Você está na página 1de 5

DIREITO PENAL

Conduta e Dolo
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline. com. br

CONDUTA E DOLO

TEORIA DO CRIME

No Brasil é adotado, majoritariamente, o conceito analítico de crime.


Crime é fato típico, ilícito e culpável.
Há 3 elementos que integram o crime. A maioria das bancas adota a teoria tripartite,
ou conceito tripartite, de crime. Para que haja crime é necessário fato típico, ilicitude e cul-
pabilidade.
Existem outras teorias, como quadripartite, que define crime como o fato típico, ilícito,
culpável e com a punibilidade. Tal teoria é rechaçada.
Existe ainda a teoria bipartite, ou conceito bipartido, que determina que crime é apenas
fato típico e ilícito, não sendo a culpabilidade elemento do crime, mas um pressuposto para
aplicação da pena.
Nessa aula, adota-se a culpabilidade como elemento do crime.
O estudo da teoria do crime é estudar cada um dos elementos.

Antijuridicidade (ilicitude): o fato Culpabilidade: juízo de reprovabili-


Fato Típico
típico é contrário à lei dade do comportamento
• Conduta • É presumida • Imputabilidade
• Resultado Possui as seguintes excludentes: • Potencial consciência da ilicitude
• Relação de causalidade • Legítima defesa • Exigibilidade de conduta diversa
(nexo causal) • Estado de necessidade
• Tipicidade • Estrito cumprimento do dever legal
• Exercício regular de direito

Conduta

• Adota-se, no Brasil, o conceito finalista de conduta, segundo o qual conduta é o com-


portamento humano voluntário dirigido a um fim.
5m
• De acordo com a teoria finalista, analisa-se o dolo e a culpa. No passado, de acordo
com a teoria natural/naturalista, analisava-se o dolo e a culpa na culpabilidade.
ANOTAÇÕES

www. grancursosonline. com. br 1


DIREITO PENAL
Conduta e Dolo
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline. com. br

• Somente o ser humano pode realizar uma conduta. Todavia, pode se valer de ani-

mais para o alcance do resultado. Observação: a pessoa jurídica pode praticar crimes,
sendo a única possibilidade os crimes ambientais, contra o meio-ambiente, valendo-se
de pessoas naturais para tanto.
• Não há crime sem conduta, uma vez que é um dos elementos do fato típico.

Causas de exclusão da conduta (involuntariedade)

Há excludente quando há um comportamento humano involuntário.


Se houver a prática de um comportamento humano voluntário dirigido a um fim, que gera
um resultado que não tem dolo ou culpa, não há responsabilidade por crime.
1. Caso fortuito e força maior;
2. Estado de inconsciência completa (ex.: sonambulismo e hipnose);
10m
3. Movimentos reflexos;
4. Coação física irresistível: quando alguém imprime uma faço sobre outrem e este não
tem controle sobre o seu comportamento.

Coação física irresistível (vis absoluta) Coação moral irresistível (vis compulsiva)
Trata-se de ausência de vontade Trata-se de inexigibilidade de conduta diversa
Exclui a conduta e, portanto, o fato é atípico Exclui a culpabilidade

CRIME DOLOSO

A análise de dolo ou culpa é dentro da conduta. Se a pessoa não tiver agido nem com,
nem com culpa, não há conduta.
15m

Código Penal
Art. 18. Diz-se o crime:
Crime doloso
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
ANOTAÇÕES

www. grancursosonline. com. br 2


DIREITO PENAL
Conduta e Dolo
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline. com. br

Sobre o dolo:
1. Integra a conduta (teoria finalista), dentro do fato típico.
2. Possui dois elementos: vontade (elemento volitivo) e consciência da conduta e do
resultado (elemento intelectivo ou cognitivo).
Quando se quer praticar um crime é que se tem a vontade de praticar o crime e o com-
portamento gerará determinado resultado buscado.
2.1. Elemento volitivo – o agente quer a produção do resultado de forma direta (dolo
direto) ou admite a sua ocorrência (dolo eventual)
2.2. Elemento intelectivo ou cognitivo – efetivo conhecimento de que determinado com-
portamento (conduta) vai gerar determinado resultado (elementos integrantes do tipo penal
objetivo, que não são dolo e culpa)

Teoria do crime

Fato Típico
Conduta
• Dolo
1. Vontade (elemento volitivo)
2. Consciência (elemento cognitivo ou intelectual, intelectivo)
Resultado
Nexo causal
Tipicidade

Espécies de dolo

1. Dolo direto (determinado, imediato, intencional, incondicionado) Vontade dirigida a um


resultado determinado. Ligado à teoria da vontade – o agente prevê o resultado e tem a von-
tade de produzi-lo.
2. Dolo indireto (indeterminado) O agente não dirige sua conduta a um resultado determi-
nado. Divide-se em dolo alternativo e dolo eventual.
20m
2.1. Dolo alternativo: o agente prevê a possibilidade de ocorrência de diversos resultados
e dirige sua conduta para a produção de qualquer deles. O agente vai ficar igualmente satis-
feito com qualquer dos resultados. Se o resultado mais grave for o produzido, responde-se
pelo delito mais grave consumado. Deverá responder pelo resultado mais grave, ainda que
na modalidade tentada. Sempre responde-se pelo crime mais grave.
ANOTAÇÕES

www. grancursosonline. com. br 3


DIREITO PENAL
Conduta e Dolo
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline. com. br

2.2. Dolo eventual: o agente assume o risco de produzir o resultado. O agente prevê a
possibilidade de ocorrência de diversos resultados, dirige sua conduta para um deles (menos
grave), mas assume o risco da produção do resultado mais grave. O agente responderá dolo-
samente pelo resultado alcançado.
25m
• É cabível a tentativa no dolo eventual.
• “Seja como for, dê no que der, em qualquer caso não deixo de agir” (Reinhart Frank).
• O STJ vem entendendo como dolo eventual a direção alcoolizada na contramão.
• Possível em razão da Teoria do consentimento ou assentimento: Há dolo não somente
com a vontade produzir o resultado, mas também quando realiza a conduta assumindo
o risco de produzi-lo.
• Há uma diferença de classificação entre dolo direto e dolo eventual, mas o resultado
prático, a tipificação penal será a mesma.
• O dolo eventual é aplicável a todo e qualquer crime que, com ele, seja compatível.
30m
• Todavia, alguns tipos penais impõem o dolo direto. Ex.: art. 180, CP “coisa que sabe
ser produto de crime”; art. 339, CP “de que o sabe inocente”.
• Alguns doutrinadores criticam o dolo eventual porque só poderia ser identificado ao
analisar o psíquico do agente. Entretanto, esta posição não subsiste. A doutrina e a
jurisprudência se manifestam no sentido de que o dolo eventual não é extraído da
mente do autor, mas sim das circunstâncias do fato.
• Não se admite uma presunção de dolo, tão pouco uma presunção de culpa. Dolo e
culpa devem ser demonstrados de acordo com os elementos fáticos.
• O dolo eventual recebe o mesmo tratamento jurídico do dolo direto.

Teorias do dolo

São duas as grandes espécies de dolo: direto e eventual. Para cada um dos dolos é ado-
tada uma teoria.
1. Teoria da vontade: o agente prevê o resultado e tem a vontade de produzi-lo.
2. Teoria da representação (ou possibilidade): não é adotada no Direito Penal brasi-
leiro. Para configurar o dolo, basta haver a previsão do resultado. Deve ser preponderante
o elemento intelectivo e não o volitivo. Se o resultado era previsível, o agente responde
por ele, independentemente de sua vontade. Para o Brasil, trata-se de culpa consciente,
crime culposo.
ANOTAÇÕES

www. grancursosonline. com. br 4


DIREITO PENAL
Conduta e Dolo
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline. com. br

3. Teoria do consentimento (ou assentimento, ou anuência): há dolo não somente com a


vontade produzir o resultado, mas também quando realiza a conduta assumindo o risco de
produzi-lo.
35m

Quais teorias foram adotadas no Brasil?

Resposta: Teoria da vontade (dolo direto) e teoria do consentimento (dolo eventual), con-
forme o artigo 18, I, do CP.
“Diz-se o crime doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”
A teoria da representação (ou possibilidade) descreve a culpa consciente que, no ordena-
mento jurídico brasileiro, é compreendida como uma hipótese de crime culposo.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
ANOTAÇÕES

www. grancursosonline. com. br 5

Você também pode gostar