção é totalmente jurisprudencial.

REGRESSÃO DE REGIME
Conceito: é uma punição pelo descumprimento das regras de cumprimento da pena.
A - prática de crime doloso
B - prática de falta grave (art. 50/52, LEP). Ex. fuga, tentativa de fuga, posse de celular ou partes dele,
etc.
C - Condenação por crime, cuja pena somada àquela que se executa torna incompatível o regime. Ex.
condenação por 2 anos, mais pena de 4 anos - semiaberto. Condenação de 4 anos, mais pena de 6
anos - fechado.
D - Condenado que frustra os fins da execução (Ex. condenado que não trabalha) ou, podendo, não
paga a pena de multa (Ex. está no semiaberto e tem que pagar multa. Se não pagar (desde que possa,
claro), haverá regressão de regime). Embora os crimes punidos com detenção não admitam o regime
inicial fechado, é possível o regime fechado a título de regressão de regime. Nota - é possível a
regressão por saltos (do aberto para o fechado).

DETRAÇÃO e REMIÇÃO
Detração - art. 42, CP - é o abatimento na prisão definitiva, do tempo de prisão provisória. Prisão
definitiva é a pena de prisão depois do trânsito em julgado. Prisão provisória é a prisão cautelar do
processo.
As prisões cautelares são:
- flagrante
- temporária
- preventiva
Remição - com ç é abatimento, resgate, remissão, com 2 s é perdão. Assim, remição é abatimento de
pena - a cada 3 dias de trabalho, o condenado poderá remir 1 dia de pena. Este dia de trabalho capaz
de remir a pena do condenado equivale a 6 a 8 horas de trabalho. Súmula 341, STJ - O estudo formal
do preso também gera remição da pena.
FALTA GRAVE NA REMIÇÃO
Se houver prática de falta grave, ocorrerá a perda de todos os dias remidos.

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS (PRD)


São espécies de pena alternativa, porque são uma alternativa à prisão. Elas são autônomas, têm um
regime próprio de cumprimento. Elas são substitutivas, porque substituem a pena privativa de liberdade.
REQUISITOS
A - Crime sem violência ou grave ameaça.
B - que a PPL (não a prevista no tipo penal, mas sim a fixada na sentença - pena em concreto) aplicada
seja de até, no máximo, 4 anos.
C - não ser reincidente em crime doloso.
D - circunstâncias judiciais favoráveis.
E - que a medida seja suficiente - o juiz tem que ver se é suficiente a pena alternativa para punir aquele
crime. Assim, estas penas não são para os canalhas, são para os “bonzinhos”. Nos crimes praticados
contra a administração pública, ainda é necessário mais um requisito: só vai ser admitida a substituição
se houver a reparação do dano. Ex. peculato - devolução do bem ou dinheiro. Esta regra foi criada após
o caso de Georgina Freitas que conseguiu progredir de regime sem devolver o dinheiro. REGRA - quem
pratica crime culposo sempre consegue substituição de PPL por PRD, independente da pena (art. 44,
CP).

CONVERSÃO
É a PRD que passa para a PPL. A pena restritiva não cumprida vai ser convertida em privativa de
liberdade. O indivíduo, por não cumprir a pena alternativa, terá que cumprir a pena fixada inicialmente.
MULTA
Cálculo:
A - quantidade de dias-multa - de 10 (mínimo) a 360 (máximo) diasmulta.
B - valor - cada dia multa varia de 1/30 a 5 salários mínimos. Regra: se não pagar não fica preso (art.
51, CP - a multa não paga é considerada dívida de valor e gera processo de execução, com base na
execução fiscal e inscrição da dívida ativa). Histórico - chama-se dias-multa porque se não fosse paga a
totalidade, o indivíduo seria condenado à pena de tantos dias quantos faltassem a ser pagos.

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