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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL

“O Direito Penal serve para defender, pois para punir o Estado não precisa do Direito! ”
TAVARES, Danilo.

PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

Art. 5º
...
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória;
A Presunção de Inocência é o princípio primário do Direito Penal, pois ela é o limitador
primário do poder punitivo estatal. Esse princípio veda a IMPUTAÇÃO OBJETIVA, que seria a
capacidade de se alegar que alguém cometeu um crime e ser punido pelo Estado sem haver a
capacidade de defesa do indivíduo e a obrigação estatal de provar que o delito foi realizado por
aquela pessoa.
A Presunção de Inocência NÃO pode ser relativizada, ou seja, deixada de ser aplicada
de modo algum, pois é uma das garantias mais fundamentais para o Estado Democrático de
Direito. Por conta disso, nem mesmo flagrantes de crimes e/ou confissões de crimes não são
formas de possibilitar o Estado punir sem a realização de um processo.
É uma clausula de garantia para o Povo, pois esse princípio garante que o ESTADO
PRECISA PROVAR EM PROCESSO QUE O INDIVÍDUO ACUSADO PELO CRIME É
O CULPADO DO MESMO. SEM ESSA PROVA DE CULPA PRODUZIDA PELO
ESTADO, O ACUSADO INDICIADO É INOCENTE!
Vale ressaltar que o Estado deve provar a culpa do Acusado e não o Acusado que
precisa (ou deve) provar sua inocência!

DO CRIME

O Crime pode ser definido como o ATO TÍPICO, ANTIJURÍDICO E CULPÁVEL.


A característica definida como ”ATO TÍPICO” será explicada no Princípio da
Taxatividade que será abordado posteriormente.
A “ANTIJURIDICIDADE” é a segunda característica a ser analisada para se
determinar se a ação ou omissão é ou não um crime. Se a conduta for descrita por um Tipo
Penal, mas o autor da conduta tem autorização / escusa legal para realiza-la, o ato não é crime.
Existem 3 tipos de situação que vestem um ato típico como o viés da legalidade, elas
situações são chamadas de excludentes de ilicitude e estão definidas no Código Penal brasileiro
no Art. 23:
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de
direito.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá
pelo excesso doloso ou culposo.

O estado de necessidade e a legitima defesa são definidos nos artigos seguintes do


próprio Código Penal.

O ESTADO DE NECESSIDADE é uma excludente que ilegalidade que ocorre quando


o indivíduo que cometeu o ato típico em uma situação de risco iminente. Nesses casos uma
SITUAÇÃO DE RISCO em potencial que o agente não causou e nem foi o responsável indireto
por ela. Essa situação de risco não pode ser uma agressão, situações nas quais ocorrem
agressões são regidas pelo instituto da Legitima Defesa.
O Artigo 24 do Código Penal define o Estado de Necessidade e explica em quais
casos ela pode ser evocada para que o ato típico não seja considerado um crime. Diz o Artigo:
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de
enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena
poderá ser reduzida de um a dois terços.

A LEGITIMA DEFESA é o direito possuído por qualquer pessoa de agir utilizando


força, para cessar algum dano direto a si, a outrem ou um dano a um patrimônio qualquer. É um
instituto de utilização complexa pois envolve a possibilidade de ação violenta por parte do
cidadão comum, sendo que isso contraria um dos fundamentos mais prioritário da Existência do
Estado que é o MONOPÓLIO DO USO DA FORÇA
Segundo alguns doutrinadores, a existência e a manutenção do Monopólio do Uso da
Força (ou Monopólio da Violência como é citado por alguns) é a real função do Estado. Os
teóricos do Estado Contratualistas, afirmam que os humanos num momento qualquer se
reuniram e definiram que um deles teria o poder absoluto sobre os outros e que esse um também
seria o único responsável pela segurança de todos os outros, já que era o detentor da capacidade
de agir coercivamente.
O Monopólio do Uso da Força garante ao Estado que ele seja o único que possa agir de
forma coercitiva contra aqueles que estão sob sua esfera de Soberania. Assim sendo, a Legitima
Defesa faz uma quebra temporária nesse monopólio estatal. Essa capacitação temporária do
indivíduo em agir com violência vem com o risco de excesso por parte do indivíduo, e por conta
disso ela é uma excludente que deve ser avaliada com muita cautela.
Para que a Legitima Defesa seja configurada, é necessário que a utilização de força
ocorra para cessar uma lesão ou agressão imediata e apenas para isso, pois qualquer excesso na
utilização desse instituto é punível, como descreve o Parágrafo Único do Art. 23.
Abaixo o artigo do Código Penal que trata sobre Legítima Defesa:
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

O ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL é a excludente que traz o fato


do agente que cometeu o ato típico estar resguardado por uma autorização legal de fazê-lo. É
bastante intuitivo, se um dever legal obriga alguém a uma conduta, o obrigado deve fazê-la
mesmo ele sendo um ato típico.

A “CULPABILIDADE” é definida pela capacidade do agente entender a ideia de


reprovação no ato que praticou. Dessa forma, se o indivíduo não consegue alcançar a ideia de
reprovação trazida pela Lei Penal, não pode ser responsabilizado pelo ato, mesmo ele sendo
típico e antijurídico. Existem 3 grandes Excludentes de Culpabilidade previstos na legislação
pátria, a Limitação a Imputação Penal, Consciência Potencial da Ilicitude, Exigibilidade de
Conduta Diversa
A LIMITAÇÃO A IMPUTAÇÃO PENAL é a avaliação se o indivíduo que cometeu
o ato é capaz de se autorregular. Se possui entendimento sobre as consequências de seus atos,
no momento em que os cometeu.
No Brasil são trazidos como inimputáveis pelo Código Penal os Doentes Mentais que
sejam incapazes de se autorregular, os indivíduos com menos de 18 anos e aquele que esteja
embriagado contra sua vontade no momento da realização do ato típico e antijurídico.
Como descreve os Artigos 26, 27 e 28 do Código Penal trazidos abaixo:
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.

Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Menores de dezoito anos


Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando
sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.

Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;

Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos
análogos.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo
da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Dessa forma, qualquer indivíduo inserido dentro de uma dessas características no


momento que cometer o ato será considerado inimputável e por conta disso não poderá ser
responsabilizado por seu ato. Dessa forma o ato não será considerado crime.

O POTENCIAL CONHECIMENTO DA ILICITUDE é a causa de exclusão de


ilicitude que avalia se no momento do ato cometido o indivíduo tinha conhecimento da
ilegalidade do mesmo. Essa característica está trazida no Artigo 21 do Código Penal, diz o
mesmo.
Art. 21 – O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato,
se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.

Assim, no caso específico dessa excludente avalia-se o que o “homem-médio’ poderia


saber, dessa forma, fica bem nítido que não há possibilidade de ser evocada num ato típico de
homicídio ou lesão corpora, mas poderia ser evocado no caso de um descumprimento de uma
legislação penal recente sobre um tema pouco usual, como Crimes Ambientais por exemplo.

A INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA é uma excludente que analisa a


possibilidade de o autor do fato típico ter agido de modo distinto ao qual agiu. Se o ato típico e
antijurídico era a única opção possível para o autor na situação em que se encontrava e aplicada
essa excludente.
É sempre um caso complexo, pois não se confunde com as cláusulas que excluem a
ilicitude, não há necessidade de um perigo ou de alguém gerando um dano iminente, mas o
autor deve estar numa situação na qual não pode tomar outro tipo de atitude por sua própria
escolha ou capacidade.
Não há no Código Penal um artigo que a regule esse instituto, por isso é considerado
uma Excludente de Culpabilidade Supralegal.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Art. 5 º
...

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;

e o Artigo 1º do Código Penal;


Art. 1º - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;

A lei é uma manifestação do poder do Estado. O Estado aglutinou a capacidade de agir


com violência exclusivamente para si, assim, a existência do Monopólio do Uso da Força. A
manifestação primária da vontade estatal é a lei, desse modo temos a Lei Penal como a
manifestação do poder punitivo estatal, é o que o Estado Soberano não permite que os
indivíduos sob seu julgo façam.
Mas ao Princípio da Legalidade é uma restrição primária para o poder punitivo estatal,
pois o mesmo traz a vedação da punição de alguém sem que antes exista uma lei que defina a
conduta praticada pelo indivíduo como Crime.
Essa é uma vedação clara e direta, só é crime o que a lei descreve como crime. Se não
houver uma lei reprovando a conduta, o ato não pode ser punido. Ainda que, o ato seja “mal
visto”, imoral ou pouco usual, SÓ É CRIME O QUE A LEI DEFINE PREVIAMENTE
QUE É CRIME.
Medida Provisória não pode tratar de matéria de cunho penal ou processual penal, ou
seja, crimes, regimes de penas, multas, produção de provas em processos penais e etc, não
podem ser definidos ou alterados diretamente pelo chefe do Poder Executivo.

PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE –

O Princípio da Taxatividade é a limitação ao poder de punir que exige que além de


existir uma lei para que possa haver uma imputação penal, esta lei tem que ser clara nas
condutas que que coibir. Assim há uma necessidade de descrever de modo claro e preciso a
conduta que se quer coibir.
Dessa forma não se pode definir crimes por descrições em aberto, o TIPO PENAL, ou
seja, a conduta que o legislador quer coibir deve ser definida com clareza. Assim, o ATO
TÍPICO é o ato que ocorre na realidade e está descrito de modo expresso no texto de uma Lei
Penal.
Esse princípio serve também para vedar a utilização do instituto jurídico da
ANALOGIA no Direito Penal. Sendo assim, se há uma lei que transforma “andar com tênis
preto” crime, ninguém pode responder penalmente por andar com um tênis azul escuro.
A definição sempre deve ser feita de modo mais restritivo possível e se a conduta não
estiver dentro da descrição do crime então ele não é uma conduta típica, por conseguinte, não é
crime.

PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;

Apenas a União pode legislar sobre Direito Penal. Então é apenas o Congresso Nacional
pode alterar a Lei Penal. Assim, dessa forma, apenas através do Congresso Nacional é que pode
ser definido o que é “Crime”.
Essa é uma vedação expressa, não há nenhuma lei penal que seja Estadual ou
Municipal, todas as lei penais são Federais, todas elas tem igual vigência em todo o território
nacional.

PENA

Pena é a resposta do Estado detentor do Monopólio do Uso da Força a uma conduta por
ele reprovada no interior do limite de sua jurisdição penal atingir. Desse modo, se um indivíduo
comete uma ação ou omissão definida por lei como crime ou contravenção penal, o Estado,
seguindo as regras definidas por ele mesmo, tem o poder-dever de apenar esse indivíduo.
As penas possíveis no Brasil são as Pena de Multa, Pena Restritivas de Direitos e as
Penas Privativas de Liberdade. Cada uma dessas pode se dividir em categorias menores, sendo
assim a definindo cada tipo teremos:
Pena de Multa – Envolve a cobrança de um valor pecuniário pelo Estado. Esse valor é
definido em sentença e reunido em um Fundo de administração estatal.
Penas Restritivas de Direitos – Conhecidas também como penas alterativas, servem
para evitar o encarceramento demasiado em crimes de menor potencial ofensivo. São tipos de
penas restritivas as:

 Prestação Pecuniária – O p condenado realiza um pagamento feito direto a


vítima. Usual em casos de dano a propriedade;
 Perda de Bem e Valores – O condenado deve pagar valor igual ao prejuízo
causado;
 Prestação de Serviços Comunitários – O condenado realiza trabalhos de
cunho social para reparar os danos causados por sua atitude;
 Interdição Temporária de Direitos – O condenado não poderá exercer algum
ato que tenha correlação com o delito cometido;
 Limitação de Fim de Semana – O condenado deve frequentar um local
indicado pela sentença ao menos 5 horas nos Sábados e Domingos.
Penas Privativas de Liberdade – Reservadas para violações mais severas da ordem
jurídica penal. Restringem o Direito Constitucional de Ir e Vir do Condenado. Esse tipo de
condenação também suspende os direitos políticos e termina com qualquer relação de trabalho
que o condenado possua. Se divide em dois tipos de pena de prisão, que são:

 Pena de Detenção – Quando a lesão ao bem jurídico é grande, mas não há uma
necessidade de que o condenado fique preso de modo imediato. Por conta disso,
na pena de detenção, o condenado geralmente fica no Regime Semi-Aberto ou
Aberto;
 Pena de Reclusão – Quando a lesão ao bem jurídico é extrema, geralmente
envolvendo lesão física ou grave ameaça de lesão física, utilização de armas e
homicídios dolosos. Nesses caso o Condenado fica geralmente no Regime
Fechado.

PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO DA PENA

Art. 5º
...
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84,
XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo


com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de
crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da
lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de
opinião;
O Princípios da limitação da Pena, é um princípio que tem como amparo legal
diversos Artigos da CRFB/88. Esse Princípio é o resultado de sobreposição de todos esses
artigos da CRFB/88 e serve como norte primário para a determinação dos tipos de penas que
são possíveis no Brasil.
Dessa forma, esse princípio deixa claro o que o Estado não pode definir a título de
pena a ninguém. As limitações são expressas e qualquer tentativa de se produzir uma lei penal
que tenha como pena algo que viole esse princípio a mesma será inconstitucional.

PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA

Art. 5 º
...
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação
de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da
lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor
do patrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
O condenado é o único que deve ser atingido pela pena. O poder punitivo do Estado não
pode ultrapassar a pessoa do condenado e afetar terceiros de nenhum modo. Ninguém pode ser
chamado a assumir a pena no lugar de outrem, seja a pena qual for.
Isso serve para impedir que a família seja afetada por conta dos crimes cometidos pelo
condenado. Serve por exemplo para impedir que o património de outros familiares seja afetado
pela condenação de um membro da família.

PRINCÍPIO DA NÃO RETROATIVIDADE DA LEI PENAL EM PREJUÍZO DO


RÉU E DA ULTRATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA AO RÉU

Art. 5º.
...
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Princípio expresso na CRFB/88, significa que se o Réu cometer um crime ou for
condenado baseado numa lei específica ou artigo e uma lei específica e posteriormente lei for
alterada para uma lei mais rígida, seja em uma maior pena pelo crime cometido ou menores
direitos relativos a pena, ela NÃO AFETARÁ o Réu em questão.
Mas se ocorre o oposto e a lei for alterada para uma lei mais benéfica para o Réu, seja
em uma menor pena pelo crime cometido ou maiores direitos relativos a pena, ela AFETARÁ o
Réu em questão, mesmo ele tendo cometido o crime antes ou tendo sido julgado antes da nova
Lei.

PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL / PRINCÍPIO DO JUIZ


NATURAL

Art. 5º
...
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe
der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade


competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação
criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a
defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado;

LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a


razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação.
Os Princípios do Juiz natural e do Devido Processo Legal são distintos, mas por sua
similaridade em seu campo de atuação foram aqui reunidos. São dois princípios que regulam o
modo pelo o qual o processo penal será guiado, são regras que visam garantir a maior
imparcialidade possível e um julgamento com igualdade entre as partes e a garantia de que
houve igualdade formal entre todos os processados penalmente no Brasil.
Isso serve para garantir que o poder punitivo estatal não seja utilizado para a promoção
de vinganças privadas geridas pelo Estado, contra desafetos ou opositores.

PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
...
III - a dignidade da pessoa humana;

E também
Art. 5º.
...
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer
com seus filhos durante o período de amamentação;
Mais que um Princípios, a Dignidade da Pessoa Humana é um dos Fundamentos da
República Federativa do Brasil. A Dignidade da Pessoa Humana é o Norte que todo o
Ordenamento Jurídico deve seguir. Como um meta-princípio é de difícil definição, mas se tem
claro de que é o cerne da onde brota todos os demais direitos e princípios de defesa dos direitos
dos indivíduos frente ao Estado e em situações não penais, frente uns aos outros também.

OUTROS PRINCÍPIOS PENAIS RELEVANTES

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA / BAGATELA – Pequenos danos ao


Ordenamento Jurídico devem ser resolvidos sem a utilização do Direito Penal.
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA – O Direito Penal tem como função
proteger e defender o Ordenamento Jurídico de danos significativos. Não serve para definir
miudezas, o BEM JURÍDICO defendido deve ser relevante.

PRINCÍPIO DA LESIVIDADE – Tem uma forte ligação com o Princípio da


Intervenção Mínima. Pois traz a NECESSIDADE DA LESÃO DE BEM JURÍDICO DE
TERCEIRO. Dessa forma a utilização do Direito Penal deve se restringir a situações onde aja
geração de danos externos, segundo o Doutrinador Rogério Greco (2009, p. 53), esse princípio
resguarda 4 situações:
a) proibição de incriminar uma atitude interna;
b) proibição de incriminar conduta que não exceda o âmbito do autor;
c) proibição de incriminar simples estados ou condições existenciais;
d) proibição de incriminar condutas desviantes que não afetem qualquer bem jurídico.

PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL – O Direito Penal deve afetar condutas que


NÃO SÃO SOCIALMENTE ACEITAS. Condutas aceitas, ainda que sejam típicas não
configuram crime, por exemplo não é classificado com lesão corporal furar a orelha para por um
brinco em um bebê.

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