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Não há crime sem lei que o defina. Não há pena sem prévia cominação.
Lex Previa
Lex Scripta
Lex Scripta
Lex Certa
Lex Prévia
Ex2: Policial disfarçado pelo pacote anti-crime. Lei 13.964/2019, vigência em 23 de janeiro de
2020. Aumentou a pena da concussão, art. 316, CP.
Somente após o início da vigência, é possível a cominação do fato que se quer punir. A lei
penal não pode retroagir, exceto em benefício do réu. Não é possível criar crime de forma
retroativa.
Lex Scripta
Compete privativamente a União legislar sobre legislação penal, art. 22, CF.
Artigo 62, CF (medida provisórias). É vedadas a MP quer verse sobre direito penal.
Jurisprudência. O STF diz que não pode MP contra o réu, mas a favor do réu é possível.
Art. 68, CF. Não serão objeto de delegação os direitos individuais, dentre os quais está o
princípio da Legalidade opu Reserva Legal.
Lex Stripta
É permitida a analogia somente em bonam partem, não em malam partem. Ou seja, somente
é possível quando benéfica ao réu.
Sumula 174, STF. No crime de roubo, a utilização de arma de brinquedo, aumenta a pena. Esta
sumula está cancelada, pois previa a analogia em malam partem.
A arma de brinquedo não permite o aumento de pena, mas será ainda considerado roubo.
Art. 121, 5º, CP. Perdão judicial em crimes culposos é possível, por analogia ao previsto no
crime de homicídio. No CTB, art, 302 está previsto o homicídio no trânsito, e embora não haja
a menção ao perdão, é aplicável em bonam partem.
Exemplo. Art. 121, §2º, CP. O motivo torpe é previsto de forma exemplificativa como paga
promessa, mas se prevê também qualquer outra hipótese.
Lex Certa
Ex: Crime de terrorismo era previsto pela Lei 71/70, contudo, não definido. Foi revogada, e
hoje a lei é a 13.260/2016, art; 2º.
Princípio da Fragmentariedade
O Direito penal pressupõe um ataque intolerável a um bem jurídico relevante. Somente nesta
hipótese o direito penal deveria intervir.
Hoje não é a realidade pois o direito penal regula até mesmo o direito econômico e ambiental.
Princípio da Subsidiariedade
Se o conflito puder ser resolvido por outro ramo do direito de foram satisfatória, não haverá a
intervenção do direito penal.
Crime de dano: para consumação deve haver uma efetiva lesão ao bem jurídico tutelado para
a consumação.
Crimes de perigo: consumam-se com a mera exposição a risco do bem jurídico. O perigo pode
ser concreto, ou seja, concretamente demonstrado nos autos, sob pena de atipicidade. No
perigo abstrato é presumido, não há necessidade de demonstrá-lo.
Art. 288, CP. Associação criminosa. A mera reunião é crime. Ainda que não seja praticado
crime posterior.
Lei 309, CTB. Dirigir sem ser habilitado. Não basta não ter habilitação, pois trata-se de crime de
perigo concreto, sendo necessário causar dano.
Art. 310, CTN. Dirigir sem carteira por ter sido cassada. É de perigo abstrato. Em linha com o
disposto na Sumula 575, CTJ.
Princípio da Alteridade
Art. 171, V, CP. O agente lesa o próprio corpo para receber seguro. Neste caso o agente lesa a
seguridade, não a si.
Direito penal do autor: pune-se o sujeito Direito penal do fato: pune-se o sujeito pelo
pelo que é. que fez.
Iter Criminis
Tem 4 fases:
a. Cogitação
b. Preparação
c. Execução
d. Consumação
O direito penal brasileiro somente pune quando iniciada a execução. Ou seja, não se pune a
cogitação e a preparação.
Crime tentado, art. 14, II, CP. Deve ser iniciada a execução.
Exceção: Pune-se a preparação somente se atos preparatórios são criminosos. Lei 13. 270, art.
5º - crime de terrorismo. Pune-se a preparação.
Não basta para o direito penal um fato materializado, é preciso, ainda, verificar se o agente
agiu com dolo ou culpa.
Ou seja, o pai não responde pelo crime praticado pelo filho. O socio não responde por crime da
sociedade.
Art. 5º, XLV, CF. a pena não passa da pessoa do réu, embora o perdimento possa atingir os
sucessores no limite da herança.
A pessoa jurídica pode ser imputada por crime ambiental desde que se impute a pessoa física.
Resp 54881, STF – Ler toda a decisão. Afastou a dupla imputação. Esta teoria não é adotada
pelos tribunais superiores.
Princípio da culpabilidade
a. Culpabilidade como elemento do crime ou pressuposto de aplicação da pena:
pressuposto para o crime, no finalismo tripartite ou bipartido.
b. Culpabilidade como medida da pena: Art. 59, CP – culpabilidade como medida da
pena.
c. Culpabilidade como responsabilidade subjetiva: requisito do crime.
Principio da proporcionalidade
Adequação: a medida deve ser adequada a alcançar os bens protegidos.
Art. 273, CP. Crime hediondo. Resp 979962. É inconstitucional a aplicação do preceito
secundário da pena do artigo 273, CP. Fica repristinado o preceito secundário.
Ou seja, o fato não será considerado crime se adequado em relação aos costumes e princípios.
Atenção: Não incide no art. 184, §2º (violação de direito autoral) e 229, CP (casa de
prostituição). Sumula 502, STJ.
Exemplo: roubo de chocolate de 5 reais em mercado. A ofensa ao bem jurídico deve ser
drástica.
- crimes contra administração pública praticados por funcionário público. Isso porque a moral
não é suscetível de insignificância ou valoração. O descaminho em até 20 mil reais, e sem
reiteração admite insignificância – sumula 599, STJ.
- moeda falsa – não cabe pois o patrimônio não é o único bem tutelado, mas a fé pública.
- Sumula 606, STJ – não aplicação nos casos de transmissão clandestina de internet ou sinal.
Crime de gato.
Direito Penal Objetivo, Subjetivo e velocidades
Direito Penal Objetivo
Hipótese em que o direito penal pune as pessoas pela conduta que elas praticaram. Não há
punição pelo que a pessoa é, mas por aquilo que ela fez.
O direito penal pune o autor por seu modo ou estilo de vida. A pena não está ligada a aquilo
que o agente fez, mas as características ou condições pessoais do indivíduo. Contradição penal
por vadiagem.
Conceito pelo qual o direito penal deve perseguir o fato praticado pelo agente. Deve ser
levado em consideração na seara da punição as características pessoais do autor,
antecedentes.
Importante: intensidade e velocidade. Punições mais graves são mais rápidas e mais brandas
são mais lentas.
Observação: Direito penal do inimigo por Ganters Yacobs. Existem dois tipos de
criminosos: o delinquente cidadão e o delinquente inimigo. Ao delinquente cidadão é
aplicado o direito penal cidadão, visando reestabelecer o equilíbrio do ordenamento.
Para o delinquente inimigo, que não cumpre sua função social, frutando as
expectativas mínimas normativas, de forma duradoura e perene, perderá a condição
de cidadão e será tratado como inimigo.
4. Direito penal de quarta velocidade: o inimigo é o chefe de estado que violou direitos
humanos previstos nos tratados e convenções internacionais. É o utilizado pelo
tribunal internacional penal. Sinônimo: neo punitivismo.
Classificação dada a legislação especial penal que, com a finalidade de frear a criminalidade,
reduz as garantias penais e processuais penais.
Direito penal funciona como simbolismo. Não há o efeito jurídico que as leis penais devem ter.
é a expressão utilizada para designar a criação de leis que, com o intuito de dar uma pronta
resposta à sociedade e fornecer sensação de segurança, criminaliza condutas sem observar
critérios criminológicos e de política criminal. Assim, cria-se falsa sensação de segurança,
cumprindo a lei penal apenas em caráter simbólico.
O estado se utiliza das leis penais para consecução de suas finalidades políticas, servindo a lei
penal de instrumento de político. Direito penal perde a caraterística de ultima ratio.
2. Fonte formal
Como as normas são exteriorizadas.
i. Fonte forma imediata: lei. Única que pode criar crimes e contravenções, e cominar
penas.
ii. Fonte formal mediata ou secundária:
Constituição federal. Não cria crimes ou cria penas, mas traz as balizas interpretativas para
aplicação adequada do direito penal.
Obs:
Exemplo 1: STF entendeu que não pode ser aplicado o conceito de organização criminosa
previsto na convenção de Palermo. HC 96 007, STF, informativo 670.
Jurisprudência
Interpretações dos tribunais superiores, que, ainda sem caráter vinculante, revelam as
interpretações dos tribunais superiores. Ex: crime continuado, art. 171, CPP – até 30 dias. Ex2:
repouso noturno – depende da localidade.
Sumulas vinculantes
Costume
Fonte secundária do direito penal. Pratica de conduta reiterada, tendo a convicção de que é
obrigatória.
No direito penal o costume jamais pode criar crime ou aumentar pena. Somente a lei pode
faze-lo.
- costume contra legem ou negativo: Costume contrário a lei. Não admitido no nosso
ordenamento jurídico. Atenção: somente a lei pode revogar lei. Costumes não revogam leis.
Ex: jogo do bicho. O costume de jogar jogo do bicho ou descuetudo, continua sendo contra
legem. Resp 30.705, STJ.
- costume preter legem ou integrativo: utilizado para suprir lacunas, utilizado nas normas
penais não incriminadoras. Ex: clausula de exclusão da ilicitude clausulas supralegais de
exclusão da culpabilidade.
Princípios
Podem ser utilizado como complemento da lei penal em branco. Ex: lei de drogas e portaria da
anvisa.
Impessoalidade; destinado a todos cidadão, não persegue pessoas mas somente fatos.
Anterioridade: leis penais incriminadoras não pode ser aplicada a fatos pretéritos.
Observação: violação do princípio da legalidade pelo ato não emanar do legislativo. Há quem
diga que isso viola a legalidade. Há duas posições:
- Rogério Grecco: essas normas violam a legalidade pois pode alterar o conteúdo da norma
sem que haja discussão sobre o tema no poder legislativo.
- (prevalece): não fere o principio da legalidade desde que o tipo penal incriminadora descreva
os requisitos básicos do crime, atribuindo-se a autoridade administrativa somente a
possibilidade de explicitar alguns de seus requisitos. Somente detalhes são transferidos à
terceiros.
O complemento normativo emana da mesma fonte legislativa que editou o ato normativo a
ser complementado.
Subdivide-se em:
EX: Homicídio funcional, art. 121, §2º, VII, CP e art. 142 e 144, CF.
Ex: art. 38, da Lei de Crimes ambientais – destruição de florestar em áreas de APP, art. 6º do
código florestal e complementação por ato do chefe do = executivo, que dirá a área que se
enquadra em APP.
O preceito secundário da norma, ou seja, a sanção, precisa ser complementada. Ex: art. 1º da
lei de genocídio – faz menção aos artigos do CP, indicando a sanção lá disposta.
Observação: somente pode ser o complemento realizado por lei, pois somente lei pode
cominar penas, conforme principio da legalidade.
Eficácia da Lei Penal no Tempo
Tempo do Crime
Quando o crime foi praticado?
Teoria da atividade
Considera-se praticado o crime no momento da conduta, da ação ou omissão
Teoria do resultado
Considera-se praticado o crime no momento do resultado.
Teoria da ubiquidade
Tanto no momento da ação ou da omissão como no momento do resultado.
Por esse principio, aplica-se a lei que se encontrava em vigor na data do crime.
Sumula 711, STF: Exceção! A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou
permanente, se sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou permanência.
Abolitio criminis
Hipóteses de descriminalização do crime. Causa extintiva de punibilidade. Art. 107, II, CP.
Extingue a punibilidade do agente inclusive na fase da execução penal. Cessão todos os efeitos
penais, substituindo os deveres civis, a exemplo o dever de reparar o dano. Ex: adultério.
Aplica-se retroativamente.
Ex: lei 12.015/05 alterou os crimes sexuais. Revogou o art. 214 que era a prática de atos
libidinosos diversos da conjunção carnal em crime de estupro. Ou seja, teve uma norma
revogada mas o crime continuou previsto. A intenção do legislador não é a descriminalização
da conduta.
Faz-se a teoria da ponderação correta, ou seja, a análise do caso concreto, para identificar a lei
mais benéfica ao réu.
Observação2: lei penal mais beneficia ainda em vacaccio legis pode ser aplicada
retroativamente para beneficiar o réu?
1ª corrente: considerando que a vacaccio legis tem o interesse de dar publicidade da nova lei
aos cidadãos, poderá ser aplicada por aqueles que já a conhecem. Aplicação que mais se
aproxima do princípio da novacio legis in mellius. Posição minoritária.
2ª correntes: como na vacaccio legis a lei não tem eficácia, jurídica ou social, não poderá
retroagir. HC 100692/PR. Posição prevalente.
Observação3. Lei publicada com erros pode retroagir para beneficiar o réu? Não, pois não
retrata a vontade do Poder legislativo. HC 8457.
Se já existir transito em julgado, pelo juízo da execução. Sumula 611 do STF. Cai muito em
prova!!
Retroatividade da lei mais benéfica: a lei posterior é mais benéfica que a lei que estava em
vigor no momento da pratica do crime.
Ultratividade da lei mais benéfica: lei anterior, vigente na época do crime, é a mais beneficia
que a lei vigente por ocasião do julgamento, fala-se em ultratividade porque a lei anterior já
revogada, continua surtindo efeitos, pois mais benéfica ao réu.
2ª corrente: considerando que o juiz pode aplicar parte da lei para beneficiar o réu, poderia
aplicar a lex tertia, pelo princípio da anterioridade e retroatividade da lei penal mais benéfica.
Lei penal excepcional: aquela que perdura por todo tempo excecional atendendo as
necessidades do Estado. Ex: guerra, calamidade epidemia, etc.
Os fatos incriminados pelas leis temporárias e excepcionais continuam sendo punidos mesmo
com o término de sua vigência. Tem caráter ultrativo, tendo em vista que, se assim não
fossem, haveria ineficácia preventiva da norma rem relação aos fatos incriminados ao término
do prazo de vigência, poderia praticar o crime, pois teria certeza de sua impunidade.
Zafaroni entende que tais normas não podem ser ultrativas, tendo em vista que a CF não faz
esta ressalva, por isso, diz que estas normas são inconstitucionais. Esta correntense não
prevalece, pois entende-se que na sucessão de leis, a lei nova não revoga a lei anterior, por
não tratar da mesma matéria.
Ex: retirada do cloreto de etila da portaria da anvisa poderá retroagir pois realizado revestido
de normalidade.
Ex: Art. 268, CP. Portarias durante a pandemia que regulavam o comportamento das pessoas.
Não poderá ser retroativo, se portaria nova tratar do mesmo tema, sob pena de ineficácia. Ex:
primeira portaria deixava se reunir com até 5 pessoas, e segunda portaria com até 10 pessoas.
Se reuniu com 8 pessoas durante a égide anterior, não haverá retroatividade da nova portaria.
Outros princípios:
Se aeronave ou embarcação publica a serviço do governo não se aplica este princípio, pois são
consideradas extensão do território nacional, sendo, nesta hipótese, principio da
territorialidade.
3º - nas hipótese de navios ou aeronaves estrangeiros, desde que públicos, não são
considerados parte do território brasileiro.
Observação: e as Embaixadas?
Não são extensão só território nacional que representam. São apenas invioláveis!
Na hipótese de um navio passar pelo território nacional apenas como passagem necessária e
obrigatória para chegar em seu destino, sem atracar em território brasileiro, não se aplica a lei
brasileira, vez que não interfere na soberania nacional – lei 8.617/93.
Atenção: com relação as aeronaves não se aplica este principio, pois adota-se no brasil a teoria
da absoluta soberania do pais subjacente. Ou seja, o brasil exerce soberania total couber o
espaço aéreo correspondente ao seu território e mar territorial, lei 7.56/86.
Lugar do crime
Local onde um crime considera-se praticado no território nacional – art. 6º, CP.
Teorias:
LUTA
LU – Lugar – ubiquidade
TA – território - atividade
Teoria da atividade
Considera-se o local do crime aquele onde o agente desenvolveu a conduta.
Teoria da ubiquidade
Aquele local onde ocorreu a conduta ou onde ocorreu o resultado.
Observações:
Será julgado onde? Qual lei aplicada? Gera conflito internacional de competência.
Crimes Plurilocais
Atenção: para que haja incidência da lei brasileira, é preciso que apenas um ato executório ou
o resultado ocorra no Brasil. Se a preparação somente ocorreu no Brasil, não se aplica a lei
brasileira, em regra.
A competência do JECRIM será julgado pelo lugar em que praticada a infração penal.
A doutrina diverge sobre a teoria aplicável (teoria da atividade ou ubiquidade). Prevalece que é
a teoria da atividade.
Atos infracionais
Aplicado pelo ECA.
Extraterritorialidade
Art. 7º, CP.
Extraterritorialidade incondicionada
Aplica-se a lei brasileira ao crime praticado n o exterior, independentemente do implemento
de quaisquer condições.
Art. 7º, §1º, CP – ainda que condenado ou absolvido no exterior, será processado no Brasil.
As hipóteses são:
Crime contra o patrimônio, fé publica da união, DF, Estados, Territórios, empresa pública,
Sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo poder público
Aplica-se o princípio da defesa ou real – aplica-se a lei do bem jurídico.
1 – justiça universal
2 – defesa ou real
3 – nacionalidade ativa
Lei de tortura
Art. 2º.
Aplica-se ainda quando não cometido em território nacional quando vítima brasileira ou
econtrando0se o agente no Brasil.
Extraterritorialidade condicionada
Aplicação da lei brasileira no estrangeiro depende do implemento de algumas condições.
Completos todos estes requisitos, em regra a competência para julgamento será da justiça
estadual, em regra.
Extraterritorialidade hipercondionada
Fundamento legal – art. 7º, § 3º, CP.
Imunidades diplomáticas
Regra – lei penal em relação as pessoas
Imunidades diplomáticas
Conceito: prerrogativas de direito público internacional de que gozam:
1º) os chefes de governo ou de Estado estrangeiro, sua família e membros de sua comitiva;
Obs1. As imunidades não são extensíveis aos empregados particulares dos diplomatas, ainda
que oriundos do Estado representado.
Obs2. Embora todas as pessoas devam prestar obediência ao preceito primário da Lei Penal,
em razão da generalidade desta, os diplomatas não estão sujeitos à punição nos moldes da lei
brasileira, mas sim as consequências jurídicas do Estado a que pertencem. Ou seja:
- preceito primário: todos devem observância a este preceito, inclusive os diplomatas. É a lei.
- preceito secundário: diplomatas não estão sujeitos a este, mas ao preceito de seu pais de
origem. É a pena.
Obs3. Se no país de origem do agente o fato não for punível, ele não será punido. Ex: Bigamia
Obs4. O diplomata não pode renunciar à sua imunidade, tendo em vista que se trata de uma
prerrogativa do cargo. Entretanto, pode o Estado que ele representa pode o fazer. (STF Pet.
3.698).
Obs5. Cônsul (Agente Consular) O cônsul só tem imunidade quanto aos crimes funcionais,
quanto aos crimes comuns não tem imunidade. Já o embaixador possui imunidade tanto nos
crimes comuns, quanto nos funcionais.
Imunidade Parlamentar
Imunidade Parlamentar Absoluta (Imunidade Real, Substancial, Material, Inviolabilidade e
Indenidade)
Fundamento Legal: art. 53, caput, da CF:
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos.
Conceito
Os parlamentares são invioláveis em suas opiniões, palavras e votos, desde que relacionadas
às suas funções.
Limites da imunidade
Já na esfera cível, o ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou
provimento ao Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 1098601 e manteve acórdão do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) que condenou o presidente da
República, Jair Bolsonaro, ao pagamento de indenização de R$ 10 mil por danos morais à
deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).
São aplicáveis os limites aos Parlamentares quando guarda relação ao cargo, qual seja:
O Código Penal adotou a teoria da acessoriedade limitada ou média para punição do partícipe.
Vale dizer, o partícipe responde pelo delito quando o autor praticar um fato típico e ilícito. Se a
imunidade parlamentar é causa de atipicidade (exclusão do fato típico), não se pune o
partícipe.
Obs. Súmula 245 do STF - “A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa
prerrogativa”. Sobre esta súmula, doutrina tem afirmado que se aplica apenas as imunidades
formais, mesmo assim, havendo exceções.
A doutrina tem dito que esta sumula aplica-se somente às imunidades formais ou relativas, e
mesmo assim há algumas exceções.
1º) Quanto ao Foro por prerrogativa de função (art. 53, § 1º, CF)
Deputados e Senadores possuem foro para as causas criminais no STF. O foro por prerrogativa
não abrange causas não penais.
Tese 01: O foro por prerrogativa de função aplica-se somente aos crimes cometidos durante o
exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas (Questão de ordem na Ação
Penal 937). Vejamos a seguinte tabela comparativa:
Tese 02: Finda a instrução processual, após a publicação do despacho de intimação para
apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar as ações penais não
será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que
ocupava, qualquer que seja o motivo. (Questão de ordem na Ação Penal 937).
Obs. Esse novo entendimento busca evitar o uso da prerrogativa de foro como burla
processual. Por exemplo, o STF já havia decidido, antes da Questão de ordem na Ação Penal
937, que, se houvesse renúncia do Parlamentar na véspera do julgamento, isso não retirava
sua competência para julgá-lo, configurando verdadeira manobra ilícita (STF - Ação Penal 396).
Art. 53, § 2º, da CF: Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não
poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão
remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de
seus membros, resolva sobre a prisão.
Obs1. Regra Os membros do Congresso Nacional não podem ser presos, salvo em caso de
flagrante de crime inafiançável. O STF chamou essa limitação a possibilidade de prisão de
relativa incoercibilidade pessoal (freedom from arrest).
A respectiva Casa (Senado ou Câmara) irá deliberar sobre a prisão, no prazo de 24 horas.
Trata-se de decisão de cunho político e não jurídico, calcada em conveniência e
oportunidade, e não em critérios de legalidade. Tal decisão vincula o órgão julgador.
D) Tipo de Votação: Voto aberto. Deve dizer se concorda ou não com a prisão.
Um dos casos mais emblemáticos a respeito da imunidade formal quanto à prisão que bateu às
portas do Supremo Tribunal Federal foi o ex-Senador da República Delcídio do Amaral.
Segundo consta, o referido Senador, juntamente com outros investigados, tentou embaraçar
investigação envolvendo organização criminosa, na medida em que procurou o ex-diretor
Internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró (um dos réus na Lava Jato), para que este não
assinasse acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal, evitando-se,
assim, a imputação de crimes contra o Parlamentar e outros agentes.
Para “comprar” o silêncio do Ceveró foi-lhe oferecido o pagamento de uma quantia mensal em
dinheiro, bem como a realização de “lobby” junto aos Ministros do Supremo Tribunal Federal
para que fosse concedida liberdade provisória a ele.
Ao receber o pedido, o Supremo Tribunal Federal entendeu que a conduta desenvolvida pelo
parlamentar se tratava de crime permanente, ou seja, aquele em que a consumação se
protrai no tempo, uma vez que integrava pessoalmente organização criminosa. Assim, por se
tratar de crime permanente, o Senador estava praticando o delito todos os dias.
Portanto, preenchido o primeiro requisito para que a prisão do Parlamentar, qual seja, o
estado de flagrância.
No entanto, devemos lembrar que, segundo o art. 53, § 2º, do Constituição Federal, não basta
que o parlamentar esteja em flagrante. Além disso, o crime precisa ser inafiançável.
Quanto a este tema, o Supremo Tribunal Federal realizou o seguinte raciocínio jurídico. A
Constituição Federal (art. 5º, incisos XLII, XLIII e XLIV) traz as situações em que os crimes são
absolutamente inafiançáveis, quais sejam: (1º) Racismo; (2º) Tortura; (3º) Tráfico de drogas;
(4º) Terrorismo; (5º) Crimes hediondos; (6º) Crimes cometidos por ação de grupos armados,
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
Como visto, os crimes praticados pelo Senador não se encontram neste rol. Assim, o Supremo
Tribunal Federal se socorreu da interpretação do art. 324, IV, do Código de Processo Penal,
que elencam situações que não se poderá conceder fiança: Art. 324. Não será, igualmente,
concedida fiança: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). IV - quando presentes os
motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312). (Redação dada pela Lei
nº 12.403, de 2011).
A Corte Suprema realizou o seguinte raciocínio: se, de acordo com o caso concreto,
estiverem presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o crime,
naquele caso, passa a ser inafiançável. Vale dizer, criou-se uma espécie de inafiançabilidade
do caso concreto.
No caso do ex-Senador Delcídio do Amaral, o Supremo Tribunal Federal entendeu que, como
estavam presentes os requisitos ensejadores da prisão preventiva, mesmo que os delitos a ele
imputados não estivessem no rol de crimes absolutamente inafiançáveis, no caso concreto era
inafiançável, já que não se pode conceder fiança, nos termos do art. 342, IV, do Código de
Processo Penal.
Realizada a prisão em flagrante, os autos foram remetidos dentro de 24 (vinte quatro) horas à
Casa respectiva (no caso o Senado Federal), para que, pelo voto aberto da maioria de seus
membros, fosse resolvida sobre a prisão (art. 53, § 2º). Na ocasião, por 59 (cinqüenta e nove)
votos contra 13 (treze), decidiu manter a prisão do Senador.
O então Deputado Daniel Silveira, no dia 16/02/2021, fez uma live na internet afirmando, em
resumo, o seguinte: “(...) o que acontece Fachin, é que todo mundo está cansado dessa sua
cara de filha da puta que tu tem, essa cara de vagabundo... várias e várias vezes já te imaginei
levando uma surra, quantas vezes eu imaginei você e todos os integrantes dessa corte …
quantas vezes eu imaginei você na rua levando uma surra... Que que você vai falar? que eu tô
fomentando a violência ? Não... eu só imaginei... ainda que eu premeditasse, não seria crime,
você sabe que não seria crime... você é um jurista pífio, mas sabe que esse mínimo é
previsível.... então qualquer cidadão que conjecturar uma surra bem dada com um gato morto
até ele miar, de preferência após cada refeição, não é crime (...)
O Ministro Alexandre de Morais afirmou que SIM, trazendo a seguinte fundamentação: “as
condutas criminosas do parlamentar configuram flagrante delito, pois verifica-se, de maneira
clara e evidente, a perpetuação dos delitos acima mencionados, uma vez que o referido
vídeo permanece disponível e acessível a todos os usuários da rede mundial de
computadores, sendo que até o momento, apenas em um canal que fora disponibilizado, o
vídeo já conta com mais de 55 mil acessos. Relembre-se que, considera-se em flagrante delito
aquele que está cometendo a ação penal, ou ainda acabou de cometê-la. Na presente
hipótese, verifica-se que o parlamentar DANIEL SILVEIRA, ao postar e permitir a divulgação do
referido vídeo, que repiso, permanece disponível nas redes sociais, encontra-se em infração
permanente e consequentemente em flagrante delito, o que permite a consumação de sua
prisão em flagrante.”
Quais crimes foram praticados pelo Deputado? Arts. 17, 18, 22, I e IV, 23, I, II e IV e 26 da Lei nº
7.170/73 (Lei de Segurança Nacional).
Os crimes praticados eram inafiançáveis? Para o STF, os crimes supostamente praticados pelo
Deputado eram inafiançáveis por dois motivos:
1) porque foram praticados contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 323, III,
do CPP); e
2) porque, no caso concreto, estão presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão
preventiva, de sorte que estamos diante de uma situação que não admite fiança, com base no
art. 324, IV, do CPP.
Nesse sentido, foi o voto do Ministro Alexandre de Morais: “Ressalte-se, ainda, que, a prática
das referidas condutas criminosas atentam diretamente contra a ordem constitucional e o
Estado Democrático; apresentando, portanto, todos os requisitos para que, nos termos do
artigo 312 do Código de Processo Penal, fosse decretada a prisão preventiva; tornando,
consequentemente, essa prática delitiva insuscetível de fiança, na exata previsão do artigo
324, IV do CPP (“Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança: IV quando presentes os
motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva). Configura-se, portanto, a
possibilidade constitucional de prisão em flagrante de parlamentar pela prática de crime
inafiançável, nos termos do §2º, do artigo 53 da Constituição Federal.”
Após várias discussões sobre o tema, foi ajuizada a ADIN 5526, na qual foram fixados os
parâmetros em relação às medidas cautelares (prisionais e diversas da prisão) contra
Membros do Congresso Nacional. Vejamos:
Imagine que um Deputado Federal deixe prestar alimentos ao seu filho. Ele pode ser preso ou
a imunidade parlamentar formal abrange também esta espécie de prisão?
1ª posição: a imunidade formal abarca todas as modalidades de prisão, inclusive a prisão civil
por alimentos. Isso porque o intuito desta imunidade é evitar as perseguições pessoais, que
também podem ser feitas por essa via.
2ª posição: é possível a prisão civil do parlamentar inadimplente, uma vez que, nesta
modalidade, o que se busca é a satisfação do crédito em prol do alimentando . Portanto, a
imunidade formal não engloba esta modalidade de prisão que, na verdade, é uma forma de
coerção para que o alimentando tenha acesso ao crédito alimentício.
Obs1. Recebida a inicial acusatória, o STF não precisa de autorização da respectiva Casa para
processar o parlamentar. Contudo, será possível que, até o final do processo, a respectiva
Casa Parlamentar suste o andamento da Ação Penal.
Obs2. Tal imunidade somente se aplica aos crimes praticados após a Diplomação e que
estejam vinculados ao exercício da função. Os crimes praticados antes da Diplomação, ou
mesmo depois dela, mas que não estejam vinculados ao exercício da função, serão
processados pelo Juízo de 1ª instância.
Obs3. Sustada a Ação Penal, a prescrição ficará suspensa (art. 53, § 5º).
Art. 53, § 5º, da CF: A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
O Parlamentar não responde por crime de falso testemunho, nos termos do art. 53, § 6º, da
CF.
Art. 53, § 6º, da CF: Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre
informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas
que lhes confiaram ou deles receberam informações.
Obs. O Parlamentar indiciado ou acusado não tem a prerrogativa de ser ouvido nos moldes
do art. 221 do Código de Processo Penal, ou seja, marcar local, dia e hora para ser ouvido.
Este artigo permite que o Parlamentar marque dia e horário para ser ouvido.
Os Deputados Estaduais têm imunidade em todo território nacional, desde que ligado ao
exercício da função (art. 27, § 1 º):
Art. 27, § 1º, da CF: Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando-sê-
lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades,
remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
Obs1. Foro
A única ressalva que deve ser feita diz respeito ao foro por prerrogativa de função . Os
Deputados Federais e Senadores possuem foro no Supremo Tribunal Federal. Os Deputados
Estaduais tem foro por prerrogativa perante o Tribunal de Justiça, o Tribunal Regional Federal
e o Tribunal Regional Estadual, a depender do delito praticado.
Sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 5823 MC/RN, ADI 5824
MC/RJ e ADI 5825 MC/MT entendeu que todas as regras as aplicadas aos congressistas
federais se aplicam aos Deputados Estaduais, inclusive entendendo ser constitucional a
resolução da Casa Legislativa Estadual que, com base na imunidade parlamentar formal (art.
53, § 2º c/c art. 27, § 1º da CF/88), revoga a prisão ou outras medidas cautelares pessoais
que haviam sido deferidas pelo Poder Judiciário em face de Deputado Estadual,
determinando o retorno ao mandato parlamentar.
(...) O Colegiado entendeu que a leitura da Constituição da República revela que, sob os
ângulos literal e sistemático, os deputados estaduais têm direito às imunidades formal e
material e à inviolabilidade conferidas pelo constituinte aos congressistas, no que
estendidas, expressamente, pelo § 1º do art. 27 da CF (2). Asseverou que o dispositivo não
abre campo a controvérsias semânticas em torno de quais imunidades são abrangidas pela
norma extensora. A referência no plural, de cunho genérico, evidencia haver-se conferido a
parlamentares estaduais proteção sob os campos material e formal. Se o constituinte
quisesse estabelecer estatuto com menor amplitude para os deputados estaduais, o teria
feito expressamente, como fez, no inciso VIII do art. 29 (3), em relação aos vereadores. A
extensão do estatuto dos congressistas federais aos parlamentares estaduais traduz dado
significante do pacto federativo. O reconhecimento da importância do Legislativo estadual
viabiliza a reprodução, no âmbito regional, da harmonia entre os Poderes da República. É
inadequado, portanto, extrair da Constituição Federal proteção reduzida da atividade do
Legislativo nos entes federados, como se fosse menor a relevância dos órgãos locais para o
robustecimento do Estado Democrático de Direito. Acrescentou que reconhecer a
prerrogativa de o Legislativo sustar decisões judiciais de natureza criminal, precárias e
efêmeras, cujo teor resulte em afastamento ou limitação da função parlamentar não implica
dar-lhe carta branca. Prestigia-se, ao invés, a Carta Magna, impondo-se a cada qual o
desempenho do papel por ela conferido. (...) STF. Plenário. ADI 5823 MC/RN, ADI 5824 MC/RJ
e ADI 5825 MC/MT, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgados em
8/5/2019 (Info 939).
7º) Vereadores
De acordo com o art. 29, VIII, da Constituição Federal3 , os vereadores possuem imunidade
material, ou seja, são invioláveis em suas opiniões, palavras e votos. Contudo, restrita ao
município em que exercem suas funções (critério territorial).
Obs2. Infração Penal Sui Generis (Luiz Flávio Gomes, quando trata do crime do art. 28 da Lei de
Drogas):
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo,
para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
1ª posição: Para Luiz Flávio Gomes, trata-se de infração penal sui generis (não é crime nem
contravenção), significando dizer que o artigo 28 ainda se encontra no âmbito de
conformação do Direito Penal, todavia não constitui mais crime. Fala-se, então, em
descriminalização formal e despenalização, não em abolitio criminis. Conclui-se, por
conseguinte, que, ao acolher esta tese, estaríamos de fronte a uma divisão tricotômica de
infração penal (crime, contravenção penal e infração penal sui generis), e não do costumeiro
critério dicotômico de infração penal (crime e contravenção penal), previsto no art. 1º da Lei
de Introdução do Código Penal.
2ª posição: Para Alice Bianchini , o uso de drogas não pertence ao Direito Penal, embora
defenda que se trate de infração de Direito Judicial Sancionador, seja na sanção alternativa
fixada em transação penal, seja na sanção imposta pela sentença. Para a autora, houve
abolitio criminis e, portanto, descriminalização substancial da conduta.
3ª posição: Tal discussão bateu às portas do Supremo Tribunal Federal (RE: 430105 RJ), o qual
fixou entendimento de que o artigo 28 da Lei n.º 11.343/06 possui natureza jurídica de crime.
Argumentou-se que o art. 1º da Lei de Introdução do Código Penal limita-se a estabelecer um
critério que permite distinguir quando se está diante de um crime ou de uma contravenção,
fato que não obsta que lei ordinária superveniente adote outros critérios gerais de distinção
ou estabeleça para determinado crime pena diversa da privação ou restrição da liberdade, a
qual constitui somente uma das opções constitucionais passíveis de adoção pela lei
incriminadora.
Além disso, o próprio legislador incluiu o artigo 28 no capítulo “Dos Crimes e das Penas”, não
podendo se presumir que houve um equívoco legislativo nessa conduta. Ainda no mesmo
propósito, o legislador fala em reincidência no artigo 28, § 4º, da Lei n.º 11.343/06, conceito
intimamente ligado a crime e que deve ser tomado em sentido técnico, e não em sentido
“popular”. Assim, para o STF, não houve abolitio criminis, mas mera despenalização da
conduta (a qual deve ser entendida como a exclusão de pena privativa de liberdade).
Considera-se crime a infração penal a que lei comine pena de reclusão ou detenção, quer
isolada, quer alternativa, quer cumulativamente com a pena de multa.
Crime é o comportamento descrito em uma norma penal incriminadora, sob ameaça de pena.
Fato Típico
a) Conduta (Teorias):
Obs1. Tipos Penais Normais Trabalha-se com os chamados tipos penais normais, que só
devem ter elementos objetivos, tendo em vista que não se analisa dolo e culpa na conduta.
A) Não abrange os tipos penais omissivos, pois o conceito de conduta fala que conduta é a
"ação humana voluntária".
C) Não admite elementos que não sejam objetivos nos tipos penais. Contudo, sabe-se que os
tipos penais possuem elementos não objetivos, a exemplo dos elementos normativos
(dependem de juízo de valor) e elementos subjetivos (que exigem uma finalidade especial do
agente).
A) Tipo Penal Normal: são aqueles que contêm apenas elementos objetivos.
B) Tipo Penal Anormal: são aqueles que contêm elementos objetivos e subjetivos.
Obs. O dolo e a culpa deixam de ser espécie de culpabilidade e passam a ser elementos da
culpabilidade.
Obs1. A teoria neokantista têm bases causalistas. Contudo, diz que conduta é o
comportamento humano voluntário (e não mais ação humana como dizia a Teoria Causalista),
abrangendo, portanto, a omissão.
Obs2. O dolo e culpa foram alocados na culpabilidade como Elementos e não mais como
espécies de culpabilidade.
A) Embora não sejam mais espécies, mas sim elementos, Dolo e Culpa ainda permanecem na
culpabilidade.
B) Percebe-se uma contradição na Teoria, tendo em vista que, apesar de ter bases
causalistas, reconhece a possibilidade de análise elementos objetivos e subjetivos. No
entanto, deixa para analisar dolo e culpa apenas na culpabilidade.
Crime: é fato típico e ilícito. A culpabilidade é pressuposto para aplicação da pena, não
integrando os elementos do crime. Adota-se a teoria bipartida do crime.
5º) Teoria Social da Ação (Idealizada por Johannes Wessels, mas também aplicada por E.
Schmidt, Bockelmann, Engisch, Jeschek, Maihofer, dentre outros autores)
Obs1. Dolo e Culpa permanecem no Fato Típico, mas também são analisados na culpabilidade.
Obs2. Há uma mescla entre o causalismo e o finalismo, pois se analisa dolo e culpa, tanto no
A Teoria jurídico-penal da ação é proposta por Francisco Assis Toledo3 , com a finalidade de
reunir os aspectos positivos de cada uma das concepções acima tratadas (casual clássica,
finalista e social). Para ele, cada uma delas possui ideias relevantes que visam explicar o
fenômeno “conduta humana”, que não podem ser simplesmente desprezadas. Assim, o
mestre busca conciliálas, expressando o seguinte conceito:
(...) a ação é o comportamento humano, dominado ou dominável pela vontade, dirigido para a
lesão ou para exposição a perigo de um bem jurídico, ou, ainda, para a causação de uma
previsível lesão a um bem jurídico. (...)
Obs3. Características:
Obs1. A missão do Direito Penal é resguardar o sistema, ou seja, evitar a prática de fatos
típicos. Aquele que frustra o Sistema é tratado como inimigo (Direito Penal do Inimigo).
Doutrina tem dito que esta Teoria está voltada aos Estados Totalitários
Observações Finais:
A) Diz-se que a teoria adotada no Brasil é a Finalista, com uma mescla de Roxin ou Teoria
Funcionalista de Roxin corrigida pelo Finalismo.
8ª) Teoria Significativa da Ação (Criada por Tomás Salvador Vives Antón, baseado nas lições
filosóficas de Ludwig Wittgenstein e Jürgen Habermas)
Para a análise do conceito de ação é fundamental o conceito de seguir uma regra, enquanto
que o aspecto de atividade teleológica ou consecução de fins só se torna relevante para
propostas causais. Do conceito de seguir uma regra se segue um conceito de capacidade de
ação, de acordo com a qual o sujeito: a) sabe que segue uma regra; b) (se) nas circunstâncias
apropriadas está em condições de dizer que regra está seguindo, isto é, de indicar o conteúdo
proposicional da ‘consciência de regra’. Através de uma modificação (privativa desta pré-
compreensão cotidiana) podemos interpretar ‘conforme ao modelo’ da observância
consciente de uma regra o comportamento animal orientado à consecução de um fim,
interpretação na qual atribuímos ao animal uma consciência de regra, em si suscetível de
explicitação, mas que o próprio animal não seria capaz de explicitar. Falamos de ‘mero’
comportamento quando não cabe pressupor uma consciência implícita de regra, mas sim uma
capacidade de ação mínima, no aspecto de que o organismo de que se trate pode distinguir
‘em algum sentido’ entre fazer e deixar de fazer, por um lado, e fazer e padecer, por outro.
Dessa forma, para esta concepção, não existe um conceito pré-concebido de conduta,
devendo ser analisado, no caso concreto, o significado da ação humana. Nesse sentido, a
doutrina da ação significativa se fundamenta nos conceitos de ação e norma, os quais se
encontram interligados pela liberdade de ação, ou seja, aquele comportamento que pode ser
imputável ao agente e não ao acaso.
Assim, afirma-se que não existem ações prévias às normas. Por exemplo, só sabemos o que é a
ação de matar porque antes dela foi estabelecida uma norma que indica que “matar alguém” é
uma conduta penalmente relevante. Por isso, compreendemos que a aquele que desenvolve
essa conduta pratica um homicídio.
Portanto, somente conseguiremos emprestar algum significado jurídico para uma conduta
humana se for possível correlacioná-la a um determinado tipo penal, que lhe foi previamente
instituído.
Conduta é sempre um ato humano e voluntário (todas as teorias concordam com isso).
Obs. Parte da doutrina afirma que haverá conduta se o próprio agente se colocar sob os
efeitos da coação física irresistível.
Obs3: Se a coação for física Resistível, não haverá nem excludente de culpabilidade, nem da
conduta. Será considerada mera atenuante de pena.
2º) Caso Fortuito ou Força Maior: excluem a conduta diante da ausência de voluntariedade.
3º) Estados de Inconsciência: não haverá conduta, em razão da falta de capacidade psíquica de
vontade.
Ex: crime praticado por doente mental (aplica-se o art. 26 do Código Penal). Ex: crime
praticado por doente mental.
4º) Atos Reflexos: não haverá crime nos atos reflexos, em razão da falta de voluntariedade da
conduta. Ex: a pessoa se assusta e acabando acertando o olho da vítima.
Obs. Também haverá conduta nos atos reflexos previsíveis. Ex: colocar o dedo na arma
fingindo que ia atirar, mas atirar.
Crime Doloso
Previsão legal: art. 18, I, do CP
Conceito
É a vontade consciente de realizar os elementos do tipo penal incriminador.
Teorias do Dolo
Teoria da Vontade
É a consciência e vontade de querer praticar uma infração penal. É a teoria adotada em
relação ao dolo direto (Art. 18. Diz-se o crime: I doloso, quando o agente quis o resultado...).
Teoria da Representação
Haverá o dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível e, mesmo
assim, ele decide prosseguir com a conduta.
Obs. Essa teoria deve ser afastada por confundir dolo com culpa consciente.
Aplica-se essa teoria ao dolo eventual (Art. 18. Diz-se o crime: I doloso, quando o agente (...)
assumiu o risco de produzi-lo).
Obs. Teoria da Indiferença: também age com dolo eventual aquele que, tendo previsão do
resultado possível, é indiferente quanto à lesão ao bem jurídico tutelado, ou seja, o agente
trata com indiferença o resultado possível (Roxin).
Divide-se em:
1º) Dolo Alternativo: Existindo a previsão de vários resultados possíveis, o agente dirige sua
conduta buscando um ou outro. Ex: Homicídio ou lesão corporal. Não há previsão no nosso
ordenamento.
2º) Dolo Eventual Existindo a previsão de vários resultados possíveis, o agente dirige sua
conduta buscando a realização de um deles, assumindo o risco de realizar os demais. Ex: Quer
a prática da lesão corporal, mas assume o risco pelo homicídio.
A) (...) Quando atua imbuído em dolo eventual, o agente não quer o resultado lesivo, apenas
assume o risco de produzi-lo. Em tais hipóteses, revela-se manifestamente improcedente a
incidência da qualificadora prevista no artigo 121, § 2º, inciso IV, do Código Penal, destinada a
agravar a reprimenda em razão do modo de execução sorrateiro eleito pelo agente, a qual
exige o dolo direto de ceifar a vida da vítima. (STJ-RECURSO ESPECIAL Nº 1.556.874-RJ
2015/0225632-9)
B) (...) Quanto à compatibilidade do dolo eventual com o recurso que impossibilita a defesa da
vítima, tem prevalecido, no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, não
ser possível a incidência da referida qualificadora. De fato, se tratando de crime de trânsito,
com dolo eventual, não se poderia concluir que tivesse o paciente deliberadamente agido de
surpresa, de maneira a dificultar ou impossibilitar a defesa da vítima.5. Habeas corpus não
conhecido. Ordem concedida de ofício, apenas para decotar a qualificadora do inciso IV do §
2º do art. 121 do Código Penal. (STJ -HC 308180/SP 2014/0282037-1).
(...) No que concerne à alegada incompatibilidade entre o dolo eventual e o crime tentado,
tem-se que o Superior Tribunal de Justiça possui jurisprudência no sentido de que "a tentativa
é compatível com o delito de homicídio praticado com dolo eventual, na direção de veículo
automotor". (AgRg no REsp 1322788/SC, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma,
julgado em 18/06/2015, DJe 03/08/2015).
Ex: Bomba no Avião para matar seu desafeto. Matar o desafeto (dolo direto de primeiro grau).
Matar os demais passageiros (dolo direto de segundo grau ou de consequências necessárias).
Obs. Diferença entre o Dolo Direto de Segundo Grau e o Dolo Eventual: No dolo direto de
segundo grau o resultado é certo e inevitável. No dolo eventual, o resultado é incerto,
possível, desnecessário.
Ex: Bomba no Avião para matar seu desafeto. Matar o desafeto (dolo direto de primeiro grau).
Matar os demais passageiros (dolo direto de segundo grau ou de consequências necessárias).
Há uma grávida no avião e, por essa razão, o fato de matar a grávida, gera inevitavelmente o
abordo (dolo direto de terceiro grau).
Dolo Cumulativo
O agente pretende alcançar dois resultados em sequência (progressão criminosa) Ex: estuprar
e matar
Dolo de Dano
O agente tem a intenção de causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.
Dolo de Perigo
O agente tem a intenção de expor a risco o bem jurídico tutelado.
Dolo Genérico
O agente tem a intenção de realizar a conduta, sem nenhum fim específico.
Dolo Específico
O agente tem a intenção de realizar a conduta, com um fim específico.
Obs. Dá-se o nome de elemento subjetivo do tipo. Ex: “com o fim de”, “com o intuito de” na lei
penal.
Dolo de Propósito
É o crime refletido.
Dolo Natural (Dolo Incolor ou avalorado) e Dolo Normativo (ou Dolo Colorido ou
valorado)
Dolo Natural é aquele que não exige do agente a consciência da ilicitude de sua conduta.
Vincula-se à teoria da Finalista. Dolo está contido no Fato Típico e não na culpabilidade.
Crime Culposo
Segundo o art. 18, II, do Código Penal, diz-se culposo o crime quando o agente dá causa ao
resultado em razão de imprudência, imperícia ou negligência. O agente não quer, nem assume
o risco pelo resultado, mas pratica uma conduta descuidada, acarretando o resultado não
querido, mas previsível (culpa inconsciente) ou previsto, mas que o agente imaginava evitável
(culpa consciente).
Conceito: trata-se de uma conduta voluntária realizadora de um fato ilícito não querido pelo
agente, mas que foi por ele previsto (culpa consciente) ou lhe era previsível (culpa
inconsciente) e que podia ser evitado se o agente atuasse com o devido cuidado.
Elementos da Culpa:
2) Violação do dever de cuidado objetivo (desvalor da ação): O agente atua em desacordo com
o esperado pela lei e pela sociedade.
A) Imprudência: afoiteza (culpa na modalidade positiva). Ex: motorista que dirige acima da
velocidade permitida.
B) Negligência: falta de precaução (culpa na modalidade negativa). Ex: agente que deixa a
arma de fogo em local acessível a crianças.
C) Imperícia: falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou profissão (culpa
profissional). Obs. A imperícia só pode ocorrer no exercício de arte, profissão ou ofício. Se
ocorrer fora dessas hipóteses, será ou imprudência ou negligência. Ex: médico que realiza o
parto e a criança morre (imperícia). Parteira que realiza um parto e criança morre
(imprudência ou negligência).
Erro profissional é aquele que advém da falibilidade das regras cientificas, ou seja, o agente
conhece e segue estritamente as regras de sua profissão, contudo, por estarem em constante
evolução, não são suficientes para resolver o problema do caso concreto. Ex: médico que
atende paciente com câncer. Ele aplica todos os procedimentos e técnicas à disposição de
forma adequada, mas mesmo assim o paciente morre.
3º) Resultado Naturalístico Involuntário Não há crime culposo sem resultado naturalístico.
Crime culposo é sempre crime material.
Obs. Exceção: art. 38 da Lei de Drogas (crime culposo sem resultado naturalístico). Na
modalidade prescrever drogas, haverá consumação com a entrega da receita ao paciente.
6º) Tipicidade
A punição pelo crime culposo exige expressa previsão legal (art. 18, parágrafo único: Salvo os
casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando
o pratica dolosamente).
Espécies de Culpa
1º) Culpa consciente (ou culpa com previsão) O agente prevê o resultado, mas acredita
sinceramente que ele não ocorra, supondo que pode evitá-lo com suas habilidades.
Foda-se Fodeu
2º) Culpa Inconsciente: O agente não prevê o resultado que, no entanto, era previsível.
3º) Culpa Própria: É aquela que o agente não quer e não assume o risco de produzir o
resultado.
É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação
de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro
deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
É a hipótese em que o agente, por erro, fantasia certa situação fática, acreditando estar agindo
acobertado por uma excludente de ilicitude e, em razão disso, provoca intencionalmente um
resultado ilícito. Embora se tenha uma ação dolosa, tratando-se de erro evitável, o agente
responde por culpa, considerando questões de política criminal.
Ex: pai mata o filho que chega de madrugada em casa, supondo ser um assaltante armado.
Obs1. Chama-se culpa imprópria porque, embora se tenha uma ação dolosa, é punida a título
de culpa.
Obs2. A culpa imprópria é o modo que se pune uma descriminante putativa por erro evitável.
É a chamada culpa presumida. Não é admitida no Direito Penal. Toda culpa deve ser provada,
sob pena de Responsabilidade Penal Objetiva.
Obs1. Compensação de Culpa: No direito penal não existe a chamada compensação de culpa.
Ex: motorista atravessa o sinal vermelho enquanto o outro conduz seu veículo em alta
velocidade
Admite a concorrência de culpa, sendo que, cada indivíduo responde pela conduta
desenvolvida e que deu causa ao resultado.
Obs2. Culpa exclusiva da vítima A culpa exclusiva da vítima exclui a culpa. Se a culpa é exclusiva
da vítima, ela não pode ser do agente.
Pelo princípio da confiança, espera-se que todo indivíduo aja de acordo com as normas de
bom convívio em sociedade. Por isso, não se pode punir o agente em razão de condutas ilícitas
praticadas por outras pessoas. Ex: motoqueiro que atravessa o sinal vermelho e é colhido pelo
carro que vinha na via preferencial.
Crime preterdoloso
O crime preterdoloso nada mais é do que um crime qualificado pelo resultado. Outras
hipóteses de crimes qualificado pelo resultado:
B) Crime culposo agravado culposamente Ex: incêndio culposo agravado pela morte
C) Crime Culposo agravado dolosamente Ex: Homicídio culposo agravado pela omissão de
socorro Obs. Guilherme Nucci não aceita essa hipótese, por entender que há uma
impropriedade lógica.
D) Crime doloso agravado culposamente (crime preterdoloso). Ex: Lesão corporal seguida de
morte.
Erro de Tipo
Art. 20, CP.
O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
por crime culposo, se previsto em lei.
Consequências:
Exclui o dolo, mas subsiste a punição por culpa, caso haja previsão legal para tanto.
O agente, por erro, representa mal o objeto pretendido, atingindo bem diverso do almejado.
Ex: fui furtar uma pulseira de ouro, mas acabei furtando uma pulseira de couro.
Consequências: não exclui o dolo e não exclui a culpa, nem isenta o agente de pena
O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra
quem o agente queria praticar o crime.
O agente, por erro, representa mal a pessoa pretendida, atingindo outra, diversa da almejada.
Ex: fui matar meu pai, mas, por erro, o confundo com meu tio e mato este último.
Consequências: não exclui o dolo e não exclui a culpa, nem isenta o agente de pena.
Obs. Segundo o art. 20, § 3º, do CP, o agente responde pelo crime, considerando as qualidades
da vítima pretendida ou virtual (aquela que não foi alvejada pela conduta criminosa).
O agente, por acidente ou erro nos meios de execução, atinge pessoa diversa da pretendida,
apesar de corretamente representada.
Ex: quero matar meu pai, mas por erro no manuseio da arma de fogo, executo mal o crime, e
mato o meu tio.
Consequências: não exclui o dolo e não exclui a culpa, nem isenta o agente de pena.
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime,
sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto
como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70
deste Código.
O agente, por erro acidente ou erro na execução do crime, provoca resultado diverso do
pretendido, ofendendo bem jurídico diverso do projetado.
Ex: atiro uma pedra para lesionar a vítima, mas erro, e acerto a vidraça do carro.
Ex: atiro uma pedra para causar dano no veículo da vítima, mas erro, e acerto o motorista, que
acaba morrendo.
Obs1. O agente responde pelo resultado diverso do pretendido a título culposo. Em outras
palavras, o agente responde pelo resultado efetivamente produzido a título culposo.
Ex: atiro uma pedra para causar dano no veículo da vítima, mas erro, e acerto o motorista, que
acaba morrendo (Homicídio culposo).
Se o resultado pretendido for menos grave e não houver resultado culposo, não será aplicado
o artigo 74, CP.
A doutrina, com razão, tem alertado que se o resultado diverso do pretendido for menos
grave, ou se não existir previsão do delito na modalidade culposa, não será aplicada a regra do
art. 74 do Código Penal, sob pena de a lei penal ser considerada inócua, além de proteger de
forma ineficiente o bem jurídico. Nesse sentido, vejamos a lição de Cléber Masson:
(...) se o resultado previsto como crime culposo for menos grave ou se o crime não
admitir a modalidade culposa, deve-se desprezar a regra contida no art. 74 do Código
Penal. Exemplificativamente, se “A” efetua disparos de arma de fogo contra “B” para
matá-lo, mas não o acerta e quebra uma vidraça, a sistemática do resultado diverso do
pretendido implicaria a absorção da tentativa branca ou incruenta de homicídio pelo
dano culposo. Como no Código Penal o dano não admite a modalidade culposa, a
conduta seria atípica. E, ainda que o legislador tivesse incriminado o dano culposo, tal
delito não seria capaz de absorver o homicídio tentado. Deve ser imputada ao agente a
tentativa de homicídio.
Espécies:
O agente, mediante um só ato, provoca o resultado pretendido, porém, com nexo causal
diverso.
Ex: empurro a vítima do penhasco para que morra afogada, contudo, na queda, esta bate a
cabeça e morre.
Ex: atiro na vítima e, acreditando estar morta, a enterro. Após, descobre-se que morreu de
asfixia pelo soterramento.
Consequências: nas duas espécies, não exclui o dolo e não exclui a culpa, nem isenta o agente
de pena.
Obs. O agente responde com base em qual nexo? 1ª corrente: responde pelo crime
considerando o nexo real, efetivo.
Ex: Homicídio em razão do disparo de arma de fogo 3ª corrente: responde pelo nexo mais
favorável ao agente, em razão do princípio da in dubio pro reo.
No erro de tipo, o agente tem uma falsa percepção da realidade e erra espontaneamente.
No erro provocado por terceiro, alguém provoca o erro no agente (erro não espontâneo).
Ex: médico, com intenção de matar, entrega a enfermeira uma injeção com veneno, que é
aplicada no paciente.
Consequências:
1º) quem determina dolosamente o erro, responde por crime doloso. Quem determina
culposamente o erro, responde por crime culposo.
A) Erro de Subsunção
Ex: Jurado exige valor do advogado para absolver o cliente, não sabe que jurado é funcionário
público por equiparação. Há crime de corrupção passiva.
Consequências: não exclui o dolo e não exclui a culpa, nem isenta o agente de pena.
Existem respeitáveis vozes (ex: Rogério Sanches) que defendendo que esta modalidade de erro
pode gerar a aplicação da atenuante inominada do artigo 66, CP.
Ex: quero matar o servidor público federal, mas, por erro na execução, mato o servidor público
estadual.
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público
federal, quando relacionados com o exercício da função.
O agente possui vontade de cometer o delito, mas, por erro, pratica uma conduta atípica.
Resultado
1º) Naturalístico: É aquele que resulta alteração física no mundo exterior. Ex: morte, lesão,
destruição do objeto
2º) Jurídico: É aquele que resulta lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
3º) Mera conduta: o tipo penal descreve uma mera conduta, sem resultado naturalístico. Ex:
porte de arma, violação de domicílio.
Observação
Nem todos os crimes possuem resultado naturalístico, porém, todos os crimes possuem
resultado jurídico, uma vez que não há delito sem lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
tutelado.
Nexo de Causalidade
Conceito: É a ligação entre a conduta e o resultado naturalístico. Obs. O nexo causal tem
pertinência apenas aos crimes materiais.
Previsão legal
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe
deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
A) Teoria da equivalência dos antecedentes (conditio sine qua non): Considera-se causa a
conduta sem a qual o resultado não teria ocorrido da forma que ocorreu. Considera-se causa
toda e qualquer condição que contribua para a produção do resultado naturalístico. Considera-
se causa todo antecedente físico que tenha contribuído para o resultado. (art. 13, caput, do
CP).
Obs1. Conditio Sine qua non. Toda conduta sem a qual o resultado não teria ocorrido como
ocorreu.
Antecedentes hipotéticos da morte de Beltrano: 1º) Fulano acordou cedo; 2º) comprou a
arma; 3º) comprou a munição; 4º) Almoçou; 5º) Levou os filhos na escola; 6º) compareceu ao
local do crime; 7º) Atirou; e 8º) causou a morte.
Existem críticas doutrinárias que a teoria dos antecedentes causais tem como consequência o
regresso ao infinito, necessitando-se de parâmetros para a adequada imputação do nexo. Ex:
você deu um tiro e a vitima morreu – se deus não tivesse criado o homem, o agente não teria
matado.
Deve-se trabalhar com dois pressupostos: analise de dolo ou culpa na conduta do agente. Ex:
Deus não tinha esta intenção ao criar o homem.
Concausas
Quando há pluralidade de causas que concorrem para o mesmo evento.
Ex: Fulano, com intenção de matar, desfere golpes de faca em Beltrano. Contudo, Beltrano
morre em razão de ter ingerido veneno anteriormente (Causa preexistente absolutamente
independente).
Conclusão: Não há nenhuma relação da conduta do agente com a causa da morte. Portanto,
não se pode atribuir aos golpes de faca a morte da vítima.
Ex: Fulano, com intenção de matar, ministra veneno para Beltrano. Ao mesmo tempo, Beltrano
é atingido por uma bala perdida e morre em razão do disparo (Causa concomitante
absolutamente independente).
Conclusão: Não há nenhuma relação da conduta do agente com a causa da morte. Portanto,
não se pode atribuir ao veneno a morte da vítima.
Ex: Fulano, com intenção de matar, ministra veneno para Beltrano. Posteriormente, mas antes
de o veneno fazer efeito, Beltrano sofre um ataque do coração e morre (Causa superveniente
absolutamente independente).
Conclusão: Não há nenhuma relação da conduta do agente com a causa da morte. Portanto,
não se pode atribuir ao veneno a morte da vítima.
Nas concausas absolutamente independentes jamais o resultado poderá ser atribuído à causa
concorrente, pouco importando se preexistentes, concomitantes ou supervenientes. A
responsabilidade será por crime tentado.
Ex: Fulano, com intenção de matar, desfere um único golpe de faca em Beltrano, o qual é
portador de hemofilia (causa preexistente). Em razão do golpe, aliado ao estado de saúde da
vítima, esta sangra até morrer.
Conclusão: O resultado morte deve ser atribuído à conduta do agente, pois ela contribuiu para
a causação do resultado.
Obs. A doutrina e jurisprudência moderna têm entendido que o resultado morte, no caso do
hemofílico ou similar, só pode ser atribuído ao autor da causa concorrente se este souber que
a vítima era hemofílica, evitando responsabilidade penal objetiva.
Conclusão: O resultado morte deve ser atribuído à conduta do agente, pois ela contribuiu para
a causação do resultado.
1º) "que por si só produziu o resultado" (causa superveniente que produza por si só o
resultado)
O resultado (causa efetiva) sai da linha de desdobramento causal normal da causa concorrente
(evento imprevisível).
Ex: Fulano, com intenção de matar, desfere um tiro em Beltrano. Beltrano vai para hospital,
local onde o teto desabada e cai sobre o seu leito, causando sua morte.
Conclusão: O resultado morte não pode ser atribuído à conduta do agente, pois sua conduta
inicial, embora tenha contribuído para a causação do resultado (se não tivesse atirado não
teria ido ao hospital), a causa determinante saiu da linha de desdobramento causal normal.
2º) "que NÃO por si só produziu o resultado" (causa superveniente que não produza por si só o
resultado)
Conclusão: O resultado morte deve ser atribuído à conduta do agente aliada à causa
concorrente, pois sua conduta contribuiu para materialização do resultado.
O STJ já decidiu o seguinte: "O fato de a vítima ter falecido no hospital em decorrência das
lesões sofridas, ainda que se alegue eventual omissão no atendimento médico, encontra-se
inserido no desdobramento físico do ato de atentar contra a vida da vítima, não caracterizando
constrangimento ilegal a responsabilização criminal por homicídio consumado, em respeito à
teoria da equivalência dos antecedentes causais adotada no Código Penal e da comprovação
do animus necandi do agente." (HC. 42.559/PE).
Obs2. O art. 13, caput, adotou a teoria da conditio sine quo non ou Teoria da equivalência dos
antecedentes, significando dizer que, considera-se causa, a conduta sem a qual o resultado
não teria ocorrido como ocorreu.
Obs3. Teoria da Causalidade Adequada Por sua vez, o art. 13, § 1º, previu a Teoria da
Causalidade Adequada (ou teoria da condição qualificada ou teoria individualizadora), na qual,
entende-se que causa é o antecedente necessário e adequado à produção do resultado.
Portanto, para se atribuir o resultado ao agente, é importante que ele, além de praticar um
antecedente indispensável, também realize uma conduta adequada à sua concretização.
A causa adequada é aferida de acordo com o critério do homem médio e com as regras de
experiência. Para tanto, deve-se excluir os acontecimentos extraordinários, fortuitos,
excepcionais e anormais. Dica: O acontecimento está na linha de desdobramento normal da
conduta?
Quadro comparativo:
Conceito
Obs. O direito penal deve se limitar a proibir ações perigosas, que coloquem em risco os bens
jurídicos tutelados.
Obs2. Risco é toda ação ou omissão que gere possibilidade de lesão ao bem jurídico tutelado.
Prognose (Suposição sobre o que pode acontecer futuramente): refere-se a situação do agente
no momento da ação.
Póstuma (lembrança de uma pessoa que morreu): a aferição será feita pelo magistrado após a
prática do fato;
Objetiva: adota-se critério do homem médio. Ex: filho, com a intenção de matar, manda o pai
viajar de avião com a expectativa de que esse sofra um acidente (não pode ser considerado
causa, pois não criou, nem incrementou um risco proibido).
Se o agente modifica um curso causal de modo que diminua ou melhore a situação da vítima
do perigo, não haverá possibilidade de imputação.
Ex: Fulano empurra Beltrano, que iria ser atropelado por um ônibus. Beltrano cai no chão e
sofre algumas lesões em razão do empurrão (não pode ser considerado causa, pois não criou,
nem incrementou um risco proibido. Melhorou ou diminuiu o risco em relação à situação da
vítima).
A vida em sociedade comporta algumas atividades de risco que não são proibidas pelo direito.
O risco a que se refere a teoria da imputação objetiva é aquele que é proibido pelo Direito, ou
seja, fazendo-se um cotejo entre a atividade desenvolvida e a proteção ao bem jurídico.
Obs1. Se o risco for permitido pelo Direito, pela teoria da Imputação Objetiva, não pode ser
considerado causa.
Obs2. A análise do Risco Permitido deve ser realizado com base no Princípio da Confiança. Ex:
motorista atropela pedestre que atravessou a via preferencial fora da faixa.
Proibido:
3) Proibição de regresso. Cléber Masson explica que: Pela proibição de regresso, não haveria
criação de um risco proibido nos casos em que a ação não dolosa de alguém precedesse a ação
dolosa de um terceiro. Assim, aquele que esquece a sua arma, que vem a ser encontrada por
outrem posteriormente e utilizada para a prática de um crime de homicídio, não seria
responsabilizado.
4) Ações neutras: segundo Luís Greco, “seriam todas as contribuições a fato ilícito alheio não
manifestamente puníveis.”.
Por exemplo, imagine o taxista que, sabendo que o agente está se deslocando para matar a
vítima, mesmo assim realiza a viagem. Ou o padeiro que vende o pão ao infrator sabendo que
ele irá envenená-lo para entregar a vítima. Ou, ainda, o advogado que, no exercício do direito
de defesa, procede à orientação jurídica de seu cliente quando do curso de um delito.
Parte da doutrina3 tem entendido que as ações neutras não criam, nem aumentam um risco
proibido, motivo pelo qual o agente não deve ser considerado causa do empreendimento
delitivo.
C) Risco realizado no resultado
Significa dizer que, além criar ou incrementar um risco proibido, o resultado causado pelo
agente deve estar na linha de desdobramento causal normal de sua conduta.
Se o nexo físico fugir de sua trajetória normal, ele não poderá ser atribuído ao agente. Vamos a
exemplo clássico: imagine que Fulano, com intenção de matar, desfere um tiro em Beltrano.
Beltrano vai para o hospital, local onde o teto desabada e cai sobre o seu leito, causando sua
morte. Pela teoria tradicional, o resultado morte (pelo desabamento) não deve ser atribuído à
conduta do agente, pois, embora tenha tido a conduta inicial de atirar na vítima, a queda do
hospital foge completamente do contexto causal normal, rompendo-se o nexo inicialmente
previsto.
No entanto, apesar de não se poder imputar a ele o resultado, haverá responsabilização penal
pelos atos anteriormente praticados. Assim, responderá pelo homicídio tentado. Para teoria
da imputação objetiva, o raciocínio jurídico é distinto.
Para ela, Fulano, ao atirar em Beltrano, criou um risco proibido. Contudo, o resultado morte
em relação à Beltrano não está dentro do tipo penal, uma vez que a tutela do art. 121 do
Código Penal não é destinada para prevenção e repressão de mortes acidentais (como o
desabamento do hospital), que não se encontram na linha de desdobramento causal normal
da conduta do agente. Portanto, o resultado morte não pode ser atribuído a Fulano. Assim,
responderá pelo homicídio tentado.
Observação Final:
A teoria da imputação objetiva só faz sentido em relação aos crimes materiais, os quais se
exigem resultado naturalístico e que a imputação deve ser cuidadosamente atribuída ao
agente. Não tem cabimento nos crimes formais e de mera conduta, pois nestes inexistem
resultado naturalístico.
2º) Impróprios (ou comissivos por omissão): é a hipótese em que o omitente tinha o dever
jurídico de agir para evitar o resultado, mas não o faz. Portanto, responderá pelo resultado
que deveria ter evitado. Ex: bombeiro que, podendo e devendo, não apaga o fogo da
residência e todos morrem.
Contudo, para fins de responsabilização penal, por uma ficção jurídica, a lei considera existir
um elo entre o omitente e o resultado naturalístico sempre que estiver presente o dever
jurídico de agir, de modo que, havendo dolo ou culpa, responderá pelo resultado (Fernando
Capez).
Tipicidade
Conceito Clássico: tipicidade penal é sinônimo da tipicidade formal, ou seja, a mera subsunção
do fato a norma.
Conceito moderno: tipicidade penal é junção da tipicidade formal e material. Tipicidade Formal
é a subsunção do fato a norma. Tipicidade Material é a relevância da lesão ou perigo de lesão
ao bem jurídico tutelado. Obs. O princípio da Insignificância encontra-se na tipicidade material.
Obs. Para a Zafaroni, a tipicidade penal é junção da tipicidade formal e com a tipicidade
conglobante.
Ex: Oficial de Justiça, mediante auxílio das forças públicas, penhora bens do devedor. 1. Tem
tipicidade formal. 2. Tem tipicidade material. 3. Mas não tem antinormatividade, pois há uma
ordem judicial determinando a penhora.
Para a doutrina clássica e moderna, o Oficial de Justiça é ilícito mas atípico, vez que praticado
no estrito cumprimento de dever legal.
Tipicidade Formal
Espécies:
Iter Criminis
É o caminho do crime.
Iniciada a execução, pode-se ocorre: 1º) Consumação; 2º) Tentativa; 3º) Desistência voluntária
ou arrependimento eficaz.
Obs. Critérios para aferição do início da execução do crime. Ex: homicídio com arma de fogo.
Ex: matar alguém com arma de fogo – quando a bala atinge a vítima.
Obs3. Para parte da doutrina, esta teoria não é adequada, pois o crime começaria antes do
início do verbo nuclear. Ex: matar alguém – com o disparo da arma de fogo inicia-se o crime.
Desse modo, o critério formal não consegue resolver todas a hipóteses de início da execução.
Alguns situação, antes mesmo da realização do verbo, já se pode perceber o início dos atos
executórios.
O início da execução do crime é no momento em que o agente pratica o primeiro ato tendente
a atacar o bem jurídico, criando uma situação concreta de perigo.
O STJ já se utilizou desse critério no Resp 1252779. (Caso em que os furtares já tinham cavado
mais de 70 metros de túnel em direção ao Banco e foram presos faltando 12 metros pra
chegar no cofre da agência).
Critério Objetivo-Individual
Consumação
Considera-se consumado o crime quando se reúnem todos os elementos da sua definição
legal. (art. 14, I, do CP: consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua
definição legal). Ex: a morte.
1º) Crime material: consuma-se com a realização do resultado naturalístico. Ex: homicídio.
5º) Crimes permanentes: tem a consumação prolongada no tempo, até que cesse a conduta do
agente.
6º) Crime Habitual: consuma-se com a reiteração da conduta típica (Ex: casa de prostituição).
7º) Crime Qualificado pelo resultado: consuma-se com a produção do resultado agravador (Ex:
lesão corporal seguida de morte).
8º) Crime omissivo próprio: consuma-se no momento em que o agente deixa de praticar a
conduta imposta pelo tipo penal. Ex: omissão de socorro.
9º) Crime omissivo impróprio (ou comissivo por omissão): consuma-se com a produção do
resultado naturalístico. Ex: bombeiro que deixa de apagar fogo em casa e pessoas morrem.
São os acontecimentos posteriores ao iter criminis. O exaurimento não compõe o iter criminis.
Obs. Pode ser considerado para fixação da pena, nos moldes do art. 59 do Código Penal. Em
outras hipóteses, o exaurimento pode funcionar como qualificadora (Ex: art. 317, § 1º, do CP).
Tentativa
Tentativa (Conatus).
Previsão legal: norma de extensão temporal do art. 14, II, do Código Penal (II - tentado,
quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente).
Elementos da Tentativa: 1º) início da execução; 2º) não consumação por circunstâncias alheias
a vontade do agente; 3º) dolo de consumação; 4º) resultado possível.
É necessário dar inicio a execução, e não consumar o crime por circunstancias alheias a
vontade do agente. Deve haver dolo de consumação, ou seja, o agente quer praticar o crime,
mas não o faz por circunstancias alheias a sua vontade. O resultado deve ser possível (ex: a
vítima não pode estar morta).
2º) Teoria Objetiva. Embora o crime tentado e o crime consumado tenham o mesmo elemento
subjetivo (dolo de consumação - a intenção do agente é consumar o delito), do ponto de vista
objetivo, o crime tentado encontra-se inacabado. Por esse motivo, a pena deve ser suavizada.
Essa é a teoria adotada pelo Código Penal no art. 14, II, do Código Penal (redução de 1/3 a 2/3
da pena).
A mera tentativa já é considerada como consumação (Ex: Evadir ou tentar evadir o preso - art.
352 do CP). Nessas hipóteses, a teoria é a subjetiva.
O critério será: Quanto mais perto da consumação do crime (quanto mais o iter criminis tenha
sido percorrido), menor será a redução da pena.
Na primeira questão houve menor aproximação ao resultado pretendido, logo, maior será o
redutor de pena.
Espécies de tentativa
1º) Tentativa Perfeita ou Acabada, crime falho ou crime frustrado
O agente, embora tenha praticado todos os atos executórios à sua disposição, não consegue
consumar o crime por circunstâncias alheias a sua vontade. Ex: Disparo todos projéteis contra
a vítima e acerto todos. No entanto, ela é socorrida e não morre
O agente, embora ainda tenha meios à sua disposição para continuar executando o crime, é
impedido de prosseguir. Ex: Tenho 10 disparos para efetuar. No quarto disparo, a polícia chega
e me impede de prosseguir.
O resultado não ocorre por circunstâncias alheias a vontade do agente, mas ele é possível de
acontecer.
Obs1. Culpa imprópria Entende-se que é possível a tentativa na culpa imprópria porque a
estrutura do crime é dolosa. A punição se dá por culpa por razões de política criminal. Ex:
Descriminantes putativas.
Crimes que se desenvolvem em um só ato. Não é possível a tentativa porque não é possível
fracionar a conduta.
Não tem se admitido a tentativa porque ou ocorre a reiteração de atos e o crime se consuma
ou não ocorre e o fato é atípico.
Crime de ímpeto é aquele cometido de rompante, sem maiores reflexões, motivado por uma
exaltação momentânea.
Imagine o agente que, num lampejo de ira, com intenção homicida, saca sua arma e dispara
contra a vítima, sendo imediatamente impedida de prosseguir na execução da empreitada.
Estaremos, nesse exemplo, diante uma tentativa de homicídio.
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
Tentativa Abandonada:
É a hipótese em que o agente, embora tenha iniciado a execução do crime, voluntariamente a
abandona. A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são espécies de tentativa
abandonada.
Natureza Jurídica:
A) Desistência Voluntária
É hipótese em que agente, embora iniciada a execução do crime, desiste voluntariamente de
prosseguir nos atos executórios, não ocorrendo a consumação do crime planejado.
Ex: agente ingressa dentro do veículo para furtar o som do carro. Quando consegue
desconectar o aparelho, desiste de levá-lo embora. Ex: agente possui 10 balas na pistola para
matar a vítima. Desfere o primeiro tiro e erra. Após, desiste de prosseguir em seu intento
criminoso.
Obs. Fórmula de Frank: teoria utilizada para distinguir desistência der crime tentado. Na
tentativa o agente quer, mas não pode prosseguir. Na desistência voluntária, o agente pode,
mas não quer prosseguir.
Obs. Voluntariedade A desistência deve ser voluntária e não espontânea. Vale dizer, se a
desistência ocorreu livre de coação. O fato de existir influência externa não desnatura o
instituto, desde que seja voluntária.
Ex: no momento em que o agente vai furtar o som do carro, recebe um telefone da mãe,
dizendo para não praticar o crime (embora não tenha sido espontânea, foi voluntária).
Elementos:
1º) Início da Execução.
Consequências: O agente responde pelos atos até então praticados, não havendo que se falar
em responsabilização por tentativa do crime inicialmente planejado.
Obs. Não se admite desistência voluntária nos crimes unissubsistentes (que não admitem o
fracionamento da execução), pois, realizado o ato, o crime já estará consumado. Portanto, é
impossível desistir de algo que já foi consumado.
Ex: invade casa para roubar, mas vai embora. Responde somente pela invasão de domicilio,
não por roubo tentado.
Arrependimento Eficaz (arrependimento ativo ou resipiscência)
Depois de praticados todos os atos executórios aptos alcançar resultado do delito, o agente se
arrepende e voluntariamente impede que o crime se consume.
Ex: o agente dispara todos os projéteis de sua pistola, os quais acertam a vítima. Após, ele se
arrepende e voluntariamente presta socorro a ela, evitando sua morte.
Obs1. O arrependimento deve ser eficaz. Desse modo, deve o agente evitar a consumação do
delito.
Obs2. O arrependimento eficaz situa-se após a prática dos atos executórios e antes da
consumação.
Obs3. Voluntariedade O arrependimento deve ser voluntário e não espontâneo. Vale dizer, se
o arrependimento ocorreu livre de coação. O fato de existir influência externa não desnatura o
instituto, desde que seja voluntário.
Elementos
1º) Pressupõe o esgotamento de todos os atos executórios;
2º) Só tem cabimento nos crime materiais, pois o tipo penal exige a ocorrência de resultado
naturalístico.
Obs. Não é possível o arrependimento eficaz nas hipóteses de crime de mera conduta, de
crime formal e de crimes unissubsistentes.
Consequências: O agente responde pelos atos até então praticados, não havendo que se falar
em responsabilização por tentativa do crime inicialmente planejado.
Observações finais:
1º) se o arrependimento for ineficaz, o agente responderá normalmente pelo delito, com a
aplicação circunstância atenuante prevista no art. 65, III, "b", 1º parte, do Código Penal.
2º) O art. 10 da Lei do Terrorismo (Lei 13.260/16) prevê a seguinte regra: "Art. 10. Mesmo
antes de iniciada a execução do crime de terrorismo, na hipótese do art. 5o desta Lei, aplicam-
se as disposições do art. 15 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal." O art. 5º se refere a atos preparatórios de terrorismo: "Art. 5o Realizar atos
preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito:".
Ponte de Ouro
Trata-se de espécie de direito premial, delineando-se como um benefício outorgado pela
legislação ao infrator que, voluntariamente, evitou que o resultado de sua ação criminosa se
produzisse.
Diz-se ponte de ouro porque retira o criminoso do âmbito da ilegalidade e o coloca novamente
na seara da licitude.
***Dica: eu me arrependo daquilo que eu já fiz. Eu desisto daquilo que estou fazendo.
Arrependimento Posterior
Previsão legal: Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
Conceito: É a hipótese em que, após consumar o delito, por ato voluntário, o agente repara o
dano ou restitui a coisa com o fim de restaurar a ordem perturbada.
Requisitos:
1º) crime sem violência ou grave ameaça à pessoa Obs. a violência o grave ameaça à coisa não
impede o reconhecimento do benefício.
Obs3. Violência Culposa dirigida à pessoa Situação distinta é a da violência culposa dirigida à
pessoa. Nesta, entende-se possível a aplicação do instituto, pois o art. 16 do Código penal fala
tão só em violência dolosa contra a pessoa. No entanto, é necessário fazer uma importante
ponderação sobre o arrependimento posterior: ele só pode ser reconhecido em delitos
patrimoniais ou com efeitos patrimoniais. Nesse sentido é a posição do Superior Tribunal de
Justiça:
2º) Reparação do Dano ou restituição da coisa Obs. Prevalece na doutrina que a reparação do
dano deve ser integral. Só cabe reparação parcial se houver concordância da vítima.
Obs2. Há precedentes do STF que autoriza o reconhecimento do benefício em caso de
reparação parcial do dano, o que irá interferir no quantum da redução (STF HC 98658/PR).
Ato voluntário
Obs. Não precisa ser espontâneo, bastando que seja voluntário.
Observações finais
1º) Critério para diminuição (1/3 a 2/3):
1º corrente: estende-se o benefício aos demais agentes, tendo em vista que a reparação do
dano é circunstâncias objetiva (STJ Resp 1578197, Rogério Grecco);
2º corrente: não se estende o benefício, pois se trata circunstância pessoal, uma vez que exige
ato voluntário do agente visando reparar o dano.
Se após o inicio da ação penal, enseja redução de pena por atenuante genérica.
"O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia,
não obsta ao prosseguimento da ação penal." Havendo o pagamento antes do recebimento da
denúncia, haverá a extinção da punibilidade. ***Cai muito em prova.
Teorias
1ª) Teoria Sintomática: o agente deve ser punido porque demonstra periculosidade (o agente
é perigoso).
2ª) Teoria Subjetiva: o agente deve ser punido porque teve a intenção de praticar o crime.
3ª) Teoria Objetiva: O agente não deve ser punido porque não apresentou perigo ao bem
jurídico penalmente tutelado.
3.1) Teoria Objetiva Pura: A ineficácia do meio e a impropriedade do objeto podem ser
relativas ou absolutas.
3.2) Teoria objetiva temperada: A ineficácia do meio e a impropriedade do objeto deve ser
absoluta.
Elementos: 1º) início da execução; 2º) não consumação por circunstâncias alheias a vontade
do agente; 3º) dolo de consumação; 4º) resultado absolutamente impossível de ser alcançado
(tiro no morto).
Exemplos:
B) Súmula 567 do STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por
existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna
impossível a configuração do crime de furto.
Quando a pessoa ou coisa são inservíveis para a consumação do delito. Exemplos: desferir
facadas no cadáver.
Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação. pela polícia torna impossível a sua consumação.
Ilicitude
Crime: é fato típico, ilícito e culpável. Adota-se a teoria tripartida do crime.
Por exemplo, se Fulano mata Cicrano em legítima defesa, teremos um fato típico, porém lícito.
Vale dizer, o fato de o agente ter realizado uma conduta lícita não exclui o fato típico, pois são
elementos totalmente independentes. Autores: Beling.
Obs. Inversão do Ônus da Prova Haverá inversão do ônus da prova. Vale dizer, deverá o
acusado provar a presença de uma excludente da ilicitude e não o Ministério Público a sua
ausência. Isso se dá porque, ficando demonstrada a existência de um fato típico, presume-se,
de forma relativa, que aquela conduta também é ilícita. Desse modo, a demonstração de que
se trata de uma conduta permitida compete ao denunciado.
Obs2. Dúvida razoável Não se pode olvidar, também, que o art. 386, VI, do Código de Processo
Penal, incluído pela Lei 11.690/08 dispõe que “o juiz absolverá o réu, mencionando a causa na
parte dispositiva, desde que reconheça: VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou
isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou
mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência”. Portanto, a dúvida razoável sobre a
existência de causas excludentes da ilicitude milita em favor do réu, o que relativiza o ônus
probatório proposto pela teoria da indiciariedade. Autores: Mayer
A ilicitude é a essência da tipicidade, ou seja, não havendo ilicitude, não há que se falar em
fato típico (tipo total do injusto). Para esta concepção, por exemplo, se Fulano mata Cicrano
em legítima defesa, não haverá fato típico, nem ilícito.
Obs. A quem compete a demonstração das causas excludentes de ilicitude? Nesse prisma, do
ponto de vista processual-probatório, cabe ao Ministério Público demonstrar a ausência das
causas excludentes da ilicitude, uma vez que elas se confundem com a própria tipicidade.
Autores: Mezger.
O tipo penal é composto por elementos positivos (aqueles que devem ocorrer para que o fato
seja considerado típico) e elementos negativos (aqueles que não devem ocorrer para que o
fato seja considerado típico). Assim, os tipos penais devem ser assimilados da seguinte
maneira: “tipo penal, desde que não exista uma excludente da ilicitude”. Por exemplo, haverá
o crime de homicídio se o agente praticar a conduta matar e não estiver acobertado por uma
causa excludente da ilicitude.
Existem outras causas legais de exclusão de ilicitude espalhadas pelo ordenamento jurídico,
inclusive na parte especial do Código Penal (Ex: art. 128 do CP - aborto permitido).
Conceito
Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio,
cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Requisitos
1º) Perigo Atual: É o perigo presente, que está acontecendo.
1ª corrente: o perigo atual também abrange o perigo iminente, uma vez que perigo é a
probabilidade de dano. O que não se deve aceitar é o perigo remoto ou incerto.
Obs3. O perigo pode advir de: A) Conduta Humana; B) De um ser irracional; C) Fatos da
Natureza. Ex: cachorro pitbull.
Obs4. O perigo deve ser real. O perigo imaginário não exclui a ilicitude.
2º) Ameaça a Direito Próprio ou Alheio: Pode ser estado de necessidade próprio ou de
terceiro.
Obs. Aquele que causou a situação de perigo culposamente pode alegar estado de
necessidade?
A primeira prevê que o art. 24 só afasta a excludente de ilicitude se a situação de perigo for
causada dolosamente.
Já a segunda posição prevê que o art. 24 afasta a excludente de ilicitude se o agente causar a
situação de perigo por dolo ou por culpa.
4º) Inexistência do Dever Legal de Enfrentar o Perigo: Determinadas pessoas possuem o dever
legal de enfrentar o perigo. Dessa forma, não podem alegar estado de necessidade no
exercício de suas atividades. Ex: bombeiros, policiais.
1º corrente: a expressão dever legal não pode ser estendida a outros deveres. Portanto,
apenas os deveres criados pela lei.
2º corrente: a expressão dever legal pode ser estendida a outros deveres, a exemplo dos
contratuais. Ex: guarda costas, babá.
5º) Inevitabilidade da pratica do comportamento lesivo: é o que a lei prevê como “nem podia
de outro modo do agente). O comportamento do agente deve ser absolutamente inevitável
para salvaguardar o direito, não é o mais cômodo, mas o inevitável. Ex: só uma boia e dois
náufragos.
6º) Inexigibilidade do sacrifício do direito ameaçado (cujo sacrifício nas circunstancias não era
razoável exigir): deve haver proporcionalidade entre o bem protegido e o bem sacrificado.
Teoria diferenciadora: adotada pelo código militar. Para esta teoria, o estado de necessidade
pode ser uma causa de exclusão de ilicitude ou de exclusão da culpabilidade, a depender do
bem protegido e o sacrificado. Se o vem jurídico protegido é de maior valor que o sacrificado,
ex: sacrificou o patrimônio para salvar a vida (maior valor), há exclusão de ilicitude. Se
sacrificou bem de valor igual ou inferior ao bem jurídico sacrificado, há extinção de
culpabilidade.
Teoria Unitária: adotada pelo código penal. Por esta teoria a solução será única, o estado de
necessidade será sempre hipótese de exclusão de ilicitude. O bem jurídico deverá ser de valor
igual ou superior ao bem jurídico sacrificado.
Se o bem jurídico protegido for inferior, aplica-se a redução de pena, de 1/3 a 2/3, prevista no
artigo 24, §2º,CP.
7º) Elemento subjetivo: é necessário que o agente tenha conhecimento de que está atuando
em estado de necessidade, ou seja, imbuído no estado de salvamento.
Agressivo: o agente sacrifica bem jurídico de terceiro, que não causou o perigo.
Legitima Defesa
Artigo 25, CP.
Conceito
Aquele que, usando moderadamente dos meios necessários, repele agressão injusta, atual ou
iminente, a direito seu ou de outrem.
Requisitos
Agressão injusta
Comportamento humano que ataca ou coloca em perigo bem jurídico de alguém, ou seja,
contrário ao direito.
Atenção
E se a agressão for na forma omissiva, pode haver legitima defesa? Sim. Ex: carcereiro que
nega-se a cumprir o alvará de soltura.
O inimputável pode praticar agressão injusta? Sim, mesmo não tendo conhecimento da
agressão injusta, vez que a agressão injusta é analisada de forma objetiva. Não é necessário
conhecimento da agressão injusta pelo agressor.
A agressão injusta não precisa de criminosa, ou seja, corresponder a um crime. Deve ser
necessariamente injusta tão somente.
Atenção: Pretexto de legitima defesa
O agente que provocar outrem, para que tenha justificativa para atacá-lo, não estará protegido
por legitima defesa.
Meios necessários são os que estão a disposição do agente, e que causarão o menor dano.
Uso moderado significa aquele que é suficiente para repelir a injusta agressão.
Elemento Subjetivo
Ex: estou andando na rua e saco a arma e atiro no desafeta. Após matá-lo, descubro que ele
estava armado e em vias de atirar para me matar. Neste caso, como o estado de agressão
injusta iminente era desconhecido, não se aplica o estado de necessidade.
Através destes, aplica-se a legitima defesa no caso de agente de segurança publica que repele
agressão a vitima mantida refém.
Não há mudança a previsão original, dado que desde antes já havia esta hipótese, que foi, tão
somente, explicitada.
Ex: Fulano aponta a arma a Belatrano. Beltrano saca a arma para se defender, mas, ao atirar,
atira em Mévio, terceiro.
1º corrente: não se aplica a excludente da legítima defesa, devendo ser aplicada as regras
sobre o erro. Vale dizer, o agente não responderá, sequer a título de culpa, se o erro for
escusável (Nelson Hungria).
2º corrente: será hipótese de estado de necessidade, pois a reação não atingiu o agressor, mas
sim um terceiro inocente (Aníbal Bruno).
3º corrente: deve ser aplicada a excludente da legítima defesa, aplicando-se as regras do erro
de execução. Vale dizer, considera-se que o fato foi praticado contra o agressor (vítima virtual).
Ou seja, responde como se tivesse acertado a vítima pretendida, sobre a qual estava-se em
estado de legitima defesa. Art. 73 e 20,CP.
Classificações
É possível combinar legitima defesa putativa (injusta) com legitima defesa real.
É possível combinar a defesa putativa (injusta) com a legitima defesa putativa (injusta).
Não é possível combinar legitima defesa real com legitima defesa real.
3. Legitima defesa defensiva: a reação do agredido não constitui fato típico, vez que
imbuído em legitima defesa. Ex: o agredido imobiliza ao agressor.
4. Legitima defesa agressiva: a reação do agredido constitui fato típico. Ex: atirar no
agressor.
5. Legitima defesa subjetiva: hipótese em que, logo após cessada a agressão, o agredido
acredita ainda estar sob injusta agressão, e acaba excedendo sua reação, por erro,
plenamente justificável. Ex: agredido já quebrou a perna do agressor, que movimenta-
se como se fosse levantar novamente para seguir agredindo a vitima, e a vitima, não
sabendo que havia quebrado a perna do agressor, nocauteia-o, novamente.
Na legitima defesa subjetiva existirá necessariamente agressão injusta no primeiro
momento.
Na legitima defesa putativa não haverá agressão inicial, ex: o agressor está com as
mãos no bolso, e o agente acredita estar em perigo iminente.
Trata-se de causa excludente de culpabilidade, em razão da inexigibilidade de conduta
diversa.
6. Legitima defesa sucessiva: ocorre na repulsa contra o excesso abusivo do agente. Uma
legitima defesa sucede a outra. Haverá duas legitimas defesa, uma e depois outra, que
não são simultâneas, mas sucessivas. Lembre-se, não há legitima defesa real
simultânea.
O agente deve ter ciência de que está agindo em estrito cumprimento de dever legal.
Para a teoria da Tipicidade Conglobante, o estrito cumprimento do dever legal não exclui a
ilicitude, mas a tipicidade, pois ainda é um ato normativo.
Requisitos
a) Indispensabilidade
b) Proporcionalidade
c) Conhecimento da situação de fato justificante (tem ciência de que esta agindo em
exercício regular de direito)
Ex: flagrante facultativo, realizado por particular. Pode o particular realizar a prisão quando em
flagrante, conforme art. 301, CP.
Observação: parara a tipicidade congelante, do mesmo modo em que ocorre no caso do estrito
cumprimento de dever legal, como se trata de pratica incentivada pelo Estado, não há
exclusão de ilicitude, mas de tipicidade.
Hipóteses Controvertidas
Intervenções médicas e cirúrgicas
São consideradas exercício regular de um direito, pois é regulamentada pelo Estado (doutrina
tradicional).
Observação: para a teoria da tipicidade conglobante, está diante de exclusão de tipicidade, não
de ilicitude.
Violência desportiva
A violência desportiva é considerada exercício e um direito, desde que o evento danoso seja
resultado da prática regular do esporte.
Observação: para a teoria da tipicidade conglobante, está diante de exclusão de tipicidade, não
de ilicitude, pois trata-se de ato normativo.
Ofendículos
Mecanismos predispostos visíveis que possuem a finalidade de proteção da propriedade ou de
outro bem jurídico. Ex: cerca elétrica, caco de vidro no muro, animal, etc.
Natureza jurídica
1ª Corrente: exercício regular de direito do patrimônio.
Excesso Doloso
O agente de forma involuntária, ou seja, por culpa, excede os meios utilizados para repelir a
injusta agressão.
Consequência: é aplicado conforme erro. Se o erro for evitável, responderá a título de culpa.
Se o erro não for evitável, afasta-se a culpa, não respondendo o agente pelo excesso.
Excesso extensivo
Ocorre depois que cessada a agressão. Em um primeiro momento há legitima defesa, mas após
encerrada a agressão, o agente permanece agindo em sua defesa, o que a torna ilegítima, em
razão do excesso.
Consequência: não responderá pelo que causou no primeiro momento, vez que em legitima
defesa. Quando ilegítima sua ação, responderá pelos crimes causados, com dolo ou culpa, a
depender do caso concreto.
Excesso Intensivo
É o excesso que ocorre quando ainda perduram os pressupostos da causa excludente da
ilicitude. O agente prolonga a defesa por tempo maior que a agressão sofrida, ultrapassando o
limite necessário para repelir a agressão ao bem jurídico, gerando uma reação
desproporcional.
Excesso acidental
Aquele que decorre de fortuito ou de força maior, sendo, portanto, irrelevante penal.
Excesso Exculpante
Aquele que decorre de intenção perturbação de animo do agente.
Nessa hipótese, a conduta inicial do agente esta acobertada normalmente por uma causa
excludente de ilicitude, ou causa justificante, mas no desenrolar dos fatos, o animo do agente
é fortemente alterado, seja por medo ou outro sentimento, sendo retirada a capacidade de
agir racionalmente do agente. Por isso, o agente acaba por se exceder.
Ex: após imobilizar o criminoso, por medo de ser novamente atacado, a vitima dispara contra o
criminoso, e acaba o matando.
Consentimento do Ofendido
É hipótese de causa supralegal de exclusão da ilicitude.
Requisitos
1. O consentimento não pode integrar o tipo penal.
Há tipos penais em que o consentimento integra o próprio tipo, nos quais o
consentimento importa em atipicidade. Ex: estupro.
2. Ofendido capaz de consentir.
3. Consentimento valido
4. Bem disponível
5. Bem próprio.
6. O consentimento deve ser efetivado antes ou durante a execução. Se o consentimento
for após, pode ocorrer a extinção da punibilidade por renúncia ou pelo perdão aceito
em crimes de ação penal privada.
7. Consentimento expresso, embora haja doutrina que admita o consentimento tácito.
Ex: agressões praticadas em relação sexual não implica em lesão corporal ou vias de fato.
Culpabilidade
Conceito
Teoria Tripartida
Terceiro substrato do crime.
Teoria Bibartida
Culpabilidade não faz parte do delito, o que significa que independentemente da
culpabilidade, haverá o crime.
Teorias da Culpabilidade
Teoria psicológica da culpabilidade
Tem bases causalistas – contexto do causalismo.
1) Pressuposto: imputabilidade.
2) Espécie de culpabilidade: dolo e culpa.
Observações:
Por isso, o dolo passa a ser natural, ou seja, despido do elemento normativo “atual consciência
da ilicitude”.
Não é necessário que o agente tenha real e atual consciência da ilicitude, bastando a
possibilidade de conhecê-la, ou seja, potencial consciência da ilicitude.
Por isso, o dolo passa a ser natural, ou seja, despido do elemento normativo “atual consciência
da ilicitude”.
Não é necessário que o agente tenha real e atual consciência da ilicitude, bastando a
possibilidade de conhecê-la, ou seja, potencial consciência da ilicitude.
No caso da teoria da culpabilidade limitada adota-se o erro de tipo quando se fala em dano
putativo.
Elementos da Culpabilidade
Imputabilidade
É a capacidade de imputação, ou sejam a atribuição de capacidade para alguém seja
responsabilidade criminalmente.
Será imputável o agente que, ao tempo da ação ou da omissão, for capaz de entender o
caráter ilícito do fato, e de determinar-se de acordo com este entendimento, além de ter
completado 18 anos.
Sistemas de imputabilidade
Biológico ou etiológico
Leva-se em consideração somente o desenvolvimento mental do acursado,
independentemente de se ter, no momento da conduta, capacidade de entendimento e
autodeterminação. Ex: todo louco é inimputável.
Psicológico
Leva em consideração apenas de o agente, ao tempo da ação ou omissão, tinha capacidade de
entender o caráter ilícito do fato, ou de determinar-se conforme este entendimento.
Hipóteses de Inimputabilidade
1) Anomalia psíquica – art. 26, CP
É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar se de acordo com esse entendimento.
Artigo 26, §único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não
era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
Não se trata de hipótese de inimputabilidade, vez que haverá condenação, podendo o juiz
reduzir a pena, de 1 a 2/3, ou substituir a pena por medida de segurança. Não é possível
aplicar as duas penas, deve ser uma ou outra (sistema unitário ou vicariante). Antes, sob a
égide do sistema do duplo binário, era possível aplicar as duas penas.
É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou
força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento).
Embriaguez é uma intoxicação causada pela ingestão de álcool (o Código Penal equipara o
álcool a substâncias de efeitos análogos. Ex: drogas).
No caso fortuito, o agente desconhece o efeito inebriante da substância. Ex: tomando remédio
que combinado com outro medicamento te deixa embriagado.
Se completa, exclui a capacidade de entendimento, sendo o agente isento de pena – art. 28,
§1º, CP.
Se incompleta, somente reduz a pena, pois reduz a capacidade de entendimento – art. 28, §2º,
CP.
A embriaguez não acidental, seja completa ou incompleta, não isenta o agente de pena.
Pela teoria da Actio Libera in Causa, nas hipóteses em que o agente pratica um delito em
estado de embriaguez completa (estado posterior de inconsciência, decorrente de ingestão
voluntária, culposa ou preordenada de álcool, ou substancia de efeitos análogos, transfere-se a
análise da culpabilidade para o momento antecedente a ingestão destas substancias, a qual foi
livre na causa.
3º) previu, mas acreditava sinceramente que com suas habilidades poderia evitar o crime
(culpa consciente);
4) Emoção e Paixão,
Quando forem patológicas, podem acarretar a inimputabilidade do artigo 26, caput, CP.
Conceito: Hipótese em que o agente possui consciência e vontade de praticar o fato, mas não
possui consciência da ilicitude em relação a esse fato. Não se busca que o agente conheça a lei,
mas sim que tenha condições de entender o que é certo e o que é errado.
O agente quer praticar o fato, tem consciência que está praticando o fato, mas não que o fato
é ilícito. Ex: fabricar açúcar em casa – decreto lei 16/1966.
Espécies:
Hipótese em que a ilicitude é patente. Neste caso repsonde pelo crime normalmente.
Ex de norma de proibição: mãe aborta sem saber que a norma prevê a pratica como proibida.
Ex de norma mandamental: o agente deixa de prestar socorro por não saber que era obrigado
a fazê-lo pela lei.
É possível erro de proibição em relação aos crimes culposos, pois o agente pode errar sobre o
dever objetivo de cuidado.
O agente erra sobre as causas excludentes de ilicitudes, e não sobre a normas proibitivas ou
mandamentais.
Pode ser:
Causas de Exclusão
Previsão legal: art. 22 do Código Penal (Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou
em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é
punível o autor da coação ou da ordem.)
Espécies
Coação Moral Irresistível (vis compulsiva)
Consiste no emprego de grave ameaça contra alguém para faça ou deixe de fazer alguma
coisa.
A) Coagido: pratica fato típico e ilícito, mas afasta-se a culpabilidade (pois não lhe era exigido
conduta diversa).
B) Coator: é hipótese de autoria mediata, tendo em vista que se serve instrumento (coagido)
para praticar o crime. Haverá responsabilização pelo crime praticado pelo coagido, com a
agravante prevista no art. 62, II, do Código Penal. Responderá, também, pela coação (pelo
crime de constrangimento ilegal ou pelo crime de tortura, se houver sofrimento físico e
mental).
Ex: Fulano coage Beltrano de forma irresistível para matar Cicrano. Beltrano, diante da coação
moral irresistível, o faz:
1. Fulano responderá pelo crime de homicídio na condição de autor mediato e pelo crime de
tortura para prática de crimes (art. 1, I, "B", da Lei 9.455/97)
Observação: Temor Reverencial, como medo dos pais. Não é hipótese de coação moral
irresistível.
Obediência Hierárquica
Deve haver ordem de superior hierárquico, que trata-se da manifestação de vontade do titular
de uma função pública, que lhe é subordinado, no sentido de que realize uma conduta.
Observação: essa dirimente não abrange outra espécie de hierarquia, seja família, eclesiástica
ou na iniciativa privada. Relaciona-se somente às funções públicas.
A ordem não poderá ser manifestamente ilegal, haja vista que, neste caso, o subordinado não
deverá cumpri-la. Caso o faça, será punido, mas com atenuante de pena.
Cláusula de Consciência
Aquele que por motivo de consciência ou crença, praticar delito, desde que não ofenda diretos
fundamentais, estará isento de pena.
Desobediência civil
Atos de rebeldia, que possuem a finalidade de mostrar publicamente a injustiça da lei,
chamando atenção do legislador para modifica-la.
Conflito de deveres
Quando dois deveres estão em conflito, busca-se evitar um mal maior.
Ex: empresário em crise deixa de recolher contribuições para poder pagar seus funcionários.
Coculpabilidade
É a parcela de culpa do Estado na pratica do crime.
Natureza Jurídica
Há duas teorias
“Não se pode premiar aqueles que não assume a responsabilidade social, e fazem do crime
seu meio de vida”, STJ, HC 213.482.
Atenuante Inominada
Art. 66, CP.
Reprimenda imposta às pessoas com alto pode econômico e social: As penas aos criminosos do
colarinho branco são muito brandas.
Tipificação de crimes somente à pobres: Existem a tipificação de delitos que somente serão
praticados por pessoas marginalizadas, a exemplo a contravenção penal de vadiagem e a
revogada de mendicância.
Natureza Jurídica
Circunstância judicial desfavorável
Como é vedada a analogia em malam parte, não é possível aplicá-la como agravante, contudo,
é possível a exasperação da pena base, conforme artigo 59, CP, sendo valorada como
circunstância judicial desfavorável.
Classificação
Crime Monosubjetivo
Aqueles em que em regra são cometidos por uma única pessoa, mas podem ser praticados por
um número plural de pessoas. Ex: homicídio.
Pode ser aplicado à ele a regra do artigo 29, CP, que prevê o concurso de pessoas.
Não se aplica a regra do artigo 129, CP, pois a pluralidade de agentes é integrante do tipo
penal.
Nos crimes plurisubjetivos, admite-se a existência de um único individuo culpado, podem os
demais enquadrarem-se em categoria diversa. Ex: Associação criminosa de indivíduos, sendo
somente 1 maior de idade.
Requisitos
1- Pluralidade de agentes;
2- Relevância causal das condutas para produção do resultado, ou seja, é necessário que
a ação dos concorrentes seja relevante para a empreitada criminosa, para que o delito
ocorra da forma que realmente ocorreu;
Observação 1: Não pode ser considerado concorrente do delito quem tem atitude negativa, ou
seja, aquele que não deu causa ao crime ou não desempenhou conduta relevante sem a qual o
crime não teria ocorrido como ocorreu. A doutrina conceitua isso como participação inócua.
Exemplo: quatro agentes, sendo 1 que faz a segurança do banco, 1 impunha a arma, 1 subtrai,
e o outro espera no carro esperando para dar fuga. Qual comete o crime de roubo? Todos,
haja vista que tiveram conduta relevante para a pratica do roubo, cada qual com função
distinta, mas que se deu antes da consumação. Esse é o entendimento dos Tribunais
Superiores.
Observação 1: Se não houver vinculo subjetivo, não há que se falar em concurso de pessoas.
Sem o vinculo subjetivo, haverá vários crimes simultâneos, caracterizando autoriza colateral.
Observação 2: Não exige acordo de vontade (Pactum Sceleris), basta a mera vontade de
participar e cooperar para a ação de outrem (Cientia Sceleris).
Se existir pluralidade de agentes concorrendo para o mesmo evento, mas sem o liame
subjetivo, não haverá concurso de agentes, podendo existir autoria colateral ou autoria
incerta.
Autoria Colateral é a hipótese em que, existindo dois agentes que, embora convergindo suas
vontades para a prática de determinado fato criminoso, não atuam unidos pelo mesmo liame
subjetivo. Ex: Fulano está escondido atras do carro, esperando Ciclano passar. Beltrano está
atras do prédio, esperando Ciclano passar. Ambos querem matar Ciclano. Porém, um não sabe
as intenções do outro. Fulano passa, e ambos atiram. Descobre-se que o tiro que matou
Ciclano foi da arma de Beltrano. Desse modo, embora convirjam suas condutas, não cooperam
para o fato delitivo. Por isso, Beltrano responde por homicídio consumado, enquanto Fulano
responde por homicídio tentado. Se estivessem ligados pelo liame subjetivo, ambos
responderiam por homicídio consumado.
Autoria incerta é uma hipótese de autoria colateral, contudo, não se sabe qual das condutas
gerou o resultado. No exemplo acima, ambos atiram, mas não é possível definir qual bala
matou Ciclano. A consequência é que ambos respondem por tentativa de homicídio. Se não é
possível determinar quem matou Ciclano, ambos respondem por crime tentado. Se houvesse
liame subjetivo, ambos respondem por homicídio consumado.
4- Unidade de Infração Penal para todos os agentes: o artigo 29 prevê que quem
concorre para o crime, responde pela pena a estes cominadas, na medida de suas
culpabilidades.
Exemplo: A e B querem matar C. A segura C, e B espeta a faca. Como respondem pelo crime?
Teoria dualística ou dualista: há dois crimes, sendo que os coautores repsonderão por um e os
participes por outro.
Autoria
O conceito de autor depende da teoria adotada.
Teorias
Teoria Restritiva
Aquele que pratica a teoria descrita no tipo penal. É a que prevalece.
Ex: cara que conversou com político sugerindo a corrupção; terceiro que entrega mala de
dinheiro. Ambos são corruptos embora não pratiquem ambos a ação típica descrita no tipo.
Observações
A teoria Funcional do fato somente se aplica para crimes dolosos. Segundo Roxim, a teoria do
domínio final do fato não se aplica aos crimes funcionais, culposos, comissivos por omissão e
de mão própria, porque nestes casos o agente não teria o domínio final do fato, ou seja, o
poder para decidir sobre a realização do fato.
Coautoria
O conceito dependerá da teoria adotada.
Teorias
Teoria Restritiva
O coautor é a pluralidade de agentes realizando a teoria nuclear.
Teoria Extensiva
Pluralidade de agentes concorrendo para a prática da teoria nuclear.
Coautoria Sucessiva
Em regra todos os coautores devem iniciar juntos a pratica da empreitada criminosa. Mas, é
possível que um ou alguns adiram a prática após o início da pratica criminosa, unindo sua
vontade a dos demais. Isso é coautoria sucessiva.
Isso porque, pela regra do artigo 30, CP, se conhecidas, as elementares do tipo se comunicam.
Ex: funcionário público e particular, sabedor da característica de funcionário público, praticam
peculato.
É possível coautoria? Não se tem admitido coautoria, vez que o próprio tipo penal indica quem
pode praticar a coautoria.
Contudo, o STF já admitiu a teoria do domínio funcional do fato em crime de falso testemunha,
na hipótese em que o advogado instruiu a testemunha a mentir, embora este seja um crime de
mão própria.
Executor de Reserva
É o agente que acompanha, de maneira presencial, a execução do delito, estando de reserva,
para que, se preciso for agir para a execução do delito.
1ª Corrente: admite-se coautoria em crimes omissivos, sem eles próprios ou impróprios. Ex:
duas pessoas, vendo pessoa necessitada, decidem, de comum acordo, não prestar auxílio.
2ª Corrente: Não é possível coautoria em crimes omissivos de qualquer natureza, pois cada um
dos sujeitos possui seu dever de agir, de forma individual, indivisível e indelegável.
Ex: coação irresistível a terceiro para a pratica de um crime – aponta arma na cabeça do filho
de Fulano e exige que este assalte banco.
Inimputabilidade do executor.
Coação moral irresistível;
Obediência hierárquica;
Erro de proibição inevitável;
Erro de tipo inevitável provocada por terceiro – ex: medico querendo matar o
paciente, entrega seringa para enfermeira aplicar no paciente;
Erro de tipo evitável praticada por terceiro.
Autoria Mediata
Trata-se de hipótese especial de autoria mediata, vez que pressupõe estrutura de poder
determinando a execução de um crime.
Estes funcionário não são consideradas meras ferramentas, pois há relação de subordinação,
sendo os soldados dotados de culpabilidade.
Participação
Conceito
Aquele que não realiza diretamente a conduta, e não tem domínio final do fato. Concorre para
o crime induzindo, instigando ou auxiliando o autor.
Formas de Participação
Indu,zimento (participação moral)
Cria a ideia na mente do autor, que não tinha pensado em cometer o delito.
Teorias da Participação
Teoria da Acessoriedade
Sendo a participação de menor importância, poderá a pena ser reduzida de 1/6 a 1/3. Ou seja,
trata-se de hipótese de diminuição de pena.
Essa causa de diminuição de pena pode ser aplicada a autores e participes? Não!! Somente aos
participes. Não se aplica ao autor.
Se algum dos concorrentes praticar crime menos grave, será aplicada a ele este crime.
Contudo, será aumentada a pena deste a metade, se previsível o resultado mais grave.
Ex: Fulano e Beltrano vão furtar uma casa. Beltrano leva faca, sem o conhecimento de Fulano.
Entrando na casa, Beltrano esfaqueia o dono da casa. Neste caso, Fulano responde por furto, e
Beltrano por roubo.
Ex: Fulano sabe que Beltrano esta armado, para que seja usada, caso necessário. Ambos
querem o furto. Em caso de roubo, Fulano responderá pela pratica de furto, com aumento de
pena até a metade.
Se o crime mais grave era previsível, e o resultado aceito como possível pelo agente, por ele
responderá, uma vez que há o dolo eventual. É o exemplo acima, mas no qual Fulano aceitava
como possível a ocorrência do roubo como possível para levar os bens da casa.
Crime formal: o tipo penal descreve tanto uma conduta quanto um resultado naturalístico.
Contudo, o resultado não é necessário para a consumação, que se consuma com a realização
da conduta. Se houver o resultado é mero exaurimento da conduta delitiva. Ex: Extorsão.
Crime de mera conduta ou de mera atividade: o tipo pebal descreve somente a conduta, sem
resultado naturalístico. Ex: porte de arma.
Mão Própria: de conduta infungível, aquele que a execução do delito não pode ser
terceirizada. O agente deve executar o crime por suas próprias mãos. Ex: falso testemunho.
Bi próprio: exige uma qualidades especial tanto do agente como da vítima. Ex: Art. 123, CP –
Infanticídio – parturiente em estado puerperal e nascente ou neonato.
Crime de perigo: a consumação se contenta com a mera exposição do bem a uma situação de
perigo. Subdividem-se em:
Perigo abstrato: perigo é presumido pela própria lei. Ex: crime de drogas.
Perigo concreto: o tipo penal descreve conduta perigosa, que deve ser provada,
demonstrando risco à pessoa certa e determinada. Art. 133, CP – Abandono de
incapaz.
Perigosidade real: o tipo penal descreve conduta perigosa que seve der provada, mas
não à pessoa certa e determinada. Ex: art. 309, CTN – dirigir carro sem habilitação.
Crime culposo: o agente não quis produzir o resultado, mas, em razão de conduta leviana, ou
seja, imprudente, imperita ou negligente, que lhe era prevista ou previsível, acaba praticando.
Crime preterdoloso: pratica crime com dolo em conduta inicial, e culpa na conduta ocorrida.
Sobrevém resultado mais gravoso que o protendido. Ex: lesão corporal com resultado de
morte – art. 129, §3º, CP.
Crime omissivo: decorre do não fazer do agente. No crime omissivo próprio, a omissão é
descrita no próprio tipo penal, ex: omissão de socorro – art. 135, CP. No crime omissivo
improprio, comissivos por omissão ou omissivos impuros, o omitente tem o dever jurídico de
evita o resultado.
Crime de conduta mista: o tipo penal prevê uma omissão e uma ação. Ex: art. 169, CP –
apropriação de coisa achada, no qual o agente encontra a coisa, a guarda consigo e depois
deixa de restitui-la a seu dono.
Crime de forma livre: pode ser praticado por qualquer forma de execução. Ex: homicídio.
Crime de forma vinculada: o tipo prevê a forma de execução do crime. Ex: curandeirismo – art.
284, CP.
Crime consumado e crime tentado
Crime consumado: reúne todos os elementos da sua definição legal – art. 14, I, CP.
Crime tentado: não se consuma por circunstâncias alheias a vontade do agente – art. 14, II, CP.
Crime permanente: se protrai (prolonga) no tempo. Ex: sequestro – pode ser preso em
flagrante a qualquer momento da execução do delito.
**Atenção para o caso Daniel Silveira, que gravou vídeo e o publicou na internet, insultando a
suprema corte. Embora seja crime instantâneo de efeito permanente, o STF indicou que seria
crime permanente, para prende-lo em flagrante.
Crime a prazo: a consumação depende da fluência de certo prazo temporal. Ex: Lesão corporal
grave - Art. 129, I, CP – necessário que a vitima fique pelo menos 30 dias para a execução de
suas atividades habituais.
Complexo: ofende mais de um bem jurídico, decorrente da fusão de dois ou mais ttipos penais.
Em sentido estrito é a função de dos , tipos penais – Ex: Fusão do artigo 155 e 146, CP gera o
artigo 157, CP.
Em sentido complexo é a fusão de uma conduta lícita com um ou mais tipos penais. Ex:
estupro: une relação sexual e constrangimento ilegal.
Crime privilegiado: diminuição da pena mínima e da pena máxima, que suaviza a situação;
Crime Plurisubjetivo de condutas paralelas: todos os indivíduos dirigem sua conduta para um
fim comum. ex: 288, CP – associação criminosa.
Crime Plurisubjetivo de condutas contrapostas: umas contra as outras. Ex: crime de rixa – art.
137, CP.
Crime pluriofensivo: viola mais de um bem da vida. Ex: latrocínio – patrimônio e vida.
Crimes transeuntes ou de fato transitório são aqueles que não deixam vestígios e, por essa
razão, não necessitam de realização de exame de corpo de delito, a exemplo da ameaça e
injúria verbal.
Crimes não transeuntes ou de fato permanente são aqueles que deixam vestígios e, portanto,
necessitam de realização de exame de corpo de delito, a exemplo do homicídio. Nos termos do
art. 167, do Código de Processo Penal, não sendo possível o exame de corpo de delito, por
haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Crime habitual
Crime habitual é aquele que se consuma com a reiteração da conduta típica. A prática de
apenas um ato não é apto a configurar o delito, dependendo da demonstração de que a
prática criminosa ocorra de forma perene, a exemplo do delito de casa de prostituição (art.
229 do Código Penal).
Crime multitudinário
São aqueles praticados por uma multidão delinquente, geralmente em contexto de tumulto.
Crimes acessórios ou delitos parasitários são aqueles que, para sua ocorrência, dependem da
existência de um delito anterior. Por exemplo, o ilícito do art. 180, do Código Penal exige que o
agente adquira, transporte, conduza ou oculte coisa que sabe ser produto de crime. Da mesma
forma, o delito de lavagem de dinheiro descrito no art. 1º, da Lei 9.613/98, com redação dada
pela Lei 12.683/12.
Crime exaurido
É aquele que, depois de realizada a consumação, o agente continua a agredir o bem jurídico
tutelado, levando a consequências mais graves. Por exemplo, depois de realizar o furto, o
indivíduo vende o bem a terceiros. A venda é mero exaurimento do crime de furto.
Eugênio Pacelli e André Callegari lembram que: O exaurimento, com a consequente produção
do resultado mais lesivo, poderá ser levado em consideração pelo julgador no momento da
aplicação da pena. Além disso, nos casos de exaurimento, ainda é possível a participação
criminal do sujeito que colabora após a consumação pelo mesmo delito praticado
anteriormente. A regra é que, após a consumação, toda e qualquer colaboração tipifique crime
autônomo, isto é, outro delito. A exceção é o caso do exaurimento. Assim, aquele que após o
sequestro da vítima, sem ter uma participação do arrebatamento desta, vem a saber do
ocorrido e do cativeiro e se oferece para negociar o resgate, também responde pelo delito já
consumado de extorsão mediante sequestro.
Crime gratuito
É aquele praticado sem motivo conhecido. Todo crime possui uma motivação, contudo, por
vezes, não é possível identificá-lo no caso concreto.
O crime gratuito não se confunde com o motivo fútil, pois, neste, o motivo é conhecido e é
considerado desproporcional, ínfimo, de menor importância.
Crime profissional
O agente se utiliza da sua profissão para alcançar o objetivo criminoso.
Crime de ímpeto
É aquele praticado de rompante, sem premeditação, decorrente de uma reação emocional
súbita, a exemplo do homicídio privilegiado cometido sob o domínio de violenta emoção. 10.5.
Crimes no trânsito são aqueles praticados na condução de veículo automotor. No entanto, não
encontram previsão no Código de Trânsito Brasileiro. Pode-se mencionar o exemplo do agente
que, na condução de veículo automotor, atropela seu desafeto dolosamente. Nessa hipótese,
incidirá no artigo 121, do Código Penal, uma vez que o Código de Trânsito não prevê homicídio
doloso na direção de veículo automotor (tipifica apenas o culposo).
Nesse sentido, Guilherme de Souza Nucci faz uma importante observação: [...] Não se admite a
nomenclatura de crime de trânsito para o crime de dano, cometido com dolo. Portanto, aquele
que utiliza seu veículo para, propositadamente, atropelar e matar seu inimigo comete
homicídio – e não simples crime de trânsito. [...]
Por crime em trânsito ou em circulação deve ser entendido o delito que abrange mais de um
país, sem, contudo, atingir bens jurídicos em um ou mais países, a exemplo da droga que é
levada do Brasil para os Estados Unidos, passando pela Colômbia.
Crime subsidiário
O crime será subsidiário quando o fato não se amoldar a crime mais grave. Por exemplo, se
não ficar demonstrada a violência ou grave ameaça para realização da subtração no crime de
roubo, remanescerá, subsidiariamente, o furto.
Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado é aquele que o tipo penal prevê uma
multiplicidade de condutas nucleares, a exemplo do tráfico de drogas, que possui vários verbos
no tipo.
Crime vago
É aquele praticado contra um ente despido de personalidade jurídica, a exemplo da família,
sociedade, coletividade. Ex: tráfico de drogas, em que a vítima é a coletividade.
Crime internacional
É aquele que por tratado ou convenção internacional (devidamente incorporado ao
ordenamento jurídico), o Brasil se comprometeu em punir, tal como o tráfico de pessoas (art.
149-A do Código Penal).
Crimes funcionais
São aqueles praticados por funcionários públicos, conforme conceito do art. 327, do Código
Penal.
Crimes funcionais próprios são aqueles que a elementar funcionário público é fundamental
para existência do crime. Se ela não existir, a conduta será atípica. Ex: prevaricação.
Crimes funcionais impróprios são aqueles que a elementar funcionário público não
descaracteriza a existência do crime. Ocorre que, sem a sua presença, o delito passa a ser
outro. Por exemplo, no crime de peculato (furto ou apropriação praticado por funcionário
público), caso não seja praticado por funcionário público, a conduta ainda será criminosa, mas
tipificada no art. 155 ou 168, do Código Penal.
Trata-se de criação italiana (por Vicenzo Manzini), todavia, não encontrou eco na doutrina
brasileira.
Crime falho
É sinônimo de tentativa perfeita ou acabada. Nessa modalidade, o agente pratica todos os atos
executórios que estão à sua disposição para consumação do delito, mas, por circunstâncias
alheias à sua vontade, o crime não se consuma.
Quase-crime
É sinônimo de crime impossível (art. 17 do Código Penal).
Crime inominado
É aquele que ofende regra ética ou cultural reconhecidas pelo Direito Penal, todavia, não estão
previstos em lei como infração penal. Não são admitidos, por violação ao princípio da
legalidade.
Crimes hediondos
São aqueles elencados no art. 1º da Lei da 8.072/90. Lembre-se que o ordenamento jurídico
brasileiro adotou o critério legal para definição de crime hediondo. Assim, somente os delitos
etiquetados em lei como hediondos é que possuem esse status.
Crime de expressão
É aquele que se caracteriza pela atividade intelectiva do autor, que recebe a informação, a
processa, retransmitindo-a de forma inverídica, a exemplo do crime de falso testemunho (art.
342 do Código Penal – falso testemunho).
Crime independente
É o crime que não possui ligação com nenhuma outra infração penal.
Crime conexo
É aquele que possui ligação com outras infrações penais.
Exemplos: toque do ginecologista na realização do diagnóstico, que pode configurar mero agir
profissional ou então algum crime de natureza sexual, dependendo da tendência (libidinosa ou
não), bem como as palavras dirigidas contra alguém, que podem ou não caracterizar o crime
de injúria em razão da intenção de ofender a honra ou de apenas criticar ou brincar.
Crime de acumulação
É aquele que, se considerada apenas uma conduta, aparentemente, não há lesão ao bem
jurídico tutelado. Contudo, a sua lesividade decorre do acumúlo de várias condutas análogas.
Por exemplo, a pesca ilegal de apenas um peixe, a princípio, não se verifica dano. Todavia, se
várias pessoas pescarem um peixe ilegalmente, haverá lesão ao bem jurídico.
Crime obstáculo
Crime obstáculo é aquele que tipifica atos preparatórios, que, normalmente, não são punidos,
a exemplo do delito de associação criminosa (art. 288 do Código Penal).
Crime putativo
É a hipótese em que o indivíduo acredita estar praticando um delito, quando, na verdade, está
realizando um fato atípico. Por exemplo, o agente vende talco, acreditando ser droga.
Crime de catálogo
É aquele passível de apuração por intermédio de interceptação telefônica, observando os
requisitos da Lei 9.296/96.
Crime remetido
Crime remetido é aquele que faz referência a outro delito, que passa a integrá-lo, a exemplo
uso de documento falso: Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados,
a que se referem os arts. 297 a 302.
Crime parcelar
É aquele que integra a cadeia de delitos que compõe o crime continuado. 10.30. Crimes de
responsabilidade.
Não tem natureza jurídica de infração penal, mas sim de uma infração política-administrativa
(art. 52, I e II, CF/88).
Crime de impressão
São aqueles que despertam determinado estado de ânimo na vítima, podendo ser dividido em:
(1º) crime de sentimento: é aquele que afeta as emoções da vítima, a exemplo da injúria; (2º)
crime de inteligência: é aquele que é praticado mediante engano da vítima, a exemplo do
estelionato; (3º) crime de vontade: é aquele que recai sobre a autodeterminação da vítima, a
exemplo sequestro e cárcere privado (art. 148 do Código Penal).
Crime de hermenêutica
É aquele que visa criminalizar a interpretação da norma jurídica. Tal delito não é admitido em
nosso ordenamento jurídico. O art. 1º, § 2º, da Lei 13.869/19 dispõe que “a divergência na
interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade.”
Tal nomenclatura foi utilizada por ocasião do julgamento da Ação Penal 470 (Mensalão).
Crimes falimentares
São os previstos na Lei de Falência (Lei 11.101/05).
Crime de olvido
Crime de olvido são os crimes de esquecimento.
Olvido deriva de “olvidar”, que significa esquecer. Assim, crime de olvido diz respeito aos
crimes omissivos impróprios, impuros ou comissivos por omissão, quando praticados a título
culposo.
Vale dizer, o indivíduo, por negligência, “esquece” o dever jurídico de agir (art. 13, § 2 º, do
Código Penal), acarretando o resultado naturalístico. Por exemplo, o salva-vidas que resolve
dormir um pouco durante o expediente e não evita o afogamento do banhista. Ou, ainda, o pai
que esquece seu filho recém-nascido dentro carro e vai ao supermercado e, quando retorna, a
criança está morta em razão do calor, que a asfixiou.
Crime de greve
É aquele praticado durante a paralisação dos empregados.
Crime de lockout
É aquele praticado durante a paralisação do empregador.
Crime achado
Crime achado é uma expressão utilizada pelo ministro Alexandre de Moraes para designar o
encontro fortuito de prova, também conhecido como serendipidade.
Vejamos o posicionamento do Supremo Tribunal Federal: (...) O Colegiado afirmou que a
hipótese dos autos é de crime achado, ou seja, infração penal desconhecida e não investigada
até o momento em que se descobre o delito. A interceptação telefônica, apesar de investigar
tráfico de drogas, acabou por revelar crime de homicídio. Assentou que, presentes os
requisitos constitucionais e legais, a prova deve ser considerada lícita. Ressaltou, ainda, que a
interceptação telefônica foi autorizada pela justiça, o crime é apenado com reclusão e inexistiu
o desvio de finalidade. (...) HC 129678/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, 13.6.2017. (HC-129678)
Crime político
É aquele que viola a segurança interna ou externa do Estado, a exemplo dos antigos crimes
contra a segurança nacional (antiga Lei n.º 7.170/83).
Crimes aberrantes
Englobam a aberratio causae (erro sobre o nexo causal), a aberratio ictus (erro na execução) e
a aberratio delicti (resultado diverso do pretendido), todos espécies de erro acidental.
Crime Organizado
É aquele cometido por intermédio de organização criminosa que, segundo o art. 1º, § 1º, da
Lei 10.850/13, é “a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta
ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais
cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.”
Crime Cibernético
É aquele praticado por intermédio da rede mundial de computadores ou de uma rede pública
ou privada de computadores. Classificam-se em próprios ou impróprios.
Crime Cibernético impróprio, por sua vez, é a hipótese em que o meio virtual é utilizado como
uma das formas de execução do delito. Por exemplo, calúnia veiculada na internet. A calúnia
pode ser realizada por vários meios, dentre eles, pela rede mundial de computadores.
Crimes Militares
Antes da Lei 13.491/17, a doutrina costumava conceituar os crimes militares da seguinte
maneira: (1º) Crimes militares próprios: aqueles previstos exclusivamente no Código Penal
Militar (art. 9º, II do CPM), uma vez que violam tão somente as instituições militares ou valores
militares. Ex: deserção (2º)
Crimes militares impróprios: aqueles que estão previstos tanto no Código Penal Militar quanto
na legislação comum, a exemplo do homicídio, furto, roubo, etc.
Contudo, com a entrada em vigor da Lei n.º 13.491/1712, o panorama foi alterado, em razão
das substanciais inovações trazidas, em especial no art. 9º, II, do Código Penal Militar. A nova
lei, dentre outras, trouxe as seguintes modificações no referido dispositivo:
Percebe-se que o novel diploma acrescentou a expressão “e os previstos na legislação penal”.
Sendo assim, houve uma ampliação da competência da Justiça Militar, tendo em vista que,
antes da Lei n.º 13.491/17, eram considerados crimes militares somente aqueles previstos no
Código Penal Militar. Com a vigência do mencionado diploma legal, para além dos crimes
previstos no Código Penal Militar, os crimes previstos na legislação penal (ou seja, qualquer
outro crime existente no ordenamento jurídico) podem ser considerados crimes militares,
desde que preenchidas as condições descritas nas alíneas do inciso II, do art. 9º.
O art. 9º, II, do Código Penal Militar traz as seguintes condições nas quais o crime deve ser
praticado para se definir se é ou não de natureza militar. Vejamos:
Assim, diante dessa nova sistemática, é necessária uma releitura do conceito de crime militar.
Rogério Sanches ensina que: Atualmente, no entanto, a definição deve ser diversa,
especialmente no que concerne ao crime militar impróprio. Crime militar passa a ser o delito
pratica por militar. Pode ser próprio, porque definido apenas no Código Penal Militar (como a
deserção), ou impróprio, porque definido também no restante da legislação penal (como o
furto) ou somente nela, legislação não militar (como a tortura, lavagem de capitais,
organização criminosa etc.).
Rodrigo Foureaux, em artigo publicado sobre o tema, traz alguns exemplos de crimes militares
após a entrada em vigor da Lei n.º 13.491/17. Como exemplo, podemos citar: a) crime de
disparo de arma de fogo praticado por militar em serviço; b) crime de tortura praticado por
policial militar em serviço ou em razão da função; c) crime de abuso de autoridade praticado
por militar em serviço; d) assédio sexual; e) crime de possuir imagens de crianças e
adolescentes em situações pornográficas, quando os militares a obtiverem em razão do serviço
e tenham essas imagens não com a finalidade de comunicarem a autoridade competente.
Portanto, qualquer crime previsto na legislação penal brasileira, quando praticado nas
hipóteses descritas no art. 9º, II, do CPM, atrai a competência da Justiça Militar. Deve, no
entanto, ser ressalvada a hipótese de crime doloso contra a vida quando a vítima for civil, que
permanece sendo julgado pelo Tribunal do Júri, nos moldes do art. 125, § 4º, da Constituição
Federal. Nessa senda, como explica Rodrigo Foureaux, os processos em trâmite na Justiça
Comum que versem sobre as situações descritas no art. 9º, II, do CPM, devem ser remetidos
imediatamente à Justiça Militar para o prosseguimento do julgamento, exceto aqueles que já
foram julgados, observando a regra processual disposta no art. 2º do Código de Processo
Penal. Vejamos: Em se tratando de competência, quando há alteração da competência
absoluta, como é o caso, por se tratar da matéria (crime militar), os autos devem ser remetidos
imediatamente ao juízo competente (art. 43 do CPC c/c art. 3º, “a”, do CPPM), salvo se já
houver sentença.
Assim, todos os processos no país que estejam tramitando na Justiça Comum, quando tiverem
sido cometidos por militares em uma das hipóteses do inciso II do art. 9º, do Código Penal
Militar devem ser remetidos, imediatamente, à Justiça Militar. Caso o processo já esteja
sentenciado, o recurso a ser interposto deverá seguir a competência já disposta. Isto é, se
houver sentença proferida pela Justiça Comum, o recurso deverá ser interposto para o
Tribunal de Justiça comum.
Essa observação se faz necessária somente para os Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio
Grande do Sul, pois possuem Tribunal de Justiça Militar. Nos demais estados o recurso a ser
interposto já será para o Tribunal de Justiça comum.15 Ademais, a Súmula 90 do Superior
Tribunal de Justiça encontra-se ultrapassada, uma vez que não haverá mais crime comum
simultâneo ao militar, eis que ambos serão considerados infrações penais militares, já que
praticados no mesmo contexto fático.
Sanção é gênero, no qual há duas espécies: Pena (agente culpável) e medida de segurança
(agente inculpável mas perigoso).
Teorias da Pena
Teorias Absolutas ou retributiva
Pena entendida como retribuição ao mal praticado pelo agente. Ou seja, o agente deve ser
punido para que não fique impune
Esta teoria não se preocupa com a readaptação social do infrator. . A pena é castigo.
Teoria Relativa
A finalidade da pena é prevenir a prática de delitos, como forma de proteção ao bem jurídico
tutelado. Trabalha com prevenção, que pode ser geral ou especial.
Teoria Unificadora
É a adotada no CP, art. 59.
A finalidade da pena é retribuir o mal causado pelo agente, desestimular a sociedade de forma
geral a não delinquir, e, também, evitar que o condenado pratique novos crimes.
Princípios da Pena
Princípio da Legalidade
Previsto no Art. 5º, XXXIX, CF e Art. 1º, CP.
Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
A pena deve estar prevista em lei em sentido formal, além de ser criada antes da conduta.
Princípio da Anterioridade
Previsto no Art. 5º, XXXIX, CF e Art. 1º, CP.
As penas devem ser criadas antes da conduta, não pode ser aplicada pena antes da vigência da
lei penal.
Momentos:
A pena não pode passar da pessoa do condenado. Não é possível terceirizar o cumprimento da
pena do condenado.
Contudo, existem alguns institutos legais que suavizam este princípio, ex: Suspensão
condicional do processo, Acordo de Não persecução penal, Livramento condicional, transação,
suspensão condicional da pena.
a) Pena de morte, salvo no caso de guerra declarada. A pena de morte é executada por
pelotão de fuzilamento – art. 56, CP;
b) Penas de caráter perpetuo, o limite de cumprimento de pena é de 40 anos – art. 75,
CP.
O artigo 75 foi alterado pela lei anticrime, antes dela o máximo era de 30 anos de
pena;
Sumula 715, STF. A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros
benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução.
A sumula continua válida após a alteração do artigo 75, CP pela lei anticrime.
Os benefícios são calculados com base na pena aplicada. Por exemplo, para progressão, de 100
anos de pena, será de seja, 50 anos, logo, passará toda a pena em regime fechado.
Art. 75 do Código Penal e Reflexos na aplicação da Medida de Segurança. Tanto o STF quanto o
STJ entendem que a medida de segurança não pode ter duração ilimitada, até porque, como
sanção penal que é, não pode ter caráter perpétuo, conforme dispõe a Constituição Federal.
1ª posição: para o STF o prazo aplicável para medida de segurança é o do art. 75, do Código
Penal. Portanto, o STF entendia que o limite máximo do cumprimento da medida de segurança
seria de 30 anos. Com a entrada em vigor da Lei 13.964/19, seguindo esse mesmo
entendimento, será de 40 anos.
2ª posição: para o STJ o tempo máximo para o cumprimento da medida de segurança é o prazo
máximo da pena do crime cometido. Nesse sentido, editou-se a súmula 527: Súmula 527 do
STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da
pena abstratamente cominada ao delito praticado. Ex: homicídio simples. Pena: 06 a 20 anos.
Portanto, tempo máximo de cumprimento da medida de segurança será de 20 anos.
d) Trabalho forçado
Princípio da Proporcionalidade
A pena imposta deve ser suficiente para a retribuição e prevenção do crime.
Abolicionismo Penal
Teve seu berço na Holanda, como Louk Hulsman. Posteriormente, na Noruega, Nils Chirstie e
Thomas Mathiesen também impulsionaram seus estudos.
Visa abolir o direito penal, pois na estrutura atual não é útil a nada.
Busca uma nova formatação de direito penal. Para esta linha de pensamento, parte-se da
reflexão de que o direito penal não consegue cumprir sua missão de punir, desestimular e
evitar a prática de crimes, ao contrário, o que se vê e o aumento da reincidência.
Além do mais, percebe-se que a sociedade consegue absorver os efeitos dos delitos, isso
porque grande parte deles não são desvendados, e os criminosos não são punidos, passando a
ser parte da chamada “cifra negra”.
E, ainda, os que são desvendados, somente alguns resultam em condenação. E, os que são
condenados, poucos cumprem integralmente a pena.
Ex: art. 28 da lei de drogas continua sendo crime, mas sem pena.
É preferível que o crime seja punido por outros ramos do direito, dando ênfase a proteção e
ressarcimento das vítimas.
Divide-se em dois:
O problema do sistema penal é ele mesmo. O sistema penal e não se presta aos fins a que se
propõe. Por isso, porque a imediata extinção do sistema penal, retirando do Poder Público a
resolução o conflito, transferindo tal incumbência a sistema intermediários, não penais.
Para Thomas Mathiesee Nils Christie, o Sistema penal está baseado na estrutura capitalista,
sendo assim, além de sua abolição, posicionam-se também pena exclusão de todo e qualquer
método de repressão existente na sociedade.
Tem meios distintos de resolução de conflitos, menos rigorosos, permitindo a flexibilização dos
procedimentos, inclusive, realizando-se fora dos domínios dos órgãos da justiça criminal, por
intermédio de núcleos específicos de mediação.
A lei 9099 trouxe alguns institutos de justiça restaurativa, a exemplo a composição civil dos
danos.
Justiça Reparatória
O consenso é firmado perante os órgãos dos sistema de justiça criminal, a exemplo a transação
penal e a suspensão condicional do processo.
Justiça Negociada
Já a Justiça Negociada, oriunda principalmente do sistema penal norte americano, possibilita
que, após a prática da infração penal, o órgão acusador e o autor do fato delituoso discutam as
consequências da prática criminosa, obviamente, se houver admissão de culpa por parte do
agente.
Nele, permitese que o órgão acusador negocie a imputação a ser realizada contra o autor do
fato delituoso (charge bargaining), bem como discuta qual a pena a ser aplicada e todas as
demais consequências advindas da prática do delito (sentence bargaining) ou, até mesmo,
sobre ambas as situações.
No Brasil, embora existam alguns institutos que permitam a negociação entre o órgão
acusador e o agente delitivo, não há no ordenamento jurídico nenhum instituto idêntico ao
clássico plea bargaining norte-americano. Isso porque, a legislação pátria não permite ao
Ministério Público alterar a classificação jurídica do fato delituoso praticado pelo acusado,
ainda que este esteja de acordo, ficando vinculado com as provas e fatos demonstrados na
investigação. No mesmo sentido, a aplicação da pena é tarefa destinada ao magistrado, não
tendo o órgão acusador o poder de modificá-la.
O sistema penal Brasileiro, em que pese uas limitações negociais, possui alguns institutos de
Justiça Negociada. Por exemplo, o art. 4º da Lei 12.850/13 permite a realização de colaboração
premiada.
Ainda nesse propósito, é possível se falar em Justiça Negociada no âmbito do Acordo de Não
Persecução Penal. Basicamente, o acordo de não persecução penal (A.N.P.P) é um acordo
entre o MP e o acusado para se evitar a propositura da ação penal.
No referido estudo, abandonaram-se dois carros idênticos em via pública, em regiões distintas
dos Estados Unidos.
O primeiro carro foi abandonado no Bronx (bairro pobre) e o segundo carro em Palo Alto
(bairro) rico. No Bronx, rapidamente o carro foi todo danificado e subtraída suas peças,
enquanto em Palo Alto o carro permaneceu intacto. Após, seguindo nas pesquisas, quebrou-se
uma das janelas do carro deixado em Palo Alto, sendo que, rapidamente o carro estava todo
destruído.
A teoria das janelas quebradas teoriza o velho jargão “a ocasião faz o ladrão”. Quando se
percebe que determinado local encontra-se abandonado, deteriorado ou esquecido e
ninguém nada faz para modificar a situação, incentiva-se, ainda que implicitamente, o
surgimento de novos crimes. Ora, se a janela do carro estava quebrada e ninguém se
importa com esta situação, acaba por se estimular a destruição de todo veículo.
Nesse passo, se pequenos delitos são praticados e não há resposta estatal, estimula-se o
cometimento de crimes mais graves.
Vale dizer, tal teoria afirma que os responsáveis por delitos de pouca gravidade, quando são
investigados com eficácia pela polícia, costumam cessar suas atividades criminosas no local em
que o Estado lhes fiscaliza, migrando para outros lugares, distantes da fiscalização policial, para
que possam continuar praticando suas infrações penais sem serem incomodados pelos
agentes estatais.
Espécies
Reclusão
Para sanção de crimes.
Comporta regime fechado, semiaberto e aberto como inicial para imposição de pena.
Detenção
Para sanção de crimes. Comporta regime semiaberto e aberto.
É possível a imposição de regime fechado desde que no curso da execução de pena ocorra
regressão de regime. Em sentença não pode ser apenado com regime fechado de forma
inicial.
Prisão Simples
Sanções aplicadas no caso de contravenções penais. Comporta semiaberto e aberto.
Jamais será possível imposição de regime fechado, nem mesmo na hipótese de regressão de
regime.
Regimes de Pena
De acordo com o art. 33, § 1º, do Código Penal, existem três espécies de regime de
cumprimento de pena:
Fechado
A pena privativa de liberdade é executada em estabelecimento de segurança máxima ou
média (art. 33, § 1º, “a”).
Semiaberto
A pena privativa de liberdade é cumprida em colônia penal agrícola, industrial ou
estabelecimento similar (art. 33, § 2º, “b”).
Aberto
A pena privativa de liberdade é executada em casa de albergado ou estabelecimento
adequado (art. 33, § 1º, “c”).
O Código Penal prevê que sempre que reincidente será aplicado pena com regime inicial
fechado. Contudo, a sumula 269, STF flexibilizou esta previsão, prevendo que, se reincidente
mas a condenação for de pena igual ou inferior a 4 anos, será possível aplicar regime inicial
semiaberto.
Não reincidente:
Pena igual ou maior que 8 Pena de 4 anos a menos de 8 Pena menor ou igual a 4
anos anos anos
Fechado Semi aberto Aberto
Reincidente:
Pena igual ou maior que 8 Pena de 4 anos a menos de 8 Pena menor ou igual a 4
anos anos anos
Fechado Fechado Semi aberto
1ª corrente: faz a mera detração por calculo aritmético, e fixa o regime de cumprimento de
pena. Ou seja, faz a detração (supbtrai a pena base) e aplica o regime.
Ex: Condenado a 9 anos. Ficou preso provisoriamente por 2 anos. Temos 7 anos. Aplica 7 anos,
e inicia em semiaberto.
2º corrente: pode ser feita a detração, mas deve ser observado o patamar mínimo para
progressão de regime.
Ex: Condenado a 9 anos. Ficou preso por 2 anos. É necessário verificar se houve cumprimento
de pelo menos 50% da pena para fixação do regime semiaberto. Como não ocorreu, fixa em
fechado.
Antes da Lei n.º 11.464/07, o art. 2º, § 1º, da Lei de Crimes Hediondos, em sua redação
original, estatuía que a pena para esses delitos seria cumprida em regime integralmente
fechado. Dessa forma, não era admitida a progressão de regime, já que a reprimenda deveria
ser cumprida em regime integralmente fechado. Contudo, em 23 de junho de 2006, no
julgamento do HC 82959 SP, o Supremo Tribunal Federal declarou essa norma inconstitucional,
ao fundamento de que feria o princípio da individualização da pena. Vejamos:
A partir de então, passou-se a permitir a progressão de regime aos condenados pela prática de
crimes hediondos, observando-se a regra do artigo 112 da Lei de Execuções Penais, com
redação anterior a Lei 13.964/19 (progressão de regime, desde que cumprido 1/6 da pena).
No ano de 2007, entrou em vigor a Lei n.º 11.464/071 , a qual previa que os condenados por
crimes hediondos e equiparados deveriam iniciar o cumprimento de suas penas em regime
fechado (§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime
fechado), alterando-se o mandamento anterior, que determinava que o condenado deveria
cumprir sua reprimenda em regime integralmente fechado (que, como visto acima, já havia
sido declarado inconstitucional pelo STF).
Assim, tratando-se de novatio legis in pejus, não podia ser aplicada retroativamente para
prejudicar os réus, de modo que aqueles que praticaram crimes hediondos e equiparados em
data anterior à vigência da Lei n.º 11.464/07 alcançariam o requisito objetivo para progressão
de regime após o cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena.
Passados alguns anos (2013), o Supremo Tribunal Federal foi instado a se manifestar sobre a
obrigatoriedade da fixação do regime inicialmente fechado e, seguindo o mesmo
entendimento expendido no HC 82959 SP, no julgamento do HC 111.840 ES, declarou a
inconstitucionalidade da regra que estabeleceu a obrigatoriedade da fixação do regime
inicialmente fechado para os crimes hediondos e equiparados, baseando-se nos seguintes
argumentos:
b) dentre as vedações impostas pela Constituição Federal, em seu artigo 5º, XLIII, não se
encontra o regime de cumprimento de pena integralmente ou inicialmente fechado;
A nova redação do art. 112 da Lei de Execuções Penais, instituída pela Lei 13.964/19,
estabeleceu novos patamares para progressão de regime aos crimes hediondos e equiparados:
(1) 40% (quarenta por cento) (mesmo que a lei antiga, 2/5) da pena, se o apenado for
condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário;
(3) 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime
hediondo ou equiparado;
(4) 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou
equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.
E se o apenado não for reincidente específico na prática de crime hediondo com resultado
morte?
Portanto, segundo o § 7º da Lei de Tortura, o regime inicial de cumprimento de pena deve ser
fixado da seguinte maneira:
2ª posição: O STF, em voto da lavra do Ministro Marco Aurélio, entendeu que não há nenhum
constrangimento em aplicar o regime inicial fechado para o delito de tortura, ao fundamento
que a Lei n.º 9.455/97, de regência específica (princípio da especialidade), autoriza
expressamente a imposição de regime inicialmente fechado (o qual não se confunde com o
integralmente fechado) e, além disso, a opção realizada pelo legislador está de acordo com a
Constituição, em razão da gravidade do crime de tortura. Frisaram que é possível a progressão
de regime. (HC 123316/SE, rel. Min. Marco Aurélio, 9.6.2015).
Atenção: a primeira posição sobre o tema é mais adequada em relação a doutrina, pois a
obrigatoriedade de previsão em sentença o regime fechado retira do magistrado a
possibilidade da análise do caso concreto.
Regime Inicial de cumprimento de pena para o Tráfico Privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei
11.343/06)
O Tráfico Privilegiado é a hipótese em que o agente primário, de bons antecedentes, que não
se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa é agraciado com o
reconhecimento da minorante do artigo 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/06, a qual acarreta a
redução de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços) da pena.
O art. 112, § 5º, da LEP, introduzido pela Lei 13.964/19, inseriu na legislação o entendimento
jurisprudencial que já estava consolidado, no sentido de que o tráfico privilegiado não é
considerado crime hediondo ou equiparado.
Dessa forma, o Tráfico Privilegiado não é considerado crime hediondo, mas crime comum,
sendo certo que a fixação do regime inicial de cumprimento de pena segue as regras do art. 33
e 59, ambos do Código Penal.
A nosso sentir, o que o art. 2º, § 9º, da Lei 12.850/13, incluído pela Lei 13.964/19, fez foi criar
um novo requisito para progressão, qual seja: não manter vínculos associativos com a
organização ou associação criminosa. Inexistindo tal situação, a progressão acontecerá
naturalmente, desde que preenchidos os requisitos da Lei de Execuções Penais.
A doutrina hoje indica que em razão desta alteração acabaram os acordos de colaboração
premiada, pois não haverão interessados.
Prisão domiciliar para mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou
pessoas com deficiência
Foi ajuizado no STF o HC coletivo 143.641/SP figurando como pacientes “todas as mulheres
submetidas à prisão cautelar no sistema penitenciário nacional” que se encontrassem na
“condição de gestantes, de puérperas ou de mães com crianças com até 12 anos de idade sob
sua responsabilidade”.
O STF reconheceu o pedido e determinou que, em regra, deve ser concedida prisão domiciliar
para todas as mulheres presas que sejam: (1º) gestantes; (2º) puérperas (aquelas mulheres
que deram à luz há pouco tempo); (3º) mães de crianças (isto é, mães de menores até 12 anos
incompletos) ou (4º) mães de pessoas com deficiência.
Essa regra podia ser excepcionada, ou seja, não deve ser autorizada a prisão domiciliar se: (1º)
a mulher tiver praticado crime mediante violência ou grave ameaça; (2º) a mulher tiver
praticado crime contra seus descendentes; (3º) em outras situações excepcionalíssimas, as
quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes que denegarem o benefício.
A regra e as exceções também devem ser aplicadas para as adolescentes que tivessem
praticado atos infracionais.
A regra e as exceções acima explicadas também deveriam ser aplicadas para a mulher
reincidente. Vale dizer, o simples fato de a mulher ser reincidente não fazia com que ela
perdesse o direito à prisão domiciliar.
O art. 318-A do CPP dispõe que a prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe
ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar.
Afirma o referido dispositivo que somente não haverá a substituição da prisão preventiva em
domiciliar se a mulher tenha praticado crime com violência ou grave ameaça a pessoa ou que
tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
A doutrina tem entendido que se criou um poder-dever para o juiz, ou seja, somente poderá
prender cautelarmente a mulher que praticou crimes nas formas acima especificadas. Vê-se,
portanto, que o legislador não criou nenhuma outra ressalva, como “outras situações
excepcionalíssimas”, como decidido pelo STF no HC 143.641/SP.
Nesse sentido, o art. 318-A do CPP, incluído pela Lei 13.769/18, recebe severas críticas
doutrinárias, entendendo que o legislador desconsiderou a prática de outros delitos graves
(ex: tráfico de drogas, associação criminosa, etc), que deveriam permitir a manutenção da
prisão, além de criar uma espécie de “substituição automática”, violando os ditames das
medidas cautelares (necessidade, adequação, circunstâncias do caso concreto, etc),
protegendo de forma ineficiente a sociedade.
Desse modo, para que exista uma aplicação consentânea do art. 318-A do CPP, deve-se
interpretá-lo de acordo com o HC 143.641/SP, que prevê que em “outras situações
exepcionalíssimas” pode o juiz, de forma fundamentada, manter a prisão preventiva. (STF. 5ª
Turma. HC 470.549/TO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 12/02/2019).
Caso não seja possível nenhuma das proposições acima, até que sejam estruturadas as
medidas alternativas, ai sim poderá ser deferida a prisão domiciliar ao sentenciado.
1ª Fase: O juiz fixará a pena base considerando as circunstancias judiciais previstas no artigo
59, CP (são 8 circunstâncias). Nesta fase a pena será fixada dentro dos limites legais.
2ª Fase: O juiz ira analisar as atenuantes e agravantes, previstas entre os artigos 61 e 66, CP.
Nesta fase a pena deve também permanecer dentro dos limites legais.
3ª Fase: O juiz analisará as causas de aumento e diminuição. A pena, nesta fase, não terá de
obedecer aos mínimos legais.
Este critério está em consonância com principio da individualização da pena, art. 5º, XLIV, CF.
Depois do juiz percorrer as três fases, indicará a pena definitivas, e estabelecerá o regime de
cumprimento de pena e a possibilidade de substituição da pena.
1ª Posição dos Tribunais Superiores: aplica-se o quantum de 1/8 para cada circunstância
judicial.
“As consequências do crime consistem no conjunto de efeitos danosos provocados pelo crime.
No caso em tela, essa circunstância mostrouse de gravidade superior àquela esperada como
decorrência da grave ameaça de um crime comum de roubo. Isso porque o crime em análise
acarretou danos psicológicos à genitora da vítima, que inviabilizou até sua presença em juízo, e,
especialmente, a seu filho, que desenvolveu, desde então, síndrome do pânico. Destarte,
malgrado o aumento padrão sugerido da pena-base seja de 1/8, o aumento na fração de 1/6
mostrou-se proporcional à gravidade da circunstância valorada” (HC 401.764/SP, DJe
07/12/2017)
2ª Posição dos Tribunais Superiores: aplicação do quantum de 1/6 para cada circunstância
judicial (AgR no HC 460900 de 2018).
“O entendimento desta Corte firmou-se no sentido de que, na falta de razão especial para
afastar esse parâmetro prudencial, a exasperação da pena-base, pela existência de
circunstâncias judiciais negativas, deve obedecer à fração de 1/6, para cada circunstância
judicial negativa. O aumento de pena superior a esse quantum, para cada vetorial
desfavorecida, deve apresentar fundamentação adequada e específica, a qual indique as razões
concretas pelas quais a conduta do agente extrapolaria a gravidade inerente ao teor da
circunstância judicial.” (AgRg no HC 460.900/SP, j. 23/10/2018)
E se não existir circunstância judicial desfavorável a pena será aplicada no mínimo legal. Fixação da pena
máxima: “Para fixação da pena-base no máximo legal é imprescindível que se proceda à devida
fundamentação, ou seja, que o quantum estabelecido obedeça ao princípio da razoabilidade e que
esteja amparado em dados concretos e nas circunstâncias insertas no art. 59 do Código Penal.” (STJ, 5ª
Turma, HC 102.569)
É possível fixar a pena base no mesmo fundamental, por sua vez, é necessário a devida fundamentação,
ou seja, que o quantum estabelecido esteja de acordo com a razoabilidade, esteja amparado em dados
concretos e nas circunstâncias incertas no art. 59, CP, conforme STF, HC 102569.
Caso, contudo, haja duas qualificadoras? Ex: motivo fútil e uso de veneno. Tem algumas posições:
1ª posição: a primeira será considerada como qualificadora, e a segunda será usada na segunda fase,
como circunstância agravante. (STJ, 5ª Turma, AgRg no Resp 1608983, julgamento: 04/10/2016).
2ª posição: a primeira qualificadora é usada para qualificar o crime, e as demais são circunstancias
judiciais desfavoráveis da 1ª fase.
No conceito analítico do crime é aplicada no terceiro substrato do crime para teoria tripartida
ou pressuposto para aplicação de pena para teoria bipartida. É composta por imputabilidade, a
potencial consciência da ilicitude e a inexigibilidade de conduta diversa são analisadas pelo juiz
para verificar se há culpabilidade para fins da existência de crime.
Ex: Lesão Corporal Agredir com soco. Agredir com um pedaço de pau.
Antecedentes
São os fatos criminosos anteriormente praticados pelo condenado.
Maus antecedentes: são as condenações anteriores com trânsito em julgado que não sirvam
para configurar a reincidência.
Ex1: condenação por fato anterior, mas com trânsito em julgado superveniente - maus
antecedentes.
Ex2: condenação anterior com trânsito em julgado que tenha que ultrapassado o período de
05 (cinco) anos da reincidência (período depurador) - maus antecedentes.
É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.
Condenação que seja considerada reincidência deve ser reconhecida na segunda fase da
aplicação da pena como circunstância agravante (art. 61, I, do CP).
Súmula 241 do STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.
Não haverá violação ao princípio do “ne bis in idem” se forem utilizadas condenações distintas
e com trânsito em julgado. Ou seja, o réu tem duas condenações anteriores, neste caso, o juiz
poderá utilizar uma para fins de reincidência e outra como circunstância judicial.
Atos Infracionais
Atos infracionais não podem ser considerados para fins de maus antecedentes ou de
reincidência, contudo, servem de fundamento para avaliar a personalidade/periculosidade do
agente para fins de justificar a decretação ou manutenção da prisão preventiva (STJ, 5ª Turma,
RHC 61015, julgamento 18/08/2016)
Conduta Social
Trata-se da atuação do réu na comunidade, no contexto familiar, no trabalho, na vizinhança
(conduta social), ou seja, a forma como se comporta perante a sociedade (STJ - EAREsp
1.311.636-MS)
O fato de o réu não possuir residência fixa ou emprego fixo não são elementos hábeis para
valorar negativa a conduta social (STJ 6ª T, HC 226.547, julgamento 02/12/2012) e (STJ 6ª T.
REsp 1541722, julgamento 03/05/2016)
Personalidade
São as características psicológicas da pessoa, a exemplo de seu temperamento e caráter.
Trata-se da individualidade do agente.
Obs1. Corrente minoritária orienta que essa circunstância viola o princípio da culpabilidade,
pois a pessoa não pode ser penalizada por sua personalidade, uma vez que cada um a exerce
da maneira que melhor lhe aprouver.
Obs2. Parte doutrina entende que, para avaliar a personalidade do réu, é necessário que tenha
laudo pericial realizado por profissional competente, uma vez que o juiz não tem condições de
traçar a personalidade do agente. Contudo, a jurisprudência não desnecessário:
Obs3. Eventuais condenações criminais do réu transitadas em julgado e não utilizadas para
caracterizar a reincidência somente podem ser valoradas, na primeira fase da dosimetria, a
título de antecedentes criminais, não se admitindo sua utilização também para desvalorar a
personalidade ou a conduta social do agente. STJ. 3ª Seção. EAREsp 1.311.636-MS, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/04/2019 (Info 647).
Motivos
São causas/razões que impulsionam o indivíduo a praticar o crime.
O lucro fácil não é fundamento válido para o aumento da pena-base, pois é da natureza do
próprio delito patrimonial (STJ, 5ª T, HC 339257, j 05/05/2016).
Circunstâncias do Crime
São questões que se relacionam com o tempo, lugar e modo de execução do crime.
Obs2. A gravidade abstrata do delito não é fundamento idôneo para valorar negativamente as
circunstâncias, pois já foi levada em conta pelo legislador para fixação das penas mínimas e
máximas.
Consequências do Crime
São os danos causados pelo crime, em especial para vítima e seus familiares.
Obs1. Não pode ser considerado como consequência do crime aqueles resultados que são
próprios do tipo penal. Ex: no homicídio, não pode ser considerado consequência do crime a
morte, pois ela é inerente ao tipo penal.
Obs2. O STJ entende que é possível aumentar a pena-base se a vítima deixou filhos de tenra
idade, porque, nesse caso, ultrapassa os limites do tipo penal (HC 348871, j. 17/05/2016. 6ª T)
Comportamento da vítima
O comportamento da vítima é analisado tanto no momento do estímulo do agente à prática do
crime, quanto na facilitação de sua execução.
1º) vítima neutra: não influi e não contribui para a pratica do crime.
3º) vítima parcial: É aquela que incentiva ou facilita a prática delitiva. Ex: vítimas provocadoras,
sarcásticas
***O comportamento da vítima pode ser analisada como circunstâncias judicial, como causa
privilegiadora ou de diminuição de pena ou até mesmo justificar uma excludente de ilicitude
ou de culpabilidade.
Ex: violenta emoção logo após injusta provocação da vítima – art. 121, §1ª, CP.
Os Tribunais tem entendido que se aplica a fração de 1/6 da pena, tendo em vista que é a
fração mínima para as causas de aumento ou diminuição. É possível, contudo, que em
situações específicas seja aumentado mais que 1/6, desde que fundamentado. (STJ. 5ª T, HC
291414, julgamento 22/09/2016).
3ª) reincidência.
É possível que haja compensação entre atenuantes e agravantes, desde que não haja uma
circunstância preponderante. Se uma for preponderante, não haverá compensação. Se ambas
forem preponderantes, poderá haver compensação.
Ex3: reincidência (agravante) e motivo de relevante valor moral (atenuante). Ambas são
preponderantes, pode haver compensação.
Menoridade relativa
Existem decisões do STJ que afirmam que a atenuante da menoridade relativa sempre irá
prevalecer em relação às agravantes (STJ, HC 325961, julgamento 18/08/2016). Outras
decisões autorizam a compensação da menoridade relativa com a reincidência (STJ, 5ª T, HC
355358, julgamento 22/09/2016).
Agravantes
Previsão Legal: art. 61 do Código Penal.
São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime.
Reincidência
O juiz pode reconhecer de ofício nos crimes de ação penal pública, ainda que o MP não tenha
alegado ou mesmo que tenha pedido absolvição (art. 385 do CPP).
Reincidência
Segundo o art. 63 do CP, haverá reincidência quando o agente comete novo crime, depois de
transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime
anterior.
Condenações pelo delito de porte de drogas para consumo pessoal (art. 28 da Lei 11.343/06)
gera Reincidência?
Deste modo, se o artigo 28, da lei de drogas não prevê nem mesmo pena, seria
desproporcional configurar a reincidência.
Embora respeitável e jurídico o entendimento, escapa da boa técnica, haja vista que o STJ já
indicou que o previsto no artigo 28, da lei de drogas trata-se de crime, ainda que não haja
pena cominada.
Segundo o artigo 28, §§ 3º e 4º, a pena será aplicada pelo prazo máximo de até 05 (cinco)
meses, se o agente for primário, ou pelo prazo máximo de até 10 (dez) meses, se o sujeito for
reincidente.
Portanto, se o acusado for primário, o juiz pode fixar a pena de 01 (um) dia até 05 (cinco)
meses. Se o acusado for reincidente, o juiz pode fixar a pena de 01 (um) dia até 10 (dez)
meses. Como visto, o fato de o agente ser reincidente ou não interfere diretamente no prazo
máximo da reprimenda (se 05 ou 10 meses).
Para Alice Bianchini, Luiz Flávio Gomes, Rogério Sanches da Cunha e Willian Terra de Oliveira, a
reincidência mencionada no § 4º é a específica, ou seja, a reincidência no art. 28. Transcrevo:
Em sentido contrário, Renato Brasileiro de Lima, com o qual concordamos, leciona que a
reincidência mencionada no § 4º não é a específica, tendo em vista que, quando o legislador
tem a intenção de rotular a reincidência como específica, ele o faz expressamente, sendo
vedado ao intérprete fazer uma interpretação restritiva. Vejamos:
O Superior Tribunal de Justiça, ao analisar o tema, entendeu que a reincidência prevista no art.
28, § 4º, da Lei 11.343/06 é a reincidência específica.
3º) o reincidente em crime doloso não tem direito à suspensão condicional da pena – sursis
(art. 77, I), salvo se condenado apenas a pena de multa (§ 1º do art. 77);
4º) impede a concessão da transação penal (arts. 76, § 2º, I, da Lei nº 9.099/95), da suspensão
condicional do processo (89, caput, da Lei nº 9.099/95) e do acordo de não persecução penal
(art. 28-A do Código de Processo Penal);
6º) interfere no requisito objetivo para progressão de regime (art. 112 da LEP);. Ou seja,
precisa cumprir maior pena;
Atenção: o artigo 66 há previsão de atenuante inominada, que será aplicada, ainda que não
prevista no artigo 65, desde que relevante. Deste modo, o rol de atenuantes é exemplificativo.
Confissão espontânea
Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III — ter o agente: d) confessado
espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime.
Hipóteses de Confissão
1ª) Confissão parcial: A confissão parcial é a hipótese em que o réu confessa apenas
parcialmente os fatos narrados na denúncia. Ex.: o réu foi denunciado por roubo com emprego
de arma de fogo. Ele confessa a subtração do bem mediante grave ameaça, mas nega que
tenha utilizado a arma de fogo.
2º) Confissão qualificada: É a hipótese em que o réu confessa a prática fato, contudo, alega
algum motivo que exclui o crime ou o isenta de pena. Ex: matei, mas em legítima defesa.
3º) Confissão retratada É a hipótese em que o acusado inicialmente admite a prática delitiva,
contudo, em momento posterior, se retrata e nega prática.
Se o juiz se utilizou da confissão (seja integral, seja parcial ou mesmo qualificada) como
elemento de convicção para condenar o réu, ela também servirá para atenuar a pena (STJ. 5ª
Turma. HC 450.201/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 21/03/2019.)
Segue o entendimento da Súmula 630, STJ. Ou seja, é necessário que o agente não somente
admita que a droga era para fins de uso, mas dizer que era para fins de tráfico.
Isso porque, é muito comum que o agente admita da posse da droga, mas alegue ser para uso
próprio.
Ex: pena abstrata de 2 a 5 anos. na primeira fase o juiz aplicou a pena mínima, e na segunda
fase verificou que havia confissão, mas como a pena já estava no mínimo legal, não foi possível
reduzir ainda mais, sendo mantido o mínimo legal. Se o crime é tentado, o juiz aplicará a causa
de diminuição máxima, de 2/3. Assim, a pena será inferior ao mínimo legal.
ATENÇÃO: é comum que nas provas a “parte especial” seja alterada para “parte geral”.
Cuidado com isso.
Sempre que aplicar todas, será em cascata. Ou seja, a segunda aplicação de aumento ou
diminuição será sobre a pena diminuída. Os porque, caso contrário, poderá zerar a pena por
completo.
Atenção:
Para o STJ, o deslocamento da majorante sobejante para outra fase da dosimetria, além de
não contrariar o sistema trifásico, é a que melhor se coaduna com o princípio da
individualização da pena. (HC 463.434-MT, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, Terceira
Seção, por unanimidade, julgado em 25/11/2020, DJe 18/12/2020 - Inf. 684).
Ou seja, o juiz, no caso de um crime de roubo, utilizou as majorantes do crime de roubo, e ele
já estava no máximo legal na segunda fase.
O juiz pode pegar a majorante sobejante em outra fase, ou seja, nas circunstâncias judiciais ou
nas causas de aumento ou diminuição.
Súmulas do STJ
Súmula 442: "É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a
majorante do roubo". Súmula 443: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime
de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua
exasperação a mera indicação do número de majorantes.
São as famosas penas substitutivas, pois são aplicadas em substituição às penas privativas de
liberdade.
O juiz fixará a apena privativa de liberdade e verificará se o condenado tem os requisitos para
a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Natureza Jurídica
São penas autônomas porque são uma das espécies de pena e não podem ser cumuladas com
as privativas de liberdade
São penas substitutivas porque substituem as penas privativas de liberdade, ou seja, elas não
são aplicadas diretamente, mas em substituição as penas privativas de liberdade.
No Código Penal, caso haja descumprimento injustificado das penas alternativas, o artigo 44,
§ 4º, do aludido diploma prevê a conversão da pena restritiva de direito em privativa de
liberdade.
Duração
Prestação de Serviço à comunidade ou a entidades públicas, a Interdição Temporária de
Direitos e a Limitação de Final de Semana
Devem ter a mesma duração da pena privativa de liberdade (art. 55 do Código Penal).
Prestação Pecuniária e a Perda de bens e valores não precisam seguir o tempo da pena
privativa de liberdade.
Atenção: Isso ocorre somente para crimes dolosos. No caso de crimes culposos, independerá
da pena.
Deve ser levado em consideração as regras do concurso material (soma das penas), concurso
formal e continuidade delitiva (exasperação da pena). Ou seja, imagine que o condeado
praticou três crimes em concurso material, sendo condenado no primeira a 1 ano, no segundo
a 1 ano e 6 meses, e no terceiro a 1 ano, logo, resulta 3 anos e 6 meses, sendo cabível a
substituição.
Inovação do Código de Trânsito (inclusão do art. 312-B do CTB pela Lei nº 14.071/2020)
Art. 312-B. Aos crimes previstos no § 3º do art. 302 e no § 2º do art. 303 deste Código não se
aplica o disposto no inciso I do caput do art. 44 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal).
Vigência: após decorridos 180 (cento e oitenta) dias. Quais são os crimes este dispositivo se
refere?
O legislador teve a intenção de tratar de forma mais severa os crimes de homicídio e lesões
corporais culposas na direção de veículo automotor em que o indivíduo estivesse conduzindo
sob influência do álcool ou substância de efeito análogo.
Assim, o art. 312-B do CTB surgiu com intuito de vedar a substituição da pena privativa de
liberdade em restritiva de direito.
Contudo, ao fazê-lo o dispositivo instituiu que, aos crimes previstos no § 3º do art. 302 e no §
2º do art. 303 deste Código não se aplica o disposto no inciso I do caput do art. 44 do Decreto-
Lei nº 2.848. Em outros termos, a novel disposição orienta que, para substituição da pena,
basta o cumprimento dos requisitos dos incisos II e III do art. 44 do CP.
Desse modo, para a substituição da pena, bastaria o cumprimento do inciso III do art. 44.
Assim, embora o legislador tenha querido proibir a substituição da pena privativa de liberdade
em restritiva de direito aos referidos delitos, pela literalidade do art. 312-B do CTB não
conseguiu fazê-lo.
A doutrina tem afirmado que esse erro não pode ser suprido mediante interpretação extensiva
porque se trata de norma que restringe direitos.
2º) Crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa (art. 44, I, do Código Penal)
Esse requisito deve ser observado para os crimes dolosos. Ex: roubo, extorsão.
Exemplo: no caso de morte culposa no transito, o resultado é a morte, logo, como não querida
a violência, apesar de ocorrida, será cabível a substituição.
Se a violência for direcionada à coisa, não há óbice para a substituição de pena. Ex: furto com
rompimento de obstáculo.
No âmbito da Lei Maria da Penha (violência doméstica e familiar), não é cabível a substituição
da pena, consoante entendimento pacificado dos tribunais superiores (STJ AgRg no Resp
155673). Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com
violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos. (Súmula 588, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
13/09/2017, DJe 18/09/2017).
Violência Imprópria
Violência Imprópria é aquela que reduz a capacidade de resistência da vítima. Ex: boa noite
Cinderela.
1ª posição: entende que é possível a substituição da pena no caso de violência imprópria, uma
vez que não se trata de violência real. Essa posição tem prevalecido. Ex: roubo com “boa noite
cinderela.
2ª posição: a violência imprópria é uma das formas de violência, motivo pelo qual impede a
substituição da pena (NUCCI).
Crimes Militares
Não cabe substituição da pena nos crimes militares, sendo vedada a analogia na espécie (STF
HC 91.155 e STJ 286.802).
3º) Réu não reincidente em crime doloso, salvo se a medida for socialmente recomendável e
não ocorra a reincidência específica
A) Reincidência específica: é a prática do mesmo crime.
B) Reincidente genérico: a reincidência genérica não é motivo suficiente, por si só, para o
indeferimento da substituição da pena privativa de liberdade. É possível a substituição da pena
se a medida for socialmente recomendável e o réu não for reincidente específico (STJ AgRg nos
EDcl no Aresp 279.042/SP).
Para o STJ, a reincidência específica tratada no art. 44, § 3º, do Código Penal somente se
aplica quando forem idênticos, e não apenas de mesma espécie, os crimes praticados (AREsp
1.716.664-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em
25/08/2021).
Diga-se que, apesar de o Senado ter suspendido a execução da expressão “vedada a conversão
em penas restritivas de direitos”, prevista no § 4º do art. 33 da Lei n.º 11.343, de 23 de agosto
de 2006, esqueceu-se de fazê-lo em relação ao artigo 44 da Lei n.º 11.343/06 (Art. 44. Os
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o , e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis
de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em
restritivas de direitos). Contudo, esse lapso não afeta a possibilidade de substituição da pena.
Aliás, o Supremo Tribunal Federal, de forma recorrente, tem autorizado a substituição da pena
privativa de liberdade por restritivas de direitos. A propósito, no Informativo n.º 821 (11 a 15
de abril de 2016), referendou novamente a possibilidade. Vejamos:
2º) Se a condenação for superior a 1 ano: a pena privativa de liberdade pode ser substituída
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas penas restritivas de direitos.
Conversão em Pena Privativa de Liberdade (art. 44, § § 4º e 5º, do CP)
A pena restritiva de direitos se converte em pena privativa de liberdade sempre que houver
descumprimento injustificado (art. 44, § 4º, do CP).
E a multa? Pode ser convertida? A pena de multa não pode ser convertida em pena privativa
de liberdade (art. 51 do CP).
Ampla Defesa
Para que a pena alternativa seja convertida em pena privativa de liberdade é necessário a
observância da ampla defesa e contraditório, sob pena de nulidade da decisão.
Atenção para Súmula 639 do STJ: Não fere o contraditório e o devido processo decisão que,
sem ouvida prévia da defesa, determine transferência ou permanência de custodiado em
estabelecimento penitenciário federal.
O condenado pode escolher qual pena quer cumprir, se a pena privativa de liberdade ou
restritiva de direitos?
Não é possível que haja conversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade a
pedido do condenado, em razão de ele preferir cumprir esta última.
Caso sobrevenha nova condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da
execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao
condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
Para o STJ, "não há que se cogitar de reconversão em pena reclusiva quando se revelar
possível a execução simultânea ou sucessiva das medidas alternativas impostas ao réu." (STJ
193.041/DF).
Para o STJ, a prestação pecuniária prevista no art. 45, §1º, do Código Penal pode ser
compensada com o montante fixado com fundamento no art. 387, IV, do Código de Processo
Penal (reparação mínima dos danos), ante a coincidência de beneficiários (REsp 1.882.059-
SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 19/10/2021 – Inf.
714).
Finalidade
Reparação dos danos.
Destinatários
Vítima, seus dependentes ou entidade pública ou privada com destinação social.
Valor
Não inferior a 01 (um) salário mínimo, nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários
mínimos.
2º corrente: são os bens e valores adquiridos de forma ilícita. Quanto a este posição, existe
uma crítica no sentido de que a perda de bens e valores acrescidos ilicitamente já perdidos
automaticamente como efeito da sentença.
Destinatários
Em regra, para o Fundo Penitenciário Nacional. Contudo, a legislação penal especial pode
indicar destinatário diverso (45, § 3º, do CP).
Valor do Teto
O valor terá como teto o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou
por terceiro em razão da prática do crime (aquele que for maior), conforme dispõe o art. 45, §
3º, do CP.
Cabimento
Segundo o art. 46, caput, do CP, é aplicável às condenações superiores a 06 (seis) meses de
privação da liberdade.
Locais de Cumprimento
A P.S.C. será cumprida em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros
estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais (art. 46, § 2º, do C).
Quais atividades o condenado irá desenvolver?
As atividades serão atribuídas de acordo com a aptidão do condenado (art. 46, § 3º, do CP). Ex:
sabe tocar violão – aulas de música para crianças.
Ou seja, o sentenciado não irá iniciar o seu cumprimento, ficando em liberdade, durante o
chamado período de prova. Se cumpridas todas as condições impostas, terá sua punibilidade
extinta.
Momento da aplicação
Em regra é aplicado durante o processo de conhecimento/na sentença (ou acórdão), nos
termos do art. 157 da LEP.
Requisitos do Sursis
Objetivos
Natureza da pena
Segundo o art. 77, caput, do CP, para suspensão condicional da pena, é necessário que haja
condenação a pena privativa de liberdade (reclusão, detenção ou prisão simples).
Quantidade da pena
Segundo o art. 77, caput, do CP, a pena privativa de liberdade imposta deve ser não superior a
02 (dois) anos (art. 77, caput, do CP).
Temos exceções:
Primeira Exceção (art. 77, § 2º, do CP): É possível o sursis se a pena privativa imposta não
superar a 04 (quatro), nos casos de condenado maior de setenta anos de idade, ou, que por
razões de saúde que justifiquem a suspensão.
Segunda exceção: Exceção nos Crimes Ambientais. O art. 16 da Lei 9.605/98 prevê que: “nos
crimes previstos na lei de crimes ambientais, a suspensão da pena pode ser aplicada nos casos
de condenação a pena privativa de liberdade não superior a 03 (três) anos.”
Portanto:
Subjetivos
O condenado não seja reincidente em crime doloso (art. 77, I)
Observação: Se a condenação anterior foi aplicada somente pena de multa, é possível o sursis
(art. 77, § 1ª).
Espécies
Cai muito em prova.
Cabimento: É cabível nos casos em que o condenado não tenha reparado, injustificadamente,
o dano ou quando as circunstâncias do art. 59 do Código Penal forem desfavoráveis.
Cabimento: é cabível nos casos em que o condenado tenha reparado o dano, salvo motivo
justificado, e as circunstâncias do art. 59 do CP lhe sejam favoráveis (art. 78, § 2º, do CP).
Legais
- Sursis Simples: no primeiro ano do período de prova deverá o condenado prestar serviços à
comunidade ou se submeter à limitação de fim de semana (art. 78, § 1º).
Judiciais
A sentença poderá especificar outras condições a que fique subordinada a suspensão, desde
que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado (art. 79 do CP).
Período de prova
Período que fica condicionado às obrigações do SURSIS.
Crime Contravenções
Maior de 70 Crime
anos ou ambiental
doente
Pena Menor ou igual Menor ou igual a 2 Menor ou Menor ou
a 2 anos anos igual a 4 anos igual a 3 anos
Período de 2 a 4 anos 1 a 3 anos 4 a 6 anos 2 a 4 anos
prova
Revogação
Revogação Obrigatória (art. 81, I a III)
São aquelas que necessariamente revogam a suspensão condicional da pena.
Atenção: Condenação por pena de multa. Prevalece o entendimento de que condenação por
pena de multa não tem o condão de revogar o sursis.
Frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua sem motivo justificado, a
reparação do dano
Deixa de pagar multa injustificadamente.
O agente é irrecorrivelmente condenado, durante o período de prova, por crime culposo ou por
contravenção penal, a pena privativa de liberdade ou restritiva e direito
Se a condenação foi por pena de multa, não se revoga.
Nos casos de revogação facultativa, a lei permite que o juiz prorrogue o período de prova até o
máximo (caso este não tenha sido fixado – art. 81 § 3º) ou exaspere as condições impostas
(art. 707, p. ú., do CPP) ao invés de revogar o sursis.
Prorrogação do período de prova
Hipóteses:
1ª) se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção penal, considera-
se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo (art. 81, § 2º, do CP).
O processo pode ser por infração penal praticada antes ou durante o período de prova.
2ª) Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de
prova até o máximo, se este não foi o fixado (art. 81, §3º).
Extinção da punibilidade
Findo o período de prova sem que tenha havido revogação do sursis, haverá extinção da
punibilidade.
Livramento Condicional
Art. 83, CP e 131 e seguintes da LEP
Conceito
Incidente de execução penal, antecipando-se a liberdade mediante certas condições
conferidas ao condenado, que cumpre parte da pena privativa de liberdade que lhe foi
imposta.
Trata-se de decorrência do sistema progressivo. Mas, embora o seja, não pressupõe passagem
por todos os regimes de pena privativa de liberdade.
Requisitos Objetivos
1- A pena imposta deve ser privativa de liberdade.
2- A pena imposta deve ser igual ou superior a 2 anos.
Em caso de processos diversos, o juiz deve somas as penas impostas, para verificação do
requisito – Art. 84, CPP;
Obs2 Mudanças na Lei de Execução Penal que refletem no livramento condicional (art. 112 da
LEP) No quadro acima já estudamos que o condenado (primário ou reincidente) pela prática de
crime hediondo ou equiparado com resultado morte não pode ser beneficiado com o
livramento condicional (art.112, VI e VIII, da LEP, incluído pela Lei 13.964/19). Neste tópico,
aprofundaremos o estudo. Vejamos a alteração:
Alterações no livramento condicional após Lei Anticrime
(1ª) não terá direito ao livramento o agente primário que for condenado pela prática de
crime hediondo ou equiparado com resultado morte.
Antes da Lei Anticrime era possível a concessão de livramento condicional ao agente primário,
desde que cumprido mais de 2/3 da pena. A vedação se dava ao reincidente específico em
crime hediondo.
A partir da Lei 13.964/19, o agente primário que for condenado pela prática de crime
hediondo ou equiparado com resultado morte não terá acesso ao livramento condicional.
Trata-se, portanto, de nova lei que piora a situação do réu (novatio legis in pejus), sendo
vedada a sua aplicação retroativa.
(2º) não terá direito ao livramento o agente reincidente em crime hediondo ou equiparado
com resultado morte.
Antes da Lei anticrime já não era possível a concessão de livramento condicional ao agente
reincidente específico em crime hediondo ou equiparado, em razão da vedação do art. 83,
inciso V, do Código Penal.
Nesse ponto, então, não houve mudanças práticas, o que significa dizer que não é uma novatio
legis in pejus, uma vez que a vedação ao livramento, nestas hipóteses, já era prevista . Assim, a
ela não se aplica o princípio da irretroatividade.
Este dispositivo legal visa endurecer o tratamento penal do sujeito que, mesmo condenado
nas situações acima descritas, insiste em manter o vínculo associativo com a organização ou
associação criminosa.
Tem se entendido que, por se tratar de um limitador ao livramento condicional, não pode
retroagir.
2º) Faltas graves praticadas antes da entrada em vigor da lei anticrime não se aplica esse
parâmetro.
Há quem entenda que não se trata de requisito objetivo, mas subjetivo, haja vista que diz
respeito ao comportamento do condenado.
A prática de falta grave não interrompe o prazo para o livramento condicional, em razão da
ausência de previsão legal.
Tem-se entendido que não há incompatibilidade entre a súmula 441, do STJ e o novo art. 83,
III, “b” do CP, incluído pela Lei 13.964/19 (não cometimento de falta grave nos últimos 12
meses). O condenado que praticou falta grave não pode ter acesso ao benefício no prazo de 12
(doze) meses posteriores a prática da falta, ainda que tenha atingido o requisito objetivo.
Contudo, mesmo com a existência desse prazo de 12 (doze), a falta grave não zera a contagem
do prazo. Portanto, findo o período impeditivo e, preenchidos os requisitos, pode o condenado
ter novamente acesso ao livramento condicional.
Atenção: A falta grave interrompe o prazo para a progressão de regime (súmula 534 do STJ).
Requisitos Subjetivos
1- Comportamento carcerário satisfatório
Deve observar todo o tempo do cumprimento de pena, não somente determinado período
anterior.
Processamento
Antes da Lei nº 10.792/03 havia um processamento diferente:
O art. 112, §2º, da LEP, incluído pela Lei 13.964/19 (Lei Anticrime) reafirma que “a decisão do
juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida de
manifestação do Ministério Público e do defensor, procedimento que também será adotado
na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos
previstos nas normas vigentes”.
Período de Prova
O período de prova tem início com a audiência admonitória, realizada no estabelecimento
prisional onde está sendo cumprida a pena (art. 137 da LEP), oportunidade em que será
comunicado o rol de condições para concessão do benefício.
Atenção: não mudar de comarca é requisito obrigatório. Pode ser fixado, facultativamente, o
dever de não mudar de residência.
Revogação Obrigatória
É obrigatória, se verificadas as hipóteses do artigo 86, CP.
Consequências:
II- Condenação definitiva a pena privativa de liberdade por crime cometido ANTES do período
de prova do livramento
Ex: estou cumprindo o livramento por um delito de roubo. Antes da vigência do livramento
pratico um furto.
Consequências:
a) O tempo de livramento é computado como pena cumprida.
b) Cabe novo livramento para o roubo.
c) Permite-se a soma das penas dos crimes. (Art. 84 do CP - As penas que correspondem
a infrações diversas devem somar-se para efeito do livramento).
Revogação Facultativo
No caso de revogação facultativa, pode o juiz revogar, mas não obrigatoriamente.
As hipóteses são:
Pena de Multa
Alterada pela Lei Anti Crime e por entendimentos do STJ.
Conceito
A pena de multa encontra previsão constitucional no art. 5º, LVI, “c”, da Carta Magna, e,
conforme art. 49 do Código Penal.
Por ele, a lei fixa no preceito secundário que determinado delito está sujeito à pena multa,
sem, contudo, informar o valor desta sanção, cabendo ao juiz estabelecê-lo segundo os
parâmetros do art. 49 do Código Penal.
Para fixação da quantia dos dias-multa o magistrado se valerá do critério trifásico utilizada
para pena privativa de liberdade.
Contudo, o entendimento da súmula 521 do STJ ficou superado depois da ADI n. 3.150/DF pelo
STF. Nesse julgamento, o Supremo Tribunal Federal deu interpretação conforme ao então art.
51 do Código Penal, aduzindo que, prioritariamente, a execução da pena de multa cabe ao
Ministério Público junto à vara da execução penal.
Após a Lei 13.964/19, houve alteração do art. 51 do Código Penal, passando a prever o
seguinte:
A nova disposição legal não traz a previsão de execução subsidiária pela Procuradoria da
Fazenda Pública perante a Vara da Fazenda Pública, como ressaltou o Supremo Tribunal na ADI
n. 3.150/DF, deixando a cargo do Ministério Público executá-la perante a Vara da Execução
Penal.
Aplica-se esse sistema em relação ao concurso material (art. 69 do Código Penal), ao concurso
formal impróprio (art. 70, caput, 2º parte, do Código Penal) e na aplicação das penas de multa.
Sistema da Exasperação
Aplica-se a pena da infração mais grave aumentada de determinado percentual.
Aplica-se esse sistema ao concurso formal (art. 70, caput, 1ª parte, do CP) e ao crime
continuado (art. 71 do CP).
Sistema da Absorção
Aplica-se exclusivamente a pena mais grave de todos os crimes praticados, sem qualquer
aumento.
Aplica-se em relação aos crimes falimentares praticados pelo falido na vigência do Decreto-lei
7.661/45. Tem se entendido que com a entrada em vigor da Lei 11.101/05 (Lei de Falências)
deve ser mantido o mesmo entendimento.
Espécies
Concurso Material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se
cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja
incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de
detenção, executa-se primeiro aquela
O agente, mediante mais de uma conduta, pratica dois ou mais crimes, pouco importando se
praticadas no mesmo contexto fático.
Momento da Aplicação
1º) Infrações Penais conexas apuradas no mesmo processo: O magistrado sentenciante irá
dosar cada pena individualmente e, ao final, irá aplicar a regra do cúmulo material, somando-
se as penas.
2º) Infrações Penais apuradas em processos distintos: O Juízo da Execução irá realizar o
somatório das penas.
O ANPP somente pode ser proposto se a infração penal tenha pena mínima inferior a 04
(anos). Segundo o enunciado 29 do CNPG:
Haverá unidade de conduta e pluralidade de resultados. Ex: entra com o carro na conveniência
do posto e mata uma pessoa, e lesiona outra.
Haverá unidade da conduta somente se os atos forem realizados no mesmo contexto temporal
e espacial.
Heterogêneo:
Quando os crimes são diversos.
Impróprio ou Imperfeito
É a hipótese em que o agente, mediante uma única ação, realiza a conduta, produzindo dois
ou mais resultados, com desígnios autônomos.
Ex: coloca três pessoas em fila, e dispara um único tiro para matá-las. Queria matar três
pessoas, com um único ato.
Importante: o concurso formal impróprio é aplicado às condutas dolosas. Para o STJ, "os
desígnios autônomos que caracterizam o concurso formal impróprio referem-se a qualquer
forma de dolo, direto ou eventual." (STJ HC 191.490/RJ).
Teoria Objetiva
para configuração do concurso formal basta a conduta e a pluralidade de resultados, pouco
importando a unidade de desígnios (adotada pelo Código Penal).
A aplicação do concurso formal não poderá exceder a pena que seria cabível se aplicado o
concurso material. Se o sistema da exasperação (que deve ser tratado como benefício) for
pior que o sistema do cúmulo material, as penas devem ser somadas.
Crime Continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe
a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
É hipótese em que, mediante mais de uma ação ou omissão, o agente pratica mais de um
delito da mesma espécie, nas mesmas condições de tempo, local e modo de execução,
devendo os delitos subsequentes serem havidos como continuação do primeiro.
Natureza Jurídica:
1º) Teoria da Ficção Jurídica (Francesco Carrara): A continuidade delitiva é uma ficção jurídica
criada pelo ordenamento jurídico. Significa dizer que, embora exista mais de um delito, para
fins de aplicação da pena, deve ser considerado como um único crime.
A soma dos diversos delitos parcelares formam um único crime (adotada pelo Código Penal -
STF).
A regra da ficção jurídica somente é aplicada para fins de fixação da pena. Para os demais
efeitos, a exemplo da prescrição, cada crime é considerado em sua individualidade.
Requisitos:
Pluralidade de condutas.
Unidade de desígnio
Teoria objetiva-subjetiva ou mista: para esta teoria, além dos demais requisitos, é
necessário que se demonstre unidade de desígnio, ou seja, de que os crimes são
resultado de um mesmo plano do agente – STF, RHC 93144/SP. É a que pravelece no
Brasil.
Teoria objetiva pura ou puramente objetiva: não é necessário comprovar unidade de
desígnio.
Aplicação de Pena
1) Crime Continuada simples ou comum
Aquele em que a pena dos delitos praticados são identificas. Aplica-se a de um deles,
aumentando de 1/6 a 2/3.
Aquele em que as penas não são idênticas. Aplica-se a pena do crime mais grave, aumentando-
se de 1/6 a 2/3.
Aplica-se a pena de qualquer dos crimes se idênticas, ou do crime mais grave, se diversas,
acrescido de um aumento de até o triplo.
Qual aumento mínimo? Como não é previsto aumento mínimo, o STF tem entendido que o
aumento mínimo é de 1/6, seguindo a previsão do caput do artigo 71.
Extinção da Punibilidade
Art.107, CP.
Haverá extinção da punibilidade do agente seja na fase do inquérito policial, seja do processo
penal, seja da execução de pena (a morte extingue a punibilidade a qualquer tempo).
A morte extingue a punibilidade de quem morreu, não estendendo aos demais coautores ou
partícipes.
A comprovação do morte se dará com a certidão de óbito original (art. 62 do CPP). Trata-se de
aplicação do princípio da prova legal ou tarifada.
2ª corrente: não é possível anular a decisão que declarou a extinção da punibilidade com
base em documento falso, tendo em vista que não existe revisão criminal pro societate. Se o
órgão acusador não impugnar o documento falso no momento adequado, caberá apenas
propor ação criminal por falsidade ideológica (Ministro Marco Aurélio - STF HC 104998, no
voto vencido).
Morte Presumida
1ª corrente: não extingue a punibilidade (Damásio e Mirabete)
A morte da vítima não extingue a punibilidade. Exceção: ação penal privada personalíssima. Ex:
Induzimento a erro essencial de casamento.
Extinção da Punibilidade
A morte da vítima não extingue a punibilidade.
Exceção: ação penal privada personalíssima. Ex: Induzimento a erro essencial de casamento.
Anistia, Graça e Indulto
Formas de renúncia do Estado ao Direito de Punir.
À exceção dos crimes hediondos e equiparados, todos os demais são passíveis de anistia, graça
ou indulto.
É possível anistia, graça e indulto em crimes de ação penal privada, tendo em vista que o
Direito de Punir é do Estado. Na ação penal privada o que se permite é apenas o
processamento pela vítima, mantendo-se o jus puniendi com o Estado.
Anistia
É o esquecimento do fato criminoso, apagando-se seus efeitos penais.
É de competência do Congresso Nacional, conferido com base de lei, editada pelo Congresso
Nacional.
A anistia se concede por meio de Lei, nunca por meio de decreto, portanto, necessita de
sanção do presidente da república.
Recai sobre Fatos e não sobre Pessoas, logo, não se dirige a uma pessoa, mas a um fato.
Apaga-se os efeitos penais. Os efeitos extrapenais permanecem. Ex: reparação dos danos.
Classificações:
1º) Própria: quando é concedida antes da condenação definitiva.
Restrita: quando exige condições especiais do criminoso para dela se beneficiar. Ex: ser
primário.
3º) Condicionada: exige condição por parte do agente. Ex: reparação do dano. Incondicionada:
não exige condição por parte do agente.
4º) Comum: atinge delitos comuns. Especial: quando atingem delitos políticos.
Graça e Indulto
São benefícios concedidos pelo Presidente da República ou por autoridade por ele delegada
(A.G.U, Ministro da Justiça), mediante decreto presidencial, atingindo apenas os efeitos
executórios penais da condenação.
Indulto é um benefício coletivo, que não depende de provocação. Ex: Indultos de fim de ano.
Momento da concessão
Em regra, o momento da concessão do indulto é após o trânsito em julgado da sentença
condenatória, tendo em vista que se refere à pena imposta.
Classificação:
1º) Pleno ou total: quando extinguem totalmente a pena.
2º) Restrito ou Parcial: quando diminuem ou comutam a pena. Também conhecido como
comutação da pena.
Também não é possível comutação de pena para os crimes hediondos e equiparados, tendo
em vista que a comutação de pena nada mais é que o indulto parcial ou restrito.
2º) Não se admite graça e indulto em relação à medida de segurança, tendo em vista que é
contrária a finalidade do instituto (finalidade curativa).
Falta Grave
O que acontece se o apenado cometer falta grave antes da concessão de comutação de pena
ou indulto? O prazo para a concessão é zerado? Não.
Súmula 535 do STJ: A prática de falta grave não interrompe o prazo
para fim de comutação de pena ou indulto.
Decadência
Consiste na perda do direito de queixa (na ação penal privada) ou de representação (na ação
penal pública condicionada à representação), em razão do decurso do prazo legal.
Previsão legal
Art. 103 do Código Penal e art. 38 do Código de Processo Penal.
Prazo
Em regra, 06 meses.
Quando houver disposição legal expressa em sentido contrário, poderá haver a alteração do
prazo. Ex: arts 529 e 530 do Código de Processo Penal (nos crimes contra a propriedade
imaterial, o prazo será de 30 dias da homologação do laudo):
Art. 529. Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida
queixa com fundamento em apreensão e em perícia, se decorrido o
prazo de 30 dias, após a homologação do laudo. Art. 530. Se ocorrer
prisão em flagrante e o réu não for posto em liberdade, o prazo a que
se refere o artigo anterior será de 8 (oito) dias
Cômputo do Prazo
Considerando que a decadência é causa extintiva da punibilidade, prevalece o entendimento
de que o cômputo do prazo segue as regras do art. 10 do Código Penal (prazo penal: conta o
dia do começo e exclui-se o dia do final. Não se suspende. Não se interrompe. Não se
prorroga).
2º) Por intermédio de analogia in bonam patem é possível se aplicar o prazo de decadencial à
requisição do Ministro da Justiça.
Perempção
É a sanção imposta ao quelerante inerte ou negligente.
Não existe perempção em ação penal pública. É instituto de ação penal privada.
Previsão legal
Art. 60 do CPP Hipóteses:
Prevalece que a sanção pela inércia é automática, ou seja, não precisa haver prévia intimação
para o querelante agir.
2º) 60 dias sem sucessão processual. Ex: faleceu a vítima e se passou mais de 60 sem a
sucessão do C.A.D.I.
3º) Ausência injustificada ou deixar de pedir a condenação nas alegações finais A) Ausência
injustificada Obs. A justificativa evita a perempção.
O querelante pode estar ausente, desde que representado por procurador com poderes para o
ato.
3º) Sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir, sem deixar sucessores.
Observações finais
1ª) No caso de crimes conexos, pode ocorrer a perempção para um deles e o prosseguimento
em relação ao outro.
2º) Na hipótese de 02 (dois) querelantes, a perempção para um não afeta o direito do outro.
3º) Havendo a extinção da punibilidade pela perempção, é vedado ao querelante propor nova
ação.
Renúncia
Trata-se de ato unilateral do ofendido ou do seu representante legal abdicando do direito de
manejar a ação penal privada, extinguindo a punibilidade do agente.
Antes da Lei 9.099/95, a renúncia era aplicada apenas nas hipóteses de ação penal privada.
Contudo, de acordo com o mencionado diploma legal, o acordo homologado acarreta a
renúncia ao direito de queixa ou representação, nas hipóteses de ação penal privada e de ação
penal pública condicionada (art. 74, parágrafo único, da Lei 9.099/95).
A renúncia dispensa a aceitação da parte contrária (é ato unilateral). Se não manejo a ação
quer dizer que renunciei.
A renúncia é sempre anterior à propositura da ação penal (é ato extraprocessual).
2º) Renúncia Tácita: trata-se de comportamento incompatível com a vontade de ver o infrator
processado (art. 104, parágrafo, único, do Código Penal). Ex: vira padrinho de casamento do
infrator.
Observações finais
Não implica renúncia tácita o fato de o ofendido receber indenização pelo crime (art. 104,
parágrafo único, 2º parte, do Código Penal).
Havendo mais de uma vítima, cada uma delas possui direito de renúncia autônomo e
independente. Então, se uma vítima renunciar, não acarreta a renúncia da outra vítima.
Perdão do Ofendido
É o ato pelo qual o ofendido ou seu representante legal desiste de prosseguir com o
andamento do processo já em curso (ação penal privada), desculpando seu agressor. Se o
perdão for aceito, haverá a extinção da punibilidade (ato bilateral).
Não existe esse instituto na Ação Penal Pública (sem exceções). Somente há na Ação Penal
Privada.
Após o trânsito em julgado (na fase de execução de pena), não existe perdão extintivo da
punibilidade.
O Perdão aceito por uma vítima, não importa no perdão da outra. O direito de uma vítima
não atrapalha o perdão da outra vítima.
Prescrição
Conceito
É a perda do direito de punir do Estado ou de executar a pena em virtude de não tê-lo sido
exercido no dentro do prazo legal. Assim, diante da inércia do Estado, extingue-se a
punibilidade pelo decurso do tempo.
Natureza Jurídica
Causa extintiva da punibilidade.
Trata-se de um instituto de Direito Penal, portanto, conta-se o dia do início exclui-se o dia do
final – art. 10, CP.
Fundamento da Prescrição
O tempo faz desaparecer o interesse social de punir o agente.
A regra é a prescirtibilidade, portanto, contudo, há exceções trazidas pela CF e pelo STF.
Hipóteses de Imprescritibilidade
Previstos na CF –“RAGA”
1) Crime de Racismo (art. 5º, XLII, da CF)
Observação: Tortura
2º) Embora seja reconhecida a prescrição quanto ao delito de tortura, os Tribunais Superiores
têm entendido que a reparação civil do dano oriundo da citada conduta é imprescritível. Ex:
crimes da época da ditadura.
3º) deve-se frisar que, ao contrário do que é aplicado na ordem jurídica interna (que possui
como regra a prescritibilidade do crime de tortura), a prática de crimes contra a humanidade,
utilizando-se de atos de tortura, no contexto do Tribunal Penal Internacional, é considerada
imprescritível, conforme dispõe o artigo 29 do Estatuto de Roma (Caso Gomes Lund –
Guerrilha do Araguaia).
No AgRg no REsp 686.965/DF, o STJ entendeu que o delito de injúria racial também é
imprescritível, pois encontra-se na seara dos crimes de racismo.
O STF, no HC 154.248, entendeu que a injúria racial é espécie do gênero racismo e, portanto,
é crime imprescritível.
Vejamos:
Observação: o inciso VI, do art. 109 teve nova redação dada pela Lei 12.234/10 (de
05/05/2010). Antes da alteração, a prescrição se dava em 02 anos se o máximo da pena fosse
inferior a 01 (um) ano. Atualmente, a prescrição ocorre em 03 anos. Por se tratar de lei mais
severa, não se aplica aos fatos praticados antes de sua vigência.
Espécies de Prescrição
Antes do Trânsito em Julgado: PPP
Regula-se pela pena máxima prevista para o crime. Sendo incerta a quantidade de pena a ser
fixada pelo juiz na sentença, o prazo prescricional é o resultado da combinação da pena
máxima prevista abstratamente no tipo e a escala do art. 109 do Código Penal.
Ex: Furto Simples – 1 a 4 anos. A pena máxima é de 4 anos. Logo, prescrição em 8 anos.
1º) Causas de Aumento e de Diminuição de Pena: são consideradas para o fim do cálculo da
prescrição.
Busca-se o maior aumento e a menor diminuição (porque deve-se achar a pena máxima).
2º) Agravantes e Atenuantes Agravantes e Atenuantes não devem ser consideradas para o
cálculo da prescrição, tendo em vista que não há previsão legal de seu quantum, ficando a
critério do juiz.
1ª posição: o termo sentença deve ser compreendido como a primeira decisão condenatória,
seja sentença ou acórdão proferido em apelação. STJ. 6ª Turma. HC 316.110-SP, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 25/06/2019 (Info 652).
2ª posição: o termo sentença deve ser entendido como o último pronunciamento judicial, o
qual conferiu status de imutabilidade ao título executivo penal (STF, ARE 778042 AgR, julgado
em 21/10/2014).
3º) Qualificadoras: São consideradas para o cálculo do prazo prescricional, tendo em vista que
possuem pena autônoma, distinta e superior à cominada no tipo básico.
Consequências
1ª) o Estado perde seu direito de punir, inviabilizando a análise de mérito.
2ª) se houver sentença condenatória provisória, ela será rescindida, não se operando nenhum
efeito (penal ou extrapenal);
Obs. Nos crimes contra a ordem tributária previstos no art. 1º, I, “a”, da Lei 8.137/90, não se
inicia o prazo prescricional enquanto não houver a constituição definitiva do crédito tributário.
2º) No caso de tentativa, do dia em que cessou atividade criminosa. Do dia do último ato
executório
3º) Crimes Permanentes Do dia em que cessou a permanência.
Obs. Crimes Habituais: Nos crimes habituais, o prazo da prescrição inicia-se da data da última
das ações que constituem o fato típico. Ex: casa de prostituição.
4º) Bigamia e falsidade de assento de registro civil: da data que o fato se tornou conhecido
para autoridade encarregada da persecução penal.
5º) Nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos no Código Penal
ou em legislação especial, data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse
tempo já houver sido proposta a ação penal. O inciso V foi incluído pela Lei n. 12.650, de 17 de
maio de 2012. Como se trata de lei nova mais severa, não poderá retroagir para prejudicar o
réu.
A denúncia anulada não funciona como marco interruptivo da prescrição. Vale dizer, mesmo
que prolatada sentença condenatória, se o Tribunal reconhecer a nulidade do processo a
contar do recebimento da denúncia, não subsistirão os marcos interruptivos da prescrição
(STJ AgRg no HC 396.797).
Ainda que o Tribunal do Juri desclassifique o crime, será operada a interrupção da prescriçãoo
pela Pronúncia.
Há correntes sobre a interrupção de prescrição sobre acordão que confirme o teor da sentença
de primeiro grau.
1ª corrente: “O acórdão que apenas confirma a sentença de primeiro grau, sem decretar nova
condenação por crime diverso, não configura marco interruptivo da prescrição, ainda que haja
reforma considerável na dosimetria da pena” (STJ AgRg no REsp 1362264)
2ª corrente: o STF já decidiu que o acórdão que modifica substancialmente a pena fixada tem o
condão de interromper a prescrição (HC 110810), mas o “acórdão que confirma ou diminui a
pena imposta na sentença condenatória não interrompe a prescrição” (STF HC 96009).
Observações Finais
1ª) Natureza Jurídica da Decisão que reconhece a prescrição: declaratória extintiva da
punibilidade.
2ª) Prescrição de Ato Infracional: Súmula 338 do STJ (“A prescrição penal é aplicável nas
medidas sócio-educativas.”)
Regula-se pela pena aplicada na sentença e não mais pela pena máxima em abstrato.
Lógica da P.P.P Retroativa
Antes da sentença recorrível, como não se sabe qual a quantidade de pena a ser fixada pelo
juiz, a prescrição é regulada pela pena máxima em abstrato (teoria da pior das hipóteses).
No entanto, fixada a pena, ainda que provisoriamente e transitada em julgada para acusação,
não mais existe razão para se levar em conta a pena máxima, tendo em vista que, mesma
havendo recurso da defesa, não é possível a reformatio in pejus.
Dessa forma, o parâmetro utilizado para o cálculo da prescrição é a pena prevista na sentença.
Com a Lei 12.234/10 não mais existe possibilidade de P.P.P Retroativa antes do recebimento
da inicial acusatória.
Características:
1º) é necessário a existência de sentença ou acórdão penal condenatória.
2º) é necessário trânsito em julgado para a acusação no que diz respeito a pena aplicada.
2º) é necessário trânsito em julgado para a acusação no que diz respeito a pena aplicada.
Antes de proferida a sentença, supõe-se uma pena a ser aplicada. Em a pena máxima sendo de
um ano, por exemplo, e o processo já perdura por 3 anos, sem ter sido marcada a audiência de
instrução. Por isso, já teria operado a prescrição.
STF e STJ não admitem essa modalidade: 1º fere o princípio da presunção de inocência; 2º
não há previsão legal.
Ex: Sentença condenatória proferida. MP não recorreu. Trânsito em Julgado para o MP. A
defesa recorreu. Processo no Tribunal. Decisão final. A partir da decisão final interrompe o
prazo prescricional PPE, que se iniciou com o trânsito em julgado para o MP.
Qual utilizar? Se a pena for pro réu, utilizar a primeira posição. se de viés mais condenatório ao
réu, e pro societatis, como uma prova de MP, adotar a segunda corrente.
2º) Início ou continuação do cumprimento de pena Obs6. Na PPE, se o réu for considerado
reincidente na sentença, o prazo prescricional é aumentado de 1/3 (um terço).
Os incisos III e IV são movidas incluídas pelo Pacote Anti Crime, por isso, não retroagem.
Impeditivas: causas que impedem a prescrição de correr. A prescrição sequer começa a correr.
Suspensivas: quando a prescrição já começou a correr por algum motivo, mas as circunstância
legais impedem que ela continue correndo.
Se o processo de anulação estava em curso, temos uma causa impeditiva: a prescrição sequer
inicia.
Efeitos da Condenação
Efeitos
Principais
A) Pena: é aplicada ao imputável ou semi-imputável e podem ser privativa de liberdade,
restritiva de direitos e multa.
B) Medida de Segurança.
Neste caso, basta que a vítima liquide e execute a sentença penal condenatória, a qual se trata
de título executivo judicial.
1º) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso,
porte ou detenção constitua fato ilícito. Ex: drogas, arma de fogo, etc Instrumento do crime
(instrumenta celeris): são os objetos utilizados pelo agente na execução do delito.
2º) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo
agente com a prática do fato criminoso.
Ex: o agente pratica um furto ou um roubo de um veículo não é condenado a perder o bem
furtado ou roubado. Isso é um efeito que decorre da sentença penal condenatória. Perder o
carro não é pena.
b) a coisa obtida mediante especificação (ex: colar feito com as pedras preciosas roubadas);
c) coisa obtida mediante alienação (ex: dinheiro adquirido com a venda do bem roubado).
É possível que o confisco seja realizado após a sentença? É possível a decretação do confisco
depois da prolação da sentença condenatória, tendo em vista que não há preclusão pro
judicato que impeça a decretação do perdimento de bens após a sentença.
Ex: funcionário público que pratica delito de corrupção passiva do art. 317 do Código Penal e
recebe vantagem indevida de 200 mil reais. Esse funcionário tem uma renda anual de 300 mil
reais e exerce suas funções há 01 (um) ano. O patrimônio desse funcionário é de 10 milhões.
1º) Quanto à vantagem indevida recebida: os 200 mil são perdidos nos termos do art 91, II,
“b”, do Código Penal.
2º) Quanto ao patrimônio de 10 milhões incompatível: o que fazer? O art. 91- A entra nesse
contexto. Antes do art. 91-A não era possível buscar o patrimônio incompatível, salvo se fosse
possível vincular a alguma das hipóteses do art. 91 do Código Penal (como proveito ou produto
do crime, etc).
2) Requisito: crimes com pena máxima superior a 06 (seis) anos de reclusão. Obs1. Critério é
pena máxima prevista em Lei e não a quantidade de pena concretamente aplicada na
sentença. Obs2. Para realização desse cálculo deve ser levar em consideração as
qualificadoras, privilegiadoras, causas de aumento ou diminuição de pena.
AULA 39
Inciso II: é a hipótese em que o agente possua bens em seu nome, percebe o início das
investigações e começa a dissipar os bens colocando em nome de terceiros a título gratuito
(doação) ou mediante contraprestação irrisória (simulando uma compra e venda) Obs3. Ambas
a hipóteses serão consideradas patrimônio e podem ser perdidas.
Poderá deixar de perder os bens se ele provar que há incompatibilidade ou que aqueles bens
têm procedência lícita. Ex: recebeu herança, possui outras fontes de renda lícita, etc.
Poderá existir discussão, uma vez que, um dos corolários do princípio da inocência é a
distribuição do ônus probatório. Vale dizer, cabe ao Ministério Público provar os fatos
imputados ao réu.
O MP irá apenas demonstrar que o acusado tem mais bens do que seus rendimentos teriam
possibilidade de comportar. No caso art. 91-A, caberá ao réu provar que todo o bem que
compõe o seu patrimônio tem procedência lícita ou mesmo que inexiste incompatibilidade.
No art. 387 não se fala em pedido do MP, mas o STJ entende que, apesar do silencia da lei, é
necessário que a indenização mínima seja requerida na inicial, para que não viole a ampla
defesa e o contraditório. Isso porque essa situação deve ser discutida nos autos para que o réu
possa dela se defender.
Momento do Pedido
Decisão do Juiz
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar
os bens cuja perda for decretada.
O juiz deverá especificar na sua decisão a diferença dos valores apurados e quais serão os bens
que serão perdidos. Obs2. Não serão permitidos pedidos genéricos e decisões genéricas.
Não possui muita relação com o caput por duas razões: fala em organização criminosa (o caput
fala em crime com pena máxima superior a 06 anos) e fala em instrumentos utilizados para
prática de crimes (o caput fala em patrimônio incompatível).
Importância do § 5º: O perdimento ocorrera ainda que não coloque em perigo a segurança
das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o
cometimento de novos crimes.
Específicos
São aqueles efeitos que não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na
sentença.