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PROVA

1. (FGV – 2022 – MPE-GO – Analista Jurídico) Sandro foi preso em flagrante ao


subtrair um pacote de macarrão, cujo valor era R$9,00, de um hipermercado do
bairro onde morava. O Ministério Público ofereceu denúncia em face de Sandro,
mas o magistrado rejeitou a peça acusatória, reconhecendo a incidência do
princípio da bagatela ou insignificância. O referido princípio exclui a

A ilicitude.

B tipicidade formal.

C culpabilidade.

D tipicidade material.

E punibilidade.

Em uma breve síntese, aplica-se o princípio da insignificância quando, embora praticada


uma conduta formalmente típica, ou seja, uma conduta prevista em sua literalidade no
tipo penal, não se lesiona efetivamente o bem jurídico que se visa proteger pela lei
penal. Dito de outro modo, infringe-se a lei penal, mas dessa infração não decorre a
efetiva lesão ao direito.
O princípio da insignificância também conhecido princípio da bagatela é uma
excludente da tipicidade da conduta, em que há, como dito, a tipicidade formal
(subsunção da conduta ao tipo penal), mas não há tipicidade material (lesão efetiva ao
bem jurídico tutelado).

2. (FGV - 2021 - PC-RJ - Perito Criminal - Engenharia Civil) O tipo penal é a


ferramenta fundamental para limitar o poder punitivo do Estado e determinar a
liberdade de conduta dos cidadãos.

Compõem o conceito de sujeitos da conduta típica:

A autor, réu e juiz.

B juiz, promotor, defensor e réu.

C sujeito ativo, sujeito passivo e o Estado.


D juiz, promotor e réu.

E agente, vítima e testemunha.

Os sujeitos de uma conduta típica são o sujeito ativo (o que pratica a conduta prevista
no tipo penal), o sujeito passivo (o que tem o seu bem jurídico lesado ou ameaçado de
lesão pela conduta típica) e o Estado. O Estado é sujeito passivo formal em todos os
crimes, pois é o titular do mandamento legal violado. De modo eventual, o Estado pode
ser, em alguns casos, o próprio titular do bem jurídico violado ou ameaçado de lesão,
sendo nestes casos sujeito passivo material. Desta forma, o sujeito ativo, o sujeito
passivo e o Estado são os sujeitos da conduta típica, sendo a presente alternativa
verdadeira.
3. (IBFC - 2022 - PC-BA - Investigador de Polícia Civil) No que se refere à teoria
do crime, assinale a alternativa incorreta.

A O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede


que o resultado se produza, responde por tentativa de crime

B O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a


quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido

C Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por


absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime

D A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para


evitar o resultado

E Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena


correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços

Desistência voluntária / Arrependimento eficaz = PONTE DE OURO. Também


chamados de "Tentativa Abandonada."

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede


que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados

4. (FGV - 2021 - SEFAZ-ES - Auditor Fiscal da Receita Estadual – Tarde)


Relativamente ao tema da aplicação da lei penal no tempo, analise as
afirmativas a seguir.
I. A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente,
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

II. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela os efeitos penais da sentença condenatória,
incidindo o princípio da abolitio criminis aos crimes decorrentes de leis penais
excepcionais e temporárias.

III. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado e já iniciada a execução da pena.

Está correto o que se afirma em:

A II, apenas.

B I e II, apenas.

C I e III, apenas.

D II e III, apenas.

E I, II e III.

Item I – Correto. O Supremo Tribunal Federal editou a súmula 711 estabelecendo que
"A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência".

Item II – Incorreto. Abolitio criminis (lei penal no tempo) está previsto no art. 2° do
Código Penal:

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.

Abolitio criminis é uma lei nova que retira do mundo jurídico (revoga) uma outra lei
que tipifica como crime um determinado fato.
Ex. antes de 2005 adultério era crime tipificado no art. 240 do Código Penal, porém a
lei n° 11.106/2005 (abolitio criminis) revogou esse artigo do CP.

Dessa forma, conforme a redação do art. 2° do CP “Ninguém pode ser punido por fato
que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória”. Contudo, a abolitio criminis não tem
incidência nas leis temporárias ou excepcionais.

Item III – Correto. (vide comentários do item II).

5. (NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Delegado de Polícia) Sobre a legítima defesa, é


INCORRETO afirmar:

A A legítima defesa putativa ocorre quando o sujeito supõe, por um erro


plenamente justificado pelas circunstâncias, a existência de uma agressão
injusta, atual ou iminente, contra bem jurídico (direito) próprio ou de terceiro.

B A exigência do meio necessário para configurar a legítima defesa não


corresponde à exigência de ‘paridade de armas’ como meio para repelir uma
agressão injusta.

C Mesmo uma agressão lícita a um bem jurídico (direito) próprio ou de terceiro


pode ser repelida mediante legítima defesa, desde que haja o emprego
moderado dos meios necessários.

D Após quem se defende conseguir cessar a agressão injusta, não é lícito


continuar agindo de forma típica, pois a legítima defesa pressupõe o uso
moderado dos meios necessários.

E Segundo parte da doutrina, mesmo o excesso de legítima defesa pode ser


considerado não culpável, quando for determinado por medo, susto ou
perturbação.

Item (A) - A legítima defesa está prevista no artigo 25 do Código Penal, que assim dispõe:

"Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários,


repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem".

Fala-se em legítima defesa putativa quando o agente, de fato, não age acobertado pela
excludente de ilicitude prevista no artigo 25 do Código Penal. O fenômeno das
discriminantes putativas está disciplinada no § 1º, do artigo 20, do Código Penal, que
assim dispõe:
"É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena
quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo".

Assim sendo, a assertiva contida neste item retrata em tese a legítima defesa putativa,
estando, via de consequência, correta.

Item (B) - Meios necessários são aqueles eficazes e suficientes para repelir a uma
agressão injusta e que estejam ao alcance da vítima sejam eles quais forem. A paridade
de armas, portanto, não é exigível para caracterização da legítima defesa. Assim sendo, a
assertiva contida neste item está correta.

Item (C) - Apenas agressões injustas ou ilícitas podem ser objeto de legítima defesa, nos
termos do artigo 25 do Código Penal, que assim dispõe:

"Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários,


repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem".

Com efeito, a assertiva contida neste item está incorreta.

Item (D) - Quando se extrapola na legítima defesa, ou seja, quando agente perpetua a
reação contra o agente originário da agressão, mesmo após de cessada, ingressa-se no
excesso de legítima defesa. Não é lícito ao agente continuar a agir de modo típico nesse
caso, pois fica afastada a incidência da descriminante mencionada. A presente assertiva
contida neste item está correta.
Item (E) - No exame do emprego da legítima defesa, deve-se levar em conta que a
vítima desconhece as intenções do agressor bem como o alcance da agressão. Não se
pode, portanto, exigir-se que sempre se reaja exatamente na mesma proporção da
agressão, notadamente porque a pessoa agredida tem, via de regra, seu estado
psicológico-emocional alterado diante da situação que se impõe.
O excesso de legítima defesa normalmente é punível, todavia, em casos concretos,
devido a determinadas circunstâncias subjetivas, pode ser considerado não culpável
quando a vítima é dominada pelo medo, susto e perturbação, que naturalmente se fazem
presentes quando se suporta uma agressão injusta. Ao analisar o excesso exculpante na
legítima defesa, Guilherme de Souza Nucci, em seu Direito Penal, Parte Geral, Editora
Forense, expõe o tema da seguinte maneira:
"Trata-se de uma causa supralegal de exclusão da culpabilidade, não prevista
expressamente em lei. Como vimos defendendo na possibilidade do reconhecimento de
excludentes supralegais, o excesso exculpante seria o decorrente de medo, surpresa ou
perturbação de ânimo, fundamentadas na inexigibilidade de conduta diversa. O agente,
ao se defender de um ataque inesperado e violento, apavora-se e dispara seu revólver
mais vezes do que seria necessário para repelir o ataque, matando o agressor. Pode
constituir-se uma hipótese de flagrante imprudência, embora justificada pela situação
especial por que passava".

Assim sendo, depreende-se que a proposição contida neste item está correta.
6. (FGV - 2015 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XVII - Primeira Fase)
Durante um assalto a uma instituição bancária, Antônio e Francisco, gerentes do
estabelecimento, são feitos reféns. Tendo ciência da condição deles de gerentes
e da necessidade de que suas digitais fossem inseridas em determinado sistema
para abertura do cofre, os criminosos colocam, à força, o dedo de Antônio no
local necessário, abrindo, com isso, o cofre e subtraindo determinada quantia
em dinheiro. Além disso, sob a ameaça de morte da esposa de Francisco,
exigem que este saia do banco, levando a sacola de dinheiro juntamente com
eles, enquanto apontam uma arma de fogo para os policiais que tentavam
efetuar a prisão dos agentes.

Analisando as condutas de Antônio e Francisco, com base no conceito tripartido


de crime, é correto afirmar que

A Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto


Francisco não responderá por ausência de ilicitude em sua conduta.

B Antônio não responderá pelo crime por ausência de ilicitude, enquanto


Francisco não responderá por ausência de culpabilidade em sua conduta.

C Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto


Francisco não responderá por ausência de culpabilidade em sua conduta.

D Ambos não responderão pelo crime por ausência de culpabilidade em suas


condutas.

A questão pretende avaliar se o candidato domina os três elementos do crime, de acordo


com a teoria tripartida: fato típico, ilícito e culpável.

O fato típico pressupõe necessariamente uma conduta, que é a ação ou omissão humana,
consciente e voluntária, dirigida a um fim, consistente em produzir um resultado
tipificado em lei como crime ou contravenção penal. Apontam-se as seguintes hipóteses
como de exclusão de conduta: (i) caso fortuito e força maior; (ii) atos ou movimentos
reflexos; (iii) coação física irresistível; e, (iv) sonambulismo e hipnose.

Para responder a questão, interessa-nos especialmente analisar a coação física


irresistível como hipótese de exclusão de conduta. Segundo Cleber Masson, a coação
física irresistível, também chamada de "vis absoluta", ocorre quando o coagido não tem
liberdade para agir. Não lhe resta nenhuma outra opção, a não ser praticar um ato em
conformidade com a vontade do coator. A coação física irresistível exclui a conduta e,
portanto, o fato típico.

No caso descrito na questão, os criminosos colocaram à força o dedo de Antônio no


local necessário, abrindo, com isso, o cofre e subtraindo determinada quantia em
dinheiro. Antonio foi submetido, portanto, a coação física irresistível, não havendo que
se falar em conduta, e, consequentemente, em fato típico. Não havendo sequer fato,
menos ainda haverá fato típico, ausente, portanto, a tipicidade.

A ilicitude (ou antijuridicidade), por sua vez, "(...) é a contrariedade entre o fato típico
praticado por alguém e o ordenamento jurídico capaz de lesionar ou expor a perigo de
lesão bens jurídicos penalmente tutelados. O juízo de ilicitude é posterior e dependente
do juízo de tipicidade, de forma que todo fato penalmente ilícito também é,
necessariamente, típico". As causas gerais excludentes da ilicitude previstas no Código
Penal são a legítima defesa, o estado de necessidade, o exercício regular de direito e o
estrito cumprimento de dever legal (artigo 23, CP).

Na questão, nem Antonio nem Francisco estavam em situação de legítima defesa, estado
de necessidade, exercício regular de direito ou estrito cumprimento de dever legal.
Antônio sequer praticou fato típico, não havendo que se falar em análise da ilicitude em
relação a ele, pois a análise da ilicitude pressupõe o juízo de tipicidade.

Por fim, de acordo com Masson, a culpabilidade é o juízo de censura, o juízo de


reprovabilidade que incide sobre a formação e a exteriorização da vontade do
responsável por um fato típico e ilícito, com o propósito de aferir a necessidade de
imposição da pena. São causas que excluem a culpabilidade (também chamadas
"dirimentes"): (i) a inimputabilidade (doença mental, desenvolvimento mental
retardado, desenvolvimento mental incompleto, embriaguez acidental completa); (ii) o
erro de proibição inevitável (ou escusável); e, (iii) a inexigibilidade de conduta diversa
(coação moral irresistível e obediência hierárquica à ordem não manifestamente ilegal).

Interessa-nos particularmente a coação moral irresistível (também conhecida como "vis


compulsiva") como dirimente para responder a questão proposta. Está prevista no artigo
22 do CP: "Se o fato é cometido sob coação irresistível (...), só é punido o autor da
coação". "Na coação moral, o coator, para alcançar o resultado ilícito desejado, ameaça
o coagido, e este, por medo, realiza a conduta criminosa. Essa intimidação recai sobre
sua vontade, viciando-a de modo a retirar a exigência legal de agir de maneira diferente.
Exclui-se a culpabilidade, em face da inexigibilidade de conduta diversa."

Na questão analisada, Francisco só saiu do banco carregando a sacola de dinheiro


porque os criminosos ameaçaram sua esposa de morte, não sendo dele exigível conduta
diversa, ou seja, não se exige que ele resista à coação moral exercida. Excluída,
portanto, sua culpabilidade. Os coatores (os criminosos) é que responderão pelo fato
praticado por Francisco.

Logo, Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto
Francisco não responderá por ausência de culpabilidade. Correta, portanto, a alternativa
C.

7. (VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia) Tendo em conta a teoria geral


do crime, assinale a alternativa correta.
A Os partidários da teoria tripartida do delito consideram a culpabilidade como
pressuposto da pena e não elemento do crime.

B Os partidários da teoria tripartida do delito consideram elementos do crime a


tipicidade, a antijuricidade e a punibilidade.

C A tipicidade, elemento do crime, na concepção material, esgota-se na


subsunção da conduta ao tipo penal.

D O dolo, na escola clássica, deixou de ser elemento integrante da


culpabilidade, deslocando-se para a conduta, já que ação e intenção são
indissociáveis.

E Os partidários da teoria funcionalista da culpabilidade entendem que a


culpabilidade é limitada pela finalidade preventiva da pena; constatada a
desnecessidade da pena, o agente não será punido.

Item (A) - segundo os partidários da teoria tripartida do delito, os elementos


constitutivos do crime são a tipicidade, a ilicitude e a culpabilidade. Para os partidários
da teoria bipartida do delito, dentre os quais Damásio de Jesus, os elementos do crime
são a tipicidade e a ilicitude, enquanto a culpabilidade é pressuposto de aplicação da
pena. A afirmação contida nesta alternativa está errada.
Item (B) - para os partidários da teoria tripartida do delito, os elementos constitutivos do
crime são a tipicidade, a ilicitude e a culpabilidade. A punibilidade, conforme afirma
Luis Regis Prado, em seu Curso de Direito Penal Brasileiro, "é aplicabilidade da pena,
ou seja, a possibilidade jurídica de impor a sanção penal. Desta forma, a punibilidade
é mera condicionante ou pressuposto da consequência jurídica do delito (pena/medida
de segurança)". A assertiva contida neste item está errada.
Item (C) - a tipicidade como elemento do crime se subdivide em dois aspectos: o
formal e o material. No aspecto formal, a tipicidade consiste na subsunção do fato ao
tipo penal. No aspecto material, a tipicidade consiste na efetiva lesão ao bem jurídico
tutelado pelo tipo penal. Com efeito, a assertiva contida neste item está errada.
Item (D) - O dolo deixou de ser elemento integrante da culpabilidade, deslocando-se
para a conduta, a partir do modelo finalista desenvolvido por Hans Welzel, que
configura um modelo normativo puro da culpabilidade, porquanto o dolo perde toda a
sua normatividade, tornando-se apenas a vontade livre e consciente de praticar uma
conduta. No denominado sistema clássico de Liszt-Beling, como Welzel denominava, o
dolo era normativo e integrava a culpabilidade.
Item (E) - os partidários da moderna doutrina de linha funcionalista defendem a
denominada prevenção geral positiva ou integradora. Em linhas gerais, segundo Luis
Regis Prado, em seu Curso de Direito Penal Brasileiro, a "prevenção geral positiva
considera que a pena, enquanto instrumento destinado à estabilização normativa,
justifica-se pela produção de efeitos positivos consubstanciados no fortalecimento
geral da confiança normativa ('estabilização da consciência do direito').
Consequentemente, a pena encontra sua legitimação no incremento e reforço geral da
consciência jurídica da norma". Continua o mencionado autor dizendo que "Os
defensores da prevenção geral positiva como fim independente da pena, em geral, não
questionam a função limitadora da pena que desempenha o princípio da culpabilidade,
mas sim negam a sua função fundamentadora da pena. Ou seja, aceitam que a
culpabilidade constitua o limite máximo da medida da pena - efeito limitador da
culpabilidade-, atribuindo à prevenção a função de fundamentar e ao mesmo tempo
limitar a pena. De acordo com essa tendência, não é a culpabilidade individual, mas
sim exclusivamente a necessidade de obter determinados fins com a imposição de uma
pena o que justifica a sua aplicação". Com efeito, constatada a desnecessidade da
pena, é plenamente aceito pelos partidários da teoria em referência que o agente deixe
de ser punido. Sendo assim, a afirmação constante desta alternativa está correta.

8. (FCC - 2016 - DPE-BA - Defensor Público) Sobre a evolução das Escolas


Penais,

A a base ontológica do funcionalismo permitiu a construção da teoria da


imputação objetiva.

B a estrutura do delito no causal-naturalismo tem por característica a presença


de elementos subjetivos no tipo.

C a transformação realizada pelo finalismo na teoria do delito consiste,


principalmente, na relevância atribuída à vontade e aos aspectos subjetivos da
culpabilidade.

D a necessidade de associação das categorias do delito a um fundamento


material de ofensa ao bem jurídico é uma das bases do funcionalismo de Claus
Roxin.

E o funcionalismo teleológico de Günther Jakobs impossibilitou a construção de


mecanismos de imputação baseados no direito penal do autor.

O funcionalismo teleológico tem como expoente Claudis Roxin. Trata- se de um novo arco
na evolução do Direito Penal que tem por base a sua reconstrução a partir da premissa de
que a função do Direito Penal é a proteção de bens jurídicos.

Desenvolvido a partir de 1970, o funcionalismo rompe com o finalismo, na medida em que


visa superar as concepções meramente ontológicas daquela corrente. Com isso, Roxin
redimensiona a incidência do Direito Penal, reduzindo o alargado alcance que a tipicidade
formal lhe conferia até então. Se a missão do Direito Penal é proteger os valores
essenciais à convivência social harmônica, a intervenção mínima deve nortear a sua
aplicação, consagrando como típicos apenas os fatos materialmente relevantes.

9. (IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil) Segundo a Teoria da


Tipicidade Conglobante, aquele que atua em estrito cumprimento do dever
legal ou no exercício regular do direito
A não pratica crime, pois, embora o fato seja típico, não há ilicitude na conduta.
B não pratica crime, pois ausente a culpabilidade em decorrência da
inexigibilidade de conduta diversa.
C pratica fato típico, ilícito, culpável, mas não punível por questões de política
criminal.
D fica isento de pena por questões de política criminal.
E não pratica crime, pois o fato sequer seria típico, tendo em vista que o agente
não atuou antinormativamente.

A questão versa sobre a teoria da tipicidade conglobante. Sobre o tema, orienta a


doutrina: “Concebida por Eugênio Raul Zaffaroni, a teoria da tipicidade conglobante se
funda na ideia de que o juízo de tipicidade deve considerar o sistema normativo em sua
globalidade. O tipo penal não pode proibir o que o próprio direito ordena ou fomenta.
Uma ordem normativa, na qual uma norma ordena o que a outra proíbe, deixa de ser
ordem e se torna uma desordem arbitrária. (...) Portanto, a tipicidade abrange a
tipicidade formal e a tipicidade conglobante, sendo esta composta pela tipicidade
material (lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico) e pela antinormatividade (conduta
não determinada, nem incentivada pelo Direito)". (ALVES, Jamil Chaim. Manual de
direito penal – parte geral e parte especial. 2 ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2021, p.
292).

Feitas estas observações iniciais, vamos ao exame de cada uma das proposições,
objetivando apontar a que está correta.

A) Incorreta. De acordo com o entendimento tradicional, a conduta praticada em estrito


cumprimento do dever legal ou no exercício regular do direito não se configura em
crime por ausência da ilicitude penal. No entanto, para a teoria da tipicidade
conglobante, em tais casos, não há antinormatividade, ou seja, as condutas praticadas
nestes contextos não estariam em contrariedade com a ordem normativa, pelo que
sequer poderiam ser consideradas típicas.

B) Incorreta. O exame da culpabilidade faz pressupor o anterior exame da tipicidade e


da ilicitude. Os casos de inexigibilidade de conduta diversa excluem a culpabilidade,
mas são típicos e ilícitos. Nas hipóteses, porém, de estrito cumprimento do dever legal
ou no exercício regular do direito, à luz do entendimento tradicional, teríamos condutas
lícitas, e à luz da teoria da tipicidade conglobante, teríamos ações atípicas, pelo que não
faria nenhum sentido examinar a culpabilidade em qualquer dos casos.

C) Incorreta. Como já salientando, não se pode afirmar que as condutas praticadas em


estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular do direito seriam típicas e
ilícitas. Segundo entendimento amplamente majoritário, a punibilidade, que consiste na
possibilidade de punir ou na obrigação de cumprir a pena já estabelecida, não integra o
conceito analítico de crime, de forma que o exame do estrito cumprimento do dever
legal ou no exercício regular do direito não poderia ser realizado no âmbito da
punibilidade.

D) Incorreta. Para se buscar a política criminal como solução para a não


responsabilização de alguém pela prática de uma conduta penal, seria necessário que os
elementos do conceito analítico do crime (tipicidade, ilicitude e culpabilidade)
estivessem presentes, o que não ocorre na hipótese narrada, haja vista que, de acordo
com a doutrina penal, o estrito cumprimento do dever lfdegal ou o exercício regular do
direito somente podem ser examinados no campo da ilicitude ou no campo da própria
tipicidade.

E) Correta. À luz da teoria da tipicidade conglobante, as condutas praticadas em estrito


cumprimento do dever legal ou no exercício regular do direito são seriam típicas,
porque são situações determinadas ou incentivadas pelo Direito, pelo que não seriam
antinormativas e, desta forma, são atípicas.

10. (IBADE - 2017 - PC-AC - Delegado de Polícia Civil) Austregésilo, verbalizando


seu animus necandi, aponta uma arma de fogo municiada para Aristóteles. Este,
todavia, consegue entrar em luta corporal com Austregésilo, apossando-se da
arma de fogo antes do acionamento do gatilho. Considerando o caso proposto,
é correto afirmar que:

A pela teoria objetivo-subjetiva, a conduta não saiu da esfera dos atos


preparatórios, já que o não acionamento do gatilho faz com que se
pressuponha a inexistência de vontade de realização do tipo.
B pela teoria subjetiva, só haverá tentativa de homicídio se a ação foi
representada pelo autor como executiva.
C pela teoria objetiva individual, há homicídio, na forma tentada,
independentemente do plano do autor.
D pela teoria objetiva formal, há homicídio, na forma tentada.
E pela teoria objetiva material, a conduta não saiu dos atos preparatórios
concernentes ao homicídio.

Na busca da diferença entre atos preparatórios e de execução, existem várias teorias:

(A) Teoria da hostilidade ao bem jurídico ou critério material: Atos executórios são
aqueles que atacam o bem jurídico, criando-lhe uma situação concreta de perigo.

(B) Teoria objetivo-formal: Atos executórios são aqueles que iniciam a realização do
núcleo do tipo. (Frederico Marques) (STJ 5ª turma)

(C) Teoria objetivo-material: São atos executórios aqueles em que se inicia a prática
do núcleo do tipo, bem como os atos imediatamente anteriores, com base na visão de
terceira pessoa alheia à conduta criminosa. (Frank) *ex: apontar a arma.

(D) Teoria objetivo-individual: Atos executórios são aqueles que, de acordo com o
plano do agente, realizam-se no período imediatamente anterior ao começo da execução
típica. (Zaffaroni, doutrina moderna e já encampada pelo STJ)

(E) Teoria subjetiva


: leva em consideração a vontade criminosa, o plano interno do autor. não há distinç
(F) Teoria negativa
: propõe, em linhas gerais, a negação da possibilidade da limitação, em uma regra geral definição a

Questões subjetivas:

OBS.: Escolher duas das três questões para responder.

1. (MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ COMISSÃO DE CONCURSO


– MPPR/2018). Disserte sobre os “Conceitos funcionalistas do delito”,
abordando as seguintes correntes: a) o funcionalismo orientado aos fins da
política criminal; b) o funcionalismo sistêmico; c) o funcionalismo do controle
social; d) funcionalismo reducionista ou contencionista (máximo 30 linhas).

2. (MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ COMISSÃO DE CONCURSO


– MPPR/2018). Discorra sobre o consentimento do ofendido como causa
supralegal de exclusão da antijuridicidade, fornecendo, ao menos, um exemplo
(máximo 20 linhas).

3. (CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE VAGAS NO CARGO DE


DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE GOIÁS-
2018). O chamado “princípio da insignificância” só em circunstâncias extremas
deixa de ser uma “insignificância de princípio”. Por via de regra, pretende-se,
com este divertimento teorético, supostamente magnânimo e “moderno” (para
certos esnobes, tudo o que não coincide com suas fantasias laxistas pertence à
Idade da Pedra; eles, e mais ninguém, representam a modernidade, a amplitude
de visão, a largueza de espírito, a nobreza de coração; eles definitivamente têm
uma autoestima hipertrofiada), pretende-se com o “princípio da insignificância”
estatuir uma carta de indenidade para o ladrão moderado, pouco ambicioso: ele
pode furtar quantas vezes quiser, ainda que muito se ressintam do desfalque
patrimonial os sujeitos passivos; não haverá consequências penalmente
relevantes, se furtar comedidamente. Isso, em última análise, estabelece como
proposição incontrastável que o preceito moral subjacente à norma “não
furtarás”! é relativo ao valor da coisa subtraída. Segue-se, como corolário
irrecusável, que nem sempre será imoral subtrair coisa alheia móvel. Portanto,
não mais caberá admoestar os nossos filhos, quando deitarem a mão sobre o
brinquedo (pouco valioso) do amigo. Pois se não é imoral! Nem se admitirá que
os mestres recriminem o aluno que subtrair o lápis do colega. Pois se não é
imoral! Acha-se implantada uma nova ordem de valores, a moderna axiologia:
comerás com moderação! Beberás com moderação e furtarás com moderação!
De mais a mais, a velha tesoura de que se vê despojada uma pobre costureira
será, talvez, um objeto de pequeno valor (= conduta atípica, impunidade
garantida), mas sua reposição representará um dispêndio imprevisto e doloroso
para o bolso vazio da vítima; o velho alicate subtraído a um pobre borracheiro
de periferia será, talvez, um objeto de pequeno valor (= conduta atípica,
impunidade garantida), mas sua reposição...; a verruma, o martelo, o serrote do
pobre carpinteiro serão, talvez, objetos de pequeno valor, de modo que o
gatuno, na óptica do moderno direito penal, nenhuma reprovação merecerá,
conquanto a reposição das ferramentas importe num gasto que a vítima
proverá a duras penas; assim, também, o tênis surrado do “office-boy”.
Portanto, a regra de ouro dos que professam a “Teoria da Insignificância” é:
furtar tudo de todos quantos tenham pouco, perdendo de vista que coisa
insignificante para o ladrão pode ser muito significativa para a vítima. Curioso e
repugnante paradoxo: essa turma da bagatela, da insignificância, essa malta do
Direito Penal sem metafísica e sem Ética, preocupa-se em afetar deplorativa
solidariedade aos miseráveis; no entanto, proclama ser insignificante e
penalmente irrelevante o furto de que os miseráveis são vítimas. Sim, porque
quem mais além dos miseráveis possui coisas insignificantes? Essa arenga
niilista do Direito Penal mínimo não raro conduz ao Amoralismo máximo.
Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo, Apelação nº 1349605-1, 3ª
Vara Criminal, Relator Corrêa de Moraes, 23/10/2003.

Tomando-se a posição atual do Supremo Tribunal Federal em relação ao


princípio da insignificância penal, discorra, justificadamente, sobre os quatro
pressupostos gerais para sua aplicação, a sua fundamentação na teoria do
delito e a sua aplicabilidade em hipóteses de reincidência e habitualidade
delitiva (máximo 30 linhas).

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