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Revisão Turbo – 20/06/2022


Professor Nidal Ahmad

Direito Penal
Parte Geral

Aplicação da Lei Penal


Art. 2º Código Penal: abolitio criminais.
 Lei posterior deixa de considerar o fato como crime.
 Extinção de Punibilidade

Vai cessar todos os efeitos penais (antes era crime e agora não gera nenhum efeito penal).

Cessa os efeitos a sentença penal condenatória, então se cometer um novo crime após a sentença
já transitada onde não tem mais crime, não será considerado reincidente.

Exemplo: Estava sendo condenado por crime e o Inquérito Policial é arquivado.

Cessam os efeitos penais, mas os efeitos extrapenais não.

Exemplo: sedução era crime e lei posterior deixou de considerar o fato como crime. A mulher,
no entanto, pode ingressar com ação no âmbito cível para pedir os danos morais.

Novatio legis in mellius - é a nova lei que de qualquer modo beneficia o réu. Esta lei retroagirá,
atendendo à regra, prevista no artigo 2°, parágrafo único, do Código Penal. A lei penal nova que
beneficia o réu não respeita a coisa julgada, sendo aplicada mesmo quando o agente já tenha sido
condenado definitivamente.

 Súmula 611, STF - Se o agente está em execução da pena (após o trânsito em julgado) e
tiver uma lei posterior mais benéfica, o juiz da execução penal que vai seguir com a
aplicação dessa lei mais benéfica.

ATENÇÃO!

Crime Permanente – artigo 159, CP: Extorsão mediante sequestro

Exemplo: Débora foi sequestrada em 05/06/2022 – (pena: 8 a 15 anos) durante o sequestro vem
uma nova lei que ordena a pena ser de 10 a 20 anos no dia 15/06/22, (cessou a permanência –
resgatada em 30/06/22) – no momento da sentença, qual a lei o juiz vai considerar?
Deve considerar a lei nova que entrou em vigor, mesmo que seja mais gravoso/mais severa –
15/06/22.

 Súmula 711 STF: a lei penal mais grave vai ser aplicada se a sua vigência é anterior a
cessão da sua permanência.

Art. 3º, Código Penal:

Lei temporária já tem no seu teor a data de início e término de vigência.

Exemplo: Lei de Jogos Olímpicos – começou dia 10/05/16 e terminou em 31/12/16.


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Lei excepcional vai vigorar quando estivermos diante de uma situação excepcional (não tem data
determinada), ou seja, cessada a situação excepcional, vai cessar a vigência dessa lei.

Exemplo²: Pandemia – covid 2019: não usar mascara durante o período da pandemia – pena: 1 a
4 anos.

Características:
Elas são auto revogáveis - não precisa da lei posterior que as revogue.
A ultratividade - a lei revogada vai continuar gerando efeitos sobre os fatos praticados
durante a sua vigência.
Tempo do Crime
Teoria da Atividade
Art. 4º, CP: Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja
o momento do resultado.
 incide a lei que está no momento da ação ou omissão.
Lugar do Crime
 Teoria da Atividade
 Teoria da Ubiquidade

Art. 6º, CP: Crimes a distância:


A conduta praticada em um país e o resultado ocorre em outro país.
Para aplicação da lei penal:
Exemplo¹: conduta partiu do Brasil e o fato ocorreu na Argentina. Aplica-se a lei Brasileira pois
a ação ou omissão ocorreu no Brasil.
Exemplo²: conduta da Argentina e o resultado ocorreu no Brasil. A lei penal brasileira também
será aplicada pois é onde produziu ou deveria ter produzido resultado.
 Teoria da Ubiquidade.

Princípio da Territorialidade – Artigo 5º, CP:

A lei penal vai se aplicar para fatos praticados no território nacional.

Artigo 5º, §1º, CP: quando o fato for praticado a bordo de embarcação ou aeronave.

Se for de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, vai ser território


brasileiro onde quer que esteja.

Exemplo: Navio da marinha do brasil havia um marinheiro que praticou lesão corporal em outro
marinheiro dentro da embarcação – atracado no porto da França. (Território brasileiro por
extensão – aplica-se o princípio da territorialidade).

Se for de natureza privada ou mercantil brasileiro navegando ou voando em alto mar


(aonde não há nenhum estado soberano), será aplicada a lei brasileira.
Se estiver em Porto em um país (mar territorial estrangeiro) ou estão sobrevoando
algum país, não será aplicada a lei brasileira.

Crimes Omissivos

Art. 13 §2º, CP: crimes omissivos próprios - qualquer um de nós pode ser alcançado em tipos
penais específicos.
 O cidadão tem o DEVER DE AGIR (coletividade).
Exemplo: omissão de socorro (deixar de prestar assistência).
 NÃO ADMITE TENTATIVA
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Artigo 13, §2º, CP: Crimes omissivos impróprios: não há um tipo penal específico definindo a
conduta específica.

 Sujeito tem o DEVER DE AGIR para EVITAR O RESULTADO.


 (Devia e Podia)

Relevância da Omissão:
a) Por lei tem obrigação de cuidar (proteção ou vigilância).

Exemplo: mãe que deixa de amamentar o bebê com a intenção de que ele venha a morrer. Se a
omissão for relevante para o resultado, ela vai responder pelo resultado produzido. Então, vai
responder pelo homicídio.

b) De outra forma assumiu responsabilidade. Há, aqui, a posição de garantidor.


Exemplo: salva vidas que não vê criança se afogando pois estava olhando para outras mulheres.
Logo, essa omissão foi relevante para que ocorresse a morte da criança, então vai responder por
homicídio culposo.

Exemplo²: médico se omitiu dolosamente, vai responder pelo resultado doloso. Viu que a pessoa
ia morrer, mas quis assistir TV. Se a omissão foi de forma CULPOSA, o homicídio é culposo.
Se a omissão foi dolosa, responderá pelo homicídio doloso.

c) Em comportamento anterior criou o risco da ocorrência do resultado: tem o dever de


agir para evitar o resultado. Se a omissão foi culposa, responderá pelo homicídio culposo.
d)
Observação: crimes omissivos IMPRÓPRIOS ADMITEM TENTATIVA.

Exemplo: Mãe que deixa de amamentar o filho e antes da criança falecer a vizinha vai lá e busca
a criança. Logo, vai admitir a tentativa de homicídio nesse caso.

Tentativa – artigo 14, II, CP:


 É uma causa de redução da pena (diminui a pena do crime consumado de 1/3 a 2/3).
 Quanto mais próximo da consumação, menor vai ser a diminuição da pena pela tentativa.
 Aqui, o sujeito QUER praticar o crime.
 Crime não vai se consumar por vontade alheia a sua vontade.

Infrações que não admitem tentativa ou que a tentativa não será punida: crime culposo (não
quer praticar o crime). Crime preterdoloso (dolo na conduta e culpa no resultado). Contravenção
penal. Crimes omissivos próprios não admitem tentativa também (omissão de socorro – ou presta
assistência ou deixa de prestar assistência e o crime está consumado).

 Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Art. 15, CP): dá início a execução, mas
a não consumação é por vontade própria. Em ambos vai responder pelos atos praticados
e não pela tentativa!!!

Na desistência voluntária o sujeito vai interromper os atos executórios e não vai esgotar a sua
potencialidade lesiva, onde o sujeito vai PARAR por vontade própria.

No arrependimento eficaz o sujeito vai esgotar os meios executórios e tudo que está a sua
disposição para alcançar a consumação. Mas ANTES da consumação ele vai se arrepender e
evitar o resultado.
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Exemplo: efetuou 5 disparos de arma de fogo contra o Victor. Atingiu ele. Mas antes dele morrer
(consumação), se arrepende e leva ele para o hospital e ele acaba sobrevivendo. O agente vai
responder por lesão corporal (vai responder pelos atos praticados).

ATENÇÃO! Em desistência voluntária não responde JAMAIS por TENTATIVA.

Artigo 16, CP:


Arrependimento posterior - Crimes sem violência ou grave ameaça a pessoa. APÓS a
consumação. Há a reparação do dano ou restituição da coisa ATÉ o recebimento da denúncia
ou queixa, beneficio = haverá diminuição da pena de 1 a 2/3.

Atenuante do artigo 65, III, ‘’b’’, do CP.


Crime de Peculato culposo – extingue a punibilidade.

Artigo 17, CP: FATO ATÍPICO

Crime impossível - ineficácia absoluta do meio ou impropriedade do objeto não consuma o


crime.

É impossível a consumação, embora desejando o resultado.


Objeto: coisa ou pessoa, sobre quem recai a conduta.
Exemplo: menina quer praticar abordo e toma conhecimento que chá de boldo tem efeito
abortivo. No entanto, o instrumento é absolutamente ineficaz (chá de boldo não é abortivo) e não
tem como ocorrer o crime.
Exemplo²: Na impropriedade absoluta do objeto, a pessoa ou coisa na qual recaiu o objeto, não
pode.
Exemplo³: praticar disparos contra pessoa que já estava morta.
 NÃO PUNE A TENTATIVA!
Artigo 20, CP:
ERRO DE TIPO - SEMPRE VAI EXCLUIR O DOLO.
O agente não sabe que pratica um fato descrito na lei como crime.
Erro sobre o elemento constitutivo do tipo essencial (cada artigo é formado por elementos).
 Artigo 121, CP – matar alguém (elemento constitutivo do tipo)
EFEITOS:
Se for erro de tipo inevitável (invencível) estaremos diante da exclusão do dolo e da culpa e o
dolo será atípico pois qualquer pessoa também erraria.
 Exclusão do dolo e culpa – fato atípico (não responde por nada).
Exemplo: quando a pessoa numa caçada, crê que mata um animal, mas acaba por atingir um ser
humano agachado na mata.
Exemplo²: João sentado num bar coloca seu celular na mesa, e Caio e Ana também, acaba que
Ana e João acaba levando para casa o celular alheio por serem iguais – da mesma marca e cor.
(você acredita ser o teu celular – falsa realidade).

Erro de tipo evitável (vencível): uma pessoa mais cautelosa não erraria, vai ter a exclusão do dolo
e o sujeito vai responder pelo crime na modalidade culposa.
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 Responde por culpa!


Artigo 21, CP:
ERRO DE PROIBIÇÃO
O agente sabe que está fazendo, MAS falta potencial consciência que aquela conduta é ilícita.
Exemplo: Estrangeiro de país em que a maconha é autorizada livremente carrega maconha para
o Brasil (supõe que o fato não é proibido) – sabe o que está fazendo: fumando maconha, mas não
sabe que o Brasil proíbe o uso da maconha de acordo com a lei.
EFEITOS:
Inevitável – isento de pena (exclusão da culpabilidade)
Evitável – responde pelo delito com redução de pena de 1/6 a 1/3.
Erro de tipo acidental:
Sobre a pessoa (Art. 20 §3º, CP): SEMPRE se considera as qualidades da pessoa que o agente
queria pratica o crime.
Erro na identificação acaba atingindo pessoa diversa.
Exemplo: Quer matar o Victor, vai até a residência dele, tem um rapaz parecido com o Victor.
Chega lá e efetua o disparo. Atingiu o alvo. E aí, na verdade, era o irmão gêmeo do Victor.
Responde por homicídio doloso pois você QUERIA matar o Victor.
 Consideram-se, na dosimetria da pena, as condições e qualidades da vitima contra qual o
agente queria praticar o crime.
Na execução (Art. 73º, CP) (aberratio ictus): ao invés de atingir a pessoa que pretendia, atinge
pessoa diversa por acidente ou erro no uso dos meios de execução. Também se consideram as
condições ou qualidades da pessoa PRETENDIDA.
Exemplo: quer matar o Victor e por erro na pontaria acabou atingindo a Débora. Há a
possibilidade de errar quanto a pessoa? NÃO! É um erro na execução.
Exemplo²: Quer matar a Débora e coloca veneno na xícara da Débora. O Victor bebe na xícara
da Débora.
Exemplo³: Efetua disparo e acerca a Débora e o Victor, mas queria matar somente a Débora. Uma
conduta = dois crimes = concurso FORMAL. Homicídio culposo e homicídio doloso.
Exemploº¹: Victor era agressor injusto e por erro na pontaria atingiu pessoa diversa. Responde
por homicídio doloso ou culposo e está diante da legítima defesa? O único meio que tinha para se
defender era atirar. Estará em legítima defesa. É como se tivesse atingido a pessoa pretendida!!
 Consideram-se, na dosimetria da pena, as condições e qualidades da vítima contra qual o
agente queria praticar o crime.
Resultado Diverso Pretendido – artigo 74, CP (aberratio criminis) incide fora dos casos do artigo
anterior (erro na execução).
Exemplo: Laura quer um resultado pretendido (crime de dano contra Victor – artigo 163, CP)
mas por erro na execução ou acidente – acaba produzindo resultado diverso do pretendido fora
dos casos anteriores. – Vai jogar uma pedra no carro de Victor, mas acabo atingindo pessoa por
acidente. Irá responder por culpa se o fato for previsto em lei: lesão corporal culposa.
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Causas de excludente de ilicitude


(Art. 23, CP): pratica fato típico e gera presunção de que é contrário ao direito. Temos algumas
causas que excluem a ilicitude do fato tornando-o lícito.
Estado de necessidade – Art.24, CP: sujeito pratica fato típico para se salvar de situação de perigo
ATUAL. Só vai alegar aquele que não provocou a situação de perigo.
 Humana – Incêndio.
 Natureza – enchente.
 Animal – ataque espontâneo.
Exemplo: Incêndio. Para se salvar pratica lesão corporal grave.
Legítima defesa - Art. 25, CP: o sujeito pratica fato típico para repelir uma injusta agressão. Tem
que verificar um meio necessário e fazer o uso imoderado desse meio (suficiente para cessar a
agressão). O excesso, se doloso, responde pelo crime na modalidade dolosa. Se culposo, responde
pelo crime na modalidade culposa.
Considera-se também em Legitima A o agente de segurança pública que no contexto de crime
com refém, atira contra o suspeito, estará em legitima defesa e não no estrito cumprimento do
dever legal.
Estrito cumprimento do dever legal: é praticado pelo agente público onde a função pressupõe
um fato típico.
Exemplo: Um policial em cumprimento de mandado de busca e apreensão numa residência e o
morador não autoriza a entrada e o agente invade a residência contra a vontade do morador e
arrebentou a porta (usou a força). Não será punido pois a lei autoriza a prática desse ato no estrito
cumprimento do dever legal.
Exemplo²: confronto entre policial e suspeito (que começa atirar no policial) e o policial desfere
com arma de fogo no suspeito – legitima defesa (porque não há nenhuma lei falando que deve
matar suspeito).
Exercício regular de um direito: um cidadão comum que pode praticar fato típico.
Exemplo: livre manifestação do pensamento (ex legalização da maconha). Está exercendo o
direito do livre pensamento e não pode ser punido por incentivar tal crime.
Observação: Artigo 301, CPP – Flagrante (facultativo – cidadão comum e obrigatório – agente
de segurança /policial).
CRIME = Fato Típico + Ilícito + Culpável
Culpabilidade: a culpabilidade é o juízo de reprovação social.
Imputabilidade + potencial consciência da ilicitude + exigibilidade de conduta diversa.
a) Inimputabilidade (Art. 26 caput, CP): enfermidade mental ou desenvolvimento mental
incompleto e retardado + inteiramente incapaz de compreender o caráter ilícito de sua
conduta e se comportar de acordo com esse entendimento.
O critério é o BIOPSICOLÓGICO.
A sentença é absolutória imprópria pois será aplicada medida de segurança (internação ou
tratamento ambulatorial).
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A inimputabilidade pode ser também pela embriaguez acidental (força maior ou caso fortuito)
e completa (sujeito fica inteiramente incapaz de compreender o caráter ilícito da conduta e age
como tal) – embriaguez retirou a capacidade do sujeito (artigo 28, §1º, CP).
Exemplo: boa noite cinderela ou calouro embebedado pelo veterano.
 Embriaguez voluntária – aquele que você vai beber para se embriagar
 Embriaguez culposa – aquela que você sai para beber e acaba se embriagando
 Nessas duas opções: Não exclui a imputabilidade penal (artigo 28, II, CP)

b) Falta potencial consciência: erro de proibição que acontece quando o sujeito supõe que a
conduta é permitida quando na verdade ela é proibida.
Exemplo: Gringo no Brasil que acha que aqui é permitido fumar maconha quando na verdade é
proibido. Erra sobre licitude do fato. Se inevitável será isento de pena (exclusão da culpabilidade).
Se o erro for evitável (com pouco mais de esforço poderia atingir consciência de que a conduta é
ilícita), vai responder pelo crime e a pena diminui de 1/3 a 1/6.

c) Inexigibilidade diversa: coação moral irresistível - Tem a figura do coator que por meio
de grave ameaça faz com que o coagido pratique ato ilícito (exclui a culpabilidade).

Exemplo: transferir para conta bancária sob grave ameaça. O coagido é isento de pena e apenas
o coator que vai responder pelo crime pois o coagido está sob ameaça e age sem vontade.
Exemplo²: Victor ameaça Débora se ela não matar Caio, ele iria matar a sua mãe. Somente o
Victor será punível, por ser o autor da coação ou da ordem.
Artigo 22, CP:
Na obediência hierárquica, o superior não manifestamente ilegal, faz com que o subordinado
pratique um fato típico e ilícito. Será isento de pena.
Exemplo: Delegado dá uma ordem para o policial prender um sujeito sem mandado judicial,
quem irá responder pela conduta? O delegado (somente o autor da ordem).
Coação Física Irresistível – o sujeito para considerar a conduta punível, deve agir com consciência
e vontade (exclui a tipicidade).
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