Você está na página 1de 30

REALISMO

REALISMO
SIGNIFICADO E ORIGEM DO MOVIMENTO REALISTA
Gustave Courbet usou o termo “realismo”, em 1855 para
designar o estilo de pintura nascido em França, após a revolução
de 1848.

Segundo este artista francês, no seu Manifesto do Realismo, a


arte devia "traduzir os costumes, as ideias e o aspeto do seu
tempo“.
O Realismo não seria, assim, uma simples imitação da
realidade; devia transmitir a individualidade do artista na sua Gustave Courbet
(1819-1877).

criação. O pintor e escultor francês foi um


dos principais representantes do
movimento realista.
REALISMO

Rosa Bonheur, Le Labourage, 1884


REALISMO
PRINCIPAIS REPRESENTANTES

→ Gustave Courbet (1817-1877)

→ Jean-François Millet (1814-1875)

→ Honoré Daumier (1808-1879)

DIFUSÃO

→ O movimento realista influenciou a arte em toda a Europa, Rússia e América.


REALISMO
CONTEXTO
→ Opôs-se ao Romantismo, dominante nos meios literários e artísticos.

→ Surgiu na transição da economia agrária para a economia industrial, marcada:

- pelo crescimento da população urbana;


- pela afirmação da burguesia;
- pela deterioração das condições de vida do proletariado industrial e urbano.

→ A ideologia socialista e a arte tornaram-se meios de denúncia social.

→ No campo das artes visuais, o movimento realista recorreu a temáticas sociais que
chocaram com as convenções sociais da burguesia.

→ As descobertas científicas, o positivismo e as novas técnicas influenciaram a pintura


realista, que procurou a representação objetiva dos factos sociais e da natureza.
REALISMO
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
→ O Realismo pôs em causa os modelos e técnicas da pintura académica:

- na representação das figuras e da paisagem;


- no uso da cor e na técnica de pintura;
- nos temas considerados banais;
- na representação das classes populares.
REALISMO

GUSTAVE COURBET
Depois do Jantar em Ornans,
1849.
REALISMO

Dimensão da tela:
195 cm x 257 cm
Técnica: óleo s/b tela
O seu grande formato desafia as
convenções da pintura académica.
As figuras assumem uma dimensão
quase real.

Temática:
A cena do quotidiano “é uma realidade“
vivida pelo pintor, segundo o seu
testemunho.

GUSTAVE COURBET, Depois do Jantar em Ornans, 1849.


“Estávamos em novembro, na casa do nosso amigo
Cuenot; o Marlet estava a regressar da caçada e
tínhamos contratado Promayet para tocar violino na
frente do meu pai", escreveu Courbet sobre esta pintura
(1849).
REALISMO

As críticas dos defensores do


academismo:
- As telas de grandes dimensões para representar o
quotidiano que eram reservadas às figuras
históricas e políticas.
- A representação dos personagens quase em
tamanho real.
- As temáticas consideradas insignificantes e banais.
- A pintura de género substitui as cenas históricas,
mitológicas ou religiosas.
- A técnica livre na aplicação da cor e tonalidades
térreas, próximas do real.
- O quadro com aspeto inacabado.

GUSTAVE COURBET, Depois do Jantar em Ornans, 1849.


“Estávamos em novembro, na casa do nosso amigo
Cuenot; o Marlet estava a regressar da caçada e
tínhamos contratado Promayet para tocar violino na
frente do meu pai", escreveu Courbet sobre esta pintura
(1849).
REALISMO

GUSTAVE COURBET
Encontro ou “Bom dia, Sr.
Coubert”, 1854.
REALISMO

2 1 Dimensão da tela:
129 cm x 149 cm
Técnica: óleo s/b tela

Temática:
A obra evoca de forma fictícia um
acontecimento real: um encontro
entre Courbet (1), em primeiro
plano, e o seu mecenas, Alfred
Bruyas (2), aquando da visita do
pintor à cidade onde vivia o seu
protetor.

GUSTAVE COURBET, Encontro ou “Bom dia,


Sr. Courbet”, 1854.
REALISMO

2 1 Personagens:
3 1. Gustave Courbet em tamanho real, de
costas para o observador, com a cabeça e
olhar sobranceiro, perante o seu patrono.
Apresenta-se como pintor de ar livre, com os
seus instrumentos às costas, um
“caminhante ao serviço da arte”.
2. e 3. O seu mecenas, Alfred Bruyas, e o
criado assumem uma postura respeitosa e
quase reverente.
4. O cão associa-se à fidelidade do contrato
5 entre o pintor e o seu patrono.
5. Ao longe, a diligência contribui para o
realismo da cena e sugere o caminho que
conduz à cidade.

4
GUSTAVE COURBET, Encontro ou “Bom dia,
Sr. Courbet”, 1854.
REALISMO

Paleta de cores:
- clara e luminosa;
- oscila entre os castanhos, azuis e verdes,
sem cores fortes;
- amplas áreas de cor;
- destaque para o azul claro do céu.

Representação:
- simplificada e centrada nas figuras;
- rostos e vestuário diversificados;
- o pintor destaca-se pela luminosidade
(camisa branca) e individualidade;
- as outras personagens estão na sombra
de um arbusto oculto.

GUSTAVE COURBET, Encontro ou “Bom dia,


Sr. Courbet”, 1854.
REALISMO

Críticas:
A obra causou um escândalo na
Exposição Universal de 1855, devido:
- à atitude do pintor no autorretrato
(os críticos consideraram-na
orgulhosa e arrogante);
- o mecenas do pintor surge num
plano central, mas com menor
destaque, valorizando o artista;
Bruyas retirou a pintura da vista do
público até à sua doação à cidade em
1862.

GUSTAVE COURBET, Encontro ou “Bom dia,


Sr. Courbet”, 1854.
REALISMO

JEAN-FRANÇOIS MILLET
As Respigadeiras, 1857.
REALISMO

Dimensão da tela:
83,8 cm x 111,8 cm
Técnica: óleo s/b tela

- As mulheres que apanham


espigas destacam-se no
fundo claro da planície
ensolarada.
- As camponesas estão
absorvidas no seu trabalho.
- Apresentam gestos lentos e
pesados.

JEAN-FRANÇOIS MILLET, As Respigadeiras,


1857.
REALISMO

JEAN-FRANÇOIS MILLET
Os Plantadores de Batatas,
c. 1857.
REALISMO

Dimensão da tela:
82,5 cm x 101,3 cm
Técnica: óleo s/b tela

- No tempo de Millet, as batatas eram


consideradas impróprias para a
alimentação humana. No entanto, o
pintor representa os pobres camponeses
a plantar batatas para comer.
- A realidade rural e o trabalho agrícola
assumem dignidade e beleza.
- O misticismo de Millet evidencia-se pela
presença do burro e da criança que
dorme, sob a árvore. Parece remeter
para outra família pobre e trabalhadora:
a de José, Maria e Jesus.

JEAN-FRANÇOIS MILLET, Os Plantadores de Batatas,


c. 1861.
REALISMO

HONORÉ DAUMIER
A Lavadeira, c. 1863.

"Tens de ser do teu


tempo."
A arte de Daumier capta a
condição humana de uma forma
que vai para além do Realismo.
REALISMO
Dimensão da tela: O fundo indistinto e a luz ajudam o
espetador a focar-se no essencial:
49 cm x 33,5 cm - a figura humana, os gestos, a atitude.
Técnica: óleo s/b painel
PERSONAGENS E COMPOSIÇÃO:
 A monumentalidade da personagem acentua
a curva do corpo.
 A mulher parece dobrar-se sob a carga o
que sugere a dificuldade da tarefa.

TEMÁTICA:
 A lavagem da roupa era o trabalho de
muitas mulheres do povo.
 A lavadeira é representada sem qualquer
idealização.
REALISMO
O aspeto inacabado da obra
DUAS VERSÕES
confere à cena a dimensão
simbólica, para além do real.

O pintor imortalizou as
lavadeiras, que, regressando
do rio Sena, subiam,
dolorosamente, os degraus
de pedra.

A força e monumentalidade
têm um significado social e
político na representação dos
humildes.

Apesar da fadiga, a mulher


expressa o cuidado maternal
e ajuda o filho a subir os
degraus altos até ao topo. Metropolitan Museum, Nova Iorque.

Paris Museu d’ Orsay.
REALISMO

HONORÉ DAUMIER
A Carruagem de Terceira
Classe, c. 1862-1864.
REALISMO
PERSONAGENS:
PERSONAGENS: Os olhos escuros No
da fundo,
mulherpessoas anónimas, mas que nos
Em primeiro plano uma com o cesto, em traços esboçados revelam rostos e
primeiro Dimensão da tela:
mulher a amamentar o filho.
plano, olham paraexpressões marcadas pelo sofrimento.
o espetador.
65,4 cm x 90,2 cm
A criança dorme, Técnica: óleo s/b tela
apesar do desconforto.

TEMÁTICA:
Daumier optou por representar os mais
pobres e as classes populares na terceira
classe de uma carruagem, denunciando a
miséria de grande parte da sociedade
francesa naquela época.
REALISMO

FERNAND PELEZ
O Vendedor de Violetas,
c. 1885.
REALISMO
O seu rosto revela sofrimento
e cansaço

O rosto branco e a luz que


incide dão dramatismo à cena

Retrata o trabalho infantil e a


criança como uma das fontes
de sustento da família

O fundo ocre sólido, sem


outros motivos, destaca a
cena retratada

A pobreza demonstrada pelo


traje, pelo cabelo rapado e
tom pálido do menino aborda
o problema das desigualdades
sociais
REALISMO

LÉON-AUGUSTIN LHERMITTE
O Pagamento dos Ceifeiros,
1882.
REALISMO

PALETA DE CORES
- oscila ente os castanhos e
ocres, sem cores fortes.

REPRESENTAÇÃO
- centrada na individualidade
das figuras;
- conjunto estruturado em
linhas horizontais e verticais
que são quebradas pela
diagonal da foice e das costas
da figura feminina.
REALISMO
O trabalhador que
O olhar vazio do recebe a jorna.
trabalhador cansado. A jovem mãe que Um hino ao trabalho rural num
amamenta o filho. realismo quase fotográfico.

O mundo rural que


contrasta com o mundo
urbano industrializado.
REALISMO
Em síntese: o interesse pela realidade social na pintura
O MOVIMENTO DE RENOVAÇÃO NO PENSAMENTO E
NAS ARTES EM MEADOS DO SÉCULO XIX

O REALISMO
Recusou: ► Retratou as classes sociais mais
numerosas e menos favorecidas: TEMÁTICAS
► o Romantismo e o
idealismo do herói; camponeses e operários.
► Afirmou a liberdade de expressão ► O trabalho, a vida diária, as
► os temas históricos,
individual. pessoas comuns, a paisagem, …
mitológicos e
TÉCNICA
religiosos. ► As suas obras provocaram
escândalo entre os seus ► Rompeu com as técnicas
contemporâneos. académicas do rigor do
desenho e do uso da cor.
► Assumiu um impulso humanitário
e socializante: ► Paleta de cores realistas.
- não agradava à burguesia que ► Aplicação livre na tela, em
preferia temas inofensivos, longe largas manchas e pinceladas
das realidades contemporâneas. rápidas.

Jules Breton, O Fim de um Dia de Trabalho, 1886-1887.


REALISMO

Você também pode gostar