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Direito Penal

FLÁVIO MARQUES
Método:

MATERIAL DE CADERNO DE LEI SECA MARCADA JURISPRUDÊNCIA


RESUMO QUESTÕES OU
CADERNO DO ERRO.
 CRIME DOLOSO

 Código Penal Art. 18.


 Diz-se o crime:
 Crime doloso I – doloso, quando o agente quis o
resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
 Sobre o dolo:
 1. Integra a conduta (teoria finalista). É o elemento psicológico
(subjetivo) do tipo penal;

 2. Possui dois elementos: vontade (elemento volitivo) e


consciência da conduta e do resultado (elemento intelectivo
ou cognitivo);
 2.1. Elemento volitivo – o agente quer a produção do resultado de
forma direta (dolo direto) ou admite a sua ocorrência (dolo
eventual);
 2.2. Elemento intelectivo ou cognitivo – efetivo conhecimento de
que determinado comportamento (conduta) vai gerar
determinado resultado (elementos integrantes do tipo penal
objetivo).
 TEORIAS DO DOLO
 1. Teoria da vontade
 O agente prevê o resultado e tem a vontade de produzi-lo.

 2. Teoria da representação (ou possibilidade)


 Para configurar o dolo, basta haver a previsão do resultado.
Deve ser preponderante o elemento intelectivo e não o volitivo.
Se o resultado era previsível, o agente responde por ele,
independentemente de sua vontade.
 >>> a teoria acima não é adotada no Brasil.
 >>> elemento intelectivo: deve-se analisar se o agente previa
ou não a situação delitiva; se o agente não consegue prever:
crime culposo; se o agente consegue prever: crime já seria
doloso, não importando se ele acredita ou não que poderia
evitar o resultado
 3. Teoria do consentimento (ou assentimento, ou anuência)

 Há dolo não somente com a vontade produzir o resultado, mas


também quando realiza a conduta assumindo o risco de
produzi-lo.
 Obs.: a teoria da vontade demonstra que se trata do dolo
direto; já a teoria do consentimento é o pressuposto para o
reconhecimento do dolo eventual.
(TRF – 4ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/2016) CERTO OU
ERRADO?
 Das várias teorias que buscam justificar o dolo eventual,
sobressai a teoria do consentimento (ou da assunção),
consoante a qual o dolo exige que o agente consinta em
causar o resultado, além de considerá-lo como possível. A
questão central diz respeito à distinção entre dolo eventual e
culpa consciente, que, como se sabe, apresentam aspecto
comum: a previsão do resultado ilícito.
(TRF – 4ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/2016) CERTO OU
ERRADO?
 Das várias teorias que buscam justificar o dolo eventual,
sobressai a teoria do consentimento (ou da assunção),
consoante a qual o dolo exige que o agente consinta em
causar o resultado, além de considerá-lo como possível. A
questão central diz respeito à distinção entre dolo eventual e
culpa consciente, que, como se sabe, apresentam aspecto
comum: a previsão do resultado ilícito.
dolo eventual culpa consciente
No dolo eventual, o Já na culpa consciente,
agente prevê o o agente não quer
resultado e não se produzir o resultado,
importa que ele venha mas ele é previsível e
a ocorrer. pode ocorrer.
 ESPÉCIES DE DOLO 1.

 1. Dolo natural (incolor, avalorado, neutro):


 Tem como elementos a consciência (elemento intelectivo) e a
vontade (elemento volitivo). É adotado na teoria finalista.

 2. Dolo normativo (colorido, valorado, híbrido):


 Tem como elementos a consciência, a vontade e a consciência
atual da ilicitude. É adotado pela teoria naturalista e se
encontrava na culpabilidade.
 ESPÉCIES DE DOLO
 DOLO DIRETO E INDIRETO

 1. Dolo direto (determinado, imediato, intencional,


incondicionado)

 Vontade dirigida a um resultado determinado. Ligado à teoria


da vontade – o agente prevê o resultado e tem a vontade de
produzi-lo.

 2. Dolo indireto (indeterminado)


 O agente não dirige sua conduta a um resultado determinado.
Divide-se em dolo alternativo e dolo eventual.
 a) Dolo alternativo:
 O agente prevê a possibilidade de ocorrência de diversos
resultados e dirige sua conduta para a produção de qualquer
deles.
 O agente vai ficar igualmente satisfeito com qualquer dos
resultados. Deverá responder pelo resultado mais grave, ainda
que na modalidade tentada.

 Exemplo:
 Atirar contra um grupo de pessoas para matar qualquer delas.
 Atirar contra vitima para ferir ou matar, tanto faz.
 b) Dolo eventual:

 O agente prevê a possibilidade de ocorrência de diversos


resultados, dirige sua conduta para um deles (menos grave),
mas assume o risco da produção do resultado mais grave. O
agente responderá dolosamente pelo resultado alcançado.

 Reinhart Frank: “seja como for, dê no que der, em qualquer caso


não deixo de agir”.
 O dolo eventual é aplicável a todo e qualquer
crime que, com ele, seja compatível.
 Todavia, alguns tipos penais impõem o dolo direto.
Ex.: art. 180, CP (Receptação)“coisa que sabe ser
produto de crime”; art. 339, CP (Denunciação
caluniosa)“de que o sabe inocente”.
 DOLO DE PROPÓSITO E DE ÍMPETO

 1. Dolo de propósito (ou refletido)


 Decorrente da reflexão prévia do agente, ainda que por
breve espaço de tempo. Ex.: crimes premeditados.

 2. Dolo de ímpeto (repentino)


 Conduta criminosa é praticada sob o domínio de violenta
emoção.
 O Dolo geral, por erro sucessivo ou dolus generalis.

 Erro sobre o nexo causal (aberratio causae, dolo geral)

O agente pratica uma conduta buscando determinado fim.


Entretanto, após supor tê-lo alcançado, pratica outra conduta que,
esta, sim, gera o resultado inicialmente almejado.

Ex.: uma pessoa deseja matar o seu desafeto e, para isso, desfere
um golpe de faca contra o pescoço da vítima. Após o golpe, a
vítima desmaia e começa a sangrar. Imaginando que conseguiu
alcançar o seu objetivo, o agente joga a vítima em um rio, porém,
esta não estava morta. A morte, nesse caso, não ocorreu por conta
da facada, mas, sim, em virtude do afogamento.
 Ele desejava matar e alcançou esse objetivo,
logo, responderá pelo homicídio consumado.

 O agente responderia pelo crime de homicídio


simples ou pelo crime de homicídio qualificado
pela asfixia?
 Ele desejava matar e alcançou esse objetivo,
logo, responderá pelo homicídio consumado.

 O agente responderia pelo crime de homicídio


simples ou pelo crime de homicídio qualificado
pela asfixia?
 Nesse ponto, infelizmente não há uma definição
doutrinária e tampouco na jurisprudência.
 DOLO ANTECEDENTE, ATUAL E SUBSEQUENTE
 1. Dolo antecedente, inicial ou preordenado
 Dolo anterior à conduta.

 O dolo antecedente será levado em


consideração na embriaguez preordenada
(teoria da actio libera in causa).
 3. Dolo subsequente ou sucessivo
 Dolo posterior à conduta típica.
 há uma situação específica em que vem à tona a questão do
dolo antecedente e do subsequente. Trata-se da diferenciação
entre o crime de estelionato e a apropriação indébita.

 No estelionato, o agente busca obter uma vantagem


patrimonial indevida por meio de uma fraude, ou seja, houve o
dolo antecedente, pois antes desse agente ter essa vantagem
patrimonial, já tinha o dolo de obtê-la.
 Por outro lado, a doutrina aponta o dolo subsequente nos casos
em que envolvem o crime de apropriação indébita. Segundo os
doutrinadores, o agente que pratica esse crime recebeu a coisa
de boa-fé e, somente após ter a posse da coisa, é que surge o
dolo de se apropriar da coisa.
 DOLO DE PRIMEIRO GRAU, DE SEGUNDO GRAU E DE
TERCEIRO GRAU

 1. Dolo de primeiro grau Trata-se do dolo direto. O


resultado almejado, com consciência e vontade,
por meio da prática de uma conduta.
 2. Dolo de segundo grau (ou de consequências
necessárias)

 É uma espécie de dolo direto e


não de dolo eventual.

 O resultado buscado imediatamente pelo


agente (dolo de primeiro grau) necessariamente
atingirá outros bens jurídicos ou outras vítimas.
DOLO DIRETO DOLO INDIRETO
1º, 2º E 3º GRAU DOLO EVENTUAL E
ALTERNATIVO
 Ex.: uma pessoa é desafeta de um piloto de avião.
Pensando em matar o seu desafeto, o agente coloca
uma bomba no avião que ele irá pilotar. Nesse caso
o agente também acabou matando os demais
passageiros e tripulantes dessa aeronave. Logo, agiu
com dolo de primeiro grau em relação ao piloto e
dolo de segundo grau em relação às demais vítimas.
 3. Dolo de terceiro grau Resulta da consequência
inevitável do dolo de segundo grau.
 Exemplo clássico é o da grávida que morre em
decorrência da explosão de uma bomba que
visava matar outra pessoa. O agente deve
responder, além dos dois homicídios, pelo crime
de aborto, que seria o dolo de terceiro grau.
 (FAPEMS/PC-MS/DELEGADO DE POLÍCIA/2017) Analise o caso a
seguir: Com a desclassificação no torneio nacional, o
presidente do clube AZ demite o jogador que perdeu o pênalti
decisivo. Irresignado com a decisão, o futebolista decide matar
o mandatário. Para tanto, aproveitando o dia da assinatura de
sua rescisão, acopla uma bomba no carro do presidente que
estava estacionado na sede social do clube. O jogador sabe
que o motorista particular do dirigente será fatalmente atingido
e tem a consciência de que não pode evitar que torcedores ou
funcionários da agremiação, próximos ao veículo, venham a
falecer com a explosão. Como para ele nada mais importa, a
bomba explode e, lamentavelmente, além das mortes dos dois
ocupantes do veículo automotor, três torcedores e um
funcionário morrem. A partir da leitura desse caso, é correto
afirmar que o indiciamento do jogador pelos crimes de
homicídio sucederá
 a. por dolo direto de primeiro grau em relação
ao presidente e ao motorista.
 b. por dolo eventual em relação ao motorista,
aos torcedores e ao funcionário.
 c. por dolo direto de segundo grau em relação
ao presidente e ao motorista.
 d. por dolo eventual apenas em relação aos
torcedores.
 e. por dolo direto de segundo grau apenas em
relação ao motorista.
 a. por dolo direto de primeiro grau em relação
ao presidente e ao motorista.
 b. por dolo eventual em relação ao motorista,
aos torcedores e ao funcionário.
 c. por dolo direto de segundo grau em relação
ao presidente e ao motorista.
 d. por dolo eventual apenas em relação aos
torcedores.
 > funcionários também

 e. por dolo direto de segundo grau apenas em


relação ao motorista.
 No caso narrado, o futebolista agiu com dolo de
primeiro grau em relação ao presidente do clube
AZ e dolo de segundo grau em relação ao
motorista. Como o agente sabia que,
eventualmente, torcedores e funcionários
poderiam vir a falecer, mas assumiu o risco
mesmo assim, com relação a eles haverá dolo
eventual.

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