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DIREITO PENAL PARA OAB

“Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação
legal”.

Se um fato deixou de ser crime, todas as pessoas que estão sendo punidas por conta
disso devem ser beneficiadas com o fim das penalidades e efeitos penais. Mesmo que
a sentença já tenha transitado em julgado.

Se houve prática de crime durante a vigência de uma lei temporária, esses crimes
serão punidos mesmo que seja após o fim dessa lei.

TEMPO DO CRIME

Considera-se como praticado no momento da ação ou omissão do sujeito, mesmo que


o resultado desse crime só aconteça depois.

TERRITORIALIDADE

Aplica-se a lei brasileira a todo crime cometido em território nacional.


 As embarcações e aeronaves brasileiras públicas ou a serviço do governo são
consideradas como território nacional.
 As embarcações e aeronaves privadas que estiverem no espaço aéreo
correspondente ao Brasil ou em alto mar também estão sujeitas a lei brasileira.
 As embarcações e aeronaves estrangeiras que estejam em território nacional
(em portos ou em pouso) estão sujeitas a lei brasileira se houver crime a bordo.

O QUE É CRIME?

Fato típico + antijurídico + culpável


Existem duas espécies: os delitos e as contravenções penais. A diferença entre eles
está na sanção, na pena.
Menor de 18 anos não comete crimes.

CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES

1) Crime de mera conduta (ou de simples atividade): Não possuem resultado


naturalístico, ou seja, não há modificação do mundo exterior em razão de sua prática,
limitando-se o legislador a descrever a conduta proibida.
Ex.:
· Omissão de socorro;
· Violação de domicílio;
· Crime de desobediência.
2) Crime material – possuem resultado naturalístico, sendo sua produção necessária
para a consumação.
Ex.:
· Lesão
· Furto
· Homicídio
· Peculato

3) Crime formal – são aqueles que apesar de possuírem resultado naturalístico


descrito no tipo, o resultado não é necessário para a consumação.

CONSUMAÇÃO

1) Crime de mera conduta - consumação ocorre com a simples atividade do agente.

2) Crime material - consuma-se com a ocorrência do resultado.

3) Crime formal - a consumação ocorre com a atividade do agente, pouco importando


a produção do resultado, lembrando que o resultado, se houver, agrava a pena.

4) Culposa - A consumação ocorre com a produção do resultado não querido, isto é,


involuntário.

5) Permanente - A consumação se prolonga com o tempo.


Ex.: sequestro, exortação mediante sequestro.

6) Habitual - Só se consuma com a reiteração de atos, isto é, um ato isolado é


considerado atípico.
Ex.: Curandeirismo.

ITER CRIMINIS

Conceito: é o caminho / itinerário do crime. Se subdivide em 4 etapas, vejamos:

1) Cogitação: O agente apenas mentaliza, prevê, planeja, representa mentalmente a


prática do crime. É absolutamente impunível (sem exceção).

2) Preparação: São os atos imprescindíveis à execução do crime. Nessa fase ainda


não se iniciou a agressão ao bem jurídico. O agente não começou a realizar o verbo
constante da definição legal. Como regra geral, são impuníveis. Exceção: Petrechos
para falsificação da moeda

3) Execução: Aqui o bem jurídico começa a ser atacado. Nessa fase o agente inicia a
realização e já se torna punível.

4) Consumação: é o último passo para realização do crime. É o momento em que o


agente realiza, em todos os seus termos, o tipo legal da figura delituosa e em que o
bem jurídico penalmente protegido sofre a lesão efetiva ou ameaça.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe


deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido.

Porém, o resultado, muitas vezes, é feito de vários comportamentos e vários fatores.


Entre esses comportamentos e fatores a conduta do agente aparece como principal
elemento que vai desencadear o resultado, mas não o único elemento.

A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando,


por si só, produziu o resultado. Ou seja, se depois do crime acontece algo que por si
só causou o resultado, o autor do crime responderá somente pela tentativa, uma vez
que não foi a conduta dele que gerou o resultado.

Exemplo: Ana atira em Maria. No caminho para o hospital a ambulância capota e


Maria morre devido a traumatismo craniano.
Ana então não foi a responsável pela morte, mas como tentou matar a vítima com um
tiro, deverá responder por homicídio tentado.

CRIME TENTADO

A tentativa é a realização incompleta do tipo penal. Na tentativa há prática do ato de


execução, mas o sujeito não chega a consumação por circunstâncias alheias a sua
vontade.
Ex.: A atira em B, mas é impedido por C de continuar com o crime de homicídio.

Punição: pune-se a tentativa com a pena do crime consumado diminuindo de 1/3 a


2/3.

INFRAÇÕES PENAIS QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA

 Contravenções penais (nenhuma admite tentativa)


 Crimes Culposos
 Crimes habituais (pois para existirem deve haver a reiteração de atos)
 Crimes Omissivos (na simples obtenção do crime ele já está consumado)
 Crimes em que só há a punição quando houver o resultado. Ex.: Induzir ou
auxiliar suicídio.
 Crime preterdoloso – dolo na primeira conduta e culpa da conduta
consequente. Ex.: Lesão corporal seguida de morte.

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA - Segundo a nossa legislação, o agente que


voluntariamente desiste de prosseguir na ação só responderá pelos atos já praticados.
“Posso prosseguir, mas não quero”.
ARREPENDIMENTO EFICAZ - Ocorre quando o agente, voluntariamente, impede que
o resultado se produza. Como consequência só responderá pelos atos já praticados.
Agente pratica todo o processo executório, e arrependido, empreende um novo
comportamento que impede a consumação do delito.
Ex. A descarrega sua arma de fogo em B, causando vários ferimentos, mas se
arrepende da vontade de matá-lo, ato continuo o leva para o hospital e este é salvo.

ARREPENDIMENTO POSTERIOR - Nos crimes cometidos sem violência ou grave


ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da
denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a
dois terços. É causa de redução de pena.

CRIME IMPOSSÍVEL - é aquele que não seria consumado nunca, seja pelo meio
usado o pelo objeto do crime. Não é punido, nem como tentativa.
Ex.: matar alguém que já está morto, atirar com arma de brinquedo.

DOLO E CULPA

 Dolo: quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.


 Culpa: o agente agiu com negligência, imprudência ou imperícia e, por isso,
deu causa ao resultado.

ERRO DE TIPO

O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei e se pudesse ter sido evitado pelo
agente.
Ex.: Matar uma pessoa durante uma caçada acreditando que era um animal. Se o
crime aconteceria de qualquer forma, extingue o dolo e a culpa. Se poderia ter sido
evitado, é punido como tentativa se houver previsão legal.

Se o erro foi sobre a vítima, o agente responde como se tivesse atingido a vítima que
era seu verdadeiro alvo. Não importa se o agente errou, o que vale é a intenção que
ele tinha quanto a sua real vítima.
Ex.: Queria matar o pai, mas matou o vizinho por engano. Vai responder como se a
vítima fosse o seu pai.

COAÇÃO IRRESISTÍVEL E OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA

Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem de


superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem, ou seja, é punível
quem mandou o agente fazer aquilo.
EXCLUSÃO DE ILICITUDE

Não há crime quando o agente pratica o ato:

- Em estado de necessidade (pratica o fato para salvar de perigo atual direito próprio
ou alheio, sendo que não foi o agente que criou aquela situação de perigo).

- Em legítima defesa (quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele


injusta agressão a direito seu ou de outrem. A agressão deve ser atual ou iminente).

- Em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

PENAS

- Privativas de liberdade:
A pena de reclusão tem de ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto.
A pena de detenção pode ser cumprida no regime semiaberto ou aberto.
Pena superior a 8 anos: regime fechado;
Pena superior a 4 anos e menor que 8 anos: regime semiaberto;
Pena igual ou menor que 4 anos: regime aberto.

- Restritivas de direito: são aplicadas nos casos em que a pena privativa de liberdade
seja menor que 4 anos e o crime for sem violência/grave ameaça, réu não reincidente
em crime doloso, bons antecedentes.
Ex.: prestação pecuniária, perde de bens e valores, serviço à comunidade, limitação
de fim de semana.

- De multa.

AGRAVANTES

- Reincidência,

- Motivo fútil ou torpe;

- Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro


crime;

- Traição, emboscada ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da


vítima;

- Emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de


que podia resultar perigo comum;

- Contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;

- Com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas;

- Com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou


profissão;
- Contra criança, maior de 60 anos, enfermo ou mulher grávida;

- Quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;

- Em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de


desgraça particular do ofendido;

- Em estado de embriaguez.

ATENUANTES

- Agente menor de 21 anos na data do fato, ou maior de 70 anos na data da sentença;

- Desconhecimento da lei;

- Ter o agente cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;

- Arrependimento eficaz ou posterior;

- Ter cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem
de autoridade superior;

– Cometido o crime sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da
vítima;

- Confissão espontânea;

- Cometer o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.

A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou


posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.

CONCURSO MATERIAL

Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não.
Aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido.

***MATERIAL: foi MAIS de uma ação. Penas são SOMADAS***

CONCURSO FORMAL

Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não.
Aplica-se a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas
aumentada de um sexto até metade.

*** FORMAL: FOI só uma ação. PENA MAIS GRAVE***


AÇÃO PENAL

A ação penal pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o
exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.

A ação penal privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha


qualidade para representá-lo. No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado
ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação
passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o


Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.

PERDÃO DA VÍTIMA
O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa,
impede ao prosseguimento da ação.
Pode ser no processo ou fora dele, de forma expressa ou tácita.
Se concedido a qualquer dos réus, vale para todos.
Se concedido por uma das vítimas, não prejudica o direito das outras vítimas.
Se o réu não aceitar, o perdão não produz efeito.
Não é admissível o perdão depois que a sentença condenatória transitar em julgado.

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Extingue-se a punibilidade:

- pela morte do agente;

- pela anistia, graça ou indulto;

- fato deixou de ser crime;

- pela prescrição, decadência ou perempção;

- pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;

- pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;

- pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.


CRIMES CONTRA A VIDA

 Homicídio

- É um crime comum, pois o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.

- O sujeito passivo do crime de homicídio é “alguém”, ou seja, qualquer pessoa,


independentemente de idade, sexo, condição social etc.

- No feminicídio a vítima é uma mulher pelo simples fato de ser mulher.

- Pode ser praticado com dolo (vontade e consciência na produção do resultado) ou


com culpa (por imprudência, negligência ou imperícia).

- Crime material (exige resultado) que admite tentativa.

- Pode ser: simples, privilegiado, qualificado e culposo.


- Por homicídio simples, entende-se que é aquele que constitui o tipo básico
fundamental, ou seja, contém os componentes essenciais do crime.

O homicídio privilegiado é aquele que, em virtude de certas circunstâncias subjetivas,


conduzem a uma menor reprovação social da conduta do homicida e, por este motivo,
a pena é atenuada.

Já o homicídio qualificado é aquele que tem sua pena majorada (aumentada). Diz
respeito aos motivos determinantes do crime e aos meios de execução, reveladores
de maior periculosidade ou perversidade do agente.

O homicídio culposo há uma ação voluntária dirigida a uma atividade lícita, porém, não
houve cuidado do autor e o resultado é a morte.

 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio

- É crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa que execute uma das
condutas descritas no tipo.
- Por ser um tipo misto alternativo (crime de ação múltipla ou de conteúdo variado), o
agente, ainda que realize todas as condutas, responde por um só crime.
a) Induzir: significa suscitar a ideia, sugerir o suicídio.
b) Instigar: significa reforçar, estimular, encorajar um desejo já existente.
c) Auxiliar: consiste na prestação de ajuda material e moral, como o fornecimento de
arma, veneno e instruções, dicas.
- Por se tratar de crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa que tenha
capacidade de induzir, instigar ou auxiliar alguém, de modo eficaz e consciente.
- Qualquer pessoa pode ser vítima, desde que possua capacidade de resistência e
discernimento. Tratando-se de doente mental, haverá homicídio.
- O crime consuma-se com o resultado naturalístico, ou seja, a morte ou lesão corporal
de natureza grave. Não admite tentativa e não há modalidade culposa.
- Pena duplicada se fizer por motivo egoístico ou se a vítima for menor.
 Infanticídio

- A vida do recém-nascido ceifada pela própria mãe, que encontra-se sob influência do
estado puerperal.
- É um crime próprio, pois somente a mãe pode praticar o crime em tela, porém, nada
impede que terceiro responda por este delito na modalidade de concursos de pessoas:

a) mãe que mata o próprio filho com, contando com o auxílio de terceiro;

b) o terceiro mata o recém-nascido, contando com a participação da mãe;

c) mãe e terceiro executam e coautoria a conduta principal, matando a vítima.

- O sujeito passivo do crime é, somente, o filho “durante o parto ou logo após”.

- Não existe a modalidade culposa neste crime.

- Admite tentativa.

 Aborto

- É a interrupção da gravidez com a morte do produto da concepção. Consiste na


eliminação da vida intrauterina.
- Pode ser feito pela própria gestante ou por terceiro, com ou sem o consentimento da
gestante.
- No aborto provocado por terceiro, além do direito à vida do feto, também é protegido
o direito à vida e à integridade física e psíquica da própria gestante. Qualquer pessoa
pode ser o sujeito ativo.

- No auto-aborto, somente a gestante pode ser autora desse crime, pois trata-se de
crime de mão própria.

- Não se admite a modalidade culposa. Mas, admite tentativa.

- Se o ato provoca lesão corporal de natureza grave, a pena é acrescida de um terço.


Se resulta em morte, a pena é duplicada.

- Não é punido o aborto feito pelo médico quando necessário para salvar a vida da
gestante ou em caso de gravidez resultante de estupro.

COMPETÊNCIA

Os crimes dolosos contra a vida são de competência do Tribunal do Júri.


CRIMES CONTRA A HONRA

 Calúnia

- Imputar falsamente a alguém um crime.

- O fato tem que ser um crime, e também, falso.

- Para que o crime de Calúnia se consuma, basta que terceiros fique sabendo.

- Incorre na mesma pena o terceiro que divulgou ou propalou. Também é punível


calúnia contra os mortos.

- Cabe a tentativa, se a calúnia foi feita pela internet ou por mímica, mas se foi falado
não admite tentativa.
- Cabe a exceção da verdade neste crime.

 Difamação

- Imputar a alguém fato ofensivo à sua reputação.


- É a famosa “fofoca”, que se consuma quando a difamação chega ao conhecimento
de outrem que não é a vítima.
- O fato sendo falso ou verdadeiro, constitui o crime, pois a finalidade é denegrir a
reputação de outrem.
- Cabe a tentativa, se a difamação foi feita pela internet ou por mímica, mas se foi
falado não admite tentativa.
- A exceção da verdade só caberá se o ofendido for funcionário público e a ofensa tem
alguma relação com o exercício de suas funções.

 Injúria

- Ofender a dignidade de alguém.


- É basicamente um “xingamento”, que se consuma quando a própria vítima toma o
conhecimento e é somente de honra subjetiva.
- Cabe a tentativa, se foi feita pela internet ou por mímica, mas se foi falado não
admite tentativa.
- Não cabe exceção da verdade.

Não é considerado injúria ou difamação a ofensa feita em juízo pelo advogado ou pela
parte durante a discussão da causa, opinião desfavorável de crítica literária, artística
ou científica ou conceito desfavorável emitido por funcionário público no cumprimento
de dever do ofício.
Aquele que se retratar antes da sentença fica isento de pena.
Esses crimes só procedem mediante queixa do ofendido.
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

 Furto
- Crime comum e material, portanto exige resultado para se consumar.
- Se consuma com a troca de posse do bem, que sai da vítima e passa ao autor do
crime.
- Admite tentativa e não existe na forma culposa.
- As coisas de uso comum também podem ser objeto de furto como a água e luz.
- A coisa abandonada (rês derelicta) e a coisa de ninguém (rês nullius) não podem
ser objeto material de furto, pois não são coisas alheias.
- Se o agente pensou que se tratava de coisa abandonada e dela se apoderou
haverá erro de tipo que excluirá o dolo.

 Roubo
- É um crime comum e material, que exige resultado para se consumar.
- Se consuma com a troca de posse do bem, que se dá com violência ou grave
ameaça.
- Crime doloso e que admite tentativa. Não admite a forma culposa.
- Objetos que estão presos ao corpo como brinco, corrente, relógio, pulseira e que
são arrancados pelo ladrão caracterizam o roubo. Quando soltos como boné, óculos,
bolsa ou celular, o crime é de furto.
- São agravantes o uso de arma, concurso de pessoas, vítima em transporte de
valores, veículo roubado e levado para outro Estado ou país e se há restrição da
liberdade da vítima.
- São qualificadoras a lesão corporal grave ou morte da vítima.
Homicídio consumado e roubo consumado: Latrocínio.
Homicídio tentado e roubo tentado: Tentativa de latrocínio.
Tentativa de homicídio e roubo consumado: Tentativa de latrocínio.
Homicídio consumado e roubo tentado: Latrocínio.

 Extorsão

- A conduta consiste em constranger (obrigar), mediante violência ou grave ameaça


com o objetivo de obter para si ou para outrem injusta vantagem econômica
(qualquer vantagem, seja de coisa móvel ou imóvel).
- É um crime comum e material, que exige resultado para se consumar.
- Crime doloso e que admite tentativa. Não admite a forma culposa.
- A consumação se dará com obtenção de indevida vantagem econômica.
- São agravantes o uso de arma e o concurso de pessoas. São qualificadoras a
lesão corporal grave ou morte da vítima.
 Extorsão mediante sequestro
- A conduta gira em torno de sequestrar pessoa, isto é, privá-la de liberdade de
locomoção com o fim de obter vantagem de natureza econômica ou patrimonial.
- Por tratar-se de crime formal, consuma-se com o sequestro independentemente da
vantagem patrimonial, isto é, a consumação opera-se no momento em que ocorre a
privação da liberdade da vítima independentemente do efetivo recebimento do
resgate.
- Crime doloso e que não admite a forma culposa.
- Haverá tentativa se acontecer a prisão em flagrante, fuga dos sequestradores
quando interceptados pela polícia ou a vítima conseguir escapar do sequestrador.

- Qualificadoras: se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é menor de 18


e maior que 60 anos, se o crime for cometido por bando ou quadrilha, se resulta
lesão corporal grave ou morte da vítima.

PONTOS IMPORTANTES

- Quem comete esses crimes contra cônjuge, ascendente ou descendente está


ISENTO de pena.

- Se a vítima for ex-cônjuge, irmão, tio ou sobrinho é preciso fazer a representação


para que se proceda o crime.

- Se houver violência ou grave ameaça ou se a vítima tiver 60 anos ou mais, NÃO


HAVERÁ ISENÇÃO DE PENA mesmo se for cônjuge, ascendente ou descendente.

- O estranho que participa do crime não tem isenção de pena.

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

 Estupro

- Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou


a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
- É pressuposto deste crime que a vítima não tenha aderido por vontade própria à
conduta do agente, contudo, não se exige que esta lute até suas últimas forças.
- As formas qualificadas deste crime ocorrem se da conduta resulta lesão corporal de
natureza grave, se a vítima é menor de 18 ou maior de 14 anos, ou se da conduta
resulta morte.
- Admite tentativa e não há a forma culposa, somente dolosa.
 Estupro de vulnerável

- Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos, com
alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode
oferecer resistência.
- É crime mesmo se houver consentimento da vítima.
- Há tipicidade penal - ato infracional equiparado ao de estupro de vulnerável - quando
dois adolescentes (MAIORES DE 12 E MENORES DE 14 ANOS) mantêm relação
sexual de forma consensual. Porém, eles não podem ser punidos.
- Se a vítima tiver exatos 14 anos de idade e houver consentimento, não é estupro
de vulnerável.
- Não há forma culposa. Admite-se tentativa, embora de difícil comprovação.
- Também é crime induzir o menor de 14 anos a satisfazer sexualmente outra pessoa,
praticar conjunção carnal ou ato libidinosa na presença do menor de 14 anos ou
explorar sexualmente menor de 18 anos ou vulnerável.
PONTOS IMPORTANTES
Esses crimes se procedem mediante ação penal pública condicionada à
representação.
Se a vítima for vulnerável ou menor de 18 anos, a ação penal será pública
incondicionada.
Se houver concurso de pessoas ou o autor for ascendente, padrasto ou madrasta, tio,
irmão, cônjuge, tutor, curador ou empregador da vítima, a pena aumenta.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

 Peculato

- Ocorre quando o funcionário público apropria-se de dinheiro, valor ou qualquer outro


bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo,
em proveito próprio ou alheio.
- Pode ocorrer também na modalidade culposa ou mediante erro de outrem.
- Se houver reparação do dano antes da sentença, extingue a punibilidade. Se
acontecer a reparação do dano depois da sentença, a pena é reduzida pela metade.

 Concussão

- Ocorre quando o funcionário público exige, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, vantagem indevida em razão de seu cargo/função.
- Ainda que a exigência aconteça fora da função ou antes de assumi-la, haverá crime.
- Também vale para exigência de tributo ou contribuição social que o funcionário sabe
ser indevida, ou deveria saber. Ou, se devida, há cobrança vexatória (qualificadoras).
- Se o funcionário desvia o que recebeu indevidamente, qualifica o crime.
 Corrupção Passiva

- Ocorre quando o funcionário solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.
- A pena aumenta se o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício
por conta da vantagem recebida ou prometida.

 Prevaricação

- Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra


disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
- O mesmo vale para o diretor de penitenciária ou agente público que facilitar o acesso
de celular ao preso.
*** Esses crimes só podem ser cometidos por funcionário público ***

Além dos crimes praticados por próprios funcionários públicos, existem aqueles
realizados por particular, que são:

• Corrupção ativa

- Ocorre quando o particular oferece ou promete vantagem indevida a


funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.

• Descaminho

- É iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela


entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria.

• Contrabando

- Ocorre quando particular importa ou exporta mercadoria proibida.

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