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Direito Penal

DIREITO PENAL

1. O STF possui uma série de requisitos para enquadrar a conduta no princípio da


insignificância:

• mínima ofensividade - não cabe para crimes que empreguem violência, grave
ameaça. Por exemplo, o roubo, pois mesmo que seja de pequeno valor, é necessário
para que se configure o emprego da violência ou da grave ameaça.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça
ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
• nenhuma periculosidade social - Não cabe para o contumaz. STF HC 97.007/SP/11 E
STJ RESP 1.394.000/2019
Segundo o STF, no caso de reincidente é possível reconhecer a insignificância - STF
HC 115707/2013 e HC 116.218/MG/2013.
STJ não admitiu insignificância para furto de pen drive em prédio da PF.
• reduzido grau de reprovabilidade - Não cabe no furto qualificado. HC 97012 RS
- Exceções: HC 153.694/MS/2018 , HC 110244/2011 E HC 113327/2013
não cabe no furto qualificado.
não cabe para falsificação, pois fere a credibilidade do documento perante a
sociedade brasileira. Aqui não é o valor pois a vítima é a coletividade, a crença do povo
na e confiabilidade dos documentos.

2. O furto famélico é cometido em estado de necessidade não vai ter a incidência da


insignificância pois a insignificância ela está no fato típico e o estado de necessidade está
na parte do ilícito.

3. A teoria da insignificância incide no fato típico (primeira partição do crime), na parte da


tipicidade material.

Breno Lenza Cardoso (@brenolenza) + Alexandre Piovesan (@ale.piovesan)


FATO TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL

Excluem a ilicitude:

Legítima defesa

Estado de
Conduta Isenções de pena:
necessidade
tipicidade formal Inimputabilidade
Estrito
Tipicidade material cumprimento do Erro de proibição

Resultado dever legal


Inexigibilidade de

Nexo Causal Exercício regular conduta diversa


de direito

Consentimento do
ofendido

4. ATENÇÃO! Para que haja o crime, o fato típico tem que ser ilícito, ou seja, contrário ao
direito. Por isso pode ser afastado pelas excludentes de ilicitude. Legítima defesa, estado
de necessidade, estrito cumprimento de dever legal, exercício regular de direito e o
consentimento do ofendido. O consentimento do ofendido exclui, como regra, a
licitude, mas excepcionalmente exclui a própria tipicidade. Então se a prova tiver
dizendo que o consentimento do ofendido exclui a tipicidade e ilicitude está correto,
apesar de ser muito raro que seja excluída a tipicidade.

5. As bancas trabalhistas gostam de cobrar o estado de necessidade e a legítima defesa.

Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

Breno Lenza Cardoso (@brenolenza) + Alexandre Piovesan (@ale.piovesan)


§ 1º- Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o
perigo.
§ 2º- Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá
ser reduzida de um a dois terços.

Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-
se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou
risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.

6. Quais são os requisitos do estado de necessidade?

• perigo atual e iminente;


• o perigo não pode ter sido gerado pelo agente;
• inevitabilidade;
• proteção de direito próprio ou de terceiro;
• razoabilidade: significa dizer que o bem jurídico tem valor igual ou menor, se não for
dessa forma poderá haver uma redução de pena conforme o parágrafo 2º do artigo
24. Só lembrando que quem tem o dever de agir NÃO pode alegar estado de
necessidade.
• elemento subjetivo: vontade.

7. CULPABILIDADE: Código Penal adota a teoria da indiciariedade. Pois matar alguém pode
não ser crime, o fato de ter matado configura apenas um indício que a pessoa tenha
cometido o crime, pois pode ter ocorrido em legítima defesa, ou a pessoa pode ser
inimputável, por exemplo. Assim, a conduta da pessoa só será crime se houver
culpabilidade. Para isso, ela tem que se encaixar nas três partes: tipicidade, ilicitude e
culpabilidade. O crime, portanto, tem que ser um fato típico, ilícito e culpável, e no Brasil
nós temos três excludentes de culpabilidade: Inimputabilidade; Erro de proibição e

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Inexigibilidade de conduta diversa. Inimputáveis no Brasil só são três, gravem esse
método mnemônico: menor, doente mental e “bebão”. Menor - só o critério biológico,
não interessando o critério biopsicológico. É o menor de 18 anos, basta isso, não importa
a consciência. Doente mental - está no art. 26, do CP - -e a pessoa que por motivos de
saúde, não sabe o que faz. Para esses casos ocorre a chamada sentença absolutória
imprópria, pois ele não será considerado criminoso, mas não vai ficar livre (solto), a ele é
destinada uma medida de segurança. CUIDADO! No caso desenvolvimento mental
incompleto “Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto
ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.” “Bebão” – é o muito bêbado, é o
bebado fortuito ou forçado. Ele é inimputável, o fortuito é o que a doutrina dá o exemplo
da pessoa que caiu no alambique, já o forçado é o que foi forçado a beber. Para os outros
casos de bebedeira ocorre o que se chama de “actio libera in causa” – e atenção!!! A
embriaguez voluntária é causa de aumento de pena.

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:


Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso
fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.(
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez,
proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.

8. Potencial consciência sobre a ilicitude: exemplo do Índio não aculturado, pois ele é
imputável, porém não possui conhecimento da lei. Além disso, ele não tem condições de
ter o conhecimento da lei. Trata-se da “teoria da valoração paralela na esfera do

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profano”, não é avaliado o que a pessoa não sabe, mas se dentro das condições objetivas,
tinha condições. Se sim, é culpável.

9. Erro de proibição é o desconhecimento da ilicitude do fato. “Art. 21 - O desconhecimento


da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.”

10. Tentativa: está ligada ao iter criminis. No iter criminis nós temos cogitação, preparação,
execução, consumação e exaurimento. Todas essas são as fases do crime. O crime é
tentado, quando não ocorre a consumação por circunstâncias alheias à vontade do
agente. Para o crime tentado o CP prevê punição com redução de 1 a 2/3 da pena
prevista para o crime consumado.

11. Coação irresistível e obediência hierárquica “Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação
irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.” Obediência hierárquica só
ocorre quanto há uma ordem não manifestamente ilegal. Responde pelo crime somente
aquele de quem emanou a ordem. O agente não responde por excludente de
culpabilidade. Mas atenção!! Somente há hierarquia pública, não há excludente para
“obediência” a uma hierarquia privada. Na coação moral irresistível o agente comete fato
típico e ilícito mas não culpável. Não caia na pegadinha: a coação física é excludente de
tipicidade, pois o agente atua sem vontade, portanto não há dolo, e se não há dolo do
fato não é típico.

12. Inexigibilidade de conduta diversa: A inexigibilidade de conduta diversa prestigia o


cidadão que age como qualquer outro agiria. É o famoso homem médio, ele atua como
qualquer outra pessoa atuaria se estivesse na condição dele. Veja que não seria possível
para o legislador prever todas as possibilidades em que o ser humano agiria como
qualquer outro, por isso o rol dessas condutas é exemplificativo, e por isso existem várias
excludentes de culpabilidade que não estão enumeradas, como, por exemplo, a teoria da
Breno Lenza Cardoso (@brenolenza) + Alexandre Piovesan (@ale.piovesan)
bomba relógio que é cláusula de consciência por exemplo a súmula 68. Súmula 68/trf4 –
03/10/2002 - Apropriação indébita previdenciária. Crime tributário. Seguridade social.
Crime previdenciário. Omissão no recolhimento de contribuição. Prova de dificuldades
financeiras, e conseqüente inexigibilidade de outra conduta. Possibilidade de ser feita
através de documentos. Desnecessidade de realização de prova pericial. Lei 8.212/1991,
art. 95, d. CP, art. 168-A. A prova de dificuldades financeiras, e conseqüente
inexigibilidade de outra conduta, nos crimes de omissão no recolhimento de contribuições
previdenciárias, pode ser feita através de documentos, sendo desnecessária a realização
de perícia.

13. As bancas trabalhistas têm preferência por questões de crimes contra a honra, de modo
que questões dessa natureza são cobradas em todas as provas. Então, precisamos
decorar os seguintes dispositivos, lembrando que a ação penal em crime contra honra
em regra é privada. Exceção é difamação ação contra funcionário público, injúria real ou
injúria racial.
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.


§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:

I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi
condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;

III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível.
Difamação

Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:


Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
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Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário
público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Injúria

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:

I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;


II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo
meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à
violência.
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a religião ou à condição
de pessoa idosa ou com deficiência: (Redação dada pela Lei nº 14.532, de 2023)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
14.532, de 2023)

Disposições comuns
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer
dos crimes é cometido:

I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;


II - contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do
Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal
Federal; (Redação dada pela Lei nº 14.197, de 2021) (Vigência)
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da
difamação ou da injúria.
IV - contra criança, adolescente, pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou pessoa com
deficiência, exceto na hipótese prevista no § 3º do art. 140 deste Código. (Redação
dada pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a
pena em dobro. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

Breno Lenza Cardoso (@brenolenza) + Alexandre Piovesan (@ale.piovesan)


§ 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais
da rede mundial de computadores, aplica-se em triplo a pena. (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019) (Vigência)
Exclusão do crime

Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:


I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento de dever do ofício.

Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação
quem lhe dá publicidade.

Retratação
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da
difamação, fica isento de pena.

Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a


difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim
desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. (Incluído pela
Lei nº 13.188, de 2015)
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria,
quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las
ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa,
salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do
inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no
caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009)

14. Empregador que obriga o empregado a praticar dancinhas como condição de contratação
e manutenção do contrato, sem consentimento do trabalhador, pratica fato típico penal?
Referida hipótese se insere no crime de constrangimento ilegal, a saber:

Breno Lenza Cardoso (@brenolenza) + Alexandre Piovesan (@ale.piovesan)


Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe
haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o
que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena - detenção, de três meses a
um ano, ou multa.
Aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do
crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu
representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.

15. Outra preferência das bancas são os temas “tendência”. Por isso, precisamos conhecer o
crime de perseguição/stalking:

Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a


integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de
qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou
privacidade. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 14.132,
de 2021)
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº
14.132, de 2021)
I – contra criança, adolescente ou idoso; (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
II – contra mulher por razões da condição de sexo feminino, nos termos do § 2º-A do
art. 121 deste Código; (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o emprego de
arma. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à
violência. (Incluído pela Lei nº 14.132, de 2021)
§ 3º Somente se procede mediante representação. (Incluído pela Lei nº 14.132, de
2021)

16. Também é um tema tendência o crime de “violência psicológica contra a mulher”:

Breno Lenza Cardoso (@brenolenza) + Alexandre Piovesan (@ale.piovesan)


“Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno
desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos,
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer
outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação: (Incluído
pela Lei nº 14.188, de 2021) Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa,
se a conduta não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)”

17. Sobre “redução à condição análoga à de escravo”:


Art. 149. Reduzir alguém à condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a
trabalhos forçados (1) ou a jornada exaustiva (2), quer sujeitando-o a condições
degradantes de trabalho (3), quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção
(4) em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena - reclusão, de
dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. (Redação dada
pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003).

São 4 tipos penais: trabalhos forçados (1); jornada exaustiva (2); condições degradantes
de trabalho (3) e (4) restrição por dívida. O crime de condição análoga escravo absorve
a frustração de Direito Trabalhista do artigo 203. Trata-se de um crime permanente e
admite tentativa.

18. Ainda sobre “redução à condição análoga à de escravo”:


Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho
escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a
programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem
prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no
art. 5º. ATENÇÃO! A competência para determinar a expropriação é da Justiça
Federal.

Breno Lenza Cardoso (@brenolenza) + Alexandre Piovesan (@ale.piovesan)


19. Ainda sobre “redução à condição análoga à de escravo”: a competência da Justiça do
Trabalho não se aplica ao julgamento de questões criminais, pois a especializada não
detém competência criminal genérica (ADI 368-4). Logo, a competência da Justiça do
Trabalho se resume à reparação civil decorrente da ofensa.

20. Ainda sobre “redução à condição análoga à de escravo”: o TST entende que o fato de não
haver restrição de liberdade, por si só, não descaracteriza o crime de redução à condição
análoga à de escravo.

21. Ainda sobre “redução à condição análoga à de escravo” condutas equiparadas:


“§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) I –
cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de
retê-lo no local de trabalho;(Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) II – mantém
vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos
pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei
nº 10.803, de 11.12.2003)”

22. Ainda sobre “redução à condição análoga à de escravo” causas de aumento de pena:
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº
10.803, de 11.12.2003) I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 10.803,
de 11.12.2003) II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003).

23. Ainda sobre “redução à condição análoga à de escravo” causas de aumento de pena:
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº
10.803, de 11.12.2003) I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 10.803,
de 11.12.2003) II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003).

Breno Lenza Cardoso (@brenolenza) + Alexandre Piovesan (@ale.piovesan)


24. Outro tipo penal recorrente em provas da magistratura do trabalho diz respeito ao crime
de furto. Precisamos, portanto, decorar o 155, do Código Penal, bem como entender as
nuances jurisprudenciais que envolvem o presente tema:

“Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um
a quatro anos, e multa. § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado
durante o repouso noturno.§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de
um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. § 3º - Equipara-se à coisa móvel
a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.”

25. Súmula 511 do STJ: “é possível o reconhecimento do privilégio previsto no parágrafo


segundo do artigo 155 do CP no caso de furto qualificado, se estiverem presentes a
primariedade do agente o pequeno valor da coisa e for de ordem objetiva.” Abuso de
confiança não.

26. ATENÇÃO! Gato de energia no relógio é estelionato. Gato de energia no poste é furto
mediante fraude. PEGADINHA! Utilização de aparelho para alcançar sinal indevido de
televisão por assinatura não é estelionato, tampouco furto mediante fraude. Trata-se de
crime da Lei das Telecomunicações. Embora haja controvérsia, se vir na prova dessa
forma, será a resposta correta.

27. Outro tipo penal que de forma recorrente se faz presente em provas preambulares da
magistratura do trabalho é o roubo, que obrigatoriamente precisamos conhecer:

“Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça
ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.” A figura
constante no caput do artigo 157, do CP, é a do roubo próprio.

28. Importante entender que se a violência ou grave ameaça ocorrerem após a subtração da
coisa, estaremos diante do roubo impróprio, que é aquele constante no §1°, do artigo
157, do CP (“Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
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violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou
a detenção da coisa para si ou para terceiro.”)

29. Não confundir roubo com extorsão:

ROUBO EXTORSÃO

Verbo: Subtrair Verbo: constranger

eventual conduta da vítima é A conduta da vítima é


dispensável indispensável

30. Apropriação Indébita também é objeto de frequente incidência em provas de concursos


da magistratura do trabalho:

Apropriação indébita
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro
ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

31. ATENÇÃO não existe apropriação indébita por funcionário público, mas sim peculato
(“Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em
proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.”)

32. Apropriação Indébita Previdenciária também é objeto de frequente incidência em provas


de concursos da magistratura do trabalho e não pode ser confundida com a apropriação
indébita simples (Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições

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recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: Pena – reclusão, de
2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.)

33. Apropriação Indébita Previdenciária possui algumas peculiaridades que precisamos


conhecer: (1) é uma norma penal em branco, complementada pela Lei 8.112/91; (2) o
sujeito passivo é o Estado; (3) o bem jurídico é a seguridade social; (4) o objeto material
é a contribuição; (5) prevalece que pode ser crime genérico, sem necessidade de dolo
específico; (6) é crime formal; (7) é crime omissivo próprio, portanto não cabe tentativa;
(8) competência de Julgamento da Justiça Federal (Súmula 107 do STJ – Compete à
Justiça Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação
de guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorre lesão à
autarquia federal.)

34. Apropriação Indébita Previdenciária possibilidade a concessão de perdão judicial:

“§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o


agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I – tenha promovido, após o
início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição
social previdenciária, inclusive acessórios; ou II – o valor das contribuições devidas,
inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções
fiscais.” (Portaria Ministério da Fazenda: 78/2012 define o valor de 20.000,00). ‘§
4º A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de parcelamento
de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido,
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções
fiscais.”

35. Apropriação Indébita Previdenciária não se confunde com estelionato previdenciário


(“Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo
ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez
contos de réis. § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em

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detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular,
assistência social ou beneficência.)

36. O crime de estelionato previdenciário é (1) para o segurado: o crime é permanente


(flagrante permite prisão a qualquer momento); (2) para terceiro que ajudou
(despachante/advogado, que conseguiu a documentação), o crime é instantâneo. A
prescrição começa a contar do implemento do benefício e, para o segurado (crime
permanente) se renova mês a mês.

37. Envolvendo a previdência, além da apropriação indébita previdenciária (não repassar) e


do estelionato previdenciário (fraudar situação para dar causa ao pagamento de
benefício), temos a sonegação de contribuição previdenciária a que alude o 337-A, do
CP, e diz respeito à redução ou supressão da contribuição. Vale a pena conferir o
dispositivo:

“Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer


acessório, mediante as seguintes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações


previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário,
trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem
serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as


quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador
de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas


ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias:
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000)

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§ 1º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as
contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)

§ 2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o


agente for primário e de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000)

I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele
estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para
o ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

§ 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não


ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena
de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000)

§ 4º O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e
nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social. (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000)”

38. Súmulas de interesse da banca:


Súmula 554 do STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o
recebimento da denúncia, não obsta o prosseguimento da ação penal.

Súmula 17 do STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade


lesiva, é por este absorvido.

Súmula 73 do STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura,


em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.

39. Sobre o abuso de autoridade, na forma da Lei 13.869/19, “Art. 1º Esta Lei define os crimes
de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício
de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido

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atribuído.” Não precisa estar em serviço, basta que eu faça em razão da função, eu
cometo abuso de autoridade.

40. Sobre o crime de atentado contra a liberdade de trabalho (“Art. 197 - Constranger
alguém, mediante violência ou grave ameaça: I - a exercer ou não exercer arte, ofício,
profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em
determinados dias: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena
correspondente à violência; II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a
participar de parede ou paralisação de atividade econômica:Pena - detenção, de três
meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência”) (1)Este crimes
desafia competência estadual, só sendo competência da justiça federal se envolver
interesses coletivos; (2) trata-se de crime comum.

41. Sobre a Lei 7716/89, “Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
nacional.” Algumas considerações importantes para a prova: Raça: cada um dos grupos
nos quais se subdividem algumas espécies animais, cujas características diferenciais se
conservam através das gerações (Ex.: raça branca, amarela ou negra). Cor: coloração da
pele em geral (Ex.: branca, preta, vermelha, amarela, parda). Etnia: Coletividade de
indivíduos que se diferencia por sua especificidade sociocultural, refletida na língua,
religião e costumes. Há quem inclua fatores políticos nesse conceito (Ex.: índios, hindus,
árabes)

42. Judeu é raça? Sim! HC 82.424 (Caso Ellwanger). Vale a pena ler:
A construção da definição jurídico-constitucional do termo “racismo” requer a
conjugação de fatores e circunstâncias históricas, políticas e sociais que regeram a sua
formação e aplicação. O crime de racismo constitui um atentado contra os princípios
nos quais se erige e se organiza a sociedade humana, baseada na respeitabilidade e
dignidade do ser humano e de sua pacífica convivência.

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Habeas corpus impetrado perante o Supremo Tribunal Federal em favor de Siegfried
Ellwanger, escritor e editor que fora condenado em instância recursal pelo crime de
anti-semitismo e por publicar, vender e distribuir material anti-semita. O art. 5º, inciso
XLII, da Constituição brasileira, estabelece que “a prática do racismo constitui crime
inafiançável e imprescritível”. Os impetrantes, baseados na premissa de que os judeus
não são uma raça, alegaram que o delito de discriminação anti-semita pelo qual o
paciente fora condenado não tem conotação racial para se lhe atribuir a
imprescritibilidade que, pelo art. 5º, XLII, da Constituição Federal, teria ficado restrita
ao crime de racismo.
O Plenário do Tribunal, partindo da premissa de que não há subdivisões biológicas na
espécie humana, entendeu que a divisão dos seres humanos em raças resulta de um
processo de conteúdo meramente político-social. Desse processo, origina-se o racismo
que, por sua vez, gera a discriminação e o preconceito segregacionista. Para a
construção da definição jurídico-constitucional do termo “racismo”, o Tribunal
concluiu que é necessário, por meio da interpretação teleológica e sistêmica da
Constituição, conjugar fatores e circunstâncias históricas, políticas e sociais que
regeram a sua formação e aplicação. Apenas desta maneira é possível obter o real
sentido e alcance da norma, que deve compatibilizar os conceitos etimológicos,
etnológicos, sociológicos, antropológicos e biológicos. Asseverou-se que a
discriminação contra os judeus, que resulta do fundamento do núcleo do pensamento
do nacional-socialismo de que os judeus e os arianos formam raças distintas, é
inconciliável com os padrões éticos e morais definidos na Constituição do Brasil e no
mundo contemporâneo, sob os quais se ergue e se harmoniza o Estado Democrático
de Direito.
Assim, consignou-se que o crime de racismo é evidenciado pela simples utilização
desses estigmas, o que atenta contra os princípios nos quais se erige e se organiza a
sociedade humana, baseada na respeitabilidade e dignidade do ser humano e de sua
pacífica convivência no meio social. Reconheceu-se, portanto, que a edição e
publicação de obras escritas veiculando idéias anti-semitas, que buscam resgatar e dar
credibilidade à concepção racial definida pelo regime nazista, negadoras e subversoras
de fatos históricos incontroversos como o holocausto, consubstanciadas na pretensa
inferioridade e desqualificação do povo judeu, equivalem à incitação ao discrímen com
acentuado conteúdo racista, reforçadas pelas conseqüências históricas dos atos em
que se baseiam.
Os Ministros entenderam que, no caso, a conduta do paciente, consistente em
publicação de livros de conteúdo anti-semita, foi explícita, revelando manifesto dolo,
vez que baseou-se na equivocada premissa de que os judeus não só são uma raça, mas,
mais do que isso, um segmento racial atávica e geneticamente menor e pernicioso.
Dessa forma, a discriminação cometida, que seria deliberada e dirigida
Breno Lenza Cardoso (@brenolenza) + Alexandre Piovesan (@ale.piovesan)
especificamente contra os judeus, configura ato ilícito de prática de racismo, com as
conseqüências gravosas que o acompanham.
O Plenário consignou que a Constituição Federal impôs aos agentes de delitos dessa
natureza, pela gravidade e repulsividade da ofensa, a cláusula de imprescritibilidade,
para que fique, ad perpetuam rei memoriam, verberado o repúdio e a abjeção da
sociedade nacional à sua prática. A ausência de prescrição nos crimes de racismo
justifica-se como alerta grave para as gerações de hoje e de amanhã, para que se
impeça a restauração de velhos e ultrapassados conceitos que a consciência jurídica e
histórica não mais admitem.
Assentou-se, por fim, que, como qualquer direito individual, a garantia constitucional
da liberdade de expressão não é absoluta, podendo ser afastada quando ultrapassar
seus limites morais e jurídicos, como no caso de manifestações de conteúdo imoral que
implicam ilicitude penal. Por isso, no caso concreto, a garantia da liberdade de
expressão foi afastada em nome dos princípios da dignidade da pessoa humana e da
igualdade jurídica. Vencidas a tese que deferia a ordem para reconhecer a prescrição
da pretensão punitiva e a tese que deferia habeas corpus de ofício para absolver o
paciente por atipicidade da conduta. Conseqüentemente, o Plenário do Tribunal, por
maioria de votos, denegou a ordem. (Fonte: STF)

43. Caso Mayara Petruso que publicou que “Nordestino não é gente, faça uma favor SP, mate
um nordestino afogado”. MPF ofereceu denúncia, capitulando a sua conduta no art. 20, §
2º da Lei nº. 7.716/89, resultando no processo nº. 0012786-89.2010.4.03.6181, que
culminou com sua condenação confirmada em 2ª instância pelo Tribunal Regional
Federal da 3ª Região.

44. O crime de lesão doméstica é de ação penal pública incondicionada, na forma da ADI
4.424/STF, bem como não se aplica a Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Estaduais), de
acordo com a Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha).

45. Súmulas importantes:


Súmula nº 542 do STJ - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.

Súmula nº 536 do STJ - A suspensão condicional do processo e a transação penal não se


aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha."

Breno Lenza Cardoso (@brenolenza) + Alexandre Piovesan (@ale.piovesan)


Súmula nº. 589 do STJ - É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou
contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
(STJ, TERCEIRA SEÇÃO, Data de Julgamento: 13/9/2017, Data de Publicação: DJe
18/9/2017)

46. Nos termos da Súmula 73/STJ, a falsificação grosseira de moeda não se configura como
crime contra a fé pública, mas sim estelionato, cuja competência é da Justiça Comum
Estadual.

47. Não se aplica o princípio da insignificância nos crimes contra a fé-pública.

48. Súmula 17 STJ – Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva,
é absorvido.

49. Outras Súmulas importantes:

Súmula 546 do STJ – A competência para processar e julgar o crime de uso de documento
falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento
público, não importando a qualificação do órgão expedidor.

Súmula 104 do STJ – Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de
falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.

50. Vejamos a tendência do crime de violação do direito autoral “Art. 184. Violar direitos de
autor e os que lhe são conexos: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou
multa.” O crime de violação de direito autoral é de menor potencial ofensivo. Em
regra de ação penal privada. Modalidade: doloso somente, mas possibilidade de dolo
eventual. Obs: sendo o crime contra a Administração Pública Direta e Indireta, a ação
penal passa a ser pública incondicionada.

Breno Lenza Cardoso (@brenolenza) + Alexandre Piovesan (@ale.piovesan)

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