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A PRIMEIRA

REPÚBLICA
A PRIMEIRA REPÚBLICA
CRISE E QUEDA DA MONARQUIA

A instabilidade política e económica


Portugal chegou ao fim do século XIX com
uma economia debilitada e
predominantemente agrícola.
Os esforços realizados pelos governos
Regeneradores para modernizar o país e
dotá-lo de infraestruturas só foram possíveis
com recurso a empréstimos contraídos pelo
Estado no estrangeiro, o que agravou o
endividamento externo.
No início da década de 90, do século XIX,
a Europa debateu-se com uma grave crise
que, ao atingir Portugal, levou à falência de
alguns bancos e colocou inúmeras
dificuldades às empresas, aumentando o
desemprego e a inflação.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
CRISE E QUEDA DA MONARQUIA
A instabilidade política e económica
Em consequência do desequilíbrio financeiro, o Estado foi obrigado a lançar mais
impostos, agravando o descontentamento social. Durante alguns anos, as duas
principais forças políticas, os Regeneradores e os Progressistas, alternaram no
poder, tentando manter a estabilidade governativa.

Entretanto, o Partido
Republicano Português,
aproveitando a insatisfação
da sociedade contra a
monarquia, começou
a difundir-se e a ganhar
expressão (em 1876, este
partido já existia e, 2 anos
depois, tinha deputados
no Parlamento).
A PRIMEIRA REPÚBLICA
CRISE E QUEDA DA MONARQUIA
Princípios defendidos pelos republicanos
• Abolição da monarquia e implantação da República.

• Separação da Igreja e do Estado (laicização do Estado).

• Igualdade de todos os cidadãos perante a lei.

• Sufrágio universal.

• Liberalismo económico.

• Nacionalismo.

• Colonialismo.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
CRISE E QUEDA DA MONARQUIA
A sociedade
Cansado de sustentar uma monarquia que não o acompanha nas suas aspirações, que
marcha num sentido oposto aos interesses, (…) o povo desinteressou-se dela, começou a
considerá-la como uma estrangeira suspeita que se instalou em casa (…).
Fialho de Almeida, Os Gatos, 1890.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
CRISE E QUEDA DA MONARQUIA
O mapa cor-de-rosa e o ultimato inglês
As disputas pelos territórios em África e as decisões da Conferência de Berlim
levaram Portugal a apresentar o mapa cor-de-rosa, que teve como consequência
o ultimato inglês: em 1890, a Inglaterra lançou a Portugal um ultimato para
abandonar os territórios entre Angola e Moçambique.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
CRISE E QUEDA DA MONARQUIA
O mapa cor-de-rosa e o ultimato inglês
Portugal cedeu às exigências inglesas.
Esta cedência foi contestada pela maioria da população portuguesa que culpou
o rei e a monarquia pelo sucedido. Os republicanos aproveitaram a situação
para alargar os seus apoiantes.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
CRISE E QUEDA DA MONARQUIA
O mapa cor-de-rosa e o ultimato inglês
O regime monárquico ficou desacreditado.
As manifestações sucederam-se e, pela
primeira vez, entoa-se nas ruas aquele
que viria a ser o hino nacional republicano.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
CRISE E QUEDA DA MONARQUIA
O 31 de Janeiro de 1891
A primeira tentativa para
derrubar a monarquia vai ter
lugar no Porto, a 31 de janeiro
de 1891.
Mas a revolução falhou e os
implicados foram condenados
ao exílio nas colónias.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
CRISE E QUEDA DA MONARQUIA
O 31 de Janeiro de 1891
A PRIMEIRA REPÚBLICA
CRISE E QUEDA DA MONARQUIA
A ditadura de João Franco
O rei D. Carlos entregou a chefia do governo a João Franco que o convence
a dissolver a Assembleia e a não convocar novas eleições,
passando a governar em ditadura.

O descontentamento aumenta porque o governo de


João Franco proíbe jornais e manifestações e manda
perseguir e prender os opositores ao regime, em
particular os republicanos.

Consequências:
A oposição do republicanos radicaliza-se.

A principal e mais dramática consequência estava


ainda por acontecer…

João Franco
A PRIMEIRA REPÚBLICA
CRISE E QUEDA DA MONARQUIA
O regicídio
Em 1908, no Terreiro do Paço, em Lisboa... A família real sofreu um atentado.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
D. Carlos Dona Amélia

Família real

D. Luís Filipe D. Manuel


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CRISE E QUEDA DA MONARQUIA
O regicídio
O regicídio impressionou toda a Europa. Os jornais deram ampla cobertura ao
acontecimento, com fotografias e ilustrações baseadas nos relatos dos factos.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
CRISE E QUEDA DA MONARQUIA
A subida ao trono de D. Manuel II
A subida ao trono de D. Manuel II
não trouxe alterações à situação
de instabilidade e à pressão
republicana que, com o apoio das
associações secretas, Maçonaria
e Carbonária, preparam a
Revolução.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
A PRIMEIRA REPÚBLICA
Em resumo…
Razões da queda da monarquia
Atraso no desenvolvimento agrícola e industrial.

Endividamento ao estrangeiro.

Ditadura de João Franco.

Humilhação sentida pela cedência ao ultimato.

A população vivia com dificuldades e havia


grande agitação e falta de liberdade.

Promessas do Partido Republicano.

Regicídio.

A instabilidade política e a revolta do 31 de Janeiro, no Porto.


A PRIMEIRA REPÚBLICA
REVOLUÇÃO REPUBLICANA | 5 de outubro de 1910
No dia 4 de outubro de 1910, em Lisboa, um movimento de militares,
apoiados pelas sociedades secretas (Maçonaria e Carbonária)
e pela população em geral, saiu às ruas.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
REVOLUÇÃO REPUBLICANA | 5 de outubro de 1910
Sem encontrar grande resistência por parte das forças monárquicas,
na manhã do dia seguinte, 5 de outubro, na varanda da Câmara Municipal
de Lisboa, foi proclamado um novo regime político – a República.

José Relvas faz a proclamação da República.


A PRIMEIRA REPÚBLICA
A PRIMEIRA REPÚBLICA
As primeiras medidas republicanas
O governo provisório, chefiado por
Teófilo Braga, elaborou as primeiras leis
e começou a preparar as eleições para a
Assembleia Nacional Constituinte.

Teófilo Braga
A PRIMEIRA REPÚBLICA
As primeiras medidas republicanas
A 24 de agosto de 1911, o Parlamento elegeu
o primeiro Presidente da República Portuguesa,
o Dr. Manuel de Arriaga, natural dos Açores.
A PRIMEIRA REPÚBLICA

Assembleia
Constituinte
A PRIMEIRA REPÚBLICA
A Constituição de 1911
Os deputados eleitos nas eleições de 1911 elaboraram
a primeira Constituição republicana.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
A Constituição de 1911
Os deputados eleitos nas eleições de 1911 elaboraram
a primeira Constituição republicana.

Poder Legislativo Poder Executivo Poder Judicial


elege
Congresso ou Parlamento Presidente da Tribunais
Eleito por sufrágio universal República Aplicam a justiça
com restrições (votavam os Eleito pelo Congresso
maiores de 21 anos ou por 4 anos
chefes de família há mais
de um ano) escolhe

Câmara dos Senado Governo


Deputados (mandato de Nomeado pelo
(mandato de 6 anos) Presidente da
4 anos) República
A PRIMEIRA REPÚBLICA
As medidas dos governos republicanos
• Laicização do Estado – lei da separação da Igreja e
do Estado. Expulsão das ordens religiosas, proibição
do ensino religioso nas escolas públicas, criação do
registo civil obrigatório e legalização do divórcio.
• Medidas financeiras – controlo e restrição às
despesas públicas.
• Medidas sociais – reconhecimento do direito à
greve, do descanso semanal obrigatório e criação
de um seguro social obrigatório; o horário de
trabalho fixou-se em 48 horas e foi estabelecida a
igualdade entre filhos legítimos e ilegítimos;
publicação de legislação no sentido da igualdade de
direitos entre os cônjuges.
• Reforma do ensino – introduzida a escolaridade
obrigatória e gratuita entre os 7 e os 12 anos;
criação de jardins-escola e de novas escolas
primárias; fundação das Universidades em Lisboa e
no Porto; realização de reformas no ensino técnico.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
As medidas dos governos republicanos
A PRIMEIRA REPÚBLICA
Fatores que conduziram ao fracasso da Primeira República
• A Igreja católica, fortemente atacada pelo novo regime político, aproveitou
a sua posição junto da população para desacreditar a República.

• O regime parlamentarista provocava uma constante instabilidade e dificultava


a implementação das medidas dos governos republicanos.

• O Partido Republicano Português fragmentou-se em múltiplos partidos,


perdendo a sua força. Depois de chegarem ao poder, a rivalidade entre
os seus membros começou a manifestar-se.

• Portugal entra na Primeira Grande Guerra em 1916.


A PRIMEIRA REPÚBLICA
A entrada de Portugal na Grande Guerra
A participação de Portugal na 1ª Guerra Mundial
comprometeu ainda mais a estabilidade política,
a economia ressentiu-se e a insatisfação popular
aumentou.
Apesar da participação portuguesa na guerra ter
permitido ao país assento nas negociações de paz e a
manutenção das colónias, acabou por levar Portugal
a uma inflação descontrolada e à degradação
económica.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
A entrada de Portugal na Grande Guerra
A intervenção na Primeira Grande Guerra
(1916 a 1918) – alguns números:
• 56 mil soldados enviados para a Flandres
(Corpo Expedicionário Português);
• 53 mil para Angola e Moçambique;
• milhares de baixas, entre mortos,
feridos e desaparecidos.

A sociedade, desesperada, recorre-se da sua Fé


e dá grande popularidade às aparições de Fátima.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
A entrada de Portugal na Grande Guerra
Inflação no período entre 1914 e 1920

Fonte: P. Guinote, “A sociedade: da agitação ao desencanto”, in A. Reis


(coord.), Portugal Contemporâneo, Vol. III ,SI, Pubs. Alfa, 1990.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
A entrada de Portugal na Grande Guerra
Entre 1917 e 1918 fizeram-se quatro greves gerais.

Trabalhadores sindicalizados (em milhares)


no período entre 1915 e 1925

Fonte: J. Freire, Anarquistas e operários. Ideologia, ofícios e práticas sociais:


o anarquismo e operariado em Portugal, 1900-1940, Porto: Afrontamento, 1992
A PRIMEIRA REPÚBLICA
Insatisfação e instabilidade
Em 1917, o major Sidónio Pais comandou um golpe
militar e instaurou uma ditadura (Sidonismo), que
terminou com o seu assassinato.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
Insatisfação e instabilidade
A 28 de maio de 1926, o general Gomes da Costa chefiou um golpe militar que pôs fim
à 1ª República e instaurou um regime de ditadura militar.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
Ditadura Militar
A SUSPENSÃO DAS LIBERDADES

Não se realizaram eleições para o Parlamento.

Os governos passaram a ser escolhidos pelos militares.

As greves e manifestações estavam proibidas.

A imprensa passou a ser controlada pela censura.

A oposição ao governo passou a ser proibida.


A PRIMEIRA REPÚBLICA
A PRIMEIRA REPÚBLICA
Símbolos da República
Hino Nacional

Bandeira Nacional

Escudo
A PRIMEIRA REPÚBLICA
Símbolos da República
Hino Nacional
Foi chamado de A Portuguesa e composto em 1890,
com letra de Henrique Lopes de Mendonça e música
de Alfred Keil. Foi consagrado como símbolo nacional
apenas em 19 de junho de 1911, pela Assembleia
Nacional Constituinte.

Heróis do mar, nobre Povo, Às armas, às armas!


Nação valente, imortal, Sobre a terra, sobre o mar,
Levantai hoje de novo Às armas, às armas!
O esplendor de Portugal! Pela Pátria lutar
Entre as brumas da memória, Contra os canhões marchar, marchar!
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
A PRIMEIRA REPÚBLICA
Símbolos da República
Bandeira Nacional
A bandeira escolhida pela República e que se mantém até aos dias de hoje foi desenhada
por Columbano Bordalo Pinheiro, João Chagas e Abel Botelho. Foi oficialmente anunciada a
30 de junho de 1911, mas só hasteada pelo país inteiro dia 1 de dezembro de 1911.
A PRIMEIRA REPÚBLICA
Símbolos da República
Escudo
Em 1911, o governo republicano alterou a moeda nacional substituindo o Real pelo Escudo.
A PRIMEIRA
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