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2) Princípio da Retroatividade e da Lei Penal Benéfica: A lei penal não retroage, salvo para
beneficiar o réu. O contrário desse movimento é chamado de Ultratividade.
Neste princípio existem duas características, a saber: A primeira é a da Irretroatividade, devido a
lei penal em regra ser Irretroativa.
E a segunda da Exceção: onde a lei retroage, somente para beneficiar o réu. Conflitos de Leis
Penais no Tempo
1° Situação é o “Abolitio criminis”: Lei posterior que revoga o crime – Retroatividade. Ex.: Lei.
11.106/05 onde beneficia o traficante.
2° Situação é o “Novatio legis in mellius”: Lei nova Beneficia – Retroage. Ex.: Art. 33, §4, Lei.
11.343/06.
3º Situação é a “Novatio legis in Pejus”: Lei nova Prejudicial – Irretroatividade da lei mais severa, sua
consequência gera ultratividade da lei revogada.
Mesmo com trânsito em julgado, a lei penal benéfica retroage, art.2º, §único, CP.
Tempo do Crime – Art. 4 do CP Considera-se cometido crime na Ação/Omissão ainda que, outro seja
um momento do resultado, o referido artigo adota a teoria da Atividade. Não confundir tempo do crime
com consumação do crime.
Lugar do Crime – Art. 6 do CP Da Ação ou Omissão, é local onde se verifica o resultado. Se o crime
tocar o Brasil na Ação/Omissão e no resultado o Brasil será soberano para decidir. O artigo 6º do CP só
será aplicado entre dois ou mais países, é chamado de crime à distância ou de espaço máximo, aquele
que a execução se inicia em um país, mas o resultado é em outro.
Lugar do Crime
Ubiqüidade
Tempo do Crime
Atividade
Súmula 711/STF (Pesquisar)
Aplica-se a lei mais gravosa, mesmo que superior ao início da execução do crime, se tratar de crime
permanente ou de crime continuado.
1) Conduta – é um comportamento humano positivo ou negativo (ação ou omissão) tem que ser
consciente e voluntário, e possuir dolo ou culpa. Obs.: Pessoa Jurídica pode cometer crime ambiental.
A conduta só será criminosa se for dolosa ou culposa. A responsabilidade no direito penal é sempre
subjetiva.
3) Nexo Causal – é o elo que une a conduta ao resultado. Resultado somente imputável a alguém, se
este houver dado causa.
Teoria adotada pelo nexo causal “Conditio sine qua non” - art. 13 do CP, caput.
Em regra tudo aquilo que concorre para o resultado é considerado causa. Considera-se causa toda a
ação/omissão sem a qual o resultado não teria acontecido.
Espécie de causa – Pode ser em primeiro lugar:
Absolutamente independentes: são aquelas em que o resultado não teve origem na conduta do
agente. O resultado teve uma causa absolutamente independente do agente. O agente não responde
pelo resultado.
Relativamente independentes:
Fato típico
a) conduta
b) resultado
c) nexo causal (causa – toda ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido)
d) tipicidade
São aquelas que, por si mesmas, produzem o resultado, independentemente da conduta do agente.
Neste caso o agente delitivo não responderá pelo resultado porque ele não deu causa ao resultado,
mas pode ser que ele responda por tentativa.
Ex. tentar matar pessoa envenenada. Servi sopa envenenada, mas, antes da vítima começar a comer,
cai um lustre e a pessoa morre. A vítima não morreu envenenada, mas eu já tinha iniciado. Por outro
lado, se o lustre cai enquanto ainda estou mexendo e envenenando a sopa no fogão, não respondo
nem pela tentativa, porque se trata de mero ato preparatório.
São aquelas que, por si mesmas, não produziriam o resultado, mas, aliadas ou somadas à conduta do
agente, são decisivas para a ocorrência do resultado. Assim, temos que: causa relativamente
independente (CRI) + conduta do agente = resultado
Ex. médico, com a intenção de matar, vai na calada da noite e faz pequeno corte em perna de
hemofílico, que morre de hemorragia. Neste caso o médico matou o agente. Mas ele tem que saber
que a conduta levaria à morte do paciente. Por outro lado, se o médico não sabia que a pessoa era
hemofílica e fizer pequeno corte com apenas a intenção de praticar lesão corporal, desconhecendo que
a pessoa era hemofílica. Ele responde apenas por lesão corporal, apenas por aquilo que quis praticar,
porque a culpabilidade é sempre subjetiva. Para estas 2 causas (absolutamente independentes e
relativamente independentes): o código adotou Teoria da conditio sine qua non, também conhecida
como teoria das equivalências dos antecedentes.
CAUSALIDADDE NA OMISSÃO
Em regra, no direito penal, do nada, nada vem. Embora essa seja a regra, se houver previsão legal,
teremos a omissão própria ou pura. Omissão própria ou pura – se houver expressa previsão legal de
conduta e você nada fizer, você pratica crime. Ex. Omissão de socorro – neste caso há o dever jurídico
de atuar, se você se omitir, você pratica crime.
Omissão imprópria ou impura – decorre da omissão do agente que tinha um dever jurídico de agir para
impedir resultados. (art. 13, §2º, alíneas a, b, c, CP) Ex. mãe que deixa de dar alimentos para o filho e
este, em decorrência disto, vem a morrer. A mãe responde por homicídio, porque a alimentação decorre
do dever de guarda que os pais têm sobre os filhos. São deveres dos pais: Dever de guarda, sustento e
dever de vigilância.
São deveres jurídicos (art. 13, §2º, alíneas a, b, c, CP):
a) legal
b) contratual/obrigacional = garante ou garantidor
c) ingerência na norma = comportamento anterior causador do risco Dever legal: ex. mãe que tem o
dever legal de sustentar os filhos pelo código civil. Se a mãe se omite e mata o filho por inanição, ela
responde por homicídio, mesmo sem ter tocado na criança. Ex. 2 – policial tem o dever legal de prender
quem se encontra em flagrante delito (art. 301, CPP). Assim, se o agente delitivo estava roubando a
vítima e o policial nada faz, este responde por roubo. O policial responde pelo resultado que deixou de
evitar, quando tinha o dever de fazêlo. Responsabilidade contratual do garante (tem a mesma força do
descumprimento de dever legal): ex. pai contrata uma babá, que por contrato de prestação de serviços,
se obrigou a zelar pela integridade física do bebê, ainda que de maneira implícita no contrato, não
precisa estar expresso no contrato. Se ela deixa a criança se afogar com a mamadeira, enquanto
assiste TV ou faz as unhas, responde por homicídio. O mesmo ocorre com o salva-vidas que deixa
vítima se afogar, porque estava olhando para outro lado. Ele responde por homicídio. Ingerência na
norma = comportamento anterior causador do risco – ex. nadador exímio que convida pessoa inábil
para nadar. Se ele observar que a pessoa está se afogando e nada fizer, se ela vier a morrer,
eleresponde por homicídio. Assim, se você, com sua conduta colocar alguém em risco e nada fizer para
evitar o resultado, você responde por este resultado.
TIPICIDADE
1) Tipo penal incriminador – é um modelo legal de descrição da conduta criminosa. Veicula um crime
(prevê um crime) e traz uma pena.
2) Tipos penais não incriminadores – podem ser:
a) Descritivos: quando descrevem algo relevante para a aplicação da lei. Ex. art. 327 do CP – conceito
de funcionário público.
b) Permissivos: trazem as causas excludentes da ilicitude. Tipicidade é a adequação entre fato e
norma, é o enquadramento jurídico-penal de um fato.
3) ITER CRIMINIS -É o caminho do crime, o itinerário do crime. São as fases do crime.
Divide-se em:
a) Cogitação – é o pensar em praticar um crime
b) Preparação – tomo todas as providências anteriores, mas necessárias à prática de um crime. Ex.
pretendo seqüestrar alguém e para isso, alugo uma casa e compro mantimentos para mim e para a
vítima. A preparação por si só não é punível, salvo se configurar crime autônomo. Alugar casa e
comprar mantimentos não é ilegal, mas se eu comprar arma de fogo, posso ser punido por porte ilegal
de arma (porque este configura um crime autônomo).
c) Execução – Nesta fase já posso ser punido.
d) Consumação.
Entre a execução e a consumação existem três institutos:
a) tentativa
b) desistência voluntária
c) arrependimento eficaz
d) Crime impossível
A) TENTATIVA
É um crime interrompido.
Requisitos:
a- início de execução do crime
b- não consumação
c- circunstancias alheias à vontade do agente
A conseqüência é que o agente sofrerá redução de pena: de 1/3 a 2/3. Ele responde pelo crime, mas
com redução (art. 14, p. ún, CP). A jurisprudência diz que o critério da diminuição é a distância da
consumação. Quanto mais próximo da consumação, menos reduz, quanto mais longe da consumação,
mais reduz. Ex. Eu ia matar alguém, saquei a arma e apontei, mas neste momento surgem pessoas
que me seguram e impedem que eu mate a vítima.
B) DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA (art. 15, primeira parte, CP)
Requisitos:
a- início de execução do crime
b- não consumação
c- o agente voluntariamente desistiu de prosseguir na execução do crime. (Desiste por circunstâncias
internas à sua vontade e não alheias à sua vontade).
Desistência espontânea – você pára de praticar o crime por livre e espontânea vontade.
Desistência voluntária – Você desiste por influência de outrem.
É voluntária, mas não é espontânea. O código não exige que seja espontânea, apenas que seja
voluntária. Conseqüência: o agente delitivo que desiste espontaneamente da execução do crime não
responde sequer pela tentativa, responde apenas pelos atos praticados (ex.- no caso de furto: violação
de domicílio, dano – se estragou porta, mas não responde por furto), porque sua conduta foi decisiva
para impedir a prática do crime. Natureza jurídica – atipicidade da tentativa (como se fosse um fato
atípico)
ARREPENDIMENTO EFICAZ
ARREPENDIMENTO POSTERIOR (após a consumação) – art. 16, CP. O agente responderá pelo
crime, porque houve consumação da infração. Conseqüência – redução da pena. Requisitos
cumulativos:
a- só cabe em crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa.
b- Reparação integral do dano ou restituição da coisa
c – A reparação ou restituição até o recebimento da denúncia ou queixa. Conseqüência: redução da
pena de 1/3 a 2/3. Ele vai ser processado, porque o crime se consumou. Mas como houve uma redução
do dano para a vítima, o agente faz jus à redução de sua pena. Natureza jurídica – causa de diminuição
de pena.
É um misto de dolo e culpo. Existe dolo no antecedente e culpa no conseqüente. Ou seja, dolo na
conduta inicial, porém culpa no resultado agravador não querido. Ex. cara vai dar um soco na cara do
outro, que estava próximo à escada e o outro cai. Era previsível que isso ocorreria. A vítima rola escada
abaixo e morre. Nesse caso teremos lesão corporal seguida de morte. Não cabe tentativa em crime
culposo, nem em crime preterdoloso. A tentativa só é compatível com crimes dolosos.
ESPÉCIES/TIPOS DE CULPA
- culpa consciente – o agente prevê o resultado. Era previsível e ele mesmo previu. Não é dolo, porque
o agente não queria o resultado (se quisesse seria dolo), nem assumiu o risco de produzi-lo (se
assumisse o risco seria dolo eventual). O agente acredita, em geral por excesso de confiança, que o
resultado não ocorreria. É o cara que brinca com a sorte. Ex. racha. Acho que serei bom o suficiente
para desviar no momento certo, mas isso não ocorre. Ocorre o acidente (mnemônico – danou-se). -
culpa inconsciente (regra) – culpa em que não se previu o resultado. Mesmo que não se tenha previsto,
o resultado era previsível.
ILICITUDE
Presunção: o fato típico é presumivelmente ilícito ou antijurídico. Presume-se ilícito (ou antijurídico –
são sinônimos).
Conceito: não comete crime aquela pessoa que agir no cumprimento de um dever que a lei lhe impõe.
Se para cumprir um dever um oficial de justiça arrombar uma propriedade, ele não responde por crime,
porque agiu em estrito cumprimento do dever legal e, portanto, não comete ato ilícito. O que não pode
ocorrer é o abuso. Normalmente é invocado por funcionários públicos, porque suas atividades vêm
reguladas pela lei.
CULPABILIDADE
Culpabilidade é um pressuposto de aplicação da pena. Não se pode impor pena se não houver
culpabilidade. Além disso, a culpabilidade é um juízo de censura, de reprovação que cai sobre a
conduta do agente (não se pode concordar com o que o agente fez, aquilo está “errado”). Há situações
em que a pessoa comete crime mas não é punida porque não é reprovável sua conduta. Ex. louco que
mata pessoa. Ex. 2 - criança de 3 anos que sufoca a irmãzinha de 3 meses. Em ambos os casos não
há consciência da ilicitude. Vamos tratar a seguir.
A - COAUTORIA
Haverá coautoria quando duas ou mais pessoas executarem a ação típica. Ex. roubo - um impunha a
arma (grave ameaça) e o outro subtrai. Ambos praticaram a conduta típica.
B - PARTICIPAÇÃO
Partícipe é aquele que não executa a ação típica. Embora ele não ponha a mão na massa, ele dá a
farinha. Ex. padeiro e dono da padaria. O padeiro é o autor e o dono da padaria é o partícipe. A
participação pode ser moral ou material. -Participação moral - induz ou instiga a prática do crime. -
Participação material - é o auxílio. É a pessoa que deu/emprestou a arma para a prática do crime.
Questão “A” funcionário público, juntamente com “B”, que não é funcionário público, subtraíram um
veículo da administração pública. Qual o crime praticado? “A” responde por peculato. “B” responde por
peculato também, devido à teoria unitária (quem concorrer para um crime responde pelo mesmo crime).
REGRESSÃO DE REGIME
Conceito: é uma punição pelo descumprimento das regras de cumprimento da pena.
A - prática de crime doloso
B - prática de falta grave (art. 50/52, LEP). Ex. fuga, tentativa de fuga, posse de celular ou partes dele,
etc.
C - Condenação por crime, cuja pena somada àquela que se executa torna incompatível o regime. Ex.
condenação por 2 anos, mais pena de 4 anos - semiaberto. Condenação de 4 anos, mais pena de 6
anos - fechado.
D - Condenado que frustra os fins da execução (Ex. condenado que não trabalha) ou, podendo, não
paga a pena de multa (Ex. está no semiaberto e tem que pagar multa. Se não pagar (desde que possa,
claro), haverá regressão de regime). Embora os crimes punidos com detenção não admitam o regime
inicial fechado, é possível o regime fechado a título de regressão de regime. Nota - é possível a
regressão por saltos (do aberto para o fechado).
DETRAÇÃO e REMIÇÃO
Detração - art. 42, CP - é o abatimento na prisão definitiva, do tempo de prisão provisória. Prisão
definitiva é a pena de prisão depois do trânsito em julgado. Prisão provisória é a prisão cautelar do
processo.
As prisões cautelares são:
- flagrante
- temporária
- preventiva
Remição - com ç é abatimento, resgate, remissão, com 2 s é perdão. Assim, remição é abatimento de
pena - a cada 3 dias de trabalho, o condenado poderá remir 1 dia de pena. Este dia de trabalho capaz
de remir a pena do condenado equivale a 6 a 8 horas de trabalho. Súmula 341, STJ - O estudo formal
do preso também gera remição da pena.
FALTA GRAVE NA REMIÇÃO
Se houver prática de falta grave, ocorrerá a perda de todos os dias remidos.
CONVERSÃO
É a PRD que passa para a PPL. A pena restritiva não cumprida vai ser convertida em privativa de
liberdade. O indivíduo, por não cumprir a pena alternativa, terá que cumprir a pena fixada inicialmente.
MULTA
Cálculo:
A - quantidade de dias-multa - de 10 (mínimo) a 360 (máximo) diasmulta.
B - valor - cada dia multa varia de 1/30 a 5 salários mínimos. Regra: se não pagar não fica preso (art.
51, CP - a multa não paga é considerada dívida de valor e gera processo de execução, com base na
execução fiscal e inscrição da dívida ativa). Histórico - chama-se dias-multa porque se não fosse paga a
totalidade, o indivíduo seria condenado à pena de tantos dias quantos faltassem a ser pagos.