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DIREITO PENAL (EXCLUSIVO PARA CARREIRAS POLICIAIS)

Crimes Omissivos
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CRIMES OMISSIVOS

Obs.: Os crimes comissivos são crimes que exigem uma ação/conduta positiva do agente.
Basicamente todos os delitos são considerados como comissivos.

Alguns crimes trarão condutas omissivas, ou seja, condutas que exigem um comporta-
mento negativo.
Crime comissivo ou de ação – o tipo penal descreve uma conduta positiva, uma ação.
Crime omissivo ou de omissão – delito cometido por meio de uma conduta negativa,
uma inação. O agente deixa de fazer algo que a lei o obrigava e que era possível realizar.

Os crimes omissivos subdividem-se em:

a) Crimes omissivos próprios ou puros

Obs.: Os crimes omissivos próprios ou puros são condutas em que a lei penal traz, expres-
samente, uma conduta omissiva.

No momento em que o agente se omite, o crime omissivo será consumado.

O próprio tipo penal descreve a conduta omissiva.

Omissão de socorro

Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança aban-
donada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente peri-
go; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:

Obs.: Nessa situação, se o agente deixar de prestar assistência ou não solicitar o socorro
da autoridade pública, estará praticando o crime de omissão de socorro.

Os crimes omissivos são crimes que não exigem a produção do resultado naturalístico,
ou seja, são crimes que irão se consumar no momento da omissão.

Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.


Parágrafo único – A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natu-
reza grave, e triplicada, se resulta a morte.
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A conduta omissiva descrita no art. 135 do Código Penal terá sua consumação indepen-
dentemente da produção de qualquer resultado naturalístico, logo, os crimes omissivos pró-
prios são crimes de mera conduta.
Os crimes omissivos próprios são unissubsistentes (conduta praticada mediante
somente 1 ato) e não admitem a tentativa. Ademais, em regra serão crimes dolosos, mas
a lei prevê algumas hipóteses culposos (ex.: omissão de cautela, art. 13, da lei n. 10.826/03)
5m

Omissão de notificação de doença

Art. 269. Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Obs.: O crime de omissão de notificação de doença só pode ser praticado pelo médico,
logo, é um crime próprio.

Falsidade ideológica

Art. 299. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:

Obs.: O crime de falsidade ideológica possui conduta comissivas: inserir ou fazer inserir
uma informação falsa.

Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três


anos, e multa, se o documento é particular.
Parágrafo único – Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do car-
go, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de
sexta parte.

Prevaricação

Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposi-
ção expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.

Obs.: Nas condutas omissivas próprias não cabe tentativa, no entanto, a conduta comissi-
va admite tentativa.
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Lei n. 10.826/03

Omissão de cautela

Obs.: A omissão de cautela é um crime omissivo próprio na modalidade culposa, praticado


por meio de negligência, imprudência ou imperícia.

Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos
ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse
ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de
segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à
Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou mu-
nição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.

Lei n. 9.455/97
Art. 1º. Constitui crime de tortura:
I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento
físico ou mental:
(...)
10m § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,
incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

Obs.: Cabe ressaltar que nos crimes omissivos próprios, o próprio tipo penal descreve a
conduta omissiva e, por serem crimes unissubsistentes, não admitem a tentativa.

Crimes omissivos

Obs.: Só é possível praticar um crime comissivo por meio de uma omissão se houver dois
requisitos: se houver o dever de agir e se puder agir.

Ex1.: Uma pessoa estava sendo assaltada na rua quando um indivíduo passou e viu
a situação.
O indivíduo se omitiu, no entanto, essa omissão não o torna cúmplice do crime que
estava ocorrendo.
O indivíduo não poderá ser responsabilizado pelo roubo junto ao ladrão, tendo em vista
que apesar de poder agir para evitar o roubo, não possuía o dever de agir.
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Ex2.: Um policial em serviço, armado com uma pistola, viu uma pessoa sendo assaltada
por 5 indivíduos armados com fuzis.
O policial, diante do roubo, tinha o dever de agir, no entanto, no caso concreto, não pode-
ria agir para evitar o resultado.
Logo, o policial não irá responder por nenhum crime.
15m
Ex3.: Um policial e seu colega estão armados, cada um, com uma arma de fogo e avis-
taram um roubo sendo praticado por um agente com um canivete, sendo que os policiais
poderiam agir para evitar o crime.
Observa-se que os policiais poderiam agir e possuíam o dever de evitar o crime, no
entanto, se omitiram, considerando que estavam no final dos seus plantões.
Nesse caso, os policiais praticaram o crime de roubo por meio da omissão.

Obs.: Os crimes omissivos impróprios podem ser praticados com concurso de pessoas e
admitem a tentativa.

Ex.: O pai possui o dever de dar saúde e de alimentar o seu filho, no entanto, o pai deseja
matar seu próprio filho.
Para matar seu filho, o pai se junta à mãe da criança e ambos adotam a conduta omissiva
de não alimentá-lo.
Observa-se que os pais possuíam o dever e poderiam agir para evitar o resultado
morte do filho.
Os pais irão responder por homicídio doloso consumado em virtude da omissão.
Se no quarto dia da omissão dos pais, os vizinhos ouvissem o choro da criança com fome
e sede e chamassem a polícia, evitando a morte da criança, os pais seriam responsabiliza-
dos pelo crime de homicídio doloso tentado por meio da omissão imprópria.

Obs.: Cabe modalidade culposa de crime na omissão imprópria.

Ex.: O pai deixou de alimentar o filho por negligência, por ser usuário era usuário de
drogas, resultando na morte da criança.
Observa-se que o pai praticou um homicídio culposo por meio da omissão imprópria
culposo.
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b) Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão

O tipo penal apresenta uma conduta comissiva (positiva, ação), mas o agente produz o
resultado naturalístico por meio de uma omissão que viola seu dever jurídico de agir.
Quem tem o dever jurídico de agir?

Relevância da omissão

Obs.: O art. 13, §2º do CP refere-se aos crimes de omissão imprópria.

CP, Art. 13, § 2º – A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia
agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão

Dever legal

CP, Art. 13, § 2º – A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia
agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância

O termo “lei” deve ser compreendido em sentido amplo. Essa obrigação pode advir de
decreto, regulamento, portaria e sentença judicial.
Ex.: Os pais, mães e policiais possuem o dever legal de agir por obrigação de cuidado,
proteção ou vigilância.
Garante (ou dever de garantidor de não produção do resultado naturalístico)
CP, Art. 13, § 2º – A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia
agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
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b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado

Ex.: A babá em relação aos filhos do patrão.


25m
Nesse caso, se o filho sofrer uma lesão corporal grave, ela responderá pela lesão corpo-
ral culposa em virtude da sua omissão.
Obrigações não decorrentes da lei, tais como negócios jurídicos, contratos, publicidade,
promessa, relação de confiança, etc. Situações que o garante assume a responsabilidade de
agir em situação de risco. Não precisa ser uma manifestação expressa.
Ingerência (ou situação precedente)
CP, Art. 13, § 2º – A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia
agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado

Ex.: Um indivíduo está manipulando germes patogênicos em um laboratório, logo, pode-


-se dizer que está criando um risco.
Se o indivíduo não criar, dolosa ou culposamente, um meio para que os germes patogêni-
cos não sejam disseminados na sociedade, será responsabilizado pelos resultados gerados.
Se o agente cria uma situação de perigo com um comportamento anterior tem o dever de
impedir o resultado.
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Crimes omissivos próprios vs crimes omissivos impróprios

Omissivos impróprios
Omissivos próprios
(comissivo por omissão)

Descreve uma conduta omissiva, uma Descreve uma conduta comissiva,


Tipo penal
inação uma ação
Qualquer pessoa, a menos que o pró- Somente quem tem o dever jurí-
prio tipo penal exija qualidade especí- dico de agir, conforme estabele-
Quem pode praticar?
fica do sujeito ativo. Em regra são crimes cido no art. 13 § 2º, do CP. São
comuns. crimes próprios.
Conatus Não admitem a tentativa (unissubsistente) Admite a tentativa
Em regra, dolosos. Excepcionalmente,
Elemento subjetivo Compatível com o dolo e a culpa
culposos.
Crimes materiais. É necessária a
Consumação Em regra, são crimes de mera conduta
ocorrência do resultado naturalístico

30m

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Érico Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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